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sexta-feira, 1 de setembro de 2023

O valor do amor fraterno em Santo Agostinho de Hipona

Santo Agostinho - afresco mosteiro dos franciscanos em Ostrzeszow, 
na Polônia  ((Sr Amata J. Nowaszewska CSFN))

Santo Agostinho convidou o povo de Deus a cumprir a lei de Cristo que consistia os irmãos viverem em comum, no amor.

Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA.

Santo Agostinho foi um grande pastor e bispo em Hipona, no qual dirigiu a Igreja, a diocese, por mais de trinta anos, final do século IV e início do século V. Para todas as pessoas tinha uma palavra de fé, de esperança e de caridade. É muito importante perceber como ele levava em consideração o amor fraterno, o ponto fundamental que caracteriza a vida cristã, junto de Deus e junto à humanidade.

A homilia no Salmo 132

Santo Agostinho teve uma homilia muito expressiva feita para o povo de Deus na interpretação do Salmo 132 a qual fala da alegria do amor fraterno. As considerações são importantes na realidade atual, familiar, eclesial e social para que se viva o amor a Deus, ao próximo como a si mesmo, assim como nos solicita o Senhor Jesus Cristo para os seus discípulos e discípulas.

O salmo é bem simples, curto no qual fala da beleza, da situação de como é agradável a irmãos unidos viverem em comum no amor de verdade. É palavra suave a caridade que leva irmãos a conviverem juntos pelo mesmo objetivo, convivência. O Bispo fez uma análise para ver se o salmo referia-se a todos os cristãos em geral, ou se houvesse algumas pessoas perfeitas que habitavam unidas para a vivência da palavra de Deus[1].

Tendo presente esta indagação, Santo Agostinho afirmou que aquela palavra do saltério, em relação à agradabilidade, quer cantada, quer ouvida, deu origem aos mosteiros[2]. Tal som ressoou em toda a terra e reuniu as pessoas que estavam dispersas, sendo este um clamor divino, profético, do Espírito Santo,[3]. É claro que primeiro foi dada essa benção, para os que seguiam a Jesus Cristo.

Perguntas levantadas

O bispo de Hipona levantou perguntas no sentido da proveniência dos quinhentos discípulos que viram o Senhor ressuscitado, conforme relembrou o Apóstolo Paulo, de onde veio tanta gente? Depois os cento e vinte, reunidos no mesmo recinto após a ressurreição e ascensão do Senhor ao céu e no dia de Pentecostes, desceu o Espírito Santo, segundo a realização da promessa? (cf. At 1,15). O resultado dessas ações divinas foi que as pessoas começaram a viver em comum. Muitas coisas eram vendidas e era depositado o preço aos pés dos apóstolos e a multidão era um só coração e uma só alma (cf. At 4,32). Sem dúvida aquelas pessoas foram as primeiras que ouviram a palavra: “Eis como é bom, como é agradável a irmãos unidos viverem em comum” [4].

Pessoas posteriores, os discípulos e as discípulas do Senhor

Se para Santo Agostinho as palavras da amabilidade dos irmãos e das irmãs viverem juntos eram dirigidas para os primeiros cristãos, no entanto eles não foram os únicos, porque a caridade e a união fraterna não se limitaram somente a eles, mas a alegria da caridade e o voto feito a Deus abrangeram também muitas pessoas posteriores[5]. Derivava deste salmo o nome de monges, no seu verdadeiro sentido, de seguidor do Senhor, pessoa consagrada a Deus, ao próximo como a si mesmo. Não se tratava dos circunceliões, pessoas que andavam errantes pelas celas, pelos mosteiros, pois esses, não sendo domiciliados, cometiam o mal, pela violência de atitudes, muitas vezes por onde passavam. Estes eram também chamados de falsos monges pela comunidade eclesial. Era claro que no cenário geral, familiar, comunitário e social existiam, segundo o Bispo de Hipona, falsos monges, falsos clérigos e falsos fieis[6].

Santo Agostinho lutou contra os circunceliões, também chamados de lutadores, combatentes, conforme declarou o Apóstolo Paulo: “Combati o bom combate” ( 2 Tm 4,7). Agostinho afirmou que oxalá eles mesmos fossem soldados de Cristo e não do diabo, os quais a saudação que se davam entre eles que era ‘Louvor de Deus’, incutindo maior medo do que o provocado pelo rugido do leão. Enquanto a saudação dos monges era ‘Graças a Deus’ louvor a Deus, porque um irmão via no outro, uma irmã, um irmão[7] de modo que isto era motivo de dar graças a Deus, o encontro dos que viviam com Cristo[8]. Assim eram chamados os monges, aqueles que viviam unidos de tal sorte que formaram um só ser humano, do qual foi escrito que eram uma só alma e um só coração (At 4,32), pois sendo muitos corpos, não eram muitas almas, pela unidade em Cristo formada. Já os circunceliões, espécie de monges dos donatistas, não viviam unidos aos irmãos, mas seguiam a Donato, pois para o bispo de Hipona eles abandonaram o amor a Cristo e aos irmãos[9].

Santo Agostinho convidou o povo de Deus a cumprir a lei de Cristo que consistia os irmãos viverem em comum, no amor. Tudo isso era dom de Deus, era graça, qual orvalho que caia do céu. A terra não produz a chuva por si mesma, porque tudo seca se do alto não descer a chuva. Cristo é, pois a luz exaltada na cruz, pois na humilhação ocorreu a elevação. Se as pessoas quiserem viver em comum, desejam o orvalho, a chuva que vem do alto[10]. Deste modo é preciso viver em comum, porém com a caridade perfeita de Cristo, porque senão a vivência fraterna não tem verdadeiro sentido, podendo viver só a palavra de uma forma corporal[11], mas isso seria pouco. O Senhor derramou as suas graças sobre as irmãs e os irmãos que vivem em comum, na concórdia, na caridade[12].

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[1] Santo Agostinho, Comentário aos salmos, 9/3. São Paulo, Paulo, 1998, pg. 764.

[2] Idem, pg. 764.

[3] Idem, pg. 764.

[4] Idem, pg. 765.

[5] Idem, pg. 765.

[6] Idem, pg. 766.

[7] Idem, pg. 769-770.

[8] Idem, pg. 770.

[9] Idem, pg. 771.

[10] Idem, pg. 775.

[11] Idem, pgs. 775-775.

[12] Idem, pg. 776.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Descubramos a "loucura da Cruz!"

A loucura da Cruz (YouTube)

DESCUBRAMOS A “LOUCURA DA CRUZ!”

Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)

A liturgia do 22º Domingo do Tempo Comum convida-nos a descobrir a “loucura da cruz”: o acesso a essa vida verdadeira e plena que Deus nos quer oferecer passa pelo caminho do amor e do dom da vida (cruz). Unidos à Igreja no Brasil, iniciamos o Mês da Bíblia. Pelo estudo e pela meditação da Palavra de Deus, reafirmamos a nossa vocação de ser uma Igreja “Casa da Palavra”. 

No encontro com Jesus, somos atraídos para a missão de testemunhá-lo, renunciando a tudo o que nos impede de segui-lo com fidelidade. Ele transforma nosso pensar e agir e nos ensina que ganhamos a vida quando a pomos a serviço do Evangelho. A Palavra de Deus, à qual dedicamos um carinho especial neste mês de Setembro, ilumine nosso caminho sinodal de discípulos e discípulas de Cristo. 

Na primeira leitura(Jr 20,7-9), um profeta de Israel (Jeremias) descreve a sua experiência de “cruz”. Seduzido por Deus, Jeremias colocou toda a sua vida ao serviço de Deus e dos seus projetos. Nesse “caminho”, ele teve que enfrentar os poderosos e pôr em causa a lógica do mundo; por isso, conheceu o sofrimento, a solidão, a perseguição… É essa a experiência de todos aqueles que acolhem a Palavra de Deus no seu coração e vivem em coerência com os valores de Deus. Esta leitura prepara-nos para a meditação do Evangelho, contemplamos a “quinta confissão” de Jeremias. O Senhor o seduziu e ele respondeu sim à vocação: “Deixei-me seduzir”. No entanto, a vocação tornou-se motivo de sofrimento e de zombaria. O profeta pensa e tenta desistir, mas não consegue! Sentiu a força ardente da Palavra de Deus, como que se entranhando em todo seu ser. 

A segunda leitura – Rm 12,1-2 – convida os cristãos a oferecerem toda a sua existência de cada dia a Deus. Paulo garante que é esse o sacrifício que Deus prefere. O que é que significa oferecer a Deus toda a existência? Significa, de acordo com Paulo, não nos conformarmos com a lógica do mundo, aprendermos a discernir os planos de Deus e a viver em consequência. Diante da graça recebida de Deus, nossa resposta deve ser o novo relacionamento com ele, o Senhor da vida. Nossa prática diária deveria ser o espelho daquilo que celebramos. 

No Evangelho(Mt 16,21-27), Jesus avisa os discípulos de que o caminho da vida verdadeira não passa pelos triunfos e êxitos humanos, mas passa pelo amor e pelo dom da vida (até à morte, se for necessário). Jesus vai percorrer esse caminho; e quem quiser ser seu discípulo tem de aceitar percorrer um caminho semelhante. No Evangelho, logo após Pedro professar a fé dizendo que Jesus é o Cristo e o Filho de Deus (cf. Mt 16,16),  Senhor anuncia pela primeira vez a sua Paixão e morte. Jesus se alinha, assim, aos antigos profetas, como Jeremias, assumindo a vocação profética e de Messias servo e pobre. Pedro, ouvindo isso, começa a rejeitar tal condição do Mestre e põe-se a repreendê-lo. Pedro pensava como os homens e não como Deus. Esperava um messias político-militar. Como seus contemporâneos, Pedro era incapaz de admitir um Messias vocacionado à doação e à renúncia de si mesmo até a morte. Jesus, por sua vez, repreende Pedro e convida-lhe a comportar-se como discípulo, colocando-se atrás do Mestre. O discípulo deve, como seu Mestre, renunciar à sua vida neste mundo para salvá-la. Renunciar a si mesmo é a condição para seguir Jesus, é colocar-se no mesmo caminho do Mestre, o caminho que leva á Cruz. O discípulo não se comporta como o adversário da Cruz (Satanás), mas se oferece em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus! O discípulo fiel não se conforma com o mundo. Ao contrário, transforma-se, renovando sua maneira de pensar e de julgar, distinguindo o que é da vontade de Deus, o que é bom, o que agrada a Deus, o que é perfeito. 

Pensar as coisas de Deus é converter-se à lógica do Reinado de Deus, é mudar a mentalidade e compreender que o único caminho para ganhar a vida é doar-se pela mesma causa de Jesus. Pois só encontra a vida quem se perde na paixão pela humanidade, deixando-se interpelar pela miséria dos irmãos desfigurados sem sua dignidade, sofrendo com os que sofrem, entregando a própria vida para que outros possam ter mais vida. 

Tomar a própria cruz, portanto, não é simplesmente sofrer, porque Jesus não quer sofredores sem causa. Ser discípulo e discípula e tomar a própria cruz significa sofrer as consequências de ter assumido a mesma missão de Jesus, no serviço e na entrega da vida pelos outros. Percorrendo esse caminho é que nossa vida ganha sentido. 

Compreender a “cruz de Jesus” e assumir a “própria cruz”, renunciando aos projetos pessoais não condizentes com as propostas do Mestre, é o grande desafio dos cristãos de todos os tempos. Quem não consegue acolher a cruz pode tornar-se “pedra de tropeço” no caminho dos discípulos e discípulas de Jesus.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Família Ulma, uma beatificação sem precedentes

Wiktoria Ulma com os filhos no outono de 1943. A partir da esquerda Władzio, 
Stasia (que segura Marysia), Franuś (nos ombros), Basia i Antoś

Exterminada por esconder oito judeus, no dia 10 de setembro de 2023, a família Ulma será elevada às honras dos altares. Trata-se de uma novidade, do ponto de vista do processo canônico atual: toda uma família será beatificada, pais e filhos, inclusive o nascituro que a mãe trazia em seu ventre. Cardeal Semeraro: “Penso que este caso é semelhante ao dos Santos inocentes”.

Emanuela Campanile – Cidade do Vaticano

A família Ulma foi uma centelha de luz nos anos sombrios da Segunda Guerra Mundial, mas era uma família como qualquer outra: o pai, Josef, trabalhava no campo e a mãe, Wiktoria, fazia os serviços de casa, além de cuidar de seis filhos e daquele que estava para nascer.

Evangelho nas pequenas coisas

Vivendo a quotidianidade na simplicidade, a família vivia e tornava vivo o Evangelho. A educação à fé, a oração comum em família, a leitura da Bíblia, faziam da família Ulma o que João Paulo II chamava de “Igreja doméstica”, aberta também aos mais necessitados. Naqueles anos, “os mais necessitados” eram, sobretudo, os judeus. A oito deles, a família abriu suas portas, ofereceu abrigo, comida e amizade, embora estivesse ciente do imenso risco que corria.

Um encontro inesperado

Para sabermos um pouco mais sobre a história da família Ulma, temos que voltar aos nossos dias, através das palavras de Manuela Tulli, jornalista da agência ANSA e autora, junto com o Padre Paweł Rytel-Andrianik, historiador e responsável do Programa Polonês de Vatican News - Rádio Vaticano, do livro: “Mataram até as Crianças: a família Ulma mártir que ajudou os judeus” (Edições Ares). Enviada à Ucrânia, para acompanhar as notícias da tragédia no coração da Europa, Manuela Tulli fez uma escala no sudeste da Polônia:

“Conheci a família Ulma por acaso. Trata-se de uma história que eu não escolhi, mas uma história que me escolheu. Muitas vezes nós, jornalistas, vamos à caça de histórias. Desta vez, porém, posso dizer que aconteceu o contrário. Na Polônia, vi em todos os lugares imagens, desenhos e fotos desta família numerosa, que viveu há mais de 80 anos. Sinceramente, eu nem sabia quem era, embora os poloneses quase que o presumiam. Porém, se sentiam felizes só em vê-los… estes dois pais tão jovens, já com tantos filhos pequenos. Enquanto estava lá, pensei na guerra de hoje e na guerra de ontem: pensei na amizade de hoje, pois, também hoje, os poloneses abriram as portas de suas casas para 2 milhões de refugiados. Não foram apenas os institutos e os conventos que deram hospitalidade; pensei na amizade de ontem, no fato de como esta família abriu as portas da sua pobre casa, de apenas dois quartos, a oito judeus.

Depois, antes de continuar minha viagem, o postulador da beatificação da família Ulma, ao me explicar o que os poloneses faziam pelos ucranianos, ofereceu-me um livro, pedindo-me para dedicar um pouco de tempo à sua leitura, a fim de conhecer melhor a família. Coloquei o livro na mala e parti para a Ucrânia. Quando regressei para a Itália, soube que o Papa havia decidido beatificar a família Ulma. Assim, procurei entender melhor a sua história”.

Os samaritanos de Markowa

Retomando o fio da meada sobre a família Ulma, na cidade de Markowa, entre as paredes de sua casa, encontramos a Bíblia da família - ainda conservada – na qual estava sublinhada a palavra "samaritano" e, à margem, uma anotação com a escrita "sim". Tratava-se de uma escolha consciente, uma vocação abraçada na simplicidade de uma vida, que permaneceu atuante e harmônica, apesar do período histórico do tempo, onde a violência, o ódio e a divisão tentavam impor sua desordem. Testemunho desta vida eram também as inúmeras fotos tiradas pelo chefe da família, Josef, fotógrafo amador, homem de talento e ativo na comunidade de Markowa.

O massacre

Depois, a denúncia, a traição e os nazistas, que invadiram a pequena casa da família Ulma, dando tiros em direção ao sótão, onde os amigos judeus estavam escondidos. Foi um massacre. Josef e Wiktoria foram arrastados para fora e fuzilados na presença de seus filhos. A mãe estava no sétimo mês de gravidez. Depois do pai e da mãe, foi a vez de seus filhos, que também foram “executados”. A casa deles foi incendiada. Era o dia 24 de março de 1944.

Um martírio judaico-cristão

Padre Paweł Rytel-Andrianik, historiador e autor do livro, junto com Manuela Tulli, recorda que o assassinato da família Ulma consiste em um martírio não apenas cristão:

“O Padre François-Marie Léthel, consultor do Dicastério das Causas dos Santos, escreveu no jornal L’Osservatore Romano, que este foi um martírio judaico-cristão. Com a sua declaração, ele quis destacar a evidência dos fatos, pois foram assassinadas pessoas inocentes: a família Ulma e oito judeus, cujos nomes são: Shaul Goldmann, com os seus quatro filhos, Lea Didner, com a sua filha Reshla, de cinco anos, e Golda Grünfeld.

Esta história é muito comovente: quando os alemães nazistas chegaram à casa da família Ulma, começaram a atirar em direção ao teto, onde se encontrava o sótão, de onde o sangue das vítimas começou a escorrer. Em baixo, no lugar para onde correu o sangue, havia uma mesa sobre a qual foi colocada - não se sabe o motivo – uma foto das duas mulheres judias. No braço de uma delas estava desenhada a estrela de Davi. Esta foto foi conservada até hoje como “relíquia” do martírio também judaico.

Nesta história, conclui o Padre Rytel-Adrianik, “podemos notar os horrores do Holocausto, mas também a luz do Evangelho, que provém dos que o quiseram incarnar na concretude da vida de cada dia”.

Justos entre as Nações e Beatos

O mal da guerra não conseguiu apagar a luz deste acontecimento. Os membros da família Ulma, Justos entre as Nações pelo Estado de Israel e Beatos pela Igreja Católica, foram reconhecidos pela Igreja católica como mártires, até mesmo o sétimo filho, ainda vivo no ventre de Wiktoria.

Família Ulma (muzeumulmow.pl)

Beatificação sem precedentes

O Prefeito do Dicastério das Causas dos Santos, Cardeal Marcello Semeraro, em uma entrevista para a publicação do livro “Mataram até as Crianças”, disse que, a petição para a beatificação, apresentada ao Santo Padre, incluiu também a criatura que estava no ventre da mãe. Provavelmente, ela havia iniciado a dar à luz, por medo, durante a sua execução pelos nazistas. De fato, afirmou o cardeal, “este é um caso muito singular, referindo-se a um episódio evangélico, que pode ser chamado Batismo de sangue, como o caso semelhante ao dos Santos inocentes. Este nascituro, encontrado na fossa comum após o massacre (a cabeça e parte do seu corpo já estavam saindo do ventre de Wiktoria, ndr), foi considerado digno do martírio".

Wictoria Ulma com a filha mais velha (Foto: Józef Ulma, muzeumulmow.pl)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Série The Chosen mostra Jesus do ponto de vista dos Seus seguidores

The Chosen | Vidangel Studio

Por Reportagem local

Financiada coletivamente, a série disponível de graça em site e aplicativo já foi vista por 1 bilhão de pessoas.

A série The Chosen mostra Jesus do ponto de vista dos Seus seguidores, como Simão Pedro, Mateus, Nicodemos e Maria Madalena, assim como o impacto radical que esse encontro proporciona na vida de quem O conhece. É daí que vem, aliás, o título da produção: “the chosen” quer dizer justamente “os escolhidos”, em inglês.

Como assistir

Com efeitos visuais, fotografia e dramaturgia considerados à altura de grandes séries norte-americanas, a série foi lançada pela plataforma de streaming VidAngel.

Para assistir à produção, basta instalar o aplicativo The Chosen (para Android ou para iPhone) ou acessar os episódios diretamente pelo site oficial.

Em caso de dúvida, o seguinte vídeo mostra de modo fácil como assistir:

https://youtu.be/7RcnLapFkB0

Financiamento coletivo e sucesso de público

The Chosen foi produzida graças a uma bem-sucedida campanha de financiamento coletivo (crowdfunding) que angariou mais de 11 milhões de dólares junto a 16 mil investidores, superando todos os recordes de crowdfunding para produções audiovisuais em 2018.

O público também superou as melhores expectativas: segundo a VidAngel, a série foi vista por mais de 1 bilhão de pessoas em todo o planeta. E o que os espectadores acham dos episódios? As notas conquistadas por The Chosen respondem a esta pergunta: a produção está entre as 250 melhores séries de todos os tempos do IMDb, um grande banco de dados sobre cinema, televisão e música.

Episódios

A primeira temporada tem 9 episódios, contando o piloto, e retrata os primeiros ensinamentos e milagres de Jesus.

A segunda temporada acaba de ser lançada neste Domingo de Páscoa, com previsão de 7 episódios focados na relação de Jesus com seus discípulos.

The chosen: os escolhidos

Entre os seguidores escolhidos a que o título The Chosen faz menção, destacam-se, por exemplo:

  • Simão Pedro: o primeiro Papa é mostrado tal como descrito nos Evangelhos – um pescador rude, bronco, teimoso e impulsivo, que se sentiu tão tocado por Jesus a ponto de abandonar tudo para segui-lo com grande dedicação, apesar dos altos e baixos próprios da incoerência e da volubilidade humanas.
  • Maria Madalena: o roteiro explora o quando foi transformador o encontro com Cristo para esta mulher de passado misterioso e muito sofrido, já que os Evangelhos informam que Jesus expulsou dela sete demônios.
  • Nicodemos: o chefe dos fariseus admirava Jesus e O seguia em segredo, por medo da reação dos outros membros do seu grupo social e religioso – que rejeitavam o Nazareno. A série destaca a sua inquietação por conhecer aquele grande profeta que encantava a multidão e operava milagres, assim como os seus questionamentos diante daquilo em que até então ele acreditava.

Jesus

Courtesy of ‘The Chosen’

Quem interpreta o protagonista da série é o ator católico praticante Jonathan Roumie, que dá vida à faceta humana de Jesus: o homem de Nazaré é mostrado justamente como um homem, ao alcance das outras pessoas: um jovem “normal”, que trabalhava, comia, bebia, convivia com as pessoas no meio dos fatos do dia-a-dia.

Nessa cotidianidade, porém, Ele começa a realizar os primeiros milagres e a surpreender as multidões e também as autoridades.

A série também mostra a opressão do Império Romano sobre os judeus e como aquele povo esperava um Messias libertador e poderoso, bem diferente do carpinteiro filho de José e Maria.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Papa Francisco recebe no Vaticano o patriarca da Ucrânia

Encontro entre o papa Francisco e Sviatoslav Shevchuk em 2018 | Vatican Media

Por Almudena Martínez-Bordiú

Na quarta-feira (6), poucos dias após a chegada de sua viagem à Mongólia, o papa Francisco receberá no Vaticano sua beatitude Sviatoslav Shevchuk, arcebispo-mor de Kiev e chefe da Igreja greco-católica ucraniana.

O encontro acontecerá no âmbito da sessão plenária do Sínodo da Igreja greco-católica que acontece em Roma, de 3 a 13 de setembro, no Colégio Ucraniano de São Josafá, sob o tema “Acompanhamento pastoral e cura das feridas de guerra”.

Após o encontro com o papa Francisco, Sviatoslav Shevchuk celebrará a Divina Liturgia Hierárquica na basílica de São Pedro, no Vaticano.

O Sínodo, que reúne bispos greco-católicos de todo o mundo na capital italiana, coincide também com os 400 anos do martírio de são Josafá.

Segundo um comunicado da Igreja greco-católica, Shevchuk disse que “a decisão dos nossos bispos de se unirem no corpo sinodal em Roma, além de ser ditada pela guerra na Ucrânia, é motivada pelo grande desejo dos bispos ucranianos de manifestar mais uma vez o seu apreço pela comunhão no seio da Igreja universal”.

Também participarão do sínodo o secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Pietro Parolin, o prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, cardeal Kurt Koch, e o presidente da Conferência Episcopal Italiana e enviado do papa para alcançar paz na Ucrânia, cardeal Matteo Zuppi.

O papa Francisco recebeu em audiência o arcebispo-mor da Igreja greco-católica ucraniana em 29 de fevereiro de 2022 e lhe ofereceu orações pela paz autêntica na Ucrânia.

O encontro foi no escritório privado do papa, na Casa Santa Marta, e durou cerca de 45 minutos.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Francisco visitou 7 países que nenhum papa havia jamais visitado antes

Papa Francisco no Iraque (Photo by Vincenzo PINTO / AFP)

Por Francisco Vêneto

Em todos eles, a comunidade católica é minoria - inclusive minúscula, como no caso da Mongólia.

Ao iniciar neste dia 31 de agosto a sua viagem apostólica à Mongólia, a 43ª do seu pontificado ao exterior, o Papa Francisco chega a 61 países visitados desde 2013, quando foi eleito.

Desse total, 7 países jamais haviam sido visitados antes por nenhum pontífice, em dois milênios de história da Igreja.

O Papa Francisco, que convocou a Igreja a ir até as “periferias da existência”, viajou a Mianmar em 2017, aos Emirados Árabes Unidos e à Macedônia do Norte em 2019, ao Iraque em 2021, ao Bahrein em 2022 e ao Sudão do Sul em fevereiro deste ano. A essa lista acrescenta-se agora a Mongólia como o sétimo país que ele próprio é o primeiro papa de todos os tempos a visitar.

Em todos eles, a comunidade católica é minoria – inclusive minúscula, como no caso da Mongólia, em que os católicos não chegam sequer a 1.500 pessoas em todo o país. Francisco estará em território mongol de 31 de agosto a 4 de setembro.

Os outros seis

Quanto aos outros seis países da lista, os Emirados Árabes Unidos, o Bahrein e o Iraque são Estados oficialmente muçulmanos.

Já Mianmar, a antiga Birmânia, tem uma longa tradição budista e vem sofrendo há décadas com regimes autocráticos extremamente fechados e avessos ao Ocidente.

A Macedônia do Norte é um dos países sucessores da antiga Iugoslávia, da qual se tornou independente em 1991. A sua população é majoritariamente cristã ortodoxa oriental (65%), mas também há grande presença do islã (33,3%, a quarta maior proporção de muçulmanos na Europa).

Por fim, o Sudão do Sul tem predominância cristã, mas a sua existência como país independente é recente: separou-se em 2011 do Sudão e até hoje enfrenta dramáticos conflitos internos, além de altíssimos índices de pobreza.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Papa chega à Mongólia. É o primeiro Pontífice a visitar o país

Acolhida ao Papa no aeroporto em Ulan Bator (Vatican Media)

O avião tendo a bordo Francisco aterrissou no Aeroporto Internacional Chinggis Khaan, na capital Ulan Bator, às 9h51, horário local, seis horas à frente da Itália, 11 horas à frente do Brasil. Cerimônia de acolhida sóbria entre aplausos e presentes. No sábado, 2 de setembro, o início das atividades públicas.

Salvatore Cernuzio – Ulan Bator

Uma brisa leve amenizava o forte calor na chegada do Papa Francisco ao Aeroporto Internacional de Ulan Bator, capital da Mongólia onde o Pontífice desembarcou às 9h51 (hora local) e até o dia 4 de setembro participa de encontros e preside uma Celebração Eucarística para o pequeno rebanho local. É a primeira viagem de um Pontífice a esta terra da Ásia Central, como já foi mencionado nos últimos dias e repetido pelas rádios e televisões locais que sublinham o carácter “histórico” da visita.

Uma recepção sóbria, mas com sentimento de gratidão

As informações da mídia chegam em um ciclo contínuo e aumentam a curiosidade da parte não católica da população, portanto majoritária, principalmente budista tibetana, pela chegada de um “personagem” de fama mundial. Nas ruas da cidade é difícil encontrar faixas e cartazes como em outras viagens internacionais do Pontífice, muito menos multidões.

É uma acolhida sóbria aquela reservada ao Papa, mas com um profundo sentido de gratidão, especialmente por parte do “pequeno rebanho” católico: “como para com um familiar querido que sabes que vai visitar a tua casa”, dizem alguns Missionários da Consolata.

Mesmo no Aeroporto Internacional Chinggis Khan, o silêncio parece reinar após a chegada do Papa, silêncio sobre o qual o próprio Papa nos convidou a refletir durante o voo vindo de Roma, com palavras que o jovem cardeal Giorgio Marengo - prefeito apostólico de Ulaanbaatar, na primeira fila para as boas-vindas no aeroporto - diz ter apreciado muito.

A chegada do Papa

Por volta das 10h, o A330 da ITA Airways estacionou na pista. O encarregado de negócios da Nunciatura Apostólica, monsenhor Fernando Duarte Barros Reis, e o chefe do protocolo embarcaram na aeronave pela escadaria frontal para cumprimentar o Papa, que posteriormente desceu de elevador. Ao pé da escada principal, o aguardava a ministra do Exterior, Sra. Batmunkh Battsetseg. Na Mongólia, quem ocupa este cargo é encarregado de receber os Chefes de Estado estrangeiros.

Outra mulher, uma jovem vestida com um dil vermelho (é o vestido nacional em seda e algodão), ofereceu ao Papa uma xícara de iogurte seco, prato tradicional local de sabor azedo produzido com leite de iaque, um dos animais mais comuns, juntamente com vacas, cabras e cavalos. O Papa tocou o copo com a mão e depois pegou um pedaço de iogurte.

Não houve discursos, mas apenas a Guarda de Honra com os soldados nos tradicionais uniformes vermelho, azul e amarelo (cores da bandeira mongol) e as saudações das respectivas delegações. Presente também dom José Luis Mumbiela Sierra, bispo da Diocese da Santíssima Trindade de Almaty, na qualidade de presidente da Conferência Episcopal da Ásia Central.

O iogurte seco oferecido ao Papa (Vatican Media)

Acolhida na Prefeitura Apostólica

O Papa e a ministra dirigiram-se então à Sala VIP para uma breve conversa. No final, o deslocamento de carro para a Prefeitura Apostólica de Ulaanbaatar, ao sul da cidade, no distrito de Khan Uul, uma das principais zonas industriais da região.  Ao chegar à Prefeitura, o Papa foi recebido por um grupo de idosos e doentes, depois algumas crianças o cumprimentaram na entrada e lhe ofereceram flores.

Neste prédio de tijolos laranja de quatro andares, onde nos últimos dias foi afixada uma faixa azul de boas-vindas, Jorge Mario Bergoglio residirá durante sua estadia na Mongólia.

A cerimônia oficial de boas-vindas terá lugar na manhã de sábado, 2 de setembro, na praça Sukhbaatar, onde se encontra o Palácio do Estado e onde se realizará o encontro com as autoridades civis, primeiro compromisso oficial e público da viagem do Papa Francisco.

Viagem do Papa Francisco à Mongólia (Vatican Media)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 31 de agosto de 2023

A Mongólia que espera Francisco

Painel alusivo à visita do Papa Francisco à Mongólia (Photo by Pesdro Pardo/AFP)

A Santa Sé e a Mongólia estabeleceram relações diplomáticas em 1992.

Vatican News

O país na Ásia Centro-Oriental sem saída para o mar faz fronteira ao norte com a Rússia ao norte e pela China ao sul e ao leste. É um dos países menos densamente povoados do planeta, acolhendo pouco mais de 3 milhões de habitantes numa área cerca de 5 vezes o tamanho da Itália. A paisagem é bastante diversificada, entre montanhas, lagos, desertos e vastas planícies relvadas. A zona sul da Mongólia é ocupada pelo deserto de Gobi, o maior deserto frio da Terra, enquanto a parte nordeste é caracterizada pela existência de montanhas com mais de 4.000 m de altura. O Monte Khuiten (4.356 m), na fronteira com a China, é o pico mais alto. O país possui uma variedade incrível de plantas e um grande número de espécies animais. A flora do norte é constituída principalmente por coníferas e bétulas, enquanto a zona central é caracterizada por uma vegetação herbácea baixa e densa, a estepe, que se estende em direção ao sul transformando-se em deserto. Os principais cursos de água são o Selenga, um dos principais afluentes do Lago Baikal, e o seu afluente Orkhon, o Kherlen e o Jenisej, um dos principais rios do planeta, que no entanto deixa logo a Mongólia para prosseguir o restante de seu curso na Rússia.  As bacias lacustres, tanto de água salgada como de água doce, são numerosas, especialmente na Região dos Lagos, no extremo oeste do país. Aqui se encontram os Uvs, os Khar-Us, onde também estão localizadas a ilha de Agbash, os Khyargas e o Khövsgöl. O clima é continental, com invernos muito longos e frios e verões bastante curtos.

Capital: Ulan Bator (1.452.000 hab.)
Superfície: 1.566.500 km2
População: 3.384.000 hab.
Densidade: 2 hab./km2
Lingua: Mongol (ufficiale), Kazako
Principais grupos étnicos: Khalkha (81,9%), Kazaki (3,8%), Dorvod (2,7%), Bayad (2,1%), Buriati (1,7%), Zakhchin (1,2%), Dariganga (1%), Uriankhai (1%), outros (4,6%)
Religião: budistas (53%), muçulmanos (3%), xamãs (3%), cristãos (2%), católicos (0,04%), ateus (39%)
Forma de governo: República semipresencial
Moeda: Tugrik mongol (1 EUR = 3.774 MNT)

Herdeira do Império Mongol, o mais vasto império terrestre da história da humanidade fundado em 1206 pelo célebre líder Genghis Khan, que havia unificado as tribos mongóis e turcas das estepes asiáticas entre a China e a Rússia, a atual Mongólia compreende hoje o território da Mongólia Exterior ( enquanto a Mongólia Interior é uma região autônoma da República Popular da China).

O país foi uma província chinesa entre o século XVII e 1921, quando então conquistou definitivamente a independência com a ajuda da União Soviética, com a qual manteve estreitos laços geopolíticos. Em 1924 foi aprovada uma Constituição inspirada naquela soviética e proclamada a República Popular da Mongólia liderada pelo Partido Popular da Mongólia (PPM), rebatizado de Partido Revolucionário do Povo Mongol (PRPM). Em 1928, o novo regime aboliu a estrutura social feudal, até então dominada pelos monges lamaístas (a corrente tibetana do budismo), lançando uma campanha antirreligiosa e introduzindo um plano de coletivização radical.

A nomeação de Horloogijn Choibalsan como primeiro-ministro (1936) marcou um novo endurecimento do regime e o fortalecimento das relações com a União Soviética. Após a sua morte em 1952, a vida política foi dominada por Yumjaagiin Tsedenbal, que liderou o governo até 1974, quando se tornou chefe do Estado. As relações com a URSS foram reguladas por um novo acordo (1960), que foi substituído em 1966 por um tratado de amizade, cooperação e comércio de vinte anos.

Na segunda metade dos anos 80, foi lançado um processo de liberalização do país, seguindo o modelo das reformas introduzidas por Michail Gorbachëv na União Soviética. No transformado cenário internacional que se seguiu ao colapso dos regimes comunistas na Europa de Leste em 1989, este processo lançou as bases para a transição do país para a democracia, cujo ponto de viragem foram as manifestações de massa no Inverno de 1990. Naquele ano foi alterada a Constituição, eliminando a referência ao papel do PRPM como força dirigente do país, legalizando os partidos de oposição, criando um órgão legislativo permanente e instituindo o cargo de presidente.

O processo de liberalização política sancionado pela nova Constituição de 1992 criou as condições para um fortalecimento dos partidos da oposição. A primeira vitória eleitoral de um partido não-comunista ocorreu nas eleições presidenciais de 1993 e em 1996, quando as forças da oposição coligadas na Aliança Democrática venceram as eleições parlamentares ao lançarem um programa radical de reforma econômica.

No entanto, a recessão econômica ligada à interrupção do fluxo de ajuda da Rússia após o colapso da URSS e os elevados custos sociais da transição para uma economia de mercado marcada pelo aumento da pobreza e do desemprego geraram um descontentamento generalizado que favoreceu, nas eleições presidenciais de 1997, o candidato do PRPM, Natsagiin Bagabandi.

Nos anos seguintes, uma grave instabilidade política resultou na frequente rotatividade de chefes de governo. Paralelamente, houve um novo fortalecimento do PRPM, que venceu tanto as eleições legislativas de 2000 e 2008 como as eleições presidenciais de 2001 e 2005.

Derrotado nas eleições parlamentares de 2012, após quatro anos na oposição, o PRPM, que neste meio tempo assumiu o nome de Partido Popular da Mongólia (PPM), voltou ao poder após as eleições parlamentares de 2016 e manteve a maioria nas eleições em 2020. O atual presidente da Mongólia, Ukhnaagiin Khürelsükh, que tomou posse em 25 de junho de 2021, também é uma expressão do PPM.

Política externa

Com os seus 1.566.000 km2 e uma população de cerca de 3,3 milhões de habitantes (concentrada principalmente na capital, onde reside cerca de 45,9% da população), tem uma das densidades populacionais mais baixas do mundo, um terço da qual ainda é nômada, principalmente dedicado à criação. A pecuária é um dos setores-chave da economia mongol e, juntamente com a agricultura, representa cerca de um quinto do PIB, mas não é suficiente para tornar o país autossuficiente na produção alimentar. Outro setor-chave da economia está ligado à extração de recursos minerais - principalmente cobre, ouro, carvão, petróleo e urânio exportados em grande parte para a China - estando o país sujeito à volatilidade dos preços destas matérias-primas

Esta fragilidade econômica levou a Mongólia a manter laços estreitos com a Rússia e a alargar a sua relação com a China, agora baseada no Tratado de Amizade e Cooperação de 1994, que consagra o respeito mútuo pela independência e pela integridade territorial. Ao mesmo tempo, a relação com Moscou foi refundada em novas bases após a conclusão da retirada das tropas russas do território mongol em 1992, e depois com o Tratado de amizade e cooperação de 1993. Em 2000, após a visita à Mongólia do presidente russo Vladimir Putin, os dois países assinaram a Declaração de Ulan Bator que, reafirmando a amizade entre os dois Estados, relançou a cooperação em numerosos âmbitos políticos e econômicos. Com a visita de Putin em 2009, como primeiro-ministro da Federação Russa, a cooperação bilateral foi também alargada ao setor socioeconômico.

Paralelamente às relações com a China e a Rússia, a Mongólia também começou a buscar uma política externa autônoma, aderindo ao Movimento dos Não-Alinhados e procurando uma maior participação nas Nações Unidas e nos fóruns de cooperação multilateral. Desta forma, Ulan Bator estabeleceu relações com outros países asiáticos, como o Japão e a Coreia do Sul, mas também com os Estados Unidos e a União Europeia.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF