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quarta-feira, 17 de maio de 2023

OMS: diretriz inédita para o uso de adoçantes no controle do peso

O uso dessas substâncias pode trazer efeitos indesejáveis a longo prazo, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e mortalidade em adultos Freepik

Organização afirma que as pessoas devem considerar outras maneiras de reduzir a ingestão de açúcares, como consumir mais frutas ou bebidas naturais.

Por O Globo — São Paulo

15/05/2023

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que adoçantes sem açúcar não devem ser utilizados para controlar o peso corporal ou reduzir o risco de doenças não transmissíveis. Resultados de uma revisão sistemática das evidências disponíveis sugerem que o uso dos adoçantes não oferece nenhum benefício a longo prazo na redução da gordura corporal em adultos ou crianças.

A organização também afirmou que o uso dessas substâncias pode trazer efeitos indesejáveis potenciais do uso prolongado, como um risco aumentado de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e mortalidade em adultos.

“Substituir açúcares livres por adoçantes sem açúcar não ajuda no controle de peso a longo prazo. As pessoas precisam considerar outras maneiras de reduzir a ingestão de açúcares livres, como consumir alimentos com açúcares naturais, como frutas, ou alimentos e bebidas sem açúcar”, disse Francesco Branca, diretor de Nutrição e Segurança Alimentar da OMS.

A recomendação se aplica a todas as pessoas, exceto indivíduos com diabetes pré-existente, e inclui todos os adoçantes não nutritivos sintéticos e naturais ou modificados que não são classificados como açúcares encontrados em alimentos e bebidas industrializados ou vendidos sozinhos para serem adicionados a alimentos e bebidas. Produtos comuns desse tipo incluem acesulfame K, aspartame, advantame, ciclamatos, neotame, sacarina, sucralose, stevia e derivados de stevia.

“Adoçantes sem açúcar não são fatores dietéticos essenciais e não têm valor nutricional. As pessoas devem reduzir completamente a doçura da dieta, começando cedo na vida, para melhorar sua saúde”, destaca Branca.

A recomendação não se aplica a produtos de higiene que contenham as substâncias, como creme dental, creme para a pele e medicamentos, ou a açúcares de baixa caloria e álcoois de açúcar (polióis), que são açúcares ou derivados de açúcares que contêm calorias e, portanto, não são considerados adoçantes.

Fonte: https://oglobo.globo.com/

Em entrevista, o olhar de Francisco para o Concílio

Em 8 de dezembro de 1965, São Paulo VI conclui o Concílio Vaticano II | Vatican News

"O Concílio não trouxe apenas uma renovação da Igreja. Não é uma questão de renovação, mas um desafio para tornar a Igreja cada vez mais viva. O Concílio não renova, ele rejuvenesce a Igreja. A Igreja é uma mãe que sempre vai em frente. O Concílio abriu as portas a um maior amadurecimento, mais sintonizado com os sinais dos tempos."

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

“Um acontecimento de graça para a Igreja e para o mundo. Um evento cujos frutos não se esgotaram”. Não poucas vezes ao longo de seu Pontificado o Papa Francisco destacou a importância do Concílio Vaticano II para a vida de Igreja, cujo 60º aniversário de abertura foi recordado com uma Missa por ele presidida na Basílica de São Pedro em 11 de outubro de 2022.

No prefácio do livro “João XXIII. Vaticano II, um Concílio para o mundo”, lançado pouco antes, o Papa afirma que “que o último Concílio Ecumênico ainda não foi totalmente compreendido, vivido e aplicado. Estamos a caminho, e uma etapa fundamental deste caminho é a que vivemos com o Sínodo e que nos pede para sair da lógica do "sempre se fez assim", da aplicação dos mesmos velhos esquemas, do reducionismo que acaba querendo sempre enquadrar tudo no que já é conhecido e praticado.”

Ou seja, as mudanças ocorridas passo a passo na vida da Igreja desde o evento conciliar, ajudam a viver melhor o processo sinodal, que “se faz sobretudo de escuta, envolvimento, capacidade de dar lugar ao sopro do Espírito, deixando-lhe a possibilidade de nos guiar.”

Francisco voltou a destacar esses aspectos do Concílio em uma entrevista publicada em fevereiro de 2023, que é o tema deste nosso programa. Pe. Gerson Schmidt*:

"Por ocasião do décimo aniversário de seu pontificado, o Papa Francisco concordou em conceder uma entrevista a Emmanuel Van Lierde. Na primeira parte desta entrevista exclusiva ao semanário belga Tertio/CathoBel, Francisco falou sobre o Concílio Vaticano II.  A entrevista foi publicada pelo periódico CathoBel, em 28/02 deste ano. A pergunta do jornalista entrevistador foi a seguinte: “O nome que você escolheu como Papa também incluiu um programa. Nos passos de Francisco de Assis, você quer reconstruir e renovar a Igreja, preocupa-se com os pobres e a terra, trabalha pela paz e importa-se com o diálogo inter-religioso. Outro fio condutor para entender o seu pontificado é o Concílio Vaticano II (1962-1965), mesmo que você seja o primeiro Papa a não ter participado dele fisicamente. Por que a busca pela realização deste Concílio lhe é tão importante? O que está em jogo?”.

A pergunta do repórter já nos remete a adentrar em nosso espaço memória histórico 60 anos do Concílio. A resposta do Papa Francisco foi a seguinte. Palavras textuais de nosso querida Papa:

“Os historiadores dizem que é preciso um século para que as decisões de um Concílio entrem plenamente em vigor e sejam implementadas. Então temos mais 40 anos pela frente… Estou tão preocupado com o Concílio porque este evento foi na verdade uma visita de Deus à sua Igreja. O Concílio foi uma daquelas coisas que Deus faz na história através de pessoas santas. Talvez quando João XXIII o anunciou, ninguém percebeu o que iria acontecer. Dizem que ele mesmo pensou que estaria concluído em um mês, mas um cardeal reagiu dizendo: “Comece a comprar os móveis e tudo mais, porque levará anos”. Ele levou isso em conta, mas João XXIII foi um homem aberto aos apelos do Senhor. É assim que Deus fala ao seu povo. O Concílio abriu as portas a um maior amadurecimento, mais sintonizado com os sinais dos tempos” – reinterou o Papa Francisco. O Papa afirmar que o evento do Concílio foi na verdade uma visita de Deus à sua Igreja soa para nós como algo muito maravilhoso. Deus não abandona sua Igreja e a visita e assiste constantemente.

Continua o Sumo Pontífice, em entrevista à revista semanal belga:

 “E ali – no Concílio – Ele (Deus) realmente nos falou. O Concílio não trouxe apenas uma renovação da Igreja. Não é uma questão de renovação, mas um desafio para tornar a Igreja cada vez mais viva. O Concílio não renova, ele rejuvenesce a Igreja. A Igreja é uma mãe que sempre vai em frente. O Concílio abriu as portas a um maior amadurecimento, mais sintonizado com os sinais dos tempos. A Lumen Gentium, por exemplo, a Constituição Dogmática sobre a Igreja, é um dos documentos mais tradicionais e, ao mesmo tempo, um dos mais modernos, porque na estrutura da Igreja o tradicional – se bem entendido – é sempre moderno. Isso ocorre porque a tradição continua a se desenvolver e a crescer.

Como disse o monge francês Vincent de Lérins no século V, os dogmas devem continuar a se desenvolver, mas de acordo com esta metodologia: “Ut annis scilicet consolidetur, dilatetur tempore, sublimetur aetate” (“Que sejam consolidados pelos anos, expandidos pelo tempo, exaltados pela idade”). Ou seja: a partir da raiz, continuamos sempre a crescer”.

São palavras profundas do Papa nessa entrevista falando sobre o concilio, que rejuvenesce a Igreja e talvez precise ainda 40 anos para aplicar um Concilio. O documento Lumen Gentium, que nesse espaço há meses estamos aprofundando amplamente, tem uma estrutura tradicional e outra moderna. A doutrina dogmática, como disse o monge francês supracitado, precisa ser consolidada pelos anos, expandida pelo tempo, exaltada pela idade. Como já dizia o Papa Bento XVI não há ruptura, mas continuidade da Igreja milenar. Assim se expressou Papa Francisco: “O Concílio deu esse passo adiante, sem cortar a raiz, porque isso não é possível se queremos produzir frutos. O Concílio é a voz da Igreja para o nosso tempo, e neste momento, por um século, estamos colocando-o em prática”.

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Ser e tornar-se irmãos na convivência sociopolítica (3/5)

Ser e tornar-se irmãos | Opus Dei

Ser e tornar-se irmãos na convivência sociopolítica

Uma das novidades mais importantes da encíclica “Fratelli Tutti” é o vínculo que ela postula entre a fraternidade e o bem comum político. Oferecemos o estudo de Maria Aparecida Ferrari, publicado no boletim Romana.

04/05/2023

2. Fraternidade social, rosto da cidadania política

Se o bem comum político é gerado pela ação conjunta do Estado e da sociedade civil, é obrigatório reconhecer que uma parte essencial desse bem comum político é a idoneidade − competência e propensão − dos cidadãos para a realização do bem pessoal e social. A ausência deste patrimônio ético torna difícil resistir, dizer “não”, por exemplo, a benefícios injustos quando é fácil obtê-los, principalmente se, como se diz com mais ou menos verdade, “todo mundo faz isso”, ou quando a conduta injusta consegue burlar os sistemas de controle legal. Em outras palavras, ser agente gerador do bem comum exige do cidadão algo mais do que a estrita obediência ao sistema jurídico estabelecido: implica um exercício de liberdade que ultrapassa os limites legais, pois exige laboriosidade, honestidade, solidariedade, prudência, subsidiariedade, confiança, temperança etc.

No exercício da cidadania assim entendida a fraternidade social toma a sua forma, de modo que quando um cidadão se relaciona com os outros com sentido de respeito e reciprocidade, desempenha com competência a sua profissão ou as suas funções, ocupa-se dos interesses comuns..., ele mostra o rosto da fraternidade no âmbito sociopolítico e, ao fazê-lo, configura o bem comum político em seu sentido mais autêntico. A Fratelli Tutti ilustra isso claramente com a parábola do bom samaritano.

Dirigindo-se aos homens de boa vontade, a todos e cada um dos homens, a encíclica convida a deixar-se interpelar por esta parábola para além da diversidade das convicções religiosas (FT 56). Recorda que o relato evangélico os convida a “fazer ressurgir a nossa vocação de cidadãos do próprio país e do mundo inteiro, construtores dum novo vínculo social”, e destaca que se trata de “um apelo sempre novo, embora seja escrito como uma lei fundamental do nosso ser: que a sociedade se oriente para a busca do bem comum e, a partir deste objetivo, reconstrua incessantemente a sua ordem política e social, o tecido das suas relações, o seu projeto humano” (FT 66).

Cada indivíduo humano encarna de alguma forma, ao longo da sua vida, um ou outro dos personagens da parábola, mas para efeitos desta reflexão vale a pena centrar-se naquele aparentemente menos central, o estalajadeiro. Este personagem, que na exegese habitual muitas vezes passa despercebido, demonstra ainda melhor do que os outros que cada pessoa, com sua vida simples e normal, pode viver a fraternidade social de forma estável e de acordo com as suas peculiaridades no campo da cidadania política.

De fato, como observa a encíclica, até o bom samaritano “precisou da existência de uma estalagem que lhe permitisse resolver o que não estava em condições de garantir sozinho, naquele momento” (FT 165). Assim, na sociedade política, todos – inclusive o próprio Estado – precisam que os cidadãos e sociedades intermediárias cumpram a sua tarefa cotidiana nos diversos âmbitos da convivência e do trabalho profissional. É necessário que todos, em suas relações, sejam continuamente estalajadeiros e, portanto, irmãos, não só no acolhimento e no cuidado do outro na família e nas várias comunidades fundadas na amizade e na confiança, mas também nos outros âmbitos de relacionamento.

Nesse sentido, as ações propriamente cívicas e políticas são também exercício de fraternidade, pois se dirigem às pessoas, da mesma forma que todo gesto fraterno de amor, de cuidado mútuo, é também uma ação cívica e política, pois constrói verdadeiramente uma sociedade melhor (FT 181). Sem dúvida, na sociedade política as relações tendem a ser extensas e anônimas, mas isso não exclui a sua dimensão fraterna. Quem, por exemplo, limpa uma praça − seja como funcionário municipal ou como usuário desse espaço − ao fazê-lo respeita e cuida de todos os outros cidadãos, mesmo que não conheçam os seus rostos e não tenham uma relação direta específica com eles; exerce a amizade cívica, o amor social ou a fraternidade social, ou seja, aquela relação de benevolência (querer o bem do outro) baseada na coparticipação e na responsabilidade comum pelo bem público. Exerce assim uma fraternidade que pode evoluir para uma virtude social, uma disposição firme e habitual de agir sempre no respeito-promoção do bem dos outros; uma virtude que, por sua vez, pode gerar inúmeras formas de solidariedade. À medida que se estenda mais para o ambiente social, essa conduta solidária também ajudará a construir a cultura de toda a cidade.

O exercício da fraternidade social traduz-se, assim, na personificação do estalajadeiro no cotidiano nas diversas áreas de relacionamento: respeitar as regras de trânsito ao dirigir, pagar impostos, realizar o trabalho com responsabilidade e eficiência, não admitir práticas ilícitas (“subornos” , corrupção etc.) em benefício próprio ou alheio, dar importância às boas maneiras, comportar-se honestamente em todas as situações, usar a inteligência criativa para atender às necessidades próprias e alheias.

Maria Aparecida Ferrari* Professora Associada de Ética Aplicada na Faculdade de Filosofia da Pontifícia Universidade da Santa Cruz (Roma)

Fonte: https://opusdei.org/pt-br

Francisco: missão, inquietação e alegria de levar o Evangelho

Papa Francisco e a alegria de levar o Evangelho | Vatican News

Na Audiência Geral, o Papa falou sobre São Francisco Xavier, seu zelo apostólico e seu desejo de tornar Jesus conhecido nas terras mais distantes e desconhecidas, como a China. O convite aos jovens: "Olhem o horizonte do mundo, olhem os povos tão necessitados, olhem para tantas pessoas que sofrem, que precisam de Jesus".

https://youtu.be/WOi3P9Ant4c

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco prosseguiu com o ciclo de catequeses sobre o zelo apostólico, na Audiência Geral desta quarta-feira (17/05), na Praça São Pedro, falando sobre a figura de São Francisco Xavier, "considerado, alguns dizem, o maior missionário dos tempos modernos". Segundo o Papa, "não se pode dizer quem é o maior, quem é o menor. São tantos os missionários ocultos que hoje fazem muito mais do que São Francisco Xavier, considerado o padroeiro das missões, como Santa Teresa do Menino Jesus".

“Mas, um missionário é grande quando vai. E são muitos, muitos, sacerdotes, leigos, religiosas, que vão para as missões.”

Inclusive da Itália. Muitos de vocês. Eu vejo por exemplo, quando chega uma história de um sacerdote candidato a bispo: ele passou dez anos na missão daquele lugar. Isso é grande: sair de seu país para pregar o Evangelho. É o zelo apostólico. Isso devemos cultivar muito e olhando para a figura desses homens, dessas mulheres, a gente aprende.

Francisco Xavier era cheio de zelo apostólico

Francisco Xavier nasceu numa família nobre, mas pobre de Navarra, no norte da Espanha, em 1506. Estudou em Paris. É um jovem mundano, inteligente e bom. Ali, encontrou Inácio de Loyola que o induz "a fazer os exercícios espirituais e muda sua vida. Ele deixou toda a sua carreira mundana para se tornar um missionário. Ele se tornou um jesuíta, fez os votos. Depois tornou-se sacerdote, e foi evangelizar, enviado ao Oriente. Naquela época as viagens dos missionários ao Oriente eram enviá-los para mundos desconhecidos. E ele foi, porque estava cheio de zelo apostólico".

"Partiu assim o primeiro de um numeroso exército de missionários apaixonados dos tempos modernos, prontos a suportar dificuldades e perigos imensos, a chegar a terras e a encontrar povos de culturas e línguas totalmente desconhecidas, impelidos unicamente pelo fortíssimo desejo de tornar Jesus Cristo conhecido e o seu Evangelho", disse ainda o Papa.

Em pouco mais de onze anos, realizará uma obra extraordinária. Naquela época, as viagens de navio eram muito árduas e perigosas. Muitos morriam durante a viagem, devido a naufrágios ou doenças.

“Infelizmente, hoje morrem porque os deixamos morrer no Mediterrâneo.”

Nos navios ele passou mais de três anos e meio, a fim de ir para a Índia, depois da Índia para o Japão. Como ele se movia!

Inquietação de um apóstolo

Chegou a Goa, na Índia, capital do Oriente português, capital cultural e também comercial. Francisco Xavier estabeleceu ali a sua base, mas não permaneceu ali. Foi evangelizar os pescadores pobres da costa meridional da Índia, ensinando o catecismo e orações às crianças, batizando e curando os enfermos. Depois, durante uma prece noturna diante do túmulo do apóstolo São Bartolomeu, sente que deve ir além da Índia. Deixou em boas mãos a obra já iniciada e zarpa corajosamente para as Molucas, as ilhas mais longínquas do arquipélago indonésio.

"Para estas pessoas não havia horizontes, iam mais além. Estes santos missionários tiveram coragem! Também os de hoje que não vão de navio por três meses, mas de avião por 24 horas. Depois, estando lá é a mesma coisa. Percorrem muitos quilômetros, entram nas florestas. Nas Molucas, põe o catecismo na língua local e ensina a cantar o catecismo", frisou o Papa. "Um dia, na Índia, encontrou um japonês que lhe falou do seu país distante, onde nunca nenhum missionário europeu ainda tinha ido. Francisco Xavier tinha a inquietação de um apóstolo, de ir mais longe, mais longe, e decidiu partir o mais depressa possível. No Japão, as sementes plantadas darão frutos abundantes", disse ainda Francisco.

Jovens, olhem Francisco Xavier

"No Japão, o grande sonhador Francisco Xavier compreendeu que o país decisivo para a missão na Ásia era outro: a China. Com a sua cultura, história e grandeza, exercia efetivamente um predomínio sobre aquela parte do mundo. Ainda hoje a China é um polo cultural, com uma grande história, uma história bonita. Mas o seu plano falhou: ele morreu às portas da China, numa ilha, na pequena ilha de Sanchoão, na costa chinesa, na vã espera de poder desembarcar em terra firme, perto de Cantão", sublinhou o Papa. "Em 3 de dezembro de 1552, ele morreu em total abandono, apenas um chinês estava ao seu lado para vigiá-lo. Assim termina a viagem terrena de Francisco Xavier, aos quarenta e seis anos. A sua atividade extremamente intensa estava sempre vinculada à oração, à união mística e contemplativa com Deus. Ele nunca abandonou a oração, porque sabia que ali havia força", sublinhou. "Onde quer que se encontrasse, cuidava dos doentes, dos pobres e das crianças. Não era um missionário "aristocrático": estava sempre com os mais necessitados, com as crianças necessitadas de educação, de catequese. Os pobres, os doentes. Ia direto às fronteiras da assistência", destacou.

"Muitos jovens hoje sentem a inquietação e não sabem o que fazer com essa inquietação", disse ainda o Papa, acrescentando:

“Olhem Francisco Xavier, olhem o horizonte do mundo, olhem os povos tão necessitados, olhem para tantas pessoas que sofrem, tantas pessoas que precisam de Jesus, e vão, tenham coragem. Ainda hoje existem jovens corajosos.”

Penso em muitos missionários, por exemplo, em Papua Nova Guiné, penso nos meus amigos, jovens, que vivem na Diocese de Vanimo (Papua Nova Guiné), e em todos aqueles que foram jovens evangelizar na esteira de Francisco Xavier. Que o Senhor nos dê a todos a alegria de evangelizar, a alegria de levar adiante esta mensagem tão bonita que nos torna felizes.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Pascoal Bailão

São Pascoal Bailão | A12

17 de maio

São Pascoal Bailão

Pascoal nasceu na cidade de Torrehermosa, Reino de Aragão, Espanha, em 1540 – no dia de Pentecostes, conhecido no país como “Páscoa do Espírito Santo”, daí o seu nome. Sua família era pobre, de camponeses extremamente virtuosos, e desde criança trabalhou como pastor de ovelhas para outros. Isolado, nos campos, admirava a natureza, reconhecendo nela a mão de Deus, e aproveitando o tempo, a solidão e o ambiente para rezar.

Tinha enorme interesse em aprender a ler e escrever, sendo muito autodidata, e também, na impossibilidade de ir à escola, pedindo por caridade a todos que encontrava no caminho, ao levar o rebanho, que lhe ensinasse as letras de um livro que carregava consigo. Sempre um livro de oração, ou sobre a vida de Jesus, ou de algum santo, pois seu interesse era unicamente conhecer melhor a religião.

Aos 18 anos, pediu admissão no convento dos Franciscanos Reformados de Santa Maria de Loreto, chamados Alcarinos pela influência de São Pedro de Alcântara, mas não foi aceito.

Seu rico patrão, piedoso e admirando suas qualidades, quis adotá-lo como filho e fazê-lo seu herdeiro, mas pascoal recusou, pois tinha o propósito de vida consagrada e temia que os bens terrenos o atrapalhassem neste caminho. Na sua pobreza, dividia o que recebia para a própria subsistência com os necessitados.

Aos 20 anos decidiu ir para o reino de Valência, em busca de admissão no convento dos franciscanos descalços, em região desértica próxima a Monteforte. O superior quis testá-lo, e pediu que primeiramente cuidasse dos rebanhos dos habitantes vizinhos. Isto Pascoal fez com grande humildade, e em breve ficou conhecido como o “santo pastor”. Em 1564, finalmente foi admitido como irmão converso no noviciado; recusou o convite para ser incluído no coro entre os religiosos, por se achar indigno.

Também se achava indigno do sacerdócio e de assim poder tocar Jesus Eucarístico com as próprias mãos. Assim permaneceu irmão leigo a vida toda, procurando os serviços mais humildes no convento. Trabalhou como porteiro, hospedeiro, enfermeiro, na cozinha e refeitório, como ajudante de serviços gerais ou urgentes. Aproveitava todas as oportunidades de prestar aos outros qualquer serviço penoso e humilhante, tendo-se por muito honrado com isso.

Com o tempo, seu fervor aumentou, e procurou acrescentar novas austeridades à Regra; mas era obediente e, sem apego à própria vontade, se advertido pelos superiores de algum exagero, abandonava tais mortificações. De toda a forma, sua rotina incluía penitências constantes, pouca alimentação, oração constante, mesmo durante o trabalho; tinha apenas um hábito, velho pelo uso, andava descalço na neve e nos caminhos mais ásperos, distribuía com os pobres as sobras da comida dos frades, rezando com eles antes e depois das refeições.

Observava exemplarmente a regra, e sempre tratava a todos com respeito, caridade e afabilidade. Jamais se queixava com a mudança de convento, que, para evitar apegos secretos do coração, ocorria regularmente de acordo com o costume da Ordem.

Em 1576, foi encarregado de levar documentos importantes ao Padre Geral da Ordem, em Paris. Viagem perigosa (que fez descalço), pois quase todo o trajeto incluía cidades dominadas pelos huguenotes calvinistas, muito hostis à Igreja, e seu hábito franciscano o evidenciava.

O perigo de vida era real. Duas vezes foi preso como espião; foi atacado com pedras e bastões, insultado, ridicularizado; em Orléans, quase foi apedrejado por uma disputa sobre a Eucaristia, negada pelos hereges; um ferimento no ombro o incomodou pelo resto da vida. De tudo Deus o livrou.

De volta à Espanha, retomou no mesmo dia da chegada, apesar do evidente cansaço, seus trabalhos no convento. Nunca comentou os perigos da viagem, limitando-se a responder com poucas palavras às perguntas feitas, e suprimindo qualquer coisa que lhe pudesse ser elogiado.

Pascoal era devotíssimo de Nossa Senhora, a Quem continuamente pedia a intercessão para obter a pureza de alma, da Paixão de Cristo e também da Eucaristia, passando horas e noites inteiras diante do Santíssimo. Sem ter estudado Teologia, escreveu uma Coleção de Máximas provando a presença real de Jesus na hóstia e no vinho consagrados, bem como no poder divino transmitido ao Papa. Este livreto chegou às mãos de Gregório XIII, e o Pontífice apelidou Pascoal de “Serafim da Eucaristia”.

Muitas vezes o observaram em êxtase, e também flutuando durante as horas de Adoração Eucarística. Nos seus últimos anos de vida, passava a maior parte das noites ajoelhado ou prostrado diante do altar.

 Após a Comunhão, faleceu em Villa Real, Valência, com 52 anos, alquebrado pelas provações, jejuns constantes e privações corporais, aos 17 de maio de 1592 – assim como a data do seu nascimento, um dia de Pentecostes. Grande número de milagres ocorreu no período de três dias de exposição do seu corpo. São Pascoal é patrono dos Congressos Eucarísticos.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Não há quem, contemplando sinceramente a Natureza, não possa chegar a Deus, como indica São Paulo na sua carta aos romanos (cf. Rm 1,21-25). É preciso saber “ler neste livro”, e não foi outro o interesse de São Pascoal Bailão em aprender as letras: queria conhecer a Palavra. Muito empenho e interesse dedicamos a muitas coisas, mas a que ponto naquelas de Deus e da Igreja? É certo que crescemos em santidade e alegria se, como este santo, dedicarmos amor e tempo à devoção para com Nossa Senhora, a Paixão de Cristo e a Eucaristia – Deus vivo entre nós! – porém, o fazemos? Com seriedade? Não se diga que as atividades diárias o impedem, pois também Pascoal as tinha, e mesmo em viagem, aliás árdua, não deixou de buscar a intimidade com Deus. Vale a pena, se quisermos viver as duas primeiras proposições da seguinte afirmação de São Pascoal, prestar atenção na terceira: “Precisamos ter um coração de filho para Deus; um coração de mãe, para o próximo; um coração de juiz, para si". O chamado “santo pastor” não quis contudo ser sacerdote, por se achar indigno de ter a permissão de segurar, nas próprias mãos, a Hóstia Consagrada, Jesus Cristo vivo e presente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Que tipo de juízes somos, de coração, para não nos importarmos com os abusos litúrgicos na Santa Missa? Pode ser que a Igreja determine períodos de exceção, mas o correto é que os fiéis recebam a Eucaristia de joelhos e diretamente na boca, das mãos ungidas – só elas – do sacerdote. Não é meramente uma questão de higienização manual, é uma questão de direito e dignidade específicas que só os presbíteros têm. Se tão negligentes são assim os fiéis com as coisas de Deus, também no momento mais sagrado do mais sagrado dos momentos que é a Santa Missa, como desejar sinceramente que o mundo em que vivemos se aproxime mais de Deus? Acaso serão os ateus, hereges e idólatras os responsáveis por louvar corretamente a Deus?

Oração:

Ó Deus e Senhor Nosso, Bom Pastor, por intercessão de São Pascoal Bailão, dai-nos a graça de sermos santas ovelhas, não deixando passar frivolamente o sacrifício da Vossa Santa Páscoa redentora, para que no Vosso Pentecostes definitivo se manifeste, também, mais o nosso amor verdadeiro a Vós, à Vossa Igreja e aos irmãos, do que os nossos pecados de indiferença, descaso e comodismo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

terça-feira, 16 de maio de 2023

Após 9 anos sem ordenação, diocese tem novo sacerdote

Facebook I Alexis Oser / Père Alexis Oser

Por Reportagem local

Uma vocação que causou uma onda de alegria na comunidade.

Um momento que os fiéis da diocese de Alto Valle de Río Negro, no norte da Patagônia argentina, esperavam ansiosamente! Depois de nove anos sem ordenação, a diocese tem um novo sacerdote, o padre Alexis Oser.

 A missa de ordenação de foi presidida pelo Bispo de Alto Valle, Dom Alejandro Benna, e aconteceu Catedral Nossa Senhora do Carmo, em General Roca, cidade onde o novo pároco, de 27 anos, servirá. A última ordenação na diocese foi a do Padre Vicente Alberto Bó, em 2014. Ele faleceu em 2021 de Covid-19.

O padre Alexis nasceu em uma família de três meninos e, embora tenha recebido uma educação católica, sua família não era religiosa. O jovem sacerdote reconhece que a sua vocação “nasceu na missão e entre os doentes”. Ele garante que a vocação “é um dom, um dom de Deus. Você só precisa se abrir para esta graça, estar disponível”, disse ele. 

Nascido na cidade de Catriel, o padre Alexis Oser começou a frequentar a Infância Missionária em um bairro modesto de sua cidade aos sete anos de idade. Essa experiência e seu encontro com uma freira chamada Irmã Nieves marcaram a vida dele. Ele era apenas uma criança quando começou a “conhecer Jesus e chamá-lo de amigo”, disse ele. 

A vocação começou a tomar forma quando, aos 15 anos, visitou um doente terminal com leucemia no hospital da cidade de Cinco Saltos, com um pároco e um seminarista que lhe dariam a unção dos enfermos. Naquele momento, Alexis percebeu que a ciência e a medicina não eram suficientes para acabar com o sofrimento das pessoas. Tinha que haver outra coisa: Deus!

Fonte: https://pt.aleteia.org/

O Espírito Santo é “quem faz a transformação dos nossos corações”, diz bispo espanhol

Imagem ilustrativa / padre Mario Sandoval - Cathopic

MADRI, 15 Mai. 23 / 01:12 pm (ACI).- O Espírito Santo é quem faz de modo silencioso, humilde e eficaz "a transformação dos nossos corações" para que seja possível a vida cristã, que é "Cristo em nós, para nos parecermos com Ele, para vivermos como Ele viveu", diz o bispo de Córdoba, Espanha, dom Demétrio Fernández, em sua carta semana cujo tema foi o Espírito Santo.

Para Fernández, a função do Espírito Santo “é unir, porque brota da comunhão do Pai e do Filho”. É “um personagem silencioso e discreto” que sustenta a vida do cristão mesmo que não perceba, porque "não tem um papel de ostentação, mas de eficácia".

Esta eficácia é evidente no fato de que “Ele é o autor da Encarnação do Filho, um mistério insondável, através do qual Deus veio do seu mundo ao nosso”.

“É o abraço, o beijo de amor” entre o Pai e o Filho e que Cristo envia a sua Igreja para santificá-la, acrescenta.

O Espírito Santo, diz o bispo, também "foi o motor do coração de Cristo", aquele que infundiu n’Ele "o desejo redentor", aquele que o conduziu à "entrega suprema na Cruz" e que o ressuscitou do sepulcro.

Dom Fernández diz que a palavra "Paráclito", com a qual se designa o Espírito Santo, significa "aquele que está ao nosso lado e fala em nosso nome antes de um julgamento".

Assim, Jesus, "o primeiro advogado de defesa", promete-nos "um outro Paráclito que estará sempre conosco, sempre nos defenderá, vai nos introduzir na gozosa intimidade do Pai e do Filho, incendiará os nossos corações, infundirá em nós o desejo redentor de Cristo".

“Jesus fala deste Espírito e cumprirá sua promessa quando o enviar à sua Igreja no dia de Pentecostes”, diz dom Fernández.

Por isso, conclui dom Fernández, “é necessário recorrer continuamente à sua ação, pedi-la, desejá-la, preparar-nos para recebê-la”.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Ser e tornar-se irmãos na convivência sociopolítica (2/5)

Ser e tornar-se irmãos | Opus Dei

Ser e tornar-se irmãos na convivência sociopolítica

Uma das novidades mais importantes da encíclica “Fratelli Tutti” é o vínculo que ela postula entre a fraternidade e o bem comum político. Oferecemos o estudo de Maria Aparecida Ferrari, publicado no boletim Romana.

04/05/2023

1. Natureza relacional do bem comum político

O conceito “relacional” aplicado ao bem comum político põe em evidência algo novo em relação aos pressupostos mais difundidos na filosofia e nas ciências sociais. Enquanto nestas o bem comum costuma ser concebido em termos de “propriedade” dos cidadãos ou do Estado, a compreensão relacional o identifica essencialmente como aquela forma de convivência que permite aos sujeitos sociais perseguir seus próprios fins com autonomia e responsabilidade. Deste ponto de vista, o bem comum político consiste no “conjunto das condições da vida social que permitem, tanto às associações como a cada um de seus membros, alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição” − e compreende “direitos e deveres que dizem respeito a todo o gênero humano”.

Com base nessa definição, o fim comum, a vida boa na convivência política, é constituído prioritariamente por relações humanas de qualidade, de tal modo que alcançar o bem comum é gerar, preservar e fortalecer as relações que permitem que indivíduos e grupos caminhem livremente para aquele bem de todos que enriquece também o próprio bem particular. Com efeito, das relações humanas derivam os bens necessários à plenitude dos sujeitos sociais, de modo que o bem pessoal e o bem comum são gerados e possuídos conjuntamente, são relacionais.

No pensamento moderno, desenvolveu-se uma compreensão diferente do bem comum político, entendido como um bem coletivo, material, útil, que o Estado deve colocar à disposição de todos os indivíduos. Deste ponto de vista, o “comum” corresponderia essencialmente à soma dos bens individuais ou ao conjunto dos elementos físicos, vantagens, técnicas ou leis que facilitam o progresso material.

Na perspectiva da doutrina social cristã, ao contrário, o bem comum político não pode ser reduzido à esfera dos bens úteis, porque é antes de tudo um bem humano, isto é, uma resposta às exigências fundamentais da dignidade da pessoa, que são o fundamento decisivo, mas também o horizonte ou fim último da convivência. Portanto, o bem comum político vai além do estritamente político, isto é, da ação de governar a cidade, o que implica, por um lado, que nenhuma realidade associativa, nem mesmo a sociedade política como tal, pode alcançar por si só a totalidade dos bens humanos e, por outro, que nenhuma delas pode ser autônoma perante as outras em relação ao bem do ser humano como tal.

Da mesma forma, se o bem comum é sobretudo o vínculo social do qual dependem tanto os fins materiais como os fins racionais ou espirituais, será necessário concluir que o cidadão não encontra a sua realização em si mesmo, mas na interação “com” os outros e “ para” os outros.

A compreensão cristã do bem comum sustenta, com efeito, que as pessoas, individualmente e em associação, assim como a própria sociedade política, são chamadas a pôr em prática aquela “fraternidade aberta, que permite reconhecer, valorizar e amar todas as pessoas independentemente da sua proximidade física, do ponto da terra em que cada uma nasceu ou habita” (FT 1).

Não poderia ser de outro modo, pois não é das fábricas, nem da imposição de leis, que procedem certos bens essenciais da convivência, como a paz, a justiça, o amor ao próximo, a gratuidade, o perdão, a proteção do meio ambiente, o amor pelo bem dos outros, o exercício da liberdade orientada para o bem coletivo, a gratidão, a laboriosidade etc. Estes são bens comuns e eminentemente políticos, uma vez que são pessoais e relacionais, e o papel da autoridade política consiste em apoiá-los e, na medida do possível, em promover o tecido de relações em que surgem e crescem. Como? Garantindo e promovendo a liberdade dos indivíduos e grupos. Aí está o precioso serviço específico que o Estado é chamado a prestar à dignidade de cada pessoa e à vida social politicamente organizada. A Fratelli Tutti põe isso em evidência, citando Ricoeur: “de fato, não há vida privada, se não for protegida por uma ordem pública; um lar acolhedor doméstico não tem intimidade se não estiver sob a tutela da legalidade, de um estado de tranquilidade fundado na lei e na força e com a condição de um mínimo de bem-estar garantido pela divisão do trabalho, pelas trocas comerciais, pela justiça social e pela cidadania política” (FT 164).

Assim, fica claro que, na perspectiva da encíclica, os agentes do bem comum político não são apenas os órgãos estatais ou a sociedade civil. O bem comum político é tarefa conjunta das instituições políticas e dos atores sociais, isto é, dos cidadãos e das sociedades intermediárias.

No entanto, na cultura contemporânea é recorrente uma visão muito diferente do bem comum político e da função dos governantes e governados, o que dificulta a prática da fraternidade e sua manutenção no âmbito sociopolítico. Tende-se a relegar o bem comum para o âmbito das funções do Estado, encarregado de instaurar a justiça por meio de leis que garantam claramente a realização dos interesses públicos e de reprimir as condutas antissociais com sanções penais e administrativas. Essa atitude leva a perder de vista a constatação de que as leis civis não são suficientes para garantir a justiça nas relações sociais e políticas, e que a busca do bem comum por meio do endurecimento progressivo dos controles legais gera passividade na sociedade, já que anima os cidadãos a acreditar que o que está indo mal vem de algum defeito ou deficiência nas leis. Além disso, desvia a atenção dos cidadãos da questão mais importante, ou seja, seu próprio dever de se comprometer com o bem comum individualmente ou em união com os outros. Em suma, em vez de estimular a solidariedade, a cooperação fraterna e o espírito de iniciativa nos sujeitos sociais, fomenta a mentalidade do mínimo esforço, do descuido, da indiferença e do descarte, de modo que a atitude socialmente passiva acaba se impondo: “Eu cuido da minha vida, obedeço às leis, pago meus impostos, não faço mal a ninguém; todo o resto, isto é, as necessidades dos outros, é assunto dos governantes”.

A partir desta perspectiva, a convivência sociopolítica é identificada com a dupla vertente de “cidadãos ocupados com os bens privados” e “Estado ocupado com os bens públicos”, combinação que em muitos lugares tem levado o Estado a se apropriar de atividades que são de competência dos cidadãos, como o início e fim da vida, a educação e a escolarização, a saúde e o combate à pobreza. Dessa maneira, formou-se o estado de bem-estar, denunciado na encíclica Centesimus annus. A grande expansão da esfera de intervenção do Estado, recordava São João Paulo II, “levou a constituir, de algum modo, um novo tipo de estado, o Estado do bem-estar”. No esforço por combater as formas de pobreza e privação indignas da pessoa humana, prossegue o documento, “não faltaram excessos e abusos que provocaram, especialmente anos mais recentes, fortes críticas ao Estado do bem-estar, qualificado como ‘Estado assistencial’. As anomalias e defeitos, no Estado assistencial, derivam de uma inadequada compreensão das suas próprias tarefas. Também neste âmbito também se deve respeitar o princípio de subsidiariedade”.

Em oposição a este processo e em consonância com a Fratelli Tutti, devemos observar que, ao contrário, o bem comum ao qual se ordena a vida em sociedade é em si mesmo manifestação e exercício de fraternidade, promoção do bem do próximo que configura o bem pessoal: um horizonte de irmandade em que no ato de facilitar o bem do outro se alcança o próprio bem.

O rosto cívico-político da fraternidade resplandece, portanto, nas ações individuais e sociais que geram o bem comum, ou seja, que promovem as condições vitais e relacionais que permitem a cada um alcançar seus fins com liberdade e responsabilidade. Nesta perspectiva, tudo se converte em uma oportunidade de ser irmão ou irmã.

Maria Aparecida Ferrari* Professora Associada de Ética Aplicada na Faculdade de Filosofia da Pontifícia Universidade da Santa Cruz (Roma)

Fonte: https://opusdei.org/pt-br

Ano da Juventude

JMJ - Lisboa 2023 | Vatican News

ANO DA JUVENTUDE

Dom Adelar Baruffi
Arcebispo Metropolitano de Cascavel

De 01 a 06 de agosto de 2023, teremos a XXXVII Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa. Nossos grupos paroquiais, que são tantos, já estão se movendo para irem no encontro. É, simultaneamente, uma peregrinação, uma festa da juventude, uma expressão da Igreja universal e um momento forte de evangelização do mundo juvenil. Com uma identidade claramente católica, é aberta a todos, quer estejam mais próximos ou mais distantes da Igreja. É para todos que querem ir. Normalmente são muitas pessoas que vão, independentemente do local, como foi aqui no Rio de Janeiro, em 2013. Sempre, o ícone principal é a Cruz Peregrina, de Jesus Cristo, que acompanha os jovens pelo mundo inteiro e o ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani.

Desde a primeira edição, que se realizou na cidade de Roma em 1986, com São João Paulo II, a Jornada Mundial da Juventude tem-se evidenciado como um lugar propício de fé, um lugar de nascimento de vocações ao matrimônio e à vida Consagrada e um instrumento de evangelização e transformação da Igreja. Visa proporcionar a todos os participantes uma experiência de Igreja universal, fomentando o encontro pessoal com Jesus Cristo. Tendo os jovens como protagonistas principais, a Jornada Mundial da Juventude procura também promover a paz, a união e a fraternidade entre os povos e as nações de todo o mundo. Imaginemos tantos jovens conversando, cada um na sua língua!

Dirigindo-se particularmente aos jovens, desafiando-os a serem missionários corajosos, o Papa Francisco escreve na Exortação Apostólica Christus Vivit: “Onde nos envia Jesus? Não há fronteiras, não há limites: Ele envia-nos a todos. O Evangelho não é para alguns, mas para todos” (CV 177). Nosso Papa sempre escreve uma carta, como indicação do tema da reflexão, que neste ano será: “Maria levantou-se e partiu apressadamente” (Lc 1, 39). A Mãe do Senhor é modelo dos jovens em movimento, jovens que não ficam imóveis diante do espelho em contemplação da própria imagem, nem “alheados” nas redes.

Assim, o Santo Padre e cada um de nós sonhamos nossos jovens: felizes e alegres, prontos para irem onde for preciso. Lembremos que estamos também no nosso Ano Vocacional de 2023. Este é o ano de se voltar para si mesmo, através de todas as dinâmicas propostas, e se perguntar: o que Deus quer de mim? Como posso seguir a Ele?

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF