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sexta-feira, 7 de abril de 2023

Meditação da Paixão de Cristo

A paixão de Cristo (Cléofas)

Meditação da Paixão de Cristo

 POR PROF. FELIPE AQUINO

Os santos dizem que depois da santa Missa, a melhor prática espiritual é a meditação da Paixão de Cristo. Então, vamos meditar um pouco neste mistério de dor e de salvação. As ações de Cristo são “teândricas”, isto é, humanas, mas também divinas, e o tempo não as destrói; por isso, hoje, podemos contemplar de maneira atualizada a Sua dolorosa Paixão e beber a Redenção na sua fonte. Essa é uma meditação que eu procuro fazer sempre depois que rezo o Terço da Misericórdia, como Jesus pediu.

Compadeço-me, Senhor Jesus, da agonia mortal que o Senhor no Horto das Oliveiras naquela noite da quinta-feira santa. Sua alma “estava triste até a morte”, e o Senhor pediu aos discípulos que velassem com o Senhor, ao menos uma hora, mas eles estavam com sono e dormiram. Mesmo neste momento de angústia mortal o Senhor os educa: “Vigiai e orai, porque o espírito é forte, mas a carne é fraca”. Uma lição extraordinária para vencer a tentação e o pecado. Por essa angústia mortal Senhor, socorre-nos em todas as nossas angústias, tristezas, depressões, lutas, tentações e aflições.

Compadeço-me, Senhor, da consolação do vosso Anjo da Guarda neste momento de agonia mortal em que o sangue vazava pelos vasos capilares subcutâneas e jorravam por sua pele misturado com o suor gelado. Que este Sangue bendito Senhor caia sobre os nossos corpos e nossas almas e livre-nos de todo o mal.

Compadeço-me, Senhor da chegada de Judas com os soldados, armados até os dentes, para prender o Cordeiro manso de Deus. Compadeço-me pelo beijo traiçoeiro de Judas. Como doeu no Teu sagrado Coração Jesus! Aquele que o Senhor escolheu, educou, amou… levantou o calcanhar contra Vós, como tinha anunciado o profeta. Por essa traição Senhor, perdoa-nos todas as nossas traições, nossos pecados, infidelidades e ingratidões para com o Senhor.

Compadeço-me, Senhor, da Vossa prisão no Horto, e todos os mal tratos que o Senhor sofreu nas mãos dos soldados ali no Horto, nos caminhos, na casa de Anás, Caifás, Herodes, Pilatos, e na fortaleza Antônia onde os soldados o maltrataram. Por todos esses mal tratos Senhor, perdoai as nossas ofensas, de ontem e de hoje, e concede-nos a graça de Vos amar e servir com amor puro e reta intenção.

Compadeço-me, Senhor, da brutal e sanguinária flagelação na coluna, com 23 chicotes de três cordas, com pedacinhos de ossos nas pontas para rasgar as Vossas carnes, que ficaram expostas. Que dor, Senhor! Rasgaram o Vosso Corpo sagrado de alto a baixo, sem dó nem piedade. Todo o inferno se reuniu ali para destruí-lo. E o Senhor não abriu a boca para reclamar… Oh, Senhor, concede-nos essa força no sofrimento! Ajuda-nos a sofrer com fé e esperança, sabendo que nada se perde de toda dor unida à Sua dor.

Compadeço-me, Senhor, da sangrenta, dolorosa e humilhante coroação de espinhos. Dezenas de espinhos pontiagudos penetraram em Vossa Cabeça divina, arrancando sangue e dores lancinantes. Um Rei coroado de espinhos. Um Deus massacrado por nossos pecados. Um Deus zombado, cuspido, em cuja cabeça bateram com uma cana fazendo penetrar profundamente dos espinhos. Por essa coroação cruel, Senhor, perdoa os nossos pecados de soberba, inveja, maledicência, arrogância, prepotência, ira, orgulho e vaidade. E cura-nos Senhor de todas as nossas maldades espirituais.

Compadeço-me, Senhor, da condenação a morte por Pilatos, num julgamento covarde e iníquo. Obrigado por ter-lhe deixado claro que Vosso Reino não é deste mundo, mas que o Senhor é Rei de verdade! Por essa injustiça Senhor, concede-nos a graça da verdade, da justiça e da fidelidade a Vós em toda a nossa vida.

Compadeço-me, Senhor, da cruz pesada colocada sobre teus ombros já flagelados, levando-a pelo caminho do Calvário, completamente sem forças. Por esse mistério da iniquidade, Senhor, concede-nos a graça e a bênção de poder renunciar a nós mesmos, tomar a nossa cruz a cada dia e seguir atrás do Senhor (Lc 9,23). Sei que o Senhor transformou o sofrimento em matéria prima de nossa salvação, para lhe dar um sentido. Dá-nos a graça de unir todas as nossas dores às Vossas e assim divinizá-las.

Compadeço-me, Senhor, do encontro doloroso com Nossa Senhora das Dores. De fato, as sete Espadas de dor transpassaram o Seu materno coração. Por essas dores indizíveis, concede-nos a graça de Tê-la ao nosso lado em nossas lutas, aflições e sofrimentos, amparando-nos com sua materna presença e intercessão. Que Ela enxugue nossas lágrimas, segure nossas mãos e nos ajuda a caminhar até o fim. Que Ela nos ajude a como o Senhor, dizer “consumatum est!”. Tudo está consumado Pai, nas tuas mãos entrego meu espírito.

Compadeço-me Senhor da ajuda de Simão Cireneu, diante de Tua fraqueza absoluta em carregar a cruz até o Calvário. Por esse mistério Senhor, em que até o Senhor quis ser ajudado, nós também sejamos socorridos por um Cireneu quando não pudermos mais seguir com a cruz de cada dia. E que nós também, Senhor, tenhamos a sensibilidade e o amor de sermos Cireneus para nossos irmãos que sofrem a nosso lado.

Compadeço-me, Senhor, das santas mulheres de Jerusalém que te consolaram e que foram consoladas pelo Senhor. Certamente entre elas estavam Maria Sua Mãe, Maria de Cléofas, Maria Madalena, Salomé, e outras. Mesmo esmagado pelas dores, pela flagelação, pela coroa de espinhos, e pelo lenho da cruz nas costas, o Senhor ainda consolava, não aceitava a auto piedade que tanto nos atinge. Oh, Senhor, por esse mistério de amor, concede-nos a graça de consolar os outros que sofrem e que passam em nosso caminho, mesmo que a dor nos esmague.

Compadeço-me, Senhor, do gesto delicado e generoso de Verônica ao enxugar Teu divino rosto humano ensanguentado. Quisestes que a Tua face Sagrada ficasse gravada no seu lenço. Que esta mesma Face Senhor resplandeça sobre nós, ilumine nosso caminho, fortaleça nossos pés em nossa caminhada para Vós. Que Teu Rosto sagrado, Senhor, fique marcado em nossa alma toda vez que socorrermos ao Senhor mesmo que sofre em cada criatura. “Tudo o que fizerdes ao menos desses pequeninos é a Mim que o fazeis”.

Compadeço-me, Senhor, da Tua chegada ao Calvário. Brutalmente os soldados arrancaram suas vestes e o crucificaram: pregaram suas mãos e seus pés, e o levantaram no madeiro, pendurado por três pregos, em agonia asfixiante, por três horas, até a morte. Algo indizível, inenarrável, inefável, sofrimento igual nunca houve na face da terra. É o preço terrível de nossos pecados! Como eles Te massacraram Senhor! Ajuda-nos e a ter aversão a eles, a renunciá-los completamente; lavá-los no Teu Sangue preciosíssimo.

Compadeço-me, Senhor, das 7 Palavras que o Senhor pronunciou na Cruz, Seu Testamento final. “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?” Compadeço, Senhor, desse abandono Terrível que experimentou no lugar de todos nós pecadores rompidos com Deus. “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem!”. Que misericórdia para com seus algozes! Por esse perdão o Centurião o reconheceu como verdadeiro “Filho de Deus”, na cruz. O perdão amolece o coração do pecador. “Ainda hoje estará comigo no Paraíso!”. Que alegria a do bom ladrão, que soube roubar o céu na hora da dor, e reconhecer a Tua divindade. Que graça é esta Senhor que ele mereceu? Certamente o Seu perdão! “Mulher, eis ai o Teu filho; filho, eis ai a Tua mãe”. Obrigado, Senhor, porque depois de nos ter dado tudo, nos deu o que ainda lhe restava aos pés da Cruz, Vossa Mãe santíssima, para ser minha Mãe. Mãe e guia espiritual para me mostrar o caminho do Céu. Mãe da Igreja! “Tenho sede!” Sei que essa sede é sede de almas, Senhor, pois não quisestes beber aquele vinagre que entorpece. Sei que a maior alegria que podemos te dar é trabalhar para salvar almas, cujo sangue o Senhor derramou com esta finalidade. Sei que o Pai não quer que o Senhor perca nenhum daqueles que Ele te deu. Nem a centésima ovelha pode ser abandonada. Dá-nos a graça, Senhor, de na força do Teu Espírito, buscarmos cada ovelha tresmalhada do Teu Rebanho. “Tudo está consumado!” Toda a obra foi cumprida! O cálice foi sorvido até a última gota. A vontade do Pai foi perfeitamente cumprida, Adão foi resgatado e com ele toda a humanidade. Descanse em Paz, Senhor. “Pai, nas Tuas mãos entrego meu espírito!” Pela contemplação de todos esses mistérios, Senhor, possamos também nós, cumprirmos a nossa missão até o fim segundo a Tua santa vontade. Tem misericórdia de nós, Senhor!

Compadeço-me do Teu corpo sagrado descido nos braços de Nossa Senhora das Dores; que sofrimento, que Espada de dor. Mas esta Mulher estava aos pés de Tua cruz, oferecendo-o por nós, “Stabat!” (De pé!), sem desmoronar! Na fé suportou o peso da cruz e a penetração da Espada da Dor. Ela é a grande Mulher, que atravessou do Gênesis ao Apocalipse.

Compadeço, por fim, Senhor, do Teu corpo sagrado, que não pode nem mesmo ser velado por Tua Mãe, colocado no sepulcro novo de José de Arimateia. Descanse em Paz divino Redentor! Desce com Tua alma à mansão dos mortos e vai levar a salvação aos justos que viveram antes de Vós. E Ressuscite triunfante, vencendo a morte, o pecado, o inferno e a dor.

Prof. Felipe Aquino

Fonte: https://cleofas.com.br/

Como os anjos consolaram Jesus no Horto das Oliveiras

© P Deliss / Godong
Por Loo Burnett

Mas Jesus, sendo Deus, precisava da intercessão dos anjos naquele momento de agonia?

Durante todo o tempo que Jesus viveu sabemos que esteve ladeado pelos santos anjos; da Anunciação à morte no lenho da Cruz, sobretudo na Ressurreição, quando Madalena os encontrou no sepulcro, e na Ascensão de Cristo. 

Os anjos consolaram Cristo no Horto das Oliveiras. Jesus, sendo Deus, não precisava da intercessão dos anjos naquele momento de agonia, pois sabemos que ele está acima de todas as criaturas temporais e espirituais. Os anjos assistiram Jesus participando de sua dor que consistiria em satisfazer à justiça divina uma expiação sem precedentes. A reparação seria total: pelos pecados e as consequências destes pecados cometidos pelo mundo inteiro.

A mística e beata Anna Catharina Emmerich nos conta no livro “Vida, Paixão e Glorificação do Cordeiro de Deus” o momento em que os anjos confortaram e também revelaram a Jesus tudo o que ele passaria no mistério de sua Paixão.  Minutos antes dos anjos se manifestarem, Satanás tentou Cristo como fizera no deserto, e se Deus permitiu que seu amado Filho passasse novamente por tal tentação, da mesma forma permitiria que seus anjos o fortalecessem. 

Quando Jesus retirou-se para orar ao fundo de uma gruta no Horto das Oliveiras, todos os pecados do mundo – dos menores aos mais perversos – foram visualizados enquanto Cristo meditava. Tomou sobre si horrorosas transgressões; o peso imenso de todas elas, assumindo o sacrifício reparador no lenho da Cruz. Satanás se apresentava embravecido cada vez que o Filho de Deus se encorajava a cumprir a derradeira missão. Este, é um dos primeiros momentos em que Anna Catharina Emmerich vivencia a ação consoladora dos santos anjos: 

Satanás, porém, que se movia no meio de todos os horrores, em figura terrível e com um riso furioso, enraivecia-se cada vez mais contra jesus […] “Que? Tomarás também isto sobre ti? Sofrerás castigo também sobre este crime? Como podes satisfazer por tudo isto?” 

Veio, porém, um estreito feixe de luz, da região onde o sol está entre as dez e onze horas, descendo sobre Jesus e nela vi surgir uma fileira de anjos, que lhe transmitiam força e ânimo”. 

Os anjos mostraram a Jesus, na dolorosa agonia do Getsêmani, a gravidade dos tormentos, as angústias e todo o sofrimento que padeceria. A aflição e a dor que invadiram a alma de Cristo foi aterrorizante ao extremo, de modo que seu corpo expeliu um suor sanguinolento. 

Enquanto a humanidade de Jesus sofria e tremia, sob esta terrível multidão de sofrimentos, notei um movimento de compaixão nos Anjos; houve uma pequena pausa: parecia-me que desejavam ardentemente consolá-lo e que apresentavam as súplicas diante do trono de Deus”. 

Encontramos no Evangelho de São Lucas, o episódio que narra o suor de sangue logo após a descida de um anjo, que igualmente consola Jesus. A mística Anna Catharina complementa, e especifica detalhadamente este anjo em supracitado:

No fim das visões da Paixão, Jesus cai por terra, como um moribundo; os Anjos e as visões da Paixão desapareceram; o suor de sangue brotava mais abundante; vi-O escoar-se através da veste amarela encostado ao corpo.  A mais profunda escuridão reinava na caverna. Vi então um Anjo descendo para junto de Jesus: era maior, mais distinto e mais semelhante ao homem do que os outros que eu vira antes. Estava vestido como um sacerdote, de uma longa veste flutuante, ornada de franjas e trazia na mão, diante de si, um pequeno vaso, da forma do cálice da última Ceia”.

Jesus era tão ciente da intervenção dos anjos em seu ministério, que após ser capturado declarou diante dos perseguidores: “Você acha que eu não posso pedir a meu Pai, e ele não colocaria imediatamente à minha disposição mais de doze legiões de anjos?” Mt 26,53-54.

Do propósito da encarnação e da vitória da vida sobre a morte, os anjos são as primeiras testemunhas, pois Cristo é o centro do mundo angélico.

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EMMERICH, Anna Catharina. Vida, Paixão e glorificação do cordeiro de Deus. São Paulo: Mir Editora, 2020, p.148.

EMMERICH, Anna Catharina. Vida, Paixão e glorificação do cordeiro de Deus. São Paulo: Mir Editora, 2020, p.153.

EMMERICH, Anna Catharina. Vida, Paixão e glorificação do cordeiro de Deus. São Paulo: Mir Editora, 2020, p.167.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

São Germano José

São Germano José | arquisp
07 de abril

São Germano José

Germano nasceu no ano 1150 em Colônia, na Alemanha, de uma família poderosa e abastada, que, ainda na sua infância, perdeu todas as suas posses e passou a viver na pobreza. Mas o que marcou mesmo os tempos de criança de Germano foram as aparições da Virgem Maria, que são contadas em muitas passagens de sua vida, fatos registrados pela Igreja e narrados pela tradição dos fiéis.

Esses registros não ocorreram só na sua juventude, mas durante toda a sua vida. Apesar da falência da família, graças aos próprios esforços ele estudou e se formou em ciências humanas, assim como, depois, conseguiu o que mais desejava: ingressar num convento para sua formação religiosa, que foi o da Ordem dos Premonstratenses.

Quanto às revelações, narra a tradição que, desde muito pequeno, Germano conversava horas e horas com Nossa Senhora.


Certa vez, teria trazido uma maçã para oferecer a ela e ela estendeu a mão para apanhar a fruta. Em outra ocasião, teria brincado com o Menino Jesus sob o olhar da Virgem Mãe, que lhe teria apontado uma pedra do piso da igreja, sob a qual Germano sempre acharia dinheiro para seus calçados e roupas, já que o pai não podia mais lhe oferecer nem o mínimo necessário para sobreviver. Mais velho, conta-se que, ao rezar diante do altar de Maria, uma estranha luz o cercava e ele entrava em êxtase contemplativo.

No fim da vida, ao visitar um convento de religiosas, vizinho ao seu, determinou o lugar onde queria ser enterrado. Era mais um aviso antecipado, pois ali morreu dias depois, durante uma missa, no dia 7 de abril de 1241. Foi enterrado onde desejava. Desde então, sua sepultura se tornou um local de peregrinação, onde os devotos agradeciam e obtinham graças por sua intercessão, até com a cura de doenças fatais, segundo a tradição dos fiéis. Entretanto, muito tempo depois, quando do seu traslado para o convento onde vivera e trabalhara, por ordem do bispo, descobriu-se que seu corpo ainda não tinha sinais de decomposição.

Germano José foi beatificado, em 1958, pelo papa Pio XII. Dois anos depois, o papa João XXIII aprovou seu culto litúrgico para o dia 7 de abril e autorizou que ao lado do seu nome fosse colocada a palavra santo. Em 1961, a igreja de Steinfeld, que guarda suas relíquias mortais, foi declarada basílica menor.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

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Não negue a sua cruz

Tortoon | Shutterstock / #image_title
Por Julia A. Borges

Se a humanidade bem aceita o homem Jesus, por que a dificuldade em acreditar em Cristo?

A história da humanidade não pode negar a existência de Jesus, e esse é um fato que perpassa o pensamento  de crentes e até mesmo daqueles que insistem em negar a existência de Deus.

O ser humano nascido há mais de 2 mil anos cujo nome era Jesus não parece ser algo tão contestável como muita gente ainda acredita. O que, talvez, possa gerar descrença está em outro fato: a vinda de Cristo, o Salvador.

O homem Jesus é tido como história, já o Cristo se encontra em outra esfera – é preciso ir além dos livros, além da lógica, além da ciência. É a fé que leva a crer na existência de Jesus, o Cristo.

Se a humanidade bem aceita o homem Jesus, por que a dificuldade em acreditar em Cristo? E a resposta revela justamente a não aceitação do peso que Jesus teve que carregar.

Refletir sobre essa questão é se deparar com a Cruz que nos leva a professar a fé que possuímos. 

Em tempos de quaresma, faz-se essencial a reflexão sobre a cruz. Enquanto o mundo tenta desviar ao máximo o carregar desse peso, o cristão deve sempre ter em mente que é através dela é que chegamos ao Céu. A alegria do demônio é perceber a fuga da humanidade de suas cruzes, haja vista o provérbio popular que já reitera a fuga eterna do Diabo com relação à Cruz.

A missão cristã está talhada nela e negá-la ou não assumí-la faz do cristão uma verdadeira fraude, caindo no grande erro de escolher aceitar o Jesus sem a Sua cruz. Ser católico, já de acordo com a etimologia do termo, é abraçar toda a fé, sem escolhas próprias ou sem atalhos. Ser católico não é buscar o Jesus dos milagres e esquecer o do martírio. Ser católico é ter a consciência que somente pela cruz é que chegaremos à verdadeira Páscoa.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Um silêncio redentor

O eco do grande silêncio (formacao.cancaonova)

UM SILÊNCIO REDENTOR

Dom Jaime Vieira Rocha 
Arcebispo de Natal (RN)

Nesta Sexta-Feira Santa, a Igreja se recolhe para celebrar a Paixão e Morte de seu Senhor. E, após, o grande silêncio até a Vigília Pascal, celebrada no Sábado Santo. Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos. Porque, pela vossa santa Cruz, remistes o mundo. Rezamos, durante a Quaresma, essa jaculatória, reconhecendo a redenção trazida pelo Crucificado. Hoje aconteceu essa redenção e nós, filhos e filhas de Deus, somos renovados pelo sangue derramado na cruz, o Filho rompe as cadeias da morte e do pecado. 

Assumindo a morte do homem e da mulher, Jesus dá um novo sentido a nossa vida. A morte, acontecimento próprio da criatura, símbolo do que significa o pecado e suas consequências, se torna, com a morte do Filho de Deus, passagem para a vida.  

A fé da Igreja reconhece que Jesus de Nazaré foi morto dentro do mistério do projeto de Deus. É certo também, que aqueles que mataram Jesus não foram apenas executores passivos de um roteiro escrito de antemão por Deus, se assim o fosse, eles não teriam culpa, ou isso não teria significado histórico. O que Deus havia predeterminado foi que seu Filho viesse ao mundo para salvar. A salvação trazida por Jesus acontece em meio ao sofrimento e à morte, sinais do pecado da humanidade. “Deus permitiu os atos nascidos de sua cegueira a fim de realizar o seu projeto de salvação” (Mt 26,57; Jo 18,36; 19,11; At 3,17-18). 

Este é um resumo da fé no mistério pascal de Cristo: “Ele morreu pelos nossos pecados segundo as Escrituras” (1Cor 15,3s). A sua morte na cruz é um “mistério de redenção universal” (CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, n. 691). Por este mistério Ele liberta os homens da escravidão do pecado. Jesus é o Servo sofredor, apresentado pelo profeta Isaías. É o justo, o inocente. Aquele que morre na cruz, o qual não tinha pecado, Deus o fez pecado por causa de nós, afirma São Paulo (cf. 2Cor 5,21). Solidariedade, reconciliação, são as marcas do ato redentor de Jesus Cristo: ele se solidariza com a condição de pecador da humanidade; ele nos reconcilia com o Pai por meio de sua morte. Jesus vive o mistério de sua morte na liberdade de sua intimidade com o Pai. A sua morte não é apenas o resultado de um complô humano, vítima da injustiça e da incoerência religiosa. Ele mesmo afirma, dando o significado redentor de sua morte: “Ninguém me tira a vida, mas eu a dou livremente” (Jo 10,18). Essa é a liberdade soberana do Filho de Deus. Essa oferta livre de si mesmo, Jesus a vive, de modo antecipado, na ceia celebrada com os Doze. E ele a faz em liberdade, significando que a sua morte na cruz é entrega de salvação: “Isto é o meu corpo que é dado por vós…” (Lc 22,19). “Isto é o meu sangue derramado por muitos para remissão dos pecados” (Mt 26,28).  

Na confissão de fé da Igreja no mistério da morte redentora de Cristo, Filho eterno do Pai que se encarna para fazer dos homens e das mulheres, filhos e filhas, Deus manifesta o seu desígnio de amor. Deus não condena seu Filho à morte, como se tratasse de um malfeitor ou um pecador. A vontade de Deus se manifesta na entrega de seu Filho ao destino dos pecadores. Deus Pai não entrega Jesus à morte, como fizeram as autoridades judaicas de seu tempo (Luis Ladaria). Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho, para que todos encontrem a salvação (cf. Jo 3,16). E este amor não exclui ninguém. A vontade do Pai é que todos sejam salvos. “Afirma ele ‘dar a sua vida em resgate por muitos’ (Mt 20,28); este último termo não é restritivo: opõe o conjunto da humanidade à única pessoa do Redentor que se entrega para salvá-la” (CIC 605). Este é o ensinamento da Igreja: Cristo morreu por todos os homens sem exceção, como afirma o Concílio de Quiercy no ano 853: “Não há, não houve e não haverá nenhum homem pelo qual Cristo não tenha sofrido” (DH 624, citado pelo Catecismo da Igreja Católica, n. 605).

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Sexta-feira Santa: pensar na cruz que pesa sobre o ombro dos nossos irmãos

A morte de Jesus é o preço da nossa salvação (Vatican Media)

Neste dia, a Igreja vive um grande silêncio, não é um silêncio de luto, pois sabemos que Jesus está vivo, mas um silêncio de respeito e gratidão pela entrega do Senhor por nós.

Mariangela Jaguraba - Vatican News

A Igreja recorda nesta Sexta-feira Santa a Paixão e Morte de Jesus. É o segundo dia do Tríduo Pascal, iniciado na Quinta-feira Santa à noite e que terminará com a celebração da Missa após a Vigília Pascal.

Na Sexta-feira Santa não se celebra a Santa Missa, mas a celebração chamada “Funções da Sexta-feira da Paixão” que tem origem numa tradição muito antiga da Igreja que já ocorria nos primeiros séculos. Trata-se de uma ação litúrgica que recorda a entrega de Jesus por nós.

Neste dia, a Igreja vive um grande silêncio, não é um silêncio de luto, pois sabemos que Jesus está vivo, mas um silêncio de respeito e gratidão pela entrega do Senhor por nós. Temos de passar pela Sexta-feira da Paixão para chegar às alegrias da ressurreição. O mesmo acontece em nossa vida. Muitas vezes passamos por sofrimentos para chegar às alegrias.

Jesus segue para o Calvário, carregando a cruz nas costas, o peso dos nossos pecados. Ao carregar a cruz, Jesus carrega as dores e os sofrimentos do mundo inteiro, por meio de sua morte na cruz, Ele nos salva do pecado e nos dá a garantia da vida eterna. A sua morte é o preço da nossa salvação.

arcebispo de Juiz de Fora (MG), dom Gil Antônio Moreira, nos faz uma reflexão sobre o significado da Sexta-feira da Paixão.

Segundo dom Gil, a Adoração da Cruz na celebração da Paixão "se reveste de uma grande beleza e grande sentido de respeito e agradecimento ao Senhor que dá a vida pela salvação das pessoas humanas. A Sexta-feira é tempo de penitência, é tempo de jejum, de abstinência, é tempo de pensarmos nos sofredores, na cruz que pesa no ombro de tanta gente que não tem o que comer, que não tem o que vestir, que não tem os seus direitos garantidos. Tudo isso deve estar na nossa mente durante a sexta-feira e no momento da adoração da cruz, lembrando a cruz que pesa sobre o ombro dos nossos irmãos".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 6 de abril de 2023

São Gregório lavou os pés de um anjo na Quinta-Feira Santa?

Duccio di Buoninsegna | Public domain, via Wikimedia Commons
Lava-pés
Por Philip Kosloski

Uma piedosa tradição conta que São Gregório Magno teria lavado os pés de um misterioso visitante na Quinta-Feira Santa.

A Igreja preserva na Quinta-Feira Santa a tradição de longa data de lavar os pés de um grupo de pessoas durante a Santa Missa, imitando o ato de serviço de Jesus ao lavar os pés dos seus doze apóstolos.

Padres e bispos, portanto, costumam convidar 12 pessoas para participarem do lava-pés durante a celebração da Quinta-Feira Santa.

São Gregório Magno, porém, teria acabado lavando os pés de 13 pessoas.

Segundo uma antiga tradição, este santo Papa, ao lavar os pés de doze pobres homens, notou que havia mais um, de semblante muito bonito. Após a cerimônia, ele tentou saber quem era, mas o misterioso pobre havia desaparecido. São Gregório acreditou que fosse um anjo ou o próprio Senhor.

Essa tradição foi revivida pelo Papa São Paulo VI, que, em 1964, também lavou os pés de treze padres. O episódio chegou a ser noticiado pelo jornal The New York Times:

Enquanto todos os outros bispos católicos lavarão os pés de apenas 12 “apóstolos”, o Papa lavará os de 13. Ele o fará em memória de uma ‘lenda’ que remonta ao papado de São Gregório Magno, do início do século VII. Conta-se que São Gregório, enquanto realizava a cerimônia, percebeu que um estranho havia entrado no grupo. Diz-se que a 13ª pessoa seria um anjo ou o próprio Jesus.

É impossível verificar a verdade por trás dessa lenda, mas a tradição nos lembra um fato que não pode ser negado: devemos tratar a todos como se fossem Jesus.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Papa Francisco: “todos podem escorregar, Jesus nos ama como somos"

In Coena Domini - Casal del Marmo  (Vatican Media)

Na tarde desta quinta-feira (06) o Papa Francisco foi ao Instituto Penitenciário para Menores de Casal del Marmo, na periferia de Roma para celebrar a Missa da Ceia do Senhor com o rito do Lava-Pés.

Silvonei José – Vatican News

“O rito do lava-pés não é folclore, mas nos diz como devemos ser”. "Todos podem escorregar, Jesus nos ama como somos". É a mensagem que o Papa Francisco deixa aos jovens na sua breve homilia durante a missa em Coena Domini (Missa do lava-pés), no Instituto Penitenciário para Menores de Casal del Marmo.

Bergoglio, em sua homilia pronunciada sem texto, recorda Jesus lavando os pés dos Apóstolos: "Os discípulos ficaram espantados quando viram Jesus fazendo trabalho de escravo. Se nós ouvíssemos isto de Jesus, iríamos imediatamente nos ajudar uns aos outros, mas em vez disso nos fazemos de espertos, aproveitando-se um do outro. É bonito ajudar, isso nasce de um "coração nobre"". Cada um de vocês pode dizer: "mas, se o Papa soubesse o que eu tenho dentro. Mas Jesus nos ama como somos, Ele não tem medo de nossas fraquezas. Ele quer nos acompanhar, nos levar pela mão. Farei o mesmo gesto de lavar os pés, mas não é folclore, é um gesto que anuncia como devemos ser".

''Na sociedade - a reflexão - há muitas injustiças: pessoas sem trabalho, pessoas que trabalham e são pagas pela metade, famílias desfeitas. Cada um de nós pode escorregar e isso nos dá a dignidade de ser pecadores. É por isso que Jesus quis lavar os pés para ajudar uns aos outros. Assim, a vida é mais bonita". E Francisco conclui: "Eu espero conseguir porque não consigo andar bem, mas vocês pensem: Jesus lavou os meus pés''.

Depois da homilia o Papa realizou o rito do lava-pés da Quinta-feira Santa. Ele lavou e beijou os pés de 12 jovens detentos que simbolizam os apóstolos. Entre eles duas jovens. O Papa, que se movia com dificuldade, realizou o rito com grandes sorrisos e cumprimentou um a um os jovens escolhidos para este rito.

Agradecimento da diretora

No final da celebração a diretora do Instituto Penal dirigiu algumas palavras ao Santo Padre dizendo da “tarefa muito difícil de encontrar as palavras certas para poder agradecer-lhe pela imensa alegria que nos deu! Mas na realidade eu acho que não estou à altura..."

"O senhor nesta situação nos desarma – continuou ela - por causa de sua imensa doçura que nos revela e nos reconduz ao essencial, então eu pensei que teria que recorrer a palavras que minha mente me ditaria de forma refinada, mas em vez disso são simplesmente aquelas que fluem do coração que são as mais importantes que eu quero dirigir ao senhor em nome de todos nós”.

Saudação da diretora (Vatican Media)

“Seu sorriso – disse ainda a diretora emocionada - é uma doce carícia para nós, apoiando-nos, encorajando-nos diante de todas as dificuldades diárias que encontramos. O exemplo que o senhor nos deu e o dom que nos fez de estarmos juntos neste abraço nos mostra o caminho diário, o de estarmos sempre juntos, abraçados, unidos, de mãos dadas, sempre olhando para cima, pensando no bem, sem distinção e buscando dentro de nós mesmos a força que o olhar do outro nos dá”.

Por isso, - concluiu – “quero realmente agradecer em nome de todos por este maravilhoso poema que o senhor nos deu hoje. Continuaremos a agradecer-Lhe todos os dias de nossas vidas pelo ensinamento e rezaremos juntos com o senhor, pelo bem, pela paz no mundo. Muito obrigado, Santo Padre! Muito obrigado!”

Papa abençoa a placa de inauguração da capela (Vatican Media)

Despedida

Na conclusão da Santa Missa o Papa abençoou a placa de inauguração da capela dedicada ao beato Pino Puglisi.  Sucessivamente, ao saudar alguns jovens detentos, o Papa Francisco recebeu de presente uma cruz realizada pelos jovens que seguem o curso de carpintaria, alguns biscoitos e um pacote de massa, ambos realizados na panificadora recentemente inaugurada dentro do cárcere. Aos jovens detentos, à diretora e aos funcionários o Papa deu de presente alguns Terços e ovos e chocolate.

Casal de Marmo

Na tarde desta quinta-feira (06) o Papa Francisco foi ao Instituto Penitenciário para Menores de Casal del Marmo, na periferia de Roma para celebrar a Missa da Ceia do Senhor com o rito do Lava-Pés. Em 2013 o Papa foi a esta prisão celebrar esta Liturgia, no seu primeiro ano de Pontificado, agora retornou e o jovem capelão padre Nicolò Ceccolini falando ao Vatican News da expectativa dos jovens, recordou que não seriam os mesmos jovens que o Papa encontrou dez anos atrás. “Felizmente”, brinca o capelão, afirmando em seguida “é sinal de que evidentemente os caminhos educacionais e de reabilitação realizados pela comunidade de trabalho sempre ativa para os detentos, estão funcionando. Uma palavra, detentos, que o padre Nicolò nunca usa no decorrer da entrevista. Para ele, são sempre e somente os “jovens”, cerca de cinquenta mulheres e homens de 14 a 25 anos de idade, italianos, árabes, africanos, ciganos, ateus ou católicos, ortodoxos e até mesmo cerca de quinze muçulmanos que nestes dias estão vivenciando o Ramadã. "Para eles também é uma ocasião especial, muito esperada", afirma o capelão, "nem que seja pela curiosidade de conhecer uma pessoa que eles sabem que é importante e que vem visitá-los".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Marcelino de Cartago

São Marcelino de Cartago | CruzTerraSanta
06 de abril
São Marcelino de Cartago

Origens

São Marcelino viveu por volta do ano 410. Era um alto funcionário a serviço do Império Romano na cidade de Cartago, no extremo Norte da África, a poucos quilômetros da Sicília, na Itália. Era tabelião, ou seja, trabalha com o reconhecimento de assinaturas e escrituras. Além disso, era Tribuno, uma espécie de porta-voz do povo frente às autoridades romanas.

Esses cargos eram bastante valorizados no império romano.

Discípulo de Santo Agostinho

Não se sabe como Marcelino se tornou cristão, mas sabe-se que ele foi um fiel sábio, extremamente dedicado, além de ser discípulo e amigo pessoal de Santo Agostinho, o convertido que se tornou bispo de Hipona, também no Norte da África. Sabe-se também que São Marcelino foi casado, pai de família honrado e respeitado por todos.

Participação nas obras de Santo Agostinho

Santo Agostinho escreveu algumas de suas obras mais importantes após consultas realizadas por São Marcelino. Entre elas estão: "Sobre o Espírito Santo", "Sobre a remissão dos Pecados", e a mais importante, intitulada "Sobre a Santíssima Trindade". Infelizmente, porém, São Marcelino não pôde ler nenhum deles, pelo fato de ter sido martirizado.

Perseguições e heresia

No ano 310, Diocleciano, imperador romano, ordenou que o povo entregasse os livros sagrados contrários às crenças romanas e que estes fossem queimados. Alguns cristãos que entregaram as Sagradas Escrituras passaram a ser considerados traidores da Igreja. Nesse mesmo ano um novo bispo foi eleito em Cartago. Chamava-se Ceciliano. Porém, sua eleição não foi aceita porque contou com o voto de vários bispos traidores. Um desses traidores era um bispo chamado Donato. Ele ensinava que somente pessoas santas podiam administrar os sacramentos. Pessoas comuns, pecadores, não poderiam administrar sacramentos segundo o donatismo. E a igreja de então se dividiu entre donatistas e não donatistas.

São Marcelino assume a posição da Igreja

São Marcelino era contrário ao donatismo, pois defendia que os sacramentos podem ser administrados por pessoas comuns, pois, na verdade, ninguém é santo senão Deus. E São Marcelino estava certo. Pouco tempo depois, a Igreja baniu a heresia donatista. Porém, por ser contrário ao donatismo, São Marcelino foi denunciado como cúmplice de Heracliano, um inimigo do então imperador Honório. Por isso, foi preso e condenado á morte.

Justiça romana reconhece o erro

Somente um ano após a morte de São Marcelino a justiça de Roma reconheceu oficialmente que errou. Assim, a acusação de traição que pesava sobre ele foi anulada. Então, São Marcelino passou a ser venerado como mártir, pois afinal, morreu por defender a posição da Igreja de Jesus Cristo, não cedendo nem para salvar sua vida.

Oração a São Marcelino

Deus eterno e todo-poderoso, quiseste que São Marcelino governasse todo o vosso povo, servindo-o pela palavra e pelo exemplo. Guardai, por suas preces, os pastores de vossa Igreja e as ovelhas a eles confiadas, guiando-os no caminho da salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.”

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

O Papa: a maturidade sacerdotal passa pelo Espírito Santo

O Papa Francisco na Missa do Crisma, na Basílica de São Pedro 
(VATICAN MEDIA Divisione Foto)

"O Espírito é o protagonista e é bom hoje, no dia do nascimento do sacerdócio, reconhecer que Ele está na origem do nosso ministério, da vida e da vitalidade de cada Pastor. Sem Ele, nem sequer a Igreja seria a Esposa viva de Cristo, mas, no máximo, uma organização religiosa", disse Francisco em sua homilia.

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco celebrou a Missa do Crisma, na manhã desta quinta-feira (06/04), na Basílica de São Pedro.

«O Espírito do Senhor está sobre mim». Com este versículo do Evangelho de Lucas, teve início a homilia do Pontífice. Francisco refletiu com os sacerdotes e fiéis, presentes na missa, sobre o Espírito do Senhor, "pois sem ele não há vida cristã e, sem a sua unção, não há santidade".

“O Espírito é o protagonista e é bom hoje, no dia do nascimento do sacerdócio, reconhecer que Ele está na origem do nosso ministério, da vida e da vitalidade de cada Pastor.”

Sem Ele, nem sequer a Igreja seria a Esposa viva de Cristo, mas, no máximo, uma organização religiosa; não seria o Corpo de Cristo, mas um templo construído por mãos humanas. Então como edificar a Igreja senão a partir do fato de sermos «templos do Espírito Santo» que habita em nós? Não podemos deixá-Lo fora de casa ou arrumá-Lo em qualquer área devocional.

"Cada um de nós pode dizer: O Espírito do Senhor está sobre mim. Não é presunção, mas a realidade, já que cada cristão, e de modo particular cada sacerdote, pode fazer suas as palavras: «porque o Senhor me consagrou com a unção». Irmãos, sem mérito nosso, por pura graça, recebemos uma unção que nos fez pais e pastores no Povo santo de Deus", sublinhou Francisco, detendo-se neste aspecto do Espírito: "A unção".

"Depois da primeira «unção» que aconteceu no ventre de Maria, o Espírito desceu sobre Jesus no Jordão. Jesus e o Espírito trabalham sempre juntos, como se fossem as duas mãos do Pai que, estendidas para nós, nos abraçam e levantam. E, por elas, foram marcadas as nossas mãos, ungidas pelo Espírito de Cristo. Sim, meus irmãos, o Senhor não Se limitou a escolher-nos e chamar-nos, mas infundiu em nós a unção do seu Espírito, o mesmo que desceu sobre os Apóstolos", disse o Pontífice.

Três tentações perigosas

"Fixemos então o nosso olhar nos Apóstolos", disse o Papa. "Jesus sabia que eles, sozinhos, não conseguiriam e, por isso, prometeu-lhes o Paráclito. E foi aquela «segunda unção», no Pentecostes, que transformou os discípulos, levando-os a apascentar o rebanho de Deus, e não a si mesmos. Foi aquela unção de fogo que extinguiu uma religiosidade centrada neles mesmos e nas próprias capacidades: acolhido o Espírito, evaporam-se os medos e as hesitações de Pedro, Tiago e João, consumidos pelo anseio de dar a vida, deixam de procurar lugares de honra, o carreirismo, nosso, irmãos, os outros deixam de estar fechados e temerosos no Cenáculo, mas saem e tornam-se apóstolos pelo mundo inteiro".

Irmãos, um itinerário semelhante abraça a nossa vida sacerdotal e apostólica. Também para nós houve uma primeira unção, com início num chamado cheio de amor que nos arrebatou o coração. Por ele, soltamos as amarras e, sobre um genuíno entusiasmo, desceu a força do Espírito que nos consagrou. Depois, segundo os tempos de Deus, havia de chegar para cada um a etapa pascal, que marca a hora da verdade. Trata-se de um momento de crise, que possui várias formas. A todos acontece, mais cedo ou mais tarde, experimentar desilusões, cansaços e fraquezas, com o ideal que parece diluir-se perante as exigências da realidade, substituído por uma certa rotina; e algumas provações – difíceis de imaginar antes – fazem aparecer a fidelidade mais incômoda do que outrora. Esta etapa, desta tentação, desta provação que todos nós tivemos, temos e teremos, esta etapa é, para quem recebeu a unção, um cume decisivo.

Segundo o Papa, desse cume decisivo "pode-se sair mal, deixando-se planar rumo a uma certa mediocridade, arrastando-se cansado numa «normalidade» cinzenta onde se insinuam três tentações perigosas : a da acomodação, em que a pessoa se contenta com o que pode fazer; a de substituição, em que se tenta «recarregar» o espírito com algo diferente da nossa unção; a do desânimo, em que, insatisfeitos, se avança por inércia".

Aqui está o grande risco: permanecem intactas as aparências, enquanto a pessoa se fecha em si mesma e conduz a vida na apatia; a fragrância da unção deixou de perfumar a vida, e o coração, em vez de se dilatar, restringe-se, envolvido pelo desencanto. É um destilado, sabe? Quando o sacerdócio desliza lentamente para o clericalismo, e o sacerdote se esquece de ser pastor do povo, para se tornar um clérigo de Estado.

Crise, um ponto de virada no sacerdócio

A seguir, o Pontífice disse que a "crise pode tornar-se também um ponto de virada no sacerdócio, a «etapa decisiva da vida espiritual, em que se deve efetuar a última escolha entre Jesus e o mundo, entre a heroicidade da caridade e a mediocridade, entre a cruz e um certo bem-estar, entre a santidade e uma honesta fidelidade ao compromisso religioso»". Francisco recomendou a leitura do livro "O segundo chamado", um clássico do pe. Voillaume que aborda este problema. "Todos nós precisamos refletir sobre este momento do nosso sacerdócio", sublinhou.

"Irmãos, a maturidade sacerdotal passa pelo Espírito Santo, realiza-se quando Ele se torna o protagonista da nossa vida. Então tudo muda de perspectiva, inclusive as desilusões e amarguras, porque já não se trata de procurar aperfeiçoar-se ajustando qualquer coisa, mas de nos entregarmos, sem nada reter para nós, Àquele que nos impregnou com a sua unção e quer descer até ao fundo de nós mesmos", disse ainda o Papa.

Construir a harmonia

De acordo com Francisco, tudo o que o Espírito Santo deseja "é criar harmonia, principalmente através daqueles sobre quem derramou a sua unção. Irmãos, construir a harmonia entre nós não é tanto um método bom, para que a comunidade eclesial caminhe melhor, nem é questão de estratégia ou de cortesia, mas é sobretudo uma exigência interna na vida do Espírito. Peca-se contra o Espírito, que é comunhão, quando nos tornamos, mesmo por frivolidade, instrumentos de divisão, de fofoca, e faz-se o jogo do inimigo, que nunca sai a descoberto, mas gosta de boatos e insinuações, fomenta partidos e fações, alimenta a nostalgia do passado, a desconfiança, o pessimismo, o medo. Por favor, estejamos atentos a não manchar a unção do Espírito e o vestido da Mãe Igreja com a desunião, com as polarizações, com qualquer falta de caridade e comunhão. Recordemos que o Espírito, «o nós de Deus», prefere a forma comunitária: a disponibilidade acima das exigências próprias, a obediência acima dos próprios gostos, a humildade acima das próprias pretensões".

Gentileza do sacerdote

"Penso também na gentileza do sacerdote", disse o Papa, acrescentando que muitas vezes os sacerdotes são "mal-educados": "Pensemos na gentileza do sacerdote, se encontram até em nós pessoas insatisfeitas e descontentes, solteirões, que criticam e apontam o dedo, onde verão a harmonia?

Por fim, o Papa agradeceu aos sacerdotes pelo "seu testemunho e serviço, pelo bem oculto que fazem, pelo perdão e a consolação que oferecem em nome de Deus: perdoar sempre, por favor, nunca negar o perdão". Agradeceu também "pelo seu ministério, que muitas vezes se realiza no meio de tantas fadigas e pouco reconhecimento". O Espírito de Deus, que não desilude quem coloca n’Ele a própria confiança, os encha de paz e leve a bom termo aquilo começou em vocês, para serem profetas da sua unção e apóstolos de harmonia", concluiu.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF