Translate

quinta-feira, 16 de março de 2023

Como os Magos para escrutar os sinais dos tempos: o caminho da Igreja na Ásia

Representação dos três Magos em visita ao Menino Jesus (Vatican Media)

O Documento final, intitulado "Caminhar juntos como povo da Ásia" consiste de 40 páginas e compreende 5 partes, de acordo com cinco passos: caminhar juntos; olhar para as realidades emergentes da Ásia; discernir o que o Espírito está dizendo à Igreja na Ásia; oferecer nossos dons, que são a cultura e a espiritualidade asiáticas; abrir novos caminhos. Na elaboração do texto, "também aprendemos com o CELAM da América Latina", ressalta o arcebispo de Bombaim, na Índia, o cardeal Oswad Gracias.

Vatican News

O Documento final da Conferência Geral da Federação das Conferências Episcopais Asiáticas (FABC) - realizada em Bangcoc de 12 a 30 de outubro de 2022 - publicado esta terça-feira, 14 de março, cita missionários como Alessandro Valignano, Roberto de Nobili, Matteo Ricci e João de Brito que seguiram uma abordagem peculiar à missão na Ásia.

Logo da Assenbleia das Igrejas da Ásia (Vatican Media)

"Caminhar juntos como povo da Ásia"

O Documento final, intitulado "Caminhar juntos como povo da Ásia" consiste de 40 páginas e compreende 5 partes, de acordo com cinco passos: caminhar juntos; olhar para as realidades emergentes da Ásia; discernir o que o Espírito está dizendo à Igreja na Ásia; oferecer nossos dons, que são a cultura e a espiritualidade asiáticas; abrir novos caminhos. O cardeal Oswad Gracias, arcebispo de Bombaim (atual Mumbai), ressaltou que, na elaboração do texto, "também aprendemos com o Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM)".

Em pleno espírito sinodal, os Bispos da Ásia reafirmam que querem "caminhar juntos", compartilhando os três elementos essenciais de uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão.

Passar "do diálogo à sinodalidade

A segunda parte do texto dá uma visão geral das realidades emergentes da Ásia, relacionando-as em seguida com a missão da Igreja. As identificadas são: migrantes, refugiados e indígenas, muitas vezes deslocados de suas terras de origem; a família, o fundamento da sociedade; questões de gênero, presentes na sociedade; o papel da mulher nas sociedades asiáticas; os jovens; o impacto da tecnologia digital; a promoção de uma economia equitativa diante da urbanização e da globalização; a crise climática; o diálogo inter-religioso.

Lançando a luz do Evangelho nestas macroáreas, para serem sempre "construtoras de pontes, instrumentos de diálogo e reconciliação na Ásia", as Igrejas na Ásia propõem "novos caminhos" rumo a uma "evangelização mais inculturada", passando "do diálogo à sinodalidade", abrangendo povos e culturas não-cristãs.

Ser tudo para os povos da Ásia

A inspiração vem do caminho dos Magos que foram capazes de escrutar os sinais dos tempos, e da obra de Matteo Ricci que "quis encarnar a fé em um contexto e cultura especificamente asiáticos".

Os bispos asiáticos concluem e expressam seus desejos para o futuro - "ser tudo para os povos da Ásia" - citando as palavras de São Paulo: "Para os fracos, fiz-me fraco, a fim de ganhar os fracos. Tornei-me tudo para todos, a fim de salvar alguns a todo custo. E isto tuto eu faço por causa do evangelho, para dele me tornar participante" (1 Cor 9,22-23).

(com Fides)

Santos Hilário e Taciano

SS. Hilário e Taciano | elpandelospobres
16 de março
Santos Hilário e Taciano, mártires de Aquileia

Documentos antigos testemunham o martírio do bispo Hilario e do diácono Tatian em 16 de março de 284. Suas relíquias, primeiro guardadas em Aquileia, foram transferidas para Grado por medo dos longobardos. Uma igreja, depois uma catedral, foi dedicada a eles na cidade de Gorizia, da qual são patronos.

Martirológio Romano: Em Aquileia, no território de Veneza (Itália), santos mártires Hilário, bispo, e Taciano, diácono ( † c.284).

Curta biografia

Hilário de Aquileia foi educado desde a infância no cristianismo. Renunciou ao comércio com o mundo para se dedicar ao estudo das Sagradas Escrituras. Ele foi ordenado diácono e mais tarde, por insistência de seus companheiros cristãos, foi consagrado bispo. Ele governou seu rebanho com sabedoria e prudência, foi ele quem ordenou um discípulo seu, chamado Taciano, como diácono para ajudá-lo em seu ministério.

César Numeriano emitiu um decreto que obrigava os cristãos a adorar ídolos. Beronio, prefeito da cidade, encarregou-se de sua execução. Por instigação de um certo Monofanto, sacerdote dos ídolos, Hilário e seu diácono Taciano foram os primeiros a comparecer perante o prefeito.

Eles foram informados de que deveriam obedecer às ordens do imperador:

“Desde a minha infância, disse Hilário a Beronio, aprendi a sacrificar ao Senhor, ao Deus Vivo, e adoro incessantemente a Jesus Cristo, seu Filho. Mas aos demônios vaidosos e ridículos que vocês chamam de deuses e não são, não ofereço nenhum sacrifício.

Beronio tentou em vão subjugá-lo com ameaças; não surtiram efeito. Sem sucesso, ele conduziu Hilário diante da estátua de Hércules em seu suntuoso templo. O bispo não tinha nada além de desprezo e desdém por aqueles deuses feitos pelas mãos dos homens e que não podiam falar nem andar.

Então, Beronio o fez despir-se e açoitá-lo com varas. Em seguida, ele o estendeu sobre o cavalete e seus lados foram rasgados com ganchos até que as entranhas aparecessem. Hilário não parava de cantar hinos ao Senhor em meio à tortura. Beronio ordenou que as torturas fossem multiplicadas e variadas. Mais tarde, ele o trancou em uma prisão para aplicar ainda mais tormento.

No dia seguinte, denunciaram Taciano, diácono do bispo Hilário, ao prefeito. Taciano teve que comparecer perante Beronio, mas todas as tentativas de fazê-lo sacrificar aos deuses foram igualmente infrutíferas. Os mesmos tormentos aplicados a Hilário, foram renovados em sua pessoa.

Ao encontrar Hilário na prisão, saudou-o com alegria e os dois oraram juntos para que o Senhor confundisse os que adoravam ídolos. Uma terrível tempestade irrompeu na cidade e aterrorizou os pagãos de Aquileia. Muitos morreram com o mero choque.

O templo de Hércules desabou no chão. Beronio deu ordem para decapitar Hilário e Taciano, a pedido dos sacerdotes dos ídolos. Outros cristãos que também haviam sido presos em nome de Cristo foram imolados com eles.

Todos morreram em 16 de março. No dia seguinte, o clero e os fiéis obtiveram autorização para recolher seus corpos e sepultá-los com honras fora dos muros da cidade.

Alban Butler (†)

quarta-feira, 15 de março de 2023

Exemplos de fé: São Pedro

Exemplo de fé: São Pedro | Opus Dei

Exemplos de fé: São Pedro e o caminho da fé

Continua a série de editoriais sobre a virtude da fé. O apóstolo São Pedro é um exemplo de discípulo de Cristo que pede, tem dúvidas, combate e alcança a fé.

Em um dos capítulos anteriores considerávamos como a vida de Santa Maria é modelo de fé para todo cristão, pois sua existência esteve sempre orientada para Deus e realizar a Sua Vontade. Além disso, “conservando no coração a memória de tudo (cf. Lc 2, 19.51), transmitiu-a aos Doze reunidos com Ela no Cenáculo para receberem o Espírito Santo (cf. At 1, 14; 2, 1-4). Animados pelo exemplo e a proximidade da Virgem Maria, os apóstolos souberam dar um valente e frutuoso testemunho de fé, propagando o Evangelho pelo mundo inteiro.”

“No entanto, antes desse momento, os apóstolos tiveram que percorrer um longo caminho e amadurecer em sua fé. Enquanto acompanharam o Senhor pela terra, sua generosidade – tinham deixado tudo para seguir Jesus – era compatível com uma fé vacilante ou, às vezes, excessivamente humana, como o próprio Senhor os repreendeu em algumas ocasiões[1]. Ponhamos agora nosso olhar nos apóstolos, especialmente em São Pedro, cabeça do colégio apostólico, para acompanhá-lo em seu caminho até a maturidade da fé. Será uma nova oportunidade para acolher o convite eterno a “uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo”[2].

O caminho da fé

Lemos, no Evangelho, que, depois da multiplicação dos pães, o Senhor manda os apóstolos irem “adiante dele para o outro lado do mar, enquanto ele despediria as multidões”[3]. Os apóstolos, então, sobem a uma barca e começam a atravessar o mar de Tiberíades, deixando o Senhor para trás, que fica orando. A narração evangélica enfatiza essa separação que se produz entre Jesus e os discípulos: “entretanto, já a boa distância da margem, a barca era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário”[4].

Não é difícil imaginar a confusão de sentimentos que devia reinar no coração dos apóstolos. Acabavam de presenciar um grande prodígio: dar de comer a mais de cinco mil pessoas com apenas cinco pães e dois peixes. E o milagre se realizara em suas próprias mãos, enquanto distribuíam a pouca comida que tinham: bastara obedecer a Jesus. Mas a alegria e euforia diante daquele evento se desvaneceram. Agora, poucas horas depois, os apóstolos se encontram sem Jesus e brigando contra uma tempestade.

Jesus está, aparentemente, longe. São João Crisóstomo comenta esta passagem afirmando que, deixando-os ir adiante, sozinhos, Jesus queria despertar “em seus discípulos um desejo maior e uma contínua lembrança Dele mesmo”[5]. Fazê-los entender que a distância física é só uma distância aparente, porque Ele quer – e pode! – estar sempre próximo de seus discípulos. E por isso, “pela quarta vigília da noite, Jesus veio a eles, caminhando sobre o mar”[6]. Como isso era possível? Quem podia caminhar sobre o mar senão o que é criador do universo? Aquele de quem antigamente anunciara o Espírito Santo por meio do bem-aventurado Jó: “Ele só estendeu a terra e caminha pelas ondas dos mares”[7]. Os da barca se assustam, e começam a gritar “– É um fantasma!”[8]: não esperam a aparição: ainda não sabem que Ele quer e pode estar junto deles, estejam onde estiverem. Jesus então os acalma: “– Tranquilizai-vos, sou eu. Não tenhais medo!”[9].

É nesse momento que se manifesta o caráter de Pedro. Ao escutar essas palavras, pede para fazer algo que é impossível de modo natural: “– Senhor, se és tu, manda-me ir sobre as águas até junto de ti!”[10].O pedido contrasta com o pânico que tinha se desencadeado pouco antes na barca, e mostra o amor e a fé do príncipe dos apóstolos. Quer ir para junto do Senhor o quanto antes. Jesus, apoiando-se neste desejo, chama-o: “–Vem”[11]. Isso é o que Deus precisa de nós: um coração pronto, desejoso. Ainda que seja fraco. Como acontece com todas as coisas maravilhosas que Deus faz a favor dos homens, necessita o nosso pouco, como ocorreu com os pães e os peixes.

A negação de São Pedro (Caravaggio, 1610)

O apóstolo quer chegar ao Senhor o quanto antes, sentir-se seguro com Ele, porém não sabe muito bem o que pede. Seu amor o leva a lançar-se às águas, e começa a caminhar: porém logo deixa que o temor se apodere do seu coração, e começa a afundar[12]. A que se deve essa mudança de atitude? Por que assustar-se quando vê que Jesus cumpriu a sua palavra, que está andando sobre o mar? O Evangelho nos diz que o medo surgiu “ao ver que o vento era muito forte”[13], o suficiente para duvidar de que pudesse manter-se em pé sobre o mar agitado. Pedro teme cair e afogar-se, um temor que pode parecer absurdo visto que, de fato, está fazendo algo impossível. É como se Pedro perdesse de vista que o milagre só é possível porque Jesus o chamou, que é Ele quem o sustenta e lhe permite andar sobre as águas. Necessita outras seguranças, também a de que será capaz de resistir, de que a sua força natural é suficiente para resistir ao vento. E quando toma consciência de que essa confiança é infundada, deixa de crer na palavra de Jesus e começa a afundar.

Na vida do cristão, uma parte importante do caminho para a maturidade da fé está em aprender a confiar somente nas palavras de Jesus, sem deixar-nos empequenecer pela consciência das próprias limitações: “Viste? Com Ele, pudeste! De que te admiras? – Convence-te: não tens por que maravilhar-te. Confiando em Deus – confiando deveras! –, as coisas tornam-se fáceis. E, além disso, ultrapassa-se sempre o limite do imaginado”[14].

No entanto, apesar das suas dúvidas, Pedro nos dá uma lição: a sua fé e a sua confiança podem estar entorpecidas pelo temor às circunstâncias, porém faz um último esforço para lançar-se nos braços de Jesus: “– Senhor, salva-me!”[15]. E Jesus responde imediatamente, o levanta, leva-o à barca[16], “faz a calma voltar sobre o mar. E todos ficam cheios de temor”[17]. É o temor que se sente frente às maravilhas de Deus; o alegre temor que supõe experimentar a ação da graça e do Espírito Santo. Portanto, como nos ensina o Papa, diante do pecado, a nostalgia e o medo, é necessário “olhar para o Senhor, contemplar o Senhor: somos fracos mas devemos ser valentes na nossa debilidade”[18], porque o Senhor sempre nos espera. “Basta um sorriso, uma palavra, um gesto, um pouco de amor para derramar copiosamente a sua graça sobre a alma do amigo”[19]. Ao experimentar nossa debilidade dirijamo-nos ao Senhor: “Estende do alto a tua mão, liberta-me e salva-me das águas caudalosas”[20].

Sem desanimarmos

Pedro recebeu uma lição. Duvidou, e ao mesmo tempo descobriu que o seu amor e sua fé não são tão fortes como pensava. Só com estas lições, o apóstolo poderá conhecer-se melhor e perceber que o seu amor é imperfeito, que ainda pensa demais em si mesmo: “Os primeiros Apóstolos estavam junto à barca velha e junto às redes furadas, remendando-as. O Senhor disse-lhes que O seguissem; e eles, "statim" – imediatamente –, "relictis omnibus" – abandonando todas as coisas, tudo! –, O seguiram... E acontece algumas vezes que nós – que desejamos imitá-los – não acabamos de abandonar tudo, e fica-nos um apego no coração, um erro em nossa vida, que não queremos cortar para oferecê-lo ao Senhor”[21].

“Quem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?”[22]. Apesar das patentes limitações dos homens, Cristo estimula, com a sua presença, com as suas palavras e com as suas ações, o amor e a fé daqueles que depois enviaria por todo o mundo. Em Cesaréia de Filipe, Pedro confessa claramente que Jesus é o Messias prometido e que ele é o Filho de Deus: “tu és o Cristo, o filho do Deus vivo”[23]. Todavia convém considerar que, “quando confessou sua fé em Jesus, não o fez por suas capacidades humanas, mas porque tinha sido conquistado pela graça que Jesus irradiava, pelo amor que sentia em suas palavras e via em seus gestos: Jesus era o amor de Deus em pessoa!”[24].

Sem dúvida, a confissão de Pedro não significa que a sua fé já fosse perfeita. De fato, pouco depois, vemos Pedro querendo afastar Jesus da Paixão[25], e recebendo, por isso, a recriminação do Mestre. A vida de fé sempre pode crescer. Pedro seguirá lutando contra o medo, contra uma visão excessivamente humana da sua missão, contra certa ignorância do valor da cruz e do sofrimento. Até perguntará sobre uma possível recompensa para aqueles que, como ele, deixaram tudo para seguir ao Senhor[26], se assustará no Tabor e, inclusive, negará o Senhor[27]. Em todos esses casos, o Príncipe dos Apóstolos saberá voltar para Jesus. Aceitará suas repreensões, buscará o seu olhar, confiará na sua misericórdia. A fé é um caminho de humildade, que implica “confiar-se a um amor misericordioso, que sempre acolhe e perdoa, que sustenta e orienta a existência, que se manifesta poderoso em sua capacidade de endireitar o torcido da nossa história”[28]. A fé é conhecimento verdadeiro, luz, que também nos torna conscientes da própria pequenez, e destrói as falsas concepções e os autoenganos. A fé nos torna humildes e simples: prepara esta matéria prima de que Deus precisa para fazer-nos santos, para que o ajudemos a transformar o mundo. E assim, “Pedro tem que aprender que é débil e precisa do perdão. Quando finalmente cai em si e entende a verdade de seu coração fraco de pecador que crê, desata em um choro de arrependimento libertador. Depois desse pranto já está pronto para a missão”[29].

Praça São Pedro | Opus Dei

Comprovar a nossa debilidade pessoal e perceber que nossa fé não é tão forte como gostaríamos não deve nos preocupar. O Senhor quer todo o nosso coração, e não lhe importa que seja fraco. Deus se conforma com que lhe demos tudo o que podemos dar. De algum modo, poderíamos pensar que é precisamente esta a última lição que Jesus ensina a Pedro. Depois da ressurreição o Senhor sai ao encontro dos apóstolos junto ao mar de Tiberíades. E ali pergunta a Pedro três vezes: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?”[30]. As perguntas relembrariam ao apóstolo a sua tripla negação, e se entristeceria diante da insistência de Jesus, como se não confiasse mais nele. Porém ao final entende: a Jesus basta o amor que Pedro é capaz de dar-lhe. Um amor talvez imperfeito – mesmo que deva ser muito mais do que possamos imaginar, pela grandeza de coração e de mente do pescador da Galiléia –, mas Deus se adapta, por assim dizer, à capacidade que cada um tem de amar, e isso é o que nos faz capazes de seguir a Cristo até o fim.

“Desde aquele dia, Pedro ‘seguiu’ ao Mestre com a consciência clara de sua própria fragilidade; porém essa consciência não o desanimou, pois sabia que podia contar com a presença do Ressuscitado ao seu lado. Do entusiasmo ingênuo da adesão inicial, passando pela experiência dolorosa da negação e o pranto da conversão, Pedro chegou a confiar nesse Jesus que se adaptou à sua pobre capacidade de amar. E assim também nos mostra o caminho, apesar de toda a nossa debilidade. Nós o seguimos com a nossa pobre capacidade de amar e sabemos que Ele é bom e nos aceita. Pedro teve que percorrer um longo caminho até converter-se em testemunha confiável, em “pedra” da Igreja, por estar constantemente aberto à ação do Espírito de Jesus”[31]. Recorramos todo dia a São Pedro, com mais fé e admiração, para que interceda por nós; Sancte Petre, ora pro nobis!

J. Yániz


[1] Cfr. Mt 6, 30; 8, 26; 16, 8; 17, 20; Lc 12, 28.

[2] Bento XVI, Motu próprio Porta fidei, 11-X-2011, n. 6.

[3] Mt 14, 22-23.

[4] Mt 14, 24.

[5] São João Crisóstomo, In Matthaeum homiliae, 50, 1.

[6] Mt 14, 25.

[7] Cromácio de Aquileia, In Matthaei Evangelium tractatus, 52, 2.

[8] Mt 14, 26

[9] Mt 24, 27.

[10] Mt 14, 28

[11] Mt 14, 29.

[12] Cfr. Mt 14, 30.

[13] Mt 14, 30

[14] São Josemaria, Sulco, n. 462.

[15] Mt 14, 30.

[16] Cfr. Mt 14, 31-32.

[17] Francisco, Homilia, 2-VII-2013.

[18] Francisco, Homilia, 2-VII-2013.

[19] São Josemaria, Vía Sacra, V estação.

[20] Sal 144 [143], 7.

[21] São Josemaria, Forja, n. 356.

[22] Mt 8, 27.

[23] Mt 16, 16.

[24] Francisco, Ângelus, 29-VI-2013.

[25] Cfr. Mt 16, 22.

[26] Cfr. Mt 19, 27.

[27] Cfr. Mt 26, 33-35.

[28] Francisco, Carta enc. Lumen fidei, 29-VI-2013, n. 13.

[29] Bento XVI, Audiência geral, 24-V-2006.

[30] Jo 21, 15.

[31] Bento XVI, Audiência geral, 24-V-2006.

Remédio para o suicídio de sacerdotes

Oração pela Santificação dos Sacerdotes | diocesedetaubate

REMÉDIO PARA O SUICÍDIO DE SACERDOTES

Dom Messias dos Reis Silveira
Bispo de Teófilo Otoni (MG) 

Todas as vezes que um padre se auto extermina muitos comentários são feitos. Quase sempre se procura um culpado. O encontro de um culpado parece que conforta e se parece com a atitude de Pilatos de lavar as mãos e não se comprometer. Quem é o culpado? O Bispo? Os superiores? O presbitério? O Sacerdote? A família? A Igreja? O sistema?  Os questionamentos seguem quase sempre sem respostas geradoras de vida. Os fatos vão se repetindo. 

Raramente se fala de um modo de viver que leva à morte ou à vida.  É preciso ao longo da vida encontrar o jeito de viver que esteja em sintonia com a alegria vocacional. Um modo de viver que faz o coração arder e os pés se colocarem a caminho (cf. Lc 24,32-33). Esse modo de viver não se constrói de uma hora para outra.  

Um modo de viver que não esteja em sintonia com o Projeto vocacional gera crises, culpabilizações, reclamações e arrefecimento do ardor do coração. Tudo parece estar errado e isso não gera vínculo dos vinhateiros com a vinha e principalmente com seu proprietário. Muitas vezes prepara-se para proteger dos perigos externos, mas esquece-se dos inimigos internos. Fervilham-se no interior muitos males, pois é de dentro do coração que eles vem (cf. Mt 15,19). 

Recentemente o Papa Francisco, falando aos Bispos do Regional Leste 2 da CNBB na Visita Ad Limina, disse que não é possível formar presbíteros da mesma forma que se formava há 30 anos. Não é possível formar bem, se não permitir aos seminaristas   mostrarem  seus corações fragilizados, suas marcas da história e suas inseguranças. Como limpar o interior se não se pode abrir, por medo de punição, ou temor das portas se fecharem? O mesmo vale para os sacerdotes, os quais escondem suas dificuldades por medo de punição, ou rejeição. John Powell em seu livro “Por Que Tenho Medo de Lhe Dizer Quem Sou?” diz que, ao revelar a alguém o seu interior, o ouvinte pode não gostar e rejeitar a pessoa. A rejeição é sempre um sentimento que impede crescimento. É necessário um processo que gere confiança. 

Atrás de um sacerdote ou de um agente religioso está um ser humano com todas as vicissitudes, mazelas e virtudes da “natureza” humana. O modo de estar no mundo depende dos condicionamentos e das estruturas originárias em que cada um edificou a sua forma de existir para si mesmo e para os outros. Ainda que a graça de Deus atue na fragilidade de uma pessoa, a ação de Deus vai sempre supor o conjunto estrutural humano que carrega este dom. E quando há um processo de adoecimento estrutural humano-psíquico-afetivo-social e ético, o arcabouço religioso não se sustenta (“a graça supõe a natureza”) e fica comprometida a liberdade verdadeira no seguimento ao projeto de Cristo na aposta vocacional. Não se trata, portanto de ausência de Deus, ou distanciamento dele. 

Um modo de viver sacerdotal sem vínculo com o presbitério, sem comunhão, sem cuidado da saúde física, emocional, relacional e espiritual conduz para a morte. E isto tem se tornado o grande desafio para a nossa missão de Bispos Pastores enquanto cuidadores do rebanho, desde a formação inicial até a permanente. Gerar confiança e ajudar a curar os corações é um caminho que não se pode dar por descontado. Necessário também é evitar aquilo que precisa ser escondido. 

Kant (citado pelo filósofo brasileiro Mário Cortella em uma de suas palestras em seu canal no Youtube, 20/02/2020), refletindo sobre ética e integridade, não querendo abolir a privacidade interior de ninguém, disse que tudo o que não se puder contar aos outros não se deve fazer. Porque daí começa ambiguidade da vida dupla (aquela com a qual eu me apresento a todos e aquela oposta e contraditória que só eu sei que vivo). Nosso eu, quando escondido, adoece fugindo do real. As satisfações criadas pelo imaginário distanciam-se da realidade, colocam a pessoa no mundo irreal e vão matando aos poucos.  

Por um lado, ilumina-se o papel da Formação Sacerdotal e Religiosa como lugar da percepção dos indícios do adoecimento da pessoa, cujas manifestações já se anunciam nos jogos e artimanhas psicológicas de defesa e escondimento. A Formação precisa assumir, em parceria com os profissionais da área e outras instituições da saúde mental, a tarefa curadora de ressignificação das experiências existenciais, possíveis causas das depressões escondidas, pois, se jogadas para debaixo do tapete, está aberto o caminho para que, uma vez fora das paredes protetoras da Instituição, o futuro sacerdote ou religioso se perca sozinho no embate com o mundo real que é cruel e acaba por expor as fragilidades de um indivíduo. 

Por outro lado, no cuidado da saúde relacional é preciso criar relações que edificam. Nunca se deve iniciar um relacionamento que não pode ser revelado aos outros. Relações mal direcionadas podem matar, sejam elas com pessoas, com as coisas, com os bens materiais, com o poder, com as ilusões imaginárias e até consigo mesmo.  

Um sacerdote não terá boa saúde vocacional se deixar-se ser atraído por situações de pessoas maldosas que usam as redes sociais ou outros meios para viciar, extorquir, difamar e desconstruir um projeto vocacional que foi construído ao longo de muitos anos. Esses predadores estão especialmente escondidos nas redes sociais escolhendo vítimas e esperando a hora certa para as atacar. Muitas vezes quando se percebe já se caiu na armadilha. Nestas situações a impossibilidade de pagar o exigido, a dor e a vergonha aparecem  e aumenta o  risco de querer se esconder ainda mais, até mesmo  eliminando a vida.  

O problema do suicídio vem de longa data. O suicídio é a culminância de um processo de adoecimento que vai tornando a vida um peso intransponível para a pessoa que lida com suas dificuldades, esmagada pela impossibilidade de sair do sofrimento. Não é uma escolha racional livre e descontaminada. É a única forma viável dentro da lógica de um coração adoecido para abortar o sofrimento e, quem sabe, ser feliz, ainda que depois da morte.   

Talvez não consigamos resolver o problema do suicídio de uma vez para sempre como gostaríamos, mas é preciso melhorar a baixa imunidade especialmente dos líderes espirituais e o remédio para essa melhoria é criar relações sadias consigo mesmo, com o presbitério, com a família, com as pessoas, com a Igreja e com Deus, através de um bom enfrentamento das próprias limitações e ilusionismos de falsas seguranças ainda no período da formação, o que deveria ser o papel da dimensão humano-afetiva da formação presbiteral e religiosa. Além do mais é preciso sair da mesquinhez que aprisiona e não deixa o sacerdócio crescer. Nossas pragas diárias, como as do Egito, são um grito para que deixemos nosso sacerdócio ir para servirmos ao Senhor. Moisés falava ao Faraó para deixar o povo ir. É preciso libertar-se das escravidões e deixar o sacerdócio ir, pois o caminho é longo. É preciso tomar consciência que se está escravo. Escravidão tem cura.  Assim, livres e radiantes, será sempre prazeroso viver a vocação até mesmo no sofrimento por causa do Evangelho. Os riscos e problemas continuarão a existir, mas haverá um sentido para a vida que conduzirá para o crescimento.  Todos serão beneficiados com essa luz que se acenderá. 

A leveza da Cruz é encontrada no amor. Cristo encontrou a leveza de seu sofrimento confiando no Pai e na alegria da redenção. Ver a humanidade toda redimida lhe trouxe grande alegria. Podemos dizer que Ele viveu a alegria da Cruz. Encarnação e Redenção são mistérios que nos permitem equilibrar e desequilibrar entre passado e futuro. Dar passos é sempre correr o risco de se equilibrar e se desequilibrar. É seguir com os corações ardendo no presente enquanto se faz e ama o caminho que leva para o amanhã, mesmo que seja um caminho com muitas surpresas e obstáculos.

Uma Igreja que reverbera a misericórdia recebida

Francisco o Papa da misericórdia (Vatican News)

As mensagens fundamentais do pontificado de Francisco.

ANDREA TORNIELLI

Uma Igreja que sai e "toma a iniciativa" porque experimentou por primeiro a iniciativa do Senhor e foi "precedida no amor". Dez anos após a eleição de Jorge Mario Bergoglio, em 13 de março de 2013, vale a pena voltar ao essencial. Vale lembrar o que o próprio Francisco continua a propor e a testemunhar: o rosto de uma Igreja que, como lemos na Evangelii gaudium, "sabe dar o primeiro passo, sabe tomar a iniciativa sem medo, sair ao encontro, buscar os distantes e chegar ao cruzamento das ruas para convidar os excluídos. Vive um desejo inesgotável de oferecer misericórdia, fruto de ter experimentado a infinita misericórdia do Pai e sua força propagadora".

O que Francisco propõe é o rosto de comunidades cristãs livres do flagelo da autorreferencialidade, conscientes de que só são verdadeiramente missionárias quando refletem a luz de seu Senhor, sem nunca se considerarem fonte de luz. Comunidades que não recorrem a técnicas de marketing e proselitismo e estão livres do pessimismo nostálgico daqueles que se lamentam de um "cristianismo" que já não existe. Comunidades de "pecadores perdoados" - para recordar a definição que o bispo de Roma dá de si mesmo - que, continuando a experimentar a infinita misericórdia de Deus, a reverberam sobre os outros.

É precisamente a "misericórdia" a palavra que melhor resume o magistério do Papa argentino ao entrar no terceiro quinquênio de seu pontificado. Misericórdia como mensagem chave de Jesus no Evangelho, como a consciência de ser continuamente amado e elevado depois de cada queda. Misericórdia como a chave para a missão desta nossa mudança de época. "A comunidade evangelizadora", lê-se ainda na Evangelii gaudium, "se coloca através de obras e gestos na vida cotidiana dos outros, encurta distâncias, inclina-se ao ponto da humilhação se necessário, e assume a vida humana, tocando a carne sofredora de Cristo no povo". É uma comunidade disposta a acolher, escutar, acompanhar, ou seja, "envolver-se", como Jesus fez com seus discípulos, de joelhos, lavando seus pés. Uma comunidade paciente, que não precisa de inimigos para encontrar sua própria consistência, mas "cuida do trigo" sem perder sua paz "por causa da cizânia".

Francisco deu testemunho desta mensagem em seus primeiros dez anos de serviço, encarnando as palavras que ele mesmo pronunciou ainda cardeal, em seu breve discurso às congregações gerais antes do conclave: "Pensando no próximo Papa, há necessidade de um homem que, a partir da contemplação e adoração de Jesus Cristo, ajude a Igreja a sair de si mesma rumo à periferia existencial da humanidade, de modo a ser mãe fecunda da doce e confortante alegria de evangelizar".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

O santo que adorava bater na porta do sacrário

© Luis Andrade | Shutterstock
15 de março
São Clemente Hofbauer

Ele também viveu os horrores da guerra, foi um bom pregador e criou uma grande obra missionária.

São Clemente Hofbauer , cujo nome de batismo era Johannes (João) Hofbauer, nasceu em 26 de dezembro de 1751, em Tasswitz, República Tcheca. O pai dele morreu quando Clemente tinha só seis anos de idade. Sua mãe, então, segurou um crucifixo diante dele e disse-lhe: “De agora em diante, Ele é seu pai. Cuide para que você nunca o aflija pelo pecado”. Clemente levou essas palavras em seu coração para o resto da vida.

KLEMENS MARIA HOFBAUER
joergens.mi/Wikipedia | CC BY-SA 4.0

Como era muito pobre, não tinha condições de fazer os estudos eclesiásticos. Quando trabalhava em uma famosa padaria de Viena, conheceu duas senhoras, que se ofereceram para pagar pelos seus estudos.

Devoção ao Rosário e ao Santíssimo

Clemente foi um grande devoto de Nossa Senhora. Quando criança, rezava o Rosário todos os dias com sua família. Depois, ficou conhecido como o “padre que benzia terços”. Em um mosteiro, recebeu o nome de Clemente Maria, seguindo sua devoção à Mãe de Jesus.

Clemente também ficou conhecido por sempre visitar o sacrário e bater na porta dele para dizer a Jesus que ele estava ali. Rompeu, assim, as barreiras de qualquer espiritualidade baseada no medo ou na escravidão.

Pregações e Missão

São Clemente também foi um grande pregador. Ele falava de um jeito que as pessoas pudessem reconhecer os seus pecados, experimentar a bondade de Deus e viver conforme a vontade divina. No confessionário, ouvia os pecados dos penitentes, dizia-lhes palavras de encorajamento e pedia perdão a Deus por eles.

Na Polônia, criou a igreja de São Beno, e realizou um grande trabalho de missões. A igreja tinha uma intensa programação de pregações, instruções, confissões e devoções todos os dias. Isso atraiu multidões, que mal cabiam dentro da igreja. Ele fundou também um orfanato para meninos e meninas. A atividade começou em 1787 e continuou até 1808, quando Napoleão Bonaparte fechou a igreja e dispersou a comunidade.

Os Redentoristas foram expulsos de Varsóvia na Polônia, numa época de grande restrição à religiosidade. São Clemente vivenciou o período posterior à Revolução Francesa e, com a expansão liderada por Napoleão Bonaparte, todos os Redentoristas tiveram que ir para o exílio, em 1808. A igreja de São Beno foi fechada e os quarenta redentoristas que lá moravam foram presos por um mês, até ser dada a ordem para cada qual voltar para seu país.

Em Viena, depois de trabalhar com os soldados feridos pela guerra de Napoleão, Clemente trabalhou em uma paróquia para italianos e depois foi capelão das Irmãs Ursulinas. Nesses anos, atraiu a atenção de muitos intelectuais e estudantes, além de pessoas ricas e artistas. Também ali chegou a ser proibido de pregar e foi ameaçado de expulsão. No entanto, o Papa Pio VII soube de seu zelo apostólico e, no lugar de um decreto de expulsão, por uma questão política, emitiu um decreto de fundação da primeira comunidade redentorista na Áustria. Isso ocorreu às vésperas de sua morte. São Clemente morreu com seu sonho sendo realizado

Com informações de A12.com

Fonte: https://pt.aleteia.org/

O Papa: o cristão é um apóstolo humilde, não vaidoso

Papa Francisco | Vatican News

Na Audiência Geral, Francisco continuou sua catequese sobre a paixão de evangelizar e esclareceu o que significa ser apóstolo hoje: sacerdotes, pessoas consagradas e leigos têm tarefas diferentes, mas um chamado comum à missão, mesmo aqueles que ocupam os cargos mais altos no Igreja é chamada para servir.

https://youtu.be/hFpPCiFmkO0

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco prosseguiu com a catequese sobre a paixão de evangelizar, na Audiência Geral desta quarta-feira (15/03), realizada na Praça São Pedro.

Na escola do Concílio Vaticano II, buscamos entender melhor o que significa “ser apóstolos” hoje em dia. Ser apóstolo significa ser "enviado para uma missão". Assim, o Cristo Ressuscitado envia os seus apóstolos ao mundo, "transmitindo-lhes a força que Ele mesmo recebeu do Pai e dando-lhes o seu Espírito".

A seguir, o Papa falou sobre outro aspecto fundamental do “ser apóstolo”: a vocação, ou seja, o chamado. Foi assim desde o início: “Jesus chamou os que ele quis e eles foram até ele”. "Constituiu-os como um grupo, dando-lhes o título de "apóstolos", para estarem com Ele e enviá-los em missão", sublinhou Francisco. O mesmo aconteceu com São Paulo, “chamado a ser apóstolo”.

A vocação cristã é também vocação ao apostolado

A experiência dos Doze apóstolos e o testemunho de Paulo nos interpelam também hoje. Convidam-nos a verificar as nossas atitudes, a verificar as nossas escolhas, as nossas decisões, com base nestes pontos fixos: tudo depende de um chamado gratuito de Deus; Deus também nos escolhe para serviços que às vezes parecem sobrecarregar nossas capacidades ou não corresponder às nossas expectativas. O chamado recebido como um dom gratuito deve ser respondido gratuitamente.

O Concílio ensina que “a vocação cristã é também, por sua própria natureza, vocação ao apostolado”. Trata-se de um chamado comum aos que receberam o Sacramento da Ordem, às pessoas consagradas, e a cada fiel leigo, homem ou mulher, "é um chamado a todos. O tesouro que você recebeu como vocação cristã, você deve doá-lo. É a dinamicidade da vocação, é a dinamicidade da vida", frisou o Papa. "É um chamado que nos permite desempenhar a nossa tarefa apostólica de maneira ativa e criativa, dentro da Igreja em que «há diversidade de ministério, mas unidade de missão».

A vocação cristã não é uma promoção para subir

No âmbito da unidade da missão, a diversidade de carismas e ministérios não deve dar lugar, no seio do corpo eclesial, a categorias privilegiadas. Não há promoção aqui, e quando você concebe a vida cristã como uma promoção, que o de cima comanda os outros porque conseguiu subir, isso não é cristianismo. Isso é puro paganismo. A vocação cristã não é uma promoção para subir, não! Isso é outra coisa.

Existe algo maior, porque, embora «por vontade de Cristo, alguns sejam constituídos doutores, dispensadores dos mistérios e pastores a favor dos demais, reina, porém, a igualdade entre todos quanto à dignidade e quanto à atuação, comum a todos os fiéis, em benefício da edificação do corpo de Cristo». "Quem tem mais dignidade na Igreja: o bispo, o sacerdote? Não... Somos todos cristãos a serviço dos outros. Quem é mais importante na Igreja: a religiosa ou a pessoa comum, batizada, não batizada, a criança, o bispo...?

A vocação que Jesus dá é a do serviço

Todos são iguais, somos iguais e quando uma das partes se considera mais importante das outras e levanta um pouco o nariz, então, está errada. Essa não é a vocação de Jesus. A vocação que Jesus dá, a todos, mas também a quantos parecem estar em lugares mais elevados, é a do serviço, o serviço aos outros, a humilhação. Se você encontrar uma pessoa que tem uma vocação mais elevada na Igreja, mas é vaidosa, então você vai dizer: 'Coitada'! Reze por ela porque não compreendeu qual é a vocação de Deus. A vocação de Deus é a adoração do Pai, o amor à comunidade e o serviço. Isso é ser apóstolos, este é o testemunho dos apóstolos.

"Queridos irmãos e irmãs, essas palavras podem nos ajudar a verificar o modo em que vivemos a nossa vocação batismal, como vivemos a nossa maneira de ser apóstolos numa Igreja apostólica que está a serviço dos outros", concluiu Francisco.

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF