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terça-feira, 4 de abril de 2023

A força da oração

Francisco na Praça São Pedro para a tradicional missa do
Domingo de Ramos  (Vatican Media)

No editorial desta segunda-feira (3) de Andrea Tornielli, diretor editorial da mídia do Vaticano, o abraço dos fiéis ao Papa que pede para não esquecerem de rezar por ele.

Andrea Tornielli - Vatican News

Uma das características de Jorge Mario Bergoglio sempre foi aquela de pedir aos seus interlocutores de rezar por ele. Mesmo muitos anos antes de tornar-se bispo de Roma, ele não terminava uma conversa ou uma carta sem aquela frase que o mundo inteiro aprendeu a conhecer na última década: "Por favor, não se esqueça de rezar por mim". Para o jesuíta argentino que hoje é o Sucessor de Pedro, aquelas palavras nunca foram uma questão de circunstância e, mesmo se repetidas milhares de vezes, nunca se tornaram um hábito.

Pouco depois da eleição de Papa Francisco, o jornalista argentino Jorge Rouillón escreveu um artigo para contar o que havia acontecido com ele alguns anos antes, quando Bergoglio era arcebispo de Buenos Aires. "Um dia pedi ao cardeal se podia rezar por mim, porque naqueles dias eu estava esperando o resultado de um exame médico da próstata e existia a dúvida de que poderia haver algo maligno. O resultado foi então positivo para mim e eu havia esquecido completamente o assunto. Dois ou três meses depois, voltei a ver o arcebispo de Buenos Aires. Assim que ele me viu, me perguntou: 'Devo continuar rezando?' Eu tive que pensar antes de entender a que coisa ele estava se referindo. Ele tinha continuado a ter em mente na sua oração pessoal o que por mim tinha passado para segundo plano".

A oração para quem pede para ser acompanhado e protegido é uma forma para estar próximo e presente ao outro no momento de necessidade e corresponde ao que o próprio Jesus ensinou e testemunhou no Evangelho. Era 13 de outubro de 2013 quando Francisco, em uma homilia da missa na Santa Marta, falou da "coragem da oração": "Como rezamos, nós? Rezamos assim, por hábito, piedosamente, mas em silêncio, ou nos colocamos corajosamente diante do Senhor para pedir a graça, para pedir pelo que rezamos? A coragem na oração: uma oração que não seja corajosa não é uma oração verdadeira. A coragem de confiar que o Senhor nos ouve, a coragem de bater à porta... O Senhor diz: 'Porque quem pede recebe e quem procura encontra, e a quem bate será aberto'. Mas é preciso pedir, buscar e bater".

Quantos pedidos de oração, quantas súplicas chegaram ao Sucessor de Pedro nos últimos anos e foram acolhidas por ele na sua oração pessoal, como foi o caso com a do seu amigo jornalista argentino. Há, no entanto, outra corrente, invisível e poderosa, representada pelas orações de milhões de fiéis ao redor do mundo. Mulheres, homens, crianças, idosos, famílias. Pessoas simples que, ouvindo o Papa pedir orações no final de cada Angelus, de cada audiência, de cada discurso e de cada encontro, levaram a sério o seu pedido e continuam a rezar diariamente por ele e pelas suas intenções. O presente mais bonito para o Bispo de Roma que ama tanto "ser padre" e que não se poupa, como vimos também durante a sua recente hospitalização no Policlínico Gemelli, é ser apoiado por essas grandes orações dos pequenos. O povo de Deus que não se esquece de rezar por Francisco, no domingo (2) se alegrou ao revê-lo na Praça São Pedro.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Conheça três relíquias da Paixão de Cristo que são conservadas na Espanha

Relíquia Lignum Crucis (esquerda), Sudário de Oviedo e
Santo Cálice (direita). Foto: Wikipédia (Domínio público)
Por Blanca Ruiz

MADRI, 04 Abr. 23 / 08:00 am (ACI).- Embora o Santo Sudário de Turim (Itália) seja o objeto mais importante relacionado a Jesus que permanece até hoje, a Espanha também tem entre os seus tesouros três relíquias importantes de Cristo.

Estas relíquias são o Santo Cálice ou Santo Graal que está guardado na Catedral de Valência (Espanha); o Sudário de Oviedo, pano que cobriu o rosto de Jesus; e o Lignum Crucis, um pedaço da cruz do Senhor.

Estas relíquias foram estudadas em profundidade e permitem aproximar-se um pouco mais da Paixão de Cristo.

O Santo Cálice da Última Ceia

Segundo a tradição, o cálice que Jesus usou na Última Ceia, o Santo Cálice ou Santo Graal, é o objeto sagrado preservado na Catedral de Valência, (Espanha).

Este vaso sagrado é formado por um copo de cristal de ágata, uma base e duas alças. O que se sabe é que somente o copo de cristal de ágata teria sido usado por Jesus. A base e alças com pedras preciosas foram inseridas durante a época medieval.

Segundo o padre Jaime Sancho, custódio do Santo Cálice na Catedral de Valência, o estudo mais completo deste objeto foi realizado em 1960 e demonstrou que existe um alto grau de provas que confirmem a autenticidade desta relíquia.

“Nenhum estudo arqueológico posterior desmentiu esta pesquisa. É o único cálice que resistiu a críticas e investigação histórica”, assegurou o padre Sancho em entrevista concedida ao Grupo ACI em julho de 2016.

“Quando uma pessoa olha para esta relíquia descobre o amor de Deus na Eucaristia e isso é o que converte”, assegurou o sacerdote e precisou que durante esses anos que ele é custódio do Santo Cálice viu “muitas pessoas” chorarem ao ver esta relíquia “e perceber o quanto Deus nos ama, o quanto Deus está esperando por mim e me esperar nas coisas mais simples e pequenas”.

O Santo Cálice teve uma relação muito especial com os papas. De fato, quatro papas se relacionaram com ele: são João XXIII concedeu indulgência plenária na festa do Santo Cálice celebrada no dia 30 de outubro; são João Paulo II o venerou na catedral de Valência e consagrou com ele durante a sua visita à Espanha em 1982.

Bento XVI o usou durante a missa do V Encontro Mundial das Famílias, realizada em Valência em 2006 e o papa Francisco concedeu a celebração do Ano Santo do Cálice que começou no dia 29 de outubro de 2015 e terminou em novembro de 2016, junto com o Ano da Misericórdia. O Ano Jubilar do Santo Cálice é celebrado regularmente a cada cinco anos.

O Sudário de Oviedo

Segundo a tradição, o sudário que cobria o rosto de Jesus está guardado na catedral de Oviedo e é exposto ao público apenas três vezes por ano: na Sexta-feira Santa; no dia 14 de setembro, dia da Santa Cruz; e em 21 de setembro, festa do apóstolo São Mateus, padroeiro da cidade espanhola.

Os apóstolos veneraram em Jerusalém as relíquias da Paixão, incluindo o Sudário, durante os primeiros anos do cristianismo. Com a invasão dos persas no século VII, conseguiram salvá-lo e foi levado à Espanha.

Jorge Manuel Rodríguez Almenar, presidente do Centro Espanhol de Sindonologia, explicou em diversas ocasiões que os estudos mostram que todos os elementos do Sudário de Oviedo coincidem com os do Santo Sudário.

O último estudo realizado pela Universidade Católica de Murcia, na Espanha, concluiu que ambos os panos envolveram a mesma pessoa. Também precisou que o homem do Santo Sudário e do Sudário de Oviedo sofreu a mesma ferida no lado.

Algo que está de acordo com o que foi relatado no Evangelho de João, quando diz: “Mas, vindo a Jesus, e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas. Contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água”.

Lignum Crucis: Uma relíquia da Cruz de Cristo

O mosteiro franciscano de São Toríbio de Liébana, na Cantábria, guarda há mais de 1200 anos um grande pedaço da Cruz de Jesus.

Esta relíquia é conhecia pelo seu nome em latim Lignum Crucis, que significa lenho ou madeira da Cruz. Este objeto sagrado corresponde à madeira horizontal do lado esquerdo.

Santa Helena, mãe do imperador Constantino, decidiu conservar as relíquias da Paixão do Senhor. Uma delas foi a Cruz, que chegou à Espanha no século XVI, com os restos de santo Toribio, que tinha sido custódio dos lugares santos em Jerusalém.

Em 1958, realizaram alguns testes para comprovar a sua autenticidade e “confirmaram que a madeira é de uma árvore que existe na Terra Santa e que tem uma idade superior a 2000 anos”, assegurou ao Grupo ACI o padre Juan Manuel Núñez, superior do convento de São Toríbio de Liébana.

Além disso, o DNA da relíquia coincide com o de outros pedaços menores da cruz conservados em diferentes lugares do mundo.

“A maior prova de veracidade das Lignum Crucis são todas as conversões que ocorrem no sacramento da confissão no mosteiro”, afirma o sacerdote.

Segundo padre Núnez, o Lignum Crucis fala, “através de uma linguagem silenciosa, do amor de Deus que se entrega ao coração de todos os homens. Um amor que ficou marcado para sempre na Cruz e que diz a todos: ‘Embora não saibam lê-lo aqui diz como e quanto os amo’”.

Desde o século XVI se celebra o Ano Jubilar Lebaniego São Toríbio de Liébana. Este Ano Santo ocorre cada vez que o dia 16 de abril (festa de São Toríbio) cai em um domingo. O último Ano Jubilar Labaniego começou em 23 de abril de 2017, pois 16 de abril coincidia com o Domingo da Ressurreição, e terminou em 22 de abril de 2018. O próximo Ano Santo Lebaniego será em 2023.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Santo Isidoro de Sevilha

Santo Isidoro de Servilha (cancaonova)
04 de abril
Santo Isidoro de Servilha

Origens

Isidoro nasceu no ano 560, na capital da Andaluzia, Sevilha. Foi o caçula entre quatro irmãos. Nasceu numa família hispano-romana bastante fiel e praticante da fé católica.

Seu pai se chamava Severiano e exerceu o cargo de prefeito em Cartagena, também na Espanha. O mandato de Severiano foi marcado pela disciplona e pela doutrina católica, que ele procurava exercer na política. A mãe de Santo Isidoro se chamava Teodora. Foi uma santa mulher que educou os filhos na sabedoria e na fé católica. O fruto dessa educação não poderia ser mais expressivo: seus quatro filhos foram elevados aos altares: Isidoro, Leandro, Fulgêncio e Florentina.

Dificuldade de aprendizado

Severiano faleceu quando Isidoro era ainda criança. Por isso, o pequeno Isidoro começou a estudar a religião por influência do irmão mais velho, Leandro, que passou a representar para ele a figura do pai. Quando iniciou na escola formal, Isidoro apresentou grande dificuldade no aprendizado. Por isso, ele mesmo tomou a iniciativa de procurar ajuda com seus irmãos e alguns professores. Procurou também a oração e confiou na Providência Divina. A iniciativa deu certo e ele “aprendeu a aprender”, superando suas dificuldades e revelando grande capacidade intelectual.

Sacerdote

O jovem Isidoro formou-se em latim, grego e hebraico, na cidade de Sevilha. Lá, ele sentiu o chamado para a vida sacerdotal. Por isso, com a aprovação do bispo e da comunidade cristã, ordenou-se sacerdote. Sua formação ajudou para que ele pudesse trabalhar na evangelização dos visigodos arianos, iniciando pela evangelização do rei de então. Mais tarde, o Padre Isidoro trabalhou na evangelização e conversão de muitos judeus espanhóis. Além disso, teve uma vida pastoral intensa e frutuosa.

Arcebispo de Sevilha 

Com o falecimento de seu irmão Leandro, que era o bispo de Sevilha, padre Isidoro foi o nome natural indicado para sucedê-lo. Ele aceitou e governou a arquidiocese de Sevilha por quase quarenta anos. No começo de seu bispado, Santo Isidoro organizou pequenos núcleos de estudo e ensino dentro das casas de religiosos. Esta “instituição” é considerada hoje como que o “embrião” dos seminários como conhecemos hoje.

Influência cultural

A influência cultural que Santo Isidoro exerceu na Espanha e Europa foi muito expressiva. Aquele menino que tinha dificuldade de aprender tornou-se o dono de uma das maiores e melhores bibliotecas da Espanha e Europa. Sua influência neste sentido foi tal, que muitos começaram a se dedicar a leituras boas e ao estudo.

Caridade e oração

Em meio a toda a agitação de dirigir uma arquidiocese como a de Sevilha, Santo Isidoro nunca deixava de lado a oração, que alimentava seu espírito e a caridade para com os necessitados. Atendia a todos os que o procuravam e saia em busca daqueles que tinham se perdido do redil das ovelhas. Ele se dedicava tanto aos pobres que sua casa estava sempre cheia de mendigos e necessitados de todos os tipos.

O Pai dos Concílios

Por causa de sua profundidade teológica e conhecimento, foi convidado a presidir o II Concílio de Sevilha, no ano 619.

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

segunda-feira, 3 de abril de 2023

Na aparente derrota, a vitória de Cristo

Fr. Lawrence OP | Flickr | CC BY-NC-ND 2.0 / #image_title

Semana Santa: cada evento que vivenciamos, por mais que pareça repetitivo ou rotineiro não o é. Traz sempre algo de novo para o nosso viver. Entenda:

Chegamos à Semana Santa ou, como preferem alguns, à “Semana Maior”, pois nela celebramos os grandes eventos finais da vida de Cristo nesta terra e que estão ligados mais diretamente à nossa salvação pelos atos do Senhor chamados de redenção propiciatória. Nela, vemos, por uma aparente derrota a verdadeira vitória de Cristo. Reflitamos!

Cremos ser importante expor o que se entende por redenção em seu duplo aspecto, ou seja, o físico místico e o propiciatório. Mostra-nos a Sagrada Escritura, que foi por insídia do diabo que o pecado e a morte entraram no mundo, por isso o Senhor Jesus, a vida por excelência (Jo 14,6), veio até nós para derrotar o pecado, a morte e o demônio com seu sacrifício de cruz.

Redenção

Toda a Sua vida e Sua obra são redentoras – redenção é a recuperação de um objeto precioso mediante pagamento, o que supõe um regime de escravidão a ser superado – e podem ser entendidas em dois aspectos: a redenção físico-mística ou, como enfatizavam os antigos teólogos orientais, a redenção por contato. Ela significa que, desde a Sua concepção no seio materno de Maria, passando pela sua comparação identificadora com objetos diversos (pão, luz, porta, videira, cordeiro etc.), seu batismo, pregação, milagres etc., está em curso o processo de redenção do mundo. Tudo o que tem contato com o homem é transfigurado para uma realidade nova, a realidade recriada por Cristo. 

Daí também tudo o que é humano interessar, de algum modo, à Igreja, conforme lemos, logo no início da Gaudium et Spes: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração. Porque a sua comunidade é formada por homens, que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em demanda do reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação para a comunicar a todos. Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao gênero humano e à sua história” (n. 1).

Amor de Deus

“Por isso, o Concílio Vaticano II, tendo investigado mais profundamente o mistério da Igreja, não hesita agora em dirigir a sua palavra, não já apenas aos filhos da Igreja e a quantos invocam o nome de Cristo, mas a todos os homens. Deseja expor-lhes o seu modo de conceber a presença e atividade da Igreja no mundo de hoje. Tem, portanto, diante dos olhos o mundo dos homens, ou seja a inteira família humana, com todas as realidades no meio das quais vive; esse mundo que é teatro da história da humanidade, marcado pelo seu engenho, pelas suas derrotas e vitórias; mundo, que os cristãos acreditam ser criado e conservado pelo amor do Criador; caído, sem dúvida, sob a escravidão do pecado, mas libertado pela cruz e ressurreição de Cristo, vencedor do poder do maligno; mundo, finalmente, destinado, segundo o desígnio de Deus, a ser transformado e alcançar a própria realização” (n. 2).

É na morte e ressurreição do Senhor que a redenção propiciatória se dá. É nesses eventos que se manifesta o imenso amor puramente benevolente de Deus por nós (cf. Jo 4,10; 2Cor 5,18), cujo Filho se entrega, como sacerdote, altar e cordeiro em expiação (cf. 1Jo 2,2) para derrotar o pecado, a morte e o diabo, realidades reinantes neste mundo até àquela hora. Se a carne foi o instrumento com o qual o velho homem, Adão, pecou, a carne do novo homem, Cristo, nos trouxe a salvação. Isso é a recapitulação (usar o mesmo instrumento do mal para o bem, cf. Rm 8,3). Desse modo, o ser humano pecador torna-se, no sacrifício de Cristo, ser humano redimido e, por isso, aberto à graça de Deus.

O mal

O demônio foi despojado de seu poder (cf. Jo 12,31; Cl 2,13-15), embora, desde o início, ele quisesse dominar o Senhor Jesus tentando-O diretamente (cf. Mt 4,1-11; Lc 22,3.53) ou instigando os homens contra Cristo (cf. Jo 13,2; 1Cor 2,8). Todas as suas tentativas, diretas ou indiretas, foram, no entanto, frustradas, pois o Senhor Jesus é igual a nós em tudo, menos no pecado. Sua carne humana escondia a Divindade capaz de enfrentar e derrotar todo mal. Também a morte foi vencida, pois Cristo, inocente como era, nada devia à morte (cf. Jo 12,31; 14,30); por isso; ela não pôde detê-lo no cárcere, como tinha feito até aquele momento com os demais homens. Ao contrário, sua aparente derrota imposta ao Senhor serviu-Lhe de ponte para a Sua grandiosa vitória na Ressurreição corporal, centro da mensagem cristã (1Cor 15,14). Assim se dá até hoje: os homens e mulheres continuam, sem exceção, a morrer, mas essa aparente dominação serve de passagem para a vida definitiva em Deus. No dia da consumação final, será a morte totalmente destruída (cf. 1Cor 15,16), embora já esteja derrotada desde a morte e ressurreição do Senhor Jesus, o centro da História.

Desequilíbrio

Daí, a mãe Igreja O apresenta, na mesma Gaudium et Spes como a resposta e a solução de toda problemática humana: “Na verdade, os desequilíbrios de que sofre o mundo atual estão ligados com aquele desequilíbrio fundamental que se radica no coração do homem. Porque no íntimo do próprio homem muitos elementos se combatem. Enquanto, por uma parte, ele se experimenta, como criatura que é, multiplamente limitado, por outra sente-se ilimitado nos seus desejos, e chamado a uma vida superior. Atraído por muitas solicitações, vê-se obrigado a escolher entre elas e a renunciar a algumas. Mais ainda, fraco e pecador, faz, muitas vezes, aquilo que não quer e não realiza o que desejaria fazer (Rm 7,14-15). Sofre, assim, em si mesmo a divisão, da qual tantas e tão grandes discórdias se originam para a sociedade. Muitos, sem dúvida, que levam uma vida impregnada de materialismo prático, não podem ter uma clara percepção desta situação dramática; ou, oprimidos pela miséria, não lhe podem prestar atenção. Outros pensam encontrar a paz nas diversas interpretações da realidade que lhes são propostas. Alguns só do esforço humano esperam a verdadeira e plena libertação do gênero humano, e estão convencidos que o futuro império do homem sobre a terra satisfará todas as aspirações do seu coração. E não faltam os que, desesperando de poder encontrar um sentido para a vida, louvam a coragem daqueles que, julgando a existência humana vazia de qualquer significado, se esforçam por lhe conferir, por si mesmos, todo o seu valor. Todavia, perante a evolução atual do mundo, cada dia são mais numerosos os que põem ou sentem com nova acuidade as questões fundamentais: Que é o homem? Qual o sentido da dor, do mal, e da morte, que, apesar do enorme progresso alcançado, continuam a existir? Para que servem essas vitórias, ganhas a tão grande preço? Que pode o homem dar à sociedade, e que coisas pode dela receber? Que há para além desta vida terrena?”

Kairós

“A Igreja, por sua parte, acredita que Jesus Cristo, morto e ressuscitado por todos (2Cor 5,15), oferece aos homens pelo seu Espírito a luz e a força para poderem corresponder à sua altíssima vocação; nem foi dado aos homens sob o céu outro nome, no qual devam ser salvos (At 4,12). Acredita também que a chave, o centro e o fim de toda a história humana se encontram no seu Senhor e mestre. E afirma, além disso, que, subjacentes a todas as transformações, há muitas coisas que não mudam, cujo último fundamento é Cristo, o mesmo ontem, hoje, e para sempre (7)” (n. 10; cf. n. 22).

É com este importante pano de fundo, que iniciamos a Semana Santa de 2023. Ela não deve ser vista como outra de nossa vida, mas, sim, como “a Semana Santa”, pois cada evento que vivenciamos, por mais que pareça repetitivo ou rotineiro não o é. Traz sempre algo de novo para o nosso viver. É sempre um kairós ou um tempo favorável da graça divina a todos nós. Que vivenciando a aparente derrota do Senhor, na Sexta-Feira Santa, e a Sua verdadeira vitória, na Vigília Pascal, nos sintamos novas criaturas em Deus, o Alfa e o Ômega da História (cf. Ap 22,13) e, com Ele, por Ele e n’Ele, agentes de transformação da humanidade do pecado à graça divina. Amém.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Semana Santa: quem tem medo da cruz?

Paixão de Cristo (Vatican News)

Entramos na Semana Santa. Neste final de Quaresma, façamos uma profunda reflexão-preparação espiritual.

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça – Diocese de Nova Friburgo

Quem tem medo da cruz? Resposta: todos nós. Não fomos feitos para a cruz. Fomos gerados para a luz, para a vida. A cruz assombra, assusta, frustra, entristece. Faz fenecer todo sonho, o brilho dos olhos, a paz do coração. Faz perecer o voo, o projeto da ave, agora amarrada e sangrada. A cruz é terrível. É o nada travestido de dor, o vazio do abandono, o frio do desmonte existencial.

Quem tem medo da cruz? Todo ser sensato tem. Mas a pergunta é outra: quem ou o que venceria o Amor? O que ou quem derrotaria a Luz? E a Luz e o Amor tem nome - Jesus, o Homem-Deus Salvador. Não que a cruz não pese ou não doa. Mas, a presença do seu Amor é mais forte do que a morte! O que é a dor do parto em relação à infinita alegria do filho-fruto? O que é a dor do sofrimento terreno perante a alegria estrondeante da eternidade que já pulsa e vibra dentro de nós?

Cristo venceu a cruz, porque era todo Amor. Ele sabia que o Pai não o deixaria. Até por um momento de solidão estremeceu e oscilou na segurança. Mas seu espírito estava entregue. Ele era plena comunhão de Amor e de Luz com o seu Pai. E o Espírito estava com Ele. Ele atravessou o deserto da fome e da sede, do calor e do vento gélido. Ele perseverou fiel na dureza das tentações. Sempre nos nossos momentos de fraqueza aparecem as portas largas do fácil e do mal. É mais cômodo jogar a toalha. É mais prático também mais covarde abandonar o navio, a luta, a causa. Perder os princípios, compactuar com a mentira. Fazer o jogo, vender a alma, ganhar tesouros, curtir o egoísmo-prazer. Adorar o poder, garimpar o dinheiro. É o movimento-alucinação do mundo, do nosso mundo roleta russa. Salve-se quem puder!

Ao contrário, o Mestre sustentou a caridade com a fibra do despojamento e da humildade, com a força divina da constância. A estabilidade do Bem, sem máscara, sem terceiras intenções, sem hipocrisia, sem autopromoção. A generosidade sempre pronta daquele que tinha no cotidiano de cada dever-missão o tempero do sentido maior do coração: a felicidade do outro, o crescimento do irmão-amigo, a salvação da amiga-irmã. A cruz só prevalece quando não temos a Luz e o sentido! Quando possuímos um porquê, então fazemos a oferenda, entregamos o sacrifício. Cada dor é doação, é oferta. É "por eles" que caminhamos. É "por eles" que sofremos. É "por eles" que não desistimos e enfrentamos tudo e não cedemos à infidelidade. É "por eles", gratuitamente, já nos dispensando do "obrigado" e da necessidade lógica da gratidão e do retorno. Como é o Amor de Cristo, puro e gratuito, só para que todos nós nos libertássemos. E isso já é uma imensa felicidade!

Se pudermos plantar a semente e fazer crescer alguém, isto já é um bálsamo de Deus que diz a nós ao ouvido e ao coração: "É por aí! Vai, continua, sê feliz!" Não importa o peso do madeiro, mesmo que diário. Transcenderemos o calvário, os chicotes, as cusparadas, as zombarias, a lança da traição, a sensação de abandono... Não fugiremos da missão, pois o nosso sangue é semente, nossa vida é geradora de tantas vidas e esperanças. Se a cada passo o Amor ilumina, a cruz que era nada, se torna instrumento-caminho do Tudo. O que era fim se transforma em meio. O que aniquilava, agora amadurece e reforça o valor da meta. O muro aparentemente intransponível é, na verdade, somente um obstáculo para o corredor que tem como ideal a coroa de louros da vitória. E assim nos libertamos e corremos no certame que nos é proposto rumo à realização eterna de Deus.

Não queremos ser escravos de ninguém, de nada, nem de nós mesmos. Foi para que fôssemos livres que Cristo nos redimiu, que Ele derramou total e resignadamente seu sangue, vendo em cada dor a nossa liberdade, em cada chicotada, o nosso riso, em cada bofetada, a nossa canção, na coroa de espinhos, a nossa glória. Persevera quem ama. De novo retorna a mente a pergunta: Quem tem medo da cruz? Todos nós temos medo da dor. Mas temos muito mais confiança no Amor que vence o tempo, a força, a mentira e a maldade, porque tem o Poder e a perenidade da Verdade - a única estrada que nos pode dar a vitória-felicidade-ressurreição!

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

domingo, 2 de abril de 2023

VIVAMOS A PAIXÃO, MORTE E RESSURREIÇÃO DO SENHOR

Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor (Pastoral Familiar)

VIVAMOS A PAIXÃO, MORTE E RESSURREIÇÃO DO SENHOR

Dom Adelar Baruffi
Arcebispo de Cascavel (RS)

Sempre, ao iniciarmos a Semana Santa, se lê um dos trechos do evangelho de Jesus Cristo, que dá a sua vida na cruz. Quando os cristãos levam os Ramos, sabemos que logo será Páscoa do Senhor. Aquela semana será diferente. Terá mais profundidade espiritual. Nela, por exemplo, viveremos a entrega de Jesus, no seu Tríduo Pascal, Quinta-Feira à noite, Sexta-Feira e Sábado, quando então concluiremos o Tríduo Pascal. Passado o Sábado, teremos a celebração da alegria pascal! Muito profunda, também, visto que nenhum cristão batizado pode faltar numa celebração. As três são importantes igualmente.

Em Jerusalém, Jesus entra jubiloso. Ele sabe o que irá encontrar. Lá irá realizar o seu Mistério Pascal. Ele entra jubiloso, sobre uma jumenta (Mt 21,2). Os Ramos dão acolhida ao Senhor, o nosso Rei. Os Ramos que trazemos são boas-vindas ao Senhor, Jesus Cristo. Naquele tempo, gritavam e cantavam: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus” (Mt 21,9). Ele é acolhido muito bem. E, o próprio Jesus Cristo, sabia que depois de algum dia, a mesma multidão chamaria a Ele para ser “crucificado”.

Na oração da coleta, desta missa, do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, rezamos ao Pai, “para dar aos homens um exemplo de humildade, quisestes que o nosso Salvador se fizesse homem e morresse na cruz. Concedei-nos aprender o ensinamento da sua paixão e ressuscitar com ele em sua glória.” Aqui está a nossa glória, o nosso sucesso em nossa vida. Olhar sempre para o alto, onde está o Filho de Deus. Jesus Cristo tem um grande ensinamento a nos dar: o aprendizado da humildade.

Na leitura dos Filipenses, São Paulo, nos fala que “Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do seu ser igual a Deus uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens” (Fl 2, 6-7). Jesus Cristo se mostrou sempre muito humilde, simples e misericordioso. Ele ficou calado, durante todo o tempo de sua paixão. “Mas Jesus não respondeu uma só palavra, e o governador ficou muito impressionado” (Mt 27,14). Ele estava tão unido ao Pai, infinitamente bom, que viveu tudo o que sabemos pela leitura dos textos bíblicos com profundidade e silêncio. Sem falar nada. Depois desta vez, somente no final, quando Jesus Cristo, provavelmente, ficou profundamente sentido, ele gritou “Eli, eli, lamá sabactâni?, que quer dizer “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mt 27,46).

Este é o tempo do silêncio, de não fazer muito barulho. Quantas vezes ao dia vou recordar disso? Também, é o tempo de voltar-se para Deus. Ele é infinitamente bom para nos perdoar. Sempre que tivermos algum pecado é só reconhecer e dizer a Ele, na confissão. Ele nos perdoará sempre. Nós, todos os dias, ouviremos esta Palavra: “Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga” (Mt 16,24). O caminho cristão tem a cruz de Jesus Cristo diante dos olhos!

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Francisco: um Papa de saúde frágil?

Antoine Mekary | ALETEIA
Por I. Media

Uma retrospectiva dos problemas de saúde que o Pontífice já enfrentou.

O Papa Francisco está hospitalizado no Hospital Gemelli em Roma desde 29 de março de 2023. Oficialmente, ele trata uma infecção respiratória.

De fato, a saúde o Papa foi testada ao longo dos anos.

Desde sua juventude, Jorge Mario Bergoglio foi confrontado com a fragilidade e finitude da vida humana, quando uma doença respiratória quase o levou embora em 1957. O biógrafo Austen Ivereigh reproduz a fala de Bergoglio sobre essa “doença grave” contraída quando ele tinha 21 anos:

“Durante meses eu não sabia […] se ia morrer ou viver. Nem mesmo os médicos sabiam se eu conseguiria. Lembro que um dia pedi a minha mãe, beijando-a, para me dizer se eu ia morrer”.

Bergoglio estava em seu segundo ano do seminário na época. Em 13 de agosto de 1957, vendo sua saúde se deteriorar, um funcionário do seminário o levou ao hospital. O diagnóstico: três quistos no lobo superior de seu pulmão direito e uma efusão pleural.

“Primeiro extraíram um litro e meio de água de meu pulmão, depois me deixaram para lutar entre a vida e a morte”, disse o Papa. Ele foi submetido a uma cirurgia para remover o lobo superior direito de seu pulmão. No livro “A Saúde dos Papas”, do jornalista e médico argentino Nelson Castro, o Papa Francisco descreve esta remoção como uma operação “sangrenta”.

Um problema de coração em 2004

De acordo com Bergoglio, ele foi salvo por duas enfermeiras durante sua hospitalização. “Uma delas era a enfermeira chefe, uma freira dominicana que havia sido professora em Atenas antes de ser enviada a Buenos Aires. Soube mais tarde que, depois que o médico saiu, uma vez terminado o primeiro exame, ela disse às enfermeiras para dobrar a dose do tratamento que ele havia prescrito – penicilina e estreptomicina – porque ela sabia por experiência própria que eu estava morrendo”, diz ele. A outra enfermeira tinha feito o mesmo quando o jovem estava ‘dilacerado pela dor’.

Também no livro “A Saúde dos Papas” o Papa Francisco revelou que, em 2004, quando era arcebispo de Buenos Aires, teve um problema de coração, um “pré-infarto”. Mas depois de ser hospitalizado por alguns dias, ele nunca mais teve nenhum sintoma cardíaco.

O ano de 2021, um ponto de inflexão

Além de doenças sazonais e ciáticas recorrentes que o obrigavam a cancelar audiências de vez em quando, o Papa, uma vez eleito, seguiu um ritmo intenso durante oito anos. Entretanto, o ano 2021 marca uma virada em sua saúde.

Em 1º de janeiro, uma dolorosa ciática o obrigou a cancelar várias celebrações litúrgicas e a adiar o tradicional discurso para o corpo diplomático.

O pontífice se recuperou. No dia 14 de janeiro, recebeu sua primeira dose de vacina contra a Covid e fez um apelo a favor da vacinação: “Creio que, do ponto de vista ético, todos deveriam tomar a vacina”, anunciou ele na televisão italiana. Em 3 de fevereiro, ele recebeu sua segunda dose.

No entanto, o Papa Francisco mostrava sinais de cansaço após sua cansativa viagem ao Iraque, em março. “Confio em vocês que nesta viagem eu estava muito mais cansado do que nas outras”, disse ele aos jornalistas na coletiva de imprensa durante o voo de volta a Roma.

No entanto, o Papa Francisco está mostrando sinais de cansaço após sua cansativa viagem ao Iraque de 5 a 8 de março. “Confio em vocês que nesta viagem eu estava muito mais cansado do que nas outras”, disse ele aos jornalistas na coletiva de imprensa durante o vôo de volta a Roma.

O ano continuou de uma maneira difícil: no domingo 4 de julho, algumas horas após a tradicional oração do Angelus da janela do Palácio Apostólico, a Santa Sé anunciou que o pontífice foi hospitalizado no hospital Gemelli. O Papa Francisco, soube-se, estava sendo operado de uma “estenose diverticular sintomática do cólon”, uma operação comum para uma pessoa de sua idade, mas que não deixava de ser delicada.

33 centímetros a menos de intestino

A cirurgia causou preocupação e especulação sobre a saúde do chefe da Igreja Católica. Francisco teve que permanecer no hospital romano por dez dias – mais do que as primeiras estimativas. Ele chegou até a recitar o Angelus da varanda do hospital em 11 de julho

Francisco celebra o Angelus no hospital Gemelli.
AP/Associated Press/East News

Durante esses dez dias, os boletins de saúde foram minuciosamente examinados por toda a imprensa internacional. Esta atmosfera de incerteza gerou muitos rumores sobre o declínio da saúde de Francisco. Vários especialistas do Vaticano até mesmo iniciaram um debate sobre a necessidade de reformar as regras do conclave.

Em sua primeira entrevista depois da operação, Francisco afirmou: “Sempre que um papa está doente, há sempre uma brisa ou um furacão de conclave”. O pontífice, no entanto, reconheceu a extensão da cirurgia a que ele havia sido submetido dois meses antes. Ele disse que podia “comer tudo”, mas que isto não era possível há algum tempo e que ainda estava tomando medicação pós-operatória, “porque o cérebro tem que registrar que tem 33 centímetros a menos de intestino”, enfatizou. Mas ele concluiu tranquilamente: “Fora isso, tenho uma vida normal, levo uma vida completamente normal”.

O pontífice começou a viajar novamente: Hungria e Eslováquia em setembro, Chipre e Grécia em dezembro. Para Nelson Castro, “ele é um homem de saúde de ferro”.

O ano de 2022: um teste

O Papa Francisco sofre regularmente de problemas no quadril e tem alguma dificuldade para andar. Mas, em 2022, teve um golpe final em suas habilidades motoras. Desde o início do ano, ele falou várias vezes da dor “em sua perna direita”. Em 17 de janeiro, durante uma audiência privada com jornalistas, confessou ter sofrido quando se levantou. Da mesma forma, ao receber a polícia italiana em 3 de fevereiro, o bispo de Roma permaneceu sentado para cumprimentar seus convidados.

No final da audiência geral de 26 de janeiro, ele pediu desculpas por não poder se mover entre os fiéis para cumprimentá-los, como ele costumava fazer. O pontífice explicou que estava com um problema no “ligamento do joelho”.

Pouco a pouco, a doença tornou-se mais clara: era “gonalgia aguda”. O médico do pontífice argentino prescreveu um “período de repouso” e injeções.

A mobilidade do pontífice nunca mais seria a mesma. No início de abril, durante sua viagem a Malta, ele teve que usar um elevador pela primeira vez para entrar e sair do avião.

Um Papa em uma cadeira de rodas

A partir de maio, o Papa Francisco seria visto em uma cadeira de rodas. Uma novidade no Vaticano. Depois, em 10 de junho, a Sala de Imprensa anunciou que o Papa foi obrigado a adiar sua viagem à República Democrática do Congo e ao Sul do Sudão, a fim de “não comprometer os resultados das terapias do joelho ainda em andamento”. Foi a primeira vez que o Papa Francisco adiou uma viagem ao exterior por razões de saúde.

5 de maio de 2022: o Papa chega de cadeira de rodas a uma audiência no Vaticano.
ALBERTO PIZZOLI | AFP

Com sua ausência em celebrações, os rumores de sua possível renúncia se intensificaram, assim como as suspeitas de doenças mais graves, especialmente porque o Papa havia acabado de chamar um consistório para criar novos cardeais no final do verão. Mas, o Francisco disse a um grupo de bispos brasileiros no dia 20 de junho: “Quero viver minha missão até que Deus me permita”.

Em uma entrevista com a Reuters transmitida em 4 de julho, o Papa confidenciou pela primeira vez que havia sofrido uma “pequena fratura” no joelho quando deu um passo errado e um de seus ligamentos já estava inflamado.

Ele também descartou rumores de que o câncer havia sido descoberto durante sua operação em julho de 2021.

Finalmente, após um período de descanso, o pontífice pode viajar para o Canadá de 24 a 30 de julho. Uma viagem que o fez perceber que não poderia mais continuar no ritmo anterior.

Problema no coração?

Em uma entrevista concedida em 24 de janeiro de 2023 à agência de notícias americana AP, o Papa confidenciou que a diverticulose operada em 2021 “voltou”. “Eu poderia morrer amanhã, mas tudo está sob controle”. Estou de boa saúde”, disse o chefe da Igreja Católica.

Em 29 de março, a Santa Sé anunciou que o Papa Francisco estava no hospital, assegurando em uma primeira versão que estes exames estavam agendados. Mas, segundo a jornalista argentina Elisabetta Piqué, que cobre o Vaticano, ele sofreu um problema cardíaco.

Foi no retorno à Casa Santa Marta, após a audiência geral que presidiu na Praça São Pedro, que o Papa começou a sentir “dores no peito”, disse ela ao La Nacion. Seu assistente pessoal, Massimiliano Strappetti, aconselhou-o a ir imediatamente ao hospital Gemelli, para onde foi levado de ambulância.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

O Papa: Cristo impele-nos a procurá-lo e amá-lo nos abandonados

Papa Francisco na Missa do Domingo de Ramos (Vatican Media)

Cristo na cruz se fez solidário conosco a fim de que possa cada um de nós dizer: nas minhas quedas, na minha desolação, quando me sinto traído, descartado e abandonado, Tu estás presente, Jesus; quando não aguento mais, Tu estás lá, estás comigo; nos meus «porquês» sem resposta, estás comigo. Foi o que disse o Papa na Missa deste Domingo de Ramos, início da Semana Santa, celebrada na Praça São Pedro com a tradicional e solene procissão de ramos.

Raimundo de Lima – Vatican News

Cristo, abandonado, impele-nos a procurá-Lo e a amá-Lo nos abandonados. Porque neles, não temos apenas necessitados, mas temo-Lo a Ele, Jesus Abandonado, Aquele que nos salvou descendo até ao fundo da nossa condição humana. Por isso deseja que cuidemos dos irmãos e irmãs que mais se parecem com Ele, com Ele no ato extremo do sofrimento e da solidão: disse o Papa na Missa este Domingo de Ramos (02/04), celebrada na Praça São Pedro com a tradicional e solene procissão de ramos. Um momento comovente numa praça com mais de cinquenta mil fiéis e peregrinos, com os ramos de oliveira provenientes da região italiana da Úmbria.

«Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonaste?»: é a invocação que a Liturgia nos fez repetir hoje no Salmo Responsorial (Sal 22), sendo também – no Evangelho que ouvimos – a única pronunciada na cruz por Jesus. Representam, pois, observou Francisco, as palavras que nos conduzem ao coração da paixão de Cristo, ao ponto culminante dos sofrimentos que padeceu para nos salvar.

Sofrimentos do corpo e da alma

Muitos foram os sofrimentos de Jesus. Foram sofrimentos do corpo: das bofetadas às pancadas, da flagelação à coroa de espinhos, até à tortura da cruz. Foram sofrimentos da alma: a traição de Judas, as negações de Pedro, as condenações religiosa e civil, a zombaria dos guardas, os insultos ao pé da cruz, a rejeição de tantos, a falência de tudo, o abandono dos discípulos. E, contudo, prosseguiu o Pontífice, no meio de todo este sofrimento, restava a Jesus uma certeza: a proximidade do Pai. Ele tinha dito: «Eu e o Pai somos um», «Eu estou no Pai e o Pai está em Mim». Mas agora acontece o impensável; antes de morrer, clama: «Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonaste

“O Papa ressaltou que estamos perante o sofrimento mais dilacerante, o do espírito: na hora mais trágica, Jesus experimenta o abandono por parte de Deus. Antes disto, nunca chamara o Pai pelo nome genérico de Deus.”

Na Bíblia, o verbo «abandonar» é forte; aparece em momentos de dor extrema: em amores fracassados, rejeitados e traídos; em filhos enjeitados e abortados; em situações de repúdio, viuvez e orfandade; em casamentos gorados, em exclusões que privam dos laços sociais, na opressão da injustiça e na solidão da doença: em suma, nas mais drásticas dilacerações dos vínculos. Cristo levou tudo isto para a cruz, ao carregar sobre Si o pecado do mundo. E, no auge, Ele – Filho unigênito e predileto – experimentou a situação mais estranha no seu caso: a distância de Deus.

Fez-Se solidário conosco até ao ponto extremo

Mas – podemos perguntar-nos – porque foi tão longe? A resposta é uma só: por nós. Fez-Se solidário conosco até ao ponto extremo, para estar conosco até ao fim, para que nenhum de nós se possa imaginar sozinho e irrecuperável. Experimentou o abandono para não nos deixar reféns da desolação e permanecer ao nosso lado para sempre, enfatizou o Pontífice.

Irmão, irmã, Ele o fez por mim, por ti, para que, quando eu, tu ou qualquer outro se vir encurralado à parede, perdido num beco sem saída, precipitado no abismo do abandono, sorvido no redemoinho dos «porquês», saibamos que há uma esperança. Não é o fim, porque Jesus esteve ali e agora está contigo: Ele, o Pai e o Espírito sofreram a distância causada pelo abandono para acolher no seu amor todas as nossas distâncias. A fim de que possa cada um de nós dizer: nas minhas quedas, na minha desolação, quando me sinto traído, descartado e abandonado, Tu estás presente, Jesus; nos meus falhanços, estás comigo; quando me sinto transviado e perdido, quando não aguento mais, Tu estás lá, estás comigo; nos meus «porquês» sem resposta, estás comigo.

Hoje, tantos «cristos abandonados»

É assim que o Senhor nos salva, a partir de dentro dos nossos «porquês». De lá, descerra a esperança. Um amor assim, que dá tudo por nós, até ao fim, pode transformar os nossos corações de pedra em corações de carne, capazes de piedade, ternura e compaixão, prosseguiu o Santo Padre.

Há hoje tantos «cristos abandonados». Há povos inteiros explorados e deixados à própria sorte; há pobres que vivem nas encruzilhadas das nossas estradas e cujo olhar não temos a coragem de fixar; migrantes, que já não são rostos, mas números; reclusos rejeitados, pessoas catalogadas como problemas. Mas há também muitos cristos abandonados invisíveis, escondidos, que são descartados de forma «elegante»: crianças nascituras, idosos deixados sozinhos, doentes não visitados, pessoas portadoras de deficiência ignoradas, jovens que sentem dentro um grande vazio sem que ninguém escute verdadeiramente o seu grito de dor.

As pessoas rejeitadas e excluídas são ícones vivos de Cristo

Francisco exortou-nos a lembrar sempre que Jesus abandonado nos pede para termos olhos e coração para os abandonados. Para nós, discípulos do Abandonado, ninguém pode ser marginalizado, ninguém pode ser deixado a si mesmo; porque – recordemo-lo – as pessoas rejeitadas e excluídas são ícones vivos de Cristo, recordam-nos o seu amor louco, o seu abandono que nos salva de toda a solidão e desolação.

Em sua homilia, ressaltando a presença de Cristo nos abandonados de hoje e de sempre, deixando por um momento o texto previamente preparado, Francisco lembrou um morador de rua que havia encontrado abrigo sob a cobertura da colunata da Praça São Pedro (Colunata de Bernini) e que meses atrás veio a falecer, ressaltando que Jesus está com cada um desses irmãos abandonados.

Está com cada um deles, abandonados até à morte. Penso algumas semanas atrás, num morador de rua alemão que morreu na colunata, sozinho, abandonado. É Jesus para cada um de nós. Muitos precisam da nossa proximidade, são muitos os abandonados. Também eu preciso que Jesus me acaricie, esteja próximo a mim e por isso vou encontrá-Lo nos abandonados, nos que estão sós.

Peçamos hoje, concluiu o Santo Padre, esta graça: saber amar Jesus abandonado e saber amar Jesus em cada abandonado. Peçamos a graça de saber ver e reconhecer o Senhor que continua a clamar neles. Não permitamos que a sua voz se perca no silêncio ensurdecedor da indiferença. Não fomos deixados sozinhos por Deus; cuidemos de quem é deixado só. Então, só então, faremos nossos os desejos e os sentimentos d’Aquele que por nós «Se esvaziou a Si mesmo».

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Reflexão para o Domingo de Ramos (A)

Evangelho do domingo (Vatican News)

Jesus entra em Jerusalém, montado em um jumentinho. Isso significa que entra na cidade que é sua para fazer com toda a Humanidade, uma missão de paz, ainda que essa paz tenha como preço sua própria vida.

Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News

“O Senhor é aclamado como se faz a um general romano ou a um herói egípcio quando de sua chegada a sua cidade, à sua terra, após uma gloriosa vitória”.

Apenas algumas diferenças: o Senhor ainda vai consumar sua luta e, enquanto os vencedores trazem consigo o espólio dos vencidos e os próprios vencidos como troféus, será o Senhor o próprio espólio, o grande serviçal, o escravo de todos nós.

Esse gesto nos recorda um trecho da segunda leitura de hoje, da Carta de São Paulo aos Filipenses, que diz: “Não deveis fazer nada por egoísmo, ou para sentir-vos superiores aos outros, mas cada um de vós, com toda a humildade, considere os outros superiores a si mesmo, ninguém procure o próprio interesse, mas antes o dos outros.” O Senhor buscou apenas o nosso interesse, ou melhor, o interesse do Senhor é a nossa salvação.

Jesus entra em Jerusalém, montado em um jumentinho. Isso significa que entra na cidade que é sua para fazer com toda a Humanidade, uma missão de paz, ainda que essa paz tenha como preço sua própria vida.

Cristo entra em Jerusalém para entregar-se como oferta ao Pai, em nome de cada um de nós. Ele se coloca em nosso lugar e sofre as consequências que nosso egoísmo, nossa falta de amor e de perdão ocasionaram. Ele é o verdadeiro cordeiro pascal, a verdadeira vítima. Seu corpo é o pão e seu sangue é o vinho. Somos redimidos, para sempre, por seu sangue derramado de fato, Jesus Cristo é o cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo.

Outro ensinamento, agora colhido da leitura da Paixão, este ano, a de São Mateus, é sobre a retaliação e a paz. Jesus impede que Pedro continue sua ação de punir o soldado que o ofendera e diz a ele: “Guarde a espada na bainha!” e cura Malcolm. Somos filhos da paz! Nosso Rei é o Príncipe da Paz, o Pacificador.

Que este início da Semana Santa nos comprometa com o projeto de Jesus para nós. Sejamos irmãos, sejamos filhos do mesmo Pai de nosso Senhor.

Que a humildade e a paz sejam nossos tesouros, recebidos através do sacrifício redentor do Filho de Deus!

Nossa libertação do egoísmo e da ira, da raiva, custou o sangue inocente de Jesus.

Valorizemos, com gratidão e amor, o sacrifício do Senhor por nós».

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF