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sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Os princípios da Doutrina Social da Igreja (III)

Doutrina Social da Igreja (paulinos)

OS PRINCÍPIOS DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA (III)

Dom Wilson Angotti
Bispo de Taubaté (SP)

“Ide também vós para minha vinha e lhes darei justo salário” (Mt.20,4) 

Temos considerado os princípios ou temas recorrentes e fundamentais da Doutrina Social da Igreja (DSI). Inúmeros princípios poderiam ser elencados. Utilizamos uma elaboração que destaca doze temas principais. Trataremos aqui dos últimos quatro, a saber: a socialização, a prioridade do trabalho sobre o capital, a destinação universal dos bens e o justo salário. Tendo por base os ensinamentos de Jesus, convido-o a conhecer o que a Igreja ensina sobre esses temas. Veja a seguir. 

9º Princípio: A Socialização 

A socialização diz respeito à “tendência natural dos seres humanos a associarem-se para fins que ultrapassam as capacidades e os meios de que os indivíduos podem dispor em particular. Esta tendência deu origem a grande variedade de grupos, movimentos, associações e instituições, com finalidades econômicas, culturais, sociais, desportivas, recreativas, profissionais e políticas” (São João XXIII, Mater et Magistra, n.57). 

A socialização não se identifica com socialismo. Trata-se de formas associativas próprias do ser humano, independentes do poder público, mas reconhecidas institucionalmente com a função de favorecer o bem comum, em várias áreas, sem a necessidade de se recorrer ao estado. A socialização é a maneira da sociedade organizar-se com o fim de alcançar seus objetivos. Esse princípio levou o Papa S. João Paulo II a associar trabalho e propriedade do capital de modo que os trabalhadores não só participassem da gestão, mas associados pudessem ser gestores de uma propriedade ‘socializada’ (cf. Laborem Exercens [L.E.],14). A socialização pode ser considerada uma alternativa entre a versão capitalista e coletivista (ou comunista) da propriedade.   

10º Princípio: Prioridade do trabalho sobre o capital 

“Deve recordar-se, antes de mais nada, um princípio ensinado sempre pela Igreja, é o princípio da prioridade do trabalho em relação com o capital. … É preciso acentuar e pôr em relevo o primado do homem no processo de produção, o primado do homem em relação às coisas. … É como pessoa que o homem é sujeito do trabalho. É como pessoa que ele trabalha e realiza diversas ações que fazem parte do processo de trabalho; estas, devem servir para a realização da sua humanidade e de sua vocação” (Papa S. João Paulo II, L.E.12 e 6). 

Todo ensinamento da Igreja nesse sentido o que se quer evidenciar é que o ser humano que trabalha é mais importante que as coisas ou as riquezas que ele produz. O trabalho é um ato humano enquanto o capital ou as riquezas por ele geradas são um instrumento, um meio para conseguir o que ele precisa. O que a Igreja ensina com a prioridade do trabalho sobre o capital é consequência da prioridade do ser humano sobre as coisas.  

11º Princípio: Destinação universal dos bens, sem anular a propriedade privada 

“Faço minhas e volto a propor a todos as palavras de São João Paulo II: ‘Deus deu a terra a todo gênero humano, para que ela sustente todos os seus membros, sem excluir nem privilegiar ninguém’ (CA, n.21). Nessa linha, lembro que a tradição cristã nunca reconheceu como absoluto ou intocável o direito à propriedade privada, e salientou a função social de qualquer forma de propriedade privada. O princípio do uso comum dos bens criados para todos é o primeiro princípio de toda ordem ético-social.” (Papa Francisco, Fratelli Tutti, n.120). 

O direito à propriedade privada é tema consagrado na Doutrina Social da Igreja; porém, sem jamais aceitar a tese do capitalismo liberal que considera a propriedade particular como um direito absoluto e ilimitado. A doutrina da Igreja sempre condicionou a propriedade privada à função social. Com o Papa Leão XIII (em 1891), diante do Manifesto Comunista (de 1848) que pregava a abolição absoluta da propriedade privada, o Papa enfatizou o direito à propriedade privada e sua destinação social. Posteriormente, o magistério destacou a destinação social de toda propriedade ressalvando o direito à propriedade privada (cf. Concílio Vaticano II, GS 69). Houve, assim, uma mudança de acento. Dentro da mesma perspectiva, a desapropriação pode ser legítima em vista a um bem comum (cf. Gaudium et Spes 71). 

12º Princípio: O justo salário 

“No contexto atual, não há maneira mais adequada para realizar a justiça nas relações entre trabalhadores e empregadores que a remuneração pelo trabalho. (…) Uma justa remuneração do trabalho das pessoas adultas, que tenham responsabilidades de família, é aquela que for suficiente para fundar e manter dignamente uma família e para assegurar o seu futuro” (Papa São João Paulo II, Laborens Exercens, 19). 

A justa remuneração deve proporcionar acesso aos bens comuns quer sejam bens da natureza quer sejam produzidos. O salário justo é aquele a que se chega ao conjugar três fatores: as exigências de manter as necessidades da família do trabalhador, a observância do bem comum e as possibilidades econômicas da empresa. O estabelecimento do salário não pode se dar numa relação desequilibrada em que o empregado é constrangido a aceitar determinado salário pressionado pela necessidade ou com receio de um mal maior (como ser demitido). Para que essa relação não seja desproporcional é que se conjuga a ação dos sindicatos.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

O Prêmio Nobel de Literatura vai para um católico moderno

Ole Berg-Rusten / NTB / AFP

Por Jean Duchesne

O Prêmio Nobel de Literatura deste ano vai para Jon Fosse, um católico norueguês. "É um fato inesperado", observa o ensaísta Jean Duchesne, "mas mais significativo do que poderíamos imaginar.

No dia 5 de outubro, soubemos que o Prêmio Nobel de Literatura anual seria concedido em 2023 a um norueguês de 64 anos, Jon Fosse, cuja reputação até então era bastante limitada, além de ser um católico minoritário em seu país, como sua compatriota Sigrid Undset, que ganhou o prêmio em 1928. É seguro dizer que, em breve, não falaremos mais sobre ele do que falamos sobre ela hoje. Haveria muitas razões para isso. Mas seria uma pena. Vejamos por quê.

Em primeiro lugar, os Prêmios Nobel em geral não são muito importantes. O fundador sueco, Alfred (1833-1896), que dá nome a eles, era um filantropo que permaneceu solteirão, enriquecido por inúmeras invenções patenteadas, em especial explosivos, incluindo a dinamite. Ele imaginava que esse poder (dynamis em grego) era tão destrutivo que ninguém ousaria usá-lo para fins militares e que a paz reinaria no mundo. Mas a dissuasão só funcionou – e de uma forma que continua precária! – até depois da Segunda Guerra Mundial, sob a ameaça ainda mais terrível da bomba atômica.

Mas, para entrar para a história como um benfeitor (e não como um “mercador da morte”), Alfred Nobel legou sua fortuna para ser usada todos os anos para recompensar os autores de trabalhos “de maior benefício para a humanidade” em cinco campos: física, química, medicina, literatura e a serviço da paz. Um prêmio de economia foi adicionado em 1968, a esquecida matemática tem a Medalha Fields desde 1936, e agora outras disciplinas científicas, música e arquitetura também têm seus próprios prêmios, semelhantes ao Nobel.

Seleções fatalmente questionáveis

As escolhas feitas pela Academia Sueca, que concede o prêmio de literatura, às vezes são contestadas. Desde o início (em 1901), o poeta francês Sully Prudhomme, que é pouco apreciado hoje em dia, foi preferido a Zola ou Tolstói. Chekhov, Ibsen, Jack London, Henry James, Proust, Joseph Conrad, Joyce, Virginia Woolf, Paul Valéry, José Luis Borges, Milan Kundera… O júri também evitou autores que teriam desagradado (ou agradado demais) Hitler ou Stalin. Dito isso, seleções desse tipo são inevitavelmente discutíveis: a Académie française desprezou Diderot, Stendhal, Balzac, Baudelaire, Dumas, Maupassant e Verlaine (entre outros, sem mencionar os já mencionados Zola e Proust) e elegeu uma série de honrosos vice-campeões. Flaubert virou as costas para o prêmio, assim como Houellebecq o faz hoje e Sartre recusou o Prêmio Nobel.

Dos vencedores mais recentes da Suécia, poucos parecem ter tido (ou encontrado graças a esses prêmios) um impacto significativo na cultura contemporânea: a poeta americana Louise Glück (2020), o tanzaniano anticolonial Abdulrazak Gurnah (2021). Apesar de todo o respeito devido aos testemunhos “autosociobiográficos”, à escrita sóbria e aos compromissos feministas e “de esquerda” da francesa Annie Ernaux, que recebeu o prêmio em 2022, e apesar de seu público internacional de conhecedores, com um bom número de traduções, não é certo que sua obra se tornará uma referência. Será que Jon Fosse será diferente?

Dramaturgo, romancista e poeta

A princípio, você se pergunta como se pronuncia seu nome. Depois de verificar, dizemos “Ione Fosseu” (acentuando a primeira sílaba). O segundo problema é que ele escreve em nynorsk, um idioma que foi criado no século 19 com a síntese de vários dialetos locais e hoje é falado por cerca de um em cada dez noruegueses, especialmente no sudoeste do país. Como resultado, seus textos são distribuídos principalmente em tradução. Ele começou com o romance, depois passou para o teatro antes de retornar ao romance, e também publicou poemas e histórias infantis.

Foi como dramaturgo que ele ganhou reconhecimento internacional. Algumas de suas peças foram encenadas na França por diretores conhecidos (Claude Régy, Patrice Chéreau, Jacques Lassalle) e publicadas em tradução pela editora especializada L’Arche.

Escrevendo o indizível

Nada disso é tão facilmente acessível. O vocabulário é muito simples (o que levou a falar de “minimalismo” e a comparar Jon Fosse a Samuel Beckett), mas o estilo não é narrativo nem performático. É mais uma questão de monólogos interiores, um pouco como o “fluxo de consciência” definido pelo pensador americano William James (irmão do romancista Henry) e transcrito por Joyce, Virginia Woolf e Faulkner: essas sensações, lembranças e devaneios que percorrem a mente sem nenhuma ordem racional e só podem ser reconstituídos por meio da escrita. Além disso, nem sempre sabemos quem está falando. Diz-se que o livro Septologie tem mais de 1.200 páginas, sem nenhuma pontuação além de algumas vírgulas…

Mas Jon Fosse piora a situação ao se declarar um católico devoto. As sete partes do livro Septology (sete como os sete dias da Criação) terminam com a mesma oração a Deus. Nas poucas entrevistas que ele dá (em inglês), que você precisa encontrar na Internet, ele nos conta que, como muitos de sua geração, ele rejeitou o luteranismo nacional em sua juventude e se tornou marxista. Depois, na meia-idade, ele quis se afastar do alcoolismo no qual estava se afundando. E, estimulado por Mestre Eckhart, o místico dominicano medieval, e também pelos filósofos Heidegger e Derrida, ele encontrou no catolicismo (marginal na Noruega), e especialmente na missa e no rosário, além da força para ficar sóbrio, um senso do sagrado e do mistério da graça que é a vida a ser compartilhada, pessoalmente para ele na escrita.

Modernidade católica

Sua conversão em 2013 não o torna um católico “moderno”: os problemas de governança, abuso clerical e disciplina moral não o atormentam, e ele não parece acreditar que é aí que está o futuro da Igreja. Ele a vê mais como a instituição necessária para as liturgias que introduzem o espiritual e abrem a existência concreta para ele. Ele até a vê como a principal resistência, ainda mais sólida do que a literatura e as artes, à ditadura contemporânea da economia. Entretanto, o que talvez seja mais interessante é que esse católico não moderno é, como tal, claramente moderno, precisamente no campo da literatura, das artes e (de forma mais ampla) da cultura.

Sua dívida com Heidegger e Derrida já foi mencionada. Mas o que ele diz estar tentando fazer é surpreendentemente consistente com o que Pablo Picasso e Gertrude Stein, uma americana que estudou com William James e viveu em Paris, tinham em comum, como mostra a atual exposição no Musée du Luxembourg, em Paris. Ao simplificar e decompor as formas, o pintor trabalha da mesma forma que a escritora em seus “retratos em palavras”, em que a insistência repetitiva e a liberdade sintática revelam a essência ou a verdade das coisas e das pessoas. Da mesma forma, a escrita “minimalista” e espontânea do recente ganhador do Prêmio Nobel termina cada um dos sete dias de sua Septology em oração – enquanto o conformismo do alexandrino dominado só permitiu que o primeiro ganhador, Sully Prudhomme, confessasse: “Minha dúvida insulta o Deus dos meus desejos” (“La Prière”, em Les Épreuves, 1866).

Fonte: https://pt.aleteia.org/

«Cristo é o princípio do fim do mundo» (2/2)

Frente do tabernáculo (final do século X), Basílica de Sant'Ambrogio, Milão (30Giorni)

Arquivo 30Dias 07/08 - 2002

«Cristo é o princípio do fim do mundo»

A teologia da história de Joaquim de Fiore, retomada em chave ortodoxa por Boaventura, marca a transição decisiva de Cristo reconhecido como «fim dos tempos» para Cristo como «centro dos tempos», ideia estranha a todo o primeiro milénio cristão. A relevância de um estudo de Joseph Ratzinger.

por Lorenzo Cappelletti

Da vitória de Cristo sobre o mundo à construção cristã do mundo

Ratzinger, citando o conhecido ensaio de Erik Peterson, Monoteísmo como um problema político , mostra que - embora nos tempos antigos e medievais uma consciência comum da história sempre tenha permanecido viva "o que nos faz dizer : Cristo é o fim dos tempos, o seu nascimento cai no “fim dos tempos”” (p. 193) – já existe na antiguidade uma teologia da história à qual é possível religar o pensamento escatológico de Joaquim. Abandonando «a teologia pneumática da vitória cristã sobre o mundo no sentido do Novo Testamento» ( ibid .), Joaquim liga-se de facto à teologia imperial de Eusébio de Cesareia «como a teologia de uma construção cristã do mundo» ( , pág. 192). Esta orientação, afirma Ratzinger, “transfere algo do espírito teocrático do pensamento do Antigo Testamento para a nova era” ( ibid ., p. 193), enquanto a outra (cujo representante mais significativo é Agostinho) manteve, embora com alguma transformação , o legado escatológico do Novo Testamento.

É mais um paradoxo do Joaquimismo: embora pareça que deixa o passado para trás para olhar apenas para o futuro, acontece que na realidade ele judaíza. Colocando-se plenamente naquele clima espiritual do final do século XII, admiravelmente ilustrado pelo Padre Chenu em La Théologie au XII siècle (recentemente o Livro Jaca reimprimiu a tradução italiana), quando no meio de ferozes polêmicas antijudaicas ocorria a judaização, com aquele «emaranhamento do Novo Testamento no Antigo» (p. 244). «Os teólogos da época [...] fazem com que os elementos da nova aliança se dobrem na antiga em certo sentido [...]. A continuidade das duas alianças é usada contra o sentido do seu desenvolvimento e o rumo da história. [...] O Antigo Testamento pesa sobre o Novo. Exerce na sua interpretação, poderíamos dizer, uma pressão judaizante [...] na curiosa mistura de uma alegorização violenta do Antigo Testamento e de um escatologismo por vezes dissolvente para o Novo" (ibid., pp. 238-239 ) .

O Cristocentrismo das Escrituras e dos Padres

Na verdade, o uso invasivo da alegoria desempenha um papel significativo na construção da nova teologia da história. Ratzinger afirma que a teologia da história de Boaventura nada mais é do que o resultado da "influência exercida pela exegese de Joaquim na compreensão das Escrituras por Boaventura" ( São Boaventura , p. 170).

Compreendemos então por que é que a crítica à teologia da história de Joaquim por parte de Tomás de Aquino, que «antes de Boaventura tinha entrado na discussão teológica com Joaquim» ( ibid., pág. 228) é de natureza exegética. Segundo Thomas, de fato, ressalta Ratzinger, se assumirmos uma especularidade do Antigo e do Novo Testamento, a sacrossanta ignorância a respeito do momento da ressurreição final desaparece, porque seria cognoscível a partir do momento correspondente do Antigo Testamento, como tal historicamente determinado. Por isso, segundo Tomás, a prefiguração do Novo Testamento no Antigo não pode «ser entendida no sentido de uma referência do particular ao particular, mas no sentido de que o todo se refere a Cristo», «em quem todos os completam-se os exemplos do Antigo Testamento”. Tomás refere-se com razão a este respeito ao De civitate Dei de Agostinho, que se recusou a aplicar a interpretação das pragas do Egito às perseguições aos cristãos, rejeitando assim efetivamente aquela forma de exegese que sustenta toda a teologia da história de Joaquim. [...] Os sinais e os tempos do Antigo Testamento não se referem, por sua vez, a um desenvolvimento temporal semelhante no Novo Testamento - o que representaria necessariamente uma deformação do Novo Testamento com base no Antigo - mas a Cristo que é plenitude e cumprimento do Antigo Testamento. [...] Tomás de Aquino opõe a especulação sobre a história do abade calabresa ao cristocentrismo da Escritura e dos Padres" ( ibid ., p. 229).

Com isso, Ratzinger pode afirmar que a posição de Boaventura “coincide fundamentalmente com a posição tomista, pois também significa a afirmação do cristocentrismo” ( ibid ., p. 231). Com efeito, «se Boaventura retoma e afirma o paralelismo dos tempos rejeitado por Tomás, guia-se por uma tendência muito diferente da de Joaquim no estabelecimento do seu cálculo do tempo. Se este último, de facto, se preocupou principalmente em tornar visível a autossuperação do segundo período em direção ao terceiro, para Boaventura trata-se, a partir de uma comparação paralela dos dois períodos, de manifestar Cristo como o verdadeiro centro, o ponto de viragem da história" ( ibid., pág. 232). Em torno do cristocentrismo das Escrituras e dos Padres, a proximidade de Boaventura com Tomé é, portanto, maior do que a distância que os separa.

Resta que a singularidade da mediação de Cristo não coincide com o facto de ter sido concebido no centro do tempo. Com efeito, a singularidade da mediação de Cristo, bem como a singularidade de Deus e da sua vontade salvífica universal (cf. 1Tm 2,1-8), parecem tanto mais salvaguardadas quanto mais a "plenitude" se mantém distinta do "centro" da os tempos, ou seja, quanto mais o finalismo magnânimo da Escritura e dos Padres abraça o cristocentrismo e não vice-versa: «Enquanto a história de Cristo for concebida como o fim dos tempos, todo o tempo será tempus remedii, embora com intensidade diferente. No momento em que Cristo se torna o centro do tempo, nasce também aquela conhecida divisão do tempo que combina um período de não redenção e de trevas com um período de redenção e de luz” (ibid., p. 217 nota 6 ) .

Fonte: https://www.30giorni.it/

A fé e a devoção do povo brasileiro a Nossa Senhora Aparecida

A aparição da imagem de Nossa Senhora Aparecida é um marco incontestável da história religiosa do Brasil (Vatican Media)

O Brasil é um país conhecido por sua diversidade cultural e religiosa, e uma das figuras mais reverenciadas em terras brasileiras é Nossa Senhora Aparecida. A devoção a Nossa Senhora Aparecida é um pilar da fé católica no país e tem profundas raízes na história e na cultura brasileira. O jornalista Renan Dantas aprofunda a história da aparição, com depoimentos de fiéis e a influência da devoção na vida do povo brasileiro.

Renan Dantas*

Há uma história de fé que remonta ao século XVIII. A aparição da imagem de Nossa Senhora Aparecida é um marco incontestável da história religiosa do país. Segundo relatos históricos, em 1717, três pescadores encontraram a imagem nas águas do Rio Paraíba do Sul, após uma pesca malsucedida. Esse encontro miraculoso marcou o início da devoção a Nossa Senhora Aparecida no Brasil, que logo se espalhou por todo o país.

 O Santuário Nacional de Aparecida

Hoje, o Santuário Nacional de Aparecida é um dos maiores centros de devoção mariana do mundo. Milhões de fiéis e peregrinos visitam o santuário anualmente, em busca de paz espiritual e graças. Muitos deles compartilham suas experiências transformadoras e encontros pessoais com Nossa Senhora Aparecida. As paredes do santuário estão repletas de ex-votos, testemunhos da devoção e fé do povo brasileiro.

Devoção Popular

A devoção a Nossa Senhora Aparecida vai muito além das paredes do santuário. Ela permeia a vida cotidiana de milhões de brasileiros. Fiéis de todas as idades rezam diariamente para Nossa Senhora, buscando força, proteção e consolo. Celebram-se festas populares, como o Dia de Nossa Senhora Aparecida, onde a devoção é expressa através de missas, procissões e festas tradicionais.

Testemunhos de Fé

Muitos fiéis têm relatos pessoais de graças alcançadas e milagres atribuídos à intercessão de Nossa Senhora Aparecida. Pessoas que enfrentaram desafios de saúde, financeiros e pessoais encontraram conforto e cura em sua fé. Os depoimentos dessas pessoas refletem a profunda conexão entre a devoção e a vida real, mostrando como a fé em Nossa Senhora Aparecida pode ser uma âncora nas tempestades da vida.

1. Maria Silva, 45 anos:

   "Nossa Senhora Aparecida tem sido minha fonte de força nos momentos mais difíceis da minha vida. Quando meu filho ficou gravemente doente, eu orei a ela com todo o meu coração, e ele se recuperou contra todas as probabilidades. Não há palavras para expressar minha gratidão."

2. Carlos Oliveira, 60 anos:

   "Sou pescador há mais de 40 anos, e todas as vezes que enfrentei tempestades no mar, recorri a Nossa Senhora Aparecida em busca de proteção. Ela nunca me decepcionou. Sua imagem na cabine do meu barco é um lembrete constante da presença divina."

3. Ana Santos, 30 anos:

   "Quando meu marido e eu estávamos enfrentando dificuldades financeiras e prestes a perder nossa casa, fomos ao Santuário de Aparecida. Acendemos uma vela e rezamos juntos. Pouco tempo depois, as coisas começaram a melhorar. Sinto que Nossa Senhora nos ouviu."

4. Luiz Pereira, 70 anos:

   "Minha avó me ensinou desde criança sobre a importância de Nossa Senhora Aparecida em nossas vidas. Sua devoção sempre foi um pilar da nossa família. Cresci com a crença de que ela é nossa mãe celestial e sempre olha por nós."

Esses depoimentos ilustram a profunda devoção e as experiências pessoais de gratidão dos devotos de Nossa Senhora Aparecida. Suas histórias refletem a importância da fé e da intercessão da Padroeira em suas vidas.

Nossa Senhora Aparecida na Cultura Brasileira

Nossa Senhora Aparecida é uma figura central na cultura brasileira. Sua imagem é vista em lares, igrejas e até mesmo na música popular. Muitos artistas, músicos e intelectuais destacam a influência dessa devoção em suas vidas e na cultura do país. A devoção a Nossa Senhora Aparecida transcende as barreiras religiosas e se torna um símbolo de identidade nacional.

A devoção a Nossa Senhora Aparecida é um fio condutor da fé e da cultura brasileira. Ela une milhões de pessoas em oração e devoção, proporcionando conforto e esperança em meio às vicissitudes da vida. A história da aparição, os testemunhos de fé e a influência na cultura do país fazem de Nossa Senhora Aparecida uma figura icônica no coração dos brasileiros. Ela é um farol de esperança e uma fonte inesgotável de inspiração para todos aqueles que acreditam em sua proteção e intercessão.

* Diocese de Juína - MT

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Teófilo, Bispo de Antioquia

São Teófilo (arquidiocesedemanaus)

13 de outubro

São Teófilo de Antioquia

No 169, Teófilo foi o sexto Bispo de Antioquia, depois do apóstolo Pedro e Teófilo. De origem pagã, converteu-se ao cristianismo observando seus costumes e lendo a Bíblia. Foi autor de muitas obras contra as heresias da época, em defesa da doutrina da fé e com comentários sobre as Escrituras.

Teófilo nasceu em numa família pagã, natural de uma localidade situada perto do rio Eufrates, nos confins do Império Romano não muito longe da Pérsia, e recebeu uma sólida formação literária, somente tomou a resolução de se converter à fé cristã após ter conhecido e estudado profundamente a Bíblia.

Pouco se sabe acerca da sua vida, mas segundo o que Eusébio de Cesaréia escreveu na sua “História Eclesiástica”, ele foi o quinto sucessor de Pedro enquanto bispo de Antioquia, cidade síria, uma informação atestada, também, por São Jerônimo.

É em sua obra “A Autólico” que podemos respigar algumas informações sobre a sua vida. Teófilo foi o primeiro autor cristão a ensinar explicitamente que os livros do Novo Testamento procedem de autores inspirados – à semelhança do que já era admitido a respeito dos do Antigo Testamento – afirmando que, assim, possuíam valor análogo às antigas Escrituras.

Nada sabemos de sua morte ou de outras circunstâncias de sua vida. Sabemos apenas que por volta de 169-170, já era bispo de Antioquia. Pela tradição ele morreu por volta do ano 186.

Fonte: https://arquidiocesedemanaus.org.br/

quinta-feira, 12 de outubro de 2023

SOS Amazônia

SOS Amazônia (cnbb)

IGREJA NO BRASIL LANÇA CAMPANHA PARA APOIAR COMUNIDADES QUE SOFREM COM A ESTIAGEM NA AMAZÔNIA

A estiagem nos territórios amazônidas atingiu um nível alarmante neste ano. As consequências afetam o volume dos rios e estão atingindo diretamente diversas comunidades que sobrevivem diretamente da biodiversidade dos rios. São territórios rurais que, com a intensidade das secas deste ano, ficam isoladas e necessitam de auxílio para se alimentar e ter acesso a água potável.

“Estamos enfrentando uma estiagem como nunca vista antes por aqui. Dependemos do rio, somos um povo da água. Os rios são tudo para nós, e a nossa sobrevivência está na dependência dos rios. A situação ambiental está cada dia mais agravante, e as populações vulneráveis são as que mais sofrem. Nosso coração sofre quando vemos essa situação, e precisamos de ajuda urgente.” diz Márcia Miranda, agente da Cáritas Brasileira Articulação Norte 1, em Manaus.

Dados divulgados pelo Governo do Amazonas no início de outubro indicam que já são mais de 50 mil famílias afetadas pela estiagem, em um total de 200 mil pessoas que estão com dificuldades em todo o estado. São 24 municípios em estado de emergência em todo o Rio Solimões.

Frente a esse contexto preocupante, a Cáritas Brasileira e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em parceria com a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil), lançam a campanha “SOS AMAZÔNIA: APOIE A VIDA, DOE AGORA”, com o objetivo de auxiliar as famílias que estão passando por dificuldades neste período emergencial na Amazônia. Os recursos arrecadados pela campanha serão utilizados para aquisição de produtos de primeira necessidade, que serão distribuídos para as famílias atendidas pela rede de solidariedade da igreja católica nas regiões impactadas pela estiagem.

Faça sua doação agora e integre essa rede de solidariedade em defesa da vida do povo da Amazônia! 

SOS Amazõnia (cnbb)

Serviço 

Doe para a Campanha SOS AMAZÔNIA através das seguintes contas:
Banco do Brasil 

Agência – 0452-9 
Conta Corrente: n° 52.755-6
Pix: 33.654.419.0001-16 (CNPJ)

Caixa Econômica Federal
Agência – 1041
Op 003
Conta Corrente: 3573-5

Assessoria de Imprensa
Ana Caroline Lira
Celular – (61) 98595-5278
E-mail
  comunicacao@repam.org.br

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

«Cristo é o princípio do fim do mundo» (1/2)

Cristo é mostrado numa posição exaltada, no esplendor da sua realeza, como Senhor e legislador do céu e da terra. Do mosaico da abside da basílica de Santi Cosma e Damiano em Roma (primeira metade do século VI)

Arquivo 30Dias 07/08 - 2002

«Cristo é o princípio do fim do mundo»

A teologia da história de Joaquim de Fiore, retomada em chave ortodoxa por Boaventura, marca a transição decisiva de Cristo reconhecido como «fim dos tempos» para Cristo como «centro dos tempos», ideia estranha a todo o primeiro milénio cristão. A relevância de um estudo de Joseph Ratzinger.

por Lorenzo Cappelletti

Quando se discute escatologia, ou melhor, quando, sem qualquer tematização, se imaginam as realidades últimas, mesmo entre os cristãos se imagina, num futuro mais ou menos iminente, ou numa nova era de paz e fraternidade dentro da história ou do fim, sem referência a Cristo, ao cosmos e à história. Este sentimento, que hoje parece ser a quintessência do sentimento cristão tradicional, é na verdade o resultado de uma viragem na concepção cristã da história. Um ponto de viragem que remonta a Gioacchino da Fiore, o abade calabreso cujo sétimo centenário da morte assinala este ano (31 de março de 1202).

Joseph Ratzinger, como teólogo, mostrou que Joaquim fundou uma escola também porque a sua teologia da história, alterada por São Boaventura com os seus elementos heterodoxos, passou a fazer parte da herança cristã de ideias. Fê-lo num belo livro de 1959, traduzido para o italiano pela editora Nardini há cerca de dez anos: San Bonaventura. A teologia da história . Voltamos a falar dele hoje não porque o livro seja novo, claro, mas porque as reflexões que ele contém nos parecem atuais.

Bonaventura da Bagnoregio, que em 1257 ocupou o lugar do general Giovanni da Parma, que renunciou e foi relegado a Greccio por ser acusado de simpatizar com os espíritas, entre 9 de abril e 28 de maio de 1273, pouco antes de ser nomeado cardeal, escreveu ou ditou antes o seu último trabalho, o Collationes in Hexaemeron (Paralelos com os seis dias da criação), em «discussão crítica com o abade calabresa e seus seguidores. Sem Joachim este trabalho seria incompreensível. [...] Boaventura não podia calar-se sobre Joaquim, pois era ministro geral de uma ordem que quase atingiu o seu ponto de ruptura devido à questão joaquimita. [...] Boaventura não rejeita totalmente Joaquim (como fez Tomás): antes o interpreta de forma eclesial, criando uma alternativa aos joaquimistas radicais" ( São Boaventura, pág. 15). Na verdade, Boaventura rejeita a ideia heterodoxa de que a mensagem do Novo Testamento é transitória e que deve ser superada e substituída, como acreditavam os espíritas, pelo evangelho eterno do qual Joaquim seria o portador. De Boaventura é o Novo Testamento que «é designado como testamento eterno e, portanto, incluindo todo o curso restante da história. Desta forma, o fato de o novo esquema histórico ser abraçado pelo antigo, agostiniano, é aqui claramente aceito” ( ibid ., p. 64).

Mas, sem prejuízo da ortodoxia, Boaventura para a sua teologia da história escolhe o novo esquema que Joaquim havia desenvolvido na Concordia Veteris et Novi Testamenti .

Esquema de sete anos simples e dupla.

Esta é uma opção completamente legítima, deixa claro Ratzinger (afinal, estamos no campo da teologia da história, não do dogma), mas esta opção não se identifica, como pode parecer à primeira vista, com a compreensão tradicional do tempo, da história, com o esquema “antigo, agostiniano”. O mal-entendido poderia surgir do fato de que não apenas Boaventura, mas o próprio Joaquim nunca abandonaram completamente, escreve Ratzinger, a doutrina das seis ou sete idades, “dado o caráter quase dogmático que nela foi reconhecido” (ibid.) ., pág. 216). Esta doutrina, que remonta a Agostinho, consistia muito simplesmente em tomar os dias da criação como modelo para dividir perfeitamente toda a história universal em seis/sete períodos: de Adão ao fim dos tempos, ou seja, até ao sétimo dia eterno/ oitavo da ressurreição do corpo e do julgamento universal. A idade de Adão (ou Noé); de Abraão; de Davi; do exílio babilônico; de Cristo; do fim; eternidade.

Falamos indiferentemente de seis ou sete épocas da história (não há ainda «em Agostinho qualquer harmonização explícita entre os dois esquemas» [ ibid ., p. 51 nota 2]), porque a ideia do sétimo dia, como capaz de representar a eternidade, desde o início foi acompanhada pela do oitavo dia, o dies dominicus, o Dia do Senhor, que parecia igualmente, senão mais apropriado. «Até que se encontrou a solução no axioma “septima aetas currit cum sexta”» para dizer que «desde que existe a Igreja, existe também esta história paralela, oculta e gloriosa, a história dos céus, e ao lado do cansativo e atormentado sexto dia , o esplendor do sétimo dia se revela oculto, mas real. Estes dois dias mutuamente ligados são então seguidos pelo oitavo dia eterno, introduzido com a ressurreição e o julgamento” ( ibid ., pp. 51-52).

Precisamente esta contemporaneidade da sexta e da sétima idades juntas (que é, em última análise, uma forma de expressar aquela dualidade típica da visão das duas cidades de Agostinho) é abandonada por Joaquim, e na sua dependência de Boaventura, em favor de um rígido período de sete anos. regime, além disso, um regime duplo de sete anos. Com Joaquim, a flexibilidade de um esquema simples de seis/setenários, respeitoso do mistério, perde-se em favor de um esquema rígido de duplo setenário, baseado em complicadas alegorias construídas pelo homem.

«Para Agostinho, o esquema transmitido das [seis ou] sete idades do mundo desempenha apenas um papel muito secundário» ( ibid ., p. 43). Na verdade, ele representa «acontecimentos terrenos no jogo de contraste entre civitas Dei ecivitas terrena , entre corpus Christi e corpus diaboli ; nesta dualidade, que em ambos os lados (passado e futuro) transcende a história humana, todo o curso desta história do homem é fixado” ( ibid .).

Boaventura considera esta interpretação agostiniana não um paradigma da teologia da história, mas apenas a forma de fazer emergir os tipos, as figurae sacramentales da Escritura, e, com base num «pensamento retirado da Concórdia de Joaquim » ( ibid ., pág. 45), ao invés, funda o conhecimento da história «numa correspondência entre a história do Antigo Testamento e a do Novo Testamento, que Agostinho não havia ensinado, mas decididamente rejeitou» (ibid., p. 46 ) . Seguido nesta recusa, como veremos, por Tomás de Aquino.

As duas abordagens não devem, portanto, ser confundidas, mesmo que ambas utilizem um esquema baseado em sete. «O esquema duplo setenário deve manter-se claramente distinto do esquema setenário simples de Agostinho e da Igreja antiga, bem como da teologia medieval pré-joaquimita, porque nele se expressa uma consciência muito diferente do tempo e da história. [...] No esquema agostiniano Cristo é o fim do tempo, enquanto no bonaventuriano ele é o centro do tempo" ( ibid., pág. 54). Aqui está a coisa. Deve-se acrescentar, observa Ratzinger, que «o cristianismo primitivo nunca entendeu o acontecimento de Cristo como um “centro”, mas sempre e apenas como uma “plenitude”, isto é, substancialmente como um “fim” dos tempos. [...] Por razões de clareza seria, portanto, preferível abandonar o conceito de centro quando se trata de expor a maneira como o Novo Testamento e os Padres compreenderam a história" (ibid., p. 54 nota 8 ) .

Cristo no centro do tempo, ou seja, à margem

A ideia de considerar Cristo como eixo do tempo é estranha a todo o primeiro milénio cristão. «Para este milénio, Cristo não é o eixo da história com o qual começa um mundo mudado e redimido e é abandonada uma história não redimida que durou até aquele momento; pois para isso Cristo é antes o começo do fim. Ele é “redenção” na medida em que com Ele o “fim” começa a brilhar na história. A redenção consiste (do ponto de vista histórico) neste fim iniciado enquanto a história, por assim dizer, prossegue "per nefas" ainda por um certo tempo, conduzindo ao seu fim a antiguidade deste mundo A ideia de ver em Cristo o eixo dos acontecimentos do mundo surge propriamente [...] apenas em Joaquim" ( ibid., pp. 210-211). Embora esta ideia esteja oculta pelo facto de em Joaquim existirem dois eixos e não um, devido à sua conhecida concepção de uma terceira idade do Espírito. Mas «a exclusão desta última ideia ocorreu necessariamente com a vitória da dogmática ortodoxa; a outra ideia permaneceu; e Joaquim tornou-se assim, precisamente na própria Igreja, o precursor de uma nova compreensão da história que hoje nos parece ser a compreensão cristã de uma forma tão óbvia que nos torna difícil acreditar que em algum momento ela não foi assim” (ibid. , p. 211). Portanto, paradoxalmente, pode-se afirmar que a compreensão cristocêntrica da história, embora legitimada a ponto de ser considerada hoje a única legítima, é originalmente o resultado de um desejo ilegítimo de ir além de Cristo.

Ao lado da acentuação da centralidade absoluta de Cristo (cf. ibid. , pp. 216-219), Boaventura abre caminho para “uma interpretação gioachimito-escatológica da ordem de Francisco” ( ibid ., p. 223). Confortado pelas profecias (que por outro lado até Tomé reconhece como de alguma forma se concretizando) e pela doutrina de Joaquim sobre o advento de um novus ordo , como aquele que caracterizará o novo tempo que se aproxima.

«No mesmo momento em que em Boaventura, em virtude da lógica do seu pensamento, amadurece a ideia de Cristo como centro dos tempos e, portanto, rejeita-se a outra ideia, a de Cristo como fim dos tempos, neste mesmo momento nasce em Boaventura a consciência de que “o fim já é muito perto" [...]. Estas duas linhas de desenvolvimento contradizem-se apenas de forma aparente. Com efeito, a realidade da expectativa escatológica pode adquirir uma nova urgência no instante em que se dissipa a falta de clareza [sobre o tempo do fim] que deriva da designação de toda a história cristã como o tempo final. E, no entanto, esta forma de pensamento escatológico não se identifica com a do Novo Testamento [...]. Aqui, de fato, de certa forma, um novo segundo fim se estabelece ao lado de Cristo, e mesmo que, como centro, Ele sustente e mantenha todas as coisas, no entanto, Ele não é mais simplesmente aquele Telos em que tudo flui e em que o mundo é levado ao seu fim e superado" ( ibid., pp. 225-226). Paradoxalmente, estar no centro de Cristo combina-se com o seu abandono potencial.

Fonte: https://www.30giorni.it/

De volta à guerra em Israel

Près d'un poste de police détruit à Sdérot (Israël), le 8 octobre 2023 (RONALDO SCHEMIDT / AFP)

Por Jean-Baptiste Noé

O ataque maciço que atingiu Israel em 7 de outubro trouxe mais uma vez derramamento de sangue para a região, demonstrando a fragilidade da paz. O Hamas e o Hezbollah mais uma vez uniram forças para atacar o Estado de Israel. O geopolítico Jean-Baptiste Noé teme uma conflagração no Oriente Médio.

No dia 7 de outubro, foi uma surpresa total quando o Hamas lançou uma operação perfeitamente organizada e estruturada para dar um duro golpe em Israel. Alguns dias antes, os líderes da organização estavam negociando com o governo hebreu a obtenção de vistos para que os habitantes de Gaza pudessem ir a Israel para trabalhar, mas o Hamas atacou com força e rapidez, rompendo a trégua de fato que estava em vigor desde 2014.

Além dos tradicionais foguetes enviados da Faixa de Gaza, houve operações muito mais perigosas e inovadoras: ataques de drones a tanques, infiltração de soldados do Hamas, alguns dos quais voaram de parapente, captura de civis e tomada de reféns. Ao atacar civis, o Hamas semeou o terror em Israel, mas também surpreendeu a opinião pública mundial, levando a um apoio total a Israel no campo ocidental.

Entre Gaza e o Irã

Fundado em 1987, amplamente apoiado pelo Irã e próximo ao Hezbollah, o Hamas é um acrônimo que pode ser traduzido como “movimento de resistência islâmica”. Seu objetivo é destruir o Estado de Israel e estabelecer em seu lugar um Estado islâmico com Jerusalém como capital. Criado por militantes treinados na Irmandade Muçulmana, o Hamas formou um braço armado militar e um braço político, com o objetivo de tomar o poder pela força e o controle político de Gaza. Uma das estratégias de Israel foi incentivar a ala política do Hamas a fim de normalizá-la. Acreditando que, diante dos problemas concretos dos palestinos (gestão de estradas, abastecimento de água, lixo), ele abandonaria suas exigências militares.

A resposta de Israel será proporcional à violência desencadeada pelo Hamas. É provável que a luta se concentre em Gaza, a base do Hamas, onde o Tsahal fará tudo o que estiver ao seu alcance para decapitar a organização

Antes do ataque de 7 de outubro, Israel poderia ter pensado que havia ganhado sua aposta, já que o Hamas estava no caminho da normalização, conforme ilustrado pela discussão sobre vistos. O último ataque mostra que esse não é o caso e que o braço armado está mais virulento do que nunca para se impor pela força. A profundidade do ataque, sua intensidade e também sua coordenação mostraram que o Hamas estava longe de ser extinto e enfraquecido. A resposta de Israel será proporcional à violência desencadeada pelo Hamas. É provável que os combates se concentrem em Gaza, o refúgio do Hamas, onde o Tsahal (Forças de Defesa de Israel) fará tudo o que estiver ao seu alcance para decapitar a organização.

O Hezbollah e a frente norte

Quase sem surpresa, o Hezbollah atacou na frente norte a partir do Líbano, demonstrando seu apoio ao Hamas. Fundado em 1982, durante a guerra civil libanesa, o “Partido de Deus”, que ostenta uma Kalashnikov na cor do Islã em sua bandeira, é o resultado das guerras que ensanguentaram o Líbano na década de 1980. Embora esteja ligado ao islamismo xiita e também seja financiado e apoiado pelo Irã, o Hezbollah também incluiu cristãos em suas fileiras, por meio das Brigadas de Resistência Libanesa, que pretendiam não ser confessionais.

O Hezbollah tem uma forte presença no Líbano, onde desempenha um papel social importante, financiando e administrando escolas e hospitais, e também tem um lado militar, bem como um lado social e humanitário. Seu ataque a partir do sul do Líbano amplia o escopo do conflito e, portanto, corre o risco de estender a guerra a outras áreas que não as de Israel. Todos os olhos estão voltados para o Irã, que financia as duas organizações e ajudou a planejá-las.

Portanto, é todo o Oriente Médio que está sendo desestabilizado, não apenas Israel e a Faixa de Gaza. Se a resposta militar se estender ao Líbano, ou até mesmo às operações no Irã, como Israel já fez, isso pode levar a uma conflagração na região.

Israel, uma nação em guerra

Com o serviço militar para homens e mulheres e um espírito de defesa generalizado para estar pronto para responder a ataques, Israel é uma nação em guerra, tendo que defender constantemente a integridade de seu território. Ao fazer isso, tem o exército mais bem treinado do mundo ocidental, porque não é voltado para operações externas, mas para defender a sobrevivência de seu território. Isso é um presságio de uma resposta militar que será longa e maciça. Ao lançar essa operação surpresa em 7 de outubro, o Hamas abriu um novo período de incerteza no Oriente Médio.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

No dia de Nossa Senhora Aparecida, reze à padroeira do Brasil com estas orações

Nossa Senhora Aparecida (ACI Digital)

Em 2017, quando foi celerado o tricentenário do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida no Rio Paraíba do Sul, foi composta a ‘Oração Jubilar: 300 anos de Bênção’, que se somou a várias outras preces dirigidas à Padroeira do Brasil. A seguir, confira algumas orações para rezar à Virgem Aparecida no dia dela.

1. Oração Jubilar: 300 Anos de Bênçãos

Senhora Aparecida, Mãe Padroeira,
em vossa singela imagem, há 300 anos
aparecestes nas redes dos três benditos pescadores no Rio Paraíba do Sul.
Como sinal vindo do céu, em vossa cor,
vós nos dizeis que para o Pai não existem escravos,
apenas filhos muito amados.
Diante de vós, embaixadora de Deus,
rompem-se as correntes da escravidão!
Assim, daquelas redes,
passastes para o coração e a vida de milhões de outros filhos e filhas vossos.
Para todos tendes sido bênção:
peixes em abundância, famílias recuperadas, saúde alcançada,
corações reconciliados, vida cristã reassumida.
Nós vos agradecemos tanto carinho, tanto cuidado!
Hoje, em vosso Santuário e em vossa visita peregrina, nós vos acolhemos como mãe,
e de vossas mãos recebemos o fruto de vossa missão entre nós:
o vosso Filho Jesus, nosso Salvador. /
Recordai-nos o poder, a força das mãos postas em prece!
Ensinai-nos a viver vosso jubileu com gratidão e fidelidade!
Fazei de nós vossos filhos e filhas,
irmãos e irmãs de nosso Irmão Primogênito, Jesus Cristo,
Amém!

2. Ato de consagração – feito pelo papa Francisco em sua visita ao Santuário de Aparecida em 2013

Maria Santíssima, pelos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo, em vossa querida imagem de Aparecida, espalhais inúmeros benefícios sobre todo o Brasil.

Eu, embora indigno de pertencer ao número de vossos filhos e filhas, mas cheio do desejo de participar dos benefícios de vossa misericórdia, prostrado a vossos pés, consagro-vos o meu entendimento, para que sempre pense no amor que mereceis; consagro-vos a minha língua para que sempre vos louve e propague a vossa devoção; consagro-vos o meu coração, para que, depois de Deus, vos ame sobre todas as coisas.

Recebei-me, ó Rainha incomparável, vós que o Cristo crucificado nos deu por Mãe, no ditoso número de vossos filhos e filhas; acolhei-me debaixo de vossa proteção; socorrei-me em todas as minhas necessidades, espirituais e temporais, sobretudo na hora de minha morte.

Abençoai-me, ó celestial cooperadora, e com vossa poderosa intercessão, fortalecei-me em minha fraqueza, a fim de que, servindo-vos fielmente nesta vida, possa louvar-vos, amar-vos e dar-vos graças no céu, por toda eternidade. Assim seja!

3. Oração feita pelo papa Francisco diante da imagem de Nossa Senhora Aparecida em 2013

Mãe Aparecida, como Vós um dia, assim me sinto hoje diante do vosso e meu Deus, que nos propõe para a vida uma missão cujos contornos e limites desconhecemos, cujas exigências apenas vislumbramos. Mas, em vossa fé de que “para Deus nada é impossível”,  Vós, ó Mãe, não hesitastes, e eu não posso hesitar. Assim, ó Mãe, como Vós,  Eu abraço minha missão.  Em vossas mãos coloco minha vida e vamos Vós-Mãe e Eu-Filho caminhar juntos, crer juntos, lutar  juntos, vencer juntos como sempre juntos caminhastes vosso Filho e Vós.

Mãe Aparecida, um dia levastes vosso Filho ao templo para O consagrar ao Pai, para que fosse inteira disponibilidade para a missão. Levai-me hoje ao mesmo Pai, consagrai-me a Ele com tudo o que sou e com tudo o que tenho.  Mãe Aparecida, ponho em vossas mãos, e levai até o Pai a nossa e vossa juventude, a Jornada Mundial da Juventude: quanta força, quanta vida,  quanto dinamismo brotando e explodindo e que podem estar a serviço da vida,  da humanidade.

Finalmente, ó Mãe, vos pedimos: permanecei aqui, sempre acolhendo vossos filhos e filhas peregrinos, mas também ide conosco, estai sempre ao nosso lado e acompanhai na missão e grande família dos devotos, principalmente quando a cruz mais nos pesar, sustentai nossa esperança de nossa fé.

4. Oração feita por São João Paulo II, quando esteve em Aparecida em 1980

Senhora Aparecida, um filho vosso
que vos pertence sem reserva - totus tuus! -
chamado por misterioso Desígnio da Providência a ser Vigário de Vosso Filho na terra,
quer dirigir-se a Vós, neste momento.

Ele lembra com emoção, pela cor morena
desta Vossa imagem, uma outra representação Vossa,
a Virgem Negra de Jasna Gora!

Mãe de Deus e nossa,
protegei a Igreja, o Papa, os Bispos, os Sacerdotes
e todo o Povo fiel; acolhei sob o vosso manto protetor
os religiosos, religiosas, as famílias,
as crianças, os jovens e seus educadores!

Saúde dos Enfermos e Consoladora dos Aflitos,
sede conforto dos que sofrem no corpo ou na alma;
sede luz dos que procuram Cristo,
Redentor do Homem; a todos os homens
mostrai que sois a Mãe de nossa confiança.

Rainha da Paz e Espelho da Justiça,
alcançai para o mundo a paz,
fazei que o Brasil tenha paz duradoura,
que os homens convivam sempre como irmãos,
como filhos de Deus!

Nossa Senhora Aparecida,
abençoai este vosso Santuário e os que nele trabalham,
abençoai este povo que aqui ora e canta,
abençoai todos os vossos filhos,
abençoai o Brasil. Amém.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF