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sábado, 22 de abril de 2023

O Papa: os ministérios são expressão da única missão da Igreja e formas de serviço aos outros

O Papa com uma família de participantes da Assembleia Plenária do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida  (Vatican Media)

Na audiência aos participantes da Assembleia Plenária do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, dedicada ao tema "Leigos e ministérios na Igreja sinodal", Francisco recordou que há serviços ministeriais, atribuições, ofícios, cuja finalidade é levar "os valores cristãos ao mundo social, político e econômico" do nosso tempo. Uma missão confiada, sobretudo, aos leigos, que têm a tarefa de “anunciar o Evangelho e transformar a sociedade”.

Manoel Tavares - Vatican News

O Santo Padre recebeu, na manhã deste sábado, 22, no Vaticano, os participantes da II Assembleia Plenária do “Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida”, acompanhados pelo Prefeito Kevin Joseph Farrell.

Ao saudar os numerosos presentes, o Papa agradeceu pelo trabalho, que realizaram ao longo dos anos, e o esforço que fizeram em suas áreas de competência: a vida cotidiana das pessoas, famílias, jovens, idosos, grupos associados de fiéis e, em geral, os leigos que vivem no mundo. A eles, Francisco disse: “Vocês pertencem a um Dicastério "popular", eu diria. Por isso, nunca percam o carácter de proximidade com as mulheres e os homens do nosso tempo”.

Partindo do tema desta II Assembleia do Dicastério: “Leigos e ministérios na Igreja sinodal”, o Papa explicou: “Quando se fala de ministérios, em geral, pensamos logo nos ministérios estabelecidos: leitor, acólito, catequista. Estes ministérios são caracterizados por uma intervenção pública da Igreja, um ato específico de instituição, e por certa visibilidade. Eles estão interligados ao ministério ordenado, por suas várias formas de participação em suas tarefas próprias”.

O encontro do Papa com os participantes da audiência (Vatican Media)

O Batismo

Porém, recordou Francisco, “os ministérios instituídos não esgotam a ação ministerial da Igreja, que, desde as primeiras comunidades cristãs, envolveu os fiéis”. E, retomando o tema da Assembleia, Francisco falou sobre a origem da ação ministerial na Igreja, aprofundando dois aspectos fundamentais: o Batismo e os dons do Espírito Santo. Sobre o Batismo, no qual o sacerdócio comum de todos os fiéis afunda suas raízes e se expressa nos ministérios, disse:

A ação ministerial dos leigos não se funda no sacramento da Ordem, mas no Batismo, porque todos os batizados – leigos, celibatários, casados, sacerdotes, religiosos – são ‘christifideles’, os que acreditam em Cristo, são seus discípulos e, portanto, chamados a participar da missão que a Igreja lhes confia, mediante ministérios específicos”.

Os dons do Espírito Santo

Falando sobre o segundo aspecto fundamental do ministério leigo, “os dons do Espírito Santo”, Francisco disse: “A ação ministerial dos fiéis e dos leigos, em particular, brota dos carismas que o Espírito Santo oferece ao Povo de Deus para sua edificação: o carisma é suscitado, primeiro, pelo Espírito; depois, a Igreja reconhece este carisma como serviço útil para a comunidade; por fim, o ministério específico é difundido aos demais.

Assim, acrescentou o Papa, a ação ministerial da Igreja não se reduz apenas aos ministérios instituídos, mas tem um campo bem mais vasto, como no caso de serviços temporários dos leigos, como a proclamação da Palavra ou a distribuição da Eucaristia.

Discurso do Papa aos participantes da plenária do Dicastério dos Leigos, Família e Vida (Vatican Media)

Ministério, testemunho cristão

Além disso, disse Francisco, os leigos podem desempenhar também várias tarefas, não só na Igreja, mas também nos ambientes onde vivem: entre as antigas e novas formas de pobreza, migração, que requer acolhida e solidariedade. Assim, o ministério se torna, além de um simples compromisso social, um lindo testemunho cristão.

Durante a Assembleia Plenária do Dicastério, os participantes refletiram também sobre alguns desafios da pastoral familiar: crise matrimonial, separações e divórcios. Aqui, o Santo Padre recordou que há ministérios fundados no Matrimônio, não apenas no Batismo e na Confirmação, como a missão educativa e evangelizadora da família. O espírito missionário intrínseco da vocação conjugal se expressa também fora da família, quando se torna "evangelizador de outras famílias”.

Francisco abençoa uma mãe que espera um filho (Vatican Media)

Missão e serviço

Estes são apenas alguns exemplos de ministérios leigos abordados pelo Papa Francisco, mas há outros serviços ministeriais, atribuições, ofícios, cuja finalidade é levar "os valores cristãos ao mundo social, político e econômico" do nosso tempo. Uma missão confiada, sobretudo, aos leigos, que têm a tarefa de “anunciar o Evangelho e transformar a sociedade”. "Fico irritado quando vejo ministros leigos que – me perdoem a palavra – "estufam o peito" por fazerem este ministério. Isto é ministerial, mas não é cristão. São ministros pagãos, cheios de si. Cuidado com isso: nunca devem se tornar autorreferenciais. Quando o serviço é unidirecional, não é "ida e volta", acrescentou Francisco.

Por fim, o Papa concluiu seu discurso aos participantes da Assembleia do Dicastério, perguntando: o que estes ministérios têm em comum? E respondeu:

Duas coisas: missão e serviço. Todos os ministérios são expressão da única missão da Igreja e formas de serviço aos outros... Na raiz do termo ministério, destaca-se a palavra ‘minus’ ou ‘menor’. Quem segue Jesus não tem medo de ser ‘inferior ou menor’ ao se colocar a serviço dos outros e, através deles, ao próprio Cristo. Assim, todo batizado descobre que é chamado a "iluminar , abençoar, animar, aliviar, curar, libertar".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

O Senhor faz silêncio para nos escutar!

O silêncio de Deus e o nosso silêncio (dioceseunivitoria)

O SENHOR FAZ SILÊNCIO PARA NOS ESCUTAR!

Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! O Senhor Ressuscitado volta o seu olhar para cada um de nós quando nos reunimos, como comunidade de fé, para rendermos graças a Deus pelo dom da vida, pela fé, a família, o trabalho, os amigos e tantas coisas boas, que tocam a nossa vida de peregrinos neste mundo. O Senhor nos escuta no silêncio, com amor e compaixão.

A Igreja, vivendo a missão que o Senhor lhe confiou, deve ser mãe que consola e mestra que ensina seus filhos e filhas.  Por isso, também em nossos dias, com voz profética, fala ao coração de seus fiéis. Em meio às luzes e sombras do nosso tempo, como cristãos, conscientes e comprometidos com o Evangelho, seremos testemunhas do Ressuscitado no mundo, se a nossa alegria se faz vida, que acolhe o necessitado e as suas necessidades, não como sacrifício, mas como lugar de transfiguração e de oferta da própria vida. Fazendo com que, em cada situação, o caminho do outro seja acolhido e seja repleto do dom que Jesus faz aos seus, que faz a nós, e, através de nós, quer oferecer ao “mundo todo” (1Jo 2,2). Nenhuma palavra e nenhum gesto podem traduzir melhor a palavra com a qual o Ressuscitado se dirige aos seus discípulos: “A paz esteja convosco”! (Lc 24,36).

A chama da fé e a da paz, que na tribulação se faz anúncio de vida, na experiência da morte mais cruel, está ainda nas mãos da Igreja de Cristo, morto e ressuscitado, e talvez nos espera, para que também nós possamos dizer, com o salmista: “Eu tranquilo vou deitar-me e na paz logo adormeço, pois só Vós, ó Senhor Deus, dais segurança à minha vida”! (Sl 4,9).

Mas uma pergunta permanece aberta (Lc 24,36): nos passos do dia a dia, nós falamos das coisas de Deus, para que o Senhor possa inserir-se na nossa conversa, como fez com os discípulos de Emaús, sem correr o risco de nos incomodar? E ainda: Do que verdadeiramente sentimos “necessidade” de falar ao Senhor Ressuscitado, para que a nossa vida de fé seja “viva”? Não temos nada a temer, nada do que nos envergonhar (Lc 24,39). Como explica Santo Agostinho: “Jesus Cristo é a nossa salvação (…) e tem julgado ser útil para os seus discípulos conservar as cicatrizes, para curar as feridas de seus corações”. E se interroga, interpretando as nossas perguntas: “Quais feridas? Aquelas da incredulidade?”

O mistério da conversão não é a garantia de não ter jamais errado, mas de ser capaz de mudar todas as vezes que é necessário. No Senhor Jesus, o amor de Deus é verdadeiramente perfeito. Não se trata da perfeição que é irrepreensível, mas daquela perfeição que nasce do perdão. O Ressuscitado retorna para junto dos Apóstolos com uma paz interior, que se torna dom de paz incondicional, e capaz de recolocar em movimento a vida e o amor.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

sexta-feira, 21 de abril de 2023

Nova tradução do Missal Romano

60ª Assembleia Geral da CNBB | cnbb

COMUNIDADES TÊM ATÉ PRIMEIRO DOMINGO DO ADVENTO PARA COMEÇAR A USAR NOVA TRADUÇÃO DO MISSAL ROMANO

A Comissão Episcopal para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) apresentou, no início deste segundo dia de 60ª Assembleia Geral, 20 de abril, o processo de adaptação da Igreja do Brasil à tradução brasileira da terceira edição do Missal Romano. Como foi decidido na última reunião do Conselho Permanente da CNBB, realizada em março, as comunidades de todo país têm até o Advento para começar a utilizar os novos textos nas celebrações da missa.

“O uso dos textos da terceira edição serão facultativos até o primeiro domingo do Advento e depois será obrigatório”, explicou o bispo de Paranaguá (PR) e presidente da Comissão para a Liturgia, dom Edmar Peron.

Na missa de ontem, 19 de abril, primeiro dia de assembleia, os bispos já utilizaram os textos da tradução brasileira na Missa com Vésperas, na Basílica Nacional de Aparecida. A celebração marcou o início do uso da terceira edição do Missal Romano no Brasil, cujo processo de tradução e aprovação levou 19 anos.

Dom Edmar explicou que não se trata de um “novo missal” inaugurando uma nova forma de liturgia, como em 1965 pós Concílio Vaticano II, mas a tradução da terceira edição típica do Missal Romano, “o missal pós Concílio Vaticano II, também chamado Missal de Paulo VI”, ressaltou. A terceira edição foi promulgada em 2002 por São João Paulo II e revisada em 2008, com o objetivo de incorporar as disposições litúrgicas e canônicas desde a segunda edição típica, de 1975.

“A Igreja é dinâmica”, afirmou dom Edmar, e precisava incorporar essa dinâmica nos textos do missal. Mas o trabalho das conferências não foi apenas inserir coisas novas, ressaltou, mas principalmente revisar a tradução do missal.

Dom Edmar apresenta prazo para uso do Missal Romano | Foto: Victória Holzbach/CNBB Sul 3

Recepção nas comunidades

Dom Edmar apresentou três aspectos fundamentais para a recepção do missal nas comunidades. O primeiro é ter claro que o livro por si só não basta, é preciso “passar do livro à celebração”. E aí o papel fundamental do bispo em promover uma educação litúrgica. “Nós somos, pela Cristus Dominus, moderadores, promotores e guardiães de toda vida litúrgica da nossa Igreja”, reforçou dom Edmar. 

O segundo aspecto é rever o modo de bem celebrar a liturgia. Esta é, explica, um evento de salvação e não apenas rubricas a serem seguidas. “Não celebramos para observar rubricas, celebramos com elas o evento de salvação. Rito não é rubrica a ser observada, mas uma ação de Cristo e da Igreja a ser celebrada”, destaca dom Edmar.

Por fim, não haverá recepção autêntica do missal se este não se tornar fonte da vida espiritual. Segundo a Sacrossantun Conciliun, cita o bispo, a “plena e ativa participação de todo o povo” possibilita que a Liturgia seja, de fato a primeira fonte onde os fiéis vão beber o “espírito genuinamente cristão” (14).

“A meditação contínua (uma “leitura orante”) dos textos do missal o tornarão novos e fonte de nossa vida espiritual”, concluiu dom Edmar. 

Folhetos diocesanos

Os textos do missal serão disponibilizados integralmente pelas Edições CNBB às dioceses que têm folhetos próprios das missas, em tempo hábil para atender a obrigatoriedade do uso no primeiro domingo do Advento. As dioceses podem entrar em contato com a editora para solicitar o material. 

Relatório da Comissão para a Doutrina da Fé

Ainda na primeira parte da manhã, a Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé apresentou um relato, como última contribuição aos bispos antes da nova eleição. O bispo da diocese de Santo André (SP) e presidente da comissão, dom Pedro Carlos Cipollini, partiu de uma análise da fé num momento de mudança de época para falar de luzes e sombras na vida de fé da Igreja. Dom Pedro apontou questões desafiadoras que exigem “reflexão e vigilância constante”. 

“Muitos já separaram a vivência da fé, a prática da fé, da religião e da própria vida”, falou dom Pedro. “É preciso, portanto, retomar, recomeçar, a partir de Jesus Cristo (CELAM, Documento de Aparecida, 244-245). Voltar a Jesus Cristo, às origens é voltar ao essencial, retomar o ‘coração da fé’, ao Evangelho do Reino.” Por isso, é preciso transmitir “uma fé capaz de dar esperança para sustentar a vida do povo”.

“Confiemos na ação do Espírito, enviado sobre os apóstolos em Pentecostes”, concluiu dom Pedro Cipollini.

Dom Pedro Carlos Cipollini, presidente da Comissão para a Doutrina da Fé da CNBB | Victória Holzbach/CNBB Sul 3

Por Juliana Mastelini Moyses/Arquidiocese de Londrina (PR)

Fonte:https://www.cnbb.org.br/

Com quem Caim se casou, se só Adão e Eva tinham filhos (e eram homens)?

Paolo Veronese | PD
Por Francisco Vêneto

"A Bíblia não pretende ser um manual de ciências naturais, mas fazer compreender a verdade autêntica e profunda das coisas."

Com quem Caim se casou, se só Adão e Eva tinham filhos, e esses filhos eram homens? Esta pergunta intriga algumas pessoas que levam ao pé da letra o relato bíblico sobre Caim e Abel, os dois filhos mais famosos de Adão e Eva. De onde teria surgido a mulher com quem Caim teve a sua descendência?

O professor Felipe Aquino responde a este questionamento observando que, primeiramente, é preciso recordar a natureza e o sentido do livro do Gênesis. Para isto, ele recorre a uma catequese que o Papa Bento XVI ofereceu aos fiéis no dia 6 de fevereiro de 2013, quando explicou:

“Como devemos compreender as narrações de Gênesis? A Bíblia não pretende ser um manual de ciências naturais; pretende, em vez disso, fazer compreender a verdade autêntica e profunda das coisas. A verdade fundamental que os relatos de Gênesis nos revelam é que o mundo não é um conjunto de forças entre conflitantes, mas tem a sua origem e a sua estabilidade no Logos, na Razão eterna de Deus que continua a sustentar o universo”.

O professor Felipe Aquino acrescenta que a narração do fratricídio que Caim comete contra Abel (Gn 4, 1-16) pressupõe um contexto histórico relativamente avançado da humanidade: àquela altura, os homens já domesticavam animais, tanto que Abel era pastor, e já cultivavam a terra, dado que Caim era agricultor (4,2). É uma descrição coerente com o período neolítico da humanidade, ou seja, muito posterior ao surgimento da espécie humana representada pelo casal Adão e Eva. Caim, além disso, chega a fundar uma cidade (4,17) e demonstra medo de se encontrar com outros homens que pudessem matá-lo. Existe, portanto, uma população humana que, evidentemente, vai além de Adão, Eva, Caim e Abel.

Da perspectiva religiosa, os católicos acreditam que a Sagrada Escritura foi escrita por inspiração divina, mas, naturalmente, os textos foram registrados por pessoas de carne e osso. Neste sentido, é importante recordar que os autores humanos do livro do Gênesis o escreveram muito tempo depois do surgimento dos primeiros seres humanos. O seu relato sobre o primeiro homicídio se contextualiza numa época em que já grassava a crueldade entre os homens, tendo o objetivo de mostrar que o pecado havia abundado sobre a terra depois do pecado de Adão. Estudiosos, aliás, sugerem que o autor sagrado tenha relatado um fratricídio cometido nos tempos de Moisés, já no século XIII a.C., a fim de mostrar que, quando o homem se afasta de Deus, ele se torna uma ameaça para o próprio irmão.

Mas, afinal, com quem Caim se casou?

A propósito do contexto mencionado acima, o grande teólogo brasileiro dom Estêvão Bettencourt, monge beneditino do Rio de Janeiro, comentou que o “Caim” e o “Abel” da narrativa bíblica não eram literalmente os filhos diretos de Adão e Eva – e que nem era intenção do autor sagrado afirmar isto. É sempre necessário manter em vista a natureza alegórica do relato do Gênesis. Por isso mesmo, não faz sentido querer contextualizar ao pé da letra quais foram os detalhes do relacionamento de Caim com a mulher com quem teve seus filhos. “Caim” representa aqueles filhos da humanidade que, em decorrência do pecado, caíram ao nível dramático de assassinar os próprios irmãos.

É importante notar também que o mesmo livro do Gênesis (5,3-4) afirma que Adão e Eva tiveram outros filhos. Set, por exemplo, é explicitamente nomeado como um desses filhos. Essa também é uma forma de dizer que, a partir dos primeiros seres humanos, a nossa espécie foi se reproduzindo e crescendo em quantidade e diversidade de indivíduos.

Para resumir: o Gênesis não deve ser entendido como um livro de História que registra episódios literais, mas sim como palavra inspirada por Deus que contém verdades religiosas basilares, como a existência de Deus, a obra da Sua criação espiritual e material, a liberdade de arbítrio dada aos homens, o pecado decorrente de uma escolha humana contrária a Deus, a necessidade humana de redenção por causa desse pecado etc.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Laico que é cristão (3/4)

O busto de bronze e a placa dedicada a Bento XV que estão localizados dentro do Almo Collegio Capranica

Arquivo 30Dias – Abril/2006

Laico que é cristão

Bento XV promoveu a caridade, a paz e a liberdade dos filhos de Deus através do respeito pelas pessoas e instituições. Quarta e última parcela da revisão dos papas que adotaram o nome de Bento.

por Lorenzo Cappelletti

Enquanto isso, a guerra havia estourado, a Grande Guerra. Houve quem dissesse que Pio X morreu de coração partido por causa disso, mas também quem, como Pollard, afirmasse que «ele e o seu secretário de Estado, o cardeal Merry del Val, contribuíram para acelerar a guerra ao sugerir inoportunamente a Franz Joseph que a Áustria estava certa e deveria humilhar a Sérvia». Em todo caso, a maioria dos historiadores concorda que, no conclave que se seguiu à morte de Pio X, mais peso do que as considerações relativas à guerra que acabara de estourar foi o debate inteiramente interno entre uma linha de intransigência e outra de moderação no que diz respeito ao tendências modernistas reais ou presumidas. A eleição como pontífice

Precisamente por representar esta posição mais moderada, Della Chiesa, mesmo tendo sido cardinalado por apenas alguns meses, estava entre os elegíveis para o papado e foi papa, apesar da resistência do início ao fim do conclave por aqueles que iriam tenho gostado de manter a barra no rumo da intransigência. Mesmo durante o seu pontificado fizeram soprar ventos, tanto mais insidiosos quanto mais perto sopravam do Pontífice. Eles foram chamados de "Vaticanetto". Ainda dois meses antes da morte de Bento XV, Merry del Val, criticando-o, escreveu em uma carta particular que devemos “evitar as táticas da política humana [...]. Numa época em que o mundo perdeu o rumo e busca ansiosamente uma ancoragem que só nós podemos fornecer, não devemos nos deixar levar pela correnteza e parecer pessoas dispostas a jogar com princípios.' Benedetto não deu atenção a isso e não fez muitas mudanças. Se não fosse o caso da Secretaria de Estado, onde, passando pelo conhecimento direto de homens e cargos, fez escolhas decisivas. Basta lembrar, além do de Gasparri, chamado no lugar de Merry del Val como secretário de Estado após a morte repentina de Ferrata, os nomes de Bonaventura Cerretti, Pacelli, Ratti, o próprio Valfrè di Bonzo (e também Roncalli e di Montini que então dava os primeiros passos de sua carreira), todos destinados a importantes cargos durante o pontificado de Bento. Que escolheu este nome não só em referência ao santo monge de Norcia, mas também, segundo sua própria opinião (ao que parece), a Bento XIV,

Caridade e obediência são as categorias-chave de sua primeira encíclica programática Ad beatissimi de novembro de 1914. Por outro lado, esta foi a figura que distinguiu a laboriosidade de monsenhor Della Chiesa e que distinguirá seu magistério e ação também como papa. Categorias a serem aplicadas não só ad intra (o que é óbvio e talvez também por isso tão raro de ser praticada), mas também ad extra , reiterando, por um lado, o dever do "amor recíproco entre os homens" e, por outro o outro, o princípio apostólico de sujeição a toda autoridade legítima.

É interessante notar que a encíclica traça a razão última do amor mútuo entre os homens no fato de que Jesus Cristo derramou seu sangue por todos. O Papa o reitera três vezes. A guerra acabara de estourar e essa insistência já sugeria implicitamente o quão inútil era qualquer outro derramamento de sangue. A célebre Nota aos beligerantes de 1 de agosto de 1917, a do «massacre inútil» – que não surpreendentemente começava com Dès le début (“Desde o início do nosso pontificado…”) – não teria feito senão esclarecer este juízo, consolidado por novas sistemas de ataque mais bárbaros e sangrentos, como o abertamente lembrado dos bombardeios aéreos.

O objetivo daquela Nota, porém, não era definir ou denunciar, mas oferecer uma proposta concreta de paz. "Foi a primeira vez no curso da guerra que qualquer pessoa ou poder formulou um esboço detalhado ou prático para uma negociação de paz" (Pollard, 148). Na consciência, várias vezes expressa pelo Papa desde o Ad beatissimi , de que a paz é a condição para que o amor recíproco se realize entre os homens: «A paz é um dom muito grande de Deus: entre as coisas terrenas não é dado ouvir nada mais agradável, nem se pode desejar nada mais doce: em suma, nada melhor pode ser encontrado», escreveria, citando Agostinho, novamente na Pacem Dei munus.

Mas o nacionalismo de muitos governos, hostis a qualquer solução que não fosse a sangrenta das armas, determinou o fracasso da proposta de 1917. A situação de minoria em que se encontrava a Santa Sé do ponto de vista diplomático também teve um efeito negativo. Com efeito, desde 1870 o papa já não gozava de qualquer soberania e Merry del Val durante o pontificado anterior favoreceu, se possível, um isolamento crescente, quase se vangloriando de um entrincheiramento de valores: com a França, por exemplo, houve sem mais relatórios desde 1906. Com a Grã-Bretanha por três séculos e meio!
Assim Bento XV (apesar de ter reativado essas relações e muitas outras; mas ainda não houve conciliação com a Itália) foi autorizado apenas a enfaixar as feridas produzidas pelo conflito, organizando coletas, trocas de prisioneiros, coleta de informações. Os elogios que então lhe chegavam às vezes parecem expressar um reconhecimento diretamente proporcional à satisfação pela subordinação a que essa ação havia se restringido.

Fonte: http://www.30giorni.it/

Bíblia da Criança é traduzida em 193 idiomas, inclusive em línguas indígenas do Brasil

O povo Sateré-Mawé das regiões de Andirá e Marau, diocese de
Parintins, no Amazonas, com a Bíblia da Criança

Já foram impressos mais de 50 milhões de exemplares, sendo 10 milhões só no Brasil. Além da versão em português, a Bíblia da Criança foi traduzida para outras línguas dos indígenas, como Sateré-Mawé, Guarani, Tukano, Ticuna e Macuxi. "Às vezes, 15 a 20 reais de doação fazem muita diferença para ajudar a gente a publicar um pequeno livro que chega na mão das crianças que, para ser impresso, precisa de recursos", afirma o diretor de projetos da ACN para o Brasil e América Latina, Rafael D'Aqui.

Andressa Collet - Vatican News

A comunidade indígena da tribo Sateré-Mawé, no Amazonas, agora pode ler a Bíblia em sua própria língua. A ACN (Aid to the Church in Need ou Ajuda à Igreja que Sofre) concluiu a nova edição da “Bíblia da Criança – Deus Fala a Seus Filhos” na língua indígena local e a distribuiu para várias comunidades. A Bíblia, assim, é mais do que um instrumento de aprofundamento da fé, ela também ajuda a preservar a língua e a cultura indígena.

A Bíblia da Criança no Amazonas

O povo Sateré-Mawé vive nas regiões de Andirá e Marau, diocese de Parintins, no Amazonas. Graças à ACN, foram distribuídos mais de 1.000 exemplares da Bíblia da Criança para lideranças de 30 comunidades. O Padre Henrique Uggé, missionário italiano do Pontifício Instituto para as Missões Exteriores (PIME), trabalha há décadas com o povo da Amazônia. Ele explica que, de fato, “todos gostamos de ouvir, ler e meditar a Palavra de Deus em nossa própria língua, em nosso próprio contexto cultural e histórico”. Ele acrescenta ainda que os Sateré – Mawé agora poderão ouvir as leituras da Missa também em sua língua indígena. “Isto será muito útil para eles”.

O sacerdote lembra que quando chegou à região, em 1972, a comunidade indígena estava reduzida a cerca de 1.200 pessoas e corria o risco de extinção por doenças como sarampo e descaso das autoridades civis. O sacerdote recorda que viajava em pequenos barcos, saindo da imensidão do rio Amazonas até os pequenos igarapés, onde apenas uma canoa conseguia passar pelo rio. Agora, são mais de 12.000 indígenas que fortaleceram sua cultura e beneficiam as crianças também por meio de uma rede de escolas bilíngues.

A nova edição da Bíblia da Criança, que inclui histórias importantes do Antigo e do Novo Testamento, apenas se tornou realidade graças aos benfeitores da ACN. Além disso, conta com o trabalho de sete catequistas locais que a traduziram. Um deles é Dercival Santos Batista, membro dos Sateré-Mawé: “através deste livro, nossas crianças e nossos jovens poderão trilhar o caminho certo. Afinal, também é muito importante para a nossa própria compreensão da Palavra de Deus”. Outro tradutor, Honorato Lopes Trindade, explica que publicações como essas têm a vantagem de ajudar a preservar a cultura local: “estamos perdendo nossa língua e devemos trabalhar para mantê-la.”

Mais de 10 milhões de bíblias distribuídas no Brasil

Bíblia da Criança foi publicada pela ACN em 1979, no Ano Internacional da Criança. Desde então, foi traduzida para 193 línguas. Já foram impressos mais de 50 milhões de exemplares do livro, sendo mais de 10 milhões só no Brasil. Além de Sateré-Mawé e da versão em português, a Bíblia da Criança foi traduzida para outras línguas dos indígenas brasileiros, como Guarani, Tukano, Ticuna e Macuxi. Em alguns casos, a Bíblia da Criança foi o primeiro livro a ser publicado naquela língua.

Rafael D'Aqui, diretor de projetos da ACN para o Brasil e AL

O diretor de projetos da ACN para o Brasil e a América Latina, Rafael D'Aqui, foi entrevistado por Silvonei José durante a 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que começou nesta quarta-feira (19), em Aparecida. No Brasil, a organização está trabalhando com cerca de 400 projetos por ano, entre eles o da Bíblia da Criança, concentrados principalmente na região norte e nordeste do país:

"Os projetos da ACN, na verdade, não são da ACN, mas da igreja local do Brasil que precisam de apoio para poder sobreviver. A ACN está presente em todas as partes do mundo. A ACN ajuda em 147 países no mundo. E, nós, estamos em 23 países coletando ajuda para ajudar esse 147 países: são países de perseguição religiosa, discriminação religiosa, um país onde a Igreja passa por necessidade material. E a gente precisa da ajuda de cada um." 

“Às vezes 15 a 20 reais fazem muita diferença para ajudar a gente, por exemplo, a publicar um pequeno livrinho que chega na mão das crianças, como da Bíblia da Criança, que, para ser impressa precisa de recursos. Hoje nós temos já 10 milhões de exemplares distribuídos no Brasil desse projeto que começou em 1979.”

Rafael conta, porém, que a atuação da ACN Brasil vai além e com diferentes projetos tanto em centros urbanos como nas comunidades mais necessitadas do país:

"Desde a construção de capelas e centros pastorais e de catequese. Por exemplo, aqui perto de São Paulo, em região de favelas, a gente tem salinhas de 25 lugares para atender 250 crianças que vêm para a catequese: então a gente precisa fazer adaptação nas estruturas. Mas a gente também tem projetos para ajuda e assistência a religiosas, como no estado da Bahia, onde existem muitos pequenos povoados onde se precisa da presença de igrejas, e as religiosas são essa presença, esse cuidado de Deus junto das crianças, dos jovens, das famílias, das mulheres. Temos projetos para sacerdotes na Amazônia: como vão viver, como vão se locomover, já que eles usam lanchas. Temos as pirogas, as canoazinhas que vão para atender as comunidades indígenas."

Colaboração: ACN Brasil

Frei Paolo Maria Braghini na Amazônia brasileira
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Sé cria comissão para estudar autenticidade de fenômenos ligados a Nossa Senhora

Albo | Shutterstock
Por Francisco Vêneto

Observatório acompanhará casos que ainda não foram reconhecidos pela Igreja.

APontifícia Academia Mariana International (PAMI) criou uma comissão para a observação de aparições e fenômenos místicos ligados à Santíssima Virgem Maria, com o objetivo de acompanhar os casos que ainda não foram reconhecidos como autênticos pela Igreja Católica.

Além das aparições, também serão estudados os casos de alegadas lacrimações, locuções, estigmas e quaisquer outros fenômenos místicos levados ao conhecimento da Santa Sé, mas ainda sem resposta oficial das autoridades eclesiásticas.

O pe. Stefano Cecchin, presidente da PAMI, comenta a iniciativa:

“O objetivo é dar apoio concreto ao estudo, autenticação e divulgação correta de tais eventos, sempre em harmonia com o magistério eclesiástico, as autoridades competentes e as normas vigentes da Santa Sé sobre o assunto”.

O sacerdote acrescenta que a comissão trabalhará “de forma sistemática, estratégica, multidisciplinar e qualificada, em parceria com especialistas e pesquisadores, personalidades de alto nível no campo científico e autoridades eclesiásticas”. A diretriz é “agir com eficiência e capilaridade, ativar comissões nacionais e internacionais para avaliar e estudar aparições e fenômenos místicos relatados em várias áreas do mundo, para promover atividades de atualização e treinamento sobre esses tipos de eventos e seus múltiplos significados espirituais e culturais”.

No tocante aos treinamentos, o padre observa que os relatos de supostos fenômenos costumam “causar confusão” e, portanto, reforça a importância de se contar com uma equipe qualificada para analisar cada caso. O observatório, de fato, é composto por um comitê diretor e um comitê científico central.

A iniciativa pretende ainda promover atividades de divulgação e consultorias a dioceses, assim como “pesquisa transdisciplinar em conjunto com instituições acadêmicas, tanto leigas quanto eclesiásticas”, além de coordenar a publicação dos resultados dessas investigações.

As atividades já começaram oficialmente neste sábado, 15 de abril, na própria sede da PAMI em Roma.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Dia Mundial da Terra: live e lançamento de livro

Capa do livro: Laudato Si': prática educativa para uma ecologia integral

Como iniciativa pelo Dia Mundial da Terra, o Movimento Laudato Si' convida para uma live especial, com o lançamento do novo livro do Prof. Luciano Rodolfo de Moura Machado.

Irmã Grazielle Rigotti, ascj - Vatican News

No próximo sábado, dia 22 de abril, celebra-se o Dia Mundial da Terra. E para comemorar este dia, o Movimento Laudato Si' promoverá uma live de lançamento do livro "Laudato Si': prática educativa para uma ecologia integral", que acontecerá às 14h (horário de Brasília). O encontro contará com a fala do autor, Prof. Luciano Rodolfo de Moura Machado, e com a mediação do Jornalista Donizete Eugênio, da Rádio Mensagem da Diocese de São José dos Campos. Ainda como participação especial estarão presentes Mayra Santos e Letícia Florêncio, do Movimento Laudato Si’. 

O livro toma como base a Carta Encíclica do Papa Francisco, Laudato si, sobre o cuidado da Casa Comum como instrumento para uma prática educadora junto às comunidades, analisando o alcance e limitações na prática educativa. Segundo o Prof. Luciano, "acredita-se que seja relevante identificar quais práticas educativas orientadas pela Carta Encíclica podem sensibilizar a sociedade para o cuidado com o ambiente, encontrando no interior de uma espiritualidade crítica o repensar da individualidade contemporânea, tendo por apoio uma nova relação, mais harmoniosa, com a natureza e que incorpore as dimensões sociais, econômicas, políticas, culturais e históricas."

A live pode ser acompanhada pelos canais oficiais do Movimento Laudato Si': Facebook /vivalaudatosi e Instagram @educalaudatosi

https://youtu.be/iSqc_IHOrI0

* Prof. Luciano, é especialista em ecologia integral, mestre em ensino de ciências e doutor em educação, membro fundador da Comissão Socioambiental da Diocese de São José dos Campos, também é Animador Laudato Si'. Atualmente é coordenador da Pastoral da Ecologia Integral do Regional Sul 1 da CNBB.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 20 de abril de 2023

Família reunida: um dos maiores sucessos da vida

Evgeny Atamanenko/Shutterstock
Por Guillermo Dellamary

Do que alguém pode se orgulhar na vida? De ter um carro? Um bom trabalho? O psicólogo Guillermo Dellamary fala sobre a riqueza que é alcançar a união familiar.

Há alguns dias, uma pessoa me disse que ficou impactada ao ouvir uma entrevista de alguém muito famoso que dizia que uma das maiores realizações para um pai era o fato de seus filhos adolescentes quererem estar com ele. E mais: acompanhá-lo de perto em suas viagens.

Essa é uma boa ideia do que significa o verdadeiro sucesso, já que a maioria das pessoas o reduz a conquistas financeiras ou profissionais, mas não conseguem ver o grande valor da família reunida.

Uma mulher também me disse que achava muito egoísta o marido querer tanto ir visitar os pais. E considerou que, quando se casa, não se deve mais dar tanta importância à família de origem e focar mais no esposo (ou na esposa) e nos filhos.

Claro, é uma questão de debate, já que não é fácil ter um equilíbrio claro entre dar atenção à sua nova vida e deixar seus pais e irmãos de lado.

Prioridades

Certamente há quem pense que, para os casados, os pais devem ficar em segundo plano. E haverá quem não concorde com essa posição e conclua que não é uma questão de prioridades, mas de ser gentil e atencioso com todos.

A questão é manter um equilíbrio prudente e tentar atender a todos na medida certa. Pessoas possessivas sempre terão a sensação de que devem ser as únicas a ter toda a atenção de seu parceiro ou filhos, e que ninguém mais deve usurpar o primeiro lugar.

O verdadeiro objetivo é manter a família unida e que as crianças, em qualquer idade, queiram estar com a família, em vez de dar tanta importância aos amigos e outras atividades extrafamiliares. 

Uma pessoa de sucesso mantém sua família unida.

Daí a importância de ensinar aos nossos filhos o grande valor de almejar esse sucesso transcendente, e não apenas querer obter bens materiais, fama, conforto e luxo.

O que falta para atingir esse sucesso

Manter a proximidade e a união com os entes queridos começa com a criação de um ambiente agradável, amigável e respeitoso. Que nossos filhos sintam o ambiente familiar positivo, desde a primeira infância. Que gostem de estar em casa, que sintam no seu lar um espaço seguro, onde recebam carinho, carinho e compreensão, juntamente com bens essenciais para cobrir as necessidades básicas. 

É importante que os pais realmente se esforcem para fazer do lar o melhor lugar para se estar, que sintam tanta paz e alegria que nenhum membro da família as procure em outras famílias, com amigos ou na rua.

Um espaço em que os verdadeiros valores são cultivados e praticados sem repreensões ou violência de qualquer tipo. Que a autoridade dos pais seja fonte de sabedoria e bom exemplo, não de vigilantes que corrigem, recompensam ou castigam.

Que os filhos sintam a proteção e orientação de seus pais, para crescerem com segurança e com os recursos emocionais necessários para se livrarem do luto e da vergonha.

Lar: o maior santuário

Só se atingirá esse sucesso se, desde o início, os membros da família sentirem a liberdade de escolher estar em casa, ao invés de preferirem estar fora dela; que desejem conversar com seus pais e cultivar uma relação amigável com os irmãos.

O lar é o maior santuário que temos, onde a criança deve crescer sabendo que aquele é o lugar mais bonito que se pode encontrar.

Quem quer sair de um lugar assim?

Podem chegar os agradáveis ​​momentos de convívio na adolescência e a descoberta de novos mundos e desafios a enfrentar, mas, no coração de cada um, ficará a sensação de que a sua casa é um espaço especial e os seus familiares são seres excepcionais. Eles não terão que fugir, ou sair por medo e represálias, ou porque é um território desagradável de onde emanam demandas agressivas.

Enfim, o verdadeiro sucesso é que todos da família tenham amor, carinho e afeto em casa e não sintam um vazio que os obrigue a ter que ir procurá-lo em outro lugar.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Laico que é cristão (2/4)

O livro de registro do Almo Collegio Capranica com o nome e a data de ingresso do aluno Giacomo Della Chiesa. Observe as adições posteriores até a data de sua eleição como papa

Arquivo 30Dias – Abril/2006

Laico que é cristão

Bento XV promoveu a caridade, a paz e a liberdade dos filhos de Deus através do respeito pelas pessoas e instituições. Quarta e última parcela da revisão dos papas que adotaram o nome de Bento.

por Lorenzo Cappelletti
Da entrada na diplomacia ao episcopado bolonhês
Dois nomes, ambos ligados à diplomacia leonina, marcarão a partir de agora a biografia de Giacomo Della Chiesa mais do que outros: o de um professor extraordinário como foi para ele Mariano Rampolla del Tindaro, secretário de Estado de Leão XIII com quem treinou desde os anos de seu aprendizado diplomático entre 1881 e 1882; e o de igual nível que foi seu talentoso contemporâneo Pietro Gasparri, nomeado secretário para os assuntos eclesiásticos extraordinários em 1901, ao mesmo tempo que a nomeação de Giacomo Della Chiesa como substituto. Gasparri, que mais tarde se tornaria o inteligente secretário de Estado de Bento XV, também seria seu sucessor mais significativo, mantendo esse cargo durante o pontificado subsequente do Papa Pio XI (1922-1939). «Um fato quase sem precedentes na história do papado», escreve John F. Pollard em uma recente biografia dedicada a Bento XV. No entanto, Gasparri, na linha, estava nos antípodas em relação a Della Chiesa. Às vezes - escreveu Don Giuseppe De Luca no Osservatore Romano em 19 de novembro de 1952, em um belo retrato dedicado ao cardeal "pastor" no centenário de seu nascimento - "seu desprezo pela forma atingiu extremos deploráveis, dos quais ele foi o primeiro a rir". Então, o que os uniu? Gostamos de traçar o ponto de contacto entre ambos, bem como no escrupuloso apego ao respetivo ofício e no pragmatismo de ambos, num soberano desapego de si. Com efeito, se Gasparri, escreve De Luca no mesmo artigo, «da força que já sentia na sua natureza, e naquela outra força que tinha nas mãos de homem de governo, desconfiava continuamente como de armas muito perigosas », Benedetto, mutatis mutandis não era menos. Basta reler suas palavras ao diretor de Civiltà Cattolica no momento crucial pouco antes da entrada da Itália na guerra: «Devemos distinguir as opiniões pessoais do papa do que é essencial para a doutrina. Mesmo seu comportamento como papa não é imposto a todos. O papa é supranacional: não faz votos pelo triunfo da Itália; mas se um católico italiano os fizesse, ele não iria contra o papa. Então ele nunca disse que a guerra desta ou daquela nação é justa ou injusta." Palavras citadas pelo padre Sale no volume recém-publicado Direito popular e católico no tempo de Bento XV .
Mas voltemos ao cursus honorum de Giacomo Della Chiesa quando ainda não era beneditino.
Quando Rampolla se tornou núncio em Madri em 1883, ele o quis com ele e, uma vez que foi chamado de volta a Roma como secretário de Estado em 1887, voltou a trazê-lo de volta à Cúria como assistente de minutos. Della Chiesa ocupou fielmente este cargo por muito tempo. E em 1901, como já dissemos, tornou-se suplente.
Mas durante o pontificado de Leão XIII, com uma rapidez muito maior do que Della Chiesa e Gasparri, embora fosse muito mais jovem, outro diplomata abriu caminho, monsenhor Raffaele Merry del Val, que, no momento do encerramento do conclave subsequente à morte do Papa Pecci, como recordou recentemente nestas páginas Gianpaolo Romanato (ver 30Dias, n. 1-2, janeiro-fevereiro de 2006, pp. 86-91), será escolhido como Secretário de Estado por Pio X. Para surpresa de todos, inclusive Monsenhor Della Chiesa, que em 8 de novembro de 1903 escreveu com muitos pontos de exclamação: «Amanhã teremos o Consistório que será seguido , pouco depois, a nomeação definitiva do secretário de Estado! quem diria isso há dez anos!!!».
Rampolla foi imediatamente posto de lado. Della Chiesa permaneceu no cargo por um tempo, mas também ele, no momento oportuno, em 1907, foi designado para outro cargo: o arcebispado de Bolonha. Certamente estava destinado ali pela estima que tinha, mas talvez também para ver como teria se saído numa diocese até ali governada pelo arcebispo Domenico Svampa, suspeito de simpatias modernistas e democratas-cristãs por ter protegido, entre outros dons Giulio Belvederi e Don Alfonso Manaresi. O que monsenhor Della Chiesa escreveu com sua habitual sutil ironia em outubro de 1907 ao amigo Teodoro Valfrè di Bonzo (que acreditava já partir para a nunciatura de Madri) parece confirmar que o destino de Bolonha não deveria estar livre de tais intenções: «Não respondi por telegrama ao seu polido telegrama de felicitações pela minha suposta nomeação como núncio em Madrid porque lamentei desmentir publicamente a sua suposição. O fato é que não sou e não serei nomeado núncio em Madri porque o Santo Padre me quer... Arcebispo de Bolonha. Nesse desejo do Santo Padre reconheci a vontade de Deus, porque nada me era mais estranho do que a possibilidade de me tornar Arcebispo de Bolonha. Ao primeiro anúncio do testamento pontifício fiquei abalado, e a ideia da difícil situação em que se deve encontrar o pobre arcebispo de Bolonha aumentou a minha emoção: mas o Senhor que me quer em Bolonha não me dará as graças necessárias para fazer você um pouco de bom?». Nesse desejo do Santo Padre reconheci a vontade de Deus, porque nada me era mais estranho do que a possibilidade de me tornar Arcebispo de Bolonha. Ao primeiro anúncio do testamento pontifício fiquei abalado, e a ideia da difícil situação em que se deve encontrar o pobre arcebispo de Bolonha aumentou a minha emoção: mas o Senhor que me quer em Bolonha não me dará as graças necessárias para fazer você um pouco de bom?». Nesse desejo do Santo Padre reconheci a vontade de Deus, porque nada me era mais estranho do que a possibilidade de me tornar Arcebispo de Bolonha. Ao primeiro anúncio do testamento pontifício fiquei abalado, e a ideia da difícil situação em que se deve encontrar o pobre arcebispo de Bolonha aumentou a minha emoção: mas o Senhor que me quer em Bolonha não me dará as graças necessárias para fazer você um pouco de bom?».
Durante os anos do seu episcopado bolonhês (sobre o qual agora podemos ver um volume altamente documentado publicado por Antonio Scottà em 2002), evidentemente a graça do estado o apoiou se ele agiu não apenas com prudência, mas também com caridade pastoral, dando imediatamente origem a um cansativo visita à diocese e interesse pela formação catequética e pelo seminário. Quanto às tendências modernistas ou suspeitas de modernismo, embora aplicando diligentemente as disposições que vieram de Roma – ele poderia ter feito de outra forma? – ele nunca desrespeitava as pessoas – o que era tudo que ele podia fazer.
Apesar de tudo isso, ele só foi criado cardeal em maio de 1914, poucos meses antes de entrar no conclave do qual sairia como papa. Talvez não seja coincidência que o chapéu do cardeal só tenha chegado depois da morte de Rampolla, ocorrida em dezembro anterior. Provavelmente eles não queriam que seu entendimento fosse reconstituído no Sacro Colégio e pesasse.

Fonte: http://www.30giorni.it/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF