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sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Catedral de São Carlos entra na rota da Sagrada Cruz de Nosso Senhor

Missa na Catedral de São Carlos marca entronização das relíquias da Santa Cruz (Vatican Media)

As relíquias da Sagrada Cruz de Cristo foram entronizadas na Catedral de São Carlos, interior de São Paulo, onde permanecerão em exposição perpétua aos peregrinos. A missa presidida por dom Luiz Carlos foi realizada no último domingo (17).

Fábio Tucci Farah*

No século II, o rastro redentor de Jesus Cristo estava soterrado pelo paganismo romano. Em ruínas desde a primeira guerra judaico-romana, em 70 d.C., o imperador Adriano reconstruíra Jerusalém e a rebatizara de Aelia Capitolina, em homenagem ao deus Júpiter. Na nova cidade, o lugar escolhido para o templo de Vênus fora o terreno irregular além dos muros, palco das temíveis crucificações no tempo de Tibério. Nessa empreitada, os construtores fizeram aterros e muros de sustentação, sepultando os lugares mais sagrados do cristianismo: o Gólgota e o Santo Sepulcro.

Pouco menos de duzentos anos após a morte de Adriano, aquele legado seria destruído por ordem direta de seu sucessor, o imperador Constantino. Com quase 80 anos, a imperatriz-mãe Helena peregrinou à Terra Santa para acompanhar de perto algumas obras do Império. E fez uma descoberta extraordinária em uma cisterna a leste do Gólgota. Ao lado do bispo Macário, em um misto de canteiro de obras e sítio arqueológico, ela trouxe à tona a Cruz de Cristo e os Cravos que transpassaram Suas mãos e Seus pés. A descoberta seria como uma segunda ressurreição, quase três séculos após a ascensão de Jesus. Segundo Hermas Sozomenus, além de curar uma mulher moribunda, a Vera Cruz também teria ressuscitado um jovem!

Santa Helena não quis que os tesouros cristãos recém-descobertos fossem mantidos no mesmo lugar. Pelo relato de Sócrates, sabemos que a Cruz foi dividida. Pouco mais de dez anos após a missão da imperatriz-mãe na Terra Santa, pedaços do Santo Lenho se espalharam pelo Império. Em diversos santuários, as relíquias de Cristo tornaram-se luzeiros celestes, atraindo multidões de peregrinos.

A solenidade de entronização no Brasil

No último domingo, 17 de setembro, a Catedral de São Carlos, no interior de São Paulo, passou a fazer parte dessa rota sagrada. Em uma cerimônia presidida pelo bispo diocesano, dom Luiz Carlos Dias, e concelebrada pelo Pe. Sandro Portela, houve a entronização no templo de fragmentos da Vera Cruz, ladeados por outros da Coroa de Espinhos e da Sagrada Esponja. Com autentica expedida em 28 de junho de 1860, em Roma, por dom Francesco Marinelli, sacristão de Sua Santidade, essas relíquias provieram diretamente do tesouro do Papa Pio IX, beatificado por São João Paulo II. E a partir da solenidade, permanecerão em exposição perpétua. 

O tesouro estava anteriormente custodiado no Oratorium Sanctus Ludovicus, estabelecido na Arquidiocese de São Paulo para dar suporte ao Apostolado das Sagradas Relíquias no Brasil. A doação de algumas relíquias faz parte da segunda etapa desse apostolado e a escolha da Catedral de São Carlos para iniciá-la teve uma motivação pessoal. Quando criança, eu costumava brincar no chão dessa catedral. Há quase vinte anos, já na vida adulta, fui recebido de volta à Igreja pelas mãos do monsenhor Luiz Cechinato, o padre que ali rezava as missas em minha infância – e hoje está sepultado na cripta.

A solenidade de entronização ocorreu no domingo seguinte à Festa de Exaltação da Santa Cruz, tradicionalmente celebrada em 14 de setembro. Pouco menos de trezentos anos após a incrível descoberta de Santa Helena, os persas invadiram Jerusalém e roubaram parte da Santa Cruz ali custodiada. A relíquia seria recuperada pelo imperador bizantino Heráclio, em 628. Na Idade Média, o beato dominicano Jacopo de Varazze registrou a prece entoada pelo monarca ao devolver a Cruz à Cidade Santa:

Ó Cruz mais resplandecente que o conjunto dos astros, célebre no mundo, tão amável aos homens, mais santa que tudo, a única que foi digna de portar o valor do mundo! Doce madeira! Doces cravos! Doce ponta de espada! Doce lança! Doce cruz que suportou tal peso! Salve os que aqui estão, sob seu estandarte, para louvá-la. (1)

Quase mil e quatrocentos anos após a Exaltação da Cruz conduzida por Heráclio, os paroquianos e visitantes da Catedral de São Carlos foram acolhidos sob o mesmo estandarte para louvar a insígnia da salvação, o triunfo de Cristo.

Outras relíquias da Santa Cruz no Brasil

Terra de Vera Cruz. O Brasil foi originalmente batizado em homenagem à relíquia do Santo Lenho. Em 1963, em uma cerimônia presidida por dom Antônio Ferreira de Macedo na Basílica de Aparecida, uma cruz especial foi colocada no topo da Torre Brasília. O que poucas pessoas sabem é que essa cruz é coroada por uma redoma de bronze com um fragmento do Santo Lenho trazido de Roma por dom Antônio. É um relicário lacrado a 119 metros de altura! Mas é uma recordação oportuna, na casa de nossa padroeira, do símbolo de nossa salvação e do nome original de nossa terra.

Mas esse não é o único relicário da Vera Cruz no topo de uma construção religiosa brasileira. Presenteado pelo Papa com a relíquia da Cruz, dom José Newton de Almeida Baptista, primeiro arcebispo de Brasília, decidiu colocá-la no alto da catedral da nova capital do país para que toda a cidade fosse abençoada pelo mistério da Cruz de Cristo. Atualmente, a relíquia e a Cruz Peitoral de dom José Newton estão guardadas no interior da cruz de doze metros de altura abençoada pelo Papa Paulo VI.

Em 26 de fevereiro de 2020, no fim da missa de Cinzas, o arcebispo de Fortaleza, dom José Antônio Aparecido Tosi Marques, anunciou a descoberta, no subsolo da catedral, de uma relíquia da Vera Cruz, acompanhada pela autentica. Naquele ano, a relíquia foi exposta aos fiéis durante a Quaresma. A relíquia havia sido originalmente enviada de Roma, em 1928, ao primeiro arcebispo de Fortaleza, dom Manuel da Silva Gomes.

A recente reforma no Santuário Nacional de São José de Anchieta, no Espírito Santo, também trouxe à tona uma relíquia do Santo Lenho, cujo relicário foi restaurado e posto em exibição na sacristia. Em seu acervo, o Museu de Arte Sacra de Niterói, anexo à Igreja de Nossa Senhora da Conceição, destaca uma relíquia da Sagrada Cruz também descoberta acidentalmente, em 2008. Na Sexta-Feira da Paixão, o relicário é levado para a Catedral São João Batista.

Em 18 de abril de 2020, o Pe. Cristiano José Benedito Chicuta sobrevoou Cesário Lange (SP) com uma relíquia da Santa Cruz para abençoar a cidade e suplicar pelo fim da pandemia da Covid-19 – suplicar pelo fim de epidemias na presença de relíquias é uma tradição da Igreja. A “relíquia voadora” pertence à Paróquia Santa Cruz e foi um presente do Papa João XXIII ao bispo auxiliar dom José Thurler, em 1962, durante a primeira sessão do Concílio Vaticano II.

As relíquias da Sagrada Cruz no Brasil

Ainda não há uma catalogação de todas as relíquias da Vera Cruz existentes no Brasil. Algumas já estavam esquecidas e foram redescobertas acidentalmente nos últimos tempos. Outras permanecem lacradas no alto de importantes construções religiosas, abençoando os católicos do país. Na Catedral de São Carlos, elas ficarão perpetuamente expostas.

Desde que devidamente atestadas pela autoridade eclesiástica competente, as relíquias da Santa Cruz remontam à descoberta feita por Santa Helena, ao lado de São Macário, há quase 1700 anos em uma cisterna a leste do Gólgota. E nos colocam frente a frente ao mistério central de nossa redenção. Como diz o hino composto por São Venâncio Fortunato após o convento de Santa Radegunda, em Poitiers, receber a relíquia da Vera Cruz: Fulget Crucis mysterium.

(1) Varazze, Jacopo de. Legenda Áurea – Vidas de santos. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p. 769.

* Perito em relíquias sagradas da Arquidiocese de São Paulo, delegado brasileiro da International Crusade for Holy Relics (ICHR) e curador adjunto da Regalis Lipsanotheca, em Ourém

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Maurício

São Maurício (A12)

22 de setembro

País: Egito

São Maurício

Em meados do século III, sob o imperador romano Galiano (entre 253-268), houve um período de "pequena paz para a Igreja", no qual as perseguições aos católicos foram interrompidas, exceto por episódios isolados, e que perdurou para além do seu governo. Em 284 assumiu o império Dioclesiano, que decidiu tornar Maximiano Hercúleo seu coimperador no Ocidente, enquanto ele cuidava do Oriente.

Maximiano teve que enfrentar a revolta de Caráusio, um seu comandante militar na região da Gália Bélgica (atualmente regiões da Bélgica, Luxemburgo, norte da França, sul da Holanda e oeste da Alemanha), e entre as tropas que mobilizou estava a Legião Tebana ou Tebaica, por sua origem em Tebaida no Egito.

Toda uma coorte (mil homens) desta legião era composta por católicos, comandados por Maurício. Neste período, cerca do ano 286, pouco anterior à chamada Era de Dioclesiano ou Era dos Mártires (295-310), as cruéis perseguições deste imperador aos cristãos ainda não haviam começado, e eles ocupavam vários cargos, inclusive militares.

O exército de Maximiano atravessou os Alpes e chegou ao vale do rio Ródano, na atual Suíça. Para descansar a tropa, foram decretados três dias de festas em Octodorum, para homenagear os deuses do império, o que incluía sacrifícios a eles. A guarda avançada, com Maurício e companheiros, acampou em Agaunum, uma aldeia a cerca de 24 km do Lago de Genebra e a cinco km da cidade.

Eles se recusaram a sacrificar aos deuses pagãos, e Maximiano, irritado, mandou dizimar parte destes legionários para obter obediência. Como os demais permaneceram firmes na recusa, um segundo massacre foi ordenado.

Novamente Maximiano intimou os sobreviventes à apostasia, mas a resposta de Maurício e seus oficiais (Exupério, Cândido, Vital, Alexandre, Vitor, Inocêncio) foi contundente: “Somos teus soldados e não menos servidores de Deus. Sabemos perfeitamente a nossa obrigação como militares, mas não nos é lícito atraiçoar o nosso Deus e Senhor. Estamos prontos a obedecer a tudo que não contrarie a lei de Jesus Cristo Nosso Salvador.

Fomos testemunhas da morte dos nossos companheiros e não nos queixamos; antes, com eles nos congratulamos. Tuas ameaças não provocam sentimentos ou planos de rebelião de nossa parte. Estamos com as armas nas mãos, mas delas não faremos uso para nos defender. Antes queremos morrer inocentes do que viver culpados.”

Diante disso, o imperador mandou o exército exterminar os soldados restantes, que esperaram pacificamente os golpes de espada, dobrando as cabeças.

 O local do massacre no campo de Agaunum, à beira do Ródano, foi historicamente identificado como a cidade de Martigny, nome derivado de “martírio”. Uma igreja, só descoberta por volta de 1893, foi ali erguida em honra destes mártires, e no século seguinte construiu-se uma basílica no lugar da execução. Em 520, o rei Sigismundo da Borgonha lá edificou o Convento de São Maurício de Agaunum, onde são veneradas as relíquias dos soldados mortos ainda hoje, e cujo deu origem à cidade de São Maurício, em Valais, na Suíça.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

São Maurício e companheiros, militares exemplares, nos mostram que todo tipo de atividade e profissão humana honesta é compatível com a Fé católica, e que o verdadeiro combate é somente contra o que afasta de Deus. Portanto, é sim possível construir uma vida nova e venerável sobre a morte do pecado; não só possível, como obrigação, se de fato desejamos servir ao Senhor dos Exércitos (e.g. Sl 45,12). Não nos é permitido ficar apenas acampados à margem das águas do Batismo, é preciso inclinar a cabeça e o coração às ordens do Senhor, o que muitas vezes vai exigir sacrifícios, não raros originados pelos que estão lutando nesta vida ao nosso lado. Mas é preferível uma legião de suplícios, penitências e abnegações no mundo, por causa de Cristo, do que ter decepada de nós a Sua salvação.

Oração:

Deus Todo-Poderoso, Rei dos Reis, a Quem “não agradam os sacrifícios”, mas sim “um coração contrito”, concedei-nos por intercessão de São Maurício e companheiros não apenas a retidão e competência nos nossos ofícios, mas também a generosidade de ofertar plenamente a vida ao Vosso serviço, em qualquer circunstância, para alcançarmos a vitória prometida aos que “combaterem o bom combate” da Fé. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Há 70 anos nascia a vocação do Papa Francisco ao sacerdócio

Jorge Mario Bergoglio (Vatican Media)

Era 21 de setembro de 1953, memória de São Mateus: o jovem Jorge Mario Bergoglio, antes de ir a uma festa, foi se confessar. Essa experiência de misericórdia tornou-se um momento decisivo em sua vida.

Vatican News

Setenta anos atrás, em 21 de setembro de 1953, nasceu a vocação sacerdotal do Papa Francisco. Jorge Mario Bergoglio tinha quase 17 anos de idade. Na Argentina, nessa data é comemorado o Dia do Estudante. Para a Igreja é a memória de São Mateus, um pecador público chamado por Jesus para se tornar um apóstolo. O próprio Papa contou o que aconteceu naquele dia tão especial:

Antes de ir para a festa, passei pela paróquia que habitualmente frequentava: encontrei um padre, que não conhecia, e senti necessidade de me confessar. Esta foi para mim uma experiência de encontro: achei que alguém me esperava. Eu não sei o que se passou, não me lembro; não sei sequer por que motivo estivesse lá aquele padre que eu não conhecia, não sei por que senti aquela vontade de me confessar, mas a verdade é que alguém estava à minha espera. Esperava-me há muito tempo. Depois da confissão, senti que qualquer coisa tinha mudado; eu não era o mesmo. Tinha ouvido como que uma voz, um chamado: fiquei convencido de que devia tornar-me sacerdote. Na fé, é importante esta experiência. Dizemos que devemos procurar Deus, ir ter com Ele para pedir perdão… Mas, quando chegamos, Ele está à nossa espera, Ele chega primeiro! Em espanhol, temos uma palavra que explica bem isto: ‘O Senhor sempre nos primerea’, é o primeiro, está à nossa espera! E esta é uma graça muito grande: encontrar alguém que te espera. Tu vais pecador, e Ele está à tua espera para te perdoar. (Vigília de Pentecostes, 18 de maio de 2013)

A vocação de Francisco nasceu da experiência da misericórdia de Deus. O lema do Papa é "Miserando atque eligendo", ou seja "Olhou-o com misericórdia e o escolheu": foi tirado de uma homilia de São Beda, o Venerável, um sacerdote do século VIII, quando ele fala de Jesus chamando Mateus, o publicano, e o Senhor, olhando para ele com um sentimento de amor, o escolhe como seu discípulo.

Francisco descreveu várias vezes o quadro da vocação de São Mateus, de Caravaggio, que se encontra na Igreja de São Luís dos Franceses, em Roma, que ele gostava de observar com frequência:

Jesus tinha acabado de curar um paralítico e quando estava para ir embora encontrou este homem chamado Mateus. E onde estava aquele homem? Sentado no banco dos impostos. Afinal Mateus era um dos que faziam pagar os impostos ao povo de Israel, para os dar aos romanos: um traidor da pátria. A ponto que estes homens, eram desprezados. E Mateus sente que Jesus olha para ele e lhe diz: “segue-Me”. E ele levantou-se e seguiu-o. Mas o que aconteceu? O que convenceu Mateus a seguir o Senhor? Trata-se da força do olhar de Jesus que certamente olhou para ele com muito amor, muita misericórdia: aquele olhar de Jesus misericordioso significava: Segue-me, vem. E Mateus, por sua vez, tinha um olhar desanimado, com um olho em Deus e o outro no dinheiro, apegado ao dinheiro tal como Caravaggio o pintou: precisamente assim, apegado e olhando de canto, e também com um semblante carrancudo, mal-humorado. Ao contrário, o olhar de Jesus, é amoroso, misericordioso. Face a este olhar eis que a resistência daquele homem que era totalmente escravo do dinheiro cedeu. Com efeito, o Evangelho diz-nos que Mateus se levantou e o seguiu. É a luta entre a misericórdia e o pecado. O importante é questionar-se: como entrou o amor de Jesus no coração daquele homem? Por que porta pôde entrar? O fato é que aquele homem sabia que era pecador: sabia que não era amado por ninguém, e até era desprezado. A primeira condição para ser salvo é sentir-se em perigo; a primeira condição para ser curado é sentir-se doente. Sentir-se pecador é a primeira condição para receber este olhar de misericórdia. Há quem possa dizer: “Padre, mas é uma graça sentir-se pecador?” Sim, porque significa sentir a verdade. Mas não um pecador abstrato: pecador por isto e por aquilo. Pecado concreto, pecados concretos! E todos nós temos tantos! Vamos e deixemo-nos olhar por Jesus com aquele olhar misericordioso cheio de amor. (Homilia na santa missa celebrada na capela da casa Santa Marta, 21 de setembro de 2017)

Francisco diz que se sente como Mateus:

Aquele dedo de Jesus assim… dirigido a Mateus. Assim sou eu. Assim me sinto. Como Mateus. É o gesto de Mateus que me toca: agarra-se ao seu dinheiro, como que a dizer: “Não, não eu! Não, este dinheiro é meu!” Este sou eu: um pecador para o qual o Senhor voltou o seu olhar. E foi isto que disse quando me perguntaram se aceitava a minha eleição para Pontífice. (Entrevista com o Padre Antonio Spadaro, 19 de agosto de 2013).

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Mateus Apóstolo - "Vem e Segue-me" (Mt 19, 21)

São Mateus Apóstolo (diocesedeblumenau)

SÃO MATEUS APÓSTOLO – VEM E SEGUE-ME! (MT 19,21)

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

Celebramos no dia 21 de setembro a festa litúrgica de São Mateus Apóstolo. Mateus foi apóstolo de Jesus e, assim como todos os apóstolos, foram mártires, pois tiveram o mesmo fim do Mestre. Até o século IV da era cristã, houve uma grande perseguição do império romano contra aqueles que se diziam a favor de Jesus ou professavam a fé n’Ele.

O nome de batismo de Mateus era Levi, tornou-se Mateus depois que aceitou o chamado de Jesus e se tornou apóstolo. Mateus era cobrador de impostos e considerado por toda a sociedade como pecador público, pois os cobradores de impostos muitas vezes não passavam todo o dinheiro recolhido com os impostos para o império romano, e eram acusados de ficar com uma boa parte.

Como sempre, Jesus vai na contramão daquilo que a sociedade da época pensava e vai ao encontro daqueles considerados pecadores públicos e excluídos da sociedade. Jesus sempre pregava a inclusão e dizia que veio para “curar as ovelhas perdidas da casa de Israel”. Jesus vai ao encontro de Mateus, até então Levi, e diz: “Vem e segue-me”. Mateus deixa tudo e começa a segui-Lo.

Mateus tem um evangelho que leva o seu nome e faz parte do conjunto de evangelhos denominados como sinóticos, que também tem o evangelho de Marcos e Lucas. O nome sinótico significa que esses três evangelhos têm algo de semelhante em seus escritos e os três de certa forma conviveram com Jesus. O Evangelho de João é o quarto evangelho e aparece mais nas solenidades e festas.

A principal característica do evangelho de Mateus é o anúncio de Jesus Cristo como o Filho de Deus, do mesmo modo ao qual lhe apresentaram, pois quando Jesus o chama e ele começa a segui-Lo, ele já tinha uma noção de quem de fato era Jesus. Por isso, em seu evangelho, Mateus quer apresentar isso, para que os leitores creiam que Jesus é o Messias, o filho de Deus que devia vir ao mundo.

O evangelho de Mateus foi escrito por volta do ano 60 d.C. O Novo Testamento começa com os evangelhos considerados sinóticos.

Em seu evangelho, Mateus realça o fato de que Jesus é o Messias, que cumpre as promessas do Antigo Testamento. Mateus se preocupa em mostrar a identidade de Jesus e mostrar em Jesus o rosto da misericórdia

divina. Na verdade, a preocupação de todos os evangelistas é mostrar que Jesus veio para todos, não para um povo só, mas para toda a humanidade. A salvação de Deus é para todos aqueles que se abrem de coração sincero a misericórdia de Deus e se arrependem de seus pecados. O próprio Mateus é prova disso.

Mateus, em seu evangelho, também destaca a importância de colocar Deus em primeiro lugar e deixar tudo para depois, inclusive os bens materiais. Deus deve estar acima do dinheiro e Mateus viveu isso, pois quando era cobrador de impostos colocava os bens em primeiro lugar. Jesus o chama para que ele deixasse de servir ao dinheiro e começasse a servir a Deus. Por isso, ele alerta em seu evangelho para que as pessoas não coloquem os bens materiais acima de Deus. “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro.” (Mt 6,24).

Após a morte e ressurreição de Jesus, cada apóstolo foi cumprir a missão dada por Jesus de irem aos quatro cantos da terra anunciarem a Palavra de Deus. Mateus foi evangelizar na região da Arábia e Pérsia com o intuito de evangelizar aqueles povos. Os sacerdotes locais começaram a persegui-lo. Esses sacerdotes mandaram arrancar-lhe os olhos e o encarceraram para depois, ser sacrificado aos deuses. Mas Deus não o abandonou, e, segundo algumas narrativas, enviou um anjo e curou-lhe os olhos e o libertou da prisão. Mateus, então, se dirigiu para Etiópia, onde mais uma vez foi perseguido por um grupo de feiticeiros que opunham a evangelização. No entanto, o príncipe herdeiro faleceu e Mateus foi chamado ao palácio. Por uma graça divina, fez o filho da rainha Candace ressuscitar, causando grande espanto e admiração entre os presentes. Com esse ocorrido, Mateus conseguiu converter grande parte da população. A igreja da Etiópia se tornou uma das mais importantes dos tempos apostólicos.

Ainda não se sabe ao certo o motivo da morte de Mateus, mas algumas fontes dizem que teria morrido na Etiópia. As suas relíquias encontram-se na cripta da Catedral de Salerno. Nesse local, no dia 21 de setembro, é comemorado o dia de São Mateus com uma grande procissão.

São Mateus é considerado o santo padroeiro dos banqueiros, bancárias, alfandegários, da Guardia di Finanza (na Itália), cambistas, contadores, consultores tributários, contabilista e cobradores de dívidas. O Papa Pio XII fez, em 1934, dia 10 de abril, um documento reconhecendo o patrocínio de São Mateus para esses grupos.

Celebremos com alegria a festa do apóstolo São Mateus, ele que foi martirizado por não negar a sua fé em Cristo. Que possamos ir até as últimas consequências no nosso amor a Deus e não desistir daquilo que acreditamos. O nome “Mateus” significa “dom de Deus”, sejamos também nós dom de Deus para quem encontrarmos.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

O Papa Pio XII é novamente acusado

Domínio Público | Arquivo Nacional

Por Vanderlei de Lima - publicado em 21/09/23

Pio XII foi prudente ou omisso ante as atrocidades nazistas da 2ª Guerra Mundial? – Isso é o que trataremos neste artigo.

No dia 17/09 último, órgãos de imprensa divulgaram o encontro de uma carta do Pe. Lothar Koenig, SJ, ao Papa Pio XII. Datada de 14/09/1942, ela informa o Santo Padre da atroz perseguição sofrida por católicos, especialmente nos campos de concentração nazistas. As reportagens, embora não pareçam agressivas, trazem à tona, uma vez mais, a questão: Pio XII foi prudente ou omisso ante as atrocidades nazistas da 2ª Guerra Mundial? – Isso é o que trataremos neste artigo.

De modo geral, parece certo, à luz dos dados já publicados por historiadores sérios – tenham-se em vista Actes et Documents du Saint Siège relatifs à la seconde guerre mondiale (Vaticano, 12 volumes, 1965-1981, disponível no site da Santa Sé), de Pierre Blet, Angelo Martini e Burkhart Schneider, e Pie XII et la seconde guerre mondiale d’après lês archives du Vatican (Perrin, 1997), de Pierre Blet –, que o Papa Pio XII estava informado do que ocorria de perverso contra os adversários do nazismo. O problema central, no entanto, é: Deveria ele ter feito um grande protesto público contra o nazismo ou ter atuado do modo prudente, porém eficaz, como atuou?

A resposta exata a esta questão, a nosso ver, só o próprio Pio XII poderia dar, pois se deve a uma decisão de consciência sua. Decisão que, para nós, mais de 80 anos depois dos fatos, fora do forte calor do momento, quase nem é possível cogitar. Todavia, uma intrigante questão se impõe: Por que, então, logo após o fim da Guerra, o Sumo Pontífice não veio a público e explicou, de modo cristalino, a razão de sua ação silenciosa?

A réplica é muito simples: Porque, longe de ter seu agir questionado, Pio XII foi, ao contrário, muito elogiado. Só os judeus, por atuação do Papa, se viram salvos aos milhares, de modo especial em Roma. E, com júbilo, lhe souberam ser muito gratos. Lembramos – entre tantos outros – dois fatos ilustrativos: a primeira-ministra israelense Golda Meir declarou, na ONU, por ocasião da morte de Pio XII, em 1958: “Durante os dez anos de terror nazista, quando nosso povo sofreu espantoso martírio, a voz do Papa se ergueu para condenar os carrascos e para exprimir a sua compaixão em relação às vítimas” (Pergunte e Responderemos n. 461, outubro de 2000, p. 480). Já o Grão-Rabino Zolli, de Roma, se converteu ao Catolicismo, tomando o nome de Eugênio em tributo ao Papa Eugênio Pacelli (cf. Pergunte e Responderemos n 446, julho de 1999, p. 325-328).

A forte campanha de difamação contra Pio XII é tardia. Teve início, em 1963, com a peça Der Strellvertreter (O Representante ou o Vigário), do teatrólogo alemão Rolf Hochhuth, isto é, cinco anos após a morte do Pontífice e dezoito depois do fim da Guerra. Qual a razão desses ataques que perduram até hoje? – Os estudiosos não são unanimes, mas duas grandes linhas ganharam força recentemente: 1) Por meio de acusações a Pio XII, tentar desmoralizar a Igreja Católica que, em uma sociedade cada vez mais pagã, insiste, por fidelidade a Deus, no valor da família monogâmica e estável, na defesa da vida desde a concepção até o seu fim natural, no patrocínio à objeção de consciência etc. (cf. Joaquim Blessmann. O Holocausto, Pio XII e os Aliados. EDIPUCRS, 2003) e 2) Ao atacar Pio XII, se vingar desse Papa que muito alertou o mundo sobre os males do comunismo (cf. Francisco Vázquez. La verdad de Pío XII. ABC.ES, on-line, 08/04/2020).

Por fim, a Irmã Pasqualina Lehnert, fiel auxiliar de Pacelli por 41 anos e autora do livro Pie XII. Mon privilège fut de le servir (Téqui, Paris, 1984), ouviu dele, em uma manhã de agosto de 1942, após ser informado de violentos ataques nazistas, o seguinte: “É melhor que em público eu me cale e que faça em silêncio, como antes, tudo o que seja possível fazer em favor desse pobre povo” (Pergunte e Responderemos n. 305, outubro de 1987, p. 443). E assim, em consciência, o fez para evitar um mal ainda maior.

Eis o que, de momento, cabe dizer sobre o agir de Pio XII na Guerra. Agir discreto, mas que defendeu muitas pessoas. Se tivesse protestado publicamente, poderia, hoje, ser taxado de insensato pelos mesmos críticos de plantão. Diriam, talvez, ser ele o culpado por tantas vidas ceifadas em represália à sua fala. Fala tida, então, como inconsequente.

Assim são, pois, atacados os Papas. Ora porque falam, ora porque não falam!

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Jesus Cristo age através das pessoas

Deus veio ao nosso encontro (bibliaon)

Arquivo 30Dias - 01/1998

Jesus Cristo age através das pessoas

«O antigo princípio romano, o direito, foi substituído no mundo católico pela sociologia: a liberdade é efetivamente substituída pela organização. A lei supõe os indivíduos como sujeitos livres, a organização vê os indivíduos como partes”. Um trecho do livro de Gianni Baget Bozzo, O futuro do catolicismo. A Igreja depois do Papa Wojtyla.

Um trecho do livro de Gianni Baget Bozzo, O futuro do catolicismo

«Mas o ponto em que a ideologia conciliar e a secularização da teologia têm maior impacto é na figura do sacerdote. A espiritualidade do sacerdote “outro Cristo”, aquele que o representa como causa instrumental pessoal e, portanto, uma pessoa sagrada, desapareceu completamente. O padre católico recebeu todo o impacto da secularização. Perdeu sua sacralidade. Quem é o padre hoje? Ele é o organizador do social eclesiástico: o líder da comunidade. O padre secularizado é comunitarizado, torna-se funcional para a comunidade, torna-se seu senhor e servo ao mesmo tempo, não o padre. No sacerdote a figura sacerdotal é colocada de lado, já não é a verdadeira dimensão do sacerdote. Cria uma divisão entre a memória da tradição e a difusão da secularização.

O cristão sagrado é o corpo ressuscitado de Cristo, que provoca a nossa redenção, nos incorpora nele e nos dá o Espírito. É um corpo físico, assim como a sacralidade é física. O corpo glorioso de Cristo está crucificado, porque com o seu sangue ele nos redimiu do poder do Maligno. É a sacralidade da dor física e espiritual de toda a humanidade que nele se reúne. O sacerdote continua a ação redentora e divinizadora de Cristo. Como pessoa, é a continuidade da ação salvadora, no seu duplo aspecto; libertação do poder de Satanás e o dom da vida trinitária. A secularização do sacerdote é até agora uma ferida aberta dentro da Igreja. E a palavra que mais contribuiu para impactar a figura do sacerdote como pessoa sagrada, como Giorgio, Davide, João, pessoa e pessoa sagrada, continuador de Cristo salvador e deificador, é uma pastoral tão linda. O sacerdote tornou-se um sujeito sem autonomia, organizado pela diocese, pelas associações, pela programação pastoral.

A graça do Espírito Santo atua na dimensão das pessoas. É sempre uma escolha do indivíduo. O papado e o episcopado monárquico são o sinal do princípio da pessoa na instituição. Jesus Cristo é uma Pessoa e age através das pessoas. Por que esta dimensão da pessoa sagrada é destruída no sacerdócio, que, no contexto da lei, tem a capacidade de fazer o que o Senhor lhe inspira? No mundo católico, o antigo princípio romano do direito foi substituído pela sociologia: a liberdade que o direito canónico confere é efetivamente substituída pela organização. O direito pressupõe os indivíduos como sujeitos livres, vinculados apenas pela norma aos limites da norma: a organização vê os indivíduos como partes. O direito é a forma da política, a organização da empresa. A organização substitui a lei, a lei exprime sempre um espaço da pessoa, a sociologia e a organização transformam o sacerdote em funcionário. A diocese deixa de ser uma comunhão e passa a ser uma organização. A “caridade pastoral” é a sociologização da caridade.

O princípio Jesus Cristo sobre o qual a Igreja está fundada é uma Pessoa e os seus instrumentos são as pessoas como pessoas. Como Cristo trabalha sempre e, como o Filho, trabalha desde a eternidade, surgem sempre verdadeiras vocações sacerdotais. Mas eles, devido à deformação eclesiástica causada pela ideologia conciliar e, portanto, pela secularização, já não operam segundo a sua essência pessoal, que vem de Cristo, mas devem sobrepor-lhe uma figura imprópria que vem da pastoral organizada. Isto acontece enquanto a questão do significado pessoal é o fenómeno social mais relevante do nosso tempo. É evidente que se cai a sacralidade do sacerdote como pessoa que é instrumento conjunto da ação do Único Sacerdote, Cristo, cai também o celibato, que é uma figura fundamental do catolicismo como instituição. A programação pastoral só pode motivar o celibato como compromisso profissional a tempo inteiro, mas não pode dar-lhe uma figura espiritual, ligada à relação com Cristo. A pastoral desconhece a palavra essencial “vocação”, que é a ação de Cristo na alma de quem chama a ser sacerdote. A Igreja pode cultivar vocações na medida em que conduz à oração, à comunhão interior com Cristo que imprime no corpo, na alma e no espírito o dom do seu sacerdócio. E por isso o seu sacerdócio, o seu caráter de pessoa sagrada, deve ser restituído ao sacerdote mas não pode dar-lhe uma figura espiritual, ligada à relação com Cristo. A pastoral desconhece a palavra essencial “vocação”, que é a ação de Cristo na alma de quem chama a ser sacerdote. A Igreja pode cultivar vocações na medida em que conduz à oração, à comunhão interior com Cristo que imprime no corpo, na alma e no espírito o dom do seu sacerdócio. E por isso o seu sacerdócio, o seu caráter de pessoa sagrada, deve ser restituído ao sacerdote mas não pode dar-lhe uma figura espiritual, ligada à relação com Cristo. A pastoral desconhece a palavra essencial “vocação”, que é a ação de Cristo na alma de quem chama a ser sacerdote. A Igreja pode cultivar vocações na medida em que conduz à oração, à comunhão interior com Cristo que imprime no corpo, na alma e no espírito o dom do seu sacerdócio. E por isso o seu sacerdócio, o seu caráter de pessoa sagrada, deve ser restituído ao sacerdote à comunhão interior com Cristo que imprime o dom do seu sacerdócio no corpo, na alma, no espírito. E por isso o seu sacerdócio, o seu caráter de pessoa sagrada, deve ser restituído ao sacerdote à comunhão interior com Cristo que imprime o dom do seu sacerdócio no corpo, na alma, no espírito. E por isso o seu sacerdócio, o seu caráter de pessoa sagrada, deve ser restituído ao sacerdote álter Christus no sentido próprio e específico. Esta é precisamente a autoridade do sacerdote.

A secularização na Igreja mudou profundamente a realidade da Igreja. E a secularização é fruto da ideologia conciliar. A ideologia conciliar introduziu uma fratura com a linguagem misteriosa e mística que o próprio Concílio se propôs introduzir. O princípio do primado do social sobre o pessoal, do “grande animal político” sobre a fragilidade da pessoa, impôs-se insensivelmente como uma grande mancha em toda a Igreja.

O pontificado de Paulo VI encontrou-se no centro deste conflito entre os documentos do Concílio Vaticano II e a ideologia conciliar. O esforço do Papa visava manter o Concílio em continuidade com a renovação iniciada por Pio XII. Manter o impulso nascido do Vaticano II com a continuidade da Tradição, da qual Pio XII foi a última atualização eficaz, foi o esforço de Paulo VI. Mas a ideologia conciliar operou na Igreja de uma forma mais poderosa do que a autoridade do Papa. O drama do pontificado de Paulo VI foi o de temer uma ruptura com as alas extremas. Queria manter tudo na Igreja, desde o tradicionalismo que negava o Concílio até aos mais extremos impulsos de secularização, valorizando aquelas posições que poderiam parecer intermédias,

Gianni Baget Bozzo, O futuro do catolicismo. A Igreja depois do Papa Wojtyla , Casale Monferrato (Al), Piemme, 1997, pp.113-115.

Fonte: http://www.30giorni.it/

O "bispo voador": a Terra é como uma irmã e linda como uma mãe que nos acolhe

O Papa encontra indígenas da floresta amazônica - Viagem Apostólica ao Perú - janeiro de 2018 (Vatican Media)

Partindo de sua experiência pessoal e convidando a uma forte conversão e a uma verdadeira transformação do coração, dom Luciano Capelli, bispo da Diocese de Gizo das Ilhas Salomão até junho de 2023, exorta a "uma forte mudança cultural e educacional, uma verdadeira mudança de paradigma que torne realidade algo com o qual todos concordem. A Terra é como uma irmã e é linda como uma mãe que nos acolhe em seus braços. Todos nós podemos trabalhar juntos como instrumentos de Deus para curar", ressalta.

Vatican News

"Hoje, ouvindo o grito dos pobres e da terra, a degradação da natureza, dos rios, o crescente desaparecimento da diversidade, o consumo desenfreado de combustíveis fósseis, a destruição das florestas, que estão aumentando as temperaturas e causando secas, ainda há espaço para o louvor?"

Assim se expressou irmã Ruth del Pilar Mora, Filha de Maria Auxiliadora, conselheira geral das missões, durante uma série de encontros online em nível continental para as missionárias salesianas ad gentes e para as coordenadoras provinciais das missões salesianas ad gentes, que teve como tema a Ecologia Integral e que contou com a intervenção missiológico-pastoral "Eu e a Mãe Terra, o Oceano e o Clima" de dom Luciano Capelli, SDB, bispo da Diocese de Gizo das Ilhas Salomão até junho de 2023, e foi compartilhada pelas Filhas de Maria Auxiliadora das Ilhas de Samoa.

"É necessário ajudar os mais poderosos a usar sua consciência. A Igreja deve ajudá-los a entender que devem parar de se comportar como proprietários dos bens da terra, abusando deles", disse o prelado, também conhecido como o "bispo voador", já que, para seguir esta diocese nos confins do mundo, ele começou a viajar em um pequeno ultraleve anfíbio.

Convite à conversão e verdadeira transformação do coração

Partindo de sua experiência pessoal e convidando a uma forte conversão e a uma verdadeira transformação do coração, o bispo Capelli exortou as participantes do encontro a "uma forte mudança cultural e educacional, uma verdadeira mudança de paradigma que torne realidade algo com o qual todos concordem. A Terra é como uma irmã e é linda como uma mãe que nos acolhe em seus braços. Todos nós podemos trabalhar juntos como instrumentos de Deus para curar", insistiu ele.

"É a minha vez, é a sua vez, é a nossa vez, é a vez de todos nós que nos preocupamos com o destino da Criação", foi um dos imperativos da irmã Ruth. "Devemos transformar o nosso estilo de vida, não mais como proprietários que exploram, mas como custódios que cuidam e são responsáveis pelo futuro do Planeta".

Participaram deste encontro online cerca de 350 irmãs Filhas de Maria Auxiliadora de todo o mundo, com a presença de comunidades inteiras que escolheram esta oportunidade para partilhar a sua paixão missionária, o seu sentido de pertença ao Instituto, a sua comunhão com todas as irmãs para olhar juntas o planeta como pátria e a humanidade como pessoas que vivem em uma casa comum, cuidando da natureza, que faz parte da vida. Os católicos no território diocesano de Gizo representam 10%, totalizando 15 mil fiéis.

(Fides)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A inspiradora presença de São Mateus na vida do Papa Francisco

Zvonimir Atletic | Shutterstock

Por Aleteia Brasil

Ele está presente no início da vocação do Papa e no seu escudo pontifício.

Apóstolo e Evangelista São Mateus foi um dos Doze a quem Jesus escolheu para O acompanharem durante a Sua vida pública e para darem continuidade à pregação da Sua Boa Nova a todos os povos do mundo.

Mateus era publicano, ou seja, cobrava dos judeus os impostos que a província devia entregar aos ocupantes romanos. E foi enquanto ele executava esse trabalho, profundamente odiado pela sua gente, que Jesus passou e o chamou. Mateus, segundo o relato do Novo Testamento, deixou tudo imediatamente e seguiu a Jesus.

Após a Ressurreição e Ascensão de Jesus ao céu, São Mateus pregou o Evangelho durante anos na Judeia e nas regiões vizinhas. Ele também foi um dos quatro autores que, inspirados pelo Espírito Santo, escreveram o relato da vida de Jesus. Além de Mateus, os outros três evangelistas são Marcos, Lucas e o também Apóstolo João.

A Igreja celebra São Mateus no dia 21 de setembro.

O Papa Francisco, chamado à vocação no dia de São Mateus

E foi justamente nesse dia, em 1953, que um jovem argentino de 17 anos, depois de se confessar, sentiu na alma o chamado à vida religiosa como membro da congregação dos jesuítas. Esse jovem se chamava Jorge Mario Bergoglio e hoje atende pelo nome mundialmente reconhecido de Papa Francisco.

Ele próprio relatou esse episódio sobre a descoberta da sua vocação sacerdotal durante a Vigília de Pentecostes de 2013.

Naquela vigília, uma jovem tinha lhe perguntado: “Como foi que Sua Santidade atingiu a certeza da fé na sua vida?”.

O Papa Francisco então evocou aquele 21 de setembro de 1953, que, na Argentina, era também o dia do estudante.

“Antes de ir para a festa, eu passei na frente da paróquia que frequentava e encontrei um padre que não conhecia. Senti a necessidade de me confessar. E, para mim, aquela foi uma experiência de encontro. Encontrei alguém que me esperava. Não sei o que aconteceu, não me lembro; não sei por que aquele padre estava lá, nem por que senti aquela necessidade de me confessar. Mas a verdade é que Alguém me esperava; estava me esperando fazia muito tempo e, depois da confissão, eu senti que alguma coisa tinha mudado. Eu não era mais o mesmo. Tinha sentido uma voz, um chamado. Tive a certeza de que eu tinha que ser sacerdote. E essa experiência na fé é importante”.

São Mateus presente no lema do Papa Francisco

Anos depois, quando foi ordenado bispo, ele escolheu um lema baseado numa frase de São Beda Venerável que evoca o chamado feito por Jesus a Mateus: “Miserando atque eligendo” (no contexto, quer dizer “Olhando com misericórdia e chamando“).

Esta frase continua sendo o lema do Papa Francisco e está agora imortalizada no seu escudo pontifício.

O Papa Francisco também costuma pedir com frequência aos fiéis para lerem o Evangelho de São Mateus, em particular o capítulo 25, onde são detalhadas as obras de misericórdia.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Três papas e uma orientação fundamental comum

1978: O Ano dos Três Papas (TV Evangelizar)

Arquivo 30Dias 07/08 - 1998

Três papas e uma orientação fundamental comum

A sua ação pastoral visava fazer com que a Igreja vivesse todos os conteúdos do Concílio Ecumênico Vaticano II.

do Cardeal Hyacinthe Thiandoum

O vigésimo aniversário da morte de Paulo VI – seguido um mês depois pela breve passagem de João Paulo I no trono do apóstolo São Pedro – e o início do ministério pontifício e providencial de João Paulo II, representam para nós uma oportunidade tenho o privilégio de expressar fervorosos agradecimentos a Deus pelos inúmeros benefícios que nos advêm dos pontificados extraordinariamente frutíferos destes três gloriosos pontífices soberanos.

1. É para mim motivo de particular alegria, por ocasião deste aniversário, evocar a memória que tenho do Papa João Paulo I, pelo sentimento de amizade com que me honrou. O primeiro encontro data de 1970. O patriarca de Veneza, sabendo que eu estava de passagem pelas Dolomitas, convidou-me para passar o fim de semana com ele. Estávamos na segunda quinzena de julho. As nossas conversas naquela altura centraram-se na vida da Igreja na Europa e em África, em particular sobre a escassez de sacerdotes na Europa Ocidental e o seu aumento, no entanto, no continente africano. Juntos procurámos formas de pôr em prática a renovação espiritual proposta pelo Concílio Vaticano II para ajudar a melhorar a situação.

Durante a conversa, fiquei muito surpreso ao ouvir o venerado patriarca da Cidade dos Doges expressar este desejo: “Acho que o próximo papa não deveria ser um italiano”. Fiquei sem palavras. Justificou assim a sua afirmação: «Isto daria ainda mais ênfase à universalidade da Igreja Católica». “Você é o único que deseja isso?”, perguntei a ele. “Muitos bispos na Itália e em outros países compartilham da minha opinião”, foi a sua resposta. E isso é tudo para este nosso primeiro encontro, focado em um assunto – é preciso admitir – de muito respeito.

2. A Providência concedeu-me um segundo encontro em 1977, por ocasião do encerramento do Sínodo. Assim que terminaram os trabalhos, nos quais ambos participamos, ele me convidou para acompanhá-lo a Veneza, onde os seus responsáveis ​​diocesanos nos esperavam lotados na Basílica de São Marcos, lotada. Depois pediu-me que falasse e transmitisse a mensagem do Sínodo à multidão, composta principalmente por jovens. A princípio recusei, ressaltando que tal tarefa cabia ao patriarca e que, portanto, não queria decepcionar o público. Ele me convenceu do contrário e... tudo que tive que fazer foi obedecer.

Desta vez fiquei cinco dias com o cardeal Luciani. A estadia tornou-se memorável pela solenidade do Dia de Todos os Santos, que ele me fez celebrar na Basílica de São Marcos. Ele me levou para visitar seu seminário localizado à sombra da majestosa igreja de Santa Maria della Salute. Posteriormente pediu-me que o acompanhasse a Treviso para uma cerimónia litúrgica e, outra vez, a Pádua ao bispo daquela cidade, Monsenhor Girolamo Bortignon, antigo pregador de exercícios espirituais no Vaticano e teólogo de profunda cultura religiosa, então vice-presidente. -presidente da Conferência episcopal regional do Trivêneto. O cardeal – presidente desta mesma Conferência – tinha ido até ele para discutir assuntos pastorais. Durante estas visitas tive a oportunidade de conhecer diferentes personalidades e aprender muitas coisas. Abro aqui um parêntese para dizer que estes contatos providenciais explicam, sem dúvida, o meu profundo apego a esta região do Norte de Itália.

Durante esta estadia em Veneza, pude perceber a importância que o patriarca atribuía à imprensa - aliás publicou muitos artigos em vários jornais regionais -, bem como o seu considerável talento como catequista e a sua capacidade de estar perto dos jovens. e crianças.

Antes de deixar Veneza para ir a Roma, não hesitei em expressar algumas impressões e reflexões todas ditadas por uma única certeza, a de ter me aproximado do futuro Pontífice da Igreja Católica . Uma crença que também expressei sem hesitação a Don Diego, seu secretário particular.

3. Depois de o Papa Paulo VI ter sido chamado a Deus em Agosto de 1978, começaram os preparativos para o conclave para eleger o seu sucessor. Pela minha parte, não tinha dúvidas de que o Cardeal Luciani ocuparia em breve o trono de Pedro. Às numerosas perguntas sobre quem seria o sucessor de Paulo VI que me foram feitas em Roma antes da abertura do conclave, respondi invariavelmente: Cardeal Luciani. Eu estava tão convencido disso que - o episódio é de domínio público -, na véspera de sua entrada no conclave, o convidei para tomar uma refeição comigo nas Pias Madres da via Alcide De Gasperi, depois, pedindo aos líderes da comunidade que se juntassem a nós na hora do café: para que pudessem ver o futuro Papa com os próprios olhos. Na presença das freiras e de sua secretária, disse-lhe sem rodeios: “Estamos esperando por você, meu patriarca”. Ele entendeu perfeitamente o que eu queria insinuar e respondeu: "Não é da minha conta."

Ainda antes deste episódio, quando encontrei o Cardeal Luciani – naturalmente sempre fora do conclave – saudava-o regularmente com estas palavras: “Saúdo o meu patriarca”, e ele respondia: “Eu sou o patriarca de Veneza ” . E nós dois sabíamos o que queríamos dizer. Foi assim que, no dia da entrada no conclave, eu só tinha comigo uma pasta e as freiras me perguntaram onde eu havia guardado meus pertences pessoais necessários para toda a duração do conclave. Respondi-lhes que, como tudo se resolveria muito rapidamente, não achava necessário incomodar-me muito...

O sucessor de Paulo VI foi chamado a Deus apenas um mês após a sua ascensão ao papado. A sua morte prematura e inesperada deixou o colégio dos cardeais e o mundo inteiro em consternação. De facto, João Paulo I, apesar da sua curta existência, imprimiu à Igreja um novo estilo de vida, antes de mais pela sua simplicidade, pela forma direta que teve nas relações interpessoais, pela sua cordialidade, pela abertura aos pobres, jovens e crianças; ele também era extraordinariamente versado em catequese.

4. Parece-me oportuno sublinhar neste ponto o que me parece ser uma orientação comum de Paulo VI, de João Paulo I e do sucessor do Papa Luciani, João Paulo II, isto é, o seu desejo comum de levar a Igreja a uma nova era com a correta aplicação da doutrina e dos ensinamentos do Concílio Vaticano II. Embora, de fato, João Paulo I não tenha oferecido muitos ensinamentos à Igreja Católica da qual era pastor supremo, o que relatei sobre seu estilo de vida e a escolha que fez de se autodenominar João Paulo I - nome composto que significava lealdade a João XXIII, promotor do Vaticano II, e a Paulo VI, que guiou o Concílio passo a passo com vigor, a relevância e o interesse que todos conhecem - testemunham a sua intenção de prosseguir a orientação comum dos seus antecessores. É por esta razão que não é possível evocar o nome de Paulo VI sem pensar no Concílio Vaticano II e vice-versa. Creio poder afirmar sem medo de errar que, para Paulo VI, o Vaticano II brilhou com duas luzes poderosas: a constituição dogmática sobre a Igreja, Lumen gentium e a constituição pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje Gaudium et spes.

Estes dois pilares da doutrina conciliar estão, por assim dizer, indissoluvelmente unidos entre si e neles estão integrados todos os outros documentos do Vaticano II, a começar pela constituição dogmática sobre a revelação divina, Dei Verbum, e aquela sobre a liturgia Sacrosanctum Concilium. Durante esta breve intervenção não me é possível desenvolver adequadamente a discussão sobre as harmonias e convergências dos textos conciliares. Limitar-me-ei, portanto, a recordar que a polarização do interesse de Paulo VI pelas duas constituições, o da Igreja e o da presença da Igreja no mundo, já era visível na marca d'água - em particular no caso da constituição sobre a Igreja no mundo atual - no valioso e memorável discurso que proferiu em Roma, na Fraternidade Pio

5. A ação pastoral de João Paulo II enquadra-se diretamente na linha traçada pelos seus antecessores, sempre para fazer com que a Igreja experimente toda a contribuição do Concílio Vaticano II, mas com uma dimensão e extensão sem dúvida desconhecidas até agora. As suas viagens pelo mundo e o facto de ter plantado as raízes da celebração do Grande Jubileu do ano 2000 da Encarnação do Verbo Divino no húmus do Vaticano II são testemunho disso. Além disso, desde o início do seu pontificado indicou o sentido da sua ação com o lema: “Abrir as portas a Cristo”. Seria como mutilar o pensamento do Papa se nos limitássemos à primeira parte deste lema: "Não tenha medo"; nada mais é do que uma introdução que deve necessariamente conduzir à substância das palavras do Papa: “Abri as portas a Cristo”.
Se o aniversário hoje comemorado nos ajuda a dar graças a Deus por ter dado à sua Igreja e ao mundo de hoje pastores supremos de prestígio, a nossa oração nos ajudará a amar melhor a Igreja e a percorrer um caminho tão iluminado, na fidelidade ao Espírito divino e sob o olhar de Maria.

Fonte: http://www.30giorni.it/

"Deus viu que tudo era muito bom"

A criação do mundo (bibliaon)

Dom Carlos José 
Bispo de Apucarana (PR) 

“DEUS VIU QUE TUDO ERA MUITO BOM.”  (Gn 1,31) 

“Faça o necessário, depois o possível e, de repente, você estará fazendo o impossível.” (São Francisco de Assis) 

Quando a natureza se expressa e o ser humano não entende, o caos está estabelecido, a criação Divina, perfeita em sua origem, torna-se, por causa da falta de entendimento humano ou descaso mesmo, o inverso daquilo que Deus criou. A natureza da criação era muito boa, tal qual a vontade e o desejo de Deus para toda a humanidade, tanto que Ele deu ao homem todas as condições necessárias para dela cuidar com amor e inteligência. De perfeita para ser usufruída por todos os viventes encontra-se num tal estado de penúria que, encontrar beleza e purezas originais chega a ser como encontrar um pequeno tesouro escondido, entre lixões, devastações, rios quase secos e sem vida. Consequentemente, sofre a humanidade vítima das catástrofes frequentes que devastam populações, países, deixando um rastro de destruição, lágrimas, perdas e desolação. 

O homem esqueceu-se do primeiro mandamento! Ama tudo e, ao mesmo tempo, nada ama! Ama-se a si próprio num egoísmo ilógico e deixa tudo para que os outros façam, cobrando-os pelos que não fazem e, continua nada fazendo. Triste criatura sem ação. Amar a Deus sobre todas as coisas implica em amar o próximo como a si mesmo e fazer ao próximo o que se quer para si, ou ainda, fazer ao próximo mais que a si mesmo, essa é a razão do amor a Deus que se doou por todos, até por quem não O ama. Cuidar do lugar onde vivemos, preservar a natureza, economizar os recursos naturais é reconhecer que o que a natureza nos fornece é dom do Criador e deve ser repartido, pois não é exclusividade nossa. 

Esse exercício de partilha é um reflexo do amor que sentimos por Deus e pelo próximo, é respeitar a dádiva Divina chamada vida, a nossa e a do outro e cuidar com carinho para que todos possam usufruir daquilo que é de direito de cada um.  Como? Começando no bairro, na rua, na cidade, com pequenos gestos, fazendo o necessário e o possível, como nos ensinou São Francisco. “Que a Justiça e a Paz Fluam” (Amós, 5,24), com esse tema, o Tempo da Criação deste ano nos chama a sermos homens mulheres anunciadores do amor de Jesus, que é a fonte de Água Viva, que nos tira da inércia e nos põe a caminho nessa luta pela reconstrução de um mundo mais limpo e harmonioso para todos. 

Como nos pede o Papa Francisco: “Neste Tempo da Criação, como seguidores de Cristo no nosso caminho sinodal comum, vivamos, trabalhemos e rezemos para que a nossa casa comum seja novamente repleta de vida. Que o Espírito Santo continue a pairar sobre as águas e nos guie para renovar a face da terra” (cf. Sal 104, 30).

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF