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segunda-feira, 3 de julho de 2023

Documento Sinodal: Instrumentum Laboris

Instrumentum Laboris (Vatican News)

DOCUMENTO SINODAL: INSTRUMENTUM LABORIS

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)

Documento Sinodal: Instrumentum Laboris  

(Primeira sessão da Assembleia Sinodal) – outubro de 2023 

A Igreja vive o Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade na Igreja que terá a sua primeira sessão em outubro desse ano, em Roma. A palavra sínodo significa caminhar juntos, ou seja, todo o povo é chamado a caminhar junto com a Igreja, em vista de uma renovação. De tempos em tempos, a renovação é necessária, em todos os sentidos, seja na maneira de evangelizar, na formação dos novos padres, na catequese e até mesmo na celebração da missa.  

Assim, é necessário mudar a linguagem e de que maneira abordaremos certos assuntos a grupos de pessoas específicos. É preciso sair de nossas sacristias e ir ao encontro das pessoas. O Papa Francisco sempre insiste, desde o início de seu pontificado, que o pastor tem que sentir o cheio das ovelhas e é preciso estar junto delas. Mostrar aquilo que está no DNA da Igreja, que é ser misericordiosa, do mesmo modo que Deus é misericórdia. Isso também é uma forma da Igreja se renovar, é nessa tecla que o Papa insiste desde que assumiu o pontificado.  

Este sínodo teve seu início em 2021, quando o Papa o convoca em outubro daquele ano, iniciando nas Igrejas locais. A primeira pergunta que suscitou ao povo de Deus naquele momento era o que eles entendiam por Sínodo e se sabiam o que significa o termo “caminhar juntos”. O Espírito Santo é sempre o protagonista da missão, desde quando Jesus enviou os discípulos e deu início à Igreja primitiva. O Espírito Santo ilumina a vida de fé do cristão, desde o seu batismo até a vida adulta. Esse mesmo Espírito guia e conduz a Igreja e conduz os trabalhos do Sínodo dos Bispos.  

Os bispos e os demais membros sinodais, lembrando que o Papa Francisco abriu a possibilidade da participação de presbíteros, leigos, leigas, consagrados e até bispos eméritos, revisarão tudo aquilo que o povo de Deus escreveu na etapa diocesana e, na medida do possível, colocarão em prática. Por isso, o sínodo significa caminhar juntos. O cristão é aquele que traz consigo a alegria e deve irradiar essa alegria aos demais. A Igreja deve se encher dessa alegria para evangelizar e ser sal na terra e luz no mundo.  

Ainda na assembleia que acontecerá em Roma, em outubro, os bispos escutarão com atenção aquilo que foi trabalhado na fase diocesana. Volto a dizer, como já insistiu por diversas vezes o Papa Francisco que é preciso retomar a cultura do encontro, ou seja, ir ao encontro daqueles que foram batizados e que por algum motivo abandonaram a fé.  

Desde o Concílio Ecumênico Vaticano II, a participação dos leigos é de extrema importância na vida da Igreja e é preciso escutá-los para que a haja uma renovação. É claro que sempre na devida proporção e para que não percamos o mistério central na Eucaristia.  

O documento “Instrumentum Laboris” diz ainda que uma Igreja sinodal é aquela em que todos se reconhecem irmãos a partir do batismo, pois nos tornamos membros do Corpo de Cristo que é a Igreja. Ele é a cabeça e nós somos os membros, e ainda somos convidados a cuidar uns dos outros. Se um membro se desliga da cabeça e abandona o corpo, temos que ir atrás desse membro para que se junte ao corpo novamente e se reconecte à cabeça.  

Uma Igreja sinodal só pode existir se haver comunhão entre os membros, sejam eles clérigos ou leigos. No início da missa, aquele que preside diz: “A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco” E todo o povo responde: “Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo”. A Santíssima Trindade deve ser exemplo de comunhão para todos nós, e é em nome dela que nos reunimos não somente para celebrar a Missa, mas em vários outros momentos de oração e de reflexão. É em nome da Santíssima Trindade e em perfeita comunhão de amor com ela que a Igreja se reúne para realizar o Sínodo. É importante que a Igreja seja sempre sinodal, ou seja, que tenha sempre o desejo de caminhar junto, leigos e clérigos, e em suas estruturas e instituições.  

O documento ainda diz que uma Igreja sinodal é uma Igreja que escuta, por isso, teve a fase diocesana, para poder ouvir o povo de Deus e a partir dos documentos que as dioceses enviaram para a Santa Sé, o Papa com os demais membros do Sínodo, estudarão para que na medida do possível, o que foi enviado seja colocado em prática. É preciso que a Igreja esteja próxima do povo e caminhem juntos para anunciar o Reino de Deus.  

Uma Igreja sinodal é uma Igreja do encontro e do diálogo, ou seja, uma Igreja que caminha junto com o povo. Quem suscita no coração de todos aquilo que de fato deve ser o Sínodo é o Espírito Santo, que é o protagonista da missão e aquele pelo qual acontecem os sacramentos.  

Uma Igreja sinodal é uma Igreja aberta e que acolhe a todos. Jesus não condenou ninguém, pelo contrário, perdoava e amava a todos, até os próprios inimigos. Jesus nos ensinou o mandamento do amor e a Igreja como testemunha de Cristo nos dias de hoje deve viver o amor e não condenar ninguém.  

Sejamos uma Igreja samaritana que acolhe a todos com amor e misericórdia, sejamos comunhão e não façamos nada da nossa cabeça, mas usemos aquilo que a Igreja nos ensina. Rezemos pelo Sínodo e caminhemos juntos com a Igreja para que o Evangelho continue a ser anunciado nos dias de hoje.  

Sejamos uma Igreja em saída, conforme nos pede o Papa Francisco, sejamos uma Igreja renovada e que cada um possa trazer de volta um fiel que tenha se afastado da Igreja. Peçamos ao Espírito Santo que suscite sempre “ventos novos” para a Igreja e que saibamos usar a linguagem adequada para nos comunicar com a sociedade de hoje.  

Segue abaixo a oração que podemos fazer pedindo a luz do Espírito Santo para o Sínodo:  

Espírito Santo! 

Eis-nos aqui, diante de Vós, reunidos em vosso Nome.
Nosso defensor,
Vinde,
ficai conosco;
tomai posse do nosso coração.
Mostrai-nos o destino,
caminhai conosco,
conservando-nos em comunhão.
Ai de nós, pecadores, se cairmos na confusão!
Não o permitais.
Iluminai a nossa ignorância,
libertai-nos da parcialidade.
Senhor que dais a vida,
em Vós, a unidade,
convosco, a verdade e a justiça;
em marcha até à vida sem ocaso: nós vos suplicamos.
Vós que soprais onde e como desejais,
a todos dando a possibilidade de passar, com Jesus, ao Pai: nós vos adoramos,
agora e sempre. Amém.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Amazônia, mulheres que fazem a Igreja

Uma mulher indígena da Amazônia (Tiago Miotto Cimi)   (@Cimi

Na edição de julho da revista mensal "Donne Chiesa Mondo" do jornal L'Osservatore Romano, que saiu no dia 1º de julho, o artigo sobre a contribuição das mulheres para a vida da Igreja católica na imensa região da América Latina. Com mais de 5.500 fiéis por sacerdote, são os leigos e leigas na Amazônia que impulsionam as comunidades e são muitas as ministras que presidem a liturgia, conduzem orações e cantos em funerais e vigílias, proferem homilias.

De Lucia Capuzzi

"Tão invisíveis quanto imprescindíveis". Esses são os dois adjetivos com os quais a Assembleia Eclesial da América Latina, experiência inédita realizada em Cidade do México, em novembro de 2021, sintetizou a condição da mulher na Igreja nesta região. Os números confirmam o papel importante do componente feminino: as catequistas são mais de 600 mil, as agentes pastorais engajadas apenas no campo educativo chegam quase a um milhão. A vida cotidiana, porém, evidencia o quanto as mulheres leigas e religiosas ainda são relegadas à periferia eclesial. Por isso, a Assembleia pediu fortemente para "incluir as mulheres de uma vez por todas na liturgia, nas decisões e na teologia".

Apesar da riqueza da reflexão teológica feminista e feminina, a esfera litúrgica é provavelmente aquela em que a presença das mulheres se tornou mais significativa. Na liturgia, o processo de encarnação do Concílio se revela na imensa região entre o Rio Bravo e a Terra do Fogo percorrida por seus bispos desde a Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano em Medellín em 1968.

Dois pilares de renovação: a inculturação dos ritos e práticas e o dinamismo feminino. Em ambos os casos, mais que um projeto codificado, foi uma resposta à realidade latino-americana. Na região, os indígenas são 8% dos habitantes, os afro-americanos 20% e praticamente todos são resultado da mestiçagem, da mistura de etnias, povos e culturas após o Descobrimento-Conquista. Com, em média, mais de 5.500 fiéis por sacerdote, quase o triplo da Europa, os leigos e, sobretudo, as leigas sustentam as comunidades cristãs para as quais a Eucaristia dominical tem uma importância crucial. Como os padres são escassos, a Missa é frequentemente substituída pela celebração da Palavra.

"Nas aldeias de Belém do Alto Solimões, há muitas ministras. Elas presidem a liturgia, desde o sinal da cruz inicial até a despedida final. Mesmo quando consigo ir celebrar, deixo que elas guiem e também façam a homilia, enquanto me limito à consagração eucarística", disse o frei Paolo Maria Braghini, missionário capuchinho italiano há quase vinte anos na Amazônia brasileira. Lugar onde o peso laical na transmissão e cuidado da fé católica é decisivo. "É bom que os fiéis sejam protagonistas. De fato, as fiéis aqui como agentes pastorais são fundamentais. Não só pelo grande número. São dinâmicas, fortes, criativas, resistentes. É justo que tenham reconhecimento", sublinhou o religioso. Finalmente, estão tendo agora."

O divisor de águas foi o Sínodo da Amazônia realizado em outubro de 2019 e culminando com a Querida Amazônia. Já o documento final, assumido pela exortação, pedia a revisão do Motu proprio Ministeria quaedam para que as mulheres pudessem ter acesso aos ministérios de leitora e acólita. Um convite que o pontífice aceitou em janeiro de 2021. Duas amazonenses – as equatorianas Aurea Imerda Santi e Susana Martina Santi, do povo quéchua – foram as primeiras leitoras e acólitas oficiais da Igreja católica. "Foi um bonito presente. Entre nós Ticuna sempre foram a mulheres que mantiveram a fé católica. Agora, porém, sentimos que a Igreja nos reconhece e valoriza", disse Magnólia Parente Arambula, indígena e missionária de Nazaré, na Amazônia colombiana. Uma aldeia de 1.017 habitantes sobre a qual gravita uma galáxia de comunidades satélites de algumas dezenas de pessoas que, há dez anos, Magnólia evangeliza. "E sou evangelizada", disse ela.

A liturgia Ticuna tem traços marcadamente femininos. “Sobretudo nos funerais e na vigília que os precede, as mulheres dirigem as orações e os cantos. Quanto à Eucaristia, as fiéis são encarregadas do ofertório, no qual levam o seu trabalho como oferenda ao Senhor, representado por pequenos artefatos artesanais ou produtos agrícolas. Por fim, nos 'tempos altos' do ano litúrgico, como o Natal e a Semana Santa, muitos dos ritos são celebrados por mulheres".

Não é fácil falar de 'liturgia amazônica'. A floresta é a casa de 400 culturas e línguas diferentes na concepção da vida e da fé. Portanto, com diferentes modos de “entrar no olhar que Deus tem sobre nós”, como Romano Guardini definiu a liturgia. Por isso, a Conferência Eclesial da Amazônia (Ceama), fruto do caminho pós-sinodal, lançou desde 2020 um processo de estudo para encontrar um significativo denominador comum para todos os povos originários da região. A base, real e não meramente teórica, para a elaboração de um rito amazônico que se somasse aos outros 23 que compõem a catolicidade.

"Rito não significa apenas celebrações. Ele reúne hábitos, costumes, visões cosmológicas e antropológicas. Por isso, não podemos ter pressa. O primeiro passo foi formar uma comissão de bispos, antropólogos, pastoralistas e iniciar os trabalhos no campo. A análise partiu de Manaus, no Brasil, no coração da Amazônia. Depois, vai se repetir nas dioceses antes de chegar a algo a ser proposto ad experimentum", explica Eugenio Coter, italiano que se mudou para Pando, na Bolívia, onde é vigário apostólico e representante dos bispos amazônicos na presidência da Ceama. O modelo é o do rito zairense. O mesmo que inspirou também o episcopado mexicano que, na última assembleia geral, decidiu apresentar à Santa Sé a proposta de incluir na missa alguns rituais típicos da cultura maia.

Foi formulado pela Diocese de San Cristóbal de las Casas, em Chiapas, onde mais de 70% da população é indígena. Três, em particular, as adaptações sugeridas: uma oração inicial conduzida pelo diretor, um indígena leigo de fé madura e cuja autoridade é reconhecida pela comunidade, uma dança típica após a comunhão e o serviço das 'incensadoras' para marcar o ritmo da celebração. “É principalmente um papel feminino. Incluí-lo de forma oficial – conclui o cardeal Felipe Arizmendi, um dos promotores da Missa maia – é um pequeno reconhecimento da ação de evangelização que dá vida às nossas comunidades”. Quase sessenta anos depois, a inculturação e a valorização da mulher são os dois caminhos pelos quais o Concílio continua caminhando pelo Continente.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Tomé e a relíquia do cinto de Nossa Senhora

O Santo cinto de Nossa Senhora (Guadium Press)

Depois de ser elevada aos céus de corpo e alma, reza uma piedosa e antiga tradição que a Virgem Maria teria deixado um presente ao apóstolo São Tomé.

Redação (03/07/2023 08:09, Gaudium Press) Quem, saindo de Florença, percorre vin­te quilômetros em direção ao noroeste, encontra às margens do rio Bisenzio uma cidade industrial cu­jas fábricas lhe valeram a alcunha de “Manchester da Itá­lia”. Trata-se de Prato. Essa cida­de, apesar da feiúra de suas indústrias e da simplicidade de seu nome, além de ter sido um pólo ar­tístico mui­to afamado da his­tó­ria da Tos­ca­na, abriga, em seu cen­tro velho, uma das relíquias mais tocantes da Mãe de Deus.

O ceticismo de São Tomé

É bem conhecida a história de São Tomé, um dos doze Apóstolos, que por estar ausente quando da aparição do Senhor após a Res­surreição, não quis nela acreditar, apesar do testemunho de seus com­panheiros. Só oito dias mais tarde, quando Jesus lhes apa­receu novamente, Tomé pôde constatar a verdade, colocando seus dedos na chaga do Salvador. Aí, sim, acreditou.

Passaram-se os anos e Tomé tor­nou-se um dos Apóstolos mais intrépidos, levando o Evangelho até os confins da Pérsia e da Índia. Segundo a bela tradição que chegou até nós, encontrava-se ele numa dessas longínquas regiões quando recebeu um recado de São Pedro, de que retornasse sem demora a Jerusalém, pois Maria, a Mãe do Senhor, iria deixá-los e desejava antes despedir-se de todos. Empreendeu Tomé a sua volta e mais uma vez chegou atrasado. A Mãe de Deus já havia su­bi­do aos céus.

São Tomé, mais uma vez levado pelo ceticismo, relutou em acreditar na Assunção da Santíssima Vir­gem e pediu a São Pedro que abris­se o sepulcro, para poder comprovar com os seus próprios olhos o ocorrido. Atendido o seu pedido, constatou que no túmulo vazio en­contravam-se apenas muitos lírios e rosas. Nesse mesmo momento, ao levantar suas vistas aos céus, Tomé viu Nossa Senhora na Glória, que, sorridente, desatou o cinto e lançou-o em suas mãos, co­mo símbolo de maternal bênção e proteção.

O cinto de Nossa Senhora
Relíquia do cinto de Nossa Senhora (Guadium Press)

O cinto de Nossa Senhora

Este cinto é a relíquia que se ve­nera na Catedral de Prato. Chegou de Jerusalém no ano de 1141, trazido por Michele Dagomari, ha­bitante da cidade que estivera na Terra Santa. No começo, nin­guém deu muita importância àque­la re­lí­quia de autenticidade não comprovada. Mas em 1173 a Providência valeu-se de um fato extraor­di­nário para que todos a reconhe­ces­sem como verdadeira.

No dia de Santo Estêvão, o pa­droeiro da cidade, era costume co­locarem-se todas as relíquias em ci­ma do altar para com elas aben­çoar os doentes e endemoniados. Na ocasião, foi exposta também a caixa contendo o cinto de Nossa Senhora. Aproximaram então uma possessa que, no momento em que tocou a caixa começou a afirmar com insistência que esse cinto era da Santíssima Virgem, e no mesmo instante viu-se liberada de seu mal.

Iniciou-se então o culto público à sagrada relíquia. O próprio São Francisco de Assis, em 1212, este­ve com seus primeiros frades em Prato para venerá-la. Porém, se esse culto já conta com mais de oito séculos de história, a devoção ao santo cinto de Nossa Senhora é ainda muito mais antiga: foi instituída por Santo Agostinho, que de­terminou a constituição de uma Confraria do Santo Cinto, até hoje existente entre os agostinianos.

A relíquia é exposta à venera­ção pública cinco vezes ao ano: na Páscoa, nos dias 1.º de maio, 15 de agosto, 8 de dezembro e no Natal. Nessas ocasiões, ela é colocada no púlpito externo, à direita da Catedral, defronte à bonita pra­ça medieval da cidade.

Um dos lugares de peregrinação mariana mais frequentados da Itália

Essa devoção faz com que Prato seja até hoje um dos lugares de peregrinação mariana mais frequentados da Itália. São Tomé tor­nou-se um dos Apóstolos mais intrépidos, levando o Evangelho até os confins da Pérsia e da Índia.

Se você, leitor, algum dia passar por Prato, não deixe de entrar na Catedral — aliás, uma linda rea­lização do estilo gótico toscano — e procure do lado esquerdo a Capella del Sacro Cingolo, onde poderá venerar tão extraordinária relíquia. Peça à Santíssima Vir­gem as graças de que necessita e não deixe de admirar os maravi­lhosos afrescos onde estão retra­tados, além da entrega do cinto a São Tomé, outros episódios da vida de Nossa Senhora.

Maria, mãe das misericórdias ini­magináveis, quis mostrar a São Tomé e a todos nós que, mesmo sendo teimosos em acreditar, e ainda que estejamos imersos em nossas misérias, Ela sempre esta­rá dis­posta a fazer milagres portentosos para nos confirmar na Fé e atar-nos a Ela com seu Cinto, protegendo-nos com sua maternal ter­nura.

Por Irmã Mariana Arráiz de Morazzani, EP.

Fonte: https://gaudiumpress.org/

domingo, 2 de julho de 2023

O Papa ao novo prefeito: um Dicastério para dar razão à nossa esperança

Dom Víctor Manuel Fernández - Argentina (Vatican Media)

Carta de Francisco a dom Víctor Manuel Fernández, que dirigirá o Dicastério para a Doutrina da Fé.

Vatican News

Neste sábado (1°/07), o Papa Francisco agradeceu ao cardeal Luis Francisco Ladaria Ferrer, S.J., pela conclusão de seu mandato como prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé e como presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Comissão Teológica Internacional, e nomeou para sucedê-lo nos mesmos cargos dom Víctor Manuel Fernández, atual Arcebispo de La Plata, na Argentina. Ele assumirá suas funções em meados de setembro de 2023.

O Pontífice enviou uma carta ao novo prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, dom Víctor Manuel Fernández, na qual recorda que como novo Prefeito do mesmo Dicastério, confia a ele uma tarefa que considera muito valiosa. O objetivo central do Dicastério é proteger o ensinamento que brota da fé a fim de dar razão à nossa esperança, mas não como inimigos que apontam e condenam.

Francisco recorda ainda que o Dicastério que dom Víctor Manuel presidirá, em outros tempos, chegou a usar métodos imorais, explicando que foram épocas em que, em vez de promover o conhecimento teológico, foram perseguidos possíveis erros doutrinários. O Santo Padre espera do novo prefeito algo diferente.

Sublinhando que para as questões disciplinares, ligadas ao abuso de menores foi recentemente criada uma Seção específica com profissionais competentes, Francisco pede a dom Víctor para dedicar seu compromisso pessoal à finalidade principal do Dicastério que é guardar a fé.

Para não limitar o significado dessa tarefa, Francisco acrescenta que se trata de aumentar a inteligência e a transmissão da fé a serviço da evangelização, para que sua luz seja um critério para compreender o sentido da existência, especialmente diante das questões levantadas pelo progresso da ciência e pelo desenvolvimento da sociedade.

No texto o Papa afirma ainda que a Igreja precisa crescer em sua interpretação da Palavra revelada e em sua compreensão da verdade, sem que isso implique a imposição de uma única maneira de expressá-la. Esse crescimento harmonioso preservará a doutrina cristã de forma mais eficaz do que qualquer mecanismo de controle.

Francisco, falando da tarefa do novo prefeito disse que é bom que a mesma expresse que a Igreja incentiva o carisma dos teólogos e seu esforço de pesquisa teológica, desde que eles não se contentem com uma teologia de escritório, com uma lógica fria e dura que busca dominar tudo. Sempre será verdade que a realidade é superior à ideia. Nesse sentido, é necessário que a teologia esteja atenta a um critério fundamental: considerar inadequada qualquer concepção teológica que, em última instância, ponha em dúvida a onipotência de Deus e, especialmente, sua misericórdia.

No contexto dessa riqueza – destaca ainda o Papa na sua carta - a tarefa de dom Victor também implica um cuidado especial para garantir que os documentos de seu Dicastério e dos outros tenham um fundamento teológico adequado, sejam coerentes com o rico húmus do ensinamento perene da Igreja e, ao mesmo tempo, levem em conta o Magistério recente. Concluindo, Francisco pede que a Santíssima Virgem o proteja e cuide dele na sua nova missão e que dom Víctor não deixe de rezar por ele.

Currículo

Dom Víctor Manuel Fernández nasceu em 18 de julho de 1962 em Alcira Gigena, Província de Córdoba (Argentina). Foi ordenado sacerdote em 15 de agosto de 1986 para a diocese de Villa de la Concepción del Río Cuarto (Argentina).

Obteve o Mestrado em teologia com especialização bíblica na Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma) e posteriormente o doutorado em Teologia na Faculdade de Teologia de Buenos Aires.

De 1993 a 2000 foi pároco de Santa Teresita em Río Cuarto (Córdoba). Foi fundador e diretor do Instituto de Formação de Leigos e do Centro de Formação de Professores Jesús Buen Pastor na mesma cidade. Em sua diocese foi também formador do seminário, diretor de ecumenismo e diretor de catequese.

Em 2007 participou da V Conferência Episcopal Latino-Americana (Aparecida) como sacerdote representante da Argentina e, posteriormente, como membro do grupo de redação do documento final.

De 2008 a 2009 foi Decano da Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Católica da Argentina e Presidente da Sociedade Teológica Argentina.

De 2009 a 2018 foi reitor da Pontifícia Universidade Católica da Argentina.

Em 13 de maio de 2013 foi nomeado Arcebispo pelo Papa Francisco.

Participou, como membro, nos Sínodos dos Bispos de 2014 e 2015 sobre a família, nos quais também fez parte dos grupos de redação.

Na Assembleia de 2017 da Conferência Episcopal Argentina foi eleito Presidente da Comissão Episcopal de Fé e Cultura (Comissão Doutrinal).

Em junho de 2018 assumiu o cargo de Arcebispo de La Plata.

Foi membro do Pontifício Conselho para a Cultura e Consultor da Congregação para a Educação Católica. Atualmente é membro do Dicastério para a Cultura e a Educação.

Entre livros e artigos científicos, tem mais de 300 publicações, muitas das quais traduzidas para várias línguas. Esses escritos mostram uma importante base bíblica e um esforço constante de diálogo da teologia com a cultura, a missão evangelizadora, a espiritualidade e as questões sociais.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Viva Pedro, viva o Papa!

São Pedro (Cléofas)

Viva Pedro, viva o Papa!

 POR PROF. FELIPE AQUINO

Jesus instituiu a Igreja sobre São Pedro e os Apóstolos: “Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a Minha Igreja; Eu te darei as chaves do Reino dos céus; tudo o que ligares sobre a terra será ligado no céu; e as portas do inferno nunca prevalecerão sobre ela” (Mt 16,16-19).

É com base nessa promessa divina que a Igreja sabe que jamais será destruída ou vencida neste mundo. Não há e nem haverá força humana capaz de vencê-la. Jesus prometeu estar com ela todos os dias “até o fim do mundo” (Mt 28,20). Além disso, Jesus prometeu aos Apóstolos na Santa Ceia, que o Espírito Santo estaria com a Igreja sempre – “permanecerá convosco e estará em vós” e “ensinar-vos-á todas as coisas” (Jo 14,15.25;16,13).

Nenhuma instituição humana sobreviveu 2000 anos de história e teve 266 chefes ininterruptos.

Cristo concedeu ao papa o carisma da infalibilidade, dogma este que o Concílio Vaticano I (1870) proclamou solenemente com o Papa Pio IX. É por isso que nunca na história da Igreja um papa cancelou um ensinamento doutrinário de um seu antecessor. O Espírito Santo assiste o papa quando ele ensina e, de modo especial, quando pronuncia um dogma.

Na Revolução Francesa, Voltaire, o grande inimigo da Igreja, dizia que seria o fim do Papa e que Pio VI seria o último papa da Igreja. Ledo engano, a sanguinária revolução francesa se foi e os papas continuaram mais firmes do que nunca. Nem a perseguição romana, nem o nazismo, nem o comunismo, nem o ateísmo mais agressivo conseguiram deter os papas. Stalin mandou perguntar a Pio XII, “quantas legiões de soldados tinha o Papa”. É uma pena que ele não tenha sobrevivido para ver a derrocada do comunismo em 1989; e o Papa que continua.

Os trinta primeiros papas da Igreja (Pedro, Lino, Cleto, Clemente, Evaristo…) foram todos martirizados pelos imperadores romanos que perseguiram a Igreja (Nero, Trajano, Domiciano, Décio, Severo, Diocleciano…), mas sempre houve um sucessor para conduzir a Barca da Igreja. Filipe IV o Belo, da França, subjugou os papas por 70 anos em Avignon, mas Santa Catarina de Sena e Santa Brígida da Suécia, o fizeram voltar a Roma triunfante. O mesmo Filipe IV mandou o seu comparsa Nogaret esbofetear Bonifácio VIII, em Anine, mas foi vencido. Napoleão Bonaparte mandou prender e humilhar o Pio VII nas masmorras do seu palácio de Fontanebleau em Paris, mas nesse mesmo palácio teve de assinar a rendição aos ingleses quando perdeu a batalha de Waterloo; o castigo lhe veio rápido.

Todos os poderosos que se lançaram contra o Vigário de Cristo na terra, o “doce Cristo na terra”, como dizia Santa Catarina de Sena, se viram derrotados. Não se atrevam a levantar as mãos pecadoras contra o enviado do Senhor!

Um dia, Dom Bosco teve aquele famoso sonho onde viu a Barca da Igreja num mar tempestuoso, sendo atacada de todos os lados. No leme estava o papa, que foi ferido e morto; mas outro o sucedeu no timão da Barca. E quando esta ameaçava naufragar, Dom Bosco viu surgirem duas colunas, uma de cada lado, e de cada uma saia uma corrente que se ligava na Caravela e não a deixava afundar, até o fim da viagem. Em cima de uma das colunas estava a Sagrada Eucaristia no Ostensório, e na sua base a frase: Salus credencium – Salvação dos que creem. Sobre a outra coluna estava a imagem de Nossa Senhora Auxiliadora, e na base a frase: “Auxilium Christianorum” – Auxiliadora dos Cristãos. Dom Bosco entendeu que Jesus garante a invencibilidade da Igreja pelo Papa, pela Virgem, e por Ele mesmo presente na Eucaristia.

Viva o Papa, viva a Igreja,

Viva Nossa Senhora e viva Cristo Rei!

Prof. Felipe Aquino

Fonte: https://cleofas.com.br/

De volta ao tema da evangelização

Antoine Mekary | ALETEIA | #image_title

Por Francisco Borba Ribeiro Neto

O ressentimento que nasce do cancelamento cultural sofrido pelos cristãos e a proliferação de ideologias que parecem ameaçar a fé e/ou a própria dignidade da pessoa humana tornam essa reflexão ainda mais importante.

Existem muitos temas recorrentes na doutrina católica, aos quais devemos voltar periodicamente. A evangelização é um desses temas. O Concílio Vaticano II produziu um documento especificamente dedicado a esse tema, a Evangelii Nuntiandi (EN), onde a evangelização é definida como “a missão própria da Igreja, uma vez que a Igreja existe para evangelizar” (EN 14). O ressentimento que nasce do cancelamento cultural sofrido pelos cristãos e a proliferação de ideologias que parecem ameaçar a fé e/ou a própria dignidade da pessoa humana tornam essa reflexão ainda mais importante.

Talvez nosso problema, quanto à evangelização, é pensá-la como uma tarefa específica de alguns “missionários” e não como uma dimensão de nosso cotidiano – uma vez que passa não só pelo anúncio formal, mas também pelo testemunho que damos com nossas vidas. Compreender o testemunho não quer dizer acrescentar uma obrigação a mais a nossa vida, mas sim darmo-nos conta do fascínio que nos encanta (ou, ao menos, deveria nos encantar).

O encontro com Cristo que atrai

Na homilia da missa de abertura da Conferência do CELAM em Aparecida (2007), Bento XVI declarou: “A Igreja não faz proselitismo. Ela cresce muito mais por ‘atração’: como Cristo ‘atrai todos a si’ com a força do seu amor, que culminou no sacrifício da Cruz”.  A mesma ideia foi depois repetida várias vezes pelo Papa Francisco: “A Igreja cresce não por proselitismo mas por atração […] a fé transmite-se por atração, ou seja, por testemunho” (Meditação, 3/mai/2018, cf. também Evangelii gaudium, EG 14). 

Em outra passagem famosa, que também é frequentemente citada por Francisco, Bento XVI diz que “ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo” (Deus caritas est, DCE 1). A evangelização é o anuncio ao mundo do encontro com essa Pessoa, mas frequentemente nos envolvemos mais com as decisões éticas e as grandes ideias – que não estão “fora” do evento cristão, mas não são seu fundamento, nem podem ser absolutizadas, sob o risco de se impor aos demais uma visão particular do mundo e não o próprio Deus feito homem.

Presos às nossas ideias e armadilhas morais (pois é isto que são nossas éticas humanas, quando apenas revestidas de uma roupagem religiosa) podemos até atrair aos demais, mas apontamos apenas para nós mesmos, não para Cristo. E esse é um tempo de atrações fáceis… Vivemos na “sociedade do espetáculo”, cheia de ídolos e influenciadores que nos atraem até mesmo por sua superficialidade: apresentam um modelo de realização que parece acontecer sem esforço, um novo mundo paradisíaco, com o qual podemos sonhar ou no qual podemos simplesmente esquecermo-nos de nós mesmos. Até na Igreja, os mestres da fé, que orientam num caminho ascético e existencial, muitas vezes estão sendo substituídos por influenciadores que vendem ideias bonitas – até justas – mas não propõem um verdadeiro processo de conversão a Deus.

Mas voltemos aos aspectos positivos do anúncio cristãos…

A vida que é realmente saborosa de se viver

O que, nesse encontro, atrai tanto o ser humano? Fomos feitos para Deus e nosso coração só repousa em Deus, segundo a célebre passagem das Confissões de Santo Agostinho (Livro I, Capítulo 1). Mas essa afirmação pode parecer ainda um pouco distante. Talvez possamos entende-la melhor lendo o poema O convertido, escrito por G.K. Chesterton quando, já adulto, foi batizado. Em seus últimos versos diz: “E todas essas coisas são para mim menos que pó / Porque meu nome é Lázaro e estou vivo”.

Todas as coisas parecem, para Chesterton, “menos que pó”. Imaginaríamos uma comparação na qual ele diria ter encontrado agora o verdadeiro tesouro. Mas ele é, simultaneamente, mais singelo e mais radical: tudo é como pó porque ele é como Lázaro, o que estava morto, e agora está vivo. Mais do que nunca, somos parte de um mundo onde os seres humanos anseiam por viver. As redes de informação, as imagens que vem de todos os cantos, o conhecimento de uma infinidade de experiências individuais, nos apontam possibilidades aparentemente infinitas, enquanto a dura realidade mostra vidas amesquinhadas, reprimidas pelas expectativas e cobranças de outros, limitadas pela falta de recursos, humilhadas pela truculência e a injustiça dos poderosos. Nunca antes se viram tamanhas possibilidades e, ao mesmo tempo, se teve tanta consciência das próprias impossibilidades.

Voltemos a Chesterton: a vida que parecia murchar na mesmice de sempre ou chafurdar na desesperança, agora adquire o esplendor e o brilho que lhe faz afirmar “estou vivo”. Esse é o grande anúncio dos cristãos, desde as escuras catacumbas romanas até a virtualidade dos podcasts e das redes sociais. Não apenas estão biologicamente vivos, estão vivos porque descobriram algo que dá um verdadeiro sentido e gosto a suas vidas. Existe uma correspondência entre os anseios de nosso coração e o encontro com Cristo – e essa correspondência se manifesta como o encontro de uma vida que vale a pena ser vivida.

Por isso, o que muitas vezes imaginamos como testemunho cristão não corresponde ao testemunho que realmente devemos dar, aquele que corresponde ao anseio dos corações. Queremos testemunhar nossa coerência moral, mas o que o mundo espera que testemunhemos é que estamos vivos, que nossa vida tem aquele gosto, aquela realização, que todos os avanços tanto materiais quanto espirituais da sociedade moderna não conseguem garantir. A grande pergunta que somos chamados a responder todos os dias é “você é verdadeiramente feliz? sua vida realmente tem sentido?”. Importante entender que essa “felicidade” não quer dizer que tudo esteja dando certo, não se trata de um “jogo do contente”, mas sim uma felicidade que nasce da percepção de que o amor e o carinho de Deus recobre toda a nossa vida, mesmo nos momentos de dor, que nossa humanidade está se realizando apesar de todas as limitações.

Em conclusão

Por isso, não é exatamente que “queiramos ser evangelizadores”, como se esse fosse um projeto nosso – ainda que, devido à complexidade tanto da sociedade quanto da instituição eclesial, tenhamos que fazer projetos de evangelização. O problema é que, se somos verdadeiros conosco mesmo, não conseguimos não ser evangelizadores, pois o encontro com Cristo não sai do coração e da memória – é o critério de discernimento que tende a orientar todos os momentos.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

São Pedro e São Paulo: missionários na Igreja antiga e atual

São Pedro e São Paulo (Vatican Media)

Nós celebramos no final do mês de Junho, início de Julho, especificamente no domingo a solenidade de São Pedro e São Paulo, dois apóstolos, dois grandes missionários e educadores do Senhor Jesus Cristo.

Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA.

São Pedro e São Paulo foram fiéis à mensagem evangélica proclamando-a para os outros, mas, sobretudo vivenciando-a em seus corações e nas suas atividades. Atualmente a doutrina sobre eles ajuntam-se a missão e também a educação, como formas de uma vida de doação, de amor a Deus, ao próximo como a si mesmo. Se Pedro era um dos membros dos doze apóstolos, escolhidos pelo Senhor para estarem com Ele e aprenderem a sua forma de viver e de atuar (Mc 3,13-19), Paulo teve um encontro com o Ressuscitado quando estava indo para Damasco (At 9, 1-9), encontro que o marcou para toda a sua existência, pois ele passou de perseguidor a seguidor de Jesus, cheio do Espírito Santo e da palavra evangélica. Hoje a missão e a educação continuam com o Papa Francisco, na sucessão apostólica. O Senhor Jesus o abençoe na caminhada. É muito importante fazer uma análise de suas vidas marcadas pelo Senhor, pela comunidade eclesial e a forma como eles inspiram a pastoral atual para que as pessoas doem as suas vidas ao Senhor, a exemplo de São Pedro e de São Paulo.

O Espírito Santo presentes na vida dos apóstolos

A missão e a educação estavam ligadas nos dois apóstolos pelo dom do Espírito Santo, os dois Pentecostes ocorridos na vida dos pagãos através dos dois apóstolos. Pedro estava na casa de Cornélio pedindo para as pessoas buscarem uma vida de convertidos do Senhor, pois ele ainda estava falando do Espírito Santo quando Ele desceu sobre todos os que estavam escutando a palavra de Deus. Desta forma os fiéis de origem judaica que estavam com Pedro admirarem-se de que o dom do Espírito Santo fosse derramado sobre os pagãos (At 10, 44-45). Em Éfeso quando Paulo realizava o batismo em nome do Senhor Jesus para as pessoas, quando ele chegou à imposição das mãos, o Espírito Santo desceu sobre eles e começaram a falar em línguas e a profetizar (At 19, 5-7). Foram duas presenças do Espírito Santo que os impulsionou os fiéis para a missão e a educação.

A missão e a educação andaram juntas nos dois apóstolos

Pedro e Paulo foram seguidores do Senhor e deram as suas vidas pela causa do evangelho. É possível dizer que a missão e a educação andaram juntas nestes dois grandes seguidores de Cristo Jesus. Pedro aprendeu do Mestre a forma de servir e de amar as pessoas. No reconhecimento como Messias e Filho de Deus, o Senhor lhe confiou sobre a sua pedra, a construção da sua Igreja (Mt 16,18). Ele disse ao Senhor que só Ele tem palavras de vida eterna (Jo 6, 68). Ainda que não compreendesse o gesto de Jesus na última ceia de lavar os pés dos discípulos, mas ele aceitou que o Senhor lavasse os seus pés, as suas mãos e a sua cabeça (Jo 13,9). Diante das perguntas do Senhor se ele de fato o amava, Pedro prometeu um amor especial, primeiro ao Senhor para que ele apascentasse o rebanho do Senhor (Jo 21, 15-19). Pedro assumiu a missão de coordenar os seguidores do Senhor e também de educá-los nos valores da paz e do amor a Deus, ao próximo como a si mesmo. Ele teve uma palavra muito importante no dia de Pentecostes, afirmando que Jesus era o Senhor e que o Pai o ressuscitou dos mortos, de modo que Deus o constituiu Senhor e Cristo (At 2,36) e na casa de Cornélio disse que nele há a salvação e o perdão dos pecados (At 10,43). Paulo foi missionário e educador de Jesus Cristo. Antes de sua conversão foi perseguidor dos seguidores e das seguidoras do Senhor. No caminho para Damasco onde tinha poderes para prender os cristãos, Jesus apareceu em sua vida, de modo que o encontro e a visão do Senhor foram a sua grande transformação de perseguidor para anunciador do Senhor Jesus, encarnado e Ressuscitado (At 9, 4-9). Ele não fez parte dos doze apóstolos, mas ele se tornou um grande apóstolo, o maior deles, cuja missão foi grande diante dos demais, como ele dirá por que foi uma pessoa imbuída pelo Espírito Santo a proclamar para as pessoas, aos povos, a mensagem de salvação do Senhor Jesus Cristo (1 Cor 15,9-10). Ele fez diversas viagens pelo mundo constituindo comunidades, formando pessoas para o seguimento do Senhor. Neste sentido ele foi também um grande educador das pessoas e dos povos, conduzindo-os para Deus. O Apóstolo disse que ainda que a comunidade de Coríntios tivesse milhares de educadores em Cristo, não tinham muitos pais, porque foi Ele que por meio do evangelho os gerou em Cristo Jesus (1 Cor 4,15).

O que os santos padres disseram a respeito dos apóstolos, missionários e educadores?!

São Clemente de Roma, papa no final do século I e início do século II disse que Pedro e Paulo foram bons apóstolos, missionários e educadores. Pedro, pela inveja injusta, suportou muitas fadigas, sacrifícios, mas depois de ter prestado testemunho, isto é, de dar a sua vida pelo Senhor, foi para o lugar vitorioso que lhe era devido, a vida eterna com o Senhor. Paulo, da mesma forma, sofrendo pela inveja e a discórdia mostrou o preço reservado à perseverança. São Clemente disse que após ele ter alcançado os limites do Ocidente, deu um testemunho diante das autoridades, dando a sua vida pelo Senhor, foi para o lugar santo, tornando-se o maior modelo de perseverança[1]. Em Roma, Pedro e Paulo foram mártires do Senhor, após uma missão e educação profícuas pela Igreja e pelo Reino de Deus.

Roma: A Igreja que presidiu o amor e os seus fundadores

Santo Inácio de Antioquia, bispo nos séculos I e II afirmou que a Igreja de Roma, tendo presente os dois apóstolos, Pedro e Paulo, era aquela que presidia ao amor sem dúvida pela graças da missão e da educação. O fato era que a Igreja de Roma tinha a sua preferência por ser a primeira das Igrejas do mundo onde residia o sucessor dos apóstolos, Pedro e o grande evangelizador dos pagãos, Paulo. Ela é digna de ser chamada feliz, de louvor, que porta a lei de Cristo, que porta o nome do Pai[2].

Santo Ireneu de Lião reforçou a Tradição Apostólica no sentido de que os Apóstolos Pedro e Paulo evangelizaram em Roma, tornando-se os dois fundadores daquela Igreja. Por isso foram chamados de missionários e de educadores da Igreja de Roma[3].

O martírio dois missionários e educadores

Santo Agostinho, bispo de Hipona nos séculos IV e V afirmou que Pedro foi o primeiro dos apóstolos pela missão que o Senhor lhe confiou na condução de sua Igreja, na qual o Senhor lhe daria as chaves do Reino dos céus (Mt 16,18-19). Paulo foi o grande evangelizador e educador na fé ao dizer que não se sentiria bem se não evangelizasse (1 Cor 9,16). Santo Agostinho disse que a Igreja celebrava o martírio dos dois apóstolos como se na verdade os dois eram como um só em Cristo Jesus. Eles deram o mesmo testemunho ao Senhor pela doação de suas vidas. Pedro foi à frente e Paulo o seguiu. É celebrado o dia festivo, consagrado para toda a Igreja pelo sangue dos apóstolos. É preciso segundo Santo Agostinho, amar a fé, a vida, os trabalhos, os sofrimentos, os testemunhos, as missões, as educações dadas, as pregações dos dois apóstolos, Pedro e Paulo[4].

São Pedro e São Paulo seguiram a Jesus Cristo, amaram a Igreja do Senhor, foram missionários, educaram pessoas e povos para a vida que vem de Deus Uno e Trino em vista da salvação humana. Eles foram e são duas luzes no grande luzeiro que é o Senhor Jesus Cristo, na missionariedade e na educação para que mais pessoas sejam missionárias e educadoras da fé, da esperança e da caridade. O Senhor acompanhe o Papa Francisco na condução da Igreja pela paz, pelo amor a Deus, ao próximo como a si mesmo.

[1] Cfr. Clemente aos Coríntios, 5. In: Padres Apostólicos. São Paulo, Paulus, 1995, pg. 27.

[2] Cfr. Inácio aos Romanos, Introdução. In: Idem, pg103.

[3] Cfr. Ireneu de Lião, III,1,1. São Paulo, Paulus, 1995, pg. 247.

[4] Cfr. Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo. Sermo 295,1-2.4-,7-8; PL 38, 1348-1352. In: Liturgia das Horas. Aparecida, SP, Editora Vozes, Paulinas, Paulus, Editora Ave-Maria, 2000, pgs. 1392-1394.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Conselho de Cardeais debate Ucrânia e sinodalidade com o papa Francisco

Imagem ilustrativa / ACI Prensa

Por Almudena Martínez-Bordiú

Vaticano, 28 Jun. 23 / 01:37 pm (ACI).- O Conselho dos Cardeais se reuniu com o papa Francisco no Vaticano nos dias 26 e 27 de junho para refletir sobre o Sínodo da Sinodalidade, a guerra na Ucrânia e a proteção de menores na Igreja.

O Conselho dos Cardeais, também conhecido como C9, é o grupo de cardeais que colabora diretamente com o papa Francisco.

Um comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé publicado ontem (27) diz que “com a colaboração do cardeal Gianfranco Ghirlanda, foram dados os primeiros passos na reflexão sobre como implementar o espírito, os princípios e os critérios da Constituição Apostólica Praedicate evangelium nas Cúrias diocesanas”, com a qual Francisco reformou a Cúria Romana.

A sinodalidade também foi tema da reunião. O cardeal Mario Grech, secretário-geral do Sínodo dos Bispos, falou sobre as últimas atualizações feitas com vistas à Assembleia que acontecerá em outubro de 2023 em Roma.

O cardeal Seán Patrick O'Malley, presidente da Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores, informou sobre a recente Sessão Plenária que aconteceu em maio.

O'Malley apresentou o trabalho feito pela Comissão para atualizar os regulamentos e práticas em toda a Igreja, para que os mecanismos de proteção dos menores sejam eficazes em todas as dioceses.

Os cardeais assessores do papa também falaram sobre a situação do conflito na Ucrânia. A Santa Sé confirmou que a próxima sessão será em dezembro deste ano.

Conselho de Cardeais

O Conselho dos Cardeais tem sua origem nas Congregações Gerais que antecederam o conclave em que o papa Francisco foi eleito. O conselho está em funcionamento desde setembro de 2013, ano em que Francisco foi eleito.

O objetivo do órgão é ajudar o papa “no governo da Igreja universal” e “estudar um projeto de revisão da Constituição Apostólica Pastor bonus na Cúria Romana”, como disse o papa Francisco.

Os membros do Conselho são: cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado da Santa Sé; cardeal Fernando Vérgez Alzaga, presidente do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano; cardeal Fridolin Ambongo Besungu, arcebispo de Kinshasa, República Democrática do Congo; cardeal Oswald Gracias, arcebispo de Bombaim, Índia; cardeal Seán Patrick O'Malley, arcebispo de Boston, EUA; o cardeal Juan José Omella Omella, arcebispo de Barcelona, Espanha; cardeal Gérald Lacroix, arcebispo de Québec, Canadá; cardeal Jean-Claude Hollerich SJ, arcebispo de Luxemburgo; cardeal Sérgio da Rocha, arcebispo de São Salvador da Bahia, Brasil. O secretário da Comissão é dom Marco Mellino, bispo titular de Cresima, Tunísia.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Reflexão para o 13º Domingo do Tempo Comum (A)

Evangelho do domingo  (© Biblioteca Apostólica Vaticana Vat.lat.39, f.67v)

No Evangelho, Jesus retoma a questão da recompensa. Ele vê a generosidade em favor da missão. Ao mesmo tempo em que o Senhor é exigente com seus enviados, ele diz que aquele que receber um missionário, recebe Ele.

Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News

A liturgia de hoje propõe à nossa reflexão, uma história muito bonita.  O rico, que sempre é malvisto por causa de suas atitudes, no relato de hoje, tem uma atitude belíssima, de profunda fé e grande despojamento.

Uma mulher rica, mas estéril, habitante em uma região onde se adorava um deus pagão, patrono das pessoas desejosas de ter filhos, não se deixa contaminar com essa religião. Ao contrário, ela, depois de hospedar inúmeras vezes o Profeta Eliseu, um grande defensor de Javé, pede a seu marido construir, em sua casa, um quarto confortável para que o profeta pudesse descansar, quando viesse em missão.

Esse pedido, faz com que a ajuda ao profeta fosse algo que envolvesse sua família. Ela poderia ter pedido uma grande quantia para dar de ajuda ao profeta. Ele receberia, ficaria grato e iria embora; mas ela não pensa assim. Ela desejou hospedá-lo em sua casa, além do conforto, quis dar-lhe afeto, o carinho de uma família.

A mulher, cujo nome não sabemos, além de permanecer fiel a Deus tem a iniciativa de participar na ação missionária do profeta. Eliseu, cheio de gratidão, lhe anuncia que, apesar de ser estéril e de seu marido, bastante idoso, será mãe.

Aquilo que certamente, mais desejava na vida, ser mãe, e não pedira aos deuses, mas permanecera fiel a Javé, Ele a presenteia para alegrar seu coração, tão generoso e fiel.

No Evangelho, Jesus retoma essa questão da recompensa. Ele vê a generosidade em favor da missão. Ao mesmo tempo em que o Senhor é exigente com seus enviados, ele diz que aquele que receber um missionário, recebe ele, o Senhor e terá a recompensa como se a acolhida tivesse sido feita a ele, Jesus. Não nos esqueçamos do recado que o Senhor nos deu a respeito de um gesto tão simples que é dar um copo de água ao que tem sede.

Eis aí o sentido de uma frase muito nossa, que repetimos frequentemente: “Deus lhe pague!” Não significa que jogamos nas costas de Deus, as nossas dívidas, como jocosamente falamos, mas que somos conscientes de que aquela pessoa, que nos socorreu naquela nossa necessidade, só poderá receber, a altura, a retribuição do bem que nos fez, através do Senhor.

Não façamos o bem pensando na recompensa. Ele deverá ser feito gratuitamente. Mas, ao mesmo tempo, saibamos que o Senhor está atento à generosidade de nosso coração, para nos retribuir com aquilo que é necessário para a plenitude de nossa felicidade. E a plenitude de nossa felicidade é o AMORAMAR e SENTIR-SE AMADO.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF