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segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Papa: somos seres humanos e não máquinas, pessoas únicas e não peças de reposição

Audiência à Associação Italiana de Mutilados e Inválidos do Trabalho  (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

Em audiência à Associação Italiana de Mutilados e Inválidos do Trabalho, o Papa Francisco reforçou seu apelo por uma sociedade mais solidária, responsável e atenta ao próximo: "a responsabilidade para com os trabalhadores é uma prioridade: a vida não pode ser vendida por qualquer motivo, especialmente se for pobre, precária e frágil".

Thulio Fonseca – Vatican News

O Papa Francisco recebeu na manhã desta segunda-feira (11/09), a Associação Italiana de Mutilados e Inválidos do Trabalho, em ocasião do 80º aniversário da associação fundada em 1943, ano decisivo para a Itália na Segunda Guerra Mundial. O Santo Padre iniciou o discurso evidenciando a importância dos trabalhos realizados pela associação, que continua a ser importante e muito atual: "vocês deram os primeiros passos nesse contexto, o que nos lembra que todo conflito armado traz consigo multidões de pessoas com deficiência, ainda hoje; e que a população civil sofre as consequências dramáticas da loucura que é a guerra. Terminado o conflito, os escombros permanecem, mesmo nos corpos e nos corações, e a paz deve ser reconstruída dia após dia, ano após ano, através da proteção e promoção da vida e da sua dignidade, começando pelos mais fracos e desfavorecidos".

Atenção e cuidado para com aqueles que sofrem

"Obrigado, em primeiro lugar, pelo que continuais a fazer pela proteção e representação das vítimas de acidentes de trabalho, das viúvas e dos órfãos. Obrigado por manterem um elevado nível de atenção à questão da segurança no local de trabalho, onde ainda ocorrem muitas mortes e acidentes", disse o Pontífice ao expressar sua gratidão pelas iniciativas promovidas pela associação italiana que visa melhorar a legislação civil relativa aos acidentes de trabalho e à reintegração profissional das pessoas que se encontram com necessidades especiais.

“Trata-se não só de garantir os devidos cuidados de bem-estar e de segurança social para aqueles que sofrem de formas de deficiência, mas também de dar novas oportunidades às pessoas que podem ser reintegradas e cuja dignidade exige ser plenamente reconhecida.”

O Papa recordou que muitas vezes o trabalho desumaniza e, em vez de ser o instrumento com o qual o ser humano se realiza, colocando-se à disposição da comunidade, torna-se uma corrida exasperada pelo lucro: "as tragédias começam quando o objetivo não é mais o homem, mas a produtividade. A segurança no trabalho é como o ar que respiramos: só percebemos a sua importância quando tragicamente falta e é sempre tarde demais", acrescentou o Pontífice.

Aprender e reaprender a arte de cuidar

Francisco trouxe como exemplo a parábola do bom samaritano e disse que "no mundo do trabalho às vezes acontece exatamente assim: continuamos, como se nada tivesse acontecido, entregues à idolatria do mercado" e sublinhou "não podemos habituar-nos aos acidentes de trabalho, nem resignar-nos à indiferença perante os acidentes. Não podemos aceitar o desperdício de vidas humanas".

Ao citar um trexo da Carta de São Paulo aos Coríntios, o Papa disse que o corpo é templo do Espírito Santo, e isso significa que cuidando das suas fragilidades damos louvor a Deus. "A humanidade é, portanto, um 'lugar de culto' e o cuidado é a atitude com a qual colaboramos no próprio trabalho do Criador. Isso nos ensina a fé cristã: a centralidade da pessoa como templo do Espírito Santo não conhece desperdício, compra, venda ou troca da vida humana. Não se pode, em nome de um lucro maior, pedir muitas horas de trabalho, diminuindo a concentração, ou pensar em contabilizar formulários de seguros ou pedidos de segurança como despesas inúteis e perda de rendimentos."

A responsabilidade para com os trabalhadores precisa ser prioridade

O Santo Padre enfatizou que a segurança no trabalho é parte integrante dos cuidados pessoais, porém muitas vezes são difundidas formas que vão na direção oposta e que, em uma palavra, podem ser chamadas de "lavagem de cuidados". De acordo com Francisco, isso acontece quando empresários ou legisladores, em vez de investirem em segurança, preferem limpar a consciência com alguma ação benéfica, e assim, colocam a sua imagem pública acima de tudo, tornando-se benfeitores na cultura ou no esporte, tornando acessíveis obras de arte ou edifícios de culto, mas não prestando atenção ao fato de que, como ensina Santo Irineu de Lyon, doutor da Igreja, "a glória de Deus é o homem vivo". "Esse é o primeiro trabalho: cuidar dos irmãos e irmãs, a responsabilidade para com os trabalhadores é uma prioridade, e a vida não pode ser vendida por qualquer motivo, especialmente se for pobre, precária e frágil. Somos seres humanos e não máquinas, pessoas únicas e não peças de reposição", completou o Papa.

O Pontífice concluiu seu discurso encorajando a Associação a seguir em frente, na realização deste nobre compromisso pelos mais frágeis, e na missão de levar a sociedade a compreender que o ser humano vem antes do interesse econômico: "Cada pessoa é um dom para a comunidade, e mutilar ou incapacitar pelo menos um deles prejudica todo o tecido social", exortou o Papa Francisco.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

domingo, 10 de setembro de 2023

Os 5 conselhos cruciais do primeiro capítulo da “Imitação de Cristo”

Cabeça de Cristo, de Rembrandt (PD)

Por Francisco Vêneto

Afinal, "os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos de ouvir".

Um dos maiores clássicos da espiritualidade católica de todos os tempos é o livro “A Imitação de Cristo”, escrito no século XV e atribuído ao padre alemão Thomas Hemerken, mais conhecido como Thomas de Kempis – Kempis é a forma latina do nome da sua cidade natal, Kempen.

Originalmente voltado aos clérigos de vida reclusa, o texto é um tesouro para todo e qualquer católico, tanto que chegou a ser um dos livros mais traduzidos no mundo, com milhares de cópias distribuídas pelas bibliotecas europeias mesmo antes da invenção da imprensa. Para exemplificar a sua capacidade de impacto na alma de uma pessoa, basta recordar que Santo Inácio de Loyola leu a obra durante o tempo de retiro espiritual que passou em uma gruta de Manresa, na Espanha, e foi esse texto que o inspirou a conceber os Exercícios Espirituais.

“A Imitação de Cristo” tem 4 partes, sendo as duas primeiras uma introdução à vida espiritual, a terceira um diálogo entre Cristo e a alma e a quarta é toda focada na Eucaristia.

Destacamos a seguir os 5 conselhos cruciais que encontramos em “A Imitação de Cristo”, Livro 1, Capítulo 1:

1 | Devemos dedicar o máximo esforço a imitar a vida e os costumes de Jesus

“Quem me segue não anda nas trevas, diz o Senhor (Jo 8,12). São estas as palavras de Cristo, pelas quais somos advertidos que imitemos sua vida e seus costumes, se verdadeiramente queremos ser iluminados e livres de toda cegueira de coração. Seja, pois, o nosso principal empenho meditar sobre a vida de Jesus Cristo”.

2 | Podemos venerar qualquer santo, mas devemos sempre priorizar Jesus

“A doutrina de Cristo é mais excelente que a de todos os santos, e quem tiver seu espírito encontrará nela um maná escondido. Sucede, porém, que muitos, embora ouçam frequentemente o Evangelho, sentem nele pouco enlevo: é que não possuem o Espírito de Cristo. Quem quiser compreender e saborear plenamente as palavras de Cristo, é-lhe preciso que procure conformar à dele toda a sua vida”.

3 | Podemos cultivar conhecimento e sabedoria, mas devemos priorizar a vida virtuosa

“Que te aproveita discutires sabiamente sobre a Santíssima Trindade, se não és humilde, desagradando, assim, a essa mesma Trindade? Na verdade, não são palavras elevadas que fazem o homem justo; mas é a vida virtuosa que o torna agradável a Deus. Prefiro sentir a contrição dentro de minha alma, a saber defini-la. Se soubesses de cor toda a Bíblia e as sentenças de todos os filósofos, de que te serviria tudo isso sem a caridade e a graça de Deus? Vaidade das vaidades, e tudo é vaidade (Ecl 1,2), senão amar a Deus e só a ele servir. A suprema sabedoria é esta: pelo desprezo do mundo tender ao reino dos céus”.

4 | Devemos reconhecer o que é mera vaidade para não nos perdermos nela

“Vaidade é, pois, buscar riquezas perecedoras e confiar nelas. Vaidade é também ambicionar honras e desejar posição elevada. Vaidade, seguir os apetites da carne e desejar aquilo pelo que, depois, serás gravemente castigado. Vaidade, desejar longa vida e, entretanto, descuidar-se de que seja boa. Vaidade, só atender à vida presente sem providenciar para a futura. Vaidade, amar o que passa tão rapidamente, e não buscar, pressuroso, a felicidade que sempre dura”.

5 | Podemos desfrutar dos prazeres sadios, mas nunca sacrificar a vida da graça

“Lembra-te a miúdo do provérbio: Os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos de ouvir (Ecl 1,8). Portanto, procura desapegar teu coração do amor às coisas visíveis e afeiçoá-lo às invisíveis: pois aqueles que satisfazem seus apetites sensuais mancham a consciência e perdem a graça de Deus”.

 Fonte: https://pt.aleteia.org/

Sessão Solene vai homenagear Nossa Senhora Aparecida na Câmara Legislativa

Foto/crédito: arqbrasilia

Na manhã de quinta-feira (31/08), o Setor Pastoral da Arquidiocese de Brasília participou de uma reunião na Câmara Legislativa para organizar a Sessão Solene em homenagem a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil e de Brasília, que será realizada no dia 06 de outubro, na Casa Legislativa.

Os assessores dos Deputados Distritais João Cardoso, Presidente da Frente Parlamentar Católica, e de Wellington Luiz, Presidente da Câmara Legislativa, receberam os representantes da Arquidiocese de Brasília e da Vila do Pequenino Jesus.

“Essa é uma homenagem especial, que abraçamos com muita alegria. Nossa Senhora é nossa mãe e intercessora fiel a Deus por todos nós, seus filhos. Essa Sessão Solene expressa o carinho e a devoção que todos nós temos a ofertar, especialmente no mês em que comemoramos o Dia de Nossa Senhora Aparecida”, explica Fernanda Alcântara, Assessora do Setor Pastoral da Arquidiocese de Brasília.  

A homenagem está sendo preparada para receber integrantes do clero, leigos, consagrados e instituições de ensino. “Poder realizar juntamente com o Presidente desta Casa de Leis, o Deputado Wellington Luiz, uma Sessão Solene em homenagem a Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil e de Brasília é uma graça! Como não ser agradecido a Nossa Senhora Aparecida, que nos mostra o Caminho até Seu Filho, nosso Salvador? Será uma oportunidade belíssima, poder expressar o carinho que o povo católico de Brasília tem pela Mãe de Deus! Como presidente da Frente Parlamentar Católica espero poder contar sempre com o auxílio de Nossa Senhora!”, destaca o Deputado João Cardoso.

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Questões mundiais emergentes no início do Terceiro Milênio (2/5)

G20 - Bandeiras (Vecteezy)

Arquivo 30Dias – 09/2001

Questões mundiais emergentes no início do Terceiro Milênio

Um ensaio do presidente do IOR faz um balanço dos processos de globalização em curso e das consequências políticas e sociais. Longe da demagogia global-antiglobal

por Ângelo Caloia

AS HIERARQUIAS DA POLÍTICA ECONÔMICA

A crença, questionável a nível histórico especialmente se nos referirmos às teses extremas, da irreversibilidade do processo de globalização é o que nos leva a acreditar que a única escolha razoável é governá-lo. Contudo, precisamos nos libertar de ilusões excessivas. A globalização dos mercados foi – é e continua a ser – muito mais rápida do que a capacidade de governação da economia global. Também não é fácil implementar e aplicar uma política económica global coerente e clarividente.

O regime internacional mudou, passando da estabilidade hegemónica do pós-guerra para um mundo mais multipolar e competitivo, que hoje, no entanto, corre o risco de ser capturado apenas pela dimensão económica e tecnológica. Demasiados conflitos de interesses e demasiadas pressões de todos os tipos explicam a fraqueza de muitas reuniões de cimeira e/ou acordos internacionais.
Para construir uma ordem mundial livre da exploração neocolonial e da discriminação ideológica, precisamos de um sistema de regulação de mercado em que, de forma eficaz e sancionada por regras, a solidariedade permeie todas as relações: financeiras, económicas e comerciais.

Embora profundamente errónea, no passado mais recente surgiu a impressão de que num mundo globalizado a ação das autoridades públicas era impossível ou inútil, sendo quase neutralizada pelas “forças vitais” do comportamento privado. Nada disso é verdade. Num mundo globalizado, a política económica pode revelar-se de importância estratégica na orientação das forças e mecanismos de mercado em direção a objetivos definidos de forma participativa pela sociedade civil.

No entanto, é evidente que a ação tradicional do poder público fracassou face à expansão geográfica do horizonte, pois, com as necessárias excepções, ainda está limitada ao quadro nacional, opera com ferramentas obsoletas e não conhece como explorar plenamente a capacidade dos atores individuais e negligencia a contribuição decisiva das forças sociais organizadas de forma autónoma. Acrescente-se ainda que a crescente interdependência entre os países acentua a responsabilidade das nações líderes, uma vez que qualquer projeto político (económico) é suscetível de promover comportamentos emulativos/imitativos por parte de outros Estados. A competição que, talvez pela primeira vez na história, se estabelece entre os diferentes Estados, pode de facto conduzir a resultados positivos, mas também profundamente negativos no que diz respeito ao crescimento global e à solidariedade entre os povos. É, portanto, necessário muito trabalho para reconstituir os objetivos e os instrumentos de uma política económica que tenha em conta os novos dados de um mundo globalizado.

A transição para uma política económica coordenada entre países, a utilização mais convicta das organizações internacionais, o agrupamento regional de países, o desenvolvimento de políticas verdadeiramente globais (sobre ambiente, migração, saúde, crime organizado, movimentos de capitais, etc.) são momentos de uma hierarquia de intervenções que precisam ser adequadamente exploradas.

A par das políticas a organizar a nível global (e que dizem respeito, como já foi dito, aos problemas da criminalidade, do ambiente, da saúde e das finanças), existe um nível intermédio ao qual se pode remeter outro conjunto de intervenções. Num mundo multipolar, são os agrupamentos entre Estados os que melhor conseguem gerar confiança mútua (quando os jogadores são poucos e os jogos se repetem, a trapaça é mais difícil) e impulsionar uma cooperação regional que abranja não só o lado comercial, mas também o social e político. Promissores neste sentido são o NAFTA (acordo entre Estados Unidos, Canadá e México), os acordos da União Europeia (na sua extensão à Europa de Leste e ao Mediterrâneo), os entre países asiáticos (Apec, ASEAN), latino-americanos (Mercosul) e muitos outros em gestação que vêem, entre outras coisas,

Quando deixadas ao nível nacional, as políticas devem incluir a coordenação de objetivos, mesmo que não de instrumentos. Contudo, o arsenal do novo tipo de política económica pode prever o caso (limite) da harmonização de instrumentos e não apenas de objetivos (pense na questão da fiscalidade na Europa), tal como pode muito bem permitir áreas de absoluta autonomia de intervenção no plano nacional (pense no problema do ambiente urbano ou nas instalações infraestruturas). O problema que se coloca é, no mínimo, o de definir o grau de autonomia/descentralização das decisões: e é aqui que o princípio da subsidiariedade, tão proveitosamente recordado pela doutrina social da Igreja, se revela bem sucedido (pense no caso europeu).

Tudo o que foi dito acima pressupõe que sejamos capazes de distinguir uma economia completamente globalizada (onde as empresas transnacionais e as forças do mercado global tornariam as políticas nacionais estéreis) e certas tendências inegáveis ​​para a internacionalização. No caso de uma economia internacional aberta (com níveis elevados e crescentes de comércio e investimentos), as políticas nacionais mantêm a sua importância no apoio à base económica do país (cujos níveis de bem-estar estão substancialmente ligados à produtividade interna) e, portanto, ao empresas que ali operam. A cooperação internacional (necessária para reduzir custos para a nação e defender-se das pressões do mercado), baseada no controlo no país de origem, demonstra que, mesmo nas finanças, os Estados-nação podem continuar a ser protagonistas. A tese segundo a qual a lógica das empresas não é a mesma das nações parece extremada. Na verdade, as empresas americanas, e não as francesas ou inglesas, obtêm benefícios consideráveis ​​por permanecerem assim, precisamente em virtude do poder e do papel do seu Estado nacional. As lógicas das empresas e das nações, em vez de opostas, parecem complementares. O critério da nacionalidade continua a desempenhar um papel significativo na distribuição do trabalho em todo o mundo. A internacionalização não produz atividades realizadas com total indiferença quanto ao lugar e ao espaço. Pelo contrário, redefine as formas de organização económica local e regional. eles obtêm benefícios consideráveis ​​por permanecerem assim distintamente, precisamente em virtude do poder e do papel do seu Estado nacional. As lógicas das empresas e das nações, em vez de opostas, parecem complementares. O critério da nacionalidade continua a desempenhar um papel significativo na distribuição do trabalho em todo o mundo. A internacionalização não produz atividades realizadas com total indiferença quanto ao lugar e ao espaço. Pelo contrário, redefine as formas de organização económica local e regional. eles obtêm benefícios consideráveis ​​por permanecerem assim distintamente, precisamente em virtude do poder e do papel do seu Estado nacional. As lógicas das empresas e das nações, em vez de opostas, parecem complementares. O critério da nacionalidade continua a desempenhar um papel significativo na distribuição do trabalho em todo o mundo. A internacionalização não produz atividades realizadas com total indiferença quanto ao lugar e ao espaço. Pelo contrário, redefine as formas de organização económica local e regional. A internacionalização não produz atividades realizadas com total indiferença quanto ao lugar e ao espaço. Pelo contrário, redefine as formas de organização económica local e regional. A internacionalização não produz atividades realizadas com total indiferença quanto ao lugar e ao espaço. Pelo contrário, redefine as formas de organização económica local e regional.

A internacionalização e a regionalização constituem, neste sentido, duas tendências simultâneas do processo mais geral definido como globalização. Tudo isto, no entanto, não entra em conflito, antes recorda a necessidade de uma maior coordenação entre os grandes países e de que todos os interesses da grande família estejam sempre igualmente representados nas organizações internacionais, tanto as antigas (Banco Mundial) como as novas (Organização Mundial do Comércio). ).humano: e, em particular, as necessidades dos povos e países que mais necessitam de apoio para o seu desenvolvimento (com especial prioridade para os países africanos). Sem a disponibilidade de uma maior mobilização de recursos para melhorar a capacidade tecnológica, as infraestruturas e o capital humano dos países em desenvolvimento,

Nem as economias de mercado surgem apenas através da liberalização. O que é necessário são regras sólidas (financeiras e outras), políticas a favor da concorrência e da transparência, investimentos públicos para incentivar o desenvolvimento de recursos humanos e a transmissão/adoção de novas tecnologias.

Em tempos difíceis, os governos nacionais - especialmente nos países avançados - devem evitar, talvez movidos pelos interesses das "elites" políticas e pela obsessão competitiva, resgates indiscriminados de instituições financeiras insolventes e não devem exceder-se em políticas monetárias e fiscais restritivas, capazes apenas de acentuar os efeitos recessivos dos fracassos contínuos e ter repercussões nas economias mais pobres do Terceiro Mundo. A ajuda financeira das instituições internacionais não deve ser automática (ou seja, de modo a incentivar a recorrência de maus comportamentos), mas contemplar a divisão dos custos de intervenção também suportados por aqueles que, ao receber e/ou investir, podem beneficiar dos fluxos externos derivados . No geral, trata-se de ajudar as pessoas a se ajudarem,

A crise de confiança que se seguiu aos acontecimentos asiáticos sugere, infelizmente, um certo declínio nos fluxos privados para os países em desenvolvimento e, em particular, para os mais endividados. Esperemos que seja uma simples pausa e que não contribua para o declínio dos fluxos públicos que está em curso desde o início da década de 1990.

A recuperação dos investimentos diretos estrangeiros deverá, de facto, ser favorecida pelas taxas de crescimento, que continuam a ser mais do dobro das economias avançadas, pelo ritmo ainda elevado do comércio mundial e por regras cada vez mais favoráveis ​​aos investidores. As mesmas instituições globais poderiam ajudar, apoiando o movimento de capitais a médio/longo prazo através da promoção de estruturas de garantia relacionadas com crédito à exportação, seguros de investimento e financiamento de projetos .Infelizmente, as últimas tentativas (no âmbito da OCDE) para chegar a um acordo sobre investimentos diretos estrangeiros estagnaram, também devido a divergências internas dentro dos próprios países avançados. O fracasso destas negociações tem um impacto particularmente negativo nas expectativas de uma política de cooperação internacional baseada em parcerias empresariais entre economias avançadas e países emergentes .

O problema coloca-se sobretudo nos países que são os mais pobres de todos, altamente endividados e mal equipados para tornar verdadeiramente eficaz a utilização dos recursos disponibilizados pela comunidade internacional. É aqui que as instituições globais podem - e devem - intervir mais, ativando ferramentas (como a Iniciativa para os Países Pobres Altamente Endividados) capazes de oferecer saídas para a dívida que não o habitual e ilusório reescalonamento e de reabrir as portas a novos e financiamento eficaz a médio e longo prazo. É então necessário, de forma mais geral, que a comunidade internacional apoie as reformas estruturais destes países e que o forte crescimento da produção e do comércio globais continue.

Por último, os governos dos países avançados não devem salvar as suas almas doando o que é supérfluo (e por vezes menos), mas integrar mais a dimensão internacional nas suas políticas e assuntos internos, fortalecer as organizações internacionais e com elas o lado humano da globalização da economia atual.
Na verdade, as políticas públicas ainda são excessivamente marcadas pela distinção entre interno e externo.

Os danos, perdendo a sua limitação espaço/tempo, são globais e duradouros e podem cada vez menos ser atribuídos a responsabilidades específicas (revelando-se, portanto, difíceis de compensar). Os bens públicos tradicionalmente considerados de interesse nacional (saúde, gestão do conhecimento, estabilidade financeira, justiça económica ou segurança jurídica) ultrapassam agora a simples soberania nacional, sem que existam mecanismos de ação comparáveis ​​aos do Estado a nível internacional.

A produção de bens públicos corre, portanto, o risco de ser insuficiente, levando os particulares - e com eles os Estados nacionais - a explorar a iniciativa de outros (ou seja, a agir como aproveitadores).

A solução deve então consistir numa ação eficaz de incentivo à intervenção (do Estado, das empresas, das organizações da sociedade civil e dos indivíduos em geral), num sistema de supervisão credível (capaz de verificar os compromissos assumidos), mas sobretudo no facto de os políticos os líderes consideram o externo como um problema nacional e repensam o interno como uma questão internacional.

Fonte: http://www.30giorni.it/

Reflexão para o XXIII Domingo do Tempo Comum (A)

Evangelho do domingo (Vatican News)

Tudo deverá ser feito em clima de sigilo, respeitando a dignidade e a privacidade do outro.

Padre Cesar Augusto, SJ – Vatican News

O que é perdoar e como perdoar?

Neste domingo, o Evangelho nos propõe uma reflexão sobre o ato de perdoar, do perdão.

A primeira atitude do cristão é ir em direção ao pecador e tratá-lo como irmão, com respeito e atenção.

O falar mal e pelas costas, nada adianta, piorará a situação quando o faltoso souber que seu erro foi tema de conversas de outras pessoas. Ele é o mais interessado e não outros. Se ele não sabe e é deixado alheio do que se fala dele, isso se chama, em bom português, fofoca. É uma atitude mundana e nada cristã.

Por outro lado, quem vai falar com o faltoso, deverá ir na qualidade de quem já perdoou a falta cometida, colocando-se na posição de irmão, jamais de juiz.

Muitas pessoas, com determinação, possuem o costume de dizer a verdade, doe a quem doer. Tudo bem! Contudo, nos casos em que a verdade, ao ser dita, poderá provocar rancores e ódios, ela não deverá ser falada. Nem tudo deve ser dito, mas apenas aquilo que gera vida e não morte.

Tudo deverá ser feito em clima de sigilo, respeitando a dignidade e a privacidade do outro.

Se por acaso o faltoso não ouvir o irmão que o procurou com caridade, este deverá se cercar de mais outros dois irmãos semelhantes no respeito e na busca da salvação do faltoso. Procurar o mesmo e entabular uma conversa fraterna.

Nesse momento, onde o faltoso está sozinho de um lado, tendo à frente três outras pessoas que comentam sua má ação,  o transgressor jamais poderá ser colocado contra a parede e sentir-se acuado. Se isso acontecer, não será a conversa proposta por Jesus no Evangelho, mas exatamente o que jamais deveria estar acontecendo entre irmãos. O objetivo do papo é a recuperação do transgressor e não sua humilhação e condenação.

Por último chegamos ao terceiro passo da proposta do Senhor. Se nem com a admoestação de mais dois irmãos, o que cometeu um delito não se arrepende e não se propõe a não mais cometer tal falta, a Igreja, ou seja, a Comunidade dos cristãos deverá anunciar que a postura daquela pessoa não corresponde à Boa Nova pregada por ela, que aquele homem não pode ser tomado como um dos seus, posto que sua atitude é exatamente contrária aos princípios cristãos.

Por exemplo, poderá ser tido como membro da Igreja aquele homem que propaga idéias racistas, discriminação, violência e o abuso econômico? A Igreja terá o direito e o dever de tornar público seu absoluto desacordo com aquela pessoa.

Situando-nos no versículo 9 do cap. 33 de Ezequiel, 1ª leitura da liturgia de hoje: “Todavia, se depois de receber tua advertência para mudar de proceder, nada fizer, o faltoso perecerá devido a seu pecado, enquanto tu salvarás a vida”.

Ao sermos responsáveis pela vida dos outros, em favor da justiça, agindo com misericórdia, é que ganhamos a nossa!

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Nicolau de Tolentino

São Nicolau de Tolentino (A12)

10 de setembro

São Nicolau de Tolentino

Nicolau nasceu na pequena cidade de Castelo Sant’Angelo, atual Sant’Angelo in Pontano, região das Marcas (Marche) no leste da Itáliaem 1245. Seu nome foi em honra de São Nicolau de Mira, que numa visão atendeu ao pedido dos pais de lhes concederem um filho. Ele mesmo contou que, na infância, via o Menino Jesus na Hóstia Consagrada: “(…) assistindo à Missa na igreja que frequentava, quando o celebrante elevava o Corpo do Senhor de acordo com o ritual, com estes meus olhos vi com clareza um Menino de belíssima aparência, traje maravilhoso, rosto luminoso e olhar cheio de júbilo, que me dizia: ‘Os inocentes e os justos estão unidos a Mim’”.

Também muito pequeno, fugia das coisas mundanas e rezava com admirável recolhimento. Aos sete anos, as suas preocupações eram as orações, o jejum três vezes por semana, receber os pobres na casa paterna e se retirar numa gruta próxima para rezar. Já mais crescido servia de acólito na Missa. Frequentou a escola paroquial dos cônegos regulares de Santo Agostinho, onde se sobressaía pela seriedade e responsabilidade, progredindo rapidamente nos estudos e recebendo as ordens menores, de modo que sendo ainda adolescente foi feito cônego na Igreja Collegiata do Santíssimo Salvador.

Ao ouvir a pregação de um frade agostiniano, com cerca de 14 anos, decidiu ingressar na Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho. Terminou o postulantado em Sant’Angelo e foi enviado para o convento da cidade vizinha de San Ginesio, para começar o noviciado e estudar Teologia. Ali foi designado esmoler, destacando-se na caridade para com os pedintes, e realizando seu primeiro milagre: a cura de um menino enfermo, em quem pôs as mãos sobre a cabeça dizendo “O bom Deus te curará”, o que aconteceu imediatamente. Humilde e alegremente desempenhava as funções mais árduas, guardava a pureza, e submetia-se a duras penitências – jejuns, uso do cilício, dormir no chão, usar uma pedra como travesseiro; nunca comia carne, mas só pão e alguns legumes malcozidos e insossos. Fez sua profissão perpétua antes de completar os dezoito anos.

Frequentemente, os provinciais o mudavam de casa, para que o seu exemplo de observância da regra e o seu odor de santidade edificassem os irmãos de hábito. De San Ginesio foi enviado sucessivamente a Recanati, Macerata, de novo San Ginesio, e depois Cingoli, onde foi ordenado sacerdote. Passou ao eremitério de Pésaro e daí para Valmanente, sempre levando vida ascética. O caráter divino do sacerdócio aumentou sua dedicação, e doente ou não celebrava a Missa todos os dias, com admirável piedade, nunca sem ter se confessado antes, e seguidas vezes entre lágrimas. Em Valmanente, a alma de um frei, que estava no Purgatório, apareceu-lhe pedindo que rezasse uma Missa por ele e outras almas; Nicolau então celebrava as Missas como hebdomadário, isto é, durante os dias de semana, quando não eram colocadas intenções pelos falecidos, mas pediu licença ao prior para fazê-lo, e depois de sete dias todas aquelas almas lhe vieram agradecer a entrada no Paraíso. (Esta é a origem do septenário de Missas pelos fiéis defuntos de São Nicolau de Tolentino).

Um primo de Nicolau, superior de um convento próximo a quem fôra visitar, e onde a regra era menos austera, convidou-o a lá ficar, alegando que estava muito magro e acabaria por perder a saúde, tornando-se inútil para a Igreja. Em oração, Nicolau procurou discernimento, e vários anjos lhe apareceram, cantando: “É em Tolentino que deveis permanecer, mantém tua vocação, nela encontrareis vossa salvação”. Isto esclareceu a sutil tentação que o demônio lhe oferecia. Assim, foi para a cidade de Tolentino, nas Marcas, em 1275, perseverando na vida de grande austeridade por 30 anos, e dedicando-se à Missa, às Confissões, à pregação e às visitas aos pobres e doentes.

Nicolau comia muito pouco e por isso ficou doente. Por obediência, ingeriu um pequeníssimo pedaço de carne, dizendo: “Já obedeci, não me aborreçam mais com gulodices”. E Deus o curou. Portanto continuou a jejuar às segundas, quartas e sextas, e, aos sábados, em honra a Maria Santíssima. Acontecendo de novamente cair doente, Nossa Senhora lhe apareceu e o orientou a comer um pouco de pão molhado em água, abençoado com o sinal da Cruz, depois do que ficou bom. Daí surgiu a bênção dos pãezinhos de São Nicolau, realizada no dia de sua festa, responsável pela cura de inúmeros doentes, o mais famoso deles Filipe II da Espanha, que aos oito anos foi assim curado de febres muito altas.

Outras penitências suas eram o uso de tecidos ásperos e cadeias metálicas, que irritavam a pele. Além das horas canônicas de oração obrigatória, rezava todo o período entre cada uma delas, se não tivesse que atender confissões ou cumprir alguma obrigação. Se não estivesse na igreja ou perto de um altar, orava na cela, onde colocara duas lajes, para apoio dos joelhos e dos braços, e que sendo muito frias o mantinham acordado no período da noite.

O diabo de tudo fazia para perturbar as suas orações. Alternava gritos com sons de animais, como o uivo de lobos ou rugidos de leões, e outras vezes fingia abrir o telhado, quebrar telhas ou quadros, ou derrubar a casa. Por três vezes, como um pássaro gigantesco, invadiu sua cela para derrubar e quebrar a lâmpada do seu oratório. Mas a tudo isso Nicolau, sem temor ou perturbação, mantinha-se sereno e em oração. Em outras várias oportunidades, o diabo o agredia fisicamente, deixando-o ferido e em estado grave, em seguida largando-o no claustro, onde os frades o encontravam. Depois de uma dessas ocasiões, Nicolau ficou coxo e passou a usar uma bengala para poder andar.

O diabo também o tentou com o escrúpulo sobre a validade das suas penitências, que não agradariam a Deus e se tornavam um fardo para a comunidade… mas Jesus lhe apareceu em sonho, garantindo que suas penitências Lhe eram gratas e que o temor escrupuloso que sentia eram nada “mais que um artifício de satanás e que seu nome já estava escrito no livro da vida”. Assim, mesmo alquebrado, Nicolau continuava com os sacrifícios, e a visitar os pobres e os doentes. Era também um ótimo pregador, e, no confessionário, por vezes se oferecia para pagar, ele mesmo, as penas dos arrependidos.

Muitos foram os milagres que realizou (301 reconhecidos até a sua canonização). Certa vez o prior o viu dando aos pobres o pão destinados à comunidade, e lhe perguntou o que levava na toalha sob o manto; Nicolau respondeu que eram flores, e de fato em belíssimas rosas os pães haviam se transformado, em pleno mês de dezembro – inverno, sem flores, no Hemisfério Norte… em outra ocasião recebeu a pedido de doação, de uma dona de casa simples, uma quantidade de farinha, parte significativa da que a senhora tinha para a própria família. Ele a abençoou, dizendo: “Que Deus, por amor de quem, mesmo sendo pobre, deste esta esmola com alegria, multiplique a farinha que conservas”. A partir de então, a quantidade de farinha na casa dela nunca diminuiu.

Um ano antes da sua morte, um astro luminoso começou a acompanhá-lo permanentemente, visto por todos; nos seus últimos seis meses de vida, anjos cantavam para ele todas as noites. Faleceu em 10 de setembro de 1305, na presença de uma relíquia da Santa Cruz. Foi sepultado na capela onde habitualmente confessava e celebrava a Missa, que por conta dos milagres ali ocorridos tornou-se local de peregrinação. Seu corpo foi encontrado incorrupto 40 anos depois da sua morte, e nesta ocasião jorrou sangue dos braços, o mesmo acontecendo de tempos em tempos, posteriormente. São Nicolau de Tolentino foi um dos santos mais populares na cristandade, até perto dos anos 1800.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A vida de São Nicolau de Tolentino nos evidencia a seriedade com que, desde criança, tratava os assuntos espirituais. Cultivava uma fé incondicional em Nosso Senhor e na Virgem Maria, que se concretizava na caridade e, como religioso, no extremo cuidado com a Missa, os Sacramentos, enfim, com a sua condição de sacerdote e religioso; perseverou nas orações e penitências – como Nossa Senhora iria enfatizar em Fátima, nas Suas aparições de 1917 – em obediência, humildade e destemor dos obstáculos naturais e sobrenaturais. Correspondeu com integridade total ao aviso, que é para todos nós, ouvido na pregação que o levou a ser religioso: “Não ameis o mundo, nem as coisas dele. (…). Mas o mundo passa e seus desejos imoderados também, mas o que cumpre a vontade de Deus permanece para sempre” (1Jo 2,15.17). Por isso o bem que ele fez chegou a toda a Igreja: padecente, militante e triunfante. Os religiosos e leigos, hoje, têm a mesma seriedade, nas suas respectivas vocações? Nós devemos seguir seriamente o Astro Luminoso que é Jesus, se quisermos ouvir as vozes angelicais no Paraíso. Sabendo-nos coxos de espírito, só poderemos caminhar para Ele nos apoiando no báculo que nos é oferecido pela Santa Igreja.

Oração:

Senhor Deus, que não tomais como brincadeira ou com indiferença a salvação das nossas almas, a ponto de entregar Vosso Filho na Cruz, concedei-nos por intercessão de São Nicolau de Tolentino o entendimento e o compromisso de uma vida espiritual verdadeiramente austera, que não afasta nem a alegria nem o bom humor, mas sim nos faz recusar a vida “mais fácil” que o tentador sutilmente oferece, de modo a podermos florir em boas obras sob o manto inconsútil de Cristo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

sábado, 9 de setembro de 2023

Questões mundiais emergentes no início do Terceiro Milênio (1/5)

G20 - Bandeiras (Vecteezy)

Arquivo 30Dias – 09/2001

Questões mundiais emergentes no início do Terceiro Milênio

Um ensaio do presidente do IOR faz um balanço dos processos de globalização em curso e das consequências políticas e sociais. Longe da demagogia global-antiglobal.

por Ângelo Caloia

INTRODUÇÃO

Estes anos estão oferecendo aos nossos olhos personagens e comportamentos que não podem mais ser associados a experiências anteriores.

As dimensões temporais do passado e do futuro parecem anular-se mutuamente num presente eterno e abrangente. Se por um lado somos capazes de reconhecer a ausência ou o enfraquecimento dos elementos já vividos, por outro parece-nos difícil definir com precisão as características da era futura. Daí a grande ansiedade e a sensação de precariedade do próprio status.

A crescente integração econômica, o volume e a variedade de transações de capitais, bens e serviços (globalização real), favorecidos pela difusão cada vez mais rápida e generalizada da tecnologia, estão a acelerar a transição de uma fase de mercados ainda delimitados por fronteiras nacionais, mas bem comunicando-se entre si, ao dos mercados mundiais que operam sem as restrições das barreiras nacionais.

Este processo está a desgastar a soberania dos Estados nacionais, enquanto os operadores internacionais globais (empresas, bancos, instituições financeiras, etc.) e as tecnologias inovadoras estão gradualmente a tornar-se os principais intervenientes nas relações económicas, com consequências políticas evidentes. A sociedade mundial, que após a globalização se desenvolveu em muitas direções (não apenas na econômica), escapa e relativiza o Estado-nação, porque uma pluralidade, não ligada a um lugar, de esferas sociais, redes de comunicação, relações de mercado, formas de vida, envolve as fronteiras territoriais do Estado-nação. Surpreendidos e fascinados pela globalização, certos políticos invocam mercado, mercado e mais mercado sem se aperceberem que estão assim a tornar-se coveiros de si próprios, ou seja, a preparar “o fim da política”,

A DIMENSÃO FINANCEIRA

Existe o problema das operações financeiras que resultam na utilização do dinheiro apenas para ganhar outro dinheiro, sem contribuir para a economia real. Há a prevalência do bônus aos depositantes (receitas financeiras) que faz com que o operador real mais fraco (pequenas e médias empresas, áreas subdesenvolvidas), desprovido de fontes financeiras (mercado de ações, fornecimentos no exterior) alternativas ao crédito. Sem falar na comunidade mundial, onde a dinâmica das taxas de juro (mais elevadas para situações de maior risco) canaliza recursos em direções exatamente opostas às de maior necessidade (zonas fracas, pequenas empresas, países pobres) e acentua os problemas da dívida externa. Os fluxos de capital, em vez de serem impulsionados por motivações reais de investimento, vão, na maioria das vezes, estes excessos de financeirização têm certas consequências no crescimento real e implicações éticas muito claras. Por outras palavras, a globalização financeira revela-se uma faca de dois gumes: oferece aberturas indubitáveis ​​(investimentos diretos estrangeiros, contribuições tecnológicas, desenvolvimentos comerciais), mas também envolve riscos fortes, especialmente na ausência de recursos sólidos, transparentes e bem-sucedidos. mercados financeiros controlados.

Afinal, a economia e os mercados não são fenômenos da natureza, mas sim produtos moldados por regras, instituições e políticas. Daqui resulta que o bom funcionamento da economia global deve ser considerado mais importante do que a liberdade excessiva de algumas centenas de operadores (financeiros) internacionais qualificados. Enquanto se espera por um governo global da moeda (há demasiada liquidez em todo o mundo!), é necessário colocar os mercados financeiros mundiais sob proteção internacional (através do FMI ou de outra instituição supranacional), garantindo solidariamente os recursos necessários para lidar com a especulação.

http://www.30giorni.it/

Vontade de potência ou vontade de verdade: o que deve orientar uma Universidade?

Nietzsche e a Vontade de Potência (greenMe)

Vontade de potência ou vontade de verdade: o que deve orientar uma Universidade?

Cada vez fica mais evidente a atual crise das Universidades. Essa não se refere a fatores econômicos, nem mesmo ao fato dos jovens chegarem ao ensino superior com um nível de aprendizagem cada vez mais baixo, mas sim a uma verdadeira crise de identidade. A pergunta séria, que muitos querem silenciar, é simplesmente: para que serve uma Universidade? É interessante a questão sobre o que deveria inspirar uma Universidade, algo que não é de hoje, pois foi colocada por diversos pensadores do século passado. Damos uma resposta aqui a partir das reflexões do filósofo e teólogo alemão Romano Guardini, que se dedicou ao ensino universitário por mais de 60 anos, desde o início do século XX[i].

 Para ele, a Universidade é o lugar por excelência onde se pode dizer e escutar a verdade. De modo que essa instituição «adoece quando a verdade deixa de ser o ponto de referência principal do saber universitário» (pg. 40). Quando Guardini defendeu essa tese, trazia na memória as experiências sofridas durante a tirania nazista, na qual muitos intelectuais se comprometeram com uma ideologia que aparentemente queria aplicar uma verdade, mas que vivia da mentira e da violência. Para ele, a causa da traição de vários intelectuais daquele período foi a tese de que a verdade existe para servir à vida. O filosofia vitalista de F. Nietzsche, de fato, defendia que a verdade nada mais era do que um conjunto de metáforas, uma invenção dos débeis para dominar os mais fortes.

Para a dita filosofia a verdade deve servir à vida, à produção, ao sucesso (também do Estado), em uma palavra, a tudo o que é útil à vida. E o que seria útil à vida? Isso seria decidido pela vontade mesma. Surgia assim a tirania da «vontade de poder», uma vontade forte desligada do compromisso para com a verdade e para com o bem de todos. Nesse contexto, a Universidade nada mais seria do que uma peça da engrenagem da máquina estatal para transmitir os “novos valores” ao povo alemão. O Estado seria o detentor único de uma filosofia superior que afirmaria a supremacia da vida do novo homem.

Para Guardini, essa doutrina é falsa e destrutiva, e isso pode ser demonstrado não só filosoficamente, mas também através da história. Pois o homem vive daquilo que está acima dele. O homem é como uma árvore invertida, que possui suas raízes no Céu, como bem viu Platão[ii]. A vida não pode ser o valor supremo, pois essa tem em si aspectos contraditórios. Os animais são governados pelo instinto, mas o homem pode dizer não a eles. O homem é um ser livre e pode querer inclusive o que vai contra a sua própria vida própria e a do seu próximo. No ser humano há não só a vontade de viver, mas também o instinto de morte. Como poderia, pois, a verdade servir à vida, sendo que essa possui um caráter contraditório?

Historicamente se viu que quando a vida é colocada acima da verdade, paradoxalmente, surge todo tipo de atrocidade. Quando uma vida ideal – a ideologia da segurança e do bem-estar a todo custo – é buscada independentemente da verdade, os homens reais correm o risco de sofrer todo tipo de brutalidade. A busca por um “super-homem” foi uma ilusão que causou o extermínio de milhões de seres humanos reais, e deveríamos aprender algo com a história.

Sendo assim, o único modo de se defender a vida é, por incrível que pareça, afirmar o primado da verdade sobre ela. Somente em relação à verdade a vida humana se torna justa e reta. «Acima da vida deve estar algo que não depende dela, que não a serve, mas que tem em si mesmo uma excelência: a verdade. Saber isso, descobrir isso em modo sempre novo, experimentá-lo, anunciá-lo: eis o papel das Universidades. Se isso é esquecido, a Universidade perde o seu sentido. Torna-se uma escola profissionalizante entre outras, que possui um significado prático, mas não um valor espiritualmente essencial» (p. 27).

A Universidade deve servir à busca da verdade por si mesma. A razão da crise de identidade das Universidades atuais consiste no fato de que as ciências busquem a verdade, mas culturalmente somos levados a crer que a verdade não existe. Muitas vezes o dogma da inexistência da verdade é “ensinado” nas mesmas Universidades, as quais deveriam alimentar nos alunos o desejo de descobrir e de servir à verdade. Surge assim uma tensão na comunidade acadêmica: entre os que buscam a verdade por si mesmo e os que se deixam seduzir pelo ceticismo, o qual se manifesta em uma destrutiva «vontade de poder».

Certamente, só quando a Universidade busca a verdade por si mesma pode contribuir para salvaguardar a dignidade inalienável da pessoa humana e a sua própria identidade. O risco da Universidade é o de colocar-se ao serviço de algo que seja inferior à verdade mesma: seja ao Estado, seja aos interesses de mercado. Uma Universidade digna desse nome deve guiar-se pela vontade sincera de verdade e não pela «vontade de poder», de sucesso político ou de lucro. Só assim ela continuará sendo um verdadeiro caminho verso algo de único (uni-versus), a verdade, que é objetiva e a única a garantir realmente a defesa da dignidade da vida humana.

Pe. Anderson Alves, sacerdote da diocese de Petrópolis – Brasil. Doutorando em Filosofia na Pontificia Università della Santa Croce em Roma.

 

[i] R. Guardini, Tre scritti sull’università, Morcelliana, Brescia 1999. O terceiro texto do livro é uma das últimas conferências de Guardini e tem o título: “Vontade de poder ou vontade de verdade? Um interrogativo para a Universidade”.

[ii] Platão, Timeo, 90a. O filósofo francês Rémi Brague (1947), vencedor do prêmio Ratzinger 2012 retormou recentemente esse tema platônico, dizendo que o homem tem suas âncoras no céu. Cfr. R. Brague, Ancore nel cielo. L’infrastruttura metafisica, Vita e Pensiero, Milano 2011.

Fonte: https://presbiteros.org.br/

Brasil: Igreja se mobiliza para ajudar famílias afetadas por ciclone no Rio Grande do Sul

MATEUS BRUXEL | AFP

Por Ricardo Sanches

Tragédia climática deixou mortos, milhares de desabrigados e muita destruição em pelo menos 83 municípios.

A passagem de um ciclone extratropical pelo estado do Rio Grande do Sul deixou, pelo menos, 41 mortos, além de um rastro de destruição em 83 municípios.

De acordo com o governo do estado, 25 pessoas estão desaparecidas. Os desabrigados somam 2.944 e os desalojados, 7.607. No total, 123.000 pessoas foram atingidas pelas fortes chuvas na região.

Centenas de casas foram destruídas pela força do vento e da água. Rios transbordaram, levando pontes e estradas. A Marinha do Brasil precisou utilizar embarcações para resgatar pessoas que ficaram ilhadas nos telhados de suas casas. 16 rodovias têm bloqueios parciais ou totais por causa de deslizamentos de terra ou danos no asfalto em pontes.

Até agora, 73 cidades decretaram estado de calamidade. Entre elas, o município de Lajeado – um dos mais atingidos -, Encantado, onde fica a maior imagem de Cristo do Mundo (o Cristo Protetor), e Muçum.

Mobilização da Igreja

Arquidiocese de Porto Alegre está arrecadando doações de alimentos, produtos de higiene e limpeza, cobertores, agasalhos e água potável para encaminhar para as famílias atingidas pelo ciclone extratropical.

O arcebispo da capital gaúcha e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jaime Spengler, manifestou seu pesar sobre a tragédia. Dom Jaime enviou os seus sentimentos e assegurou suas orações a todos os atingidos e falecidos. Ele ainda ainda informou que a Igreja no estado e no país está promovendo ações de solidariedade para ajudar a mitigar o sofrimento dos que foram impactados diretamente.

“Estamos acompanhando, da forma que podemos, a situação. A cada hora o número de mortos cresce. Essas tragédias estão nos recordando, mais uma vez, da importância de cuidar do clima e de nossa Casa Comum, que está enviando sinais que alertam para a necessidade de respeito e cultivo do necessário para que a mãe natureza possa continuar oferecendo aquilo do qual todos nós precisamos: condições de vida”, disse o arcebispo.

A presidência do regional Sul 3 da CNBB, que compreende o estado do Rio Grande do Sul, lançou lançou uma campanha para arrecadar recursos que serão utilizados em prol das vítimas das fortes chuvas. Clique aqui para saber mais.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF