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quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Questões mundiais emergentes no início do Terceiro Milênio (5/5)

G20 - Bandeiras (Vecteezy)

Arquivo 30Dias – 09/2001

Questões mundiais emergentes no início do Terceiro Milênio

Um ensaio do presidente do IOR faz um balanço dos processos de globalização em curso e das consequências políticas e sociais. Longe da demagogia global-antiglobal.

por Ângelo Caloia

O PAPEL DA POLÍTICA

A difusão dos processos em curso está a impulsionar mudanças profundas nos sistemas económicos e políticos. Acima de tudo, ocorrem mudanças na dimensão territorial, tão evidentes em todas as esferas tradicionais da vida social.

É aqui, no terreno escorregadio das delicadas relações entre economia e política, que se registram os sinais mais significativos de descontinuidade com o século que acaba de terminar: um século “imensurável”, encerrado nas garras dos excessos do estatismo de uma política que invadiu todas as áreas da vida social. Na noite de 9 de novembro de 1989, com a queda do Muro de Berlim, ruiu uma ordem de relações entre Estados e povos que parecia imutável. Desde então, temos percebido cada vez mais que o par democracia e mercado, bem-sucedido na política mundial que se desenvolveu desde 1945, exige novos pontos de equilíbrio.

Na verdade, uma ameaça forte e iminente continua a ser exercida na frente económica e financeira. Isto porque a “retirada do Estado” abriu as portas a uma versão simplificada e altamente idealizada do neoliberalismo económico: de modo que o sentimento generalizado é que a política é cada vez menos capaz de atuar como contrapeso ao poder excessivo do capitalismo. economia.

O desafio a assumir, então, para evitar que as finanças e a economia dominem cada vez mais o nosso futuro e que os mercados se tornem os soberanos, tirando o cetro ao povo, é pensar numa nova política, capaz de fazer as suas mudanças que a globalização também trouxe para a política.

Hoje podemos certamente falar sobre a "internacionalização do processo de tomada de decisões políticas" não apenas em termos substanciais mas até formais: instituições como o G7 ou o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacional ou a OMC parecem restringir as decisões governamentais (também através das reações dos mercados financeiros) muito mais do que Washington e a NATO alguma vez ousaram fazer, mesmo nos anos mais sombrios da Guerra Fria.

No entanto, permanece o problema de como as nações individuais - e a política em geral - podem ser proativas no que diz respeito à crescente interdependência entre os sistemas económicos e a internacionalização da política. Neste sentido, é crucial a atenção dada às mudanças que estão a ocorrer em torno do Estado-nação, uma síntese política que caracterizou a história do nosso continente ao longo da era moderna. Deste ponto de vista, o modelo do Estado-nação só tem hipóteses de sobrevivência se o processo de globalização for tomado como critério da política nacional em todas as áreas. Consequentemente, os fundamentos da atual coexistência social e política (tolerância, direitos humanos, garantias sociais) devem ser rediscutidos para serem repropostos em coerência com a nova realidade global.

A nova condição do Estado-nação exige que redefinamos o conceito de cidadania, pelo menos para tentar reduzir as contradições entre a lógica do mercado e a lógica da democracia que parecem estar a crescer nos atuais cenários de globalização.

O território já não é o que delimita ao circunscrever: de facto, é cada vez mais difícil colocar os recursos económicos dentro de certos limites. Por outro lado, as instituições começam a funcionar cada vez menos de acordo com a velha lógica da política geral. Por fim, quase paradoxalmente, percebemos que quanto mais as dimensões económicas se expandem para abranger o sistema global, mais relevante se torna o que acontece no nosso território. Neste sentido, a política, que parece perder preeminência ao nível dos Estados nacionais, recupera visibilidade como instrumento de construção da cidade do homem a níveis mais descentralizados.

Com tudo isto, o Estado não deve morrer: deve antes ser redes envolvido, concentrando-se em algumas funções essenciais. O novo regionalismo, que é cada vez mais evidente a nível internacional, não deve emergir apenas como uma reação ao enfraquecimento do Estado moderno, mas antes como um sinal da linha ao longo da qual os círculos sociais de interesses e necessidades fazem exigências (por vezes contra a Estado, por vezes pedindo o seu apoio), uma organização e gestão do poder diferente, capaz de tornar as formas de convivência económico-social mais congruentes com as políticas. Nas novas e diferentes inter-relações entre as realidades locais e a dimensão global, o território adquire assim um novo valor e com ele a procura de instrumentos diferentes e mais eficazes para a política.

CONCLUSÕES

A globalização da economia e a internacionalização da política exigem mais políticas novas e menos políticas antigas. Não se pretende exaltar a novidade (nem tudo é novo), mas combater o negacionismo (não é verdade que não há nada de novo) ou mesmo apenas a atitude fatalista de quem espera que a noite passe.

Quais são então as intenções? Em geral, deve ser prosseguida a "governação global" (ou seja, uma função de governo global e democrático), baseada em controlos sobre o desempenho das multinacionais em termos de trabalho, comércio justo e proteção ambiental, parâmetros de risco e sigilo para bancos e finanças, de códigos éticos de conduta para os vários intervenientes e que permite assim a cooperação entre Estados democráticos e entre instituições transnacionais e subnacionais e torna possível e vantajosa a gestão cooperativa dos desafios que a globalização acarreta.

É portanto necessário verificar se existe uma possibilidade real de direitos de cidadania globais, programaticamente “desligados” do baluarte do Estado-nação e confiados a uma dimensão cada vez mais universal. Por outras palavras, devemos perguntar-nos se uma “cosmópolis” (que substitui ou apoia a comunidade nacional) pode garantir a eficácia dos conteúdos, especialmente os políticos e sociais. Uma democracia transnacional postula a existência de sujeitos políticos, de partidos aos quais os cidadãos globais podem aderir. Isto coloca, por um lado, o problema dos métodos necessários para participar nos assuntos internos dos diferentes países e, por outro, o da presença aqui de Estados fortes, capazes de fazer cumprir a legislação transnacional destinada a regular os mercados, tanto a nível nacional como internacional.

A relação entre o sistema político de um país democrático e o seu sistema económico não democrático tem representado um formidável desafio aos objetivos da democracia no século XX. O desafio continuará no século XXI. Cabe-nos a nós garantirmos que a era da globalização não marque o fim da era da liberdade.

Na busca da “governança”, a religião (aqui entendida como espiritualidade organizada) está destinada a desempenhar um papel importante. A sacralização da ciência aparentemente eliminou a necessidade de intermediários (religiosos) para se aproximarem da verdade. No entanto, no século XX, já vimos em primeira mão que a descoberta científica e a inovação tecnológica não produzem apenas mudanças milagrosas, mas também poluição, destruição e doenças sem precedentes. A razão, em outras palavras, nos levou com sucesso aonde nunca gostaríamos de ter chegado.

Surgem então novos tipos de ciência (citemos, para a disciplina econômica, a teoria do caos), fundadas na intuição pelo menos tanto quanto no raciocínio, na admissão dos cientistas de que só podemos rezar para compreender tudo o que ainda não sabemos, a emergência dos limites daquela burocracia piramidal e hierárquica que outrora parecia a forma perfeita de organizar a cooperação entre os homens.

Daqui nasce uma atitude básica, caracterizada por uma mistura criativa de pensamento racional e intuição, por uma tolerância (quase celebração) da diversidade, pela máxima sensibilidade para a proteção ambiental. Um pensamento que prefere organizações horizontais iguais a sistemas verticais de autoridade, a assunção consensual de decisões e que mostra uma nova abertura para levantar questões de sentido, ética, intuição e espiritualidade nos assuntos públicos.

A tecnologia da informação, a consciência ecológica, a tolerância étnica, racial e sexual, o novo interesse pela espiritualidade, as mudanças nos padrões de consumo (no que diz respeito à alimentação, ao trabalho e à mobilidade), indicam uma nova visão do mundo e o desejo de uma vida mais sustentável. Estas mudanças de valores já estão em curso nos países mais avançados (da América do Norte e do Norte da Europa), onde as pessoas estão a perder a confiança nas instituições hierárquicas e tendem a colocar a sustentabilidade ambiental à frente do crescimento económico. Por vezes, é o próprio processo de globalização que impulsiona, direta ou indiretamente, comportamentos que dizem respeito não apenas aos indivíduos e às famílias, mas também às empresas. Numa sociedade global, o conceito de proximidade vai muito além das fronteiras tradicionais. “Ser próximo” significa considerar como nosso qualquer acontecimento externo a nós. Cada inovação, conquista e catástrofe afeta o mundo inteiro e leva-nos a reorientar e reorganizar as nossas vidas e as nossas ações ao longo do eixo local-global.

Repensar com esforço inovador como interpretar este e outros desafios e direcionar as transformações necessárias é uma tarefa urgente da qual ninguém pode escapar. As idéias oferecidas aqui são apenas iniciais. Outros têm o fardo de variações maiores e melhores.

Fonte: http://www.30giorni.it/

Por que a festa da Santa Cruz é celebrada em 14 de setembro e não na Quaresma?

Myriams-Fotos | Pixabay CC

Por Philip Kosloski

Ela não se encaixaria melhor no contexto da Paixão? A data rememora vários eventos históricos ligados à Verdadeira Cruz de Cristo.

A Festa da Exaltação da Santa Cruz pode parecer “fora de lugar”, à primeira vista, no dia 14 de setembro, tão afastada do período da Quaresma e situada já perto do final do Tempo Comum.

Então por que 14 de setembro?

A festa remonta pelo menos ao século VII, embora provavelmente tenha sido celebrada desde antes desse período. Originalmente, era uma data que recordava dois eventos históricos diferentes, mas ambos ligados à Verdadeira Cruz de Jesus Cristo.

A descoberta da cruz por Santa Helena

Segundo diversos relatos populares, Santa Helena, a mãe do imperador Constantino, foi inspirada por Deus, no século IV, a viajar para a Terra Santa em busca da Verdadeira Cruz de Jesus Cristo. Depois de muito esforço, ela a descobriu devido ao seu caráter milagroso. Recorde no seguinte artigo como teria acontecido essa extraordinária identificação:

Acredita-se que Constantino tenha construído a basílica do Santo Sepulcro após a descoberta da Verdadeira Cruz. A igreja foi consagrada em 14 de setembro de 335.

Recuperação da cruz levada para a Pérsia

Por volta de 615, um rei persa capturou Jerusalém e levou consigo a relíquia da Verdadeira Cruz de Jesus Cristo que havia sido descoberta por Santa Helena. A relíquia permaneceu com os persas durante cerca de 14 anos, até que o imperador bizantino Heráclio derrotasse os seus exércitos. Heráclio encontrou a relíquia da cruz de Jesus ainda preservada e a devolveu a Jerusalém.

Uma festa separada foi então estabelecida para comemorar a descoberta da Verdadeira Cruz (3 de maio), ficando o dia 14 de setembro preservado para celebrar a recuperação da cruz das mãos dos persas.

Atualmente, o sentido da festa da Exaltação da Santa Cruz é essencialmente voltado à reflexão sobre a cruz de Jesus Cristo e o seu papel na história da salvação.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Os Mártires do Século XX (3/6)

Os Mártires do Século XX (Crédito: Cléofas)

Os Mártires do Século XX

 POR PROF. FELIPE AQUINO

O presente artigo considera o fato do martírio no século XX, paralelo ao dos primeiros séculos. A igreja quer reconhecer e homenagear os heróis da fé, que sofreram em campos do concentração, prisões e outras ocasiões, e dos quais alguns ainda vivem, merecendo toda a estima dos contemporâneos.

3.2. Algumas das vítimas

1) Cyprian Nika

Cyprian Nika era o padre Provincial dos Franciscanos da Albânia. Após algumas semanas de cárcere e torturas, foi levado à presença de oficiais do Estado para discutir sobre a existência de Deus. Disse-lhes: “Como ser humano pensante, creio que existe algo após esta breve existência na terra, em que o bem e o mal encontrarão a respectiva sanção. Algo que ultrapassa os limites da natureza humana, algo de sobre-humano, de sobrenatural, em que o mal e a injustiça não terão lugar”. Não lhe foi dado acabar o seu discurso, pois os seus interlocutores perderam a paciência e puseram-se a injuriá-lo. Um deles exclamou: “Meu deus é Enver Hoxha!”. O Religioso orou então: “Faça-se a tua vontade!”. Foi fuzilado pouco depois.

2) Daniel Dajani

Quando andava por uma das ruas da cidade de Shkodër com um dos seus seminaristas, o Pe. Daniel Dajani foi interpelado por agitadores, que o insultaram. Continuou a caminhar sem responder. Mas o jovem seminarista, perturbado, não conseguir recuperar a calma. O Pe. Daniel disse-lhe: “Caro Lazër, eles vieram com espingardas, mas foram embora com amor”. Finalmente o Pe. Daniel Foi preso e testemunhou diante dos seus juízes: “Desde a infância tenho fé e estou pronto a morrer para dar testemunho da minha fé”. Foi então executado juntamente com Mozafer Pipa, o jovem advogado muçulmano que o defendera.

3) Ded Macaj

Este jovem sacerdote de 28 anos foi condenado à morte após um processo simulado. Declarou diante do pelotão que o executou: “Perante Deus, em cuja presença vou comparecer em breve, e perante vocês, caros soldados, declaro que sou assassinado tão somente por causa do ódio à Igreja Católica. E eu o digo sem amargura nem ódio para com aqueles que me vão fuzilar”.

4) Mikel Betoja

Este jovem sacerdote clandestino foi depreendido a celebrar a Missa às ocultas numa aldeia. Foi logo condenado a quinze anos de campo de concentração por motivo de “agitação e propaganda”. Professou então sua fé em público. Em consequência a sua sentença foi logo trocada pela de condenação à morte. Executaram-no aos 10/02/74.

5) Ded Malaj

O jovem vigário de Dajç foi fuzilado às margens do lago de Shkodër por Ter continuado a exercer o seu ministério. Os fiéis que o defenderam, foram mandados para campos de concentração. Acontece, porém, que trinta anos depois a aldeia continua fiel à sua fé católica.

6) Leonardo Shajakaj

Sacerdote de 76 anos de idade, recusou dizer o que ouvira em confissão. Foi executado por causa deste “crime” em 1964.

7) Mons. Gjergj Volsj

Fora o mais jovem Bispo do Mundo. Recusou-se a romper com Roma. Foi então preso e torturado durante meses. Na véspera de ser executado, recebeu a visita de sua mãe, que chorou. Mas o filho lhe disse: “Mãe, não chores por causa do teu filho; antes, chora por todo o povo”.

4. O Recenseamento

O Santo Padre João Paulo II nomeou uma Comissão destinada a recensear e conservar a memória dos mártires do século XX. A tal Comissão foi confiada uma tríplice tarefa:

– elaborar um catálogo dos mártires do século XX;

– preparar a comemoração desses mártires (marcada para 7/05/2000);

– aprofundar a contribuição espiritual que trouxeram à Igreja.

Já mais de dez mil relatos de martírio ocorrido nos diversos continentes chegaram a Roma, alguns redigidos em duas linhas, outros em centenas de páginas; chegaram em cerca de dez línguas diferentes, que é preciso traduzir para o italiano e passar para o computador num programa especial de informática. 45% desses relatos vêm de Conferências Episcopais e 40% de Congregações ou Ordens Religiosas.

Coloca-se uma questão nova a propósito do conceito de mártir: será mártir somente quem morre por ódio à fé ou pode ser tido como mártir aquele que passou anos em cárcere ou em campo de concentração, tendo sofrido cruéis tormentos, mas foi posto em liberdade ainda vivo? Houve, na realidade, Bispos, como Mons. Velychkovskyj na Ucrânia e Mons. Fishta na Albânia, que foram libertados da prisão quando estavam gravemente enfermos por causa das torturas e dos maus tratos e morreram pouco depois; podem ser equiparados aos mártires no sentido clássico?

As respostas enviadas aos questionários emitidos pela Comissão foram assaz diversas. Em setembro de 1998, a Igreja da Espanha tinha mandado 2075 relatórios; a da França, dez. Depois a França enviou mais cinquenta relatórios e a Espanha mais 2000 novos relatórios; a Coréia, 200; a Polônia, 900. Quanto aos países dominados por governo anticatólico (Vietnam, China, Sudão…), têm-se manifestado timidamente – o que bem se entende, dado o controle das autoridades civis.

É de notar ainda que em Jerusalém existe o Instituto Yad-Vashem, fundado em 1953 para recensear os nomes de pessoas não israelitas que ajudaram ou salvaram judeus perseguidos, com risco para a sua própria vida; esses beneméritos recebem o título de “Justos das Nações”, que “amaram o próximo como a si mesmos”. Na Europa 12000 justos foram assim reconhecidos e muitos ainda ficam no anonimato. A justificativa apresentada para a exaltação desses nomes é que “todo aquele que salva uma vida salva o universo todo inteiro”.

D. Estevão Bettencourt, osb
Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
Nº 456, Ano 2000, Pág. 194.

Fonte: https://cleofas.com.br/

Médicos alertam contra efeitos nocivos da ideologia de gênero

Shutterstock | Altered by Aleteia

Por John Burger

A disforia de gênero é um transtorno psiquiátrico a ser tratado por especialistas em saúde mental em parceria com pais amorosos, afirma o grupo médico.

Embora um princípio basilar da medicina oriente os médicos a “antes de tudo, não fazer o mal”, uma forma controversa de tratar a disforia de gênero está causando grandes males mundo afora, acusa uma organização norte-americana de médicos em novo relatório.

Na declaração “A Ideologia de Gênero Prejudica as Crianças”, a Associação de Médicos Católicos (CMA, pela sigla em inglês) afirma:

“O movimento de redesignação sexual é uma vasta e não regulamentada experiência que se baseia em estudos com elevada taxa de desistência, em estudos de controle não randomizados e em nenhum estudo de longo prazo após os primeiros cinco anos de intervenções estruturalmente e/ou funcionalmente mutilantes e de consequências de longo prazo e irreversíveis”.

Os pais e responsáveis ​​devem demonstrar amor incondicional se uma criança se declara “transgênero” ou pede “afirmação”, diz a associação, mas essa “afirmação” não deve ultrapassar os limites da natureza da criança como menino ou menina:

“Os pais e tutores devem ser livres para determinar a melhor forma de enfrentar este desafio com amor, por meio de um consentimento informado que não seja obstruído por políticas que neguem esse direito. O melhor é dialogar e permitir que a criança relate a sua percepção. Ao mesmo tempo, os pais devem informar gentilmente à criança os dados científicos corretos”.

Dados científicos

A CMA expõe esses dados científicos no relatório, publicado em 8 de setembro. Ela cita o American College of Pediatricians ao distinguir entre “gênero”, termo que se refere às características psicológicas e culturais associadas ao sexo biológico, e “sexo”, termo biológico que indica a masculinidade e a feminilidade. Gênero é um conceito psicológico, diz a CMA: “Identidade de gênero se refere à consciência que um indivíduo tem de ser homem ou mulher, referida como o ‘gênero vivenciado’ de um indivíduo”.

A disforia de gênero é a condição psicológica em que o indivíduo sente uma incongruência entre o gênero vivenciado e o sexo biológico, afirma a CMA. Esta condição está associada a vários níveis de ansiedade e infelicidade.

O entendimento tradicional da disforia de gênero infantil era o de que ela refletia um pensamento confuso por parte da criança”, prossegue a declaração. “A abordagem padrão era a espera vigilante dos pais com o acompanhamento de um especialista em saúde mental. Os objetivos da terapia eram abordar a patologia familiar quando presente, tratar quaisquer comorbidades psicossociais na criança e ajudar a criança a alinhar a identidade de gênero com o sexo biológico

Uma indústria

Mas já não é esta a abordagem padrão, registra a CMA – e uma verdadeira indústria de tratamentos de “afirmação” da disforia de gênero surgiu nos últimos anos.

Segundo o relatório da CMA, “o assim chamado ‘tratamento’ para a disforia de gênero nos EUA inclui a afirmação da confusão da criança, o bloqueio químico da puberdade, a alteração dos hormônios sexuais pelo resto da vida (testosterona para as meninas e estrogênio para os meninos) e cirurgias mutilantes”.

A associação continua:

“O protocolo consiste em afirmar a confusão da criança por meio da mudança de nome e facilitar a personificação do sexo oposto já aos 3-4 anos de idade. Em seguida, a puberdade é suprimida com análogos do GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas) aos 10-11 anos de idade. Os hormônios bloqueadores da puberdade ‘interrompem o crescimento ósseo, diminuem a densidade óssea, impedem no adolescente a organização e o amadurecimento cerebral dependente de esteróides sexuais e inibem a fertilidade’ (American College of Pediatricians, 2018).

(…) A alteração dos hormônios sexuais está associada a riscos perigosos para a saúde. A administração de estrogênio para meninos lhes traz o risco de desenvolver tromboembolismo, lipídios elevados, hipertensão, diminuição da tolerância à glicose, doenças cardiovasculares, obesidade e câncer de mama. As meninas que recebem altas doses de testosterona correm o risco de desenvolver lipídios elevados, resistência à insulina, doenças cardiovasculares, obesidade, policitemia e efeitos desconhecidos nos tecidos mamários, endometriais e ovarianos (American College of Pediatricians, 2018)”.

Se as crianças forem ainda além nos “cuidados de afirmação de gênero”, poderão ser submetidas a cirurgias mutiladoras, conforme continua a CMA:

“As cirurgias mutilantes para meninas incluem mastectomia bilateral, histerectomia e remoção dos ovários. Meninas de 14 anos chegaram a sofrer a remoção de seios completamente saudáveis (Rowe, 2016). Elas também podem ser submetidas à remoção da pele de outra parte do corpo para fixação na pélvis a fim de simular um pênis. A cirurgia genital para homens inclui a remoção dos testículos e a dissecção do pênis, bem como a sua inversão numa ferida pélvica (American Society of Plastic Surgeons)”.

Há frequentes alegações de que as crianças com disforia de gênero cometerão suicídio se não se sentirem “afirmadas” na sua decisão de transição de gênero, mas a CMA afirma que estas alegações não contam com embasamento científico.

A CMA afirma:

“É essencial que o tratamento concomitante seja ministrado por um especialista em saúde mental que aborde o transtorno mental da criança de acordo com a correta compreensão da natureza da pessoa humana. Os pais devem unir-se e trabalhar juntos para defender tratamentos apropriados e eficazes que afirmem verdades sobre a integridade da pessoa humana como uma unidade sagrada de corpo e alma”.

 Fonte: https://pt.aleteia.org/

Nota da CNBB sobre a ADPF 442 - Vida: direito inviolável

Nota da CNBB sobre a ADPF 442 (cnbb)

CNBB SOBRE A TRAMITAÇÃO DA ADPF 442: “JAMAIS ACEITAREMOS QUAISQUER INICIATIVAS QUE PRETENDAM APOIAR E PROMOVER O ABORTO”

A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), divulgou uma nota, nesta quinta-feira, 14 de setembro, sobre o pedido de inclusão em pauta da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442 no Supremo Tribunal Federal (STF). A ação pleiteia a possibilidade de descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação. No texto, os bispos reafirmam o posicionamento contrário ao pedido feito na ADPF: “jamais aceitaremos quaisquer iniciativas que pretendam apoiar e promover o aborto”.

“Jamais um direito pode ser exigido às custas de outro ser humano, mesmo estando apenas em formação. O fundamento dos direitos humanos é que o ser humano nunca seja tomado como meio, mas sempre como fim”, reforçam os bispos. Na nota, também recordam a posição “em defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural”.

Outro destaque é o entendimento que os pedidos da ADPF 442 “foram conduzidos como pauta antidemocrática pois, atropelando o Congresso Nacional, exigem do Supremo Tribunal Federal (STF) uma função que não lhe cabe, que é legislar diante de uma suposta e inexistente omissão do Congresso Nacional”. A Presidência da CNBB salienta que “se até hoje o aborto não foi aprovado como querem os autores da ADPF não é por omissão do Parlamento, senão por absoluta ausência de interesse do Povo Brasileiro, de quem todo poder emana, conforme parágrafo único do art. 1º da Constituição Federal”.

Confira a nota na íntegra:

NOTA DA CNBB
VIDA: DIREITO INVIOLÁVEL

“Propus a vida e a morte; escolhe, pois a vida” (Dt 30,19).

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio de sua Presidência, reafirma sua posição em favor da vida desde a concepção.

Diante do pedido de inclusão em pauta da ADPF 442 (2017), no Supremo Tribunal Federal (STF), que pleiteia a possibilidade de aborto legal até a 12ª semana de gestação, reafirmamos que “o aborto constitui a eliminação de uma vida humana, trata-se, pois, de uma ação intrinsecamente má e, portanto, não pode ser legitimada como um bem ou um direito” (Vida: Dom e Compromisso II: fé cristã e aborto, Edições CNBB, 2021, n.96).

Jamais um direito pode ser exigido às custas de outro ser humano, mesmo estando apenas em formação. O fundamento dos direitos humanos é que o ser humano nunca seja tomado como meio, mas sempre como fim. “Ninguém nunca poderá reivindicar o direito de escolher o que mais convém por meio de uma ação direta que elimine uma vida humana, pois nenhuma pessoa tem o direito de escolha sobre a vida dos outros” (Vida: Dom e Compromisso II, n. 97).

“A decisão deliberada de privar um ser humano inocente da sua vida é sempre má, do ponto de vista moral, e nunca pode ser lícita nem como fim, nem como meio para um fim bom” (Evangelium Vitae, n. 57).

Como já nos manifestamos em 2017, por meio de Nota “Pela vida, contra o aborto”, reiteramos nossa posição em defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural. Entendemos que os pedidos da ADPF 442 foram conduzidos como pauta antidemocrática pois, atropelando o Congresso Nacional, exigem do Supremo Tribunal Federal (STF) uma função que não lhe cabe, que é legislar diante de uma suposta e inexistente omissão do Congresso Nacional, pois se até hoje o aborto não foi aprovado como querem os autores da ADPF não é por omissão do Parlamento, senão por absoluta ausência de interesse do Povo Brasileiro, de quem todo poder emana, conforme parágrafo único do art. 1º da Constituição Federal.

De qualquer forma, jamais aceitaremos quaisquer iniciativas que pretendam apoiar e promover o aborto.

Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, ajude-nos na missão de escolher a vida, como dom de Deus e compromisso de toda humanidade.

Brasília- DF, 13 de setembro de 2023

Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre – RS
Presidente da CNBB

Dom João Justino de Medeiros da Silva
Arcebispo de Goiânia – GO
1º Vice- Presidente da CNBB

Dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa
Arcebispo de Olinda e Recife – PE
2º Vice-Presidente da CNBB

Dom Ricardo Hoepers
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Brasília – DF
Secretário-Geral da CNBB

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Santo Alberto, Patriarca de Jerusalém

Santo Alberto (A12)

14 de setembro

Santo Alberto, Patriarca de Jerusalém

Alberto Avogadro nasceu na Itália por volta do ano 1149, serviu como Patriarca Latino de Jerusalém de 1204 a 1214. Ele teve um papel importante na defesa da Terra Santa para manter a presença cristã em Jerusalém. É conhecido por ter escrito a regra de vida dos carmelitas.

Entrou para os cônegos da Santa Cruz de Mortara, chegando a ser prior-geral da Congregação em 1180. Foi ordenado bispo de Bobbio em 1184 e de Vercelli em 1191. Era muito querido e estimado por todos e já tinha fama de santidade pelo dom que tinha de estabelecer a paz entre os que estavam em desavenças.

Quando o Patriarca de Jerusalém morreu, os bispos, príncipes e o povo, foram unânimes em escolher Santo Alberto como bispo de Jerusalém. O Papa Inocêncio III teve que insistir muito para que aceitasse este cargo. O argumento usado pelo papa foi definitivo: a Palestina sofria uma pressão fortíssima por parte dos muçulmanos e era preciso ter entre os católicos alguém com carisma e disciplina de "mão forte", pois havia o risco do desaparecimento do cristianismo naquela região.

Embarcou para a Terra Santa no ano 1205. Assim que chegou à Terra Santa, fez sua morada na vertente do Monte Carmelo. Em pouco tempo ele conseguiu reconduzir o povo para a fé, ganhando o respeito tanto dos cristãos como dos árabes muçulmanos.

Durante o período em que foi patriarca de Jerusalém reuniu todos os eremitas do Monte Carmelo, redigindo ele mesmo as Regras para a comunidade. Brocardo, então prior dos carmelitas, pediu ao Patriarca Alberto que lhes desse uma norma de vida. Santo Alberto a escreveu, tornando-se assim no Legislador da Ordem do Carmo. Por isso, e apesar de não ter sido carmelita, a Ordem do Carmo o representa nas suas imagens vestido de carmelita e com a Regra na mão.

Morreu em 14 de setembro de 1214, assassinado pelo administrador do Hospital do Espírito Santo, ao qual ele havia primeiro advertido e depois afastado de suas funções, por suas crueldades. Santo Alberto conduzia uma procissão, e foi morto na frente de todos.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Santo Alberto em sua magnitude era admirado por todos. Em toda sua trajetória mostrou-se sábio, corajoso e coerente em seus princípios e virtudes. Sua fé em Cristo o ajudou a tomar decisões nas horas difíceis mesmo sabendo que poderia se prejudicar. O verdadeiro cristão sabe entregar a sua vida nas mãos de Deus e fazer a sua parte na construção de uma sociedade mais justa e fraterna.

Oração:

Ó Deus, que por intermédio de Santo Alberto nos destes uma forma de vida evangélica, para conseguirmos de modo perfeito a caridade, concedei-nos que, por sua intercessão, vivamos consagrados a Jesus Cristo e sejamos fiéis em servi-lo até a morte. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!

Fonte: https://www.a12.com/

quarta-feira, 13 de setembro de 2023

É proibido envelhecer: se você está velho, a culpa é sua!

Ekaterina Shakharova (Unsplash)

Por Miriam Goldenberg - Antropóloga e professora da UFRJ.

13.set.2023

É proibido envelhecer: se você está velho, a culpa é sua!

Há duas semanas, quebrei um pedaço do dente molar. "Nossa", pensei, "estou ficando velha!". Meus dentes não aguentam mais mastigar as mesmas coisas que sempre comi, como castanhas-do-pará. Por que fui tão burra de mastigar uma coisa tão dura? Que raiva de mim mesma. A culpa é minha!

Fui à dentista. Ela disse que, provavelmente, o molar quebrou porque tenho bruxismo, estou apertando muito os dentes durante a noite. E me aconselhou: "Mirian, seus dentes pioraram muito. Por que você não se aposenta? Você não precisa mais trabalhar tanto assim. O desgaste dos dentes é reflexo da sua tensão, ansiedade e preocupação com o trabalho. Você precisa se divertir mais, viajar com o marido, sair com as amigas, aprender a não fazer nada". Em resumo: como o meu maior prazer é trabalhar, vou acabar ficando uma velha desdentada. E a culpa é minha!

Depois de ficar mais de duas horas com a boca aberta na dentista, tive 38,7 graus de febre, dor de garganta, tosse, espirros, nariz entupido, noites sem dormir e estou até hoje sem paladar e olfato. Poxa, sempre uso máscara em locais fechados e tomei todas as doses da vacina para Covid e gripe. Só tirei a máscara para ir à dentista. Quem mandou comer castanha-do-pará? A culpa é minha!

Para piorar ainda mais a situação, na semana anterior havia ido à ginecologista. Levei uma bronca porque a minha osteoporose, que já era grave para a minha idade, piorou nos últimos três anos. Segundo ela, eu não poderia ter parado de tomar a injeção para osteoporose. "Não pode parar!", ela me repreendeu, "quando para de tomar a injeção dá efeito rebote. Você não sabe que o risco de fraturar o fêmur é muito perigoso na sua idade?". Mas, então, por que ela nunca me avisou que eu não poderia parar de tomar a injeção caríssima? Por que ela nunca me falou do tal efeito rebote? Não interessa se ela foi relapsa, lógico que a culpa é minha!

O pior de tudo não foi a febre, a tosse, a dor de garganta, a insônia, a osteoporose, o dente quebrado e o dinheiro que gastei com médicos, dentistas, exames e remédios. O pior foi levar broncas de profissionais que me disseram que estou fazendo tudo errado, que não estou sabendo me cuidar do "jeito certo" para a minha idade. Afinal, ficar velha é culpa minha!

Na minha pesquisa sobre envelhecimento e felicidade, quando perguntei às mulheres "Quem vai cuidar de você na velhice?", elas responderam categoricamente: "Eu mesma". E, em seguida, "minhas amigas".

Já os homens responderam: "Minha esposa", "minhas filhas" e "minhas netas".

São as mulheres que cuidam. Elas cuidam de todos da família e reclamam que não sobra tempo para cuidar de si. As mulheres da chamada "geração sanduíche" sentem-se sufocadas por obrigações e responsabilidades de cuidar dos pais idosos, dos cônjuges, dos filhos e netos. Algumas cuidam até mesmo dos ex-maridos que ficaram doentes, apesar de estarem separadas há muitos anos. Um dos casos mais emocionantes que pesquisei foi o de uma escritora de 98 anos que me disse que não poderia morrer nunca, pois precisava cuidar do filho de 72 anos que teve um AVC e um infarto.

Quando eu era bem mais jovem, minhas amigas me questionavam: "Quem vai cuidar de você na velhice? Como vai ser sua velhice se você decidiu não ter filhos?". Eu respondia: "Quem vai cuidar de mim na velhice? Eu mesma!".

Hoje, quando me fazem a mesma pergunta, não sei como responder. Primeiro, porque já estou me sentindo uma velha decrépita e descartável. Segundo, porque, apesar de tantos anos de pesquisas, parece que não estou sabendo como cuidar de mim do "jeito certo". E, pior ainda, a culpa é minha!

É preciso ter muita coragem para envelhecer em um país que trata os mais velhos como inúteis, ignorantes, teimosos, difíceis, ridículos, invisíveis, decrépitos e descartáveis. Ficar velho, no Brasil, é uma espécie de "morte simbólica".

Há mais de três décadas eu venho repetindo como um mantra: "O jovem de hoje é o velho de amanhã". Parafraseando Guimarães Rosa, o que a vida quer é ver a gente aprendendo a se cuidar no meio da juventude, e se cuidar ainda mais no meio da velhice. O que a vida quer da gente é coragem.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/

“Dia após dia, eu te bendirei e louvarei o teu nome pelos séculos dos séculos.”


Palavra de Vida de Setembro/2023 (Revista Cidade Nova)

“Dia após dia, eu te bendirei e louvarei o teu nome pelos séculos dos séculos.” (Sl 145[144],2) | Palavra de Vida Setembro de 2023

por Organizado por Augusto Parody Reyes com a comissão da Palavra de Vida   publicado em 28/08/2023

NESTE mês, a palavra da Sagrada Escritura proposta para nos ajudar na caminhada é uma oração. É um versículo retirado do Salmo 145. Os salmos são composições que refletem a experiência religiosa, individual e coletiva do povo de Israel em seu percurso histórico e nos diversos acontecimentos da sua existência. A oração transformada em poesia sobe ao Senhor como lamento, súplica, agradecimento e louvor. Neste leque, está toda a variedade de sentimentos e atitudes com que o homem expressa sua vida e sua relação com o Deus vivo. 

O tema central do Salmo 145 é a realeza de Deus. O salmista, com base na sua experiência pessoal, exalta a grandeza de Deus: “Grande é o Senhor e digno de todo louvor” (v. 3); engrandece a sua bondade e a universalidade do seu amor: “O Senhor é bom para com todos, compassivo com todas as suas criaturas” (v. 9); reconhece a sua fidelidade: “Fiel é o Senhor em suas palavras” (v. 13b); chega a envolver todo ser vivo em um canto cósmico: “Todo ser vivo bendiga o seu nome santo, eternamente e para sempre” (v. 21).

“Dia após dia, eu te bendirei e louvarei o teu nome pelos séculos dos séculos.” 

O homem moderno, porém, às vezes se sente desnorteado, com a impressão de estar abandonado a si mesmo. Ele teme que os acontecimentos de seus dias sejam dominados pelo acaso, numa sucessão de fatos sem sentido e sem um objetivo.

Esse salmo é portador de um anúncio de esperança tranquilizador: “Deus é Criador do céu e da terra, é guarda fiel do pacto que o liga ao seu povo, é Aquele que age com justiça em relação aos oprimidos, dá o pão que sustém os famintos e liberta os prisioneiros. É Ele que abre os olhos aos cegos, ergue o que caiu, ama os justos, protege o estrangeiro e ajuda o órfão e a viúva” […]1.

“Dia após dia, eu te bendirei e louvarei o teu nome pelos séculos dos séculos.” 

Essa frase nos convida, sobretudo, a cuidar da nossa relação pessoal com Deus, acolhendo sem reservas o seu amor e a sua misericórdia e, diante do mistério, colocando-nos em escuta da sua voz. Nisso consiste o fundamento de toda oração. Mas, uma vez que esse amor nunca está separado do amor ao próximo, quando imitamos a Deus Pai amando concretamente cada irmão e irmã, especialmente os menores, os descartados, os mais solitários, passamos a perceber no dia a dia a presença Dele na nossa vida. Chiara Lubich, quando foi convidada a doar sua experiência cristã em uma assembleia de budistas, resumiu-a assim: “[…] O coração da minha experiência está todo aqui: quanto mais se ama o homem, mais se encontra Deus. Quanto mais se encontra Deus, mais se ama o homem2”.

“Dia após dia, eu te bendirei e louvarei o teu nome pelos séculos dos séculos.”  

Mas também existe outra maneira de encontrá-lo. Nas últimas décadas, a humanidade adquiriu uma nova consciência sobre o problema ecológico. Os principais animadores dessa mudança são os jovens, que propõem um estilo de vida mais sóbrio, fruto de uma revisão dos modelos de desenvolvimento; que exigem um compromisso com o direito de todos os habitantes do planeta à água, ao alimento, ao ar puro; que reivindicam pesquisas de fontes alternativas de energia. Dessa forma, o ser humano pode não só recuperar a relação com a natureza, mas também louvar a Deus ao descobrir com espanto e admiração a sua ternura com toda a Criação.

É a experiência de M. Venant, do Burundi, que, quando criança, acordava com o canto dos passarinhos antes do raiar do sol e caminhava quilômetros e mais quilômetros pela floresta para ir à escola. Ele se sentia em plena sintonia com as árvores, os animais, os riachos, as colinas e com seus companheiros. Sentia a natureza próxima, ou melhor, sentia-se parte viva de um ecossistema no qual as criaturas e o Criador estavam em total harmonia. Essa consciência tornava-se um louvor, não só de um momento, mas realmente do dia inteiro. 

PODERÍAMOS NOS PERGUNTAR: E NAS NOSSAS CIDADES?

“Em nossas metrópoles de concreto, construídas pela mão do homem em meio ao barulho do mundo, a natureza raramente foi preservada. Mesmo assim, se quisermos, basta uma nesga de céu azul vislumbrada entre os topos dos arranha-céus para nos lembrar de Deus; basta um raio de sol, que não deixa de penetrar nem mesmo entre as grades de uma prisão; basta uma flor, uma campina, um rosto de criança […]3”.

Organizado por Augusto Parody Reyes com a comissão da Palavra de Vida.

1) João Paulo II. Audiência Geral. Comentário ao Salmo 145, 2 de julho de 2003.

2) VANDELEENE, M. Io, il fratello, Dio nel pensiero di Chiara Lubich. Roma: Città Nuova, 1999, p. 252.

3) LUBICH, Chiara. Conversazioni. In: Collegamento telefonico. Organizado por Michel Vandeleene. Coleção Opere di Chiara Lubich 8.1. Roma: Città Nuova, 2019, p. 340.

Fonte: https://www.cidadenova.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF