"No mistério da Igreja, a
qual é também com razão chamada mãe e virgem, a bem-aventurada Virgem Maria foi
adiante, como modelo eminente e único de virgem e de mãe (189). Porque,
acreditando e obedecendo, gerou na terra, sem ter conhecido varão, por obra e graça
do Espírito Santo, o Filho do eterno Pai; nova Eva, que acreditou sem a mais
leve sombra de dúvida, não na serpente antiga, mas no mensageiro celeste. E deu
à luz um Filho, que Deus estabeleceu primogénito de muitos irmãos (Rom.
8,29)".
Jackson
Erpen - Cidade do Vaticano
“A maternidade de Maria na
economia da graça perdura sem interrupção, desde o consentimento, que fielmente
deu na anunciação e que manteve inabalável junto à cruz, até à consumação
eterna de todos os eleitos. De fato, depois de elevada ao céu, não abandonou
esta missão salvadora, mas, com a sua multiforme intercessão, continua a
alcançar-nos os dons da salvação eterna. Cuida, com amor materno, dos irmãos de
seu Filho que, entre perigos e angústias, caminham ainda na terra, até chegarem
à pátria bem-aventurada. Por isso, a Virgem é invocada na Igreja com os títulos
de advogada, auxiliadora, socorro, medianeira. Mas isto entende-se de maneira
que nada tire nem acrescente à dignidade e eficácia do único mediador, que é Cristo.
(Lumem gentium, 62)”
"Efetivamente
- acrescenta a Constituição
Dogmática do Concílio Vaticano II - nenhuma criatura se pode
equiparar ao Verbo encarnado e Redentor; mas, assim como o sacerdócio de Cristo
é participado de diversos modos pelos ministros e pelo povo fiel, e assim como
a bondade de Deus, sendo uma só, se difunde variamente pelos seres criados,
assim também a mediação única do Redentor não exclui, antes suscita nas
criaturas cooperações diversas, que participam dessa única fonte." Assim,
essa "função subordinada de Maria, não hesita a Igreja em proclamá-la;
sente-a constantemente e inculca-a aos fiéis, para mais intimamente aderirem,
com esta ajuda materna, ao seu mediador e salvador."
O capítulo
VIII da Lumen Gentium, nas palavras de Paulo
VI, constitui a mais vasta síntese que um Concílio ecumênico já ofereceu
“da doutrina católica referente à posição que a Santíssima Virgem Maria ocupa
no mistério de Cristo e da Igreja”. Na linha deste documento, com comentários
enriquecidos por afirmações de João Paulo II, Bento XVI, do próprio Papa
Francisco e de renomados teólogos, padre Gerson Schmidt* nos
propôs uma série de reflexões sobre a mediação de Maria, que se conclui com
estas observações:
"Temos
ressaltado nesta série de programas sobre a mediação de Maria que
a Constituição Dogmática Lumen Gentium do
Concílio Vaticano II não teve a pretensão de "propor toda a doutrina
acerca de Maria, nem de dirimir as questões ainda não totalmente esclarecidas
pelos teólogos". Neste sentido, o n. 54 esclarece que,
"conservam, por isso, os seus direitos as opiniões que nas escolas
católicas livremente se propõem acerca daquela que na santa Igreja ocupa depois
de Cristo o lugar mais elevado e também o mais próximo de nós”. Por isso, não
podemos ficar intrigados que nosso Papa Francisco tenha ultimamente ressaltado o
papel de Maria como Mãe e discípula e atenuado o atributo de
corredentora, uma vez que esse título não é dogma e a Igreja não tenha feito
nenhuma declaração oficial “ex-catedra” a respeito, pelo contrário, evitado uma
definição desde o Concilio Vaticano II, em busca de uma caminhada mais ecumênica.
O Papa
Paulo VI, ao encerrar a terceira sessão do Concílio, em 21/11/64, declarou que
o capítulo VIII da Lumen Gentium vem a ser a mais vasta
síntese que um Concílio ecumênico elaborou sobre o papel de Maria na obra
salvífica: “Sobretudo desejamos seja claramente evidenciado que Maria, humilde
serva do Senhor, é toda relativa a Deus e a Cristo, único mediador e Redentor
nosso. E igualmente sejam ilustradas a verdadeira natureza e as intenções do
culto mariano na Igreja, especialmente lá onde se acham muitos irmãos nossos
separados, de modo que os que não fazem parte da comunidade católica
compreendam que, longe de ser fim em si mesma, a devoção a Maria é, ao
contrário, meio essencialmente ordenado a orientar as almas para Cristo, e
assim uni-las ao Pai, no amor do Espírito Santo. (Papa Paulo VI, 21 de Novembro
de 1964)”.
A
constituição dogmática Lumen Gentium nos aponta o influxo salutar de Maria e a
mediação de Cristo, afirmando no número 60: “O nosso mediador é só
um, segundo a palavra do Apóstolo: «não há senão um Deus e um mediador entre
Deus e os homens, o homem Jesus Cristo, que Se entregou a Si mesmo para
redenção de todos (1 Tim. 2, 5-6). Mas a função maternal de Maria em relação
aos homens de modo algum ofusca ou diminui esta única mediação de Cristo;
manifesta antes a sua eficácia. Com efeito, todo o influxo salvador da Virgem
Santíssima sobre os homens se deve ao beneplácito divino e não a qualquer
necessidade; deriva da abundância dos méritos de Cristo, funda-se na Sua
mediação e dela depende inteiramente, haurindo aí toda a sua eficácia; de modo
nenhum impede a união imediata dos fiéis com Cristo, antes a favorece”.
No número
65 da LG aponta assim: “Esta maternidade de Maria na economia da graça perdura
sem interrupção, desde o consentimento, que fielmente deu na anunciação e que
manteve inabalável junto à cruz, até à consumação eterna de todos os eleitos.
De fato, depois de elevada ao Céu, não abandonou esta missão salvadora, mas,
com a sua multiforme intercessão, continua a alcançar-nos os dons da salvação
eterna. Cuida, com amor materno, dos irmãos de seu Filho que, entre perigos e
angústias, caminham ainda na terra, até chegarem à pátria bem-aventurada. Por
isso, a Virgem é invocada na Igreja com os títulos de advogada, auxiliadora,
socorro, medianeira. Mas isto se entende de maneira que nada tire nem
acrescente à dignidade e eficácia do único mediador, que é Cristo.
Efetivamente, nenhuma criatura se pode equiparar ao Verbo encarnado e Redentor;
mas, assim como o sacerdócio de Cristo é participado de diversos modos pelos
ministros e pelo povo fiel, e assim como a bondade de Deus, sendo uma só, se
difunde variamente pelos seres criados, assim também a mediação única do
Redentor não exclui, antes suscita nas criaturas cooperações diversas, que
participam dessa única fonte. Esta função subordinada de Maria, não hesita a
Igreja em proclamá-la; sente-a constantemente e inculca-a aos fiéis, para mais
intimamente aderirem, com esta ajuda materna, ao seu mediador e salvador”.
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt