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domingo, 9 de julho de 2023

Como a enorme extração de água subterrânea está deslocando o eixo da Terra

Deslocamento de grandes quantidades de água afeta a distribuição de massa na Terra / SCIENCE PHOTO LIBRARY

Como a enorme extração de água subterrânea está deslocando o eixo da Terra.

  • Author,Redação
  • Role,BBC News Mundo
  • 4 julho 2023

A extração e transporte de águas subterrâneas fizeram com que o eixo de rotação da Terra se inclinasse quase 80 centímetros para o leste entre 1993 e 2010.

A conclusão é de um estudo publicado na última edição do periódico Geophysical Research Letters, da União Americana de Geofísica (AGU, na sigla em inglês).

Segundo os pesquisadores, o deslocamento de grandes massas de água devido à interferência humana nos aquíferos não só está provocando essa mudança no eixo de rotação da Terra, como também afeta o nível do mar.

"As águas subterrâneas bombeadas evaporam para a atmosfera ou correm para os rios. E elas acabam nos oceanos por meio da precipitação ou do deságue", explicou à BBC Mundo Ki-Weon Seo, professor de Ciências da Terra na Universidade Nacional de Seul, Coreia do Sul, e principal autor do estudo.

Desta forma, "a água se move da terra para os oceanos. É uma grande redistribuição de água.

A capacidade da água de alterar a rotação da Terra já havia sido descoberta em 2016.

Outro estudo de 2021 focou no impacto da perda de água nas regiões polares no eixo de inclinação da Terra, ou seja, no gelo que derreteu e escoou para os oceanos.

Até agora, no entanto, o efeito específico do deslocamento das águas subterrâneas nas mudanças rotacionais não era conhecido.ÉDIT,GETTY IMAGES

Efeitos da ação humana

O eixo de rotação da Terra é o ponto em torno do qual o planeta gira. Esse eixo imaginário liga o Polo Norte ao Polo Sul e, ao fim de 24 horas, a Terra dá uma volta completa sobre si mesma.

A ideia de que os polos geográficos da Terra — ou seja, os pontos por onde o eixo de rotação passa — são ligeiramente móveis já é bastante conhecida. E esse é um processo natural, já que o campo gravitacional terrestre não é perfeitamente igual em todos os pontos da superfície e mudanças na distribuição da massa do planeta fazem com que o eixo se mova.

Mas o tipo de deslocamento que se observa desde os anos 1990 tem marcas profundas da ação humana.

A distribuição da água no planeta afeta ainda mais como a massa é distribuída em nosso planeta. Segundo os cientistas, esse processo é quase como adicionar mais peso a um pião que não para de girar.

Da mesma forma que acontece com o brinquedo, a Terra gira de forma um pouco diferente conforme a água se move.

"O polo de rotação da Terra realmente muda muito", observa Seo. “Nosso estudo mostra que, entre as causas relacionadas ao clima, a redistribuição das águas subterrâneas tem o maior impacto na deriva rotacional dos polos”.

Os cientistas determinaram ainda que a redistribuição da água localizada originalmente nas latitudes médias tem um impacto maior no eixo de rotação.

Durante o período de estudo, a maior parte da água que foi redistribuída estava localizada no oeste da América do Norte e no noroeste da Índia, ambos em latitudes médias.

Os esforços dos países para reduzir a captação de águas subterrâneas, especialmente em regiões tão sensíveis, teoricamente poderiam alterar as mudanças na movimentação dos polos geográficos da Terra.

Mas isso só acontecerá se esses esforços forem mantidos por décadas, diz Seo.

O impacto da extração de água

No novo estudo, os cientistas estudaram o modelo de mudanças observadas no eixo de rotação da Terra e no movimento da água.

Primeiro, eles consideraram apenas os deslocamentos de água causados ​​pelo derretimento de calotas de gelo e geleiras. Depois adicionaram diferentes cenários de redistribuição de águas subterrâneas.

O modelo apenas correspondeu à mudança de inclinação registrada atualmente quando uma redistribuição de águas subterrâneas de 2.150 gigatoneladas foi incluída.

Estudos anteriores estimavam que o homem havia extraído 2.150 gigatoneladas de água subterrânea entre 1993 e 2010, uma quantidade que equivale a mais de 6 milímetros de aumento do nível do mar.

O novo estudo é uma contribuição importante para a humanidade, diz Surendra Adhikari, cientista pesquisador do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, que não esteve envolvido na pesquisa.

“Eles quantificaram o papel da extração de águas subterrâneas no movimento da Terra, e isso é muito significativo”.

Adhikari foi um dos autores do estudo de 2016 sobre o impacto da redistribuição da água.

Seo esclarece que a redistribuição da água não afeta as estações do ano.

"O eixo de rotação da Terra normalmente muda vários metros em um ano. Portanto, uma variação de cerca de um metro por cerca de duas décadas não afetaria o clima."

O importante para o cientista é ter verificado “que a extração de água subterrânea afeta o eixo de rotação da Terra”.

"Usamos o eixo de rotação como evidência observacional para a extração de águas subterrâneas."

'Como pai, estou preocupado'

"Estou muito satisfeito por ter encontrado uma causa até então inexplicável das mudanças no eixo de rotação", diz Seo.

"Por outro lado, como morador da Terra e pai, estou preocupado e surpreso ao ver a extração das águas subterrâneas como outra fonte de aumento do nível do mar."

A intensificação das secas devido às mudanças climáticas pode levar ao aumento da extração e transporte de águas subterrâneas.

O cientista está preocupado com a ligação entre esses movimentos das massas de água e a elevação do nível do mar.

"Essa é uma preocupação geral porque muitos de nós moramos em cidades costeiras", observa Seo. "Minha geração estaria bem, mas meus filhos poderiam ter problemas devido ao aumento do nível do mar."

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese

Por que minha família não vai a parques de diversões nas férias

Jose Aitor Pons Buigues \ Pixabay CC0

Por Michael Rennier

Aprendemos algumas lições valiosas sobre os momentos de lazer e férias em família.

Há um parque temático bem conhecido perto da nossa cidade, com montanhas russas, passeios aquáticos e personagens de desenhos animados que enlouquecem as crianças. Não vou lá desde o liceu, por isso não sei como é hoje; tudo o que tenho são vagas recordações de comer sorvete a pingar nos meus sapatos no calor abrasador do Verão, e finalmente ter a coragem de andar na minha primeira montanha russa verdadeiramente assustadora.

Também me lembro de queimaduras solares, em filas tão longas que as minhas costas doíam, sendo desesperadamente quentes e pegajosas, e querendo sair após apenas algumas horas. Estas lembranças são maiores na minha mente do que qualquer outra coisa, e é provavelmente por isso que ainda não voltei.

Levamos os nossos filhos a um parque de diversões diferente, desses realmente grandes e famosos, há cerca de 10 anos atrás, nas nossas férias de Verão. Pensamos que seria divertido e, de certa forma, foi. Obviamente, estes parques de diversões são bem sucedidos por uma razão. A experiência criou definitivamente muitas memórias. Mas para nós a verdadeira diversão estava em recordar o quão miseráveis foram certas partes da experiência.

Lições aprendidas

Os nossos filhos tinham medo de quase todos os passeios. Choravam em vários e eu tinha de ficar ali preso com uma criança aos gritos enquanto um robô Capitão Gancho ria de forma maníaca. As crianças precisavam constantemente de usar o banheiro e nós passávamos grande parte do dia a puxá-las para dentro e para fora de lá. Elas queixavam-se constantemente de estarem com calor, cansadas e esfomeadas. Também eu. Elas eram difíceis de entreter enquanto esperavam em longas filas e, ainda por cima, toda a viagem custava uma enorme quantidade de dinheiro.

Cerca de três dias após a viagem, descobri exatamente como nos divertirmos. Na verdade, foi simples: deixar o parque de diversões.

Regressamos ao hotel no início da tarde, e passamos o dia em família, junto à piscina. Isso era literalmente tudo o que as crianças queriam. Elas queriam salpicar à volta da piscina com a mãe e o pai, comer pizza, e sentar-se à sombra quando estivessem cansadas.

Eu também adorei. Entre as descidas no escorregador de água, pude sentar-me numa cadeira à sombra, vê-los brincar, ler e beber um refresco.

Com base nessa experiência, cortamos a maior parte das coisas excessivamente turísticas por completo da nossa vida familiar. Assim, agora, simplesmente ir à praia é sempre uma atividade vencedora. Passar tempo em parques nacionais onde podemos caminhar e passear em cafés em pequenas cidades turísticas é também uma explosão de alegria.

Estamos também bastante satisfeitos por conduzir algumas horas a oeste de St. Louis para alguns acres de terra que a nossa família possui, onde temos uma pequena casa e um lago. Não há sinal de smartphone, por isso é sossegado. Fazemos fogueiras, assamos marshmallows, passeamos no lago, vamos pescar, jogamos frisbee, damos pequenos passeios pelo campo, e fazemos pequenas viagens à cidade onde há uma loja de doces (e algumas adegas).

Manter a simplicidade é por vezes melhor

Viajar sempre foi uma daquelas partes da vida em que eu tenho pensado muito, de forma quase obsessiva. Durante muito tempo, enquanto jovem, eu ia de férias a certos lugares porque me parecia ser a coisa certa a fazer. Todos os outros iam a um lugar assim e faziam certas coisas, tinham experiências específicas, por isso pensava que também eu devia. Passado algum tempo, perguntei-me se estava de férias apenas por causa das fotografias, para poder dizer que tinha estado lá, feito aquele passeio, ou para me encaixar na forma como todos os outros viajavam.

Parece-me que há muitas pessoas por aí que adoram férias hiperativas. Elas adoram a experiência turística completa. Adoram cruzeiros e parques temáticos e visitas guiadas. Eu, no entanto? Não quero mesmo fazer nada. Com a nossa família, em vez de nos queimarmos em atividades, todos parecem mais felizes se nos afastarmos um pouco das nossas circunstâncias típicas e comuns (por isso não fazemos apenas o que fazemos em casa) e passarmos juntos muito tempo de qualidade, lento e de lazer.

Acho que o que quero dizer é que, independentemente das férias, assegurem-se de passar tempo com a família e amigos exactamente da maneira que quiserem. As férias não têm de ter um determinado aspecto ou marcar uma pontuação específica. As férias não são experiências a serem adquiridas, mas sim momentos especiais a serem vividos.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Papa anuncia Consistório para 30 de setembro. Dom Américo Aguiar será cardeal

O Papa Francisco conduz sua oração do Angelus dominical da janela de seu escritório com vista para a Praça de São Pedro, Cidade do Vaticano, 9 de julho de 2023. ANSA/RICCARDO ANTIMIANI

Ao final do Angelus o Papa Francisco anunciou o Consistório para a criação de novos cardeais, entre os quais Dom Américo Manuel ALVES AGUIAR, bispo auxiliar de Lisboa.

Vatican News

Após rezar o Angelus, o Papa Francisco anunciou para setembro a realização de um Consistório para a criação de novos cardeais, o nono de seu Pontificado. O primeiro foi em 22 de fevereiro de 2014, seguiu-se o de 14 de fevereiro de 2015; 19 de novembro de 2016; 28 de junho de 2017; 28 de junho de 2018; 05 de outubro 2019; 28 de novembro de 2020; 27 de agosto de 2022. Eis o anúncio:

"Queridos irmãos e irmãs, tenho o prazer de anunciar que no próximo dia 30 de setembro realizarei um Consistório para a criação de novos cardeais. A sua proveniência exprime a universalidade da Igreja que continua a anunciar o amor misericordioso de Deus a todos os homens da terra. Além disso, a inclusão de novos cardeais na Diocese de Roma demonstra o vínculo inseparável entre a Sé de Pedro e as Igrejas particulares espalhadas pelo mundo. Eis os nomes dos novos Cardeais:

1 - Dom Robert Francis PREVOST, O.S.A., Prefeito do Dicastério para os Bispos
2 - Dom Claudio GUGEROTTI, Prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais
3 - Dom Víctor Manuel FERNÁNDEZ, Prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé
4 - Dom Emil Paul TSCHERRIG, Núncio Apostólico
5 - Dom Christophe Louis Yves Georges PIERRE, Núncio Apostólico
6 - Dom Pierbattista PIZZABALLA, Patriarca Latino de Jerusalém
7 - Dom Stephen BRISLIN, Arcebispo da Cidade do Cabo (Kaapstad)
8 - Dom Ángel Sixto ROSSI, S.J., Arcebispo de Córdoba
9 - Dom Luis José RUEDA APARICIO, Arcebispo de Bogotá 
10 - Dom Grzegorz RYŚ, Arcebispo di Łódź,
11 - Dom Stephen Ameyu Martin MULLA, Arcebispo de Juba
12 - Dom José COBO CANO, Arcebispo dieMadrid
13 - Dom Protase RUGAMBWA, Arcebispo coadjutor de Tabora
14 - Dom Sebastian FRANCIS, Bispo de Penang
15 - Dom Stephen CHOW SAU-YAN, S.J., Bispo de Hong Kong
16 - Dom François-Xavier BUSTILLO, O.F.M. Conv., Bispo de Ajaccio
17 - Dom Américo Manuel ALVES AGUIAR, Bispo auxiliar de Lisboa
18 - Rvdo. Ángel FERNÁNDEZ ARTIME, s.d.b., Reitor-Mor dos Salesianos.

Juntamente com eles unirei aos membros do Colégio Cardinalício dois arcebispos e um religioso que se distinguiram pelo serviço à Igreja:

19 - Dom Agostino MARCHETTO, Núncio Apostólico
20 - Dom Diego Rafael PADRÓN SÁNCHEZ, Arcebispo emérito de Cumaná
21 -  Pe. Luis Pascual DRI, OFM Cap., confessor no Santuário de Nossa Senhora de Pompeia, Buenos Aires

Rezemos pelos novos cardeais, para que, confirmando a sua adesão a Cristo, Sumo Sacerdote misericordioso e fiel (cf. Heb 2, 17), me ajudem no meu ministério de Bispo de Roma para o bem de todo o Santo Povo fiel de Deus."

Dom Américo Manuel ALVES AGUIAR, bispo auxiliar de Lisboa

Dom Américo Alvez Aguiar Nasceu em 12 de dezembro de 1973 em Leça do Balio, Matosinhos. Em 1995 ingressou no Seminário Maior do Porto; Concluiu os seus estudos acadêmicos na Universidade Católica: primeiro Teologia (Porto) e depois um Mestrado em Ciências da Comunicação (Lisboa);

Em 2001 foi ordenado sacerdote por Dom Armindo Lopes Coelho;
2001/2002 - pároco de S. Pedro de Azevedo, Campanhã;
2001/2004 - Tabelião na Cúria Diocesana;
2002/2015 - Responsável pelo Escritório de Informação/Comunicação;
2002/2008 - Assistente Regional do Corpo Nacional de Escoteiros;
2004/2015 - Vigário Geral, Chefe de Gabinete dos Bispos do Porto e Capelão da Cúria Diocesana. e Capelão-Mor da Misericórdia do Porto;
2007/2015 - Vice-Reitor do Santuário Diocesano de Santa Rita (Ermesinde);
2014/2015 - Pároco in solidum da Catedral;

Foi membro do Cabido Portucalense de 2017 a fevereiro de 2019;
Foi Diretor da Secretaria Nacional de Comunicação Social de 7 de abril de 2016 a 1º de maio de 2019;
Nomeado pelo Papa Francisco bispo auxiliar de Lisboa a 1 de março de 2019. Ordenado bispo titular de Dagno a 31 de março de 2019, na Igreja da Trindade, Porto; É Presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023. É Diretor do Departamento de Comunicação do Patriarcado de Lisboa.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A Via-Sacra

Via-Sacra (Comunidade Oásis)

A VIA-SACRA

Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)

(...). Na mensagem de hoje pretendemos continuar a reflexão sobre a piedade popular, como forma de expressão de fé, semelhante ao que já vimos anteriormente em relação ao ângelus e ao rosário ou terço. Assim, nosso tema da presente reflexão será sobre a origem histórica da tradição da Via-Sacra.

Já é do nosso conhecimento que, nos primeiros séculos do cristianismo, o mistério da Paixão-Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, narrado pelos evangelistas, centralizou a vida de oração e meditação da Igreja. É justamente a partir do mistério pascal do Senhor que foi surgindo o Ano Litúrgico da Igreja, com suas celebrações, enriquecidas ao longo da história. Mas a profundidade do mistério pascal nem sempre se tornou tão acessível a todo povo cristão, por motivos diversos. Na Idade Média, por exemplo, o clero e os monges tinham acesso à liturgia oficial e com ela nutriam sua espiritualidade, mas o povo simples, que não entendia mais a língua usada na liturgia (latim) e suas complexas cerimônias, nutria sua piedade com diversas devoções, normalmente paralelas às cerimônias oficiais. Esta realidade se acentuaria até o Concílio Vaticano II (1962-1965). Privado, de certa forma, do alimento da Palavra de Deus e da participação consciente e ativa nas celebrações litúrgicas, o povo recorreu a formas alternativas ou substitutivas. Tentou concentrar sua fé e piedade em torno dos mistérios essenciais da redenção: encarnação, paixão/morte e ressurreição. É neste contexto que se abriram as portas para o surgimento do rosário (terço), do ângelus, da via-sacra e de outras devoções. Estas se difundiram rapidamente, sobretudo através dos pregadores itinerantes (dominicanos e franciscanos), respondendo a uma necessidade pastoral da época, como vimos acima. Outro elemento que favoreceu a difusão das devoções foi a forte tendência à teatralização e repetição na liturgia da época. Dentro deste contexto, os mistérios da encarnação (presépio), da paixão e morte (via-sacra) receberam atenção especial pelo realismo cênico e pelo toque da sensibilidade dos fiéis.

Desta forma, o mundo medieval acolheu o surgimento da Via-Sacra, conhecida e praticada até hoje. Já no séc. XIII existiam muitas dramatizações da paixão, com fins de catequese e contemplação. No século seguinte as dramatizações continuaram e se acentuou sempre mais a meditação. As estações se multiplicaram, chegando até mais de quarenta. Além da inspiração das cenas dos evangelhos foram surgindo também aspectos lendários do caminho da cruz, como as quedas de Jesus e os encontros com Verônica e com Maria Santíssima, a Mãe de Jesus. Somente no século XVII encontraremos, na Espanha, as 14 estações que conhecemos até hoje. Se no início tudo era encenado ao vivo, aos poucos as representações passariam para estátuas e a quadros representativos ou simples cruzes nas paredes das igrejas ou oratórios, como ainda hoje vemos em nossos templos.

Com esta síntese histórico-evolutiva da Via-Sacra, percebemos que o mistério da paixão e morte do Senhor sempre impressionou o Povo de Deus de forma profunda. Na Idade Média, a Semana Santa recebeu inclusive o título de “Semana Dolorosa”, devido ao acento predominantemente emocional em relação à paixão e morte de Jesus Cristo, perdendo-se até a unidade do mistério pascal, como passagem da morte para a ressurreição. Também em nosso tempo, a paixão do Senhor atinge profundamente nossos sentimentos. As encenações da Paixão de Cristo e as Via-Sacras se multiplicam e são bem acolhidas pela piedade popular.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Reflexão para o XIV Domingo do Tempo Comum (A)

Evangelho do domingo (Vatican Media)

A mensagem evangélica da liturgia deste domingo nos fala do benefício fundamental que é para nós a presença do Espírito ao nos provocar a opção pela vida e nos impedir a acomodação.

Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News

A primeira leitura nos fala de um legítimo rei da dinastia de Davi. Montado em um jumento e com atitudes pacifistas, o rei de Sião terá um reino imenso que de tão grande se estenderá até os confins da terra. Esse rei é humilde e pacificador e manifesta seu poder comunicando justiça e paz a todas as nações.

Ele não só tem essa atitude positiva, mas também destrói tudo aquilo que é sinal de morte para os povos. Assim, ele possibilita a existência da paz.

Ora, a leitura desse texto nos recorda a liturgia do Domingo de Ramos e já podemos deduzir que esse rei da paz é Jesus, o Príncipe da Paz, legítimo descendente de Davi como nos relata a liturgia do Advento. 

No Evangelho vemos Jesus sentindo que sua missão pacifista desagrada os doutores da Lei, os letrados e as pessoas importantes, mas causa interesse aos pobres e marginalizados, diz “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e doutores e as revelaste aos pequeninos.” (Mt 11, 25b)

Fazemos a constatação do que vemos sempre: os instalados não precisam, não querem mudanças e até a proíbem, enquanto os marginalizados, que sentem desconforto e suas necessidades insaciadas, almejam a mudança da situação, querem justiça, querem o necessário para viver dignamente.

Nisso tudo é denunciado o perigo extremo de não sentir-se necessitado de Deus e de aos poucos tornar-se materialista.

O trecho do Evangelho termina com o convite de Jesus aos que se sentem marcados, injustiçados pela sociedade materialista, repleta de pessoas egocêntricas e muito bem instaladas na cultura da morte. Ao mesmo tempo, o Senhor fala que fazer parte da Civilização do Amor, de seus seguidores, traz um peso, uma responsabilidade, mas que eles são suaves porque são provocados pelo amor, pela descentralização de si, pelo sair de seu comodismo, de desinstalar-se par ir ao outro, para servir.

Finalmente, São Paulo em sua Carta aos Romanos, nos diz que vivemos segundo o espírito e não segundo a carne, pois pertencemos a Cristo e o Espírito de Deus mora em nós. Esse Espírito foi o que ressuscitou Jesus, eliminando tudo o que conduz a criação à injustiça e à morte.

Portanto, a mensagem evangélica da liturgia deste domingo nos fala do benefício fundamental que é para nós a presença do Espírito ao nos provocar a opção pela vida e nos impedir a acomodação.

Será um momento muito importante para nossa vida de cristão, fazermos uma reflexão em que nos perguntemos: de que lado me encontro? Dos acomodados e que não sentem necessidade de mudanças profundas? Ou do lado dos marginalizados, dos inconformados, dos que anseiam pelo Senhor como “terra sedenta e sem água”, como nos fala o Sl 62, 2?

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Paulina

Santa Paulina (santuariosantapaulina)

09 de julho

Santa Paulina

Fundadora da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição

Origens

Seu nome de batismo era Amábile Lúcia Visintainer. Ela nasceu em de dezembro de 1865, na cidade de Vigolo Vattaro, região de Trento, que fica ao norte da Itália. Foi a segunda filha de Anna e Napoleão. Seus pais eram cristãos fervorosos, porém muito pobres. Durante a infância de Amábile, toda a Itália passava por uma grave crise econômica e pestes contagiosas. Por isso, quando ela tinha nove anos, seus pais decidiram emigrar para o Brasil.

Chegada ao Brasil

Em 1875 a família de Amábile chegou ao Brasil. Foram para o Estado de Santa Catarina, mais precisamente para a região de Nova Trento, onde vários trentinos já estavam morando. Eles foram se estabelecer num vilarejo recém fundado no meio da mata chamado Vigolo. Tudo era muito precário e pobre. As famílias procuravam manter-se unidas para sobreviverem, alimentando o sonho de um dia prosperarem.

Uma grande amizade

No vilarejo de Vigolo, Amábile travou amizade com uma menina que a acompanharia por toda a vida: Virgínia Nicolodi. As duas já tinham uma fé sólida e esta afinidade as fez crescer ainda mais na amizade. As duas eram sempre vistas rezando na capelinha de madeira. Elas fizeram a primeira comunhão no mesmo dia. Nessa época, Amábile já tinha doze anos de idade.

Pequena missionária

O vilarejo de Vigolo crescia aos poucos. Por isso, o padre responsável pela região, chamado Servanzi, iniciou um trabalho pastoral ali. Logo ele percebeu o espírito comprometido e sábio da adolescente Amábile e incumbiu-a de lecionar o catecismo às crianças, além da ajuda aos doentes e de manter limpa a capelinha do vilarejo, que era dedicada a São Jorge. Esta incumbência certamente ajudou a amadurecer a vocação religiosa no coração de Amábile.

Adolescente caridosa

Amábile assumiu a missão de corpo e alma, levando sempre consigo a amiga Virgínia. As duas dedicavam-se totalmente à caridade para com os mais pobres, ajudando aos doentes, conseguindo mantimentos para os necessitados, ajudando aos doentes, idosos, crianças, enfim, a todos que precisassem. Amábile e Virgínia começaram a ser reconhecidas por todo o povo italiano que vivia naquela região distante e abandonada do Brasil.

Sonhos proféticos com Nossa Senhora

Em 1888 Amábile teve o primeiro de três sonhos com a Virgem Maria. Nesses sonhos, Nossa Senhora disse a Amábile: "Amábile, é meu ardente desejo que comeces uma obra: trabalharás pela salvação de minhas filhas." Amábile responde: "Mas como fazer isso minha Mãe? Não tenho meios, sou tão miserável, ignorante." Quando acordou após o terceiro sonho, Amábile assim respondeu em oração: "Servir-vos Minha querida Mãe.sou uma pobre criatura, mas para satisfazer o vosso desejo, prometo me esforçar o máximo que eu puder!"

Um hospitalzinho para os pobres

Amábile pediu e seu pai a ajudou a construir uma casinha de madeira, num terreno perto da capela, doado por um barão. O casebre se transformaria num pequeno hospital onde Amábile e Virgínia dedicaram-se arduamente ao cuidado dos doentes, mas, também, ao cuidado e à instrução das crianças. As duas nem sabiam, mas ali estava nascendo a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição.

A primeira paciente

A primeira pessoa doente que Amábile e Virgínia receberam no pequeno hospital, foi uma mulher que tinha câncer, em estado terminal. A pobre não tinha ninguém que pudesse cuidar dela. Assim, as duas assumiram a mulher no casebre. Era dia 12 de julho de 1890. Mais tarde, Amábile e Virgínia consideraram essa data como o dia da fundação da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. A Obra iniciou no dia em que as duas amigas começaram a atuar como enfermeiras.

Uma Obra inspirada por Deus

A Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição foi a primeira congregação feminina fundada no Brasil. Pela santidade e necessidade dessa Obra, ela foi aprovada rapidamente pelo bispo de Curitiba, em agosto de 1895. Quatro meses após a aprovação eclesiástica, Amábile, Virgínia e outra jovem chamada Teresa Maule, fizeram os votos religiosos na Congregação. Na ocasião, Amábile adotou o nome de irmã Paulina do Coração Agonizante de Jesus. Além disso, ela foi nomeada superiora da pequena congregação. Por isso, passou a ser chamada de Madre Paulina.

A semente germina e cresce

A santidade, a caridade e a prática apostólica de Madre Paulina e suas coirmãs fizeram por atrair muitas outras jovens. Apesar da pobreza e das imensas dificuldades em que as irmãzinhas viviam, o exemplo que elas davam arrastava. Por isso, muitas jovens ingressaram na Congregação. Elas continuaram a cuidar dos doentes, da paróquia, das crianças órfãs e dos pobres. Além disso, começaram uma pequena indústria da seda para terem como sobreviver e manter as obras de caridade.

Convite para se instalar em São Paulo

Em 1903, apenas oito anos após a aprovação eclesiástica, o reconhecimento da Congregação já era notório no Brasil por causa da santidade de vida das Irmãzinhas e do trabalho extremamente necessário que realizavam. Por isso, nesse ano, Madre Paulina foi chamada para estender sua obra a São Paulo. Ela viu no convite um chamado de Deus e aceitou o desafio.

A obra em São Paulo

Em 1903, Madre Paulina e algumas irmãs chegaram a São Paulo. Lá, foram morar no bairro Ipiranga, ao lado de uma capela. Logo ela iniciou uma obra importante: a obra da 'Sagrada Família', que tinha como objetivo abrigar ex-escravos e suas famílias após a abolição da escravatura, que tinha acontecido em 1888. Essas famílias viviam em péssimas condições e a obra de Madre Paulina deu a elas um pouco de dignidade.

Afastamento, humildade e obediência

Algum tempo depois, a obra cresceu em número de irmãs e em ações sociais. Nesse ínterim, Madre Paulina passou a ser perseguida e caluniada por uma rica senhora, chamada Ana Brotero. Esta, ajudava nas obras. A perseguição foi tanta que, em 1909 o bispo Dom Duarte destituiu Madre Paulina do cargo de superiora da congregação e a exilou em Bragança Paulista, SP. Madre Paulina, num exemplo de obediência, acatou a ordem do bispo, mesmo que em lágrimas de dor. Na ocasião, ela disse: "Meu  único desejo é que a obra da Congregação continue para que Jesus Cristo seja conhecido e amado por todos." No "exílio", Madre Paulina sujeitou-se aos trabalhos mais humildes e pesados, sem murmurar nem reclamar, mas entregando tudo ao Senhor.

Reconhecimento

Nove anos depois do chamado "exílio", Madre Paulina foi chamada pelo mesmo bispo de volta à casa geral da Congregação em São Paulo. Suas virtudes de humildade e obediência foram reconhecidas, depois dessa prova de fogo. Por isso, ela foi chamada para viver entre as novas irmãs e servir de exemplo e testemunho cristão para todas. Nesse tempo, destacou-se seu espírito de oração e a grande caridade que tinha para com todas as irmãs, especialmente as doentes.

Morte

A partir de 1938 Madre paulina iniciou um período de grandes sofrimentos físicos. Por causa do diabetes, seu braço direito teve que ser amputado. Depois disso, ficou cega. Foram quatro anos de sofrimentos físicos e de testemunho de fé. Ela permaneceu firme, louvando ao senhor por tudo e sendo cada vez mais amada e admirada pelas irmãzinhas. Por fim, após quatro anos de dor, ela entregou sua alma a Deus, na casa geral da congregação fundada por ela. Era o dia 9 de julho de1942. O papa João Paulo II celebrou sua beatificação em 1991, em visita ao Brasil. Sua canonização aconteceu em 2002, pelo mesmo Papa. Assim, ela passou a ser a primeira santa canonizada no Brasil.

Oração a Santa Madre Paulina

"Ó Santa Paulina, que puseste toda a confiança no Pai e em Jesus e que, inspirada por Maria, decidiste ajudar o povo sofrido, nós te confiamos a Igreja que tanto amas, nossas vidas, nossas famílias, a Vida Consagrada e todo o povo de Deus.

(Pedir a graça desejada)

Santa Paulina, intercede por nós, junto a Jesus, a fim de que tenhamos a coragem de lutar sempre, na conquista de um mundo mais humano, justo e fraterno. Amém."

Pai-Nosso - Ave Maria - Glória

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

sábado, 8 de julho de 2023

Como entender os pecados capitais e conseguir se libertar deles

Dikushin Dmitry | Shutterstock

Por Hozana

Podemos identificar um ou vários desses pecados, em menor ou maior grau, na vida de cada um de nós. Por isso é tão importante compreendê-los para vencê-los no nosso cotidiano.

Os pecados capitais foram definidos, da forma como conhecemos hoje, no século IV. Foi o monge grego Evágrio Pôntico, por volta do ano de 360 D.C., que constituiu essa lista. Seu objetivo era fazer um levantamento dos principais vícios que atrapalhavam a sua rotina de exercícios espirituais.

E assim ele os definiu: a gula, desejo insaciável; a avareza, apego excessivo; a luxúria, desejo passional e egoísta; a ira, intenso e descontrolado sentimento de raiva; a inveja, desejo exagerado por posses; a preguiça, pessoa que vive em estado de negligência; a soberba, orgulho excessivo.

Podemos identificar um ou vários desses pecados, em menor ou maior grau, na vida de cada um de nós. Por isso é tão importante compreendê-los para vencê-los no nosso cotidiano. O pecado acaba com o coração humano e chega até mesmo a atingir nosso psicológico e nossa saúde física. Não foi à toa que o Salmista declarou: “Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia” (Salmos 31,3). Sendo assim, é importante tomar providência concretas contra isso. Viver sempre caindo no mesmo pecado nos leva a pensar que existe algo errado que precisa ser corrigido.

1VOCÊ É REALMENTE CONVERTIDO?

Uma pessoa que caí sempre no mesmo pecado deve refletir se realmente teve um encontro verdadeiro com Jesus. Isso porque muitas vezes achamos que somos convertidos de verdade, mas não o somos. Se você tem dúvidas sobre isso, ore a Deus e faça um compromisso com Ele. É importante pensar nessa questão porque a Bíblia afirma que: “Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado…” (1 João 3,9). Ou seja, quando temos um encontro verdadeiro com Jesus não somos mais dominados pela prática do pecado. O pecado se torna um acidente em nossa vida e não mais uma prática.

2VOCÊ ESTÁ DESVIADO?

Uma causa muito comum de uma grande abertura para o pecado na vida de um servo de Deus é quando ele está “desviado” de Deus ou de Sua obra. Manter-se firme na obra de Deus, próximo de outros irmãos em Cristo, traz um grande fortalecimento para nossa vida. Caso você esteja afastado das coisas de Deus, busque voltar, isso ajudará muito a dar cada vez menos brechas para a ação do pecado em sua vida.

3SUA VIDA ESPIRITUAL ESTÁ EM DIA?

Sabemos que Deus é a fonte de tudo que precisamos para viver uma vida santa. Se por algum motivo nos afastamos desta fonte, isto é, deixamos de orar, de ler a Bíblia, de fazer a obra de Deus, de ter comunhão com Ele, etc., estamos enfraquecendo o nosso espírito e, consequentemente, fortalecendo a nossa carne. Devemos lembrar que a Bíblia é clara quando diz que “a carne luta contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si” (Galátas 5,17). Isso significa que se alimentamos pouco o nosso espírito, a carne irá ficar mais forte, e se alimentamos muito o nosso espírito a carne ficará mais fraca.

4VOCÊ TEM FICADO EXPOSTO AO PECADO?

É muito comum acharmos que vamos vencer um pecado de forma milagrosa. Geralmente não é assim que acontece. Precisamos agir com inteligência diante do pecado; “vigiar”. Por exemplo, muitos jovens cristãos têm problemas com pornografia e querem vencer isso. No entanto, não mudam nada em suas rotinas. Continuam com os mesmos hábitos de quando o pecado os dominava. Fazendo assim, dificilmente vencerá. Não adianta tentar vencer um pecado esperando um milagre do céu e nem tentar vencer sem a ajuda de Deus. Na colaboração mútua o ser humano pode vencer e agradar a Deus, vivendo o que a Bíblia nos manda viver: “Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça” (Romanos 6,14).

Quer entender melhor sobre tudo isso? Participe então do retiro, entender e me libertar dos pecados capitais, na rede social de oração Hozana (clique aqui para se inscrever).

Henrique S. Filho, Fundador Com. Anuncia-Me, pelo Hozana

Fonte: https://pt.aleteia.org/

O Papa à FAO: milhões de pessoas continuam passando fome, é preciso ação conjunta

Necessária ação conjunta para contrastar a fome no mundo

A pobreza, as desigualdades, a falta de acesso a recursos básicos, como alimentos, água potável, saúde, educação e moradia, são uma grave afronta à dignidade humana! É o que afirma o Papa Francisco na mensagem aos participantes da 43ª Conferência da FAO, Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura.

Raimundo de Lima – Vatican News

Milhões de pessoas continuam sofrendo com a miséria e a desnutrição no mundo, devido a conflitos armados, bem como às mudanças climáticas e aos desastres naturais resultantes. O deslocamento em massa, além de outros efeitos das tensões políticas, econômicas e militares em escala planetária, debilitam os esforços para garantir que as condições de vida das pessoas sejam melhoradas em razão de sua dignidade inerente.

É o que ressalta o Papa na mensagem aos participantes da 43ª Conferência da FAO, Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, que tem sua sede em Roma. Lançando um olhar para a situação atual, Francisco diz valer a pena repetir mais uma vez: a pobreza, as desigualdades, a falta de acesso a recursos básicos, como alimentos, água potável, saúde, educação e moradia, são uma grave afronta à dignidade humana!

Já no início de sua mensagem, o Santo Padre congratula-se com o diretor geral da FAO, Qu Dongyu, por sua eleição para um segundo mandato à frente desta Organização, incentivando-o a continuar seu trabalho, em um momento em que é inescapável uma ação decisiva e competente para erradicar o flagelo da fome no mundo, que avança em vez de recuar.

Evitar o perigo da  "colonização ideológica"

Em nossos dias, constata o Pontífice, muitos especialistas afirmam que a meta do Fome Zero não será alcançada dentro do prazo estabelecido pela comunidade internacional. Mas permitam-me dizer, continua o Papa, que o não cumprimento das responsabilidades comuns não deve nos levar a transformar as intenções iniciais em novos programas revisados que, em vez de beneficiar as pessoas respondendo às suas necessidades reais, não as levam em consideração.

Pelo contrário, observa Francisco, devemos ser muito cuidadosos e respeitar as comunidades locais, a diversidade cultural e as especificidades tradicionais, que não podem ser alteradas ou destruídas em nome de uma ideia míope de progresso que, na realidade, corre o risco de se tornar sinônimo de "colonização ideológica".

Ação conjunta e colaborativa de toda a família das nações

Por esse motivo, nunca me canso de enfatizar isso, as intervenções e os projetos devem ser planejados e implementados em resposta ao clamor das pessoas e de suas comunidades; não podem ser impostos de cima para baixo ou por instâncias que buscam apenas seus próprios interesses ou lucros.

O Santo Padre enfatiza que o desafio que enfrentamos é a ação conjunta e colaborativa de toda a família das nações e que não pode haver espaço para conflito ou oposição, quando os enormes desafios em questão exigem uma abordagem holística e multilateral.

Contribuição da Santa Sé para o bem comum

Por isso, a FAO e as outras organizações internacionais só conseguirão cumprir seu mandato e coordenar medidas preventivas e incisivas para o benefício de todos, especialmente dos mais pobres, por meio de uma sinergia leal e pensada de modo consensual e perspicaz por parte de todos os atores envolvidos. Os governos, as empresas, o mundo acadêmico, as instituições internacionais, a sociedade civil e os indivíduos devem fazer um esforço conjunto, deixando de lado lógicas mesquinhas e visões tendenciosas, para que todos se beneficiem e ninguém seja deixado para trás.

Francisco conclui assegurando que a Santa Sé, por sua vez, continuará dando sua contribuição para o bem comum, oferecendo a experiência e o trabalho das instituições ligadas à Igreja católica, para que não falte o pão de cada dia a ninguém em nosso mundo e para que o nosso planeta receba a proteção necessária, a fim de que volte a ser o belo jardim que saiu das mãos do Criador para o deleite do ser humano.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

"Analfabetos emocionais"

Analfabeto Emocional (Gilcler Regina)

“ANALFABETOS EMOCIONAIS”

Dom Jacinto Bergmann
Arcebispo de Pelotas (RS)

O grande cineasta do século passado, Ingmar Bergman, já afirmava que a humanidade – nós caminhamos para nos tornarmos “analfabetos emocionais”. 

Pelo lado da comunicação, estamos integrados num corpus social, que solicita, expande e reprime a nossa sensibilidade. Basta ouvir aquele que foi o maior teórico da comunicação do século vinte, Marshall McLuhan, para perceber até que ponto isso é aproveitado pela sociedade de compreensão de comunicação global, para quem o indivíduo possa a ser uma presa. O que diz McLuhan sobre a televisão, por exemplo, é imensamente elucidativo: “Um dos efeitos da televisão é retirar a identidade pessoal. Só por ver televisão, as pessoas tornam-se um grupo coletivo de iguais. Perdem o interesse pela singularidade pessoal”. O que ele não diria, hoje, sobre a comunicação virtual? 

Se repararmos os meios que lideram a comunicação contemporânea, eles interagem apenas com aqueles dos nossos sentidos que captam sinais a distância: fundamentalmente a visão e a audição. Origina-se, assim, uma descontrolada e hipertrofia dos olhos e dos ouvidos, sobre os quais passa a recair toda a responsabilidade pela participação no real. “Você viu aquilo?”, “você já ouviu a última do …”: os nossos cotidianos são continuamente bombardeados pela pressão do ver e do ouvir. O mesmo se passa com a locomoção: seja pilotando um avião, conduzindo um automóvel, seja o trabalhador se deslocando nas artérias das cidades modernas, o fundamental são os sentidos que colhem a informação visual e sonora. (Nem será necessário lembrar aqui que não é assim em todas as culturas). 

Essa sobrecarga sobre os sentidos, que captam o que está mais afastado de nós, esconde, muitas vezes, tantas coisas essenciais, inclusive o subdesenvolvimento e a pobreza em que os outros são deixados. Ao mesmo tempo que floresce a indústria dos perfumes, desaprendemos a distinguir o aroma das flores. Por mais que seja dez mil vezes mais prático passar pela frutaria do inodoro hipermercado, não é a mesma coisa que atravessar a catedral de aromas de um pomar. 

E isso, é de modo semelhante com os outros sentidos que implicam proximidade: o paladar e o tato. Hoje, só quase profissionais arriscam provas cegas das comidas ou bebidas. Mas mesmo aí são cada vez mais os olhos que comem, pelo investimento decorativo dos pratos, pelo requinte do design ou pela manipulação do próprio sabor. Isso, para não falar do tato… A nossa distância torna-se tão grande que deixamos de saber coisas elementares, como caminhar descalço na clareira e afastar mansamente as folhas da fonte para beber devagarinho ou como acariciar a vida desprotegida que se avizinha de nós. A natureza não perdeu o seu “sabor”! 

Não será tempo de voltarmos a todos os sentidos? Não será essa uma oportunidade propícia para nos revitalizar? Não é chegado o momento de compreender melhor aquilo que une sentidos e SENTIDO? Fomos criados por Deus para um SENTIDO maior e não sermos “analfabetos emocionais”!

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF