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quarta-feira, 19 de abril de 2023

Jerusalém é a cidade de Deus

Jerusalém (Vatican News)

Jerusalém não é apenas "dos cristãos" ou "dos judeus" ou "dos muçulmanos", mas Jerusalém é a cidade de Deus, pertence a Ele, e estamos todos aqui para experimentar Sua presença e render culto. Jerusalém foi o tema do 46º curso de atualização bíblica realizado de 11 a 14 de abril no auditório "Imaculada" do Convento de São Salvador.

Lurdinha Nunes – Christian Media Center –Jerusalém

Fr. ROSARIO PIERRI, ofm - Decano Studium Biblicum Franciscanum

Ultrapassamos as 150 participações, nunca atingimos um número como este. E as conferências estão nos enriquecendo porque a reflexão sobre Jerusalém é central. O anúncio partiu de Jerusalém, é em Jerusalém que aconteceram os principais episódios da vida de Jesus: a Paixão, a morte e a ressurreição.

Os palestrantes se revezaram sobre vários temas. “Jerusalém na Torá: uma presença silenciosa, mas significativa” foi o tema da primeira conferência.

MICHELANGELO PRIOTTO- Professor permanente do Estudo Teológico Interdiocesano de Fossano

Me posicionei do ponto de vista da redação atual da Torá. É a partir desta leitura que consideramos a presença de Jerusalém, pois o redator que compilou as tradições na Torá queria afirmar que Jerusalém, já naquele tempo, estava presente na figura de Abraão e sendo Abraão o homem de fé, eis que Abraão e Jerusalém caminham juntos.

O professor Ruiz Rodrigo desenvolveu “O tema de Sião no Livro de Isaías”. Jerusalém é um dos motivos dominantes, tanto que aparece em todos aqueles capítulos que constituem os eixos do sistema compositivo de todo o Livro.

https://youtu.be/8LtVqbQ_-2o

Fr. ALESSANDRO CONIGLIO, ofm- Professor Studium Biblicum Franciscanum

Jerusalém é a cidade dos salmos por definição, porque se os salmos também eram usados ​​nas celebrações de Jerusalém, na celebração no templo, seguramente eles eram cantados e usados ​​aqui nesta cidade. Mas Jerusalém também está no centro dos salmos porque o nome de Jerusalém é citado em mais de 30 salmos e Sião - é explicitamente mencionado dentro do Saltério.

Dos Salmos ao Novo Testamento: A Jerusalém do Evangelho segundo Mateus desempenha um papel fundamental na história de Jesus, como também em todos os evangelhos canônicos.

Fr. MATTEO MUNARI, ofm- Professor Studium Biblicum Franciscanum

Em poucos minutos, tentei descrever toda a complexidade da cidade de Jerusalém no Evangelho segundo Mateus: é uma cidade que se agita pelo nascimento do Messias, pela vinda do Messias dentro dos seus muros. Ao mesmo tempo, é a Cidade Santa onde Deus realiza suas obras mais prodigiosas, antes de tudo a Ressurreição de Jesus.

Sobre Jerusalém e os casos de violência ocorridos neste último período, fr. Munari destaca que Jerusalém é também dos cristãos.

Fr. MATTEO MUNARI, ofm Professor Studium Biblicum Franciscanum

Certamente ela também é para os cristãos: Mas a coisa sobre a qual todos devemos concordar é que Jerusalém não é apenas "dos cristãos" ou "dos judeus" ou "dos muçulmanos", mas que Jerusalém é a cidade de Deus, pertence a Ele, e estamos todos aqui para experimentar Sua presença e render culto a Ele.

O professor Samuele Salvatori desenvolveu o tema de Jerusalém na vida e na missão de São Paulo, que é testemunhado tanto em suas cartas quanto na narrativa de Lucas dos Atos dos Apóstolos, na qual o "Apóstolo dos Gentios" desempenha um papel fundamental.

O relato do prof. Francesco Piazzolla faz referência ao Apocalipse, sobre "A nova Jerusalém: a eterna coexistência de Deus com a humanidade".

FRANCESCO PIAZZOLLA-Professor permanente do ISSR “Dom Pecci” de Matera

No final do livro do Apocalipse a Nova Jerusalém é mencionada. É apresentada como promessa aos vencedores da Igreja, mas a Jerusalém de que trata o Apocalipse não é a terrena, mas a Nova Jerusalém, é aquela nova identidade que a comunidade cristã assumirá, tendo sido preparada aqui na Terra.

O professor Massimo Pazzini ministrou uma conferência sobre Jerusalém no Midrash, sobre o livro dos Salmos, ou seja, o comentário rabínico sobre o livro dos Salmos que faz um amplo uso de referências e citações bíblicas que têm uma relação direta ou indireta com Jerusalém e Sião.

Espaço para a topografia de Jerusalém, com prof. Yunus Demirci, que desenvolveu o tema "A topografia de Jerusalém desde seus primórdios até os dias atuais"

Fr. YUNUS DEMIRCI- Professor Studium Biblicum Franciscanum

A topografia é um fato natural dentro do qual vivemos e essa vitalidade pode ser reconstruída graças às escavações arqueológicas, aos estudos históricos, e esses estudos históricos realmente nos dão uma idéia do fascínio deste lugar, que foi habitado por diferentes povos, diferentes nações...

Para Fr. Eugenio Alliata, a peregrinação cristã nasce e se desenvolve como resposta da mente e do coração ao anúncio da fé.

Fr. EUGENIO ALLIATA, ofm- Professor Studium Biblicum Franciscanum

A cidade de Jerusalém é um ponto de atração, não só para o cristianismo, mas também para o judaísmo, para o islamismo, podemos dizer em geral para a humanidade, que frequenta este lugar até hoje. Para o cristão é um desejo que vem do coração:  conhecer Jesus e querer ver a sua terra, querer respirar algo do ar que Ele respirou.

Dentro da proposta de atualização, há ainda uma parte dedicada às visitas guiadas:

GIANANTONIO URBANI- Professor convidado de Excursões Bíblicas SBF

É uma tradição que sempre levamos adiante, desde as suas origens com Padre Bellarmino Bagatti que foi, aliás, um dos fundadores deste curso, onde se acrescenta à exegese - que é a parte mais substancial - as visitas arqueológicas bíblicas, e depois a topografia da cidade de Jerusalém, seus arredores e então a excursão um pouco maior e mais longa, que fazemos às sextas-feiras. Escolhemos áreas geográficas e arqueológicas que nos ajudam a ler as Escrituras de uma forma mais ampla e, por isso, a expressão que podemos dizer da Bíblia sobre a terra, da Bíblia contada, vista e vivida no terreno, está particularmente próxima dos nossos corações, assim como Studium biblicum Franciscanum.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

terça-feira, 18 de abril de 2023

Dos “Livros a Monimo”, de São Fulgêncio, bispo de Ruspe

Jesus Cristo: Cabeça da Igreja/ liturgiadashoras

Dos “Livros a Monimo”, de São Fulgêncio, bispo de Ruspe

(Lib. 2,11-12: CCL 91,46-48)     (Séc.VI)

O sacramento da unidade e da caridade

A edificação espiritual do corpo de Cristo realiza-se na caridade, segundo as palavras de São Pedro: Como pedras vivas, formai um edifício espiritual, um sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo (1Pd 2,5). Esta edificação espiritual atinge sua maior eficácia no momento em que o próprio Corpo do Senhor, que é a Igreja, no sacramento do pão e do cálice, oferece o corpo e o sangue de Cristo: o cálice que bebemos é a comunhão com o sangue de Cristo; e o pão que partimos, é a comunhão com o corpo de Cristo. Porque há um só pão, nós todos participamos desse único pão (cf. 1Cor 10,16-17).

Por isso pedimos que a mesma graça que faz da Igreja o Corpo de Cristo, faça com que todos os membros, unidos pelos laços da caridade, perseverem firmemente na unidade do corpo.

E com razão suplicamos que isto se realize em nós pelo dom daquele Espírito que é ao mesmo tempo o Espírito do Pai e do Filho; porque sendo a Santíssima Trindade, na unidade de natureza, igualdade e amor, o único e verdadeiro Deus, é unânime a ação das três Pessoas divinas na obra santificadora daqueles que adota como filhos.

Eis por que está escrito: O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5,5).

O Espírito Santo, que é unidade do Pai e do Filho, realiza agora naqueles a quem concedeu a graça da adoção divina, transformação idêntica à que realizou naqueles que receberam o mesmo Espírito, conforme lemos no livro dos Atos dos Apóstolos: A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma (At 4,32). Quem fez dessa multidão dos que creram em Deus um só coração e uma só alma, foi aquele Espírito que é unidade do Pai e do Filho e com o Pai e o Filho é um só Deus.

Por isso, o Apóstolo exorta a conservarmos com toda a solicitude esta unidade do espírito no vínculo da paz, quando diz aos efésios: Eu, prisioneiro no Senhor, vos exorto a caminhardes de acordo com a vocação que recebestes: com toda a humildade e mansidão, suportando-vos uns aos outros com paciência, no amor. Aplicai-vos a guardar a unidade do espírito pelo vínculo da paz. Há um só Corpo e um só Espírito (Ef 3,1-4).

Deus, com efeito, enquanto conserva na Igreja o amor que ela recebeu pelo Espírito Santo, transforma-a num sacrifício agradável a seus olhos. De modo, que, recebendo continuamente esse dom da caridade espiritual, a Igreja possa sempre se apresentar como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus.

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

Primórdios da Igreja

Maria no Cenáculo (arquidiocesedebelem)

PRIMÓRDIOS DA IGREJA

Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)

A Páscoa continua na vida dos cristãos. Vida nova, motivada pelo anúncio da Palavra de Deus, e é fruto do mandato de Jesus, quando ele disse aos apóstolos: “Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações, e batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-os a observar tudo o que eu vos tenho dado. Eis que estarei convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,19-20).

A motivação inicial, que deve continuar também em nossos tempos, é o anúncio do “querigma”, isto é, uma catequese que constata, com clareza, a vida, a paixão, a morte na cruz e a ressurreição de Jesus Cristo, como vitória sobre a morte. Naquele tempo, Jesus foi visto pelas autoridades como um profeta rejeitado, porque não era percebido como Deus e nem como Filho de Deus.

Os inúmeros profetas do Antigo Testamento apresentavam muitas figuras, que retratavam perfeitamente a pedagogia divina, a forma do agir de Deus. Mas agora essas figuras se transformam em realidade e acontecimento na Pessoa de Jesus Cristo. Figuras como passagem para uma outra realidade, confirmada na evidência da Ressurreição, fazendo do acontecimento um sacramento na Igreja.

Das figuras passa-se ao acontecimento na paixão, morte e ressurreição. Ao voltar para a casa do Pai, Jesus deixa a Igreja como seu sacramento na terra, orientada pelo Espírito Santo. É colocado nas mãos de cada pessoa batizada o compromisso de testemunhar as realidades do Reino do Pai. O caminho sinalizado, mais eficiente, é a vida de comunidade, de convivência fraterna e comprometida.

A Ressurreição de Jesus compromete a vida de cada pessoa, principalmente a dos cristãos. É ter os pés no chão, nas realidades do cotidiano, com todas as suas mazelas, mas com um olhar para o alto para contemplar um Deus sempre misericordioso. Temos que fazer o que está ao nosso alcance, aquilo que é possível nos diversos campos da cultura hodierna, seja na política, na economia, na Igreja etc.

Nunca podemos ficar desconfiados da identidade salvadora de Jesus. Os chamados discípulos de Emaús tiveram esta tentação, uma aparente decepção, mas conseguiram recuperar a fé no Senhor, quando Jesus, na Celebração Eucarística de Emaús, repartiu com eles o Pão e o vinho. Recuperaram as forças dos pés e fizeram o caminho de retorno para anunciar aos outros a veracidade da Ressurreição.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Ordenação Episcopal de Dom Denilson Geraldo

Ordenação de Dom Denilson (Fotos: Domine Fotografia Religiosa)

Ordenação Episcopal de Dom Denilson Geraldo

Na tarde deste sábado, 15 de abril, a Igreja do Brasil ganhou um novo bispo para a graça de Deus. Dom Denilson Geraldo, foi ordenado bispo, pelas mãos do Arcebispo de Sorocaba, Dom Júlio Endi Akamine, SAC, na Catedral Cristo Rei, em Cornélio Procópio. Dom Paulo Cezar Costa, Cardeal Arcebispo de Brasília e Dom Odilo Pedro Scherer, Cardeal Arcebispo de São Paulo, foram os coordenantes da ordenação. Familiares, amigos, bispos, presbíteros, diáconos, religiosos (a), seminaristas, leigos e leigas de diversas paróquias de nossa diocese, estiveram presentes na solene celebração.

Durante o rito da ordenação episcopal, o Monsenhor Denilson, foi ungido com o Óleo do Crisma e recebeu o livro dos Evangelhos, simbolizando a sua missão de anunciar a Palavra de Deus, como também, as insígnias: o anel, símbolo da fidelidade, a mitra, símbolo da santidade e o báculo, símbolo do serviço pastoral e cuidado com todo o rebanho, no qual o Espírito Santo o confiou.

Ordenação de Dom Denilson (Fotos: Domine Fotografia Religiosa)

Dom Denilson, escolheu como lema para iluminar o seu ministério episcopal, o versículo: “Bem-aventurados os que promovem a paz, pois eles serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9).
Para Dom Marcos José, bispo diocesano de Cornélio Procópio, celebrar este dia foi uma imensa alegria, tanto para a Santa Igreja, como para a nossa diocese, que neste ano comemora o seu Ano Jubilar.
Rezemos para que o Dom Denilson seja um pastor segundo o Coração de Jesus.
Fotos: Domine Fotografia Religiosa

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Pode haver milagres fora da Igreja Católica?

Pode haver milagres fora da Igreja Católica? (Cléofas)

Pode haver milagres fora da Igreja Católica?

 POR PROF. FELIPE AQUINO

D. Estevão Bettencourt, osb, monge beneditino falecido, respondeu essa pergunta em um dos seus artigos da Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS” (Nº 6, Ano 1958, Página 223). Aqui coloco um resumo do seu artigo.

Ele explica que o milagre propriamente dito “é um fenômeno estranho ao curso natural das coisas, fenômeno que Deus produz como sinal da sua presença e ação neste mundo. É sempre um testemunho que Deus dá em favor de uma verdade ou de uma pessoa. Em consequência, escapam à qualificação de “milagre” certos fatos que, embora sejam admiráveis, não têm significado religioso, não elevam a Deus, mas, ao contrário, só servem para satisfazer ao capricho ou à vaidade de alguém. Quando Deus efetua prodígios o faz sempre a fim de chamar a atenção do homem para algum dos atributos divinos”.

“Os teólogos afirmam que o milagre pode ocorrer tanto dentro da Igreja (entre os fiéis católicos) como fora desta (entre não católicos; hereges, cismáticos, pagãos), embora seja raro. Quando o milagre acontece fora da Igreja Católica – é sempre Deus quem o produz – o seu testemunho não redunda em abono dos erros do paganismo ou da heresia, mas em favor da verdade, verdade que em plenitude é possuída pela Igreja Católica; o milagre produzido fora desta adquire assim um valor construtivo, é sinal da autêntica revelação e tende a levar à única Igreja de Cristo”, diz Dom Estevão.

Ele cita São Tomaz (De potentia 6,5 ad 5), por exemplo, quando ensina que “Deus pode realizar um milagre para confirmar simplesmente uma verdade da religião natural (ou seja, uma verdade religiosa que o homem por sua inteligência natural reconhece) ou para atestar o valor da virtude praticada sinceramente por quem de boa-fé vive fora do Catolicismo; e cita o caso, narrado por S. Agostinho (De civ. Dei 10,26), conforme o qual uma vestal de Roma (virgem consagrada ao serviço da divindade), para comprovar a conservação de sua pureza, havia conseguido carregar água do rio Tibre num vaso perfurado… São Tomaz assim comenta tal notícia: “Não está excluído que, para exaltar a castidade, o Deus verdadeiro, por meio de seus anjos, tenha realizado o milagre de deter as águas; pois, se floresceu alguma virtude entre os gentios, floresceu por dom de Deus””.

Isto significa que quem fora da Igreja procura sinceramente a Deus, seguindo a sua consciência com toda a boa-fé, encontra a Deus, o único Deus da Revelação cristã. Este então, caso julgue oportuno, pode, por meio de um milagre, dar testemunho público das sinceras disposições de tal servo seu.

Dom Estevão chama a atenção para não se confundir milagre com causas naturais que podem ser forças latentes na alma, poderes naturais ainda pouco conhecidos e exploradas pela Psicologia; os fenômenos chamados paranormais como a telepatia, a radiestesia, a transmissão de pensamento, a clarividência do passado e do presente, as curas por sugestão… Às vezes estes fenômenos são tidos como milagres e atribuídos a mensageiros do Além erroneamente.

Ele chama a atenção também para os casos da intervenção de anjos ou demônios (que só se verifica por especial permissão de Deus), “os fenômenos são chamados preternaturais (além dos naturais) por exemplo, a descrição de acontecimentos futuros previsíveis, a indicação de formulas farmacêuticas e terapêuticas que excedem os conhecimentos da ciência humana, a transposição de objetos e pessoas de um lugar para outro… Tais efeitos estão certamente ao alcance dos anjos bons e maus, que, possuindo inteligência superior à do homem, podem, melhor do que nós, penetrar nos segredos da natureza; possuem também raio de ação mais amplo que o do homem”.

“Os fenômenos preternaturais podem-se verificar, por permissão do Senhor, tanto dentro como fora da Igreja Católica. Não há dúvida, ocorrem em alguns processos do espiritualismo; ocorrem também em formas de curandeirismo, que invoca explicitamente os espíritos maus e usa da magia negra. Jesus mesmo predisse que “surgiriam falsos Cristo e falsos profetas, os quais fariam grandes sinais e prodígios de modo a seduzir, se fosse possível, até os eleitos” (cf. Mt 24,24); São Paulo atribui semelhantes poderes ao Homem Iníquo por excelência, que se manifestara no fim dos tempos:

“Então o tal ímpio se manifestará. Mas o Senhor Jesus o destruirá com o sopro de sua boca e o aniquilará com o resplendor da sua vinda. A manifestação do ímpio será acompanhada, graças ao poder de Satanás, de toda a sorte de portentos, sinais e prodígios enganadores. Ele usará de todas as seduções do mal com aqueles que se perdem, por não terem cultivado o amor à verdade que os teria podido salvar” (2Tes 2,8-10).

Dom Estevão explica ainda que “se Deus permite a realização de portentos (não milagres no sentido estrito) por parte dos anjos maus ou demônios, Ele a permite para comprovar e purificar a fé dos homens. Deus nunca poderia permitir que o homem seja, por obra dos espíritos maus, invencivelmente levado ao erro no tocante à religião e à salvação eterna. Entre os principais critérios de discernimento, enumeram-se os seguintes: os prodígios realizados pelo demônio são geralmente cercados de ritos e práticas supersticiosas, fórmulas e receitas evocadoras; o conteúdo das respectivas mensagens não leva a Deus e a Cristo… A procura de tais portentos deixa geralmente a pessoa perturbada, inquieta… Ao contrário, os prodígios realizados por Deus e pelos anjos bons são geralmente imprevistos; acontecem sem evocação nem provocação alguma, sem ostentação, como os de Fátima, Lourdes, La Salette, etc”. É, sem dúvida, pelos frutos que se reconhece à árvore!” Acrescento aqui o que disse o Concílio Vaticano II, nos documentos “Unitatis redintegratio” e na “Lumen gentium”:

Além disso, “muitos elementos de santificação e de verdade (LG 8) existem fora dos limites visíveis da Igreja católica”: “A palavra escrita de Deus, a vida da graça, a fé, a esperança, a caridade, outros dons interiores do Espírito Santo e outros elementos visíveis” (UR,3; LG,15). O Espírito de Cristo serve-se dessas igrejas [ortodoxas] e comunidades eclesiais [protestantes] como meios de salvação cuja força vem da plenitude de graça e de verdade que Cristo confiou à Igreja católica. Todos esses bens provêm de Cristo e levam a Ele e chamam, por eles mesmos, para a “unidade católica”(LG 8). (Cat. n. 819).

Fonte: https://cleofas.com.br/

Qual é a profissão mais feliz do mundo? Como encontrar felicidade no trabalho?

Ollyy | Shutterstock

Pesquisa aponta que os profissionais ligados ao clero são os mais felizes.

Uma pesquisa realizada em 2022 pela Universidade de Chicago apontou as profissões mais felizes ao redor do mundo, segundo os profissionais de RH. O estudo teve como base os índices que comprovam a satisfação dos profissionais, bem como salários, benefícios, autonomias e outros indicadores.

O “clero” ficou em primeiro lugar na lista das profissões mais felizes do mundo, segundo a pesquisa. Depois apareceram as seguintes ocupações (nesta ordem): bombeiros, fisioterapeutas, escritores, professores, artistas, psicólogos, corretores de serviços financeiros e engenheiros.

Felicidade e trabalho

Quem já assistiu à Missa dominical das 11h transmitida pela Rede Vida conhece o Padre Carlos Ciol, que é o celebrante neste horário. Em cada homilia que ele faz, fica estampada a felicidade que ele sente por sua vocação presbiterial.

O Pe. Carlos foi ordenado há quase cinco anos e já encontrou inúmeros desafios e oportunidades no sacerdócio. Atualmente, é pároco da Paróquia Nosa Senhora Aparecida, diocese de São José do Rio Preto, SP. Também é vigário forâneo da Forania Sagrado Coração de Jesus e desempenha um importante trabalho de evangelização em uma das maiores redes católicas de televisão do Brasil.

Nesta entrevista para a Aleteia, Padre Carlos fala sobre os aspectos do sacerdócio que lhe trazem felicidade. Ele ainda dá um conselho essencial para quem quer ser feliz em qualquer trabalho.

Aleteia: Padre, o senhor concorda com a pesquisa que aponta as profissões ligadas ao clero como as mais felizes? A que aspecto o senhor atribuiria este resultado?

Padre Carlos: Em primeiro lugar, acredito que se faz necessário entender o contexto ou a definição de felicidade. Hoje, talvez mais do que nunca, muitos entendem a felicidade como ter uma “vida boa” sem quaisquer preocupações ou ainda que ser feliz é fazer tudo o que queremos. No entanto, ser feliz não é ter uma vida como um “mar de rosas, mas é encontrar o sentido verdadeiro para vida. Ser feliz é partilhar tudo de si para o outro, como disse o Papa Francisco “não se pode ser feliz sozinho”. Portanto, olhando para essa realidade, acredito que a vocação presbiteral seja entre outras profissões como uma das mais felizes. Pois, o padre que busca em Deus, através da vocação, a realização, a doação de si para ou outros, ou seja, que não fique fechado em suas ideias e vontades, mas que se abra para a vontade de Deus na busca também da felicidade das pessoas, certamente é feliz. O padre não é um solteirão; ele não está sozinho (embora muitas vezes nos sentimos assim).

O senhor é feliz no seu ministério?

Sim, posso dizer que sou feliz no ministério que Deus me confiou. Não sei fazer outra coisa. Não me sinto realizado fazendo ou vivendo em outras coisas fora do ministério ordenado. Amo muito o chamado que Deus me fez, a vocação que ele me chamou a viver, e procuro fazer e dar de mim aos outros da melhor forma possível, apesar das minhas inúmeras limitações e fragilidades.

Qual é a maior felicidade que o senhor encontra no seu dia a dia como sacerdote?

Em primeiro lugar, a maior felicidade que encontro no ministério é poder celebrar todos os dias a Eucaristia. Celebro todos os dias às 6h30. É a primeira coisa que faço após acordar. Celebro com o povo de Deus. Esta é para mim a maior felicidade. Em segundo lugar, é quando me sinto “útil” na vida dos outros. Como é bom saber que, inúmeras vezes, Deus usa da minha pequenez para ajudar ou transformar a vida de alguém que precisa. Ver a alegria e a transformação de pessoas é para mim motivo de felicidade.

Sabemos que o sacerdócio tem também suas dificuldades e que muitos padres entram em depressão e cometem suicídio. Como encarar essas dificuldades?

Embora viver a vocação sacerdotal traga felicidade, não somos isentos dos problemas e das frustrações. Somos constantemente cobrados (de todos os lados). Muitos veem os padres como “super heróis”, e por isso devem ser perfeitos. Diante dessa pressão, cobrança e frustrações, muitos adocem e até mesmo chegam ao ponto mais crítico, que é o suicídio. Vemos atualmente um número crescente de padres que cometeram suicídio. Às vezes, chegam nesse ponto por falta de abertura e, muitas vezes, por falta de compreensão e ajuda daqueles que deveriam olhar com mais carinho.
As dificuldades são reais. E penso que para encará-las é preciso, em primeiro lugar, viver na oração. O padre não é funcionário do sagrado, ele é um vocacionado, vocação na qual quem chama é Cristo. Sem Jesus Cristo, sem uma intimidade com Ele não conseguimos ir adiante.
Em segundo lugar, é preciso cultivar a amizade. A amizade entre outros padres fortalece. Com os amigos choramos, desabafamos, sorrimos, partilhamos não só as alegrias, mas também as dores. Claro que a amizade não se dá apenas entres clérigos, mas nada melhor do que alguém que vive o que você vive para compreender as suas lutas, medos, tristezas e as alegrias.
E, em terceiro lugar, buscar uma ajuda profissional. Não é porque somos padres que não precisamos de ajuda psicológica. Pelo contrário, os padres que escutam tantas pessoas também precisam ser ouvidos. Temos nossas frustrações, sofrimentos, sentimentos e, sem dúvida, um terapia com um bom profissional contribui muito na vida do presbítero.

Qual conselho o senhor poderia dar aos profissionais das outras áreas, a fim de que possam encontrar a felicidade no trabalho?

O conselho que dou aos profissionais de outras áreas é que amem. Façam tudo por amor! Pois quando fazemos por amor e com amor buscamos não só a nossa felicidade, mas levamos os outros a experimentar essa mesma felicidade. E só somos felizes de verdade quando saímos de nós mesmos para ir ao encontro do outro. Só quem ama de verdade é capaz de fazer isso.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Em Matera, dignidade e futuro passam pela terra

Em Matera, dignidade e futuro passam pela terra (Vatican News)

Nasceu na zona rural de Metapontino a Casa Betânia, uma estrutura construída com o apoio da Caritas e do fundo 8 por mil, que dá moradia e trabalho a migrantes, oferecendo a quem perdeu tudo uma possibilidade de se integrar e se redimir. Pe. Polidoro: aqui lutamos contra o recrutamento ilegal, promovemos uma economia equitativa, justa, solidária, que não polui e devolve a vida às pessoas e aos terrenos abandonados.

https://youtu.be/FdfUqhKmXlw

Cecilia Seppia – Vatican News

Nascido em 1975, pe. Antônio Polidoro, natural de Matera, cresceu entre aqueles "Sassi", que remontam ao Paleolítico, depois fundamento do cristianismo, que a UNESCO declarou Patrimônio da Humanidade. Sacerdote desde 2001, diretor da Caritas diocesana, delegado episcopal para a Pastoral Social, Trabalho, Justiça e Paz, Custódia da Criação, diretor da Pastoral dos Migrantes e hoje também da Casa Betânia, na verdade pe. Antônio é antes de tudo um pastor com o cheiro das ovelhas sobre ele. Alguém que se debruça sobre os outros, que os olha de baixo com o único propósito de os reerguer, que arregaça as mangas para que a ninguém falte o pão e a dignidade. O acolhimento está em seu sangue e, há anos, ele luta contra o flagelo do recrutamento ilegal, da exploração, da marginalização que afeta especialmente os refugiados, os migrantes, todos aqueles que fogem de suas terras em busca de um futuro.

Em Matera, dignidade e futuro passam pela terra (Vatican News)

A bofetada da dor e a missão

“Sempre fui sensível ao fenômeno migratório - disse o sacerdote ao Vatican News e ao L'Osservatore Romano. Cada vez que ouvia uma notícia sobre os desembarques que terminavam mal, sentia no coração a dor por todas essas mortes no mar e tentava fazer meu o grito do Papa Francisco, o melhor que podia. A pior bofetada que recebi foi quando vi a foto de Aylan, o pequeno refugiado sírio de dois anos que se afogou em outubro de 2015 em frente à praia de Bodrum, paraíso turístico da Turquia”. De fato, é preciso coragem para esquecer Aylan. De bruços, banhado pela água, os braços abandonados, imóvel na morte de calça azul, blusa vermelha, sapatos ainda nos pés, passando na TV e nas redes sociais. Ele se tornou um símbolo da tragédia dos migrantes e da decisão da mídia de enfrentá-la, sem sensacionalismo, mas também sem hipocrisia. “Naquele dia algo se desencadeou dentro de mim”, continua pe. Antônio. Aquela imagem não me deixou dormir. A outra forte motivação que me conduziu por este caminho foi ver o horror em que viviam as pessoas neste gueto não muito longe da minha casa, na Serra Marina: degradação, abandono, imundície, aniquilação de toda a dignidade humana. Entrei lá com um carro cheio de artigos de primeira necessidade e confesso que também fiquei assustado no início: eram mais de 500 pessoas, sem nenhum tipo de serviço higiênico, com garotas muito novas forçadas à prostituição, os homens que iam trabalhar até 12 horas por dia por pouquíssimos euros. Era um cenário desumano. Mas, depois do espanto prevaleceu a vontade de ajudá-los: dali nasceu a Casa Betânia e também o Centro São Júlio, mais específico para mulheres e crianças. Não foi fácil, mas com a ajuda de todos conseguimos e agora sou eu quem agradeço a estes nossos amigos pelo que me deram de riqueza cultural, afeto e benevolência. Jamais esquecerei o momento do despejo do gueto pela Polícia. Eu estava lá com assistentes sociais e agentes porque, antes de tudo, queria levar embora as jovens com as crianças e oferecer-lhes um lugar seguro para ficar. Tentei convencer os agentes e quando me deram permissão, uma delas se aproximou, não entendia o que estava dizendo, mas ela me abraçou e começou a chorar".

Vista externa da Casa Betânia (Vatican News)

O milagre da Casa Betânia

Serra Marina faz parte do município de Bernalda, na província de Matera. É aqui que se ergue a Casa Betânia, a "Casa da Dignidade", uma estrutura comprada pela diocese com fundos da Conferência Episcopal Italiana (CEI) através da Caritas Italiana para oferecer um alojamento digno aos trabalhadores sazonais.

"Esta casa – explica pe. Antônio Polidoro - foi projetada e reformada para ser o mais confortável possível com quartos equipados com banheiros, espaços compartilhados como cozinha e sala de estar e até salas de aula para favorecer a formação e integração com materiais de apoio técnico. Obviamente, não poderia faltar um lugar de recolhimento e oração para os cristãos e também para os muçulmanos. A maioria das pessoas que vêm até nós são, de fato, de fé islâmica. Em volta da casa existe um jardim com cantinhos plantados com hortaliças. Aqui vivem temporariamente todos aqueles que a sociedade descarta, rejeita e põe à margem. São na maioria migrantes sem documentos, sem moradia, sem trabalho: a nossa tarefa é sobretudo acolhê-los, não os considerando como números, mas como pessoas e dar a eles um alojamento, porque sem um teto não se vive. A segunda etapa em que trabalhamos é a integração. Geralmente em um ano conseguimos torná-los independentes, fizemos acordos com várias instituições, fazendas agrícolas e empresários que, por meio de estágios, conseguem inseri-los regularmente no mundo do trabalho. Com os documentos em ordem e um emprego, essas pessoas conseguem alugar um apartamento e olhar para o futuro.

Os espaços verdes e as hortas em volta da Casa Betânia (Vatican News)

O eco da Laudato si' e o projeto do figo

Todo o território da província de Matera é marcado pela paisagem de Metapontino. Estamos numa terra extremamente fértil onde se produzem citrinos, morangos, excelência do 'Made in Italy', vinho, pêssegos, figos, damascos e até hortaliças, portanto uma zona majoritariamente com tração agrícola. "Não é difícil neste lugar olhar ao redor e ver a mão de Deus, do Criador - diz pe. Antônio. Portanto, podemos dizer que já nascemos dentro da Laudato si'! Temos uma horta para cuidar e fazemos isso promovendo um tipo de agricultura sustentável, orgânica, não invasiva, que não explora o solo, mas o valoriza. Nossa tarefa é salvaguardar este lugar através de uma agricultura que respeita o meio ambiente, mas também respeita as pessoas, porque devemos entender que não estamos separados. Depois, com os nossos projetos de reinserção no trabalho e de combate ao recrutamento ilegal contemplamos também a recuperação de terrenos baldios, abandonados, que sem a nossa intervenção podem virar aterros, locais altamente poluídos ou pior, cair nas mãos do crime organizado e serem usados ​​sabe-se lá como.

O projeto relativo ao cultivo de figo, nascido graças a uma rede de empresários, de cidadãos comuns e migrantes, e pessoas que emprestaram um terreno, criando uma cooperativa, está nos dando uma grande satisfação: os nossos jovens se tornam agricultores experientes, capazes de se relacionar com a terra com respeito, porque dessa mesma terra são salvos e redimidos. Não é um projeto assistencialista, mas favorece a autonomia dos sujeitos envolvidos. Assim, seguindo as palavras do Papa, favorecemos uma economia equitativa, justa, solidária, que não polui e devolve a vida. Também produzimos vinho. Por ocasião do 27º Congresso Eucarístico de Matera, nós o doamos ao Santo Padre, que o utilizou para celebrar a Missa, e a todos os sacerdotes. Fruto da terra e do nosso trabalho, gosto de o definir assim: é um vinho particular, ainda mais sagrado, porque dentro estão as feridas e o sonho de uma vida digna destes nossos irmãos migrantes”.

Solidariedade e família

A Casa Betânia e os vários projetos de inserção profissional através do cultivo e da agricultura representam um ponto de virada também do ponto de vista cultural, numa terra como a Basilicata muitas vezes atormentada por várias crises. “É fácil virar o rosto para o outro lado”, exclama pe. Antônio. “É fácil fingir que não vê, mas sabemos que é possível construir algo belo. Quando se faz o bem, por sua natureza, ele se difunde. Não conta apenas o que oferecemos a esses jovens, mas o quanto eles nos retribuem, diariamente. Mesmo durante a pandemia continuaram a trabalhar, obviamente de forma regular, nos campos. Queremos que eles se tornem protagonistas no trabalho e, portanto, em suas vidas. Junto com a diocese, com Migrantes, com o projeto 'Livres para partir, Livres para ficar', estamos criando vários campos nos quais unir trabalho, formação e, portanto, integração. Além dos voluntários, da Caritas local, dos operadores, o mais bonito que posso testemunhar é a solidariedade de muitas famílias da paróquia. São as chamadas 'famílias tutoras' que se encarregam de alguns deles, mas sobretudo cuidam deles. É quase uma adoção, mesmo que os jovens não morem na casa com essas famílias, mas elas cuidam e se preocupam com eles como se fossem parentes e aos domingos sempre almoçam juntos. Esta solidariedade, de que fala também o Papa na Laudato si', é fundamental porque não recebemos nenhum subsídio do Estado. Acolhimento e integração são as figuras do nosso projeto que sem a terra, e o trabalho da terra, não seria possível concretizar”.

A colheita de uvas para a produção de vinho (Vatican News)

O testemunho de Muda

Mohammed Souleiman, Muda para todos, foi o primeiro a entrar na Casa Betânia. Hoje é responsável por muitos homens que, graças a este projeto, recuperam a confiança no futuro. A sua história é então um exemplo para quem pensa que não consegue, que não seja capaz de sair da rede de exploração e criminalidade em que também ele caiu, vindo da Líbia, chegando à Itália, antes de se reerguer. “Cheguei à Itália durante a guerra na Líbia, em 2011”, diz ele. “Não tinha vontade de sair do meu país, mas fui obrigado a fazê-lo devido à guerra absurda que estourou. Atravessei o Mediterrâneo, uma situação terrível, vocês não podem imaginar. Éramos milhares, alguns morreram, outros se salvaram. Eu me encontrei na terra. Aqui na Itália tive dificuldades com o idioma, com o trabalho. Fui trabalhar no campo, fui explorado. Dormia ao relento, olhava para o céu, tinha perdido tudo o que tinha antes. Eu estava em Foggia, não tinha um trabalho digno, não via futuro. Cheguei então a Metaponto, ao campo 'La Felandina', junto com centenas de pessoas como eu. Cerca de oitocentas. Felizmente conheci o pe. Antônio Polidoro, que ia ali para nos apoiar. Não o conheci dentro da igreja, mas no campo. Ele nos levava comida, roupas. Então começou o percurso, vários encontros. Quando houve a tragédia da jovem nigeriana, que morreu no incêndio do acampamento (Petty, agosto de 2019 n.d.r), muitas associações chegaram, a Polícia chegou. Dentre as pessoas que vieram em nosso socorro também estava pe. Antônio e eu fui o primeiro a entrar na Casa Betânia. Hoje, administro essa realidade junto com ele. Minha vida mudou 100%. Antes eu conheci na pele o que é a exploração, estar sem casa, sem amigos. Hoje, moro aqui com meus irmãos, a Casa Betânia nos deu um teto, é uma resposta concreta à exploração do trabalho. Sem um teto não se pode viver, sem um banheiro, sem uma cozinha, sem poder comer. Isso é mudança, sem uma casa não há vida. Quando falo, nunca esqueço que conheci pe. Antônio no campo, ele corria em nossa direção para salvar as pessoas. Isso foi uma faísca para minha alma, eu também posso seguir o caminho dele e ajudar os outros! Eu também vou ao campo para procurar meus irmãos, para apoiá-los. Entendi o recado do pe. Antônio. Aprendi com ele e estou levando tudo isso a sério. Outras pessoas podem ter o que eu recebi, é preciso coragem para enfrentar o recrutamento ilegal”.

Mohammed Souleiman durante um curso de formação oferecido pelos agentes da Casa Betânia (Vatican News)
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santo Apolônio

Santo Apolônio (A12)
18 de abril
Santo Apolônio

Filósofo, Apologeta e Mártir

Origens

Apolônio era um romano ilustre e pertencente à nobreza. Mais precisamente, foi senador romano no tempo do imperador Cômodo, que reinou entre 161-192 dC. Destacou-se no senado como homem cheio de talentos, pautado por uma ética irrepreensível, extremamente culto e educado. Versado na filosofia grega e romana, ele encontrou no Cristianismo a consumação da verdadeira ética e da sabedoria que vem de Deus. Ele encontrou em Jesus Cristo a verdade suprema que ilumina todo homem que vem a este mundo. Por isso, converteu-se e foi batizado.

Um senador cristão no tempo da perseguição

Apolônio assumiu a fé cristã sem receios no senado romano. Por algum tempo, ele foi respeitado por causa de seu passado ilustre e sem mancha. Muitos se perguntavam “Porque um homem da envergadura do Senador Apolônio abraçou a fé cristã, uma fé proibida pelo imperador? E ele respondia dizendo que a verdade mais profunda e o verdadeiro sentido da vida só se encontra em Jesus Cristo. Dizia ainda como filósofo que a ética perfeita só será encontrada no cristianismo. Como Apolônio era um orador excepcional, conquistava o coração de muitos, que se convertiam à nova fé.

Senador denunciado

O comportamento de Santo Apolônio, porém, ao mesmo tempo que agradava a alguns, desagradava a outros. E não demorou muito até que ele fosse denunciado a Perennuius, prefeito pretoriano de Roma, como cristão e disseminador do cristianismo. Como era senador, Santo Apolônio teve a possibilidade de apresentar sua defesa diante do senado romano. Lá, leu um volume admirável de escritos que defendiam a fé cristã e a colocavam como a única esperança para a humanidade e para o império romano.

Apologeta

Santo Apolônio defendeu a fé cristã brilhantemente, com argumentos irrefutáveis diante da lógica, ciência na qual era um expert. Por esta razão, Santo Apolônio é chamado de “Apologeta”, uma palavra de origem latina que significa “aquele que defende sua fé” com argumentação lógica e contundente.

Condenação

Diante toda a força da argumentação de Santo Apolônio no senado romano, muitos se tornaram simpatizantes da fé cristã e, mais tarde, muitos se converteram. Porém, mesmo assim Apolônio foi condenado pela prática e disseminação do cristianismo. A acusação teve como base não uma argumentação à altura, ou que refutasse seus argumentos, mas sim a breve citação da lei outorgada por Trajano, imperador romano, que proibia a prática do cristianismo.

Coragem

Santo Apolônio disse, diante de sua condenação, que não tinha medo de morrer e afirmou: "Há algo melhor esperando por mim: vida eterna, dada à quem viveu bem na terra". Além disso, não deixou de argumentar sobre a superioridade da Doutrina Cristã no que diz respeito à vida, à morte, à ética, ao amor, à justiça e à verdade. Muitos se convenceram ao ouvirem seus argumentos, mas não tiveram força política para evitarem sua condenação.

Morte

Como senador e cidadão romano, Santo Apolônio tinha direito à pena de morte aplicada aos romanos: a decapitação. Era uma morte “honrosa”, que não infringia ao condenado as torturas terríveis destinadas aos que não eram cidadãos romanos. Antes da aplicação da pena, ele teve ainda a oportunidade de renegar a fé cristã e escapar da morte, mas ao invés de renega-la, fez uma bela e solene profissão de fé. Preferiu morrer a negar Jesus Cristo, seu Senhor. Assim, foi decapitado no dia 18 de abril do ano 185. Seu testemunho de fé entrou para a história do cristianismo e muitos se converteram por causa de seu exemplo. Como mártir, passou a ser venerado como santo no dia de sua morte, 18 de abril.

Oração a Santo Apolônio

Ó Deus, que destes a Santo Apolônio a graça de conhecer-vos profundamente e de conhecer e propagar a Doutrina Cristã, dai-nos a graça deste conhecimento para que possamos defender a fé onde quer que estejamos com coragem e sabedoria. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo, amém.”

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

segunda-feira, 17 de abril de 2023

Papa defende São João Paulo II, "objeto de ilações ofensivas e infundadas"

Viagem apostólica de Papa João Paulo II à Tailândia, em 1984

Após a oração mariana do Regina Caeli neste domingo (16), Francisco falou do Papa João Paulo II, dizendo estar "certo de interpretar os sentimentos dos fiéis de todo o mundo" e dirigindo "um pensamento de gratidão" à sua memória.

Após recitar a oração mariana do Regina Caeli na Praça São Pedro neste domingo (16), o Papa Francisco defendeu seu predecessor - São João Paulo II -, cuja figura tem estado no centro de acusações caluniosas nos últimos dias, ligadas ao caso italiano 'Orlandi': feitas com base em "rumores" anônimos, sem testemunhas ou indícios. Acusações que o Pontífice descreveu como "ilações ofensivas e infundadas".

Eis as palavras de Francisco, que após saudar os grupos da Divina Misericórdia presentes na Praça de São Pedro, acrescentou:

“Certo de interpretar os sentimentos dos fiéis de todo o mundo, dirijo um pensamento de gratidão à memória de São João Paulo II, nestes dias, objeto de ilações ofensivas e infundadas.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Não se pode anunciar sem sair e sem se pôr a caminho

 

Catequese do Papa Francisco (osservatoreromano)
Catequese do Papa Francisco

Não se pode anunciar sem sair e sem se pôr a caminho

13 abril 2023

«Não há cristão se não estiver em movimento» e «não há proclamação sem movimento», pois não se evangeliza «parado, fechado num escritório, na escrivaninha ou no computador, fazendo polêmicas como “leões do teclado” e substituindo a criatividade da proclamação com o copia-e-cola de ideias», mas «movendo-se, caminhando, indo», comentou o Papa na audiência geral de quarta-feira 12 de abril, na Praça de São Pedro. Continuando a sua catequese sobre o tema «Paixão pela evangelização: o zelo apostólico do crente», Francisco voltou a oferecer pela segunda vez como modelo a figura do Apóstolo Paulo.

Estimados irmãos e irmãs,
bom dia!

Depois de ter visto, há duas semanas, o impulso pessoal de São Paulo pelo Evangelho, hoje podemos refletir mais profundamente sobre o zelo evangélico à medida que ele mesmo fala e o descreve nalgumas das suas cartas.

Em virtude da própria experiência, Paulo não ignora o perigo de um zelo distorcido, orientado numa direção errada; ele próprio caiu neste perigo antes da providencial queda no caminho de Damasco. Por vezes temos de lidar com um zelo mal orientado, obstinado na observância de normas puramente humanas e obsoletas para a comunidade cristã. «O interesse — escreve o Apóstolo — que mostram por vós não é bom» (Gl 4, 17).

Não podemos ignorar a solicitude com que alguns se dedicam a ocupações erradas, inclusive na própria comunidade cristã; podemos gabar-nos de um falso impulso evangélico ao mesmo tempo que perseguimos a vanglória ou as próprias convicções ou um pouco de amor-próprio.

Por isso perguntemo-nos: quais são as caraterísticas do verdadeiro zelo evangélico segundo Paulo? Por isso, parece ser útil o texto que ouvimos no início, uma lista de “armas” que o Apóstolo indica para a batalha espiritual. Entre elas está a prontidão para propagar o Evangelho, traduzida por alguns como “zelo” — esta pessoa é um zelante na realização destas ideias, destas coisas —, e indicada como “calçado”. Por quê? Como se relaciona o impulso pelo Evangelho com o que se põe em pé? Esta metáfora retoma um texto do profeta Isaías, que diz: «Que formosos são, sobre os montes, / os pés do mensageiro que anuncia a paz, / que traz a boa nova, e que apregoa a vitória! / que diz a Sião: o teu Deus é Rei» (52, 7).

Também aqui encontramos referência aos pés de um anunciador de boas notícias. Por quê? Porque aquele que vai anunciar se deve mover, deve caminhar! Mas notamos também que Paulo, naquele texto, fala do calçado como parte de uma armadura, segundo a analogia do equipamento de um soldado que vai para a batalha: no combate, era fundamental ter estabilidade de apoio, para evitar as armadilhas do terreno, pois com frequência o adversário disseminava o campo de batalha com armadilhas, e ter a força para correr e mover-se na direção certa. Portanto, o calçado é para correr e evitar todas estas coisas do adversário.

O zelo evangélico é o apoio em que se baseia o anúncio, e os anunciadores são um pouco como os pés do corpo de Cristo que é a Igreja. Não há proclamação sem movimento, sem “saída”, sem iniciativa. Isto significa que não há cristão se não estiver em movimento, não se é cristão se não se sair de si mesmo para se pôr a caminho e levar o anúncio. Não há anúncio sem movimento, sem caminho. Não se anuncia o Evangelho parado, fechado num escritório, na escrivaninha ou no computador, fazendo polémicas como “leões do teclado” e substituindo a criatividade da proclamação com o copia-e-cola de ideias tiradas daqui e dali. Anuncia-se o Evangelho movendo-se, caminhando, indo.

O termo utilizado por Paulo, para indicar o calçado de quantos levam o Evangelho, é uma palavra grega que denota prontidão, preparação, alacridade. É o oposto de desleixo, incompatível com o amor. De facto, noutros lugares Paulo diz: «Sede diligentes, sem fraqueza, fervorosos de espírito, dedicados ao serviço do Senhor» (Rm 12, 11). Esta atitude era a exigida no Livro do Êxodo para celebrar o sacrifício da libertação pascal: «Quando o comerdes, tereis os rins cingidos, as sandálias nos pés e o bordão na mão. Comê-lo-eis apressadamente pois é a Páscoa do Senhor. Passarei nesta noite» (12, 11-12a).

Um anunciador está pronto para ir, e sabe que o Senhor passará de uma forma surpreendente; deve, portanto, estar livre de esquemas e preparado para uma ação inesperada e nova: preparado para as surpresas. Aquele que proclama o Evangelho não pode estar fossilizado em jaulas de plausibilidade ou no “sempre se fez assim”, mas está pronto a seguir uma sabedoria que não é deste mundo, como diz Paulo falando de si: «A minha palavra e a minha pregação não consistiram em discursos persuasivos da sabedoria humana, mas na manifestação do Espírito e do poder divino, para que a vossa fé não se apoie na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus» (1 Cor 2, 4-5).

Eis então, irmãos e irmãs: é importante ter esta prontidão para a novidade do Evangelho, esta atitude que é um impulso, uma tomada de iniciativa, um ir primeiro. É um não deixar escapar as oportunidades para promulgar o anúncio do Evangelho da paz, aquela paz que Cristo sabe dar mais e melhor do que o mundo. E por isso exorto-vos a serdes evangelizadores que se movem, sem temor, que vão em frente, para levar a beleza de Jesus, para levar a novidade de Jesus que muda tudo. “Sim, Padre, muda o calendário, porque agora contamos os anos antes de Jesus...”. —“Mas também, muda o coração: e estás disposto a deixar que Jesus mude o teu coração? Ou és um cristão tíbio, que não te moves? Pensa um pouco: és um entusiasta de Jesus, vais em frente? Pensa um pouco nisto...

Fonte: https://www.osservatoreromano.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF