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quarta-feira, 19 de julho de 2023

Nossa Senhora Advogada

Afresco na Basílica de Santa Maria di Collemaggio (Vatican Media)

"Na oração da Salve Rainha, invocamos a Mãe de Jesus como nossa advogada, aquela a quem vamos gemendo e chorando pedir ajuda. Suplicamos, antes de tudo, que volva seu olhar misericordioso a nós. Ora, quem é essa advogada do céu, de quem os santos dizem coisas admiráveis? Quem é essa senhora, amada e venerada nos quatro cantos do mundo e temida até pelos demônios?"

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

“A Igreja de todos os tempos, começando no Cenáculo do Pentecostes, rodeia sempre Maria de veneração especial e dirige-se a Ela com especial confiança. A Igreja dos nossos tempos, mediante o Concílio Vaticano II, fez uma síntese de tudo o que se foi desenvolvendo durante as gerações. O capítulo oitavo da Constituição dogmática Lumen Gentium é, em certo sentido, uma «magna charta» da mariologia para a nossa época: Maria presente de modo especial no mistério de Cristo e no mistério da Igreja, Maria «Mãe da Igreja», segundo começou a chamar-Lhe Paulo VI (no Credo do Povo de Deus) dedicando-Lhe em seguida um documento à parte («Marialis cultus»).”

Na Audiência Geral de 2 de maio de 1979, São João Paulo II confiou a Maria as vocações sacerdotais. Em sua catequese, o Papa polonês destacou sua presença no mistério de Cristo, no mistério da Igreja, bem como na vida dos fiéis:

Esta presença de Maria no mistério da Igreja, isto é, ao mesmo tempo na vida quotidiana do Povo de Deus em todo e mundo, é sobretudo presença maternal. Maria, por assim dizer, dá à obra salvífica do Filho e à missão da Igreja uma forma singular: a forma maternal. Tudo o que se pode enunciar na linguagem humana sobre o tema do «génio» próprio da mulher-mãe — o génio do coração — tudo isso se refere a Ela.

Depois de "Nossa Senhora Medianeira", padre Gerson Schmidt* nos propõe hoje uma reflexão sobre outro título atribuído a Maria, com a qual invocamos também na oração Salve Rainha: "Nossa Senhora Advogada":

"A Lumen Gentium faz alguns atributos a Maria sobretudo no número 62 da Constituição Dogmática sobre a Igreja, como já apontamos, inserindo o papel de Maria dentro da eclesiologia. Difícil pensar em Maria, sem pensar nela como mãe e discípula da Igreja, atributos destacados pelo Papa Francisco. Poderíamos até arriscar em dizer que não existe Mariologia sem Eclesiologia. Já vimos aqui e aprofundamos o título de Nossa Senhora Medianeira. A constituição sobre a Igreja também utiliza o título de “Advogada”. O advogado é quem fala e age em prol daquele que o procura. O que acolhe, auxilia, socorre, apela, argumenta, para que a pretensão de seu cliente seja ouvida e atendida. Maria, como advogada nossa, nos defende em nossas causas, intercedendo ao divino advogado Jesus.

Diz assim a LG: “De fato, depois de elevada ao céu, não abandonou esta missão salvadora, mas, com a sua multiforme intercessão, continua a alcançar-nos os dons da salvação eterna (185). Cuida, com amor materno, dos irmãos de seu Filho que, entre perigos e angústias, caminham ainda na terra, até chegarem à pátria bem-aventurada. Por isso, a Virgem é invocada na Igreja com os títulos de advogada, auxiliadora, socorro, medianeira (186)”.

São Francisco de Sales dizia assim: “A Virgem, porém, e os santos são advogados da graça; eles rezam por nós, para que sejamos perdoados e, tudo por meio da Paixão de Cristo, o Salvador; eles não têm como nos justificar, mas confiam no Salvador. Em suma, os santos não juntam suas orações à intercessão do Cristo Salvador, pois elas não possuem a mesma qualidade; eles se juntam às nossas orações. Se Jesus Cristo reza, dirige-se ao céu, Ele reza em sua virtude; mas a Virgem ora como nós oramos, confiando na virtude de seu Filho, e com mais crédito, privilégio e favor. Vós não percebeis que tudo isso se resume na honra de seu Filho e engrandece e magnifica a sua glória?”

A Igreja sempre atribuiu à Maria a missão de ser “advogata nostra”, como aponta também a tradicional e consagrada oração da Salve Rainha. A oração, rezada como conclusão do terço Mariano, reza assim: “Eia pois advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei, e depois deste desterro, mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre, ó clemente, ó piedosa ó doce e sempre Virgem Maria”.

Na oração da Salve Rainha, invocamos a Mãe de Jesus como nossa advogada, aquela a quem vamos gemendo e chorando pedir ajuda. Suplicamos, antes de tudo, que volva seu olhar misericordioso a nós. Ora, quem é essa advogada do céu, de quem os santos dizem coisas admiráveis? Quem é essa senhora, amada e venerada nos quatro cantos do mundo e temida até pelos demônios? Aquela que permaneceu oculta toda a sua vida, tão profunda sua humildade: “Deus Pai consentiu que jamais em sua vida ela fizesse algum milagre, pelo menos um milagre visível e retumbante”, mas “é a obra- -prima por excelência do Altíssimo”, é a “magnificência de Deus, em que Ele se escondeu”. Essa menina se tornou uma “advogada tão poderosa, que não foi jamais repelida; tão habilidosa, que conhece os segredos para ganhar o coração de Deus; tão boa e caridosa, que não se esquiva a ninguém, por pequeno e mau que seja” (“Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, de São Luís Maria Grignion de Monfort).

Nosso desejo que Nossa Senhora, Mãe de Deus, advogada nossa, guarde e livre de todo o mal aqueles que a ela se socorrem!"

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santo Arsênio

Santo Arsênio (comshalom)

19 de julho

Santo Arsênio

Origens

Arsênio nasceu no ano 354, em Roma. Pertencente a uma família nobre, rica e tradicional de senadores, viveu na época em que o cristianismo deixava de ser perseguido começava a se tornar a religião oficial do império romano. Por isso, desde pequeno foi educado na fé cristã. Depois de viver sua infância e juventude na fé, sabe-se que ele foi ordenado padre pelo papa Dâmaso e exerceu os primeiros anos de seu ministério na corte do imperador Teodósio.

https://youtu.be/fx5j_9nHFas

Educando os filhos do imperador

No ano 383, Teodósio, o imperador, pediu que ele se dedicasse a educar e formar seus filhos Honório e Arcádio, na cidade de Constantinopla, sede do império no Oriente. Arsênio aceitou e cumpriu esta missão permanecendo na Corte durante onze anos, formando e educando os filhos do imperador. Isso durou até 394. Quando terminou a missão, após quase onze anos, pediu exoneração do cargo e foi para o deserto, retirar-se na região no Egito.

Do luxo à pobreza

Santo Arsênio viveu numa época de profundas transformações na Igreja. O cristianismo passou de religião perseguida pelo império romano a religião oficial do Estado. Este fato suscitou vários movimentos na Igreja, que começava a respirar a liberdade. Entre esses movimentos, apareceu o ascetismo, ou seja, a busca de elevação espiritual através da "ascese". Ascese são exercícios espirituais aliados a mudanças de comportamentos que visam a elevação espiritual. A palavra ascese vem do Latim "ascendere", que significa "elevar, subir". Buscando a santidade e a elevação espiritual, Santo Arsênio tornou-se um eremita, indo viver na região desértica de Alexandria, no Egito.

Descoberto e procurado por todos

Depois de certo tempo na solidão do deserto, na prática da oração constante, dos sacrifícios e dos jejuns, Santo Arsênio foi descoberto e começou a ser procurado pelo povo. O seu esconderijo no deserto passou a ser um dos mais procurados pelos cristãos. Eles descobriram que o Santo era portador de sabedoria e santidade. Por isso, buscavam nele os conselhos e a paz de espírito. Para isso, não se importavam em fazer longas e penosas peregrinações. Depois de certo tempo, Santo Arsênio passou a viver numa comunidade monástica chamada Scete, localizada no mesmo deserto. Ali, ele atendia as pessoas e vivia uma vida de comunidade, seguindo uma regra monástica, na paz e na tranquilidade.

Invasão Porém, a paz e a tranquilidade em que Santo Arsênio e a comunidade viviam acabou quando uma tribo da região invadiu o mosteiro. Este fato obrigou Santo Arsênio a sair de lá. Ele se refugiou, então, numa gruta entre os anos 434 e 450. Lá, viveu isolado. Apenas nos últimos anos de sua vida ele aceitou que alguns poucos discípulos o acompanhassem.

O dom das lágrimas

Em seus últimos anos de vida, Santo Arsênio recebeu de Deus o dom das lágrimas. Quando ele estava em oração e lia um trecho dos Evangelhos, ele era profundamente tocado pela graça de Deus e se emocionava, chorando copiosamente. Isso impressionava seus poucos discípulos. Através das lágrimas de Santo Arsênio eles percebiam o quão importante eram para ele as Palavras de nosso Senhor Jesus Cristo. Por fim, Santo Arsênio faleceu em Troc, perto da cidade egípcia de Mênfis, no ano 450.

Oração a Santo Arsênio

"Ó Deus, que destes a Santo Arsênio a graça de buscar-vos em primeiro lugar, desprezando tudo por causa de vós, dai também a nós a graça de amar-vos acima de todas as coisas para que possamos amar a todos aqueles que precisarem do nosso auxílio. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo, amém. Santo Arsênio, rogai por nós."

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

terça-feira, 18 de julho de 2023

Três boas razões para entrar em uma igreja nas férias

© frantic00 - shutterstock

Por Jean-Michel Castaing

Entrar em uma igreja é um gesto livre, em que a alma se abastece em Deus enquanto desfruta de um revigorante banho de beleza e graça.

Durante o período de férias, muitos de nós conheceremos novas cidades ou vilas. E em todo lugar, há uma igreja que ergue sua silhueta alta e majestosa. Se a porta estiver aberta, não hesitemos em entrar na casa de Deus. Ele está esperando por nós! 

Veja abaixo três razões pelas quais uma igreja aberta é uma bênção:

1PRESENÇA DE DEUS

A primeira razão (e a mais óbvia) é que Deus está presente ali. Jesus está presente no sacrário. Podemos ficar na sua companhia, rezar para ele, adorá-lo, falar com ele, confiar-lhe as nossas dores, as nossas preocupações, mas também as nossas alegrias, os nossos desejos. Nas pequenas localidades, o Santíssimo nem sempre está presente. Mas não deixe de entrar na igreja por isso, pois ela é a casa do Senhor. Tudo nos fala Dele: o altar, as pinturas, as estátuas, as Vias Sacras ao longo da nave. Nestes edifícios, gerações de cristãos rezam desde tempos imemoriais. O ar que ali respiramos está carregado daquela piedade que nos vem das profundezas do tempo e que fortalece e acalma o espírito. 

2UM MOMENTO LIVRE

A segunda razão para cruzar a soleira de nossas igrejas durante as férias é que esse é um gesto gratuito que se encaixa perfeitamente nesse período. Gratuito nos dois sentidos do termo: nenhum balcão na entrada exigirá que você pague o direito de entrar, mas também gratuito no sentido de que não temos justificativa para fornecer – nem aos outros nem a nós mesmos! Livre como o amor.

Em nossa sociedade marcada pelo peso das avaliações mercantis dos seres e das coisas, onde tudo é racionalizado e ponderado, visitar uma igreja é um gesto isento de razões econômicas, políticas ou militantes. Ninguém vai pedir seus documentos ou os motivos que o levaram a cruzar o limiar da casa de Deus. Você estará em casa ali. Deus também não vai pedir seus papéis. Pelo contrário: Ele ficará muito feliz com sua visita.

3O ATRATIVO DA BELEZA

Finalmente, as igrejas são templos da beleza. Deus é lindo, suas igrejas também. Um retábulo barroco aqui, um afresco ali… E a beleza também é gratuita. Assim como os benefícios que ela nos traz, com a paz de espírito, por exemplo. Toda igreja mergulha-nos oportunamente num banho de juventude, porque a beleza fala da eterna juventude de Deus e da Criação. 

Portanto, nada melhor que incluir no seu roteiro de férias uma visita a uma igreja. E não precisa nem ser naquelas igrejas que viraram pontos turísticos: Deus está em todas elas.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Você conhece as grandes obras de caridade da Igreja?

As grandes obras da Igreja (aminoapps)

Você conhece as grandes obras de caridade da Igreja?

 POR PROF. FELIPE AQUINO

Os Santos – São Vicente de Paulo, São Francisco de Assis, São João Bosco, São Camilo de Lelis, Madre Teresa, e muitos outros viveram para fazer caridade. Na verdade, não há um santo sequer que não tenha se esmerado na caridade.

QUANDO ROMA DESABOU NO ANO 476 – A misericórdia da Igreja mudou o mundo – “a amar o próximo como a si mesmo”.

VOLTAIRE, que era inimigo da Igreja, disse: “talvez não haja nada maior na terra do que o sacrifício da juventude e da beleza, realizado pelo sexo feminino para trabalhar nos hospitais para aliviar a miséria humana”. Se referia às irmãs católicas da França. “As Santas Casas de Misericórdia” foram fundadas pela Igreja em todo o mundo.

A caridade ensinada por Cristo foi “algo novo” no mundo antigo…

SANTO AGOSTINHO fundou um hospital para peregrinos, resgatou escravos, e socorreu os pobres. Ele pedia ao povo não lhe dar roupas, mas vendê-las e dar o dinheiro aos pobres.

SÃO JOÃO CRISÓSTOMO, o grande Patriarca de Constantinopla no século IV, fundou ali uma série de hospitais.

SÃO CIPRIANO DE CARTAGO E SANTO EFRÉM organizaram grandes trabalhos nos tempos de pragas e fome. Não há um santo sequer da Igreja que não tenha vivido exemplarmente a caridade.

Muitos e muitos santos e católicos perderam as suas vidas socorrendo os doentes. Durante a peste que atingiu Cartago e Alexandria no século III, os cristãos ganharam respeito e admiração pela coragem e bravura com que consolavam os moribundos e enterravam os mortos, enquanto os pagãos abandonavam até mesmo os amigos à sua terrível sorte.

S. Cipriano, Bispo De Cartago, norte da África, repreendeu a população pagã por não socorrer as vítimas da praga preferindo saqueá-las. E convocou os cristãos para a ação chamando-os a socorrer os doentes e enterrar os mortos. O grande Bispo convocava seus seguidores a socorrer até mesmo os que os perseguiam por serem cristãos, e lhes lembrava as palavras de Cristo:

“Se nós fazemos o bem somente aos que nos fazem o bem, o que nós fazemos mais do que os publicanos e pecadores? Se nós somos filhos de Deus, que faz o sol brilhar sobre os bons e os maus, e manda a chuva sobre os justos e os injustos, vamos provar isto pelos nossos atos, abençoando os que nos amaldiçoam e fazendo o bem aos que nos perseguem”.

Sabemos que hospitais, como temos hoje, não havia na civilização grega e romana; a Igreja Católica foi pioneira em criá-los com médicos, enfermeiros, remédios, e demais procedimentos. No século IV a Igreja começou a mantê-los nas cidades menores, atendendo viajantes e doentes, viúvos, órfãos e pobres. [Schmidt, 2001]

Uma mulher chamada FABÍOLA, por caridade cristã, CRIOU O PRIMEIRO HOSPITAL PÚBLICO em Roma. S. Basílio Magno (330-369) fundou um hospital em Cesareia, na Terra Santa, no século IV, especialmente para os leprosos. Os mosteiros também prestaram muitos atendimentos aos doentes.

Guenter Risse, em “A History of Hospitals”, citado por Thomas Woods, mostra que quando caiu o império romano do ocidente (476), os mosteiros assumiram cada vez mais os cuidados dos doentes como nunca foi feito na Europa por vários séculos. Esses mosteiros se tornaram verdadeiras escolas de medicina entre os séculos V e X; falava-se do período da “medicina monástica”. Durante o reavivamento dos anos 800 com Carlos Magno, os mosteiros se destacaram como os principais centros de estudo e transmissão dos textos antigos de medicina.

Os mosteiros eram “o patrimônio dos pobres”; o que sempre foi desde o séc. IV. Em cada lugar onde surgia um mosteiro, nos vales e montanhas, formavam-se centros de vida religiosa organizada com escolas, modelos para a agricultura, indústria, piscicultura, reflorestamento, proteção aos viajantes, alívio para os pobres, órfãos, cuidado dos doentes, e atividade cultural como já vimos.

Durante os períodos mais escuros da Idade Média, os monges deram refúgio aos peregrinos aliviando os horrores da neve nos Alpes. Os beneditinos Premonstratenses, bem como as Ordens mendicantes de S. Domingos de Gusmão e de S. Francisco de Assis se destacaram na caridade.

SÃO BENTO pregava que “cada visitante devia ser recebido no mosteiro como se fosse o próprio Cristo”. Mas os monges não apenas esperavam os pobres virem a eles, iam atrás dos pobres e doentes para socorrê-los.

OS CAVALEIROS DE SÃO JOÃO (Hospitaleiros), que deixaram na Europa a sua marca na história dos hospitais, desde 1080, ajudaram os pobres e os peregrinos que iam à Terra Santa.

OS “HOSPITAIS DE SÃO JOÃO” impressionavam pelo profissionalismo, onde se realizavam até pequenas cirurgias e os doentes recebiam visitas duas vezes ao dia dos médicos, banhos e duas refeições principais, além de roupas limpas e brancas. Esses hospitais foram modelos para a Europa.

JULIANO, O APÓSTATA, inimigo do cristianismo, que tentou restabelecer o paganismo no império, por volta de 360, elogiava a caridade dos cristãos e reconheceu que enquanto os sacerdotes pagãos abandonavam os pobres, os “odiados galileus” os tratam com caridade, com as mesas preparadas para os indigentes, algo que era comum entre eles.

MARTINHO LUTERO: “Sob o Papa o povo era ao menos caridoso, e que não era preciso a força para conquistar as almas, e que agora, no “reino do Evangelho” (Protestantismo) ao invés de dar, eles roubam um ao outro” [Baluffi, 1885].

FREDERICK HUITER, um biógrafo do Papa Inocêncio III, declarou:

“Todas as instituições beneficentes que a humanidade possui nesses dias para ajudar os pobres, todos os que têm sido feito para a proteção dos indigentes e aflitos… e todos os tipos de sofrimentos, vem direta ou indiretamente da Igreja de Roma” [idem].

No séc. XVI, quando HENRIQUE VIII tornou-se inimigo da Igreja e suprimiu os mosteiros da Inglaterra, e confiscou as suas propriedades, a consequência social negativa foi enorme. Houve uma rebelião popular em 1536 conhecida como “Peregrinação da Graça”, que teve muito a ver com a ira do povo com o desaparecimento da caridade dos mosteiros.

A dissolução dos mosteiros ingleses e a redistribuição de suas terras – garante PHILIP HUGHES (1957) – “significou a ruína de milhares de pobres camponeses, a destruição de pequenas comunidades que os sustentavam”.

Milhares de desempregados das fazendas foram colocados nas ruas; a pobreza cresceu assustadoramente.

THOMAS CROMWELL, que tinha ódio dos monges, liquidou os mosteiros. Em fevereiro de 1536, o Parlamento inglês dissolveu os mosteiros menores sob pretexto falso de imoralidade. No primeiro ano foram fechados 327 conventos que passaram a render 32.000 libras esterlinas anuais à coroa inglesa. [DR, vol. IV, pg 452-4].

O que aconteceu com os mosteiros da Inglaterra de Henrique VIII, no séc. XVI, aconteceu também na França com a Resolução Francesa de 1789, quando os revolucionários inimigos da fé católica e da Igreja confiscaram as suas propriedades, secou a fonte da caridade. Na época o arcebispo de Aix em Provença alertou que tal roubo era uma ameaça à educação e à provisão do povo. Em 1847 a França tinha 47% hospitais a menos do que no ano do confisco e em 1799 os 50.000 estudantes das universidades se reduziram a 12000 [Davies, 1997].

A partir do séc. XI começaram a surgir as ORDENS DEDICADAS À CARIDADE. A Ordem hospitalar mais antiga foi a dos “Antoninos”; nasceu em Vienne, em 1095, na paróquia onde estavam as relíquias de Santo Antão. Foi a Ordem dos “Irmãos Hospitalares de S. Antão”. Em 1178 foi fundada por Guy de Montpelier a “Ordem do Espírito Santo”, hospital para crianças abandonadas; no final do séc. XIII tinha cerca de 800 casas. Em 1150 surgiu em Bolonha os “Crucifeu”, e na Boêmia os “Stelliferi” em 1160. Em 1099 surgiu a “Ordem de S. Lázaro”, para cuidar dos leprosos do Oriente.

Foram trazidos também para a França por Luiz VII e cresceram muito na Europa e na Ásia, onde chegaram a ter 3000 leprosários. Inocêncio IV (1243-1254) a transformou em “Cavaleiros de São Lázaro” que existem até hoje.

S. LUIZ DE FRANÇA, SANTA ISABEL DA HUNGRIA E SANTA EDWIGES se destacaram nessa caridade. Só na França em 1225, o rei Luiz VIII comprovou a existência de mais de dois mil leprosários. S. Roque (1293-1327), patrono dos leprosos, consagrou toda a sua vida ao cuidado deles, tendo morrido leproso.

INOCÊNCIO III numa bula de 1198 prometeu remissão total dos pecados aos homens piedosos que desposassem essas mulheres pecadoras reconduzindo-as ao bom caminho. Pedro o Eremita fundou uma Congregação para salvá-las; e surgiram outras com a mesma finalidade. A mais célebre foi a Ordem das “Irmãs penitentes de Santa Madalena”, as ”madalenetas”.

Também os viajantes e peregrinos eram protegidos pela caridade cristã. Na Itália, os Hospitalários d’Altapaseio guiavam os viajantes nos pântanos perigosos de Lucca; na Espanha, os Cavaleiros de Santiago protegiam os peregrinos de Compostela; na Palestina, essa era uma das funções dos Templários.

“ORDENS REDENTORAS”, na Ásia e na África; esses heróis que partiam para os países muçulmanos e se ofereciam para substituir os fiéis cativos e escravos correndo risco de morte. São as Ordens fundadas em 1198 por São João da Mata (os Trinitários); em 1223 pelo francês São Pedro Nolasco (os Mercedários – Nossa Senhora dos Mercês – e por S. Raimundo de Peñafort, espanhol. Desde a sua fundação até a revolução Francesa (1789), estas duas Ordens libertaram mais de seiscentos mil cativos, entre os quais Cervantes, o mestre espanhol.

A CARIDADE DA IGREJA HOJE

No Brasil, até 1950, quando não existia nenhuma política de saúde pública eram as casas de caridade da Igreja que cuidavam das pessoas que não tinham condições de pagar um hospital.

CARITAS JERUSALÉM SUSTENTA 10 MIL FAMÍLIAS NA FRANJA DE GAZA

“Desde janeiro deste ano, Caritas Jerusalém ajuda a 10 mil famílias na Franja de Gaza, proporcionando-lhes alimento, água, alojamento e remédios. Para estes trabalhos conseguiram reunir 1.4 milhões de euros. Entre outros trabalhos, Caritas Jerusalém também ajuda aos feridos em sua reabilitação com próteses e cadeiras ortopédicas, colaborando de maneira concreta com mais de mil pessoas mutiladas por causa da guerra” (ROMA, 16 Dez. 09/ACI).

PRESENÇA NO MUNDO

A Igreja Católica mantém na Ásia: 1.076 hospitais; 3.400 dispensários; 330 leprosários; 1.685 asilos; 3.900 orfanatos; 2.960 jardins de infância.

Na África: 964 hospitais; 5.000 dispensários; 260 leprosários; 650 asilos; 800 orfanatos; 2.000 jardins de infância. Se a Igreja Católica saísse da África 60% das escolas e hospitais seriam fechados.

Na América: 1.900 hospitais; 5.400 dispensários; 50 leprosários; 3.700 asilos; 2.500 orfanatos; 4.200 jardins de infância.

Na Oceania: 170 hospitais; 180 dispensários; 1 leprosário; 360 asilos; 60 orfanatos; 90 jardins de infância.

Na Europa: 1.230 hospitais; 2.450 dispensários; 4 Leprosários; 7.970 asilos; 2.370 jardins de infância.

DADOS DO “ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA IGREJA”

A Igreja Católica administra 115.352 Institutos sanitários, de assistência e beneficência em todo o mundo.

Segundo revelam os dados do último “Anuário Estatístico da Igreja”, publicado pela Agência Fides a Igreja administra 115.352 Institutos sanitários, de assistência e beneficência em todo o mundo.

Deste número, 5.167 hospitais (a maior parte na América, 1.493 e 1.298 na África); 17.322 dispensários a maioria na África, 5.256, América 5.137 e Ásia 3.760; 648 leprosários distribuídos principalmente na Ásia (322) e África (229); 15.699 casas para idosos, doentes crônicos e deficientes – Europa (8.200) e América (3.815); 10.124 orfanatrófios, principalmente na Ásia (3.980) e América (2.418); 11.596 jardins da infância, a maior parte na América (3.661) e Ásia (3.441); 14.744 consultores matrimoniais, distribuídos no continente americano (5.636) e Europa (6.173); 3.663 centros de educação e reeducação social, além de 36.386 instituições de outros tipos.

Será que existe qualquer empresa ou instituição que faz pelo menos isso?

Prof. Felipe Aquino

Fonte: https://cleofas.com.br/

Filhos, o dom mais precioso do casamento

© Sabrina Fusco

Por Clarissa Oliveira (publicado em 07/10/14)

Segundo dia do sínodo sobre a família: um resumo dos trabalhos no Vaticano.

Na manhã desta terça-feira, 7 de outubro, no Vaticano, os padres sinodais deram continuidade às intervenções no sínodo sobre a família. Nesses dois primeiros dias foram 70 padres sinodais que falaram durante as conferências e as intervenções.

A terceira Congregação geral teve prosseguimento com o tema previsto segundo a ordem do Instrumentum laboris: “Evangelho da família e lei natural” (1 parte, Cap 3) e “A família e a vocação da pessoa em Cristo” (I parte, Cap 4). 

Ao início da Congregação, o cardeal Sodano, por designação do Papa Francisco, anunciou que o Consistório convocado pelo Papa para o próximo dia 20 de outubro será dedicado à situação do Oriente Médio, com base nos resultados da reunião de alguns Representantes Pontifícios e dos Superiores dos Dicastérios competentes, na última semana. O tema do Consistório será representado pelo cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado, e terá presença de seis Patriarcas orientais e do Patriarca latino de Jerusalém, S. B. Fouad Twal. 

A questão das dificuldades das famílias do Oriente Médio, diante da realidade do conflito, foi tema das intervenções dos padres sinodais. Essas famílias vivem em situações dramáticas pelo fato de defenderem e viverem a fé, fato que reflete em suas vidas. Uma das propostas dos interlocutores foi que o sínodo seja uma mensagem de aproximação a essas famílias.

Alguns pontos que se destacaram das intervenções foram apresentados no briefing de hoje.

É preciso uma abordagem progressiva onde existe um caminho por onde o fiel se aproxima do que é ideal da família cristã e do casamento cristão. O tema da abordagem progressiva foi tocado com considerações aprofundadas, em particular a analogia com a qual o Concílio Vaticano II diz que existem elementos importantes e preciosos para a santificação também fora da Igreja Católica. Uma pessoa pode entender que existe uma visão plena e ideal do casamento e da família cristã, mas também existem elementos válidos e importantes de santificação e amor verdadeiro mesmo quando não se alcança esse ideal. 

Catequese matrimonial

É importante ter conhecimento do Magistério da Igreja, sendo relevante a preparação de catequeses para o casamento. Surge também a preocupação em dar continuidade às etapas da vida cristã, a fim de que exista uma coerência. Uma evangelização com continuidade e não episódica.

Temas importantes do dia de hoje estão ligados e aprofundados na questão exegética, leitura das passagens do Evangelho sobre o casamento, desta forma não se coloca em dúvida a vontade de Jesus, mas se encontram também momentos de dificuldades daquela época, mostrando que era preciso lutar para alcançar a vontade de Jesus. A problemática de colocar em prática as exigências radicais do Evangelho acompanha toda a história da Igreja.

Posicionamento da Igreja

Muitos padres sinodais deram exemplos de modelos de pastorais familiares com serviços de preparação para a família. Foi proposto também como tema o acompanhamento daqueles que se encontram em dificuldades, a fim de que se sintam amados e tenham a atenção da Igreja.

Uma intervenção significativa trouxe a preocupação de se verificar com maior precisão a existência da disposição para o casamento. Ou seja, a Igreja deve ser mais exigente ao aceitar os casais que se apresentam com a intenção de se casar. Fato este que busca diminuir os problemas posteriores dentro das famílias, tais como crises e até mesmo a ruptura por meio do divórcio. 

A família

A questão da missão da família, do anúncio do Evangelho aos outros, dando testemunho e ajudando aqueles que se encontram em dificuldades, foi um ponto referencial. Nesta questão foram lembrados os movimentos e tantos outros que, como família, ajudam na evangelização, razão pela qual os padres sinodais manifestaram grande gratidão.

Um dos padres sinodais disse que “os filhos são o testemunho permanente da doação recíproca dos pais e o dom mais precioso do casamento. Se a Igreja foca neste dom, a família pode aprender a caminhar junto com a Igreja”. A sociedade, por sua vez, nos propõe o individualismo que nos leva ao egoísmo.

Foi proposto o resgate do valor da sexualidade. Fala-se tanto, de forma crítica, da sexualidade fora do matrimônio que a sexualidade conjugal parece quase a concessão a uma imperfeição. A sexualidade dentro do casamento tem seu valor. Não devemos lutar contra o sexo, mas propor uma autêntica sexualidade que é caminho de santificação, neste caminho é preciso ser paciente.

O sacramento do matrimonio é um caminho e o objetivo final é ser mais autêntico em amar, ser mais humano e chegar à santidade.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

SÃO CARLOS BORROMEU: A casa construída sobre a rocha (4/4)

São Carlos se prepara à morte no Sacro Monte de Varallo, detalhe, Giovanni Battista della Rovere, chamado o Fiammenghino, Catedral de Milão (30Giorni)

Arquivo 30Dias – 07/08 - 2011

SÃO CARLOS BORROMEU:
A casa construída sobre a rocha

“Tudo o que São Carlos fez e realizou, o edificou sobre a rocha indestrutível que é Cristo, na plena coerência e fidelidade ao Evangelho, no amor incondicionado pela Igreja do Senhor”. O discurso do arcebispo emérito de Milão no Meeting de Rímini.

pelo Cardeal Dionigi Tettamanzi

O anel, o báculo, o cálice

Concluo voltando a falar da mostra que hoje é inaugurada, chamando a atenção a uma parte original. No centro da mostra estão expostas não três obras de arte, mas três autênticas relíquias, que de algum modo revelam a personalidade de São Carlos, são uma epifania do seu coração, uma manifestação do seu segredo espiritual.

O anel episcopal de São Carlos, Museu da Catedral de Milão (30Giorni)

Antes de tudo encontramos o anel de Borromeu. E o anel de um bispo fala-nos simbolicamente da sua ligação esponsal com a Igreja que lhe foi confiada. Portanto é o sinal do amor pastoral, da fidelidade ao ministério, da própria dedicação total.

O báculo de São Carlos, Museu da Catedral de Milão

Depois encontramos o bastão pastoral: é o símbolo da autoridade e do governo do bispo. Mas, como sabemos, está em questão uma autoridade que não poderá jamais ser atuada como puro exercício de poder. A imitação de Cristo – o Bom Pastor por antonomásia – o exercício do governo pastoral coincide com a oferta da própria vida até a plena consumação de si. Assim fez Cristo, assim fizeram os santos pastores, como Carlos Borromeu.

O cálice de São Carlos, Museu da Catedral de Milão (30Giorni)

Enfim pode-se ver o seu cálice, o que foi usado por ele para celebrar o sacrifício eucarístico. Este coloca-se como testemunho da vida de oração que o bispo deve ter; como chamada que, em última análise, é o sacrifício de Cristo sobre a cruz, são a sua palavra e os seus sacramentos – nos quais é presente e eficaz a sua ação de salvação – a edificar a Igreja, a iluminá-la, animá-la e guiá-la.

Como eu dizia no início, com o IV centenário da canonização de São Carlos cheguei à conclusão do meu mandato pastoral na Igreja de Milão. Pois bem, devo confessar que estes três “símbolos” expostos (o anel, o báculo e o cálice de São Carlos) acendem em mim uma profunda alegria espiritual, ao pensamento de que como os recebi dos meus predecessores logo também eu os transmitirei ao meu sucessor.

É o belíssimo mistério da “traditio”, da tradição viva da Igreja, que – como nos ensinou São Carlos – é verdadeiramente “a casa construída sobre a rocha”! Sim, “caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos deram contra a casa, mas a casa não desabou, porque estava construída sobre a rocha” (Mt 7, 25). Isso vale para a Igreja que nos antecedeu no tempo, para a Igreja que estamos vivendo agora, para a Igreja que se abre ao futuro: uma Igreja sempre cheia da graça e do amor do seu Esposo e Senhor. É então que sem nenhum medo, mas com a inalterável e sobrepujante confiança que nos vem de Cristo, que todos juntos somos chamados a prosseguir o nosso caminho para a santidade, ouvindo a sua palavra e tornando-a experiência cotidiana de vida: “Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática é como um homem sensato, que construiu sua casa sobre a rocha” (Mt 7, 24).

Que São Carlos possa nos ajudar!

Fonte: http://www.30giorni.it/

Religiosa brasileira no Mato Grosso do Sul: vi o rosto de Deus nas crianças indígenas

Ir. Joana Ortiz com crianças do povo indígena Guaivyry, em Mato Grosso do Sul  (archivio di suor Joana Ortiz)

Junto à segunda maior população indígena do Brasil, em Mato Grosso do Sul, desde 2010, a religiosa Joana Aparecida Ortiz conta sobre a missão junto “ao seu povo”. A Irmã Franciscana de Nossa Senhora Aparecida fez de um sonho uma desafiadora realidade: “não tive dúvidas do chamado imperativo que Deus me fazia naquele momento, de ser presença solidária e profética, para vir a somar junto aos missionários”.

Irmã Joana Aparecida Ortiz*

A dor que dói no povo é a nossa dor. Como religiosa franciscana de Nossa Senhora Aparecida, filha desta terra de Mato Grosso do Sul – na região centro-oeste do Brasil - onde reside a segunda maior população indígena do país, “onde o boi vale mais que uma criança indígena, onde a soja vale mais que um pé de cedro”, senti-me convocada a ir para junto deste povo, que é o meu povo, no ano de 2010.

A inspiração que veio de um sonho

Eu vivia uma angústia terrível sem saber o que se passava comigo, quando tive um sonho com os povos indígenas chegando em nossa casa e pedindo ajuda. No dia seguinte o sonho continuou e nesse aparecia a minha mãe (que com certeza tinha sangue indígena) que me entregava um envelope pedindo que eu levasse para o acampamento indígena. No seguinte dia o sonho continuava, eu entregava o envelope a um senhor idoso de uma aldeia na beira da estrada. O velho índio me dizia: “não queremos dinheiro, mas, sim, a presença!”.

A religiosa com crianças indígenas de Ñande Ru Marangatu, em Mato Grosso do Sul (Vatican Media)

A triste realidade indígena do Mato Grosso do Sul

Meu Deus, quanta dor e sofrimento eu vi! De aldeia em aldeia, de acampamento em acampamento, pela beira de estrada, nas reservas indígenas e nos fundos das fazendas. Vi muitas pessoas com seus barracos sendo queimados, e as crianças desnutridas. E nesse momento também vi os missionários do CIMI atendendo uma criança em estado grave de desnutrição que após ser atendida, no dia seguinte, veio a falecer.

“Não tive dúvidas do chamado imperativo que Deus me fazia naquele momento de estar com o meu povo e ali ser presença solidária e profética, para vir a somar aos missionários e missionárias daquela entidade.”

Identifiquei o carisma congregacional que me impelia a essa realidade: “honremos o nome de Aparecida, saiamos das faixadas onde já transita muita gente, vamos aos porões, onde ninguém se acotovela”, como dizia a nossa fundadora, Madre Clara Maria de Azevedo e Souza.

Em 11 anos, o caminho com Deus e os indígenas

Em 2012, conclui o curso básico do CIMI e, como missionária da entidade, pude ver o rosto de Deus no rosto dos povos indígenas. Como congregação, pude somar no trabalho missionário sendo presença. Em 2015, a entidade passou por uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) por defender os direitos das comunidades. Nesse processo, fui incluída e pude experimentar um pouquinho do que Cristo passou no Sinédrio diante das falsas acusações, por querer a libertação do seu povo. Fomos perseguidos, caluniados, difamados, não derrotados, pois acreditamos que o Senhor caminha conosco. Vencemos esta batalha.

“Pude ver o rosto de Deus no rosto dos povos indígenas”, afirma Irmã Joana (Vatican Media)

Já estou há onze anos nessa caminhada junto aos povos indígenas. Percebo que ainda há muito para se fazer. Mas a alegria maior é ver hoje o protagonismo indígena conquistando seus espaços e direitos. “Nunca mais um Brasil sem nós!” é uma frase pronunciada por Sonia Guajajara em sua posse como ministra dos Povos Indígenas do Brasil no início do ano. Como congregação, reafirmamos nosso compromisso de apoio e presença para que os mesmos tenham suas terras demarcadas e seus direitos respeitados.

Irmã Joana (ao centro) junto aos indígenas em Brasília, em 7 de junho deste ano, na manifestação contra o marco temporal – projeto de lei estabelece que povos indígenas só podem reivindicar terras que já ocupavam na promulgação da Constituição, em 1988 (Vatican Media)

Hoje avalio esta missão como um forte apelo de Deus em minha vida, como pessoa que tem sangue indígena nas veias. Saí deste povo e para eles retornei e me encontrei como pessoa transformada. Embora meu povo ainda não tenha suas terras demarcadas e seus direitos garantidos, tem seu protagonismo conquistado.

*Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora Aparecida.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF