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quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Catequese e Doutrina Social

Meio Ambiente (UOL)

CATEQUESE E DOUTRINA SOCIAL

Dom Antônio de Assis
Bispo auxiliar de Belém (PA)

Catequese e Doutrina Social:  Questões sociais nas Cartas de São Paulo (Parte 7)

A sensibilidade social Paulina é fruto da aplicabilidade do mandamento do Amor na sua dimensão social em diversos níveis e contextos da vida pessoal, familiar, comunitária e social. Os conteúdos da moral social cristã presentes nas cartas de São Paulo, fazem referência às mais variadas dimensões da vida do fiel discípulo de Jesus Cristo. Não se trata de uma repetição do conteúdo dos Evangelhos, mas é continuidade e aprofundamento em coerência com as palavras, gestos e atitudes de Jesus Cristo.  

Não pretendemos nesta reflexão apresentar a totalidade dos temas sociais presentes na literatura Paulina, mas simplesmente evidenciar alguns aspectos da sua sensibilidade social. A pregação pastoral de Paulo era profundamente marcada pela sensibilidade social afastando-se do intimismo. Vejamos alguns temas sociais:

O meio ambiente: para São Paulo também é criação (natureza) é beneficiária da redenção; ela geme e sofre esperando a sua plena libertação porque está sujeita à corrupção. “A própria criação espera com impaciência a manifestação dos filhos de Deus” (Rm 8,19); vive na tensão da esperança para ser liberta da opressão e participar da liberdade e glória dos filhos de Deus (cf. Rm 8,21). A manifestação dos filhos de Deus acontece através da vivência do amor já aqui neste mundo e terá a sua plenitude na eternidade. As relações de fraternidade não estão confinadas entre pessoas, mas atinge também a natureza. 

A questão política: diante da necessidade de uma autoridade política para cada comunidade, São Paulo afirma que a autenticidade das autoridades humanas depende da sua sintonia com a autoridade divina, porque Deus é a fonte da autoridade (cf. Rm 13,1-2). A relação entre a autoridade e súditos não deve ser marcada pelo temor, mas pelo profundo senso de corresponsabilidade (cf. Rm 13,3-5); a finalidade do serviço da autoridade é a promoção do bem de todos. Mas cada cidadão é chamado a dar a sua contribuição: “Deem a cada um o que lhe é devido: o imposto e a taxa, a quem vocês devem imposto e taxa; o temor, a quem vocês devem temor; a honra, a quem vocês devem honra” (Rm 13,7). Com essas reflexões, São Paulo nos ensina que “todo bom cristão deve ser um honesto cidadão”. Em todas as circunstâncias o fiel discípulo de Jesus é chamado a dar o seu testemunho diante das autoridades como assim fez Jesus Cristo (cf. 1Tm 6,13). A lei escrita não é absoluta, mas tem função pedagógica ( Gl 5,23-25). A lei absoluta é o amor vivido por Cristo (cf. Gal 5,13).

O zelo pela família: na primeira carta aos Coríntios, Paulo denuncia com muita firmeza, o caso de um incesto na comunidade, ou seja, da convivência marital entre mãe e filho. O fato é avaliado como grave imoralidade que nem mesmo era visto entre os pagãos (cf. 1Cor 5,1). A postura seríssima de Paulo, demonstra a sua grande sensibilidade para com os valores da família que constituem a base da moralidade da sociedade. Marido e mulher são estimulados ao amor reciprocamente e os filhos devem se exercitar na obediência (cf. Cl 3,18-19). A família deve ser defendida diante dos promotores da imoralidade e da perversão que ensinam aquilo que é vergonhoso (cf. Tt 1,10-12). Na carta aos hebreus afirma: “Que todos respeitem o matrimônio e não desonrem o leito nupcial, pois Deus julgará os libertinos e adúlteros” (Hb 13,8).

A ciência a serviço da vida: na frente do conhecimento está o princípio supremo da Caridade. “Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência… se não tivesse o amor, eu não seria nada” (1Cor 13,2). Guiada e fundamentada no amor, a ciência deve estar então, a serviço da vida, da paz e da justiça. O puro conhecimento provoca a vaidade, o amor ao contrário, sempre edifica (cf. 1Cor 8,1).

A ética na cultura e na religião: Paulo se manifesta com muita firmeza diante daqueles que propagavam a perversão dos bons costumes, disseminando falsas doutrinas que provocavam mal-estar nas famílias, na vida religiosa e na comunidade em geral. Eram “falsos apóstolos, operários fraudulentos, disfarçados de apóstolos de Cristo” (2Cor 11,13). Na carta aos hebreus alerta os fiéis para que não se deixassem levar por nenhum tipo de doutrinas estranhas (cf. Hb 13,9). Paulo adverte sobre a mentalidade dos homens dos últimos tempos: “serão egoístas, gananciosos, soberbos, blasfemos, rebeldes com os pais, ingratos, iníquos, sem afeto, implacáveis, mentirosos, incontinentes, cruéis…” (2Tm 3,2-3). E continua alertando: “vai chegar o tempo em que não se suportará mais a sã doutrina; pelo contrário, com a comichão de ouvir alguma coisa, os homens se rodearão de mestres a seu bel-prazer. Desviarão seus ouvidos da verdade e os orientarão para as fábulas” (2Tm 4,4-5).

A fé em Cristo põe fim à escravidão. Paulo não propõe uma ruptura brusca da estrutura da cultura do seu tempo, mas estimula uma transformação na qualidade da relação entre senhores e escravos, judeus e gregos, fiéis e pagãos. A partir do batismo as relações humanas devem ser de acolhida, respeito, justiça e igualdade e não de dominação de um sobre o outro (cf. Ef 6,6-9; Cl 4,1); escravos ou livres são irmãos e por isso, entre eles, devem prevalecer as relações de fraternidade (cf. 1Tm 6,1-2; Carta a Filemón). Para os batizados, toda e qualquer forma de injustiça deve ser banida, seja nas relações interpessoais quanto nas trabalhistas (cf. 2Tm 2,6-7; 1Tm 5,17-20). Alicerçados no amor fraterno, os discípulos de Jesus são chamados à aquisição de uma nova mentalidade abandonando o “homem velho”, evitando paixões enganadoras, a mentira, o roubo, a aspereza no trato, raiva, gritaria, insulto, e todo tipo de maldade (cf. Ef 4,22-30). 

A importância do trabalho: em diversas ocasiões Paulo falou da importância da sua autossustentabilidade, vivendo dignamente com o seu próprio trabalho para não ser peso para ninguém (cf. 2Tss 3,6-9; 1Cor 4,12; Ef 4,28). Na comunidade de Tessalônica deixou esta norma: “quem não quer trabalhar, também não coma” (2Tss 3,10). Cada membro da comunidade, gozando de boa saúde e tendo condições de servir é chamado a comer o próprio pão, trabalhando em paz (cf. 2Tss 3,12). Cada um receberá de Deus a sua recompensa segundo seu próprio trabalho (cf. 1Cor 3,8-9).

A questão financeira: em diversas ocasiões Paulo fala da ambivalência do dinheiro. Escrevendo a Timóteo o alerta dizendo que a “origem de todos os males está no apego ao dinheiro. Por causa da ânsia de dinheiro, alguns se afastaram da fé e afligem a si mesmos com muitos tor

mentos” (1Tm 6,10). Lamenta afirmando que homens de espírito corrupto fazem da religião fonte de lucro, sendo ávidos pelo dinheiro (cf. 1Tm 6,6). Para Paulo a riqueza material é uma armadilha levando quem é movido por desejos insensatos e perniciosos, a se afundar na ruína (cf. 1Tm 6,9). Pede a Timóteo que “admoeste os ricos deste mundo, para que não sejam orgulhosos e não coloquem sua esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que nos dá tudo com abundância para que nos alegremos. Que eles façam o bem, se enriqueçam de boas obras, sejam prontos a distribuir, capazes de partilhar. Desse modo, estão acumulando para si mesmos um belo tesouro para o futuro, a fim de obterem a verdadeira vida” (1Tm 6,17-19). A sensibilidade para com os pobres e a promoção da justiça é um compromisso permanente da Igreja (cf. 2Cor 9,9). A Igreja não deve se esquecer dos pobres (cf. Gal 2,10).

PARA A REFLEXÃO PESSOAL: 

Quais outros temas sociais são tratados por Paulo? 

O que mais lhe chamou a atenção desses temas? 

O que esses temas sociais têm a ver com a catequese?

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

O Papa: evangelizar é ter Jesus no centro do coração, é “perder a cabeça” por Ele

Audiência Geral  18/10/2023 (Vaticam Media)

Na catequese da Audiência Geral, Francisco propôs como exemplo de zelo apostólico "São Charles de Foucauld, figura que é profecia para o nosso tempo, testemunhou a beleza de comunicar o Evangelho por meio do apostolado da mansidão: ele, que se sentia um “irmão universal” e acolhia a todos, nos mostra a força evangelizadora da mansidão, da ternura."

https://youtu.be/vWhj1CGHB6c

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre o zelo apostólico na Audiência Geral desta quarta-feira (18/10). Aos fiéis presentes na Praça São Pedro, o Pontífice propôs São Charles de Foucauld, "homem que fez de Jesus e dos seus irmãos mais pobres a paixão da sua vida".

Depois de ter vivido uma juventude longe de Deus, sem acreditar em nada a não ser na busca desordenada do prazer, Charles de Foucauld revela a razão do seu viver. Ele escreve: «Perdi o meu coração por Jesus de Nazaré». Segundo o Papa, "o irmão Carlos nos recorda que o primeiro passo para evangelizar é ter Jesus no centro do coração, é “perder a cabeça” por Ele. Se isso não acontece, dificilmente conseguiremos mostrá-lo com a vida".

«Toda a nossa existência deve gritar o Evangelho»

Em vez disso, corremos o risco de falar de nós mesmos, do nosso grupo, de uma moral ou, pior ainda, de um conjunto de regras, mas não de Jesus, do seu amor, da sua misericórdia. Vejo isso em alguns movimentos novos que estão surgindo. Falam de sua visão da humanidade, falam de sua espiritualidade, da própria espiritualidade. Eles se sentem numa estrada nova. Mas, por que não falam de Jesus? Falam de muitas coisas, de organização, de caminho espiritual, mas não sabem falar de Jesus. Perguntemo-nos então: tenho Jesus no centro do meu coração, perdi um pouco a cabeça por Ele?

Aconselhado pelo seu confessor, Charles de Foucauld "vai à Terra Santa para visitar os lugares onde o Senhor viveu e caminhar por onde o Mestre caminhou. Em particular, é em Nazaré que compreende que devia formar-se na escola de Cristo. Vive uma relação intensa com Ele, passa longas horas lendo os Evangelhos e sente-se seu pequeno irmão. Conhecendo Jesus, nasce nele o desejo de torná-lo conhecido". "Sempre acontece assim, quando cada um de nós conhece mais Jesus, nasce o desejo de torná-lo conhecido, de partilhar este tesouro", ressaltou o Papa, "com a vida, porque «toda a nossa existência – escreve o Irmão Carlos – deve gritar o Evangelho». Muitas vezes na nossa existência grita mundanidade, gritam coisas estúpidas, coisas estranhas. Mas, ele diz: não toda a nossa existência deve gritar o Evangelho".

Recuperar o sentido da adoração

"Ele decide então estabelecer-se em regiões distantes para gritar o Evangelho no silêncio, vivendo no espírito de Nazaré, na pobreza e no escondimento. Vai ao deserto do Saara, entre os não-cristãos, e chega a eles como amigo e irmão, levando a mansidão de Jesus-Eucaristia. Fica em oração aos pés de Jesus, diante do tabernáculo, cerca de dez horas por dia, certo de que a força evangelizadora está ali e sentindo que é Jesus a aproximá-lo de tantos irmãos e irmãs distantes. Estou convencido que nós perdemos o sentido da adoração. Devemos recuperá-lo. Começando por nós consagrados, pelos bispos, sacerdotes, religiosas, todos os consagrados. "Perder", entre aspas, tempo diante do tabernáculo. Recuperar o sentido da adoração", disse o Papa.

«Todo cristão é apóstolo» escreve Charles de Foucauld a um amigo leigo, a quem recorda que «perto dos padres são necessários leigos que vejam o que o padre não vê, que evangelizem com uma proximidade de caridade, com uma bondade para todos, com um afeto sempre pronto a se doar. "Leigos santos e não carreirista, mas aqueles leigos, aquele leigo, leiga apaixonados pelo Senhor, que fazem entender ao padre que ele não é um funcionário, mas um mediador, um sacerdote. Quanto nós sacerdotes precisamos ter perto de nós leigos esses leigos que acreditam realmente e com o seu testemunho nos ensinam o caminho", sublinhou.

Desta forma, Charles de Foucauld "antecipa os tempos do Concílio Vaticano II, intui a importância dos leigos e compreende que o anúncio do Evangelho diz respeito a todo o povo de Deus".

Deus é proximidade, compaixão e ternura

“São Charles de Foucauld, figura que é profecia para o nosso tempo, testemunhou a beleza de comunicar o Evangelho por meio do apostolado da mansidão: ele, que se sentia um “irmão universal” e acolhia a todos, nos mostra a força evangelizadora da mansidão, da ternura.”

Não nos esqueçamos que o estilo de Deus são três palavras: proximidade, compaixão e ternura. Deus está sempre próximo, tem sempre compaixão e sempre é terno, e o testemunho cristão deve seguir esta estrada de proximidade, compaixão e ternura. São Charles é era assim manso e terno.

"Desejava que quem o encontrasse visse, por meio de sua bondade, a bondade de Jesus. A bondade é simples e pede que sejamos pessoas simples, que não tenham medo de dar um sorriso. Com o sorriso, com a sua simplicidade irmão Carlos dava testemunho do Evangelho, nunca proselitismo, nunca, mas testemunho. A evangelização não se faz por proselitismo, mas pelo testemunho, pela atração. Por fim, o Papa concluiu, convidou a levar em nós e aos outros "a alegria cristã, a mansidão cristã, a ternura cristã, a compaixão cristã e a proximidade cristã".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Papa: a humanidade está carente de protagonistas

A jornalista argentina Bernarda Llorente entrevista o Papa Francisco (Vatican Media)

"As crises devem ser assumidas e superadas", disse o Santo Padre em uma entrevista à agência de notícias Télam, da Argentina. Francisco abordou vários tópicos, como a sua vida de oração e o falso messianismo, a guerra, o sínodo e a virtude da esperança. E ao dizer da sua abordagem sobre temas humanitários, declarou: "Quero deixar bem claro que não sou comunista como dizem alguns".

Vatican News

"A exploração é uma das origens da guerra. A outra origem é a geopolítica da dominação do território", disse o Papa Francisco em uma entrevista à agência de notícias Télam na qual abordou outros temas como a crise e os falsos messias, a dignidade no trabalho e aqueles que são explorados, a inteligência artificial, o sínodo e a esperança.

"Gosto da palavra crise porque ela tem movimento interno. Mas você sai de uma crise para cima, e não sai dela sozinho. Aqueles que querem sair sozinhos transformam a saída em um labirinto, que sempre dá voltas e mais voltas", disse o Papa. 

Francisco também enfatizou a importância de ensinar aos jovens "como resolver crises. Porque isso dá maturidade", e eles podem alertar contra o messianismo: "Ninguém pode prometer resolver conflitos, se não for através das crises".

A crise da humanidade

A jornalista da agência Télam, Bernarda Llorente, perguntou ao Papa: "O que está faltando à humanidade e o que está sobrando?" Francisco respondeu sobre a necessidade de promover "valores verdadeiros":

“A humanidade carece de protagonistas da humanidade, que tornem visível seu protagonismo humano. Às vezes, percebo que falta essa capacidade de gerenciar crises e de fazer emergir a própria cultura. Não tenhamos medo de trazer à tona os verdadeiros valores de um país. As crises são como vozes que nos mostram para onde devemos ir.”

O Pontífice continuou alertando que "o pensamento único destrói a riqueza humana. E a riqueza humana tem de contemplar três realidades, três linguagens: da cabeça, do coração e das mãos. Assim, pensa-se o que se sente e se faz, sente-se o que se pensa e se faz e faz-se o que se pensa e se sente. Essa é a harmonia humana. Se faltar qualquer uma dessas três linguagens, haverá um desequilíbrio tão grande que levará a um sentimento único, a um pragmatismo único ou a um pensamento único. Essas são traições à humanidade".

Entrevista com o Papa Francisco na Casa Santa Marta, no Vaticano (Vatican Media)

A Dignidade do trabalho 

Ao ser questionado sobre o tema do trabalho, o Papa falou da dignidade do trabalho e do grave pecado da exploração: "É o trabalho que nos torna dignos. E a maior traição a esse caminho de dignidade é a exploração. Não da terra para que ela produza mais, mas a exploração do trabalhador. Explorar as pessoas é um dos pecados mais graves. E explorá-las para seu próprio lucro". 

O Santo Padre também enfatizou a necessidade dos direitos dos trabalhadores, para que eles não se tornem escravos: "Quando um trabalhador não tem direitos ou é contratado por pouco tempo para substituí-los e não pagar as contribuições, ele se torna escravo e o outro se torna algoz".

Francisco lamentou que algumas pessoas o chamem de comunista quando ouvem falar de suas encíclicas sociais: "Não é assim. O Papa pega o Evangelho e diz o que o Evangelho diz. Já no Antigo Testamento, o direito hebreu pedia cuidar da viúva, do órfão e do estrangeiro. Se uma sociedade cumpre essas três coisas, se da bem. Porque se responsabiliza pelas situações extremas da sociedade. E se você assumir o controle das situações extremas, também fará o mesmo com as outras", e reiterou:

“E deixo claro que não sou comunista, como alguns dizem. O Papa segue o Evangelho.”

A inteligência artificial

O Papa também foi questionado sobre os avanços da tecnologia e suas implicações: "A diretriz do progresso cultural, incluindo a inteligência artificial, é a capacidade de homens e mulheres de gerenciá-la, assimilá-la e controlá-la. Em outras palavras, homens e mulheres são senhores da criação, e não devemos desistir disso. O senhorio do indivíduo sobretudo. Mudanças científicas sérias são progresso. Devemos estar abertos a isso", respondeu o Pontífice.

Papa Francisco: "Explorar as pessoas é um dos pecados mais graves" (Vatican Media)

Segurança universal

E voltando à questão da guerra, pediu segurança universal por meio do diálogo: "Não se pode falar de segurança social se não houver segurança universal, ou uma que esteja em processo de se tornar universal. Acredito que o diálogo não pode ser apenas nacionalista, é universal, especialmente hoje em dia, com todas as facilidades de comunicação que existem. É por isso que falo de diálogo universal, harmonia universal, encontro universal. E, é claro, o inimigo disso é a guerra".

O Papa Francisco considera que a "exploração" e a "dominação dos territórios" são as origens dos conflitos "fomentados pelas ditaduras".  

Para construir a paz e o bem comum, o Santo Padre pede "uma consciência da própria identidade. Não se pode dialogar com o outro se não se tem consciência da própria identidade. Quando duas identidades conscientes se encontram, elas podem dialogar e dar passos em direção ao acordo, ao progresso, a caminhar juntas".

A Igreja em harmonia 

Sobre o desenvolvimento do Sínodo, e ao ser questionado sobre que tipo de Igreja é necessário para estes tempos, o Pontífice disse: "Desde o início do Concílio Vaticano II, João XXIII teve uma percepção muito clara: a Igreja tinha que mudar. Paulo VI concordou e continuou, assim como os Papas que os sucederam. Não se trata apenas de moda, trata-se de uma mudança de crescimento e em favor da dignidade das pessoas. E aí é que está a progressão teológica, da teologia moral e de todas as ciências eclesiásticas, incluindo a interpretação das Escrituras, que têm progredido de acordo com o sentir da Igreja. Sempre em harmonia".

Esperança, um tempero diário 

A entrevista continua com temas pessoais, como o relacionamento com Deus: "o Senhor é um bom amigo, me trata bem"; e sobre a capacidade de rir: "o senso de humor humaniza". E a importância da virtude da esperança:

“Não podemos viver sem esperança. Se eliminássemos as pequenas esperanças de cada dia, perderíamos nossa identidade. Não nos damos conta de que vivemos de esperança. E a esperança teológica é muito humilde, mas é ela que dá sabor à nossa vida cotidiana. Pensar que talvez o amanhã seja melhor não é fugir. É outra coisa.”

E ao ser questionado sobre suas próximas viagens apostólicas, o Papa mencionou que gostaria de ir à Argentina, e "falando de mais longe, gostaria de visitar Papua Nova Guiné".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Quem foi São Lucas, evangelista?

St. Luke (Wikipedia)

Quem foi São Lucas, evangelista?

 POR PROF. FELIPE AQUINO

São Lucas, evangelista e patrono dos pintores e médicos, ele é o autor do terceiro livro dos evangelhos que tem o seu nome e do Atos dos Apóstolos.

Um médico, São Lucas é tido como sendo um grego da Antioquia (moderna Turquia). Que era médico é confirmado por uma passagem em Colossians (4,14) na qual São Paulo descreve Lucas como “amado médico”. Um convertido na nova fé, ele acompanhou São Paulo na sua segunda jornada missionária em torno dos anos 51 DC e permaneceu 6 anos em Philippi, na Grécia e foi na terceira jornada com Paulo, que incluiu o famoso naufrágio as costas de Malta. Ele permaneceu com Paulo durante sua prisão. Paulo escreveu três vezes sobre Lucas no Novo Testamento: em Colosians, em Timoteo e em Philomon. É possível deduzir a presença de Lucas com Paulo nas jornada missionarias pelas várias passagens no “Atos dos Apóstolos” (16,10-17; 20,5-21,18; 27,1-28,16). Em 66 DC, Lucas voltou para a Grécia onde se acredita que veio a falecer com a idade de 84 anos “repleto do Espirito Santo”. Vários “Atos” relatam que foi martirizado, embora vários escolares acreditam que isto seriam lendas não confiáveis. Ele é tido como tendo visitado a Virgem Maria e se acredita que ele teria pintado vários quadros da Virgem Maria em especial o lindo quadro conhecido como o de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Seu trabalho estaria preservado em Roma na “Santa Maria Magiore”, embora as datas das pinturas seriam bem depois dos tempos apostólicos. O seu evangelho definidamente foi escrito para os gentios.

Um dos aspectos mais interessantes de Lucas é que frequentemente fazia a justaposição de um história de um homem com a de uma mulher. Por exemplo, a cura dos demoníaco (Lc 4,31-37) e seguida da cura da sogra de Pedro (4,39-39), o escravo do centurião é curado(7,1-11) e o filho da viúva de Naim é curado, o Geranese demoníaco é curado (8,26-39) seguido pela cura da filha de Jairus e da mulher com hemorragia (8,40-56).

Lucas também menciona as mulheres que assistiam Jesus no seu ministério (8,1-3) Assim diferente de todos os outros evangelistas São Lucas descreve um Jesus que se preocupa com o cuidado e a salvação das mulheres. Talvez por isso, provavelmente Lucas teria aprendido muito a respeito de Jesus com a Virgem Maria. Somente ele e Mateus descrevem elementos obscuros ou escondidos da vida privada de Jesus, antes de Seu ministério público.

Ainda, ao mencionar a sogra de Pedro, ele deixa claro e de maneira natural que Pedro era casado.

Lucas enfatiza a misericórdia e o amor de Deus para com a humanidade. Ele é o único que descreve a parábola da ovelha desgarrada, do Bom Samaritano, do filho pródigo, de Dives e Lázaro. Ele é também o único que descreve o perdão de Jesus a Maria Madalena (Lc 7,47), a promessa ao bom ladrão e sua oração para seus executores. Ele é também o único evangelista a registrar a “Ave Maria”, o “Magnificat”, o “Benedictus”, e o “Nunc Dimittis” que são todos usados na Liturgia das Horas(orações da noite, tarde e manhã). Lucas enfatiza o chamado para a oração, a pobreza, a pureza de coração, os quais teriam um apelo especifico aos gentios.

Lucas também escreveu os “Atos dos Apóstolos” que é também conhecido como “Atos do Espirito Santo”. É uma continuação do que conta em seu evangelho, embora os Atos talvez tenham sido escritos primeiro. De acordo com os escolares São Euzébio e São Jerônimo, os Atos foram escritos durante a prisão de São Paulo, embora Santo Irineu já pense que foram escritos após a morte de São Paulo, lá pelos anos 66 DC. Euzébio diz que o evangelho foi escrito antes da morte de Paulo, Jerônimo diz que foi depois e a tradição antiga diz que foi escrito pouco antes da morte de Lucas, quase no século segundo.

O evangelho teria sido escritos entre 70 e 85 DC, possivelmente na Grécia. Os atos do apóstolos detalham a igreja nos tempos de 35 a 63 DC, demonstrando um estilo de prosa soberbo, e um estilo de quem presenciou a fé.

Certas passagens dos Atos escrito na primeira pessoa do plural, são usualmente usadas para indicar que o escritor estava com São Paulo em parte da sua segunda jornada missionária e sem dúvida na viagem que ambos fizeram a Itália e estavam juntos quando o navio naufragou ao largo da costa de Malta (At 16:10ff:20:5ff 27-28). São Paulo diz nas suas cartas quando preso: “Lucas é a minha única companhia”.

Durante o martírio de Paulo, Lucas nunca saiu do seu lado.

Lucas sem dúvida conversava muito com a mãe de Jesus e com São João.

As suas relíquias foram trasladadas para Constantinopla e Pádua

De acordo com a Igreja Católica Ortodoxa Grega, São Lucas sempre andava com uma pintura de Nossa Senhora com ele, e ela foi o instrumento de várias conversões. Na verdade ele foi um grande artista e grande escritor, e suas narrativas inspiraram grandes escritores e grandes mestres da arte, mas as pinturas existente da Virgem, as quais é dito que ele teria pintado, são trabalhos de datas bem mais recentes. Não obstante alguns julgam que a pintura de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro teria sido pintada por ele.

Pinturas excepcionais de S. Lucas são as de Roger van Weyden na Pinacoteca de Munique, na Alemanha, a de Jean Grossaert em Praga e a de Rafael na Academia de São Lucas em Roma.

Na arte litúrgica da igreja ele é mostrado com um machado e as vezes mostrado pintando o retrato da Virgem Maria.

Sua festa é celebrada no dia 18 de outubro.

Fonte: https://cleofas.com.br/

Brasil: jovens da periferia tocarão diante do Papa Francisco, junto com russos e ucranianos

Orquestra Criança Cidadã | Facebook

Por Reportagem local - publicado em 17/10/23

A Orquestra Criança Cidadã, de Pernambuco, se apresentará no Vaticano em novembro.

Orquestra Criança Cidadã é um projeto brasileiro de inclusão social por meio da música, sediado na cidade de Recife. Idealizado em 2006 pelo juiz João José Rocha Targino em parceria com o maestro Cussy de Almeida (1936-2010) e o desembargador Nildo Nery dos Santos (1934-2018), a iniciativa oferece aos alunos aulas de instrumentos de cordas, sopros e percussão, teoria musical, flauta doce e canto coral, mas também apoio pedagógico, atendimento psicológico, médico e odontológico, aulas de inclusão digital, três refeições por dia e fardamento, além de bolsas para monitores.

A orquestra já se apresentou em países como Alemanha, Portugal, Estados Unidos, Itália, Argentina, China e Israel. Os convites se devem à qualidade artística do grupo e à relevância do trabalho de responsabilidade social do projeto, gerido pela Associação Beneficente Criança Cidadã (ABCC). De fato, ao longo dos 18 anos da iniciativa, cerca de 700 jovens já foram beneficiados e vários deles seguiram a carreira artística. Os meninos e meninas selecionados em Pernambuco residem na periferia da região metropolitana da capital e encontram na música um caminho de futuro, em contraste com a falta de perspectivas comum às crianças e adolescentes dessas áreas carentes.

Concerto pela Paz, no Vaticano

Em novembro, uma comitiva da Orquestra Criança Cidadã viajará a Roma, onde se juntará a trinta instrumentistas russos, ucranianos e italianos. Seu propósito é sensibilizar o mundo pelo fim da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Eles farão duas apresentações no Vaticano, com a presença confirmada do Papa Francisco. Intituladas de Concerto pela Paz, as apresentações estão agendadas para 3 e 4 de novembro, respectivamente na Basílica de São Pedro e na Sala Paulo VI. Cabe registrar que a Orquestra Criança Cidadã já se apresentou ao Papa Francisco em outubro de 2014.

Desta vez, a comitiva brasileira é formada por jovens de 14 a 21 anos, todos protagonistas de impactantes trajetórias de superação – desde o menino cujo irmão foi assassinado pelo tráfico até a violonista cujos pais são vendedores ambulantes em estações de metrô. Entre as inspirações do grupo está o ex-colega Antonino Tertuliano, hoje integrante da Orquestra Filarmônica de Israel – e também convidado a se juntar à comitiva em Roma.

Segundo informações prestadas a Aleteia pelo jornalista Tiago Barbosa, o repertório escolhido para as apresentações homenageia todos os países envolvidos na iniciativa: do russo Sergei Rachmaninov e do ucraniano Mykola Leontovich ao italiano Antonio Vivaldi e aos brasileiros Heitor Villa-Lobos, Ary Barroso e Clóvis Pereira – deste último, que é pernambucano de Caruaru e tem hoje 93 anos, foram escolhidas as “Três Peças Nordestinas”, uma produção musical do Movimento Armorial. O repertório inclui ainda a obra do argentino Astor Piazzolla, em tributo à terra natal do Papa Francisco.

Musicistas russos e ucranianos terão comovente destaque em momentos solo e também no encerramento, quando um quarteto formado por integrantes dos países em guerra executarão o tango “Por una cabeza”, de Carlos Gardel com Alfredo Le Pera.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Das Homilias sobre os Evangelhos, de São Gregório Magno, papa

Hora da Graça / Pe. Mário Sartori (YouTube)

Das Homilias sobre os Evangelhos, de São Gregório Magno, papa

(Hom. 17,1-3:PL76,1139)                (Séc.VI)

O Senhor acompanha seus pregadores

Nosso Senhor e Salvador, caríssimos irmãos, ora por palavras, ora por fatos nos adverte. Com efeito, até mesmo suas ações são preceitos, porque, ao fazer alguma coisa em silêncio, dá-nos a conhecer aquilo que devemos realizar. Eis que envia dois a dois seus discípulos a pregar, já que são dois os preceitos da caridade, o amor de Deus e do próximo. 

O Senhor envia a pregar os discípulos dois a dois, indicando-nos com isso, sem palavras, que quem não tem caridade para como próximo de modo algum deverá receber o ofício da pregação. 

Muito bem se diz que os enviou diante de sua face a toda cidade e local aonde ele iria(Lc 10,1). O Senhor vai atrás de seus pregadores, porque a pregação vai à frente e depois chega o Senhor à morada de nosso espírito, quando as palavras de exortação o precedem e, por elas, o espírito acolhe a verdade. Por este motivo Isaías fala a esses pregadores: Preparai o caminho do Senhor, aplanai as veredas de nosso Deus (Is 40,3). E o Salmista: Abri caminho para aquele que sobe do ocaso (Sl 67,5 Vulg.). Sobe do ocaso o Senhor porque onde morreu na paixão, ali mesmo, ao ressurgir, manifestou sua maior glória. Sobe do ocaso, porque a morte que aceitou, ressurgindo, calcou-a aos pés. Portanto abrimos caminho ao que sobe do ocaso, quando nós vos pregamos sua glória para que, vindo ele próprio depois, vos ilumine com a presença de seu amor.


Ouçamos o que ele diz quando envia pregadores: A messe é grande, são poucos os operários. Rogai, pois, ao Senhor da messe que envie operários a seu campo (Mt 9,37-38). Para grande messe, poucos operários, coisa que não sem imensa tristeza podemos repetir; pois embora haja quem escute as palavras boas, falta quem as diga. Eis que o mundo está cheio de sacerdotes, todavia, raramente se vê um operário na messe de Deus; porque aceitamos, sim, o ofício sacerdotal, mas não cumprimos o dever do ofício. 

Mas pensai, irmãos caríssimos, pensai no que foi dito: Rogai ao Senhor da messe que envie operários a seu campo. Pedi vós por nós, para que possamos fazer coisas dignas de vós; que a língua não se entorpeça por não querer exortar; tendo recebido o encargo de pregar, não vá nosso silêncio condenar-nos diante do justo Juiz.

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

Crianças do mundo unem-se em oração pela paz

PKwP Polska

Por Reportagem local - publicado em 17/10/23

Campanha o Terço das Crianças promovido pela ACN acontece nesta quarta-feira, 18 de outubro.

Outubro é o mês do Rosário e a fundação pontifícia ACN – Ajuda à Igreja que Sofre – convida novamente as paróquias, escolas e famílias a participarem na iniciativa mundial “Terço das Crianças – Um Milhão de Crianças Rezam o Terço pela Paz”, que se realizará nesta quarta-feira, 18 de outubro. Como disse certa vez São Padre Pio: “Quando um milhão de crianças rezarem o Terço, o mundo mudará”.

O objetivo da campanha é orar em todo o mundo pela unidade e pela paz. À luz dos acontecimentos recentes, o foco da edição deste ano será a paz na Terra Santa.

Da Austrália à Argentina

Mais de 500 mil crianças que vivem em mais de 90 países em todo o mundo inscreveram-se para participar no evento. Juntaram-se crianças da Austrália (mais de 12 mil), do  Brasil (mais de 29 mil), das Filipinas (mais de 90 mil), da Índia (mais de 14 mil), da Eslováquia (mais de 86 mil), do Reino Unido (mais de 46 mil), da Serra Leoa (2 mil), Canadá (3.400) e Argentina (mais de 8 mil), entre outros.

No Brasil, os canais católicos de televisão transmitirão ao vivo as crianças rezando o Terço; na Catedral de Maringá, Paraná, mil crianças são esperadas também para rezar o Terço. Por ocasião do Terço das Crianças, mais de 50 moradores da Casa do Menor, que recebeu apoio da ACN, formaram um “Terço humano” em torno da estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro.

Na Alemanha, a Rádio Horeb transmitirá um terço internacional. A hora de oração contará com grupos de crianças de Kibeho, em Ruanda; São Paulo, Brasil; Beit-Habbak, Líbano; Fátima, Portugal e Munique, Alemanha.

Em Portugal, as crianças rezarão o Terço na Capela das Aparições, em Fátima. Será transmitido ao vivo pela internet, rádio e televisão. Na Polônia, cerca de 70 mil crianças planejam rezar o Terço. Famílias, paróquias e mais de 270 escolas e jardins de infância participarão na iniciativa, e muitas crianças irão se reunir para uma oração comunitária no Santuário Nacional de Nossa Senhora de Fátima, em Zakopane.

Mesmo em países onde os cristãos enfrentam enormes desafios, como a Nicarágua, a Nigéria, o Qatar, o Irã, o Paquistão e o Vietnã, as crianças declararam a sua intenção de participar na campanha do terço inscrevendo-se no website.

Os anjos estão no centro da campanha deste ano, por isso as crianças conhecerão a passagem da Bíblia em que um anjo aparece em sonho a São José e o avisa para fugir para o Egito com Maria e Jesus.

Do início até o crescente interesse atual

A campanha do Terço das Crianças foi iniciada em 2005 na capital venezuelana, Caracas. Enquanto algumas crianças rezavam, vários dos presentes recordaram as palavras que São Padre Pio disse uma vez sobre o poder das crianças rezando o Terço. Desde então, a campanha de oração se espalhou por todos os continentes do mundo e o número de participantes tem aumentado a cada ano. O Papa Francisco expressou repetidamente a sua aprovação à iniciativa do “Terço das Crianças” e incentiva as crianças a participarem.

A página da ACN na internet (https://www.acn.org.br/terco-das-criancas/) oferece material gratuito para aqueles que rezam nas paróquias, escolas, com grupos de crianças e nas famílias. O material contém instruções sobre como rezar o Terço, reflexões para as crianças sobre os Mistérios do Terço, uma oração de consagração das crianças à Mãe de Deus, um passo-a-passo de como fazer uma dezena do Terço de macramê e uma história em imagens sobre a ajuda do anjo Gabriel à Sagrada Família.

Link para o vídeo da campanha no canal do Youtube da ACN Brasil: https://youtu.be/KZCPEOSU1To?si=6W2pvJioMBd3ox-R

O Assistente Eclesiástico da ACN Brasil, Frei Rogério Lima, irá rezar o Terço com as crianças em uma live transmitida no próprio dia 18, nos canais da ACN Brasil no Youtube e Facebook, às 15 horas.

EM IMAGENS: Terço das crianças pela paz:

https://pt.aleteia.org/slideshow/terco-das-criancas-pela-paz/

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Um ato desumano

Mulher palesrtina entre os encombros (AFP or licensors)

O massacre de centenas de civis inocentes no hospital de Gaza desafia a comunidade internacional. É preciso evitar uma catástrofe humanitária e a eclosão de um conflito com consequências inimagináveis.

ANDREA TORNIELLI

O massacre de civis que ocorreu em Gaza na noite passada, atingindo o hospital anglicano al-Ahli Arabi e causando centenas de vítimas civis, incluindo muitas mulheres e crianças, é um ato desumano. Um ato que não é justificável de forma alguma. Nos últimos dias, o cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin, entrevistado pela mídia do Vaticano, descreveu o ataque terrorista contra Israel em 7 de outubro e o massacre de civis, mulheres e crianças como desumano. Ele também reiterou o direito dos israelenses de se defenderem e combaterem a ameaça terrorista representada pelos milicianos do Hamas, ao mesmo tempo em que lembrou que "a defesa legítima deve respeitar o parâmetro da proporcionalidade" e pediu que o derramamento de sangue dos civis de Gaza fosse evitado.

Nas últimas horas, assistimos a uma troca de acusações: as autoridades de Gaza e o Hamas atribuem a um bombardeio israelense a destruição do hospital localizado em uma área que Israel havia pedido que fosse liberada de civis. Já o exército israelense negou a responsabilidade, atribuindo o massacre a um mau funcionamento de um míssil lançado pela Jihad islâmica, que por sua vez nega.

Em um momento dramático da história humana, com os "pedaços" da Terceira Guerra Mundial de que fala o Papa Francisco se juntando em uma velocidade inesperada, é necessário derrotar o terrorismo sem alimentar ainda mais o ódio e sem jamais esquecer o direito humanitário internacional. Enquanto esperamos para saber mais sobre o ato criminoso de destruir um hospital, onde o pessoal médico sem recursos e já no limite de suas forças estava tratando os doentes e feridos, devemos apelar à comunidade internacional para que intervenha a fim de evitar uma catástrofe humanitária e a eclosão de um conflito de consequências inimagináveis.

O Secretário de Estado Britânico para Assuntos Estrangeiros, James Cleverly, declarou nas últimas horas que "o Reino Unido trabalhará com aliados para descobrir o que aconteceu" no hospital de Gaza e para "proteger civis inocentes", reiterando que "a proteção de vidas civis deve ter prioridade". Esperamos que outras vozes se juntem a essa para exigir a verdade sobre o que aconteceu.

A desumanidade do massacre terrorista perpetrado nos kibutz israelenses contra vítimas inocentes e a desumanidade do assassinato de civis inocentes em Gaza nunca devem nos fazer perder de vista a perspectiva de um futuro de paz e justiça para toda essa área do Oriente Médio. Na entrevista acima mencionada, o cardeal Parolin disse: "Parece-me que a maior justiça possível na Terra Santa é a solução de dois Estados, que permitiria que palestinos e israelenses vivessem lado a lado, em paz e segurança, atendendo às aspirações da maioria deles". Ele explicou que a Santa Sé continua a apoiar essa aspiração e esse direito, apesar de tudo. E pediu a libertação imediata de todos os reféns mantidos pelo Hamas e o total respeito ao direito humanitário.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF