18 de Julho
São Francisco Solano
Francisco nasceu no ano de 1549 em Montilla, na
Andaluzia, Espanha. Seus pais eram de família nobre
e rica, católicos fervorosos e virtuosos. Possuía rara sensibilidade musical,
tendo por passatempo cantar com os pássaros no jardim de casa. Tinha
espírito sereno mas não deixava de chamar a atenção de crianças ou adultos
quando brigavam, buscando sempre uma reconciliação.
Assimilou com naturalidade o Catecismo,
dedicava-se à oração, era devoto da Santa Missa e se
confessa com frequência, o que lhe deu solidez para manter uma
adolescência pura e retidão moral.
Cedo foi enviado pelos pais
para formação no colégio dos jesuítas da cidade, onde foi modelo de integridade
contando com a estima dos colegas, inclusive dos mais levianos, que
por respeito à sua aproximação abandonavam as más conversas e com ele
partilhavam um ambiente de sadia alegria.
Aos 20 anos entrou para o Convento de São Lourenço
dos franciscanos de Montilla, onde fez profissão religiosa em 1570. Desejava ardentemente ser missionário. Aprofundou
os estudos no Convento de Santa Maria de Loreto, e foi ordenado sacerdote em
1576, voltando a Montilla três anos depois por causa do falecimento do
pai. Aí estando, curou milagrosamente alguns doentes, e
começaram a aclamá-lo como santo: mas durante a vida inteira lutou para que não
atribuíssem a ele os louvores devidos somente a Deus.
Durante um surto de peste que surgiu na Espanha,
voluntariou-se como enfermeiro para cuidar dos doentes, em especial dos mais
pobres. Contraiu também ele a doença, mas recuperando-se
voltou a servir os enfermos.
Em 1589 realizou seu sonho missionário
ao ser indicado para a evangelização na América Latina, embarcando
para o Peru. Uma forte tempestade no caminho encalhou o navio num banco de
areia em situação crítica, mas por sua atuação conseguiu acalmar os viajantes,
inclusive batizando muitos passageiros e também os escravos negros que estavam
a bordo. De acordo com suas previsões, logo surgiu um outro navio que os levou
com segurança ao destino.
Durante seus 15 anos de incansável apostolado,
realizou muitos prodígios. Tinha uma capacidade milagrosa
para aprender as novas línguas e a cada tribo catequizava em seu próprio
dialeto, conquistando os índios de maneira simples e tranquila. Nos
povoados de Socotonio e Magdalena, aprendeu em menos de quinze dias o
complicado dialeto tonocoté, passando a falar melhor que muitos nativos. Recebeu também o dom dos Apóstolos no dia de Pentecostes: em
algumas de suas pregações, espanhóis e índios de diferentes dialetos o entendiam
na sua própria língua. Seu método de evangelização incluía alternar as
pregações com músicas que cantava ou tocava ao violino.
Mesmo com grande risco, buscava os indígenas dentro
das matas, percorrendo um total de três mil quilômetros entre Lima e Tucumán,
na Argentina. Realizava inúmeros milagres por onde passava,
tanto para alimentar a Fé deles quanto para auxílio das suas necessidades
materiais.
Entre outros, fez brotar nascentes em lugares
desérticos, a água de uma delas, conhecida hoje como Fonte de São
Francisco Solano, curando os doentes que a bebiam; amansou animais ferozes;
proveu alimentos em tempos de escassez; livrou totalmente uma vasta
região da praga de gafanhotos; curou muitos doentes com o toque de seu cordão
de franciscano. Mas, certamente, seus maiores milagres foram as conversões das
almas.
Numa pregação em Assunção, no Paraguai, foi ouvido
por um jovem de 15 anos, o futuro São Roque González, que impressionado por ele veio a fundar as Reduções Guaranis e a ser
martirizado, no Brasil.
Seus últimos cinco anos de vida, em Lima, foram dedicados à reforma dos conventos com a restauração da
então abalada disciplina franciscana. Faleceu em 14 de julho de
1610, apelidado de “o Frade do Violino”.
São Francisco Solano, chamado de Apóstolo do
Peru e da Argentina, é padroeiro destes dois países e do Uruguai, e também dos
missionários da América Latina.
Colaboração: José Duarte de
Barros Filho
Reflexão:
Santas famílias geram santos
filhos. Os pais devem escolher. E agir. A reta postura sempre impõe respeito, e
é de se notar que, em plena adolescência, Francisco fosse respeitado mesmo
pelos colegas mais levianos. Importante é incentivar os jovens a se manterem
dignos de Deus, em qualquer ambiente, o que por si só é um testemunho coerente
com a Fé, inibindo abusos e estimulando a firmeza das boas convicções. Em
sentido oposto, é preciso lutar, com muita sinceridade, contra a instigante
tentação de ser muito valorizado, mesmo por fazer o bem: mais uma vez Francisco
dá o exemplo certo, mantendo que as coisas extraordinárias que fazia eram obra
de Deus, não de seus próprios poderes. “Quem se gloria, glorie-se no Senhor.
Não é homem de valor quem se recomenda a si mesmo, mas aquele a quem o Senhor
recomenda” (2Cr 10,7-8). E muitas coisas espantosas ele fez, particularmente
como missionário, mas não só pelos muitos milagres, mas também pela dedicação,
persistência e disposição de enfrentar graves perigos e distâncias imensas.
Isto numa época onde as possibilidades de conforto e a disponibilidade do
necessário eram parcas e inversamente proporcionais aos desafios e as agruras
do terreno. Independentemente de milagres, o trivial era de exigência heroica.
O trabalhar um grande projeto é provado por grandes oposições. Querendo ser
missionário, numa dimensão continental e árdua, Francisco tem como primeira
experiência uma tempestade e um navio perigosamente encalhado. E a expectativa
de impossibilidade de sequer iniciar o trabalho. No plano espiritual, situações
semelhantes são ainda mais exigentes: fortes temporais na alma, onde todo tipo
de barreiras parece encalhar os bons propósitos e os maiores esforços, impedir
qualquer progresso. E pelas oscilações do espírito ameaça naufragar no mar das
agitações, desânimos ou desesperos, todo o conteúdo do que fôra tão cuidadosa e
penosamente preparado. São provas de Deus, por vezes com um adendo do diabo…
mas, como Francisco, é possível transformar a situação numa vitória, com oração,
trabalho, tranquilidade e confiança em Deus. Esta é a têmpera dos santos,
santidade que é proposta a todos os batizados. Nem sempre o sucesso terá a
aparência que o mundo espera – apenas Nossa Senhora entendeu o Cristo na Cruz e
no sepulcro – mas não é a míope visão mundana que importa. Estas situações
fazem parte da vida de quem quer que se lance a levar Deus ao mar do mundo,
navegando na barca da Igreja, e exigem “milagres”: fazer brotar fontes de
esperança em corações secos, amansar os ferozes animais das tentações, prover o
alimento da Palavra em tempos de escassez moral, livrar totalmente da praga do
desespero e do desânimo a imensa região dos corações, restaurar a disciplina
espiritual das almas distorcidas. E talvez o mais difícil, fazer com que o
único Verbo seja conjugado em línguas diferentes. Mais uma vez, Francisco nos
mostra que tudo isso é viável: “Porque para Deus nada é impossível” (Lc 1,37).
Seja feita a Sua vontade!
Oração:
Senhor Deus, que Vos dignastes enviar como missionário salvífico do Céu para a Terra o Vosso próprio Filho, concedei-nos por intercessão de São Francisco Solano o dom de aprender a língua do amor e da caridade, e só por ela me dirigir aos irmãos, para que, depois das obras no desterro desta terra, possamos entoar na Pátria Definitiva a música dos anjos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.
Fonte: https://www.a12.com/