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quinta-feira, 16 de novembro de 2023

História da Igreja: “Agora isso mostra” (3/3)

Máquina Quarantore de Gian Lorenzo Bernini na Capela Paulina, com o Santo Padre em adoração diante do Santíssimo Sacramento, em gravura de Francesco Piranesi (30Giorni)

Arquivo 30Dias - 09/2007

“Agora isso mostra”

Le Quarantore: uma tradição que é há séculos, juntamente com a festa do Corpus Domini , a expressão mais importante da piedade popular para com a Eucaristia na vida da Igreja. As memórias dos cardeais Fiorenzo Angelini e Giovanni Canestri.

por Giovanni Ricciardi

«Ainda me lembro com emoção» – ecoa o cardeal Angelini «quando estive no Seminário Romano e fomos com meus companheiros ao Quarantore de San Giovanni, garantindo sobretudo os turnos de adoração noturna. As Quarenta Horas foram um dos momentos centrais da vida espiritual do povo, e foram como uma extensão mais solene da “função” diária da noite. Estas celebrações eram como icebergs , nos quais havia pontos altos de espiritualidade, até popular, muito popular; você poderia facilmente encontrar pessoas sem instrução, mas não ignorantes, lá. Minha mãe, por exemplo, que certamente não sabia nada de teologia, mas raciocinava muito mais que eu. Todas as noites, nas paróquias de Roma, quando havia uma bênção e os sinos tocavam, ela me dizia: “Agora vamos mostrar!”. E ele parou, o que quer que estivesse fazendo."

«Seria bom propor novamente o Quarantore hoje», acrescenta o cardeal Angelini, «e que os bispos o apoiem. Na realidade sentimos a necessidade de ter, nas nossas paróquias, muitas paróquias, especialmente nas províncias italianas, que ainda as celebram; ou iniciativas de âmbito nacional, como a que vem sendo promovida há alguns anos pela associação Ajuda à Igreja que sofre, que em março voltou a propor o Quarantore "para a Igreja que sofre" em quarenta localidades italianas, incluindo Roma e Milão, em colaboração com outras comunidades paroquiais. No passado mês de Março, em Foggia, durante uma missão popular, os Quarantore foram publicamente repropostos: uma grande tenda foi montada numa das praças mais importantes da cidade e as pessoas foram convidadas a entrar e parar para rezar diante da Eucaristia. A configuração "voadora" lembrava - talvez sem querer - o antigo costume da Roma do século XVII de criar cenografias especiais para o Quarantore, algumas das quais foram desenhadas por artistas do calibre de Gian Lorenzo Bernini.

No passado mês de Abril, a popular paróquia de São Luca, em Roma, também deu origem ao Quarantore, organizado pelo movimento “Pro Sanctitate”, fundado por Monsenhor Giaquinta. E não é por acaso que esta realidade eclesial está ligada precisamente a esta forma de adoração. Na verdade, são as mulheres consagradas do "Pro sanctitate" que guardam, no coração de Roma, na via dei Serpenti, a casa onde Benedetto Giuseppe Labre, o santo mendigo e peregrino, está hoje sepultado no vizinho santuário do igreja, faleceu em 16 de abril de 1783. Madonna dei Monti, que fez do Quarantore o instrumento privilegiado de sua santificação: «Não havia afastamento de lugar», escreveu seu confessor, Padre Marconi, «nenhuma chuva tão forte, nenhum frio tão forte , nenhum calor tão excessivo que pudesse aguentar, mesmo estando mal coberto na cabeça, mal vestido e mal protegido nos pés. Ele passou dias inteiros ajoelhado diante do Seu altar. A sua devoção a Jesus no sacramento não é possível expressar. Foi este que lhe valeu o nome pelo qual foi chamado por aqueles que o conheceram: o pobre do Quarantore, ao vê-lo tão assíduo nas igrejas onde o Santíssimo Sacramento era exposto à veneração pública”.

Fonte: https://www.30giorni.it/

5º Congresso Missionário Nacional

5º Congresso Missionário Nacional (cnbb)

5º CONGRESSO MISSIONÁRIO NACIONAL ACONTECE EM MANAUS (AM) ATÉ QUARTA-FEIRA, 15

A Igreja no Brasil vivencia nesses dias o seu 5º Congresso Missionário Nacional. O evento teve início na noite da última sexta-feira, 10 de novembro, em Manaus (AM), com a missa presidida pelo arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jaime Spengler.

A organização do congresso contabilizou no início do evento 800 participantes, os quais foram acolhidos pelo arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner. As atividades seguem até quarta-feira, 15 de novembro.

Missionários e missionárias

5º Congresso Missionário Nacional (cnbb)

Em sua homilia na missa de abertura, dom Jaime Spengler refletiu sobre a passagem do Evangelho e fez referências ao tema “Ide! Da Igreja local aos confins do mundo” e ao lema “Corações ardentes, pés a caminho”. Para ele, os batizados sãos enviados para anunciar o Evangelho a todos. “O ser discípulos de Jesus nos torna missionários e missionárias”, insistiu.

Segundo o arcebispo, “quando o coração arde, os pés ganham asas, o amor por Cristo consome quem se sente tocado, atingido, amado, que decide formar outros”. Ele enfatizou que a Igreja não vende um produto, mas têm uma vida divina para anunciar, testemunhando a Jesus “que nos amou primeiro”.

Mensagem do Papa

Durante a celebração, foi lida a mensagem do Papa Francisco enviada para o Congresso Missionário. O pontífice desejou que as Igrejas locais do “imenso Brasil, com o coração ardente pela paixão de evangelizar, ponham os pés a caminho, proclamando alegremente a todos os povos o Cristo Ressuscitado”. E pediu que não deixem “esmorecer o ardor” experimentado durante o evento.

O Papa também saudou as dioceses brasileiras que assumem o mandato missionário com a missão além fronteiras. “Quantos belo testemunhos de missionários e missionárias que, partindo dessa querida nação, anunciam a Boa nova em outros países, em outras culturas!”.

Francisco recordou de forma especial a Amazônia, sempre presente em suas oração e em seu coração. “A fé cristã chegou a essas terras como fruto do ardor missionário de homens e mulheres destemidos”. Leia a mensagem na íntegra.

Atividades

Entre as principais atividades de cada dia estão os painéis temáticos, momentos de aprofundamento das temáticas missionárias. Os participantes também experimentam a acolhida nas paróquias e nas famílias de Manaus, catequeses com os bispos e atrações culturais.

No domingo, 12, foi realizada a Romaria dos Mártires da Amazônia, que contou com a participação das comunidades, áreas missionárias e paróquias da arquidiocese de Manaus. O momento recordou quem assumiu as consequências da profecia, sendo um momento para agradecer a Deus por seu compromisso missionário.

Romaria dos Mártires da Amazônia (cnbb)

A missa da Romaria foi celebrada no mesmo local onde São João Paulo II celebrou a missa em sua visita a Manaus, em 1980. Presidiu a Eucaristia o bispo de Rondonópolis-Guiratinga (MT) e presidente da Comissão Episcopal para a Ação Missionária e a Cooperação Intereclesial da CNBB, dom Maurício Silva Jardim. Refletindo sobre as leituras apresentadas na Liturgia, ele salientou que “nossas sedes não se reduzem à sede de água e de coisas materiais, mas temos sede de infinito, de transcendência, de interioridade, de beleza”. Uma sede, que citando o cardeal Tolentino, “mostra-se no desejo de ser amado, olhado, cuidado e reconhecido”, que afirma que “a dor de nossa sede é a dor de nossa vulnerabilidade”.

Missa da Romaria (cnbb)

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

O sentido do sofrimento para o cristão

fizkes | Shutterstock

Por Vanderlei de Lima - Igor Precinoti - publicado em 31/05/17 - atualizado em 14/11/23

Por que o ser humano, de fé ou sem fé, sofre? Qual a diferença notada no sofrimento de ambos?

Cada um de nós carrega a sua cruz de cada dia, mas, no campo da saúde, médicos e pacientes parecem ver essa cruz de forma mais direta, especialmente nos casos das moléstias incuráveis.

O paciente, no caso, sabe que vai morrer e o médico sente-se impotente por saber que nada pode fazer para debelar a doença que acomete seu cliente. Isso tudo desperta as perguntas: Por que o ser humano, de fé ou sem fé, sofre? Qual a diferença notada no sofrimento de ambos? Alguém terá tratado desse tema a fim de nos oferecer alguma luz? – É a estes questionamentos que o artigo se volta.

Em consideração à primeira questão, é preciso subir a escala desses seres para entender isso: o mineral não sofre. Pode ser talhado e martelado sem que sinta dor. É totalmente insensível; o vegetal, quando agredido, reage. A planta da qual se corta um ramo, tende a se restaurar; por conseguinte, no plano em que começa a vida, começa a resposta àquilo que pretende destruir o ser; o animal irracional (cão, gato, onça etc.) sofre, gemendo, chorando, urlando…, pois tem a vida sensitiva, por isto sente a dor; o ser humano, que vive no plano intelectivo, sofre mais ainda. Não somente sente dor física ou moral, mas também reflete sobre a sua dor, o que o faz sofrer duplamente.

E – note-se bem – quanto mais alguém é nobre e digno, tanto mais sofre. Assim, quem muito ama, muito sofre. Só não sofre quem tem a saúde mental comprometida. A razão do sofrimento dos mentalmente sadios está em que a pessoa percebe a diferença existente entre o ideal (o que deveria ser) e a realidade. Essa diferença suscita dor em quem tem sensibilidade para os verdadeiros valores.

Mais: o sofrimento funciona, segundo Viktor Frankl, professor de Neurologia e Psiquiatria na Universidade de Viena e pai da Logoterapia, como um lembrete ao homem, seja no plano físico ou moral: no físico, a dor faz o papel de vigilante a nos alertar que algo no corpo – ainda que oculto à primeira vista – não vai bem. É ela quem nos leva a buscar o auxílio médico; no plano moral, são os grandes desafios que nos fazem crescer e amadurecer. Sem os embates da vida, o ser humano pode chegar à grande estatura física, mas ser muito pequeno interiormente. Aliás, os antigos gregos já diziam: páthos-máthos: o sofrimento é escola. Daí, o ser humano de fé ver sentido em sua dor e o sem fé cair no desânimo ou apatia diante dos desafios da vida.

Sim, ao cristão, de um modo especial, recorda São Paulo (Colossensses 1,24): “Completo em minha carne o que falta à paixão de Cristo”. Ora, dar uma moldura nova – pois o sofrimento de Cristo já foi completo – à paixão do Senhor Jesus nos dias de hoje é algo valioso, mas entendido só na fé. Com sua experiência em campos de concentração nazistas, Frankl nota que a prisão (e também, por que não acrescentar, a doença) leva o ser humano a enxergar melhor sua pequenez e a não se desesperar, mas jogar-se confiante nas mãos de Deus. Quem compreende isso, entende os (as) santos(as) que, apesar de seus muitos sofrimentos, souberam ser fiéis até o fim sem esmorecer.

Diante desse quadro, também o médico aprende – caso tenha humildade e saiba ser aberto ao que está além de seus conhecimentos, importantes, mas limitados como o de todos os demais homens e mulheres em qualquer profissão que tenham escolhido – ao se ver ante um problema sem solução. Lê-se, por exemplo, o que segue: “Viktor von Weizsäcker afirmou certa vez que o doente que sofre corajosamente, dá lições ao médico que o trata. Um médico que possua certa finura de sensibilidade, terá diante de um doente incurável ou um moribundo, a sensação de não se poder aproximar dele sem certa vergonha. Enquanto o paciente surge como alguém que enfrenta com firmeza a sua sorte e leva a termo uma autêntica realização no plano espiritual, no plano físico ou na esfera das realizações médicas, deve reconhecer a sua insuficiência” (Pergunte e Responderemos n. 281, julho-agosto 1985, p. 336).

Eis como Medicina e Fé podem olhar para o sofrimento humano, misterioso, mas capaz de levar a profundas reflexões…

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Círio de Nazaré acontece pela primeira vez nos EUA

Círio de Nazaré | Soraya Montanheiro

Uma imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré estará pela primeira vez nos EUA, onde acontecerá no domingo (19) um Círio de Nazaré em Miami, Flórida. “É uma maneira de estar um pouquinho perto da nossa religiosidade, da nossa fé, da devoção, mas também da nossa cultura, a cultura do povo paraense”, disse o paraense Carlos Waldney, responsável pelo Círio nos EUA juntamente com a comunidade brasileira de Kendall.

A imagem peregrina seguirá diretamente da basílica santuário de Nossa Senhora de Nazaré, em Belém (PA), para os EUA, e ficará no país de 16 a 20 de novembro. Além da comunidade de Kendall, a visita é uma ação conjunta entre a Secretaria de Turismo (SETUR) do Pará e a Diretoria da Festa de Nazaré (DFN). A imagem será acompanhada pelo pároco da basílica santuário, padre Francisco Cavalcante, e os diretores da DFN, Antônio Salame e Augusto Vasconcelos.

Waldney contou à ACI Digital que a ideia de levar o Círio de Nazaré para os EUA surgiu depois que ele se mudou para o país, no final de 2021. Ele disse que, na época, participou de uma celebração em honra a Nossa Senhora Aparecida na comunidade. “Coincidentemente, o diácono é paraense. Então, falei para ele: ‘por que não podemos fazer algo para Nossa Senhora de Nazaré?’”

A ideia era “fazer uma homenagem a Nossa Senhora de Nazaré”, mas “a coisa foi tomando corpo”. Waldney entrou em contato “com os setores responsáveis nos EUA e no Brasil para saber como é o procedimento para receber uma imagem peregrina do Brasil”. Além disso, mobilizaram “a comunidade que, como um todo, abraçou a ideia”.

Entre as iniciativas para tornar a devoção conhecida, Waldney contou que, ao final dos grupos de oração tinham um momento para chamar as pessoas, falar sobre Nossa Senhora de Nazaré e o Círio. Segundo ele, muitos “passaram a se interessar pela história de devoção a Nossa Senhora de Nazaré, o Círio, e a cada momento, iam se envolvendo mais e estando juntos para fazer com que isso se tornasse realidade”.

O Círio de Nazaré no domingo será uma pequena versão do Círio que acontece em Belém (PA). “Lógico que não se compara ao Círio como é em Belém, mas é uma forma de remontarmos a essa devoção, essa história de devoção a Nossa Senhora, com ícones do Círio, a berlinda, a corda, os hinos”, disse Waldney. Ele destacou que, na capital paraense, “a corda do Círio tem 400 metros”, em Miami, “terá 40 metros”; em Belém, “o percurso é de quatro quilômetros”, nos EUA, “serão 500 metros”.

“É pequeno? É, mas conseguimos passar um pouco para as pessoas essa experiência do que é conduzir a Nossa Senhora, puxando sua corda”, disse.

Para ele, esta é “uma forma de trazermos a evangelização, trazermos Nossa Senhora para a comunidade não só brasileira que está aqui, e paraense principalmente, mas também para a comunidade americana e a hispânica que é muito forte aqui”.

Entre os dias 16 e 18 de novembro, a imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré passará por diferentes igrejas, onde “haverá uma missa regular com a presença de Nossa Senhora”. “É a peregrinação dela, Ela peregrina nessas comunidades brasileiras, convidando os devotos a estarem no domingo no Círio de Nazaré”, disse.

Wladney destacou que “a comunidade brasileira no sul da Flórida é a segunda maior comunidade brasileira nos EUA”, estando atrás apenas de Boston. Mas, segundo ele, os organizadores do Círio em Miami não tem uma expectativa quando ao número de participantes. “A nossa expectativa é que estejam presentes católicos, brasileiros, paraenses, devotos que queiram pedir, agradecer por graças alcançadas pela intercessão de Nossa Senhora”.

A imagem peregrina e a comitiva do Brasil também serão recebidos na quinta-feira (16), às 15h, pelo cônsul-geral do Brasil em Miami, embaixador André Carvalho.

A programação completa da peregrinação da imagem de Nossa Senhora de Nazaré e do Círio nos EUA pode ser conferida AQUI.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Papa aos jovens: usem as redes sociais para dividir uma palavra de esperança todos os dias

Francisco encontra os voluntários da JMJ de Lisboa, em agosto deste ano (vatican Media)

A XXXVIII Jornada Mundial da Juventude deste ano será celebrada nas Igrejas particulares em 26 de novembro, Solenidade de Cristo Rei, e Francisco divulgou a mensagem que aprofunda o tema «Alegres na esperança» (Rm 12, 12). O convite aos jovens é não ter medo de testemunhar Cristo alegremente, alimentando a esperança com oração e atitudes quotidianas: nas redes sociais, "tentem compartilhar cada dia uma palavra de esperança", tornando-se semeadores de esperança na vida dos amigos.

Andressa Collet - Vatican News

A expressão paulina «Alegres na esperança» (Rm 12, 12) ganhou um aprofundamento do Papa Francisco na mensagem da XXXVIII Jornada Mundial da Juventude deste ano que será celebrada nas Igrejas particulares em 26 de novembro, Solenidade de Cristo Rei. Junto com o tema já escolhido pelo Pontífice para 2024, «Aqueles que esperam no Senhor caminham sem se cansar» (cf. Is 40, 31), será preparado o caminho para o Jubileu dos Jovens de 2025, em Roma. Esse é o convite do Papa após "a real experiência da transfiguração", da "explosão de luz e alegria" da JMJ de Lisboa de agosto, e antes da próxima etapa do encontro intercontinental de Seul, na Coreia, em 2027.

A alegria deriva da fé

Sala de Imprensa da Santa divulgou nesta terça-feira (14) a mensagem do Papa Francisco para a JMJ deste ano, através da qual convida os jovens a aprofundar o significado da esperança cristã e a testemunhar alegremente que Cristo está vivo.

A «alegria na esperança» (Rm 12, 12) é uma exortação de São Paulo à comunidade de Roma que "deriva do encontro com Cristo". Para os jovens, é um tempo propício do acolhimento de Deus, já que é alimentado pelas relações com amigos, experiências culturais, conhecimentos científicos e iniciativas fraternas, escreveu o Pontífice, ao alertar, porém, para os "dramas da humanidade, sobretudo do sofrimento dos inocentes" vividos atualmente:

"Contudo vivemos num tempo em que para muitos, mesmo jovens, a esperança parece ser a grande ausente. Infelizmente muitos dos vossos coetâneos, que vivem experiências de guerra, violência, bulling e várias formas de mal-estar, veem-se afligidos pelo desespero, o medo e a depressão. Sentem-se como que encerrados numa prisão escura, incapazes de ver os raios do sol. Demonstra-o dramaticamente a elevada taxa de suicídio entre os jovens de vários países. Em semelhante contexto, como se pode experimentar a alegria e a esperança, de que fala São Paulo?"

"Uma parte da resposta de Deus", antecipou o Papa, podemos ser nós, fazendo "nascer a alegria e a esperança, mesmo onde parece impossível". Foi então que Francisco buscou a imagem do filme "A vida é bela", de Roberto Benigni, que retrata como um jovem pai consegue, "com delicadeza e imaginação, transformar a dura realidade" dos horrores da Segunda Guerra Mundial e do trágico cenário dos campos de concentração, ao proteger o filho com «olhos de esperança». Como acontece na vida de muitos Santos, continuou Francisco, ao citar alguns santos que foram "testemunhas de esperança mesmo no meio da maldade humana mais cruel", como São Maximiliano Maria Kolbe e Santa Josefina Bakhita.

O Pontífice também trouxe o poema do poeta francês Charles Péguy para ilustrar "o caráter humilde", mas fundamental da esperança, ao descrever "as três virtudes teologais – fé, esperança e caridade – como se fossem três irmãs que caminham juntas: «A pequena esperança avança no meio de suas duas irmãs grandes» (O pórtico do mistério da segunda virtude, Milão 1978, 17-19)".

Outra imagem vem através do próprio testemunho cristão ao recordar do Tríduo Pascal: "o Sábado Santo é o dia da esperança. Situado entre a Sexta-Feira Santa e o Domingo de Páscoa, é como um meio-termo entre o desespero dos discípulos e a sua alegria pascal". A própria Virgem Maria, escreveu o Papa, é a esperança cristã radicada no amor e na fé ao permanecer "forte aos pés da cruz de Jesus, certa de que estava próximo o «bom êxito»": "Maria é a mulher da esperança, a Mãe da esperança", pois "preenche o silêncio do Sábado Santo com uma amorosa expectativa cheia de esperança, incutindo nos discípulos a certeza de que Jesus venceria a morte e que o mal não seria a última palavra".

“A esperança cristã não é negação da dor nem da morte, mas celebração do amor de Cristo Ressuscitado que está sempre conosco, mesmo quando parece distante.”

Como alimentar a esperança?

Para alimentar essa esperança, o Papa Francisco indicou percursos práticos: o primeiro, a oração. Rezando, escreveu ele, "mantemos acesa a centelha da esperança", mesmo quando tudo se apresenta cinzento:

"Queridos jovens, quando o nevoeiro espesso do medo, da dúvida e da opressão vos envolve e já não conseguis ver o sol, embocai o caminho da oração. Pois, «quando já ninguém me escuta, Deus ainda me ouve» (BENTO XVI, Carta enc. Spe salvi, 32). Reservemos diariamente o tempo para descansar em Deus, face às ansiedades que nos assaltam: «Só em Deus descansa a minha alma; d’Ele vem a minha esperança» (Sal 62, 6)."

A esperança também é alimentada pelas opções quotidianas, acrescentou o Papa, convidando os jovens a escolher atitudes "muito concretas na vida de cada dia":

"Exorto-vos a escolher um estilo de vida baseado na esperança. Dou um exemplo: nas redes sociais, parece mais fácil compartilhar notícias más do que notícias de esperança. Assim deixo-vos uma proposta concreta: tentai compartilhar cada dia uma palavra de esperança. Tornai-vos semeadores de esperança na vida dos vossos amigos e de quantos vos rodeiam. Com efeito, «a esperança é humilde e é uma virtude que se trabalha – por assim dizer – todos os dias (…). Todos os dias é preciso lembrar-nos que temos o penhor, que é o Espírito e que trabalha em nós através de pequenas coisas» (Francisco, Meditação matutina, 29/X/2019)."

Essa esperança, que é Cristo e ilumina a nossa vida, disse Francisco, também pode se tornar "uma pequena lanterna para os outros", assim como foram os discípulos de Jesus, partilhando a graça recebida. O Papa finalizou a mensagem convidando os jovens a não ter medo de "partilhar com todos a esperança e a alegria de Cristo Ressuscitado".

“A esperança cristã, não a podemos guardar para nós, como um belo sentimento, visto que se destina a todos. Aproximai-vos em particular dos vossos amigos que talvez aparentemente sorriam, mas por dentro choram, carentes de esperança. Não vos deixeis contagiar pela indiferença e pelo individualismo: permanecei abertos como canais por onde a esperança de Jesus possa fluir e difundir-se nos ambientes onde viveis.”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Gertrudes de Helfta ontem e hoje

Sainte Gertrude d'Helfta  Zvonimir Atletic / Shutterstock

 Por Dom Orani João Tempesta - publicado em 16/11/20

Santa Gertrudes é uma das grandes místicas da Igreja, inclusive com fenômenos extraordinários ou graças especiais.

Dia 16 de novembro, celebramos Santa Gertrudes de Helfta (1256-1301/2) ou Santa Gertrudes, “a Grande”, como a intitulou o Papa Bento XVI, em sua Catequese de 06/10/2010. Eis porque – num tempo em que três grandes Ordens religiosas, a Beneditina, a Cisterciense e a Trapista, pleiteiam a ela o título de “Doutora da Igreja” – desejo tratar de alguns aspectos da sua vida, talvez desconhecidos do grande público.

De início, faz-se oportuno aclarar um mal entendido sobre o mosteiro de Helfta: era beneditino ou cisterciense? – Deixemos claro, antes do mais, que Helfta não é o sobrenome da nossa grande santa, mas, sim, o nome do mosteiro no qual ela viveu na Alemanha do século XIII. Essa comunidade – muito perseguida, mas que, ao mesmo tempo, deu à Igreja grandes místicas como Gertrudes e as duas Matildes: a de Hackeborn e a de Magdeburgo – era uma fundação de 1229, época em que Bucardo, conde de Mansfeld, e sua esposa reuniram próximo ao seu castelo um grupo de monjas vindas do mosteiro de Halberstadt. “Juridicamente Helfta era uma casa autônoma, sob a jurisdição do bispo diocesano de Halberstadt. As religiosas consideravam-se simultaneamente beneditinas e cistercienses: no início do século a vida monástica havia recobrado um novo entusiasmo graças ao impulso cisterciense” (Vida e exercícios espirituais. 2ª ed. Juiz de Fora: Subiaco, 2013, p. 13). 

Já a Ir. Ana Laura Forastieri, OCSO, estudiosa de Santa Gertrudes, assegura: “O mosteiro beneditino de Helfta no século XIII aderiu à observância cisterciense sem, contudo, pertencer juridicamente à Ordem de Cister. No fim do século XIX e início do século XX, beneditinos e cistercienses disputaram a pertença de Santa Gertrudes às suas respectivas Ordens. Uma disputa anacrônica porque aplicava ao século XIII um conceito moderno de ‘Ordem’: na Idade Média a expressão ‘Ordem de São Bento’ não se entendia em um sentido excludente ou oposto à ‘Ordem Cisterciense’, mas, ao contrário, abrangia todas as casas que seguiam a Regra de São Bento(Santa Gertrudis: Doctora de la Iglesia? Cistercium, 258 (2012) 36, apud Mensagem da Divina Misericórdia, 2012, p. 13). Isso é o que, bem antes, também afirmava Dom Veremundo A. Tóth, OSB, ao constatar que “as monjas de Helfta no séc. XIII se consideravam cistercienses, ainda que o convento não pertencesse à jurisdição da Ordem, pois estava submetido ao Bispo de Halberstadt e em termos gerais (no seu dia a dia) procuravam se ajustar à liturgia da diocese” (Por sinais ao invisível: o simbolismo de Santa Mectildes e Santa Gertrudes. Juiz de Fora: Subiaco, 2003, p. 47). Eis como, por esses importantes testemunhos, se resolve a questão sobre o afamado mosteiro de Helfta: era uma fundação diocesana alicerçada na tradição beneditina, mas que, com o tempo, abraçou a espiritualidade cisterciense sem pertencer, ao menos naquele momento, no plano canônico, à Ordem de Cister.

Para tentar resumir, ainda que não sem dificuldades, a essência da vida monástica da nossa Ordem Cisterciense, recorramos a Dom Luís Alberto Ruas Santos, O. Cist., ao dizer que “o ritmo do mosteiro cisterciense está organizado em função do encontro pessoal do monge com Deus. O silêncio exterior é apenas uma face tangível de uma realidade oposta: a intensidade e a riqueza do diálogo interior com Deus. Alimentados pela palavra de Deus ouvida na liturgia ou ruminada na lectio privada, os cistercienses cultivavam ao longo do dia a memoria Dei ou lembrança de Deus. S. Bento pede ao monge que fuja ao esquecimento de Deus, o que, positivamente, implica em ter Deus sempre presente ao pensamento, porém de forma pessoal, não apenas como uma ideia ou abstração. O desejo de estar unido a Deus em todo o tempo é precisamente a vida da caridade. Ora, é impossível abrir-se para Deus sem abrir-se ao mesmo tempo para os irmãos e aqui achamos a dimensão da caridade fraterna dos mosteiros cistercienses” (Os cistercienses: uma espiritualidade abrangente e criativa. Itatinga: Abadia de Nossa Senhora da Assunção de Hardehausen-Itatinga, 1998, p. 16-17).

Santa Gertrudes é, nesse contexto cisterciense, uma das grandes místicas da Igreja, inclusive com fenômenos extraordinários ou graças especiais. Sim, o Catecismo da Igreja Católica ensina que “o progresso espiritual tende à união sempre mais íntima com Cristo. Esta união recebe o nome de ‘mística’, pois ela participa no mistério de Cristo pelos sacramentos – ‘os santos mistérios’ – e, nele, no mistério da Santíssima Trindade. Deus nos chama a todos a essa íntima união com Ele, mesmo que graças especiais ou sinais extraordinários desta vida mística sejam concedidos apenas a alguns, em vista de manifestar o dom gratuito a todos” (n. 2014). Vejamos, a seguiu, o matrimônio espiritual ou a íntima união de Cristo (o Esposo) à alma humana (a esposa) a Ele entregue sem reservas.

Certa vez, Nosso Senhor, apresentando a Gertrudes uma joia como um trevo de três folhas sobre seu peito sagrado, disse-lhe: “Eu usarei sempre esta joia em honra de minha Esposa [Gertrudes] e, nessas três folhas, será mostrado claramente a toda a corte celeste: na primeira, que ela está verdadeiramente proxima mea; com efeito, nenhum mortal está mais chegado a Mim que esta Esposa dileta; na segunda, que não há sobre a terra criatura alguma pela qual Me incline com tanto deleite; enfim, pelo brilho da terceira, será mostrado que ninguém no mundo a iguala em fidelidade porque, depois de desfrutar de meus dons, sempre com eles Me louva e glorifica” (Mensagem do amor de Deus. Livro I. São Paulo: Artpress, 2003, p. 20). A santa sempre correspondia ao grande amor do divino Esposo, como, por exemplo, nesta passagem: “Esposo cheio de encantos, honra e glória dos anjos, Vós vos dignastes escolher-me por esposa, a mim, a última de todas as criaturas. Minha alma e meu coração somente têm sede de vossa honra e de vossa glória e eu considero como meus próximos os vossos mais caros amigos. Peço-Vos, pois, amantíssimo Senhor, que nesta hora, para honrar vossa alegre ressurreição, vos digneis absolver as almas de todos aqueles que vos são particularmente caros. Para obter essa graça, ofereço-vos em união com vossa inocentíssima Paixão, tudo quanto meu coração e meu corpo sofreram em suas contínuas enfermidades” (Mensagens do amor de Deus. Livro IV. São Paulo: Artpress, 2016, p. 150-151). E o Senhor a atendeu.

Ante seu santo anseio de passar desta vida às núpcias eternas, Jesus, o celeste Esposo, lhe perguntou: “Qual verdadeira esposa poderá ter tão grande desejo de chegar a um lugar em que sabe que seu esposo não acrescentará mais nada a seus adornos e onde ela não poderá oferecer presentes a seu bem-amado? […] Com efeito, após a morte, a alma não cresce em merecimento e não trabalha mais para Deus” (Mensagens do amor de Deus. Livro V. São Paulo: Artpress, 2019, p. 125). Em outra ocasião, nossa santa, ainda a propósito da morte – passagem para a verdadeira vida –, indaga: “E quando vos dignareis, ó Deus fidelíssimo, conduzir-me da prisão do exílio ao repouso da beatitude? O Senhor respondeu: – Que esposa real se apressou para ouvir as aclamações e os votos de boa vinda do povo e, por isso, queixou-se de uma demora porque seu esposo a encantava com as carícias e os beijos de seu amor? – Senhor, disse ela, que delícias encontrais em mim, refugo de toda criatura, para compará-las com demonstrações de afeto recíproco do esposo e da esposa? – O Senhor respondeu: Encontro essas delícias, dando-me a ti pelo sacramento do altar, nessa união que não existirá mais depois desta vida. Para mim, ela tem encantos infinitos, do que as demonstrações do amor humano não podem dar a menor ideia. As afeições terrenas passam com os tempos. Mas a doçura dessa união pela qual Eu me dou a ti no sacramento do altar não pode se debilitar. Ao contrário, quanto mais ela se renova, mais aumenta seu vigor e eficácia” (Idem, p. 142).

Dessa íntima união com o divino Esposo, Gertrudes vivenciou ainda – entre outros vários fenômenos – a transverberação e a “troca de corações”. Sobre a transverberação (impressão interna das chagas de Cristo), lemos que nossa mística assim rezava: “Ó misericordioso Senhor! Gravai em meu coração vossas chagas divinas por meio do vosso precioso sangue, para que eu veja nele, ao mesmo tempo, vossas dores e vosso amor” (Revelações de Santa Gertrudes. Livro II. São Paulo: Artpress, 2011, p. 20). Seu pedido foi atendido como ela mesma relata: “Foi-me dado conhecer espiritualmente que acabáveis de imprimir os estigmas adoráveis de vossas santíssimas chagas em alguns lugares do meu coração. (…) Acabaste por dar à minha alma o que Vos pedia aquela oração, isto é, a graça de conhecer vossas dores e vosso amor, em vossos preciosos estigmas” (Idem, p. 21-23). Quanto à troca de corações (mística, mas não física), Gertrudes declara: “Além desses favores, me admitistes ainda à incomparável familiaridade de vossa ternura, oferecendo-me a arca nobilíssima de vossa divindade, quer dizer, vosso Coração Sagrado, para que nele me deleite. Vós o destes a mim gratuitamente ou o trocastes pelo meu, como prova ainda mais evidente de vossa terna intimidade. Por esse Coração divino conheci vossos secretos juízos. Por ele me destes tão numerosos e doces testemunhos de vosso amor, que se não conhecesse vossa inefável condescendência, eu ficaria surpreendida ao ver-vos prodigalizá-los até mesmo à vossa amada Mãe, se bem que Ela seja a mais excelente criatura e reine convosco no Céu” (Ibidem, p. 83). Cada um desses fenômenos bem demostram a beleza – interior e exterior – da íntima união com Deus à qual todos somos chamados. Afinal, o convite à santidade não exclui ninguém (cf. Mt 5,48).

Percorrido, ainda que brevemente, esses grandes acontecimentos místicos da vida de nossa grande santa, não posso deixar de convidar a cada irmão ou irmã que leu até aqui a conhecer melhor a vida dessa esposa de Cristo – a “única mulher da Alemanha que recebeu o apelativo ‘Grande’, pela estatura cultural e evangélica: com a sua vida e pensamento, ela incidiu de modo singular sobre a espiritualidade cristã” (Bento XVI. Catequese de 06/10/2010) – por meio de suas obras que, com a graça de Deus, estão publicadas, na íntegra, no Brasil. Há Mensagem do amor de Deus, em cinco pequenos volumes (São Paulo: Artpress), e Santa Gertrudes de Helfta: vida e exercícios espirituais (Juiz de Fora: Subiaco). A título de oportuna introdução, foi lançado recentemente Recorramos a Santa Gertrudes de Helfta (Cultor de Livros) que, a seu modo, resume a vida de nossa santa e traz explicações teológicas bem fundamentadas, mas em linguagem popular, sobre alguns pontos específicos: em particular, no que diz respeito à mística, à devoção ao Sagrado Coração de Jesus e à Divina Misericórdia.

Finalizando, faço votos de que Santa Gertrudes volte a ser melhor conhecida e divulgada em todo o mundo, mas, em especial, nas Américas Central e do Sul como foi no século XVI. Também desejo muito vivamente que a causa visando declará-la Doutora da Igreja, ao lado de outras grandes mulheres, tenha êxito, se assim for da vontade de Deus por meio do sábio e prudente juízo da Mãe Igreja. 

Santa Gertrudes de Helfta, grande discípula do Coração de Jesus e Apóstola da Divina Misericórdia, rogai por nós!

Fonte: https://pt.aleteia.org/

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Papa: o Evangelho não é uma ideologia, é o anúncio da alegria

Papa: o Evangelho não é uma ideologia, é o anúncio da alegria (Vatican Media)

Durante a catequese desta quarta-feira (15), aos milhares de fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro, Francisco enfatizou que “o Evangelho ainda é esperado nos dias atuais, e a humanidade de todos os tempos necessita do seu anúncio”.

Thulio Fonseca - Vatican News

“Após falar sobre diversas testemunhas do anúncio do Evangelho, proponho, como síntese destas catequeses sobre o zelo apostólico, quatro pontos baseados na Exortação Apostólica Evangelii gaudium, que completa neste mês dez anos. O primeiro ponto, que examinamos hoje, só pode dizer respeito à atitude da qual depende a substância do gesto evangelizador: a alegria.”

Com estas palavras, Francisco iniciou sua catequese durante a Audiência Geral desta quarta-feira (15). Diante dos fiéis reunidos na Praça São Pedro, o Papa enfatizou que "a mensagem cristã, conforme ouvimos nas palavras do anjo aos pastores, é o anúncio de uma 'grande alegria'".

"E qual é o motivo dessa grande alegria? Uma boa notícia, uma surpresa, um belo acontecimento?”, questionou o Pontífice, para então responder: “É muito mais do que isso, é uma Pessoa: Jesus! Ele é o Deus feito homem que nos ama sempre, que deu sua vida por nós e deseja nos conceder a vida eterna! Ele é o nosso Evangelho, a fonte de uma alegria perene!”

“Ou proclamamos Jesus com alegria, ou não o proclamamos, porque qualquer outra forma de anunciá-Lo não é capaz de trazer a verdadeira realidade de Jesus.”

A evangelização não é uma ideologia

Em seguida, o Papa faz um alerta aos fiéis: "um cristão que está descontente, triste, insatisfeito ou, pior ainda, ressentido e rancoroso não tem credibilidade". Segundo Francisco, a evangelização funciona de forma gratuita, porque vem da plenitude, não da pressão.

O Papa enfatizou que "quando se evangeliza com base em ideologias, isso não é evangelizar, isso não é o Evangelho. O Evangelho não é uma ideologia: o Evangelho é um anúncio de alegria. As ideologias são frias, todas elas. O Evangelho tem o calor da alegria. As ideologias não sabem sorrir, o Evangelho é um sorriso, ele faz você sorrir porque toca sua alma com a Boa Nova", sublinhou Francisco. 

A humanidade aguarda o anúncio do Evangelho

"Portanto, os primeiros a serem evangelizados somos nós, os cristãos, e isso é muito importante", lembrou o Pontífice. Mesmo quando frequentemente nos encontramos imersos no ritmo acelerado e confuso do mundo atual, "também podemos nos ver vivendo a fé com um sutil senso de renúncia, convencidos de que o Evangelho não é mais ouvido e que não vale mais a pena o esforço de proclamá-lo".

“Podemos até ser tentados pela ideia de deixar os 'outros' seguirem seu próprio caminho. Em vez disso, este é exatamente o momento de voltar ao Evangelho para descobrir que Cristo é sempre jovem, é sempre uma fonte constante de novidade.”

O Papa destacou que o Evangelho ainda é esperado nos dias atuais, e a humanidade de todos os tempos necessita do seu anúncio, inclusive a civilização imersa na descrença planejada e na secularidade institucionalizada. Especialmente em uma sociedade que negligencia os espaços do sentimento religioso, o Evangelho é aguardado.

Na conclusão da catequese, o Papa convidou cada cristão a renovar seu encontro pessoal com Jesus Cristo:

"Não nos esqueçamos disso. E se algum de nós não perceber essa alegria, perguntemos a nós mesmos se encontramos Jesus. É uma alegria interior. O Evangelho percorre o caminho da alegria, sempre, é o grande anúncio. Convido todos os cristãos, em qualquer lugar e situação em que se encontrem, a renovar seu encontro pessoal com Jesus Cristo hoje. Que cada um de nós, neste dia, pare um pouco e pense: Jesus, Tu estás dentro de mim: quero encontrá-Lo todos os dias. Tu és uma Pessoa, não uma ideia; Tu és um companheiro, não um programa. Tu és o Amor que resolve tantos problemas. Tu és o início da evangelização. Tu, Jesus, és a fonte da alegria."

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Estou namorando. Como saber se está na hora de me casar?

Namoro (Ed. Cléofas)

Estou namorando. Como saber se está na hora de me casar?

 POR PROF. FELIPE AQUINO

A Igreja no Brasil fixa as idades mínimas para alguém receber o Sacramento do matrimônio: 18 anos para o homem e 16 anos para a mulher. Antes disso, só com autorização expressa do Bispo diocesano. Se a Igreja fixa essa idade mínima, então, ela está dizendo que não se deve casar antes, falta maturidade. A Igreja também não fixa a idade máxima para se casar.

Mas, qual deve ser o tempo ideal do namoro?

Isso é muito relativo e depende de muitos fatores que se referem à vida dos namorados. Penso que um namoro normalmente deve durar cerca de três a quatro anos antes do casamento, mas isso não é algo rígido; depende da situação pessoal de cada um, dos estudos, da situação financeira, da maturidade do casal, do seu bom entendimento, das dúvidas que possam ter, etc. O casal deve se casar logo que chegar à conclusão que encontraram-se mutuamente como a “pessoa adequada” para cada um, além de já terem meios financeiros para construírem um novo lar.

O momento certo do noivado é aquele em que os dois estão maduros e prontos para assumir o matrimônio e uma nova família. Ao celebrar o noivado, os noivos já devem marcar a data do casamento; penso que sem isso o noivado não deve acontecer. Cada um tem um tempo mesmo, mas reflitam sobre as inconveniências de se adiar cada vez mais o casamento. A melhor época para se ter os filhos, por exemplo, é quando a mulher é jovem; e é muito mais fácil criar os filhos quando os pais ainda são jovens, saudáveis, etc.

Mas então, quando sabemos se estamos prontos para o casamento? Como superar o medo da convivência a dois?

Um casal está pronto para o casamento quando ambos desejam se casar, querem mesmo, não têm dúvidas sobre a pessoa do outro; cada um conhece bem o outro, suas qualidades, seus defeitos, seus anseios, sua história, seus problemas, etc., e cada um aceita o outro como ele é, com seus defeitos e qualidades; enfim, quando a vida de cada um é um livro aberto para o outro, sem segredos; e assim, se deseja viver com o outro e para o outro; quando sente-se alegria de estar com ele ou ela, e se deseja ter filhos.

Além disso, é preciso que haja o sustento material e financeiro garantido, sem depender dos outros, dos pais principalmente. O povo diz que “quem casa quer casa”. Esse grau de liberdade é importante para a vida do casal. Podem até morar um pouco de tempo com os pais, talvez até porque o pai ou a mãe são doentes e já não podem viver sozinhos. Mas a convivência com os pais ou outras pessoas não deve dificultar o relacionamento do novo casal.

Sempre haverá um pouco de receio do futuro, mas o amor do casal deve superar esse medo, com fé em Deus. O Sacramento do matrimônio é um suplemento de graça para o casal enfrentar com a força de Cristo todas as dificuldades do casamento (doenças, problemas de relacionamento, dinheiro, etc.). São Paulo diz que “O justo vive pela fé” (Rom 1, 17), e pergunta: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rom 8,31).

Quanto tempo é necessário para se conhecer uma pessoa, para casar?

Esse tempo vai depender do perfil de cada um. É preciso que cada um conheça o outro muito bem antes de se casar, sua família, suas qualidades, seus defeitos. O mistério que é cada um deve ser revelado; a história de cada um deve ser bem contada ao outro e bem entendida e aceita.

O que faz um casamento ser válido é o SIM que um diz ao outro no altar, isto é o consentimento pleno, o desejo real de se casar com o outro sem estar enganado, pressionado, chantageado ou ameaçado. Ao celebrar o matrimônio o sacerdote faz três perguntas chaves, exatamente para checar se os noivos estão preparados para o casamento. A primeira é esta: “Fulano e fulana, viestes aqui para unir-vos em matrimônio. Por isso, eu vos pergunto perante a Igreja: É de livre e espontânea vontade que o fazeis?” E os noivos devem responder convictamente: Sim!

Depois o padre pergunta: “Abraçando o matrimônio, ides prometer amor e fidelidade um ao outro. É por toda a vida que o prometeis?” Noivos: Sim!

E por fim o sacerdote pergunta: “Estais dispostos a receber com amor os filhos que Deus vos confiar, educando-os na lei de Cristo e da Igreja?” Noivos: Sim!

Então, o casal só deve se casar quando sente segurança em poder cumprir bem tudo o que vai prometer no altar a Deus, diante do seu ministro e do seu povo. A palavra chave é “maturidade”. Nós já temos maturidade para assumirmos um lar, sermos esposos, pai e mãe?

Prof. Felipe Aquino

Fonte: https://cleofas.com.br/

A maçonaria continua proibida para os católicos

Dicastério para a Doutrina da Fé Vatican Media)

A resposta do Dicastério para a Doutrina da Fé, aprovada pelo Papa, responde à solicitação de um bispo filipino: reafirmada a irreconciliabilidade entre a adesão às lojas e a fé católica.

Vatican News

Os católicos continuam proibidos de se filiar à maçonaria. É o que reafirma a resposta do Dicastério para a Doutrina da Fé datada de 13 de novembro de 2023, assinada pelo prefeito Victor Fernandéz e com a aprovação do Papa Francisco. O dicastério respondeu a uma solicitação de dom Julito Cortes, bispo de Dumanguete, nas Filipinas. Cortes, "depois de ilustrar com preocupação a situação em sua diocese, devido ao aumento contínuo de fiéis filiados à maçonaria, pediu sugestões sobre como lidar adequadamente com essa realidade do ponto de vista pastoral, levando em conta também as implicações doutrinárias".

Em resposta à pergunta, o dicastério decidiu responder envolvendo também a Conferência Episcopal das Filipinas, "notificando que seria necessário implementar uma estratégia coordenada entre cada bispo que envolve duas abordagens".

A primeira diz respeito ao nível doutrinário: o dicastério reitera que "a filiação ativa de um fiel à maçonaria é proibida, devido à irreconciliabilidade entre a doutrina católica e a maçonaria (cf. a Declaração da Congregação para a Doutrina da Fé de 1983, e as mesmas Diretrizes publicadas pela Conferência episcopal em 2003)".

Portanto, esclarece a nota, "aqueles que formalmente e conscientemente estão inscritos em lojas maçônicas e abraçaram os princípios maçônicos, se enquadram nas disposições da Declaração acima mencionada. Essas medidas também se aplicam a eventuais eclesiásticos inscritos na maçonaria".

A segunda abordagem diz respeito ao nível pastoral: o dicastério propõe aos bispos filipinos que "realizem uma catequese popular em todas as paróquias sobre as razões da irreconciliabilidade entre a fé católica e a maçonaria". Por fim, os bispos das Filipinas são convidados a considerar se devem fazer um pronunciamento público sobre esse assunto.

A Declaração de novembro de 1983 foi publicada às vésperas da entrada em vigor do novo Código de Direito Canônico. O Código substituiu o de 1917 e, entre as novidades era observada - por alguns com satisfação, por outros com preocupação - a ausência da condenação explícita da maçonaria e da excomunhão para seus afiliados, que estava presente no texto antigo. A Declaração, assinada pelo então cardeal Joseph Ratzinger e pelo secretário da Congregação, Jérôme Hamer, e aprovada por João Paulo II, reiterou que os católicos afiliados a lojas maçônicas estão "em estado de pecado grave".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF