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segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Santa Sofia e o caos na Turquia: basílica e terremoto históricos

Caos na Turquia (Guadium Press)

Onde se localizou, de fato, o epicentro do terremoto da Turquia? Recentemente, no dia 30 de janeiro, Erdogán, presidente turco, exaltava um “Segundo Conquistador” com palavras um tanto ameaçadoras e polêmicas.

Redação (17/02/2023 11:46, Gaudium Press) É realmente uma tristeza a situação pela qual estão passando a Turquia e a Síria, após o terrível terremoto do dia 6 deste mês.

Segundo especialistas, o que se deu, na verdade, foi um doblete: um terremoto de tamanho similar que ocorre em lugar e tempo similares. O primeiro sismo, de magnitude 7.8, ocorreu às 4:17 em horário local, e o segundo se deu quase nove horas depois, com magnitude 7.7. Os dobletes não são tão inusuais, mas este parece sem precedentes, sobretudo pelas inúmeras réplicas de tremores – mais de trinta no mesmo dia – e por ter sido acompanhado de chuvas intensas e importantes nevadas em algumas zonas do país: uma forte borrasca invernal.

Por enquanto, há mais de 40.000 mortos e 82.000 pessoas feridas, sendo a Turquia o país mais atingido. Segundo relatou o bispo de Alepo, Mons. Antoine Audo, “a situação é apocalíptica”.

Isto nos faz lembrar um grande tremor de terra que houve na Antioquia, no ano de 528, durante o qual os cristãos escreviam frases como estas nas paredes das casas: “Iesus nobiscum et nemo loco moveatur” e “Christus nobiscum, state”.[1]

É muito oportuno rezarmos pelas vítimas do recente terremoto, mas confiemos: como tudo o que acontece conosco, certamente há um desígnio de Deus por trás de tanto sofrimento.

Santa Sofia, maravilhoso templo

Há dois outros fatos ocorridos também na Turquia, que merecem nossa atenção.

No dia 24 de julho de 2020, por desejo expresso de Erdogán, presidente da Turquia, a célebre e histórica Basílica de Santa Sofia, por muito tempo pertencente aos cristãos, foi reconvertida em mesquita, o que foi visto por muitos – inclusive pelo papa – como uma discriminação aos cristãos da Turquia.

Recentemente, no dia 30 de janeiro deste ano, em um evento que se deu na capital da Turquia, o presidente turco exaltava um suposto “novo conquistador” com palavras que recendiam, ao menos na aparência, uma não pequena antipatia ao tão cordato povo cristão.

Erdogán jubilava-se ao celebrar o fato ocorrido a 24 de julho de 2020. Eis alguns de seus dizeres:

“Santa Sofia, maravilhoso templo! Não te preocupes, os netos de Mahoma, o Conquistador, derrubarão todos os ídolos e voltarão a converter-te em uma mesquita […]; isto acontecerá, os dias estão próximos, talvez mais perto do que amanhã […], somos dignos de alcançar este amanhã. Escutaste o poema e disse que se abriria. Santa Sofia… Está aberta Santa Sofia? Deus nos fez dignos […]”.

Ora, quem fala de “conquistador”, fala de conquista; quem fala de conquista, fala de guerra; quem fala de guerra, fala de inimigos.

Ora, a quem Erdogán e os turcos consideram como inimigos? Aos que, outrora, guardaram com tanto carinho Santa Sofia, santificaram-na com suas orações, ornamentaram-na com piedosas imagens? Não sabemos. Mas se a resposta for afirmativa, podemos nos perguntar se o epicentro do terremoto da semana passada foi mesmo perto de Gaziantep, como afirmam os geólogos, ou se teve lugar, antes, na referida basílica.

Quem o saberá? Somente Deus. Mas o amanhã, de que falou Erdogán, talvez no-lo venha a revelar.

Por Horácio Cruz


[1] Do latim: “Jesus está conosco: ninguém se moverá” e “Cristo está conosco, ficai parados”. Cf. REZENDE, Arthur. Dicionários Garnier: Frases e curiosidades latinas. Belo Horizonte: Garnier, 2001, v. 4, p. 347.

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Fascínio e religiosidade na obra de Tolkien

Shutterstock

Tolkien não escrevia com um interesse catequético ou apologético – e isso traz um sabor especial à religiosidade, profundamente cristã, de sua obra. Entenda:

Os Valar (anjos) esperavam há muito pelo encontro com os Primogênitos que Ilúvatar (Deus) havia lhes prometido criar no mundo. E aconteceu que um desses Valar, se afastando de seus lugares de caça, como que por acaso encontrou aqueles a quem tanto esperava. E, os vendo, encheu-se de admiração, como se eles fossem inesperados, maravilhosos e imprevistos… Porque assim é como as coisas de Deus: parecem novas e surpreendentes, ainda que as esperássemos desde sempre.

Essa narrativa, imaginada por J.R.R. Tolkien, em seu O Silmarillion (Harper Collins Brasil, 2019), diz muito não só sobre a sua obra, mas também sobre o coração de seus leitores. Seu estilo, a literatura de fantasia, se tornou um sucesso mundial cada vez maior porque nos fala de alguma coisa pela qual esperamos ardentemente, ainda que nos pareça surpreendente quando encontramos. Nosso coração insiste em reconhecer que algo subsiste para além da aparência material do mundo, um mistério – ou melhor, um Mistério, com letra maiúscula – nos acompanha em nosso perambular cotidiano. Esperamos o tempo todo que algo venha nos resgatar da mesmice de sempre, dos esforços e sofrimentos sem sentido, dos prazeres vazios que parecem se esvair em nada. Tolkien, de forma magistral, escreveu sobre esse algo. Sua Terra Média, ambientação de O Senhor do Anéis, realmente não existe ou existiu em qualquer território material, nesse planeta ou em outro, mas está sempre presente, ainda que sem as personagens e figuras emblemáticas imaginadas por Tolkien, no coração de cada ser humano.

Superando um velho preconceito e descortinando novos horizontes

Já houve um tempo em que a literatura de fantasia foi condenada, por muitos cristãos, como um chamado ao paganismo, convite a práticas esotéricas e crenças contrárias à fé. Era um contexto no qual, infelizmente, o formalismo se sobrepunha ao espírito. Imaginava-se que tudo que não se encaixasse dentro de um discurso católico rígido representa uma negação e uma fuga dos princípios cristãos. A própria especificidade de cada obra era perdida (um livro escrito para entretenimento não é um tratado de filosofia), o medo da influência de discursos subliminares embotava o discernimento e não permitia distinguir o que é verdadeiramente contrário à fé daquilo que até afirma a fé…

Com isso, muitos cristãos perdiam a chance de se fascinar com obras que, com outras linguagens, poderiam ajudá-los a compreender melhor a própria experiência religiosa. Além disso, se perdia uma importante oportunidade de um diálogo evangelizador, aos moldes daquele proposto por São Paulo, dirigindo-se aos atenienses, ao referir-se ao Deus Desconhecido, que adoravam sem conhecer (At 17, 23).

Nesse sentido, podemos compreender e valorizar o fascínio que Tolkien exerce entre movimentos que vão dos hippies, com suas propostas de contracultura na década de 1960, aos atuais geeks, apaixonados pelo mundo virtual e pelas fantasias veiculadas online. O mundo de O Senhor dos Anéis é uma ponte para que pessoas muito diferentes possam falar e se entender sobre “as coisas e as histórias que realmente importam”, parafraseando uma frase de Sam Gamgee no filme de Peter Jackson.

Uma grande história sobre os humildes que herdarão a Terra

Tolkien não escrevia com um interesse catequético ou apologético – e isso traz um sabor especial à religiosidade, profundamente cristã, de sua obra. Essa religiosidade não é um projeto intelectual, mas um diálogo que nasce espontaneamente entre o coração e a imaginação do autor. Nesse sentido, não se pode negar que algumas aproximações entre a narrativa tolkieniana e as tradições e elementos da tradição cristã podem ser um pouco (ou muito) forçadas, mas outras são até difíceis de não se considerar.

Para se entrar verdadeiramente no espírito de O Senhor dos Anéis, é fundamental a leitura de O Silmarillion, conjunto de contos nos quais Tolkien narra a história de sua Terra Média, desde o surgimento de todas as coisas, por vontade de Deus, até os eventos descritos na Trilogia filmada por Peter Jackson. Com esse pano de fundo, se percebe que a obra tolkieniana nos fala dos perigos da vaidade e da arrogância; de como os poderosos, vítimas de suas próprias ambições e prepotências, se perdem e são contaminados e vencidos pelo Mal. Trata-se de uma grande elegia aos pequenos e aos fracos, uma declaração de confiança numa salvação final que não virá da força ou do poder, mas sim do amor e do dom de si.

Dificilmente, numa história de aventuras, se encontrará um herói mais “cristico” que Frodo Baggins. O pequeno hobbit também nasce numa terra esquecida pelos registros históricos dos poderosos, realiza sua missão não por ser forte e poderoso, mas sim por ser puro e humilde, pronto para sacrificar-se pelo bem do mundo. Seu trajeto até a Montanha da Perdição, onde destruirá definitivamente o Anel – eliminando a possibilidade do mal vencer no mundo – se aproxima de certa forma à subida de Jesus a Jerusalém e ao Gólgota, onde Ele salvará a humanidade. De modo similar, Sam Gamgee, seu fiel colaborador, não é outro que não o santo, ser humano fraco e confuso, até cômico em suas limitações, que não encontra outra razão de ser que não aquela de olhar, apoiar e carregar no mundo o seu senhor.

Tolkien e o senso religioso

Mas, não é demais repetir, esses e muitos outros paralelos entre o cristianismo e a obra de Tolkien se tornam forçados – e até caricaturais – se entendidos como um projeto intelectual. São consequências naturais de um modo de ver o mundo. A fé é um modo de olhar o mundo, percebendo a Transcendência que se oculta em cada detalhe da realidade. Esse olhar impregnou a imaginação de Tolkien e se refletiu em suas obras – e nos impacta, mesmo quando não nos damos conta de sua origem, pela profunda correspondência com as exigências mais profundas de nosso coração.

Por conta dessas implicações da obra de Tolkien, o Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP, com o apoio da revista Passos, do movimento Comunhão e Libertação, promove o Encontro “Tolkien: vida, obras e o senso religioso”, com a presença de três profundos conhecedores da sua obra: Diego Klautau, doutor em Ciências da Religião pela PUC-SP, professor do curso de especialização em Teologia e Ensino Religioso da Faculdade de Teologia da PUC-SP; Rafael Soares, autor do blog “O bolseiro”, sobre a obra de Tolkien; Luana Maíra Rufino Alves Zubelli, doutora em Economia Criativa pela UFRJ, Coordenadora de Cinema e Vídeo da ANCINE. O evento acontecerá na sexta-feira, 29 de setembro, a partir das 19h30, podendo ser visto tanto presencialmente quanto online. As inscrições podem ser feitas no link https://eventos.pucsp.br/tolkien/.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Do Sermão sobre os pastores, de Santo Agostinho, bispo

Como deve ser o pastor? (iCatólica)

Do Sermão sobre os pastores, de Santo Agostinho, bispo

(Sermo 46,3-4: CCL 41,530-531)       (Séc.V)


Pastores que se apascentam a si mesmos


 Vejamos, portanto, o que aos pastores que se apascentam a si mesmos, não as ovelhas, diz a palavra divina que não adula a ninguém: Eis que bebeis o leite e vos cobris com a lã; matais as mais gordas e não apascentais minhas ovelhas. Não fortalecestes a fraca; não curastes a doente; não pensastes a ferida, não reconduzistes a desgarrada e não fostes em busca da que se perdera; tratastes com dureza a forte. E minhas ovelhas se dispersaram, por não haver pastor (Ez 34,3-5).


Começa por dizer que é que apreciam e o que descuidam aqueles pastores que se apascentam a si, não as ovelhas. Que apreciam? Bebeis o leite, vos cobris com lã. Diz o Apóstolo: Quem planta uma vinha e não se alimenta de seu fruto? Quem apascenta um rebanho e não se serve do leite? (1Cor 9,7) Entendemos por leite do rebanho tudo quanto o povo de Deus dá ao bispo para sustento da vida terena. Era o que queria dizer o Apóstolo com as palavras citadas.


Embora preferisse viver do trabalho de suas mãos, sem esperar, nem mesmo o leite das ovelhas, o Apóstolo, no entanto, declarou ter o direito de recebê-lo, e ter o Senhor determinado que vivam do Evangelho aqueles que anunciam o Evangelho (cf. 1Cor 9,14). E acrescentou que os outros apóstolos usavam deste direito, não usurpado, mas concedido. Mais fez ele, por não querer receber o que lhe era devido. Dispensou a dívida, mas não era indevido aquilo que outros aceitaram; ele fez mais. Talvez o prefigurasse aquele que, ao levar o ferido à estalagem, dissera: Se gastares mais, pagar-te-ei ao voltar (Lc 10,35).

Daqueles, pois, que não precisam do leite das ovelhas, que diremos ainda? São misericordiosos, ou melhor, com liberalidade maior cumprem seu ofício de misericórdia. Podem, e o que podem, fazem. Elogiemos a estes sem condenar os outros. Este mesmo Apóstolo não procurava presentes. Desejava com ardor que fossem fecundas as ovelhas, não estéreis, sema riqueza do leite.

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

II Caravana pela Ecologia Integral com jovens de comunidades afetadas pela mineração

II Caravana pela Ecologia Integral (Vatican Media)

Em sintonia com o profetismo do Papa Francisco e junto às comunidades martirizadas pela mineração na América, a rede Igrejas e Mineração (RIM) promove a II Caravana pela Ecologia Integral. Entre os dias 12 e 30 de setembro uma delegação de cinco jovens da Argentina, Brasil, Equador, Guatemala e Peru, realizarão seminários, eventos e reuniões em um chamado à conversão ecológica integral e ao desinvestimento em mineração por congregações religiosas, conferências de bispos, dioceses e universidades.

Por Equipe de Comunicação Red Iglesias y Minería

O Tempo da Criação, que se celebra em setembro, une a família ecumênica através do grito profético em cuidado da Mãe Terra, para que "a paz e a justiça fluam" (cf. Amós 5, 24). Papa Francisco convida a escutar "a palpitação materna da terra" como caminho para crescer como humanidade ao "cadenciar os ritmos da existência com os da criação que nos dá vida". Ao indicar os descompassos na harmonia, na mensagem dedicada especialmente para esse tempo o bispo de Roma ressalta que "políticas econômicas, que favorecem riquezas escandalosas para poucos e condições degradantes para tantos, decretam o fim da paz e da justiça".

Em sintonia com o profetismo do Papa Francisco e junto às comunidades martirizadas pela mineração na América, a rede Igrejas e Mineração (RIM) promove a II Caravana pela Ecologia Integral. Entre os dias 12 e 30 de setembro uma delegação de cinco jovens da Argentina, Brasil, Equador, Guatemala e Peru, realizarão seminários, eventos e reuniões em um chamado à conversão ecológica integral e ao desinvestimento em mineração por congregações religiosas, conferências de bispos, dioceses e universidades católicas. Acompanham os jovens o bispo Dom Noel Londoño, da Diocese de Jericó, Colômbia, e padre Dário Bossi, missionário comboniano no Brasil, assessor da Conferência dos Bispos do Brasil, e da coordenação da rede Igrejas e Mineração. O grupo iniciará suas atividades em Madrid e Santiago de Compostela, na Espanha (12 a 16), passando por Roma em encontro com Papa Francisco e no Dicastério para Desenvolvimento Humano Integral (17 a 20), Bruxelas em evento no Parlamento Europeu, com CIDSE e Conferência dos Bispos da União Europeia (COMECE) (21 a 24), finalizando as agendas em um seminário sobre memória, colonialidade e extrativismo na Universidade de Tubinga, na Alemanha (25 a 30).

As realidades que se apresentam à II Caravana pela Ecologia Integral (II CEI) denunciam a exploração e devastação da Mãe Terra, das vítimas da injustiça ambiental causada pela mineração, que segue um projeto colonial que aprofunda a dívida ecológica (LS 50) dos países mais ricos. São realidades que sofrem pelo descompasso do coração e tem a "irmã água" como elemento de unidade. Por isso, a RIM promove espaços de diálogos e escuta sobre as realidades que enfrentam as economias extrativistas e suas novas narrativas que se apropriam de temas como transição energética e lítio, minerais críticos, mineração sustentável e outras. Na mensagem para o Tempo da Criação, o sucessor de Pedro convida a reconhecer que hoje os corações da humanidade não estão harmonizados com o coração da criação. "Ouçamos, pois, o apelo a permanecer ao lado das vítimas da injustiça ambiental e climática, pondo fim a esta guerra insensata contra a criação".

Chamado ao Desinvestimento em Mineração

"O chamado ao desinvestimento de fundos de investimentos, de pensão ou bancos comerciais que financiam a mineração é bandeira carregada pelos jovens como um chamado à coerência ética e evangélica das Igrejas ao assumir o Cuidado da Criação", argumenta Guilherme Cavalli, jovem que coordena a iniciativa. "A mineração está entre as principais causantes dessa guerra insensata contra a criação que menciona Francisco. Os critérios de exclusão para investimentos desde congregações religiosas, dioceses, universidades, precisam ter em conta as indústrias extrativas, como a mineração e o petróleo. São sinônimo de martírio para as comunidades, para a Mãe Terra e leiloam a existência de futuro", recorda Cavalli. Os megaprojetos de extração são mencionados pelo Papa Francisco na mensagem para o Tempo da Criação como "indústrias predatórias [que] estão a esgotar e poluir as nossas fontes de água potável com atividades extremas".

Vídeo Campanha de Desinvestimento: https://youtu.be/mfLNoKIz-xM

Através da Campanha de Desinvestimento em Mineração, as organizações cristãs são convidadas a adotar uma economia samaritana que atue como instrumento da ação missionária da Igreja e seja capaz de transformar o modelo econômico caracterizado pela voracidade cega de um tipo de exploração que continua crescendo e se expandindo. A campanha convida a pôr fim a qualquer relacionamento com bancos, fundos de pensão e fundos de investimento que estejam direta ou indiretamente ligados a uma conduta moral que não atue a partir do princípio de sustentabilidade proposto pela Doutrina Social da Igreja, que considera fundamentais a responsabilidade pelo equilíbrio social em uma sociedade globalizada, a viabilidade ecológica e o desempenho econômico.

"A escolha de investir em um lugar e não em outro, em um setor produtivo e não em outro, é sempre uma escolha moral e cultural". (DSI 358). Como opção cristã para remodelar a economia, o Papa Francisco convida a "pensar a participação social, política e econômica de tal forma "que inclua os movimentos populares e anime as estruturas de governo locais, nacionais e internacionais com aquela torrente de energia moral que nasce da incorporação dos excluídos na construção do destino comum" (cf. FT 169).

Diálogo Norte-Sul para o cuidado da Casa Comum

Em 2022, a iniciativa da Caravana pela Ecologia Integral iniciou com uma proposta de aprofundar as relações entre organizações da Europa com as que trabalham pelo cuidado da Casa Comum na América Latina. Uma delegação de 10 lideranças comunitárias e religiosas viajaram para Alemanha, Áustria, Espanha, Itália, Bélgica e França em denúncia sobre as violações de Direitos Humanos e Ambientais pela mineração. Fruto de um profundo diálogo e compromisso conjunto, a caravana ocorrida no último ano deixou aprendizagens e possibilidade de continuar cultivando as sementes lançadas. Nesse serviço, a segunda experiência busca cuidar das sementes lançadas pela primeira delegação em um segundo movimento que construirá uma agenda de debates.

"Como Igreja que já saiu, mostramos os gritos da terra e de nossos povos latino-americanos. Somos testemunhas de crimes como os que ocorreram em Brumadinho e Mariana, de outras violações por megaprojetos de mineração como ocorre em Putumayo e Piquiá de Baixo", ressaltou dom Vicente Ferreira, na ocasião bispo da região episcopal de Brumadinho, Minas Gerais, no encerramento da I Caravana pela Ecologia Integral. "Estas são realidades que mostram a urgente tarefa que temos de escrever uma nova lei no chão de nossa vida. Uma narrativa que não pode continuar sendo esta do capitalismo neoliberal extrativista, que coloca o lucro acima da vida", pontuou o religioso redentorista.

Vídeo da homilia de Dom Vicente Ferreira: https://youtu.be/ofQyvzXHUU8

II Caravana pela Ecologia Integral é uma iniciativa da Rede Igrejas e Mineração, através da Campanha de Desinvestimento em Mineração, que acontece junto a 22 organizações da América e Europa. São elas: ALBOAN, Asambleas del Curru Leufu: Asamblea AntiMegaminería Bariloche, Argentina, Cáritas Diocese de Napo, Ecuador, CIDSE -  Coopération Internationale pour le Développement et la Solidarité, COMECE - Comisión de las Conferencias Episcopales de la Unión Europea, ELSiA - European Laudato Si' Alliance, Enlázate por la Justicia (Caritas España, Conferencia Española de Institutos Seculares (CEDIS), Conferencia Española de Religiosos (CONFER), Justicia y Paz España, Manos Unidas, REDES), Comissão de Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC - Roma UISG e USG), Justice in Mining , Misereor, Plataforma por Empresas Responsables (PER España), Repam Ecuador, Solidaridad y Misión Claretianos de América (SOMICLA), Universidade de Tubinga, Faculdade de Teologia, Vicariato Apostólico de Iquitos, Ecuador  - Radio Ucamara.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São José Cupertino

São José Cupertino (A12)

18 de setembro

São José Cupertino

José Maria Desa nasceu em1603, no vilarejo de Cupertino, província de Lecce, reino de Nápoles, na atual Itália. A família, muito piedosa, vivia em situação miserável, pois o pai havia sido envolvido na falência de um conhecido a quem emprestara dinheiro. Às vésperas de seu nascimento, a família perdeu até os poucos móveis que possuía e foi despejada da casa, e assim ele nasceu, de modo semelhante a Jesus, numa estrebaria. Nesta situação, desde criança teve que trabalhar para auxiliar no sustento familiar. Chegou a iniciar a escola, mas uma úlcera gangrenosa o afastou dos estudos por cinco anos. De toda a forma, sua saúde foi muito fraca na infância e adolescência, várias vezes com risco de vida, e não possuía boa coordenação motora nem muita inteligência.

Sua mãe procurou dar-lhe uma formação básica, a partir das histórias da vida dos santos, como São Francisco. Surgiu nele, então, o desejo de ser religioso, e sacerdote. Aos 16 anos, pediu admissão na Ordem dos Frades Franciscanos Conventuais, no convento de “Grottella”. Mas sua falta de instrução não o permitiu ficar, e voltou a trabalhar. Ele insistiu, procurando os Franciscanos Reformados, sendo novamente rejeitado pela formação deficiente, e, depois, os Capuchinhos de Martina Franca; ali, os frades tentaram dar-lhe diversos trabalhos, mas, além da pouca instrução e capacidade de aprendizado, seus primeiros êxtases místicos faziam com que deixasse cair no chão o que tivesse em mãos, quebrando frequentemente louças e objetos do convento, a um ponto que tornou-se oneroso. Os capuchinhos o dispensaram, e ele teve que retirar o hábito franciscano, o que, comentou posteriormente, foi como se lhe tivessem arrancado a pele.

Com o passar do tempo, José chegara à maioridade, e o Supremo Tribunal de Nápoles decidiu que ele deveria então trabalhar sem remuneração, para pagar a dívida do pai, já falecido. Na prática, isto era uma sentença de escravidão, e José pediu auxílio aos frades da “Grottella”, que não lhe recusaram a ajuda. Foi-lhe dado o trabalho de cuidar de uma mula. Com o tempo, os frades observaram, em meio às suas limitações, uma verdadeira piedade e vida de oração, santidade, austeridade, total obediência e dons sobrenaturais, e o admitiram no convento.

Esforçou-se por estudar com o auxílio da comunidade e, após imensas dificuldades e gigantesca força de vontade, fez o exame para o diaconato. Recomendou-se inteiramente à Nossa Senhora, por Quem tinha enorme devoção, sabendo perfeitamente que não possuía condições naturais de ser aprovado. O bispo que o arguiu pediu-lhe para comentar uma passagem do Evangelho – na Providência Divina, a única que ele conhecia bem e sobre a qual podia falar com profundidade…

Três anos depois, em 1628, no exame para o sacerdócio, novamente recorreu a Nossa Senhora. O bispo interrogou vários candidatos, descobrindo-os particularmente bem preparados, e, sem arguir os demais, entre os quais José, aprovou-os a todos. A Providência colocou o analfabeto José no presbiterato, como era da Sua vontade.

A ordenação não modificou a extraordinária humildade de José, que sabiamente reconhecia suas limitações e se autodenominava de “irmão burro”. Fazia os serviços mais simples, limpando o chão, lavando a louça, tratando dos animais, e se dedicava ao cuidado dos pobres. E recebeu o dom da ciência infusa, ou seja, por inspiração divina, falava com profunda sabedoria a respeito de qualquer tópico da Teologia. Ensinava que devíamos preparar o coração “para oferecer a Cristo a inteligência, a memória e a vontade”.

Além disso, outros dons se manifestaram: curas milagrosas de diversas doenças, predições, levitação simplesmente ao pronunciar os nomes de Jesus e Maria e êxtases nos momentos de oração, particularmente quando celebrava a Missa (numa ocasião, em levitação, suas mãos ficaram por cima do fogo de duas tochas, mas passado o momento, não havia sinal de queimaduras); percebia o que se passava nas almas das pessoas e as orientava. Logo a sua santidade e conhecimentos extraordinários atraíram multidões, e mesmo nobres e graduados religiosos o procuravam para consulta.

Mas os milagres motivaram o início de um exagerado e inconveniente fanatismo popular, e por fim surgiram até calúnias de que suas ações eram de origem diabólica. Por isso foi denunciado ao Tribunal da Santa Inquisição, que o convocou para investigação. No mosteiro de São Gregório Armênio, diante dos juízes, José levitou, provando sua inocência. Por sábia prudência, contudo, o Santo Ofício determinou o seu isolamento, de modo a não assustar ou confundir os fiéis, evitando assim interpretações erradas e poupando o convento do assédio que perturbava a paz dos frades.

Assim, José foi enviado em 1653 de Assis para conventos em Petra Rúbia, depois para Fossombrone, locais cada vez mais retirados, e finalmente para Ósimo, em 1656. Ai devia ficar afastado mesmo da comunidade, que porém recorreu ao Papa para tê-lo de volta a Assis. Mas o pontífice Alexandre VII lhes respondeu: “Não, basta-lhes um São Francisco em Assis”.

José tudo aceitou com humildade e obediência, sem revolta ou murmuração. Ali continuou sua vida humilde e de serviço aos pobres, e de modo especial culminou sua vida religiosa com a celebração da Sagrada Eucaristia. Faleceu em 18 de setembro de 1663, com 60 anos, e imediatamente começaram as peregrinações ao seu túmulo, com milhares de graças alcançadas por sua intercessão. Em Cupertino, sobre a estrebaria onde nasceu, foi construído um santuário a ele dedicado.

É o padroeiro dos estudantes em dificuldades, e, por suas levitações, padroeiro também dos paraquedistas e aviadores.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

São José de Cupertino, assim como São João Maria Vianney, ou Santa Joana d’Arc, mostram que Deus age livremente e capacita, como quer, aqueles para os quais dá Suas missões. Desta forma fica evidenciado que as boas obras são fruto das Suas graças divinas, e não dos méritos dos seres humanos. Estes têm por único mérito fazer o que Nossa Senhora, São José de Cupertino e todos os outros santos fizeram – aceitar com humildade, alegria e pronta obediência tudo o que Deus dispuser para cada um em particular. São José de Cupertino aceitou a miséria, a doença, os limites pessoais e as humilhações, dedicando-se ao essencial do que a Igreja ensina como necessário para uma vida católica coerente: oração constante, profunda e viva devoção à Nossa Senhora e à Eucaristia, e o serviço amoroso aos pobres. Certamente que todo empenho deve ser colocado (como procurou fazer São José de Cupertino!), também no melhor conhecimento possível da Doutrina, mas como o conhecimento por si só não traduz uma vida de Fé verdadeira, precisa ser acompanhado de profunda humildade; São José de Cupertino já a possuía em abundância, assim a sabedoria lhe foi infusa… de acordo com as capacidades e possibilidades pessoais, seguindo estes passos sempre estaremos no caminho que leva seguramente a Deus. Não por acaso, são exatamente as grandes deficiências de comportamento e escolha na atormentada vida dos nossos tempos, e devem ser os objetivos concretos de todos os que sinceramente buscam a Deus.

Oração:

Deus Pai de bondade e sabedoria, que tudo provê para a salvação de cada alma, concedei-nos por intercessão de São José de Cupertino a sua grandiosa humildade e completa obediência, na total confiança da Vossa Providência em nossas vidas, de modo a que, sem nos abalarmos com as dificuldades e provações, façamos perseverantemente com amor e simplicidade o bem ao próximo, para podermos ser elevados ao êxtase infinito da plena Comunhão Convosco. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

 Fonte: https://www.a12.com/

domingo, 17 de setembro de 2023

Ex-jogador Ronaldo é batizado na Igreja Católica

"Me sinto verdadeiramente regenerado", publicou Ronaldo após ser batizado (@ronaldo)

Por Ricardo Sanches

"Com o sacramento, me sinto verdadeiramente regenerado como filho de Deus", afirmou.

Ronaldo Nazário de Lima, o Ronaldo “Fenômeno”, compartilhou em suas redes sociais as imagens de um dia “muito especial”: o dia em que ele foi batizado na Igreja Católica.

O ex-jogador recebeu o batismo no dia 12 de setembro de 2023, na Paróquia São José do Jardim Europa, em São Paulo.

No Instagram, o bicampeão mundial pela seleção brasileira de futebol comemorou:

“Hoje é um dia muito especial. Fui batizado! A fé cristã sempre fez parte da minha vida de forma fundamental, desde a infância, embora eu não tivesse passado ainda pelo batismo.”

Ronaldo também explicou como se sentiu após receber o sacramento:

“Com o sacramento, me sinto verdadeiramente regenerado como filho de Deus – de um modo novo, mais consciente, mais profundo.”

O ex-jogador ainda se comprometeu a “seguir o caminho do bem, por livre e espontânea vontade, crendo no amor de Jesus, no amor solidário.”

Foi o padre Fábio de Melo que celebrou o batismo. O sacerdote comentou: “Meu amigo querido, obrigado por confiar a mim um momento tão importante da sua vida”.

Ronaldo é batizado aos 46 anos (Crédito: Metrópoles)

Caminho de Santiago de Compostela

Em 2022, Ronaldo deu sinais de sua aproximação com a fé católica ao percorrer de bicicleta o Caminho de Santiago de Compostela.

Na época, o ex-jogador afirmou que a peregrinação era para cumprir uma promessa que ele havia feito, caso seu time (Valladolid) subisse para a primeira divisão do futebol espanhol.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Início do Sermão sobre os pastores, de Santo Agostinho, bispo

Somos cristãos e pastores (liturgiadashoras)

Início do Sermão sobre os pastores, de Santo Agostinho, bispo

(Sermo 46,1-2: CCL 41,529-530)                 (Séc.V)

Somos cristãos e pastores


Não é de agora que vossa caridade sabe que nossa esperança está toda em Cristo e que nossa verdadeira glória de salvação é ele. Sois do rebanho daquele que guarda e apascenta Israel. Mas por haver pastores que apreciam este nome, porém não querem exercer seu ofício, vejamos o que a seu respeito diz o Profeta. Escutai vós com atenção; escutemos nós com temor.  

Foi-me dirigida a palavra do Senhor que dizia: Filho do homem, profetiza contra os pastores e dize aos pastores de Israel (Ez 34,1-2). Acabamos de ouvir a leitura deste trecho; resolvemos então falar-vos algo. O Senhor nos ajudará a dizer o que é verdadeiro, se não dissermos o que é nosso. Pois se dissermos o que é nosso seremos pastores a nos apascentar a nós, não as ovelhas. Se, ao contrário, dissermos o que é dele, será ele que vos apascenta por intermédio de quem quer que seja.


Assim diz o Senhor Deus: Ó pastores de Israel, que se apascentam a si mesmos! Acaso não são as ovelhas que os pastores têm de apascentar? (Ez 34,2) quer dizer, os pastores apascentam ovelhas, não a si mesmos. É este o primeiro motivo de repreensão a tais pastores, que apascentam a si e não as ovelhas. Quem são estes que se apascentam? O Apóstolo diz: Todos procuram seu interesse, não o de Jesus Cristo (Fl 2,21).  

Quanto a nós, a quem o Senhor, por sua benevolência e não por mérito nosso, estabeleceu neste cargo de que teremos difíceis contas a dar, devemos distinguir bem duas coisas: a primeira, somos cristãos, a segunda, somos bispos. Somos cristãos para nosso proveito; e somos bispos para vós. Como cristãos, atendemos ao proveito nosso; como bispos, somente ao vosso. E são muitos os cristãos não bispos que vão a Deus por caminho mais fácil talvez, e andam com tanto mais desembaraço quanto menos peso carregam. Nós, porém, além de cristãos, tendo de prestar contas a Deus de nossa vida, somos também bispos e teremos de responder a Deus por nossa administração.

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

O Papa: perdoar é uma condição fundamental para quem é cristão

O Papa Francisco no Angelus de 17 set 2023 (Vatican Media)

No Angelus deste domingo, Francisco falou sobre o perdão. Segundo ele, "fora do perdão não há esperança, fora do perdão não há paz. O perdão é o oxigênio que purifica o ar poluído pelo ódio. O perdão é o antídoto que cura os venenos do rancor".

Mariângela Jaguraba – Vatican News

O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus, deste domingo (17/09), com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.

O Evangelho deste domingo "nos fala do perdão", disse o Papa, citando a pergunta de Pedro a Jesus: «Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?»

Sete, na Bíblia, é um número que indica completude e, por isso, Pedro é muito generoso nas suposições de sua pergunta. Mas Jesus vai além e lhe responde: «Não lhe digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete». Ele lhe diz, ou seja, que quando se perdoa, não se calcula, que é bom perdoar tudo e sempre! Assim como Deus faz conosco, e como é chamado a fazer quem administra o perdão de Deus: perdoar sempre. Digo isso aos sacerdotes, aos confessores: perdoem sempre como Deus perdoa.

"Jesus ilustra esta realidade através de uma parábola, que sempre tem a ver com números. Um rei, depois de ter sido suplicado, perdoa uma dívida de dez mil talentos a um servo: é um valor exagerado, imenso, que varia de duzentas a quinhentas toneladas de prata! Era uma dívida impossível de saldar, mesmo trabalhando uma vida inteira: mas aquele patrão, que recorda o nosso Pai, a perdoa por pura «compaixão»", disse Francisco, acrescentando:

Este é o coração de Deus, perdoa sempre porque Deus é compassivo. Não nos esqueçamos de como é a maneira de Deus: Deus é próximo, compassivo e terno, este é o modo de ser de Deus.

"Depois, porém", prosseguiu o Papa, "este servo, a quem a dívida foi perdoada, não mostra nenhuma misericórdia para com um companheiro que lhe deve 100 denários. Essa também é uma grande quantia, equivalente a cerca de três meses de salário - como se dissesse que o perdão entre nós custa, mas nada comparável à quantia precedente, que o patrão tinha perdoado".

A mensagem de Jesus é clara: Deus perdoa de forma incalculável, excedendo toda medida. Ele é assim, age por amor e gratuidade. A Deus não se compra, Deus é gratuito, é gratuidade. Não podemos retribuir-lhe, mas quando perdoamos o irmão ou a irmã, o imitamos. Perdoar não é uma boa ação que se pode fazer ou não: perdoar é uma condição fundamental para quem é cristão.

Segundo Francisco, "cada um de nós, de fato, é um "perdoado" ou "perdoada": não nos esqueçamos disso, somos perdoados, Deus deu a vida por nós e de modo algum podemos compensar a sua misericórdia, que Ele nunca retira do coração. Entretanto, correspondendo à sua gratuidade, ou seja, perdoando-nos uns aos outros, podemos dar testemunho dele, semeando vida nova ao nosso redor".

Fora do perdão não há esperança, fora do perdão não há paz. O perdão é o oxigênio que purifica o ar poluído pelo ódio. O perdão é o antídoto que cura os venenos do rancor, é o caminho para desativar a raiva e curar tantas doenças do coração que contaminam a sociedade.

A seguir, o Pontífice convidou cada um a se perguntar: "Creio ter recebido de Deus o dom de um perdão imenso? Sinto a alegria de saber que Ele está sempre pronto para me perdoar quando eu caio, mesmo quando os outros não o fazem, mesmo quando nem eu mesmo consigo me perdoar? Ele perdoa: creio que Ele perdoa? E depois: sei, por minha vez, perdoar quem me fez mal?"

A esse propósito, Francisco propôs "um pequeno exercício: cada um de nós pense numa pessoa que nos feriu, e peçamos ao Senhor a força para perdoá-la. E vamos perdoá-la por amor ao Senhor. Queridos irmãos e irmãs, isso nos fará bem, nos restituirá a paz no coração".

"Que Maria, Mãe da Misericórdia, nos ajude a acolher a graça de Deus e a perdoar-nos uns aos outros", concluiu.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Os Mártires DO Século XX (6/6)

Os Mártires do Século XX (Crédito: Cléofas)

Os Mártires DO Século XX

 POR PROF. FELIPE AQUINO

O presente artigo considera o fato do martírio no século XX, paralelo ao dos primeiros séculos. A igreja quer reconhecer e homenagear os heróis da fé, que sofreram em campos do concentração, prisões e outras ocasiões, e dos quais alguns ainda vivem, merecendo toda a estima dos contemporâneos.

7. Domingo 7 de maio de 2000

A Comissão nomeada pelo Santo Padre preparou uma celebração ecumênica das vítimas da fé no século XX. Deve realizar-se no Coliseu de Roma, em presença do Papa. Os representantes do catolicismo e de ramos cristãos dissidentes reunir-se-ão em número tão avultado quanto possível, para participar dessa cerimônia, cujo programa é assaz denso. Serão publicados em voz alta os catálogos de vítimas das diversas comunidades cristãs; far-se-á o gesto simbólico de transmitir a memória dos mártires à primeira geração do terceiro milênio; será evocada a diversidade dos testemunhos de fé das várias culturas, nações, situações e estados de vida. Comparecerão e serão vivamente saudados alguns grandes confessores da fé, sobreviventes da tremenda tribulação. Por fim, falará o Papa sobre o século XX, no qual voltaram os mártires, e voltaram com eloquência singular.

O próprio Santo Padre justifica e comenta este tipo de celebração ao escrever:

“O testemunho corajoso de numerosos mártires do nosso século, incluídos aqueles que são membros de outras Igrejas e comunidades eclesiais que não estão em plena comunhão com a Igreja Católica, dá ao apelo conciliar uma força nova; recorda-nos a obrigação de acolher a sua exortação e de a pôr em prática. Nossos irmãos e nossas irmãs, que têm em comum a oferenda generosa de sua vida em prol do Reino dos céus, atestam da maneira mais eloquente que todos os fatores de divisão podem ser ultrapassados no Dom total de si mesmo pela causa do Evangelho” (Enc. Ut Unum Sint).

Uma figura muito expressiva de fidelidade à fé (ortodoxa)¹ é a do Pop (Padre) Alexandre Min, russo, cujos traços biográficos são os seguintes:

Nasceu em Moscou aos 22/01/1935, de família israelita. Foi batizado clandestinamente com sua mãe na comunidade ortodoxa, tendo oito meses de idade. Foi excluído da Universidade por causa de sua fé cristã. Continuou, porém, a estudar e foi ordenado presbítero.

Durante vinte e cinco anos acompanhou a nova geração de jovens soviéticos, procurando apontar-lhes o sentido da vida. Levou centenas de jovens a descobrir Cristo e a Igreja. Escreveu algumas obras que abordam aspectos da fé e da vida no mundo atual e que circulavam em samizdat (clandestinamente) por toda a URSS. Foi submetido a interrogatórios múltiplos por parte da KGB, que lhe propôs sair da URSS, sem que Alexandre o aceitasse.

A partir de 1988, aparece ª Min projetado no cenário público. Exerce grande influência e parece chamado a desenvolver papel mais amplo no surto religioso da Rússia pós-soviética. Foi isto, sem dúvida, que provocou o seu bárbaro assassinato a golpes de machado aos 9/09/1990. Todavia a obra por ele iniciada foi assumida e levada adiante por seus filhos e filhas espirituais.

Possa o testemunho de tantos mártires do século XX lembrar aos cristãos da atualidade que pertencem a uma família de heróis, que, aliás, tem suas origens no século I e deve continuar a ser valente e nobre passando pela geração contemporânea!

¹ Os ortodoxos são cristãos que se separaram da Santa Sé de Roma em 1054 por motivos disciplinares e culturais mais do que por razões teológicas. Professam quase o mesmo Credo que os católicos. Têm a sucessão apostólica, o sacerdócio e a Eucaristia válidos.

D. Estevão Bettencourt, osb
Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
Nº 456, Ano 2000, Pág. 194.

Fonte: https://cleofas.com.br/

Reflexão para o XXIV Domingo do Tempo Comum (A)

Evangelho do domingo (Vatican Media)

“Se não tem compaixão por seu semelhante, como poderá pedir perdão pelos próprios pecados?”

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

O tema da liturgia deste domingo continua sendo o ato de perdoar, agora refletido como necessidade para ser feliz.

O Livro do Eclesiástico nos diz que: “O rancor e o ódio são coisas detestáveis; até o pecador procura dominá-las.” “Quem se vingar encontrará a vingança do Senhor, que pedirá severas contas de seus pecados.” Quando nos deixamos levar por esses sentimentos, não só não reparamos a injustiça que nos atingiu, mas o mal irá se agravar.

Sabemos que o homem verdadeiramente religioso perdoa, e isso garante sua relação com Deus porque Deus é misericórdia e nos criou à sua imagem e semelhança. Fomos criados à imagem da misericórdia e do perdão.

“Se não tem compaixão por seu semelhante, como poderá pedir perdão pelos próprios pecados?”

O mais humano, o mais racional é perdoar as injustiças cometidas contra nós, para que Deus perdoe as nossas. O ódio, a vingança só acrescentam mágoas, dores e outros sentimentos negativos, enquanto o perdão leva à vida, à reconstrução, à liberdade. O perdão abre as portas ao diálogo, à possibilidade de aliança, “devolve ao outro o direito de ser feliz”.

No Evangelho de hoje Jesus nos diz em “perdoar setenta vezes sete” o irmão, isto é, perdoar sempre.

Apesar de textos como o do Eclesiástico estarem presentes no mundo judeu da época, era para todos muito difícil perdoar algumas faltas e principalmente se eram cometidas várias vezes pela mesma pessoa. Também nós, alguns milênios depois, temos as mesmas dificuldades. Pedro, nesse momento, representa toda a Humanidade que pergunta ao Senhor quantas vezes deve-se perdoar.

Para o Mestre, o perdão deve ser total e contínuo. Deve ser uma atitude, uma postura de vida. Para isso ele nos ensina o Pai-Nosso que diz: “Perdoai as nossas ofensas, assim como perdoamos aos que nos têm ofendido”.

Jesus conta uma parábola: um rei pediu que um de seus empregados que lhe devia uma pequena fortuna lhe pagasse. Este, evidentemente, jamais teria esse dinheiro e suplicou por perdão. O rei, compassivo, perdoou. Contudo o empregado perdoado, ao sair da presença do rei, encontrou um companheiro que lhe devia uma quantia pequena, cerca de três salários mínimos. Ele, simplesmente, agarrou o companheiro pelo pescoço e exigiu o pagamento. Também esse fez como ele. Ficou de joelhos e pediu um tempo para pagar. Mas ele não agiu como o rei que lhe perdoara a dívida, ao contrário, mandou prender o colega. Quando o rei soube do ocorrido, ficou indignado e mandou prender o empregado, a quem chamou de servo mau e cruel.

O rei da parábola possuía misericórdia, enquanto seu empregado, não.

Deus é esse rei que nos perdoa todas as nossas imensas dívidas. Por isso devemos agir como Ele e perdoar aos que nos devem. “Filho de peixe, peixinho é!” Deus nos fez à Sua imagem e semelhança!

O perdão é conatural ao ser humano, contudo, o não perdoar é antinatural, é desumano! Desfigura o homem e a sociedade. Favorece o progresso da violência instaurando a cultura da morte. Isso traz o inferno para o nosso dia a dia.

Ao contrário, se somos humanos e perdoamos, estamos trabalhando pela paz, pela nova sociedade, instaurando a Civilização do Amor!

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF