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sábado, 5 de agosto de 2023

Para que haja bons sacerdotes é preciso formar bons seminaristas

São Luiz Gonzaga (seminariommi)

Para que haja bons sacerdotes é preciso formar bons seminaristas

Conclusões do curso sobre a formação espiritual nos seminários

ROMA, terça-feira, 22 de fevereiro de 2011 (ZENIT.org) – Como obter resultados positivos na formação espiritual dos seminaristas? Como fazer para que os candidatos ao sacerdócio tenham maior clareza vocacional? O subjetivismo e a secularização representam um desafio para as novas gerações de sacerdotes?

Estas e outras questões foram discutidas durante a semana de estudo La formazione spirituale personale nei seminari  (A formação espiritual pessoal nos seminários), realizada de 7 a 11 de fevereiro, no centro de formação sacerdotal da Pontifícia Universidade da Santa Cruz, em Roma.

O evento contou com a presença do cardeal Zenon Grocholewski, prefeito da Congregação para a Educação Católica, da Santa Sé.

Reitores de seminários, diretores espirituais e outros formadores, provenientes de diversas dioceses, contextos culturais e eclesiais puderam compartilhar ideias sobre como formar melhor aqueles que serão os sacerdotes das próximas gerações.

Algumas intervenções

Dom Francesco Cavina, da secretaria de Estado do Vaticano, em sua palestra sobre as primícias eclesiais nos candidatos para o sacerdócio, referiu-se aos novos desafios que os seminários de hoje enfrentam: enquanto, antigamente, muitos sacerdotes cresciam em famílias grandes, num ambiente católico, e descobriam sua vocação muito cedo, agora pertencem a famílias pequenas, muitas vezes de pais divorciados, nas quais não necessariamente receberam uma educação católica, e que fizeram sua opção em uma idade já madura.

O prelado apresentou algumas estatísticas que mostram como, hoje, muitos dos novos seminaristas provêm de grupos de jovens paroquiais e diocesanos, movimentos eclesiais, ou jornadas mundiais da juventude.

Por sua parte, Enrique da Lama, da Faculdade de Teologia da Universidade de Navarra, abordou o tema do acompanhamento espiritual, da necessidade da amizade, da consciência como esse sacrário interior da mente e do espírito.

Ele também se referiu ao tema da solidão em que o homem de hoje vive e alertou sobre o perigo de confundir a direção espiritual com uma consulta psicológica. Esclareceu que é essencial ver o homem em sua unidade biopsicoespiritual.

Da Lama disse que a direção espiritual deve centrar-se “no valor da amizade, no respeito à soberania da própria consciência e na ação do Espírito Santo”, ao invés de limitar-se apenas a um simples acompanhamento ou aconselhamento esporádico.

Para Paul O’ Callaghan, professor de teologia dogmática na Universidade da Santa Cruz, a vida espiritual do sacerdote é forjada especialmente no seminário.

Meios para a formação

Os oradores salientaram a necessidade de recorrer a documentos como a Pastores dabo vobis, do Papa João Paulo II, e a Carta aos seminaristas, de Bento XVI.

Os participantes tiveram a oportunidade de discutir a questão da relação com os superiores ou formadores, a quem decidiram chamar de “educadores”, esclarecendo que quem forma é o Espírito Santo.

Disseram que o principal inimigo da vocação ao sacerdócio, mais que os pontos de discordância com as autoridades, é a vida dupla ou a hipocrisia.

Direção espiritual e fragilidade humana

O curso também abordou o tema da fragilidade emocional e psicológica, com duas intervenções: de Dom José María Yanguas, bispo de Cuenca (Espanha), e do psiquiatra Franco Poterzio.

Ambos se referiram à questão do desafio da imaturidade dos adolescentes e jovens (narcisistas, fracos, tristes e instáveis), que se prolonga em adultos inconstantes e dependentes. Estes são tópicos que devem ser abordados com frequência nos seminários.

A maneira de quebrar este círculo é procurar nos candidatos ao sacerdócio “a harmonia interna e externa do homem que integrou razão, vontade, sentimentos e instintos”, sem descuidar da correção, quando necessário.

O último dia do curso foi dedicado ao tema da formação da plena maturidade espiritual; os assistentes e expositores puderam concluir que alguns meios para responder a este desafio são a oração e a caridade pastoral, que ajudam a construir personalidades “estruturadas em torno do sentido oblativo da vida, praticando constantemente as virtudes, através de critérios claros e com um coração felizmente centrado em Cristo”.

(Carmen Elena Villa)

Fonte: https://presbiteros.org.br/

Papa aos jovens: ilusões do mundo virtual e alergia à falsidade

THOMAS COEX | AFP

Por Reportagem local

As passagens mais importantes dos três discursos do segundo dia do Papa Francisco na JMJ de Lisboa.

Em seu segundo dia na JMJ de Lisboa (3 de agosto), o Papa Francisco proferiu três discursos (Cerimônia de Acolhimento, Encontro com jovens universitários, Encontro com jovens das Scholas Occurrentes). Veja as principais passagens destes três discursos:


Cerimônia de Acolhimento

Ilusões do mundo virtual

E cada um de nós é chamado pelo nome. Não se trata de um simples modo de dizer, é Palavra de Deus (cf. Is 43, 1; 2 Tm 1, 9). Amigo, amiga, se Deus te chama pelo nome significa que, para Ele, nenhum de nós é um número; mas é um rosto, é uma cara, é um coração. Quero que cada um de vós note uma coisa: muitos, hoje, sabem o teu nome, mas não te chamam pelo nome. Com efeito, o teu nome é conhecido, aparece nas redes sociais, é processado por algoritmos que lhe associam gostos e preferências. Mas tudo isso não interpela a tua singularidade, mas a tua utilidade para pesquisas de mercado. Quantos lobos se escondem por trás de sorrisos de falsa bondade, dizendo que conhecem quem és, mas sem te querer bem, insinuando que creem em ti e prometendo que serás alguém, para depois te deixarem sozinho, quando já não lhes fores útil. E estas são as ilusões do mundo virtual e devemos estar atentos para não nos deixarmos enganar, porque muitas realidades que hoje nos atraem e prometem felicidade, mostram-se depois pelo que são: coisas vãs, bolas de sabão, coisas supérfluas, coisas inúteis e que deixam o vazio interior. Digo-vos uma coisa: Jesus não é assim, não é assim! Ele confia em ti, confia em cada um de vós, em cada um de nós, porque Jesus interessa-Se por cada um de nós; cada um de vós é importante para Ele. Assim é Jesus.

Alergia à falsidade

Amigos, quero ser claro convosco, que sois alérgicos à falsidade e às palavras vazias: na Igreja há espaço para todos. Para todos. Na Igreja, ninguém é de sobra. Nenhum está a mais. Há espaço para todos. Assim como somos. Todos. Jesus di-lo claramente. Quando manda os apóstolos chamar para o banquete daquele senhor que o preparara, diz: «Ide e trazei todos», jovens e idosos, sãos, doentes, justos e pecadores. Todos, todos, todos! Na Igreja, há lugar para todos. «Padre, mas para mim que sou um desgraçado, que sou uma desgraçada, também há lugar?» Há espaço para todos! Todos juntos… Peço a cada um que, na própria língua, repita comigo: «Todos, todos, todos». Não se ouve; outra vez! «Todos, todos, todos». E esta é a Igreja, a Mãe de todos. Há lugar para todos. O Senhor não aponta o dedo, mas abre os braços. É curioso! O Senhor não sabe fazer isto [aponta com o dedo em riste], mas isto sim [faz o gesto de abraçar]. Abraça a todos. No-lo mostra Jesus na cruz, onde abriu completamente os braços para ser crucificado e morrer por nós.

O melhor remédio

Nesta tarde, vós também me fizestes perguntas, muitas perguntas. Nunca vos canseis de perguntar… Perguntar, é bom; aliás muitas vezes é melhor que dar respostas, porque quem pergunta permanece «inquieto» e a inquietude é o melhor remédio contra a rotina, que às vezes se torna uma espécie de normalidade que anestesia a alma. Cada um de nós traz dentro os próprios interrogativos. Levemos estas questões connosco e ponhamo-las no diálogo comum entre nós. Ponhamo-las quando rezamos diante de Deus. Com o transcorrer da vida, essas perguntas vão tendo resposta; só nos resta esperar. E uma coisa muito interessante: o amor de Deus surpreende-nos. Não está programado. O amor de Deus vem de surpresa. Surpreende sempre. Sempre nos mantém alerta e surpreende.

Não como a sociedade queria que fôssemos…

Queridos jovens moços e moças, convido-vos a pensar nesta coisa maravilhosa: Deus ama-nos! Deus ama-nos como somos, não como gostaríamos de ser ou como a sociedade queria que fôssemos. Como somos! Chama-nos com os defeitos que temos, com as limitações que temos e com a vontade que temos de avançar na vida. Deus chama-nos assim. Confiai, porque Deus é Pai e um Pai que nos quer bem, um Pai que nos ama. Isto nem sempre é muito fácil. Mas podemos contar com uma grande ajuda: a da Mãe do Senhor. Ela também é nossa Mãe. Maria é nossa Mãe. E é tudo o que vos queria dizer. Não tenhais medo, tende coragem, continuai para diante, sabendo que, por «amortizador» das dificuldades, temos o amor que Deus nos tem. Deus ama-nos. Digamo-lo todos juntos: «Deus ama-nos». Mais alto, não consigo ouvir [repetem]. Aqui não se ouve [repetem] Obrigado.


Encontro com os jovens universitários

Antídoto contra o narcisismo

Fernando Pessoa diz, de modo atormentado mas correto, que «ser descontente é ser homem» (Mensagem, O Quinto Império). Não devemos ter medo de nos sentir inquietos, de pensar que tudo o que possamos fazer não basta. Neste sentido e dentro duma justa medida, estar insatisfeito é um bom antídoto contra a presunção de autossuficiência e contra o narcisismo. O caráter incompleto define a nossa condição de indagadores e peregrinos; como diz Jesus, estamos no mundo, mas não somos do mundo (cf. Jo 17, 16). Estamos caminhando «para». Somos chamados a algo mais, a uma decolagem sem a qual não há voo. Portanto, não nos alarmemos se nos encontramos intimamente sedentos, inquietos, incompletos, desejosos de sentido e de futuro, com saudade do futuro. E aqui, junto com a saudade do futuro, não vos esqueçais de manter viva a memória do futuro. Não estamos doentes, estamos vivos! Preocupemo-nos antes quando estamos prontos a substituir a estrada a fazer por uma paragem em qualquer estação de serviço que nos dê a ilusão do conforto; quando substituímos os rostos pelos ecrãs, o real pelo virtual; quando, em vez das perguntas lacerantes, preferimos as respostas fáceis que anestesiam. E podemos encontrá-las em qualquer manual de relações sociais, de bom comportamento. As respostas fáceis anestesiam.

Desafios enormes

Amigos, permiti que vos diga: procurai e arriscai. Neste momento histórico, os desafios são enormes, os gemidos dolorosos: estamos a viver uma terceira guerra mundial feita aos pedaços. Mas abracemos o risco de pensar que não estamos numa agonia, mas num parto; não no fim, mas no início dum grande espetáculo. E é precisa coragem para pensar assim. Por isso sede protagonistas duma «nova coreografia» que coloque no centro a pessoa humana, sede coreógrafos da dança da vida. As palavras da senhora Reitora serviram-me de inspiração sobretudo quando afirmou que «a universidade não existe para se preservar como instituição, mas para responder com coragem aos desafios do presente e do futuro». A auto-preservação é uma tentação, é um reflexo condicionado pelo medo, que nos faz olhar para a existência de forma distorcida. Se as sementes se preservassem a si mesmas, desperdiçariam completamente a sua força geradora e condenar-nos-iam à fome; se os invernos se preservassem a si mesmos, não existiria a maravilha da primavera. Por isso, tende a coragem de substituir os medos pelos sonhos: substituí os medos pelos sonhos, não sejais administradores de medos, mas empreendedores de sonhos!

Não se contentar com compromissos tímidos

Como alguns de vós sublinharam, devemos reconhecer a urgência dramática de cuidar da casa comum. No entanto, isso não pode ser feito sem uma conversão do coração e uma mudança da visão antropológica subjacente à economia e à política. Não podemos contentar-nos com simples medidas paliativas ou com tímidos e ambíguos compromissos. Neste caso, «os meios-termos são apenas um pequeno adiamento do colapso» (Francisco, Carta enc. Laudato si’, 194). Não vos esqueçais disto: os meios-termos são apenas um pequeno adiamento do colapso. Trata-se, pelo contrário, de tomar a peito o que infelizmente continua a ser adiado, ou seja, a necessidade de redefinir o que chamamos progresso e evolução. É que, em nome do progresso, já se abriu caminho a um grande retrocesso. Pensai bem nisto que vos digo: em nome do progresso, já se abriu caminho a um grande retrocesso. Vós sois a geração que pode vencer este desafio: tendes instrumentos científicos e tecnológicos mais avançados, mas, por favor, não vos deixeis cair na cilada de visões parciais. Não esqueçais que temos necessidade duma ecologia integral, de escutar o sofrimento do planeta juntamente com o dos pobres; necessidade de colocar o drama da desertificação em paralelo com o dos refugiados; o tema das migrações juntamente com o da queda da natalidade; necessidade de nos ocuparmos da dimensão material da vida no âmbito duma dimensão espiritual. Não queremos polarizações, mas visões de conjunto.

Caminho, sim; labirinto, não

Amigos, estou muito contente por vos ver como uma comunidade educativa viva, aberta à realidade e consciente de que o Evangelho não se limita a servir de ornamento, mas anima as partes e o todo. Sei que o vosso percurso engloba diversos âmbitos: estudo, amizade, serviço social, responsabilidade civil e política, cuidado da casa comum, expressões artísticas… Ser uma universidade católica significa, antes de mais nada, que cada elemento está em relação com o todo e o todo revê-se nas partes. Assim, ao mesmo tempo que se adquirem competências científicas, vai-se amadurecendo como pessoa, no conhecimento de si mesmo e no discernimento do próprio caminho. Caminho, sim; labirinto, não. Então avante! Uma tradição medieval conta que quando os peregrinos se cruzavam no Caminho de Santiago, um saudava o outro exclamando «Ultreia» ao que este respondia «et Suseia». Trata-se de expressões de encorajamento para prosseguir a busca e o risco da caminhada, dizendo-se mutuamente: «Vai mais longe e mais alto!» «Coragem, força, anda para diante!» E isto é o que também eu vos desejo, de todo o meu coração, a todos vós.


Encontro com os jovens das Scholas Occurrentes

Crises

Nas crises você tem que caminhar, raramente sozinho, e isso também é importante. Enfrentar a crise juntos e seguir em frente, crescendo. Uma vida sem crise é como água destilada. É asséptica, sem sabor, não pode ser bebida, não serve para nada, exceto para ser conservada. A crise deve ser abraçada, aceita, enfrentada e resolvida.

Momentos críticos

Alguém disse que o caminhar do ser humano, a vida humana, é fazer um cosmos do caos. Do que não faz sentido, do que é confuso, para criar um cosmos. Com um sentido aberto, convidativo e inclusivo. Deus um dia faz a luz e vai transformando as coisas. Em nossas vidas acontece a mesma coisa: há momentos críticos, muito caóticos, em que não sabemos como ficar de pé. Todos nós passamos por estes momentos. Vocês estão criando o cosmos. Nunca se esqueçam disso.

 Fonte: https://pt.aleteia.org/

Ganância como religião idolátrica

Ganância (Canção Nova)

GANÂNCIA COMO RELIGIÃO IDOLÁTRICA

Dom Jacinto Bergmann
Arcebispo de Pelotas (RS)

Dizer ideologia é também dizer pseudorreligioso, na língua alemã “Ersatzreligion” – “o que substitui a religião”. Como se explicita a dimensão pseudorreligiosa da ideologia gananciosa? O caráter religioso da ganância consiste no fato da absolutizar, isto é, idolatrar bens relativos. É de se reconhecer, porém, que a tendência de absolutizar realidades relativas, que se enraíza no desejo primitivo de “ser como Deus”, é um dado antropológico de que a história humana nos dá sobejos exemplos.  

Na base da ganância encontramos uma realidade antropológico-moral, a libido possidendi. Ora, esse vício aparece no Novo Testamento bíblico a título de um nec nominetur, ao lado da “impureza” (Ef 5,3). Ademais, a própria ganância é tida como “idolatria” (Ef 5,5; Cl 3,5). O dinheiro, “sacramento” da ganância, é o objeto de severa advertência de Jesus Cristo por causa de sua tendência a se tornar um absoluto, arvorando-se em ídolo e exigindo “serviço” cultual: “Não podeis servir a Deus e Mamon” (Mt 6,24). 

Ora, na ganância, até tudo se eleva, para além de uma doutrina ideológica. É a ideologia da “riqueza absoluta” que Jesus vê personificada em Mamon” (cf Mt 6,24; Lc 16,9.11.13). Desse entendimento de Jesus, São Paulo pode afirmar: “O dinheiro (dinheiro pelo dinheiro) é a raiz de todos os males” (1Tm 6,10). Na mesma linha, assegura Santo Tertuliano, um dos Santos Padres da Igreja Católica: “Sabemos todos que o dinheiro (dinheiro pelo dinheiro) é o autor da injustiça e o senhor do mundo inteiro”. Feita idolatria, a ganância se reveste de todos os traços característicos de uma religião: tem “deuses”, “templos”, ” hierarquia “, “sacramentos”, “dogmas”, “virtudes” e “teologias”. 

É por seu caráter idolátrico que a ganância entende oferecer às pessoas um sentido de vida plena. Apresenta-se como um “modo de acúmulo” investido da tarefa redentora de introduzir o ser humano de volta ao “paraíso terrestre”. A ganância, assim, julga-se, às vezes, detentora dos tributos de taumaturga e salvadora, que a tornariam apta a resolver todo e qualquer “problema humano”. Todavia, como todo ídolo, a ganância também tem pés de barro, como se vê por seus frutos: a insatisfação do coração, a decepção e a desesperança. É então que emerge a verdadeira face devastadora da ganância, ou seja, seu potencial niilista. 

A alienação gananciosa tem, inclusive, uma alienação espiritual: a alienatio a vita Dei (Ef 4,18), pois ela leva a um destino de fracasso e de morte eterna. É verdade, a ganância não é a origem do niilismo e nem sua forma mais clara, mas sim o ateísmo. Reconhecido isso, no entanto, não deixa de ser certo que a ganância é hoje um dos veículos mais poderosos e massivos do niilismo, porque atinge toda a sociedade, penetrando até a sua alma, através da ideologia do “só ter sempre mais” e da religião do “só poder sempre mais”. 

Por isso, é urgente superar o niilismo ganancioso. É preciso travar uma luta ético-espiritual. Pois, se o que move a ganância é o “espírito terreno” chamado pleonexia, só o Espírito Santo poderá exorcizá-lo do corpo humano e do corpo social (cf Mc 9,29). E isso não se fará sem o encontro de fé com Aquele que “venceu o mundo” (Jo 16,28) e seus sistemas alienantes e niilistas. À medida que os horizontes culturais se abrem, especialmente para transcendência, a ganância idolátrica vai perdendo cada vez mais sua aura sagrada.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Abertura ao transcendente, dignidade humana e atenção aos pobres são inegociáveis, diz o Papa

Padre Peter Stilwell na JMJ Lisboa 2023. Foto: Natalia Zimbrão / ACI Digital

Por Natalia Zimbrão

Lisboa, 04 Ago. 23 / 05:19 pm (ACI).- O papa Francisco deixou aos líderes das outras religiões com que se reuniu em Lisboa a mensagem de “nos darmos as mãos, numa sociedade em que tudo parece ser comprado, vendido e trocado, para criar certas coisas que são inegociáveis como a abertura à transcendência, abertura a Deus, o respeito pela dignidade humana e atenção aos mais pobres”, disse à ACI Digital o padre Peter Stilwell.

Stilwell é diretor do Departamento das Relações Ecumênicas e do Diálogo Inter-Religioso do Patriarcado de Lisboa e foi o organizador do encontro do papa Francisco com representantes de outras confissões cristãs e outras religiões na manhã de hoje (4), no âmbito da Jornada Mundial da Juventude JMJ Lisboa 2023.

O encontro reuniu 17 lideranças de confissões cristãs como a igreja anglicana de Portugal, a aliança evangélica de Portugal, do islã, do judaísmo, do budismo, do hinduísmo, e do taoísmo, religiões presentes no país graças às comunidades de migrantes.

Também participaram da reunião José Vera Jardim, do Partido Socialista, um dos principais responsáveis pela Lei de Liberdade Religiosa de Portugal, aprovada em 2001, o reitor da Universidade de Lisboa, Luís Ferreira, e o embaixador de Israel em Portugal, Dor Shapira.

O reitor teve a ideia de plantar seis árvores no Jardim Botânico Tropical “para simbolizar seis grandes famílias humanas: o taoísmo, hinduísmo, budismo, judaísmo, cristianismo e islã”, disse o padre Stilwell. O embaixador de Israel “se empenhou para trazer duas oliveiras de Jerusalém para simbolizar o judaísmo e o cristianismo”.

O padre conta que logo no início da preparação da JMJ Lisboa 2023 pediram a ele que cuidasse da dimensão ecumênica e interreligiosa do evento. “Nessa altura expliquei ao senhor patriarca (de Lisboa, dom Manuel Clemente) e a dom Américo (Aguiar, bispo auxiliar de Lisboa e presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023) que achava importante que houvesse um encontro do papa com os líderes das outras comunidades”.

“Não seria nada de extraordinário, porque era na linha do seu magistério”, disse Stilwell. “Esse empenho em que as religiões se encontrem e se deem as mãos como irmãs para contribuírem para o bem-estar da humanidade e fraternidade”.

Francisco fez um discurso, cumprimentou cada uma das lideranças e falou mais demoradamente com o bispo ortodoxo de Lisboa que “fez questão em parar um momento e expor essa questão da Ucrânia que pra ele é uma questão profunda, porque na sua comunidade ortodoxa, ele tem ucranianos aqui em Portugal, tem russos é, portanto, dentro da comunidade, uma ferida aberta” a guerra na Ucrânia.

“E eu vi que o papa se emocionou com ela com essa partilha”, disse Stilwell.

Para o padre, a jornada “tem esse condão” de unir pessoas diferentes. “As pessoas vêm de culturas diferentes, com línguas diferentes, com experiências de igrejas diferentes”, disse.

Para ele, o importante é que esse encontro não seja simplesmente “o papa lá em cima e eu no meu pequeno grupo”.

Stilwell disse esperar que haja um intercâmbio entre grupos de maneira que as pessoas “nas várias iniciativas do festival da Juventude se vão cruzando, vão percebendo várias maneiras de celebrar, maneiras de festejar, maneiras de viver a fé e que se vão enriquecendo com isso. E com isso, voltando para casa, pode ser que possam ver com outra perspectiva aquelas divisões que às vezes existem na igreja. Entre a gente que é mais conservadora, gosta de celebrar a missa desta maneira, outros gostam de celebrar daquela. Que não se excluam uns aos outros porque que somos irmãos”.

“Temos sensibilidades diferentes, mas que se tentarmos compreender o que que move os outros naquilo que é a sua procura de Deus, e de fidelidade a Jesus Cristo, pode ser que a gente aprenda alguma coisa”, disse o padre Stilwell.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Papa reza o Terço em Fátima: “temos Mãe neste lugar”

Papa Francisco em Fátima  (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

O Papa Francisco retornou na manhã deste sábado, 05 de agosto, ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima, após a sua última visita em 2017 que o “tocou profundamente”. A oração pelos jovens e pela paz.

Silvonei José, Fátima – Vatican News

Em meio a uma multidão de mais de 200 mil jovens e fiéis de todas as partes do mundo, que o aguardava desde as primeiras horas de hoje, Francisco - que chegou de helicóptero proveniente de Lisboa - percorreu de papamóvel as ruas de Fátima e a grande praça da fé diante da Capelinha das Aparições, abençoando os presentes e acariciando as crianças. Diante da imagem de Nossa Senhora o silêncio de Francisco em oração e a homenagem floreal.

O Papa Francisco rezou o Terço com os jovens doentes na Capelinha das Aparições, no âmbito da Jornada Mundial da Juventude.

Antes da benção final a saudação do bispo de Leiria-Fátima, dom José Ornelas, e a mensagem do Papa Francisco aos peregrinos. Francisco falou de “Nossa Senhora apressada, que está sempre conosco”.

"A pequena capela na qual nos encontramos é uma bela imagem da Igreja: acolhedora e sem portas, é um santuário aberto, no coração desta praça que evoca um grande abraço materno. Que assim seja na Igreja, - disse Francisco - que é mãe: portas abertas para todos, para facilitar o encontro com Deus; e espaço para todos, porque todos são importantes aos olhos do Senhor e de Nossa Senhora". O Papa Francisco disse isso em Fátima em seu discurso no final da recitação do Rosário com os Jovens Doentes na Capelinha das Aparições.

O Papa retomou o tema da JMJ: "Maria se levantou e foi apressada" (do Evangelho de Lucas). Nossa Senhora "é a Senhora da pressa", porque com a pressa ela responde imediatamente às orações. "Ela se apressa para estar perto", e "sempre nos aponta para Jesus". "Olhemos para a imagem de Maria e nos perguntemos: "O que há em minha vida que me preocupa?" O Papa nos convida a apresentar os problemas a Maria, porque "Ela, com seu coração, sinaliza a Jesus para que venha".

O bispo de Leiria-Fátima saudou o Papa na Cova da Iria, associando-se à oração pela paz, na Ucrânia e no mundo, e evocando as crianças vítimas de abusos.

“Juntamo-nos à oração de vossa santidade pela paz, com a qual este Santuário profundamente se identifica, tendo particularmente em atenção a guerra na Ucrânia e em tantos outros focos de conflito no mundo, que atingem dramaticamente a vida e o futuro, sobretudo das nossas crianças e jovens”, disse dom José Ornelas.

“Acolhemos vossa santidade, acompanhando-o no seu desígnio de ser peregrino orante junto de Maria, Mãe de Jesus e Mãe da Igreja, que orou com os discípulos, implorando o dom do Espírito Santo para a missão que eles iam iniciar”, destacou o bispo diocesano.

O Papa na Capelinha das Aparições

O Papa Francisco quis vir à Capelinha das Aparições para rezar e refazer a experiência do encontro com a Mãe e lhe apresentar as grandes intenções de oração e rezar pela paz.

Segundo o reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, o Santuário se preparou durante um período longo para acolher da melhor forma os jovens que durante a JMJ visitariam Fátima. “Nos preparamos para receber todos os jovens que querem visitar o Santuário. A visita do Papa Francisco ao Santuário de Fátima é significativa. Preparamo-nos também espiritualmente no sentido de promover uma intenção fundamental: a oração pela paz", disse o reitor do Santuário.

Jovens com deficiência e seus acompanhantes, leigos e consagrados rezaram em várias línguas, os cinco mistérios gozosos do Terço, junto com o Papa.

O primeiro mistério, em português, foi rezado por Daniela Sá, jovem com deficiência, e por Joana Cardoso, sua acompanhante, e teve como intenção os jovens presidiários, “para que, com o auxílio de Maria, possam sentir a ternura de Deus Pai nas suas vidas e vivam na confiança de que Ele nunca os abandona”, informa o Santuário.

Os jovens que participam na Jornada Mundial da Juventude foram a intenção do segundo mistério, “para que estimulados pela atitude de Maria, se levantem apressadamente e anunciem a todos a Boa Nova de Jesus.”

A oração, em castelhano, foi feita por Jesus Sanchez Cossio.

O terceiro mistério foi rezado pelos jovens doentes e com deficiência, “para que, à semelhança do carinho de Maria por Jesus, sintam o apoio e o conforto de todos e não sejam vítimas de discriminação”.

Samantha Numerato, jovem com deficiência, rezou em italiano este mistério, com Giovanna Picone, sua acompanhante.

A primeira parte do quarto mistério foi rezada em inglês pela Irmã Brittany Culver, enquanto a segunda parte foi rezada em alemão por Ana Reis e a intenção foi a Paz.

Rezemos pela paz, para que a Virgem Santa Maria, que em Fátima pediu "quero que rezem o terço para alcançarem a paz", apresente as nossas orações ao Senhor e seja concedido ao mundo um duradouro tempo de paz.

O quinto e último mistério foi rezado por intenção do Papa Francisco, “para que Nossa Senhora de Fátima lhe faça sentir a sua presença materna, o envolva na luz imensa que é Deus e o guarde no seu Imaculado Coração”.

A primeira parte rezada em polonês por Emilia Hanzel, jovem com deficiência, e por Teresa Hanzel, sua acompanhante; Christophe Thuillard rezou a segunda parte em francês.

Ao sair da Capelinha, o Papa abençoou a pedra da nova sede da Santa Casa da Misericórdia de Ourém-Fátima e saudou 15 jovens que representam os jovens reclusos e os jovens doentes e portadores de deficiência que o acompanharam na oração do Terço.

Francisco regressou a Lisboa de helicóptero onde no início da noite hoje encontrará os jovens durante a Vigília de oração da JMJ

O Papa foi acompanhado na recitação do Terço por 97 jovens com deficiência e jovens reclusos que “não podem participar na Jornada Mundial da Juventude” em Lisboa.

Ligação de Francisco com Fátima

Na perspectiva desta visita a jornalista portuguesa, Carmo Rodeia, Diretora do Gabinete de comunicação do Santuário, entrevistou o Reitor do Santuário, Padre Carlos Cabecinhas, sobre as expectativas desta visita.

Padre Cabecinhas sublinhou a ligação entre o Santo Padre e Fátima, porque, por um lado, o Papa Francisco é um homem profundamente mariano e, por outro lado - disse ele -, “porque vejo que desde o início do seu pontificado houve uma ligação muito grande entre o Papa Francisco e Fátima”.

Desde o início, acrescentou ainda o Reitor, quando ele pediu ao então cardeal Patriarca de Lisboa, que em Fátima se consagrasse o seu pontificado, o que foi feito, até aos diversos momentos em que por vontade do Papa, houve união entre o Santuário e o Sumo Pontífice. Ele recorda 2013, a ida da imagem da capelinha para Jornada Mariana do Ano da Fé, mas também em outros momentos de oração em que o Santuário de Fátima se associou a iniciativa do Papa, nomeadamente a última consagração da Rússia e da Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria em que o Papa realizou esse ato em Roma e enviou ao Santuário de Fátima o seu legado ao cardeal Konrad Krajewski para fazer no Santuário de Fátima essa consagração.

O Reitor do Santuário de Fátima disse ainda que é um regresso do Papa a este lugar, um lugar que o marcou profundamente, um lugar que o marcou antes de mais pelo ambiente de oração e pelo contacto com o povo de Deus. O povo crente reunido em multidões em Fátima, mas que é capaz de fazer silencio para rezar.

Padre Cabecinhas recorda ainda que talvez foi um dos momentos mais fortes da peregrinação der 2017, no contexto do centenário, depois da canonização dos Santos Franciscos e Jacinta, a chegada do Papa à capelinha e do profundo silêncio que reinou no meio de uma multidão de milhares de peregrinos que o acolhiam.

E é essa experiência que o Papa, de alguma forma, quis repetir ou refazer agora na capelinha das aparições; Francisco quis vir ao Santuário de Fátima para rezar; quis vir à Capelinha das aparições para refazer essa experiencia do encontro com essa Mãe, ele que proclamou com veemência, “temos Mãe neste lugar”, ele veio ao encontro dessa Mãe para lhe apresentar as grandes intenções deste mundo, as grandes intenções deste momento e as grandes intenções que ele traz no coração.

Veja o Papa no Santuário de Fátima:

https://youtu.be/xcabCQYd9fQ

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Caridade é a origem e a meta do caminho cristão, diz o papa Francisco

O papa Francisco visita o Centro Paroquial de Serafina, sexta-feira, 4 de agosto de 2023 / Daniel Ibañez (ACI Prensa)

Por Ary Waldir Ramos Díaz

Lisboa, 04 Ago. 23 / 09:14 am (ACI).- “A caridade é a origem e a meta do caminho cristão”, disse o papa Francisco durante o encontro com os Centros de Assistência e Caridade de Lisboa hoje (4), no Centro Paroquial do bairro Serafina. “A vossa presença, realidade concreta de ‘amor em ação’, ajuda-nos a não esquecer a rota, o sentido daquilo que estamos fazendo sempre”, disse Francisco no evento que ocorreu no âmbito da Jornada Mundial da Juventude JMJ Lisboa 2023.

Deixando as páginas do seu discurso, o papa perguntou: “Eu, quando estendo a mão a uma pessoa necessitada, a um doente, a uma pessoa marginalizada, depois de estender a mão, faço isso em seguida (limpando), para que não me 'contagie'? Tenho nojo de pobreza, da pobreza dos outros? Procuro sempre a vida destilada, aquela que existe na minha fantasia, mas que não existe na realidade?”.

Francisco falou da necessidade de um amor concreto: “Quantas vidas destiladas inúteis, que passam pela vida sem deixar marca”.

Assim que o papa chegou, cumprimentou uma criança em uma cadeira de rodas e passou vários minutos com as crianças e os idosos. Estiveram presentes no encontro os representantes do Centro Paroquial Serafina, da Casa Familiar Ajuda de Berço e da Associação Acreditar.

Após a música de abertura e as boas-vindas, o papa fez o seu discurso. “Juntos” é a palavra-chave, disse o papa. “Viver, ajudar e amar juntos: jovens e adultos, sãos e doentes… juntos”, acrescentou.

Não somos uma doença ou um problema

O papa ouviu os testemunhos, inclusive daqueles que atendem pacientes com câncer. “É verdade! Não devemos deixar-nos «definir» pela doença ou pelos problemas, porque nós não somos uma doença, não somos um problema”, disse ele ao se referir ao testemunho que ouviu antes.

“Cada um de nós é um presente, é um dom, um dom único com os seus limites, mas um dom precioso e sagrado para Deus, para a comunidade cristã e para a comunidade humana. E, assim como somos, enriquecemos o conjunto e deixamo-nos enriquecer pelo conjunto!”, acrescentou Francisco.

Igreja não é um museu de arqueologia

Em segundo lugar, o papa exortou a ações concretas, citando são João XXIII, “a Igreja não é um museu de arqueologia”.

A Igreja “é o antigo fontanário da aldeia que dá água às gerações de hoje, como a deu às do passado. O fontanário serve para matar a sede das pessoas que chegam com o peso da viagem ou da vida. E são concretização, portanto, atenção ao “aqui e agora”, como vocês já estão fazendo, com o cuidado nos detalhes e sentido prático, belas virtudes típicas do povo português”.

Imediatamente depois, o papa Francisco deixou as páginas de seu discurso preparado: “São muitas as coisas que eu gostaria de dizer-lhes agora, mas acontece que meus refletores não estão funcionando e eu não consigo ler bem”, disse ele, provocando risos entre os presentes.

“Vou dá-lo a vocês para que o publiquem depois, e não forçar a vista ou ler mal, isso não pode ser feito”, disse o papa.

O amor é concreto e suja as mãos

O papa disse que não existe "amor abstrato, não existe. O amor platônico está em órbita". "Amor concreto é aquele que suja as mãos".

E perguntou: "Eu, quando estendo a mão a uma pessoa necessitada, a um doente, a uma pessoa marginalizada, depois de estender a mão, faço isso em seguida (limpando), para que não me 'contagie'? Tenho asco de pobreza, da pobreza dos outros? Procuro sempre a vida destilada, aquela que existe na minha fantasia, mas que não existe na realidade?” 

“Quantas vidas destiladas -continuou o papa- inúteis, que passam pela vida sem deixar marca, porque sua vida não tem peso!"”.

Em seguida, o papa disse que estas associações de caridade são uma realidade – que, por exemplo, apoiam crianças com câncer ou idosos abandonados – e estão deixando uma marca e inspiram outras pessoas. “Não poderia existir Jornada Mundial da Juventude sem levar em conta esta realidade”.

Francisco exortou a seguir em frente e não desanimar: " e se desanimarem, tomem um copo de água e sigam adiante”. O papa parou para saudar os idosos, brincar com as crianças e apertar a mão dos funcionários e voluntários dos centros de caridade.

O cônego Francisco Crespo, pároco do Centro Social Paroquial de São Vicente de Paulo, agradeceu ao papa Francisco em nome das associações reunidas: Centro Paroquial Serafina, Casa Familiar Ajuda de Berço e Associação Acreditar.

O centro social nasceu em 1959 com o objetivo de ajudar uma população carente e desprotegida. Com o apoio da comunidade, de doadores e do Estado, desenvolveram vários serviços sociais para quase 800 pessoas, como creche, centro juvenil e atendimento a famílias carentes.

Embora a vida das pessoas tenha melhorado, reconhecem que ainda há muito a fazer. Inspiram-se no exemplo de são Vicente de Paulo e procuram seguir a sua mensagem de amor e serviço ao próximo. Agradecem a visita do papa Francisco e lhe desejam bênçãos em sua missão de guiar e apascentar o rebanho.

Antes do encontro com os representantes dos Centros de Assistência e Caridade, o papa confessou três jovens da Jornada Mundial da Juventude, às 9h45 (hora de Portugal).

No final do encontro, após a oração do Pai Nosso, a bênção final e a interpretação de um hino, o papa Francisco voltou à Nunciatura Apostólica de Lisboa onde almoçou com o patriarca de Lisboa, cardeal Manuel Clemente, acompanhado de dez jovens de vários países, entre eles, um brasileiro.

Fonte: https://www.acidigital.com/

São João Maria Vianney, o “santo burro” e sua resposta genial

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Por Aleteia Brasil

Vários de seus colegas o menosprezavam por suas limitações nos estudos, mas ele demonstrou algo muito mais importante.

Filho de camponeses, o futuro São João Maria Vianney, também conhecido hoje como o Santo Cura d’Ars, sentiu-se chamado ao sacerdócio ainda bem jovem – só que foi impedido de ir à escola por causa da Revolução Francesa.

Quando as tensões se abrandaram na França, ele finalmente foi matriculado em uma escola local. Embora fosse o mais velho da classe, João Maria sofreu bastante com o currículo. Ele era constantemente provocado como “ignorante“, para usar um termo relativamente brando. Certa vez, a propósito, um estudante o humilhou porque João Maria não soube responder a uma pergunta e, como se não bastasse, ainda lhe deu um soco na cara. O aluno era Mathias Loras. João Maria acabou por transformá-lo em seu amigo. Anos depois, Mathias se tornaria o primeiro bispo de Dubuque, Iowa, nos Estados Unidos.

João Maria Vianney foi autorizado a estudar no seminário, mas era considerado “muito lento” pelos instrutores. Depois de ser reprovado em mais um exame, ouviu do reitor o seguinte:

“João, os professores não o consideram apto para a sagrada ordenação ao sacerdócio. Alguns o chamaram de ‘burro que nada sabe de teologia’. Como podemos promovê-lo ao sacramento do sacerdócio?”.

A resposta que São João Maria Vianney lhe deu se tornou célebre:

“Monsenhor, Sansão matou cem filisteus com a queixada de um burro. O que acha que Deus poderia fazer com um burro inteiro?”.

João Maria acabou sendo ordenado sacerdote não por causa das suas luzes intelectuais, que de fato não eram o seu forte, mas sim por conta do que mais importa em qualquer sacerdote: a santidade de vida.

Ele se tornou nada menos que um dos mais santos e extraordinários párocos já conhecidos em toda a história da Igreja – e isso que é uma história de dois milênios!

O Papa Bento XVI (que, aliás, é uma das mentes mais sublimes já conhecidas em toda a história da Igreja) o nomeou, não por acaso, padroeiro de todos os sacerdotes.

São João Maria Vianney, rogai por todos nós!

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Para todos!

Papa Francisco com os jovens na Cerimônia de Acolhida em Lisboa  (Vatican Media)

“Deus nos ama como somos”, disse Francisco. A misericórdia é a mensagem-chave da evangelização.

Andrea Tornielli

«A Igreja é o lugar para todos... Todos, todos, todos!»., repetiu várias vezes o Papa Francisco ao meio milhão de jovens que o acolheram ontem no Parque Eduardo VII em Lisboa. Um Papa que apareceu rejuvenescido e revigorado pelo contágio de entusiasmo dos jovens que, juntamente com os seus pastores e educadores, chegaram a Portugal vindos de todas as partes do mundo. “Para todos, para todos”, disse com veemência Francisco. É uma mensagem que pode representar quase uma síntese destes primeiros dez anos de pontificado. Um pontificado que se abriu no sinal da misericórdia.

O que significa reafirmar que há espaço para todos na Igreja? Disse Francisco: “Ninguém é inútil, ninguém é supérfluo, há espaço para todos. Assim como somos, todos... "Padre, mas eu sou um desgraçado, sou uma desgraçada: há lugar para mim?": há lugar para todos». Porque «Deus nos ama, Deus nos ama como somos, não como gostaríamos de ser ou como a sociedade gostaria que fôssemos: como somos. Ele nos ama com os defeitos que temos, com as limitações que temos e com o desejo que temos de seguir em frente na vida. Deus nos chama assim: tenham confiança porque Deus é pai, e é um pai que nos ama, um pai que nos quer bem».

Em um tempo em que todos comentam e ninguém escuta, em uma época em que tantos procuram aparentar o que não são, não há mensagem mais atraente e revolucionária: Alguém nos ama assim como somos, perdoa-nos sempre, está ali à espera de braços abertos, vai à nossa frente disposto a nos cobrir de misericórdia. É a lógica nada humana e inteiramente divina que aprendemos com o episódio do Evangelho de Zaqueu, o pecador publicano mal visto por todos na cidade de Jericó que, curioso em relação ao profeta nazareno, sobe em um sicômoro e meio escondido entre as folhas o espera passar. Mas é Jesus a olhar primeiro para ele, ama-o primeiro, se auto-convida para ir a sua casa, independentemente dos comentários escandalizados dos presentes. Não há condições prévias para encontrar o abraço misericordioso de Jesus, não há "instruções" a serem colocadas em prática, nem cursos de preparação a frequentar, nem técnicas a aprender. Basta estar ali quando ele passa, render-se ao seu olhar cheio de amor e misericórdia. Basta deixar cair as barreiras e permitir que ele nos abrace, reconhecendo-o no rosto das testemunhas que Ele coloca no nosso caminho todos os dias.

Na Igreja há lugar para todos, assim como houve lugar para o publicano Zaqueu que teve o privilégio de receber o Nazareno na própria casa, a sua mesa. Uma surpresa sem precedentes, uma dádiva gratuita, acontecida por pura graça. Aquele olhar, aquele chamado mexeram com a vida do publicano de Jericó: precisamente porque foi amado como nunca na sua vida, pode compreender quanto pecado e quanta corrupção estavam incrustados em sua existência. Mas a conversão para Zaqueu não foi o pré-requisito indispensável para ser amado e perdoado. A dinâmica é outra: precisamente porque se sentiu pela primeira vez acolhido, amado e perdoado, pode dar-se conta do seu pecado e da sua corrupção. Fazer experiência da misericórdia divina o tornou consciente de ser um pobre pecador.

O convite entre os jovens que repetiu o Papa "jovem", contagiado por seu entusiasmo, é a chave para a evangelização hoje. De fato, do que mais precisamos senão de Alguém que nos aceite como somos, fazendo-nos sentir esperados, desejados, amados e perdoados? O que mais precisamos senão que nos digam: há espaço também para ti, seja qual for a tua condição?

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF