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domingo, 9 de julho de 2023

Santa Paulina

Santa Paulina (santuariosantapaulina)

09 de julho

Santa Paulina

Fundadora da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição

Origens

Seu nome de batismo era Amábile Lúcia Visintainer. Ela nasceu em de dezembro de 1865, na cidade de Vigolo Vattaro, região de Trento, que fica ao norte da Itália. Foi a segunda filha de Anna e Napoleão. Seus pais eram cristãos fervorosos, porém muito pobres. Durante a infância de Amábile, toda a Itália passava por uma grave crise econômica e pestes contagiosas. Por isso, quando ela tinha nove anos, seus pais decidiram emigrar para o Brasil.

Chegada ao Brasil

Em 1875 a família de Amábile chegou ao Brasil. Foram para o Estado de Santa Catarina, mais precisamente para a região de Nova Trento, onde vários trentinos já estavam morando. Eles foram se estabelecer num vilarejo recém fundado no meio da mata chamado Vigolo. Tudo era muito precário e pobre. As famílias procuravam manter-se unidas para sobreviverem, alimentando o sonho de um dia prosperarem.

Uma grande amizade

No vilarejo de Vigolo, Amábile travou amizade com uma menina que a acompanharia por toda a vida: Virgínia Nicolodi. As duas já tinham uma fé sólida e esta afinidade as fez crescer ainda mais na amizade. As duas eram sempre vistas rezando na capelinha de madeira. Elas fizeram a primeira comunhão no mesmo dia. Nessa época, Amábile já tinha doze anos de idade.

Pequena missionária

O vilarejo de Vigolo crescia aos poucos. Por isso, o padre responsável pela região, chamado Servanzi, iniciou um trabalho pastoral ali. Logo ele percebeu o espírito comprometido e sábio da adolescente Amábile e incumbiu-a de lecionar o catecismo às crianças, além da ajuda aos doentes e de manter limpa a capelinha do vilarejo, que era dedicada a São Jorge. Esta incumbência certamente ajudou a amadurecer a vocação religiosa no coração de Amábile.

Adolescente caridosa

Amábile assumiu a missão de corpo e alma, levando sempre consigo a amiga Virgínia. As duas dedicavam-se totalmente à caridade para com os mais pobres, ajudando aos doentes, conseguindo mantimentos para os necessitados, ajudando aos doentes, idosos, crianças, enfim, a todos que precisassem. Amábile e Virgínia começaram a ser reconhecidas por todo o povo italiano que vivia naquela região distante e abandonada do Brasil.

Sonhos proféticos com Nossa Senhora

Em 1888 Amábile teve o primeiro de três sonhos com a Virgem Maria. Nesses sonhos, Nossa Senhora disse a Amábile: "Amábile, é meu ardente desejo que comeces uma obra: trabalharás pela salvação de minhas filhas." Amábile responde: "Mas como fazer isso minha Mãe? Não tenho meios, sou tão miserável, ignorante." Quando acordou após o terceiro sonho, Amábile assim respondeu em oração: "Servir-vos Minha querida Mãe.sou uma pobre criatura, mas para satisfazer o vosso desejo, prometo me esforçar o máximo que eu puder!"

Um hospitalzinho para os pobres

Amábile pediu e seu pai a ajudou a construir uma casinha de madeira, num terreno perto da capela, doado por um barão. O casebre se transformaria num pequeno hospital onde Amábile e Virgínia dedicaram-se arduamente ao cuidado dos doentes, mas, também, ao cuidado e à instrução das crianças. As duas nem sabiam, mas ali estava nascendo a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição.

A primeira paciente

A primeira pessoa doente que Amábile e Virgínia receberam no pequeno hospital, foi uma mulher que tinha câncer, em estado terminal. A pobre não tinha ninguém que pudesse cuidar dela. Assim, as duas assumiram a mulher no casebre. Era dia 12 de julho de 1890. Mais tarde, Amábile e Virgínia consideraram essa data como o dia da fundação da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. A Obra iniciou no dia em que as duas amigas começaram a atuar como enfermeiras.

Uma Obra inspirada por Deus

A Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição foi a primeira congregação feminina fundada no Brasil. Pela santidade e necessidade dessa Obra, ela foi aprovada rapidamente pelo bispo de Curitiba, em agosto de 1895. Quatro meses após a aprovação eclesiástica, Amábile, Virgínia e outra jovem chamada Teresa Maule, fizeram os votos religiosos na Congregação. Na ocasião, Amábile adotou o nome de irmã Paulina do Coração Agonizante de Jesus. Além disso, ela foi nomeada superiora da pequena congregação. Por isso, passou a ser chamada de Madre Paulina.

A semente germina e cresce

A santidade, a caridade e a prática apostólica de Madre Paulina e suas coirmãs fizeram por atrair muitas outras jovens. Apesar da pobreza e das imensas dificuldades em que as irmãzinhas viviam, o exemplo que elas davam arrastava. Por isso, muitas jovens ingressaram na Congregação. Elas continuaram a cuidar dos doentes, da paróquia, das crianças órfãs e dos pobres. Além disso, começaram uma pequena indústria da seda para terem como sobreviver e manter as obras de caridade.

Convite para se instalar em São Paulo

Em 1903, apenas oito anos após a aprovação eclesiástica, o reconhecimento da Congregação já era notório no Brasil por causa da santidade de vida das Irmãzinhas e do trabalho extremamente necessário que realizavam. Por isso, nesse ano, Madre Paulina foi chamada para estender sua obra a São Paulo. Ela viu no convite um chamado de Deus e aceitou o desafio.

A obra em São Paulo

Em 1903, Madre Paulina e algumas irmãs chegaram a São Paulo. Lá, foram morar no bairro Ipiranga, ao lado de uma capela. Logo ela iniciou uma obra importante: a obra da 'Sagrada Família', que tinha como objetivo abrigar ex-escravos e suas famílias após a abolição da escravatura, que tinha acontecido em 1888. Essas famílias viviam em péssimas condições e a obra de Madre Paulina deu a elas um pouco de dignidade.

Afastamento, humildade e obediência

Algum tempo depois, a obra cresceu em número de irmãs e em ações sociais. Nesse ínterim, Madre Paulina passou a ser perseguida e caluniada por uma rica senhora, chamada Ana Brotero. Esta, ajudava nas obras. A perseguição foi tanta que, em 1909 o bispo Dom Duarte destituiu Madre Paulina do cargo de superiora da congregação e a exilou em Bragança Paulista, SP. Madre Paulina, num exemplo de obediência, acatou a ordem do bispo, mesmo que em lágrimas de dor. Na ocasião, ela disse: "Meu  único desejo é que a obra da Congregação continue para que Jesus Cristo seja conhecido e amado por todos." No "exílio", Madre Paulina sujeitou-se aos trabalhos mais humildes e pesados, sem murmurar nem reclamar, mas entregando tudo ao Senhor.

Reconhecimento

Nove anos depois do chamado "exílio", Madre Paulina foi chamada pelo mesmo bispo de volta à casa geral da Congregação em São Paulo. Suas virtudes de humildade e obediência foram reconhecidas, depois dessa prova de fogo. Por isso, ela foi chamada para viver entre as novas irmãs e servir de exemplo e testemunho cristão para todas. Nesse tempo, destacou-se seu espírito de oração e a grande caridade que tinha para com todas as irmãs, especialmente as doentes.

Morte

A partir de 1938 Madre paulina iniciou um período de grandes sofrimentos físicos. Por causa do diabetes, seu braço direito teve que ser amputado. Depois disso, ficou cega. Foram quatro anos de sofrimentos físicos e de testemunho de fé. Ela permaneceu firme, louvando ao senhor por tudo e sendo cada vez mais amada e admirada pelas irmãzinhas. Por fim, após quatro anos de dor, ela entregou sua alma a Deus, na casa geral da congregação fundada por ela. Era o dia 9 de julho de1942. O papa João Paulo II celebrou sua beatificação em 1991, em visita ao Brasil. Sua canonização aconteceu em 2002, pelo mesmo Papa. Assim, ela passou a ser a primeira santa canonizada no Brasil.

Oração a Santa Madre Paulina

"Ó Santa Paulina, que puseste toda a confiança no Pai e em Jesus e que, inspirada por Maria, decidiste ajudar o povo sofrido, nós te confiamos a Igreja que tanto amas, nossas vidas, nossas famílias, a Vida Consagrada e todo o povo de Deus.

(Pedir a graça desejada)

Santa Paulina, intercede por nós, junto a Jesus, a fim de que tenhamos a coragem de lutar sempre, na conquista de um mundo mais humano, justo e fraterno. Amém."

Pai-Nosso - Ave Maria - Glória

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

sábado, 8 de julho de 2023

Como entender os pecados capitais e conseguir se libertar deles

Dikushin Dmitry | Shutterstock

Por Hozana

Podemos identificar um ou vários desses pecados, em menor ou maior grau, na vida de cada um de nós. Por isso é tão importante compreendê-los para vencê-los no nosso cotidiano.

Os pecados capitais foram definidos, da forma como conhecemos hoje, no século IV. Foi o monge grego Evágrio Pôntico, por volta do ano de 360 D.C., que constituiu essa lista. Seu objetivo era fazer um levantamento dos principais vícios que atrapalhavam a sua rotina de exercícios espirituais.

E assim ele os definiu: a gula, desejo insaciável; a avareza, apego excessivo; a luxúria, desejo passional e egoísta; a ira, intenso e descontrolado sentimento de raiva; a inveja, desejo exagerado por posses; a preguiça, pessoa que vive em estado de negligência; a soberba, orgulho excessivo.

Podemos identificar um ou vários desses pecados, em menor ou maior grau, na vida de cada um de nós. Por isso é tão importante compreendê-los para vencê-los no nosso cotidiano. O pecado acaba com o coração humano e chega até mesmo a atingir nosso psicológico e nossa saúde física. Não foi à toa que o Salmista declarou: “Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia” (Salmos 31,3). Sendo assim, é importante tomar providência concretas contra isso. Viver sempre caindo no mesmo pecado nos leva a pensar que existe algo errado que precisa ser corrigido.

1VOCÊ É REALMENTE CONVERTIDO?

Uma pessoa que caí sempre no mesmo pecado deve refletir se realmente teve um encontro verdadeiro com Jesus. Isso porque muitas vezes achamos que somos convertidos de verdade, mas não o somos. Se você tem dúvidas sobre isso, ore a Deus e faça um compromisso com Ele. É importante pensar nessa questão porque a Bíblia afirma que: “Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado…” (1 João 3,9). Ou seja, quando temos um encontro verdadeiro com Jesus não somos mais dominados pela prática do pecado. O pecado se torna um acidente em nossa vida e não mais uma prática.

2VOCÊ ESTÁ DESVIADO?

Uma causa muito comum de uma grande abertura para o pecado na vida de um servo de Deus é quando ele está “desviado” de Deus ou de Sua obra. Manter-se firme na obra de Deus, próximo de outros irmãos em Cristo, traz um grande fortalecimento para nossa vida. Caso você esteja afastado das coisas de Deus, busque voltar, isso ajudará muito a dar cada vez menos brechas para a ação do pecado em sua vida.

3SUA VIDA ESPIRITUAL ESTÁ EM DIA?

Sabemos que Deus é a fonte de tudo que precisamos para viver uma vida santa. Se por algum motivo nos afastamos desta fonte, isto é, deixamos de orar, de ler a Bíblia, de fazer a obra de Deus, de ter comunhão com Ele, etc., estamos enfraquecendo o nosso espírito e, consequentemente, fortalecendo a nossa carne. Devemos lembrar que a Bíblia é clara quando diz que “a carne luta contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si” (Galátas 5,17). Isso significa que se alimentamos pouco o nosso espírito, a carne irá ficar mais forte, e se alimentamos muito o nosso espírito a carne ficará mais fraca.

4VOCÊ TEM FICADO EXPOSTO AO PECADO?

É muito comum acharmos que vamos vencer um pecado de forma milagrosa. Geralmente não é assim que acontece. Precisamos agir com inteligência diante do pecado; “vigiar”. Por exemplo, muitos jovens cristãos têm problemas com pornografia e querem vencer isso. No entanto, não mudam nada em suas rotinas. Continuam com os mesmos hábitos de quando o pecado os dominava. Fazendo assim, dificilmente vencerá. Não adianta tentar vencer um pecado esperando um milagre do céu e nem tentar vencer sem a ajuda de Deus. Na colaboração mútua o ser humano pode vencer e agradar a Deus, vivendo o que a Bíblia nos manda viver: “Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça” (Romanos 6,14).

Quer entender melhor sobre tudo isso? Participe então do retiro, entender e me libertar dos pecados capitais, na rede social de oração Hozana (clique aqui para se inscrever).

Henrique S. Filho, Fundador Com. Anuncia-Me, pelo Hozana

Fonte: https://pt.aleteia.org/

O Papa à FAO: milhões de pessoas continuam passando fome, é preciso ação conjunta

Necessária ação conjunta para contrastar a fome no mundo

A pobreza, as desigualdades, a falta de acesso a recursos básicos, como alimentos, água potável, saúde, educação e moradia, são uma grave afronta à dignidade humana! É o que afirma o Papa Francisco na mensagem aos participantes da 43ª Conferência da FAO, Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura.

Raimundo de Lima – Vatican News

Milhões de pessoas continuam sofrendo com a miséria e a desnutrição no mundo, devido a conflitos armados, bem como às mudanças climáticas e aos desastres naturais resultantes. O deslocamento em massa, além de outros efeitos das tensões políticas, econômicas e militares em escala planetária, debilitam os esforços para garantir que as condições de vida das pessoas sejam melhoradas em razão de sua dignidade inerente.

É o que ressalta o Papa na mensagem aos participantes da 43ª Conferência da FAO, Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, que tem sua sede em Roma. Lançando um olhar para a situação atual, Francisco diz valer a pena repetir mais uma vez: a pobreza, as desigualdades, a falta de acesso a recursos básicos, como alimentos, água potável, saúde, educação e moradia, são uma grave afronta à dignidade humana!

Já no início de sua mensagem, o Santo Padre congratula-se com o diretor geral da FAO, Qu Dongyu, por sua eleição para um segundo mandato à frente desta Organização, incentivando-o a continuar seu trabalho, em um momento em que é inescapável uma ação decisiva e competente para erradicar o flagelo da fome no mundo, que avança em vez de recuar.

Evitar o perigo da  "colonização ideológica"

Em nossos dias, constata o Pontífice, muitos especialistas afirmam que a meta do Fome Zero não será alcançada dentro do prazo estabelecido pela comunidade internacional. Mas permitam-me dizer, continua o Papa, que o não cumprimento das responsabilidades comuns não deve nos levar a transformar as intenções iniciais em novos programas revisados que, em vez de beneficiar as pessoas respondendo às suas necessidades reais, não as levam em consideração.

Pelo contrário, observa Francisco, devemos ser muito cuidadosos e respeitar as comunidades locais, a diversidade cultural e as especificidades tradicionais, que não podem ser alteradas ou destruídas em nome de uma ideia míope de progresso que, na realidade, corre o risco de se tornar sinônimo de "colonização ideológica".

Ação conjunta e colaborativa de toda a família das nações

Por esse motivo, nunca me canso de enfatizar isso, as intervenções e os projetos devem ser planejados e implementados em resposta ao clamor das pessoas e de suas comunidades; não podem ser impostos de cima para baixo ou por instâncias que buscam apenas seus próprios interesses ou lucros.

O Santo Padre enfatiza que o desafio que enfrentamos é a ação conjunta e colaborativa de toda a família das nações e que não pode haver espaço para conflito ou oposição, quando os enormes desafios em questão exigem uma abordagem holística e multilateral.

Contribuição da Santa Sé para o bem comum

Por isso, a FAO e as outras organizações internacionais só conseguirão cumprir seu mandato e coordenar medidas preventivas e incisivas para o benefício de todos, especialmente dos mais pobres, por meio de uma sinergia leal e pensada de modo consensual e perspicaz por parte de todos os atores envolvidos. Os governos, as empresas, o mundo acadêmico, as instituições internacionais, a sociedade civil e os indivíduos devem fazer um esforço conjunto, deixando de lado lógicas mesquinhas e visões tendenciosas, para que todos se beneficiem e ninguém seja deixado para trás.

Francisco conclui assegurando que a Santa Sé, por sua vez, continuará dando sua contribuição para o bem comum, oferecendo a experiência e o trabalho das instituições ligadas à Igreja católica, para que não falte o pão de cada dia a ninguém em nosso mundo e para que o nosso planeta receba a proteção necessária, a fim de que volte a ser o belo jardim que saiu das mãos do Criador para o deleite do ser humano.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

"Analfabetos emocionais"

Analfabeto Emocional (Gilcler Regina)

“ANALFABETOS EMOCIONAIS”

Dom Jacinto Bergmann
Arcebispo de Pelotas (RS)

O grande cineasta do século passado, Ingmar Bergman, já afirmava que a humanidade – nós caminhamos para nos tornarmos “analfabetos emocionais”. 

Pelo lado da comunicação, estamos integrados num corpus social, que solicita, expande e reprime a nossa sensibilidade. Basta ouvir aquele que foi o maior teórico da comunicação do século vinte, Marshall McLuhan, para perceber até que ponto isso é aproveitado pela sociedade de compreensão de comunicação global, para quem o indivíduo possa a ser uma presa. O que diz McLuhan sobre a televisão, por exemplo, é imensamente elucidativo: “Um dos efeitos da televisão é retirar a identidade pessoal. Só por ver televisão, as pessoas tornam-se um grupo coletivo de iguais. Perdem o interesse pela singularidade pessoal”. O que ele não diria, hoje, sobre a comunicação virtual? 

Se repararmos os meios que lideram a comunicação contemporânea, eles interagem apenas com aqueles dos nossos sentidos que captam sinais a distância: fundamentalmente a visão e a audição. Origina-se, assim, uma descontrolada e hipertrofia dos olhos e dos ouvidos, sobre os quais passa a recair toda a responsabilidade pela participação no real. “Você viu aquilo?”, “você já ouviu a última do …”: os nossos cotidianos são continuamente bombardeados pela pressão do ver e do ouvir. O mesmo se passa com a locomoção: seja pilotando um avião, conduzindo um automóvel, seja o trabalhador se deslocando nas artérias das cidades modernas, o fundamental são os sentidos que colhem a informação visual e sonora. (Nem será necessário lembrar aqui que não é assim em todas as culturas). 

Essa sobrecarga sobre os sentidos, que captam o que está mais afastado de nós, esconde, muitas vezes, tantas coisas essenciais, inclusive o subdesenvolvimento e a pobreza em que os outros são deixados. Ao mesmo tempo que floresce a indústria dos perfumes, desaprendemos a distinguir o aroma das flores. Por mais que seja dez mil vezes mais prático passar pela frutaria do inodoro hipermercado, não é a mesma coisa que atravessar a catedral de aromas de um pomar. 

E isso, é de modo semelhante com os outros sentidos que implicam proximidade: o paladar e o tato. Hoje, só quase profissionais arriscam provas cegas das comidas ou bebidas. Mas mesmo aí são cada vez mais os olhos que comem, pelo investimento decorativo dos pratos, pelo requinte do design ou pela manipulação do próprio sabor. Isso, para não falar do tato… A nossa distância torna-se tão grande que deixamos de saber coisas elementares, como caminhar descalço na clareira e afastar mansamente as folhas da fonte para beber devagarinho ou como acariciar a vida desprotegida que se avizinha de nós. A natureza não perdeu o seu “sabor”! 

Não será tempo de voltarmos a todos os sentidos? Não será essa uma oportunidade propícia para nos revitalizar? Não é chegado o momento de compreender melhor aquilo que une sentidos e SENTIDO? Fomos criados por Deus para um SENTIDO maior e não sermos “analfabetos emocionais”!

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

"Farei do meu jeito", diz Tucho Fernández sobre chefiar o Dicastério da Doutrina da Fé

Dom Víctor Manuel "Tucho" Fernández. / ACI Prensa

Por Courtney Mares

Vaticano, 07 Jul. 23 / 10:09 am (ACI).- Falando sobre a polêmica em torno de sua recente nomeação como prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé da Santa Sé, o arcebispo argentino Víctor Manuel "Tucho" Fernández respondeu: "Farei 'do meu jeito'".

Em sua primeira entrevista desde que foi nomeado para o cargo pelo papa Francisco, dom Fernández falou, entre outros temas, sobre o tratamento de abusos sexuais no clero, o polêmico Caminho Sinodal Alemão, as bênçãos para casais homossexuais e como ele planeja abordar suas novas funções.

Fernández, que é o arcebispo de La Plata, Argentina, disse que escreveu uma carta aos membros do Dicastério para a Doutrina da Fé dizendo o quanto admira o atual prefeito, o cardeal jesuíta espanhol Luis Ladaria Ferrer, tanto como teólogo quanto pelo seu estilo de trabalho, “mas acrescentei que faria 'do meu jeito', como diz a canção italiana”.

“Levando em conta o apelo do papa à sinodalidade, primeiro terei que ouvir um pouco antes de tomar decisões, mas certamente há considerações na carta que o papa me enviou que teremos que aplicar de alguma forma”, disse o arcebispo popularmente conhecido como “Tucho”, em entrevista ao site espanhol InfoVaticana publicada na quarta-feira (5).

InfoVaticana perguntou ao arcebispo argentino o que diria aos que se opõem à sua nomeação por temer que “ele possa desempenhar uma tarefa muito distante do que deveria ser o Prefeito do Dicastério da Doutrina da Fé”.

Dom Fernández respondeu: “Essas tarefas também podem ser reconfiguradas, e o papa tem o direito de dar-lhes outra cara. Não lhe parece certo que em algum momento da história ocupe esse cargo um latino-americano que já foi pároco nas periferias, que cresceu em uma pequena cidade do interior, com uma sensibilidade próxima à dor daqueles descartados pela sociedade, com uma história de vida muito diferente da de um europeu ou estadunidense, mas que ao mesmo tempo é doutor em Teologia?”.

“Mais uma vez, digo-lhe que vou aprender da história, vou respeitar os processos, vou dialogar, mas vou fazer 'do meu jeito'”.

Sobre como lidar com os abusos

Dom Fernández contou que, quando o papa Francisco lhe pediu pela primeira vez para assumir o cargo de prefeito, ele recusou. “Em primeiro lugar, porque não me considerava adequado para liderar os trabalhos na área disciplinar. Não sou canonista e, de fato, quando cheguei a La Plata, tinha pouca ideia de como lidar com esses assuntos”

“É complexo, porque em princípio é preciso acreditar em quem apresenta acusações de abusos de menores, é preciso acreditar, e por outro lado não se pode condenar o padre sem o devido processo, o que leva tempo. E no meio vêm todas as reivindicações às quais é preciso responder falando o mínimo possível para não interferir. Naquela época me deixei guiar pelos canonistas e fui aprendendo, mas com um sofrimento enorme por medo de ser injusto com um ou outro”, disse.

Fernández disse que se sentiu “mais seguro” quando o papa lhe disse que “o que ele queria era que o Prefeito delegasse esta tarefa à Seção Disciplinar” e pediu que ele se concentrasse na teologia e na transmissão da fé, como o papa Francisco também disse numa carta publicada no momento de sua nomeação.

BishopAccountability.org, um grupo que registra e analisa casos de abuso sexual na Igreja Católica, se disse seriamente preocupado com a nomeação de dom Fernández por causa do "recente tratamento dado por Fernández a um caso de abuso sexual do clero em sua arquidiocese de La Plata".

Um porta-voz de dom Fernández respondeu às acusações de que teria sido negligente em casos de abuso sexual por parte do clero, negando firmemente tais acusações.

O Caminho Sinodal Alemão

Ao responder sobre como pretende lidar com o polêmico Caminho Sinodal Alemão quando assumir o cargo de Prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, dom Fernández disse: "No meu estilo como Arcebispo, não esteve presente essa preocupação por ordenar mulheres ou coisas do tipo. Obviamente, agora cabe a mim me atualizar sobre o assunto, ouvir, conversar, consultar...".

"Por enquanto, devo dizer a vocês que não acho que não haja algo de bom neste 'movimento' alemão", disse ele.

"O cardeal Ladaria me disse uma vez que desejava que houvesse algum herege que nos obrigasse a aprofundar mais a fé", continuou. "Essa questão histórica nos deixará com algo bom, mesmo que seja necessário polir as coisas, torná-las mais precisas, amadurecê-las.

Bênção aos casais homossexuais

Respondendo a uma pergunta sobre se ele concordava com a declaração de 2021 do Dicastério para a Doutrina da Fé que determinou que a Igreja Católica não pode abençoar uniões homossexuais, dom Fernández disse: “Olha, assim como sou firmemente contra o aborto (...) Entendo também que 'matrimônio' em sentido estrito é uma só coisa: aquela união estável de dois seres tão diferentes como são o homem e a mulher, que nessa diferença são capazes de gerar uma nova vida”.

"Não há nada que possa ser comparado a isso e usar esse nome para expressar outra coisa não é bom nem correto", disse ele. “Ao mesmo tempo, acho que devem ser evitados gestos ou ações que possam expressar algo diferente. Por isso acho que o maior cuidado que se deve ter é evitar ritos ou bênçãos que possam alimentar essa confusão”.

"Agora, se uma bênção for dada de tal forma que não cause essa confusão, ela terá que ser analisada e confirmada".

"Como você pode ver, há um ponto em que se afasta de uma discussão propriamente teológica e passa para uma questão mais prudencial ou disciplinar", disse ele.

A arte de beijar

O arcebispo disse que não se arrepende de ter publicado o livro que escreveu quando era padre, em meados da década de 1990, intitulado “Cura-me com a tua boca. A arte de beijar”.

“Não era um manual de teologia, era uma tentativa pastoral da qual nunca me arrependerei”, disse, antes de dizer que pediu à editora que “não o reprimissem”.

O arcebispo argentino disse que escreveu o livro preocupado com os jovens que tinham dificuldades em explicar a seus pares por que devem evitar o sexo antes do casamento. Mais tarde, ele acrescentou que o beijo era um "exemplo de uma dessas expressões de afeto que podem ser feitas sem a necessidade de sexo".

“Você não acha que é errado pegar aquele livrinho, usar frases soltas daquele folheto pastoral juvenil para me julgar como teólogo?”, questionou.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Hoje recordamos o beato Eugênio III, papa que trabalhou pela unidade do mundo cristão

Eugênio III (ACI Digital)

REDAÇÃO CENTRAL, 08 Jul. 23 / 05:00 am (ACI).- A Igreja Católica recorda hoje (8) o beato papa Eugênio III, que era considerado por santo Antônio de Pádua como "um dos maiores Pontífices e que mais sofreram".

Seu nome de batismo era Bernardo Paganelli, e nasceu no reino de Pisa, Itália, por volta do ano de 1088.

O papa monge, o monge papa

Por volta de 1106 Paganelli começou a servir como cônego do capítulo da catedral de Pisa, e por volta de 1115 aparece registrado como subdiácono da catedral. Em algum momento entre os anos de 1134 e 1137, ele foi ordenado sacerdote pelo papa Inocêncio II, que morava em Pisa na época. Por influência de são Bernardo de Claraval, em 1138 ingressou na Ordem de Cister, já com 50 anos. Mais tarde mudou-se para a famosa abadia cisterciense de Claraval, na França.

Ao se tornar monge, assumiu o nome de seu abade ou superior, "Bernardo", mantendo seu primeiro nome. Quando o papa Inocêncio II pediu que alguns cistercienses fossem morar em Roma, são Bernardo enviou seu xará como chefe da comitiva. O grupo de cistercienses instalou-se no convento de santo Anastásio (Tre Fontane).

Anos depois, com a morte do papa Lúcio II em 1145, os cardeais escolheram Bernardo, abade de santo Anastásio, como seu sucessor. O novo papa tomou o nome de Eugênio e foi consagrado na abadia de Farfa.

O beato foi o 167º papa da Igreja Católica, o primeiro cisterciense a sentar-se na Sé de Pedro. A tradição lembra que ele sempre usou o hábito de sua ordem, mesmo enquanto estava no cargo, até o dia de sua morte.

Em defesa do cristianismo

Em janeiro de 1147, ele aceitou de bom grado o convite de Luís VII para convocar a cruzada na França. O monarca francês precisava de apoio pontifício para recuperar a cidade de Edessa, Turquia, erguida como bastião cristão na Mesopotâmia após a primeira cruzada. A segunda cruzada, convocada pelo papa Eugênio, terminou em grande fracasso.

O papa permaneceu no território francês até que o clamor popular pela derrota o impossibilitou de permanecer mais tempo naquele país. Durante sua estadia, o papa Eugênio III fez os sínodos de Paris, Trier e Reims, que se ocuparam principalmente de promover e renovar a vida cristã em seus dois aspectos principais. Por um lado, promoveu a renovação da cúria e do episcopado com o objetivo de responder às exigências dos seculares que viam em suas autoridades eclesiais um claro antitestemunho; por outro, promoveu a renovação da vida religiosa, que também passava por uma profunda crise. Ao mesmo tempo, Eugênio III fez o possível para reorganizar as escolas de filosofia e teologia.

Autoridade espiritual

Em maio de 1148 o papa voltou à Itália e excomungou Arnoldo de Bréscia, padre com pretensões reformistas, mas, contaminado pelas posições errôneas de seu mestre, o filósofo Pedro Abelardo, acabou liderando um movimento cismático. O papa Eugênio já havia combatido em várias ocasiões as tentativas de abolir a hierarquia eclesial e construir uma igreja de “puros”, “não contaminados” pelos erros óbvios de muitos membros do clero. O papa Eugênio, além disso, teve que aliviar inúmeras tensões políticas ao longo de seu pontificado, geradas pelas lutas de poder entre os reinos da Itália, que só foram aliviadas quando aqueles que detinham o poder coincidiram em sua animosidade contra o poder papal, tanto espiritual como temporal.

São Bernardo, consciente da dureza das batalhas que o papa enfrentava, dedicou seu tratado ascético De Consideratione ao papa, no qual afirmava que o principal dever do papa era cuidar dos assuntos espirituais e que ele não deveria se deixar distrair demais com assuntos que pertencem a outras jurisdições.

Eugênio III, que havia partido de Roma no verão de 1150, passou dois anos e meio na Campânia, tentando obter o apoio político do imperador Conrado III e seu sucessor, Frederico Barbarossa. O papa havia excomungado o cismático Brescia, mas este tinha a proteção dos germanos. Nisto, como no tema da autonomia dos Estados Pontifícios, a intenção do papa foi sempre manter a unidade da Europa em torno ao cristianismo.

O beato morreu em Roma em 8 de julho de 1153. Seu culto foi aprovado em 3 de outubro de 1872, após ser declarado beato pelo papa Pio IX.

Fonte: https://www.acidigital.com/

sexta-feira, 7 de julho de 2023

O que o assassino convertido de Santa Maria Goretti pode ensinar sobre os perigos da pornografia

Public Domain

Por Philip Kosloski

Em sua carta-testemunho, Alexandre Serenelli faz um alerta aos jovens que "não se incomodam" com o caminho do mal que o "levou à ruína".

Uma das maiores batalhas que muitas pessoas têm na cultura moderna é contra a luxúria. A crescente disponibilidade de pornografia por meio de dispositivos móveis e computadores só piorou os problemas.

Para muitos, libertar-se dos vícios sexuais é muito difícil. É por isso que precisamos da ajuda de Deus, bem como de programas sólidos que conduzam ao caminho da liberdade. Uma forma de invocar a graça de Deus é fazê-lo pela intercessão dos santos.

E um pensamento do assassino convertido de Santa Maria Goretti pode ajudar a largar esse vício.

Seu nome era Alexandre Serenelli (1882-1970), mais conhecido como o vizinho de 20 anos que tentou estuprar Santa Maria Goretti, de 11 anos. Quando ela lutou contra seu ataque, implorando para que ele se lembrasse de sua própria alma, ele a esfaqueou 14 vezes.

No entanto, em seu leito de morte, Santa Maria Goretti disse: “Eu perdôo Alexandre Serenelli… e o quero comigo no céu para sempre”.

Alexandre foi enviado para a prisão. No entanto, Santa Maria Goretti apareceu a ele em sua cela e o perdoou novamente. Isso teve um impacto profundo na vida do jovem, que logo em seguida iniciou o caminho da conversão.

Ele permaneceu na prisão por 27 anos. Assim que foi libertado, Alexandre visitou a mãe de Maria Goretti e também pediu perdão a ela. Ambos assistiram à Missa juntos e se reconciliaram.

Alexandre, então, se mudou para um convento franciscano e lá trabalhou como jardineiro pelo resto de sua vida.

Antes de sua morte, em 1970, escreveu um “testamento espiritual”, onde expressou sua contrição, explicando até que havia sido consumido por materiais pornográficos, muitos dos quais fornecidos por seu próprio pai. Disse ele:

“Tenho quase 80 anos e estou perto do fim dos meus dias.

Olhando para o passado, reconheço que, na minha juventude, percorri um caminho falso: o caminho do mal, que me levou à ruína.

Vejo através da imprensa que a maioria dos jovens, sem se incomodarem, seguem o mesmo caminho; eu também não me incomodava.”

Alexandre desejou muito seguir o exemplo de Santa Maria Goretti, e escreveu: “E agora, com serenidade, aguardo o momento de ser admitido na visão de Deus, de abraçar novamente meus entes queridos, de estar perto de meu anjo protetor [Maria] e sua querida mãe, Assunta.”

Sua vida arrependida tornou-se uma inspiração para muitos, e uma Oração para a Glorificação de Alexandre Serenelli foi impressa e disponibilizada aos peregrinos que veneram as relíquias de Santa Maria Goretti. Embora sua causa de canonização ainda não tenha sido aberta, espera-se que um dia seu exemplo seja oficialmente reconhecido pela Igreja.

Os indivíduos são encorajados a usar a oração e invocar sua intercessão, pedindo um milagre. Especialmente para os viciados em pornografia, Alexandre pode ser um poderá se tornar um poderoso intercessor, pois conheceu em primeira mão as consequências mortais do pecado.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Eternidade à espreita dentro de cada aparência

A Maestà de Duccio di Buoninsegna, Museo dell'Opera del Duomo, Siena: o encontro entre Jesus ressuscitado e os apóstolos no lago Tiberíades (30Giorni)

Arquivo 30Dias – 06/1999

Eternidade à espreita dentro de cada aparência

Discurso de Dom Luigi Giussani no encontro promovido pelo Pontifício Conselho para os Leigos sobre o tema "Movimentos eclesiais e novas comunidades na pastoral dos Bispos" Roma, 18 de junho de 1999.

por Monsenhor Luigi Giussani

) Para quem é cristão e ama a Igreja com tudo de si, assim como ela é e como sua mãe o ensinou a amá-la, o escândalo é inevitável quando se nota a queda repentina e contínua do número de pessoas que vão à igreja, assim como impõe hoje a informação dos meios de comunicação de massa.

) Como você pode não ser tentado a entender que algo está errado? E isso não pode se referir moralisticamente apenas à liberdade do indivíduo; pode surgir no coração a impressão de que a infidelidade ao Espírito atinge até algumas expressões de quem ensina o catecismo e na confiança de certos valores e opiniões do clima descristianizado isso pode vir a ser valorizado como sinal da tempos, ao invés de ser lido no mistério de Cristo. Em suma, este "algo" que falta não pode dizer respeito à natureza do dom de Cristo. Não é um defeito original!

Ao contrário, trata-se de uma redução daquilo que Cristo quis fazer entre os homens, todos enfraquecidos pelo pecado original: para isso Cristo veio.

Portanto, a decisão de seguir a Cristo pode ser tomada por homens que considerem sua dedicação à Igreja à luz do poder terreno, que mantém a origem e a dinâmica de todos, mesmo os não cristãos; e assim a falta de sentido do Mistério distorce o próprio acontecimento de Cristo.
De fato, tem sido possível ser fiel à letra da Tradição sem ser educado de maneira cristã que saiba quais são os fundamentos de tudo na Igreja. 

) Pensando no início da minha história, gostaria de observar que o estímulo à novidade, por outro lado, veio em mim de dentro da minha fidelidade aos termos da Tradição, ao ensinamento e à prática da Igreja. Entrei no seminário muito jovem, convencido da necessidade da comunhão e da confissão como conseqüência do batismo. Eu era um jovem seminarista, um menino obediente e exemplar, até que um dia aconteceu algo que mudou radicalmente a minha vida. Foi quando um professor meu me explicou, no seminário, a primeira página do Evangelho de João: «A Palavra de Deus, ou o fim das necessidades do coração humano, isto é, o objeto último dos desejos de todo homem - felicidade -, tornou-se carne." Minha vida foi literalmente investida por isso: tanto como uma memória que persistentemente atingiu meus pensamentos, quanto como um estímulo para uma reavaliação da banalidade cotidiana. Desde então, o instante deixou de ser banal para mim. Tudo o que era, portanto tudo o que era belo, verdadeiro, atrativo, fascinante, até como possibilidade, encontrava naquela mensagem a sua razão de ser, como certeza de presença em que havia a esperança de tudo abraçar.

O que me diferenciava dos que me rodeavam era o desejo e a vontade de compreender. Este é o terreno em que nasce nossa devoção à razão. 

) Passei a me interessar pelos alunos, porque as relações que tive, desde os primeiros dias de minha função como professora no seminário, eram todas com os alunos. Não foi a escolha de um ambiente particular para o qual dizer certas coisas; eu me encontrei lá.

Assim como um dia encontrei aqueles três meninos no trem indo para Rimini. Não os conhecia e descobri-os terrivelmente ignorantes e carregados de preconceitos sobre o fato cristão. Este foi o motivo que me levou a pedir aos superiores que abandonassem o ensino de teologia no seminário para me dedicar a um trabalho de presença entre os alunos das escolas milanesas.

As coisas que lhes contei nasceram não de uma análise do mundo estudantil, mas do que minha mãe e do seminário me contaram. Em suma, tratava-se de falar aos outros com palavras ditadas pela Tradição, mas com consciência visível, até às implicações metodológicas.

O que eu estava fazendo, em qualquer lugar da Igreja eu teria feito! O que senti e vi foi como um caminho novo, não percebido antes, exceto nos textos dos Padres e nos papais. Essa percepção surgiu de uma experiência. Leio as próprias palavras do Evangelho e da Tradição de uma maneira nova.

A diferença entre os integralistas e os tradicionalistas e nós é que, enquanto para salvar a forma antiga eles queriam reconvocar os outros à sua condição anterior (e imitar mecanicamente seus pais), era necessário para nós, justamente salvar a Tradição , para entender em que consistia o conteúdo do mesmo, explicá-lo e dar o exemplo. Eu "compreendi", e outros comigo, que Cristo estava ali, presente.

O encontro de Jesus ressuscitado com os apóstolos no monte da Galiléia (30Giorni)

) Procurei esclarecer-me, explicar esta graça de conhecimento e reflexão que recebi. Muitas vezes não me senti acolhida pelas paróquias e pelas associações oficiais, mas para mim a imagem que me vinha dava uma alegria e uma certeza do fato cristão sem comparação e o tornava um fato que enchia todo o coração na abertura ao totalidade da realidade da Igreja no mundo. E essa certeza, essa esperança e essa abertura se traduziram nas crianças que começaram a me seguir. Foi o surgimento de um modo de sentir a presença de Jesus na Igreja como resposta total e abrangente às questões do mundo.

Compreendi depois de muitos anos, precisamente na comparação sempre procurada e amada com a autoridade da Igreja, que o meu desejo, a paixão do coração que sentia por esta novidade de vida eram uma graça particular do Espírito, que se chama carisma . Carisma A modalidade concreta com a qual o Espírito suscita no coração humano uma adequada compreensão e afeição por Cristo em um dado contexto histórico apareceu-me claramente. E quem o recebe "deve" participar do mandato de Cristo: "Ide por todo o mundo!". Do dom dado a um indivíduo começa uma experiência de fé que pode ser útil de alguma forma para a Igreja.

Entendo que se sinta que uma modalidade expressiva é mais interessante que outra, mas pode haver um modo pelo qual o carisma traduz, comunica com a consciência tranquila o que São Paulo afirma da nova criatura; não apenas da nova inteligência ou de um novo coração de caridade, mas da nova criatura em sua totalidade! E isso sublinhando o que é o método cristão. Assim como Deus se fez presente ao homem em Jesus de Nazaré, nossa fórmula para sentir vibrar o protagonista desta história é constatar sua presença integralmente humana e, portanto, a origem de algo que em sua totalidade, tornando-se fonte de uma outra homem, torna-se fonte de uma empresa diferente.

) A dinâmica de reconhecer e verificar a presença de Cristo torna qualquer um criativo e protagonista e faz descobrir como a atividade do cristão é missionária por natureza, isto é, participante do método do próprio Cristo que criou a Igreja para se dar a conhecer em todo o mundo. O propósito da existência cristã é, portanto, viver para a glória humana de Cristo na história.

Portanto, amamos todas as formas que a Igreja reconhece e estamos prontos dentro de nossos limites para colaborar com qualquer iniciativa. O que quer que façamos, não podemos deixar de concebê-lo como uma missão, o destino último de toda ação.

A nossa certeza, fonte de alegria, é a de pertencer à Igreja, de cuja autoridade, como se traduz a todos os níveis, dependemos, pedindo para sermos reconhecidos, prontos a sacrificar-nos até ao da vida, mas sobretudo prontos a converter-nos sempre mente e coração de uma mentalidade mundana.

) Por isso nossa concepção moral, reconhecendo a sujeição do homem ao pecado original, deseja atravessar a aparência de tudo em profunda simpatia por Cristo presente, a fim de afirmar seu sentido último, de modo que a relação com qualquer coisa seja experimentada como um sinal e convite ao destino. O cristão é, portanto, um homem que percebe a eternidade escondida em cada aparência.

Fonte: http://www.30giorni.it/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF