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domingo, 19 de novembro de 2023

O Cristo presente na realidade humana

Jesus: O hommem realidade presente do Pai (Linkedin)

Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)

O Cristo presente na realidade humana: 

Nunca afastes de algum pobre o teu olhar” (Tb 4,7) 

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Neste 33º Domingo do tempo comum, a Igreja Católica convida seus filhos a se unirem em oração, no 7º Dia Mundial dos Pobres. É um momento para colocarmos diante do Senhor da vida, o clamor dos pobres e excluídos, tendo presente o sofrimento e as necessidades de milhões de pessoas que padecem pela falta de condições digna de vida. São as vítimas das políticas econômicas que geram exclusão social e alimentam a corrupção na administração da causa pública em muitos países, deixando à margem o interesse pelo bem comum da sociedade.  

Na sua mensagem para este 7º Dia Mundial dos Pobres, o Papa Francisco nos traz a figura de Tobite, um homem já idoso, temente a Deus, e que sempre procurou praticar a caridade para com seus irmãos. Mesmo nos momentos mais difíceis, quando começa a passar por necessidades, e tomado pela cegueira, não é compreendido e é criticado até mesmo pelos que estavam mais próximos dele. Mas Tobite manteve-se fiel a Deus e aos seus princípios, e não deixa de afirmar: «O Senhor foi o meu bem». E expressa a sua confiança no Senhor, em quem sempre confiou, deixando ao filho, “como um bom pai”, não muitos bens materiais, mas sobretudo o testemunho do caminho que há de seguir na vida. As sábias palavras de Tobite nos ajudam a refletir a grandeza do amor-caridade, também na realidade de hoje: «Filho, lembra-te sempre do Senhor, nosso Deus, em todos os teus dias, evita o pecado e observa os seus mandamentos. Pratica a justiça em todos os dias da tua vida e não andes pelos caminhos da injustiça» (Tb 4, 5). «Dá esmolas, conforme as tuas posses. Nunca afastes de algum pobre o teu olhar, e nunca se afastará de ti o olhar de Deus» (Tb 4, 7). 

Na realidade em que vivemos, temos várias instituições que fazem ações em prol dos pobres todos os dias. É louvável o empenho de tantas pessoas que se doam por amor ao Cristo pobre, presente nos pobres. O Papa Francisco nos motiva para darmos um passo a mais, tendo presente os desafios e a realidade “da pobreza, que permeia as nossas cidades como um rio, que engrossa sempre mais até extravasar; e parece submergir-nos, pois o grito dos irmãos e irmãs que pedem ajuda, apoio e solidariedade ergue-se cada vez mais forte”. Não podemos ficar na indiferença ou ignorar que “os pobres são pessoas, têm rosto, uma história, coração e alma. São irmãos e irmãs, com os seus valores e defeitos, como todos, e é importante estabelecer uma relação pessoal com cada um deles”. 

Na conclusão da sua mensagem, o Papa Francisco nos recorda que nesta “casa que é o mundo, todos têm direito de ser iluminados pela caridade, ninguém pode ser privado dela”. Que o testemunho de homens e mulheres, santos e mártires da caridade, nos inspire a mantermos o olhar sempre fixo no rosto humano e divino do Senhor Jesus Cristo, presente nos pobres.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Enfrentar o escândalo da pobreza com o amor, a caridade e a partilha do pão, indica Francisco

Missa do Dia Mundial dos Pobres (Vatican Media)

"Quando se pensa nesta multidão imensa de pobres, a mensagem do Evangelho resulta clara: não enterremos os bens do Senhor! Ponhamos em circulação a caridade, partilhemos o nosso pão, multipliquemos o amor! A pobreza é um escândalo."

https://youtu.be/YSH0XHbTUAA

HOMILIA DO SANTO PADRE
PARA O VII DIA MUNDIAL DOS POBRES
(XXXIII Domingo do Tempo Comum – 19 de novembro de 2023)

Três homens veem-se na posse duma enorme riqueza, graças à generosidade do seu senhor, que está de saída para uma longa viagem. Um dia, porém, vai regressar e convocará aqueles servos, esperando poder alegrar-se com eles pela forma como entretanto fizeram render os seus bens. Assim, a parábola que ouvimos (cf. Mt 25, 14-30) convida-nos a deter-nos em dois percursos: a viagem de Jesus e a viagem da nossa vida.

A viagem de Jesus. No início da parábola, Ele fala de «um homem que, ao partir para fora, chamou os seus servos e confiou-lhes os seus bens» (25, 14). Esta viagem faz pensar no próprio mistério de Cristo, Deus feito homem, com a sua ressurreição e ascensão ao Céu. Com efeito, Ele que desceu do seio do Pai para vir ao encontro da humanidade, morrendo, destruiu a morte e, ressuscitando, retornou ao Pai. Assim Jesus, tendo terminado a sua existência terrena, realiza a «viagem de regresso» para junto do Pai. Mas, antes de partir, confiou-nos os seus bens, os seus talentos, um verdadeiro «capital»: deixou a Si mesmo na Eucaristia, a sua Palavra de vida, a sua santa Mãe como nossa Mãe, e distribuiu os dons do Espírito Santo para podermos continuar a sua obra no mundo. Tais «talentos» são concedidos «a cada qual – especifica o Evangelho – segundo a sua capacidade» (25, 15) e, naturalmente, para uma missão pessoal que o Senhor nos confia na vida quotidiana, na sociedade e na Igreja. O mesmo afirma o apóstolo Paulo: «a cada um de nós foi dada a graça, segundo a medida do dom de Cristo. Por isso se diz: Ao subir às alturas, levou cativos em cativeiro, deu dádivas aos homens» (Ef 4, 7-8).

Mas, voltemos a fixar o olhar em Jesus, que recebeu tudo das mãos do Pai, mas não reteve para Si esta riqueza, «não considerou um privilégio ser igual a Deus, mas esvaziou-Se a Si mesmo, tomando a condição de servo» (Flp 2, 6-7). Revestiu-Se da nossa frágil humanidade, cuidou como bom samaritano das nossas feridas, fez-Se pobre para nos enriquecer com a vida divina (cf. 2 Cor 8, 9), subiu à cruz. A Ele, que não tinha pecado, «Deus o fez pecado por nós» (2 Cor 5, 21), em nosso favor. Jesus viveu em nosso favor. Foi isto que animou a sua viagem pelo mundo, antes de voltar ao Pai.

Mas a parábola de hoje diz-nos ainda que «voltou o senhor daqueles servos e pediu-lhes contas» (Mt 25, 19). Com efeito, à primeira viagem rumo ao Pai, seguir-se-á outra que Jesus há de realizar no fim dos tempos, quando voltar na glória e quiser encontrar-nos de novo, para «fazer um balanço» da história e introduzir-nos na alegria da vida eterna. Por isso devemos perguntar-nos: Como nos encontrará o Senhor, quando voltar? Como me apresentarei ao encontro com Ele?

Esta pergunta leva-nos ao segundo momento: a viagem da nossa vida. Que estrada estamos nós a percorrer: a de Jesus que Se fez dom ou a estrada do egoísmo? A parábola diz-nos que cada um de nós recebeu os «talentos», segundo as próprias capacidades e possibilidades. Mas, atenção, não nos deixemos enganar pela linguagem habitual! Aqui não se trata das capacidades pessoais, mas – como dizíamos – dos bens do Senhor, daquilo que Cristo nos deixou ao regressar ao Pai. Com eles, deu-nos o seu Espírito, no qual nos tornamos filhos de Deus e graças ao qual podemos dedicar a nossa vida a dar testemunho do Evangelho e construir o Reino de Deus. O grande «capital», que foi colocado nas nossas mãos, é o amor do Senhor, fundamento da nossa vida e força do nosso caminho.

Por isso devemos perguntar-nos: Que faço eu dum dom tão grande ao longo da viagem da minha vida? A parábola diz-nos que os dois primeiros servos multiplicam o dom recebido, enquanto o terceiro, em vez de confiar no seu senhor, tem medo dele e fica como que paralisado, não arrisca, não se empenha, acabando por enterrar o talento. Isto aplica-se também a nós: podemos multiplicar o que recebemos, fazendo da vida uma oferta de amor pelos outros, ou então podemos viver bloqueados por uma falsa imagem de Deus e, com medo, esconder debaixo da terra o tesouro que recebemos, pensando só em nós mesmos, sem nos apaixonarmos por nada além das nossas comodidades e interesses, sem nos comprometermos.

Pois bem, meus irmãos e irmãs! Neste Dia Mundial dos Pobres, a parábola dos talentos é uma advertência para verificar com que espírito estamos a enfrentar a viagem da vida. Recebemos do Senhor o dom do seu amor e somos chamados a tornar-nos dom para os outros. O amor com que Jesus cuidou de nós, o azeite da misericórdia e da compaixão com que tratou as nossas feridas, a chama do Espírito com que abriu os nossos corações à alegria e à esperança, são bens que não podemos guardar só para nós, administrar à nossa vontade ou esconder debaixo da terra. Cumulados de dons, somos chamados a fazer-nos dom. As imagens usadas pela parábola são muito eloquentes: se não multiplicarmos o amor ao nosso redor, a vida some-se nas trevas; se não colocarmos em circulação os talentos recebidos, a existência acaba debaixo da terra, ou seja, como se já estivéssemos mortos (cf. 25, 25.30).

Por isso pensemos nas inúmeras pobrezas materiais, culturais e espirituais do nosso mundo, nas existências feridas que povoam as nossas cidades, nos pobres tornados invisíveis, cujo grito de dor é sufocado pela indiferença geral duma sociedade atarefada e distraída. Pensemos em quantos estão oprimidos, cansados, marginalizados, nas vítimas das guerras e naqueles que deixam a sua terra arriscando a vida; naqueles que estão sem pão, sem trabalho e sem esperança. Quando se pensa nesta multidão imensa de pobres, a mensagem do Evangelho resulta clara: não enterremos os bens do Senhor! Ponhamos em circulação a caridade, partilhemos o nosso pão, multipliquemos o amor! A pobreza é um escândalo. Quando o Senhor voltar, pedir-nos-á contas e – como escreve Santo Ambrósio – dir-nos-á: «Porque tolerastes que tantos pobres morressem de fome, quando dispunhas de ouro com o qual obter alimento para lhes dar? Por que tantos escravos foram vendidos e maltratados pelos inimigos, sem que ninguém fizesse nada para os resgatar?» (As Obrigações dos MinistrosPL 16, 148-149).

Rezemos para que cada um, segundo o dom recebido e a missão que lhe foi confiada, se comprometa a «pôr a render a caridade» e a aproximar-se de qualquer pobre. Rezemos para que também nós, no termo da nossa viagem, depois de ter acolhido Cristo nestes irmãos e irmãs com quem Ele próprio Se identificou (cf. Mt 25, 40), possamos ouvir dizer-nos: «Muito bem, servo bom e fiel (…). Entra no gozo do teu senhor» (Mt 25, 21).

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Sabia que a irmã mais nova de Santa Clara também é santa?

José Benlliure y Gil | Public Domain

Por Philip Kosloski - publicado em 17/11/23

Quando entrou para a vida religiosa a irmã de Santa Clara enfureceu o pai delas, mas algo milagroso aconteceu.

São Francisco de Assis inspirou Santa Clara a ter uma vida semelhante à sua, ou seja, de pobreza e oração.

E Santa Clara não estava sozinha em seu desejo de obter a santidade , pois sua irmã mais nova, Inês, a acompanhou no convento.

Isso enfureceu o pai delas, Monaldo, que não queria que as filhas levassem uma vida religiosa reclusa. Ele chegou, inclusive, a enviar seu irmão com vários homens armados para arrastar Inês para fora do convento à força, se necessário.

Contudo, algo milagroso aconteceu, como explica a Enciclopédia Católica:

“Monaldo, fora de si de raiva, desembainhou a espada para golpear a jovem, mas seu braço caiu, murcho e inútil, ao seu lado; outros arrastaram Inês para fora do mosteiro pelos cabelos, golpeando-a e até chutando-a repetidamente. Santa Clara veio em seu socorro e, de repente, o corpo de Inês ficou tão pesado que os soldados, tendo tentado em vão carregá-la, deixaram-na cair, meio morta, num campo próximo ao local. Dominados por um poder espiritual contra o qual a força física não adiantava, os pais de Inês foram obrigados a retirar-se e permitir que Inês permanecesse ali com Santa Clara.”

Santa Inês acabou sendo escolhida por São Francisco para ser superiora de uma comunidade de irmãs em Florença, Itália.

Ela morreu em 16 de novembro de 1253 e foi enterrada ao lado de sua irmã mais velha, Santa Clara.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

VII Jornada Mundial dos Pobres: o olhar aos pobres num convite à santidade

"Não desvies o rosto de nenhum pobre" (Tb 4,7) é o tema escolhido pelo Papa  (© Renan Dantas )

O próximo domingo (19) nos convida não apenas a olhar para a pobreza no Brasil, mas a ampliar o olhar, reconhecendo a interconexão de nossas vidas em escala global e respondendo com a caridade ao chamado do Papa Francisco, num convite à santidade em nossas ações.

Renan Dantas

Há sete anos, o Brasil e o mundo se unem na celebração da VII Jornada Mundial dos Pobres, um compromisso estendido além de um dia, evidenciando a necessidade urgente de solidariedade diante da crescente pobreza global. Marcada para o dia 19 de novembro, esta jornada é mais do que uma celebração; é um chamado para transformar a compaixão em ação.

A equipe desta jornada propõe um tema envolvente: "Olhe para mim!", com o lema "Não desvies o rosto de nenhum pobre" (Tb 4,7). A identidade visual, um mosaico que conecta campos, cidades, florestas e águas, simboliza a interligação com a Casa Comum. Cores vibrantes e elementos culturais celebram a alegria, comunhão e acolhimento, reforçando o convite: "Olhe para mim".

A taxa de pobreza em nível nacional e mundial

Enquanto celebramos a Jornada Mundial dos Pobres, é crucial reconhecer os desafios enfrentados em nossa nação e globalmente. No Brasil, a taxa de pobreza ainda persiste, afetando milhões de vidas e desafiando nosso compromisso com a justiça social. A pobreza não é apenas uma estatística; são rostos, histórias e vidas que clamam por compaixão e solidariedade.

Olhar para as estatísticas nacionais é confrontar a realidade de comunidades inteiras que lutam diariamente para suprir necessidades básicas. No entanto, a pobreza não conhece fronteiras; é um desafio global que requer uma resposta coletiva.

Desigualdade global e oportunidades de mudança

No contexto mundial, a taxa de pobreza destaca-se como um desafio persistente. Milhões de pessoas enfrentam a falta de acesso a condições básicas de vida, desde alimentação adequada até cuidados de saúde. Esta Jornada Mundial dos Pobres nos convida não apenas a olhar para a pobreza em nossa nação, mas a ampliar nosso olhar, reconhecendo a interconexão de nossas vidas em escala global.

Há sete anos, o Brasil e o mundo se unem à celebração da VII Jornada Mundial dos Pobres (Vatican Media)

Do discurso à ação: um chamado à santidade

Além do clamor do Papa Francisco para não afastarmos o olhar dos pobres (Tb 4,7), encontramos um convite à santidade em nossas ações. Inspirando-se na vida de Jesus, que dedicou sua vida e missão aos menos favorecidos, a jornada nos convoca a seguir esse exemplo na prática cotidiana.

A vida de Jesus: modelo de serviço aos pobres

Recordemos os ensinamentos de Jesus, que nos exortou a alimentar os famintos, vestir os nus e acolher os marginalizados. Sua vida foi um testemunho de compaixão e serviço aos mais vulneráveis, uma inspiração para que também possamos olhar para os pobres com o mesmo amor.

Cores da solidariedade: 'Olhe para mim!'

A identidade visual proposta para a VII Jornada Mundial dos Pobres é um mosaico envolvente intitulado "Olhe para mim!". Este design busca conectar corações, representando a interligação entre pessoas de diferentes contextos, sejam dos campos, cidades, florestas ou águas, na preservação da Casa Comum.

As cores vibrantes presentes no mosaico evocam a alegria, comunhão e acolhimento. Elementos culturais adicionam camadas de significado, celebrando a diversidade e ressaltando a importância de cada indivíduo. Este mosaico visual não apenas comunica a essência da jornada, mas também convida a uma reflexão profunda sobre a interdependência de nossas vidas.

A mensagem visual é clara: "Olhe para mim!" transcende as barreiras, chamando à conexão e solidariedade, tornando-se um símbolo marcante dessa jornada dedicada à compaixão e serviço aos menos favorecidos.

A identidade visual para a VII Jornada Mundial dos Pobres: um mosaico envolvente intitulado "Olhe para mim!" (Vatican Media)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Conheça a história do bispo Josaphat Kocylosvkyj, mártir ucraniano do século XX

Joseph-Kocylovskyj (Domaine public)

Por Anne Bernet - publicado em 17/11/23

Fiel à sua terra natal ucraniana e à Igreja de Roma, Dom Josaphat Kocylosvkyj é um mártir do século XX que morreu por se recusar a romper seus laços com o Papa de Roma. A Igreja o celebra em 17 de novembro.

Embora todos nós sejamos influenciados pela época e pelo país em que nascemos e pelos eventos que moldarão nossas vidas, alguns de nós sofrem as consequências mais do que outros, às vezes de forma dramática. Esse é o caso de Josaphat Kocylosvkyj, beatificado por João Paulo II em 2001, que sofreu até a morte para permanecer fiel às suas raízes ucranianas e, acima de tudo, a Roma e ao catolicismo. Quando ele nasceu, em 3 de março de 1876, sua aldeia natal de Pakoszoka, na Galícia, ficava na parte da Polônia ligada ao Império Austro-Húngaro.

Greco-católico e ucraniano

Entretanto, essa afiliação territorial não reflete os sentimentos profundos de seu povo, que se sente principalmente ucraniano e que, pertencendo à Igreja Católica Grega, é rejeitado tanto pelos católicos quanto pelos ortodoxos. Foi premonitório que seus pais o batizassem de São Josafá, que foi martirizado no século XVII exatamente pelos mesmos motivos. Depois de estudar teologia em Roma, Josaphat foi ordenado sacerdote em 9 de outubro de 1907 e imediatamente nomeado vice-reitor do seminário greco-católico de Stanislaviv, onde lecionava teologia. Em 1911, ingressou na Ordem de São Basílio, o Grande.

Em 23 de setembro de 1917, quando a Primeira Guerra Mundial estava em andamento, anunciando a queda dos impérios russo e austro-húngaro, ele foi consagrado bispo de Przemysl, uma diocese que se tornaria parte da Ucrânia sob os tratados de paz. A Revolução Russa provocou um certo entusiasmo na região, levando algumas pessoas a pedir a adesão à jovem União Soviética, uma ideia insuportável para Josaphat, que estava ciente do perigo tanto para a cultura ucraniana quanto para os fiéis. Enquanto se dedicava à sua missão como bispo, especialmente à educação, que considerava fundamental, mas também à ajuda às ordens monásticas, ele se envolveu na defesa da língua ucraniana e na oposição ao movimento russofilo, fundando vários jornais que denunciavam seus perigos.

Enviado para um campo de trabalho

Os piores temores do prelado provaram ser bem fundamentados. Em 1933, ele viu a Ucrânia ser entregue às tropas de Stalin, que, por meio de sua política de fome, o infame Olodomor, causou a morte de seis milhões de homens, mulheres e crianças, vítimas do frio, da desnutrição e dos batalhões de extermínio, prenunciando os horrores nazistas da Segunda Guerra Mundial. A resolução do conflito não trouxe alívio para sua diocese. Embora os poloneses tenham recuperado o controle da região, eles acrescentaram à sua falta de simpatia pelos católicos gregos o ódio feroz do comunismo contra os cristãos, unidos para erradicar essa Igreja problemática de todos os pontos de vista.

Foram os poloneses que prenderam Josaphat pela primeira vez em setembro de 1945 e, depois de libertá-lo por alguns meses, prenderam-no novamente em 1946, antes de entregá-lo às autoridades ucranianas. Já exausto pelos maus-tratos, foi oferecida a liberdade ao prelado septuagenário se ele retornasse à ortodoxia. Ele recusou. Apesar de sofrer de pneumonia, ele foi enviado ao campo de trabalho Capaico, perto de Kiev, onde morreu, oficialmente de um derrame, em 17 de novembro de 1947, vítima de todos os terrores e contradições do mundo contemporâneo.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

"Onda" é a odisseia de uma criança migrante em forma de música

"Onda" (Vatican Media)

O vídeo da cantora e compositora italiana, Valentina Ambrosio, dedicado à trágica jornada de uma criança forçada a seguir a sua família em uma travessia marítima em busca de um futuro melhor já está disponível em formato on-line.

https://youtu.be/0XDwphJF-gw

Vatican News

Chama-se "Onda" e é a história em música de uma jornada incomum na qual o protagonista, uma criança, enfrenta uma trágica travessia marítima seguindo os membros de sua família em busca de uma nova vida e um futuro melhor. A obra é da jovem cantora e compositora romana (também advogada) Valentina Ambrosio, nascida em 1979; o videoclipe, dirigido e animado por Stefano Cesaroni, já está on-line no YouTube.

Os arranjos, bem como a letra, foram concebidos com a intenção de abordar um tema complexo, adotando a perspectiva de uma criança que, catapultada para o difícil mundo dos adultos, vive sua jornada como se fosse um jogo. "Com muita frequência, são crianças que morrem nessas barcas, vítimas indefesas do grande jogo da fuga", diz a autora Valentina Ambrosio, "não podemos mais tolerar que nosso país seja o centro das atenções por causa desses eventos horríveis".

Como parte do Festival Il Cantagiro 2023, a música escrita e interpretada por Ambrosio ficou em primeiro lugar na categoria compositor e ganhou o Prêmio Sergio Bardotti 2023 de melhor letra.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sábado, 18 de novembro de 2023

Arquidiocese de Brasília ensinando a fazer pão

Cardeal Paulo Cezar Costa e frei Rogério Soares (Vatican Media)

O projeto na capital brasileira visa capacitar pessoas para o mercado de trabalho e no sustento de famílias no preparo de pães.

Maria Izabel – Vatican News

Foi lançado neste mês de novembro, em Brasília, o Projeto Padaria Artesanal, uma ação da Arquidiocese de Brasília que tem o intuito de oferecer qualificação profissional à população de baixa renda da capital do Brasil. O lançamento ocorreu no polo do projeto, na Paróquia Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora das Mercês, com a presença do arcebispo de Brasília, o cardeal dom Paulo Cezar Costa, do vigário episcopal para assuntos sociais da arquidiocese frei Rogerio Soares e de outros convidados.

O projeto de panificação artesanal surgiu em São Paulo. A ideia de implementar essa ação também na capital partiu da vice primeira dama Lu Alkimim, com o apoio do frei Rogerio, que cedeu um espaço na paróquia para a ministração do curso.

Frei Rogério na padaria (Vatican Media)

“Fizemos uma reforma em uma cozinha com a ajuda de empresários, com tudo o que é necessário para que as aulas se realizem”, afirma frei Rogerio.

A formação é gratuita e se realiza em apenas um dia. É ensinado a preparação de pães nutritivos, isto é, com o uso de legumes e sementes. Os pães são feitos com ingredientes naturais, para gerar renda para as famílias ou para consumo próprio. Ao término da formação todos os participantes recebem um certificado.

Frei Rogério, é empreendedor desta ação. Ele é muito conhecido na Arquidiocese de Brasília pelo seu trabalho social e também por ser o criador da Peta do Frei, biscoitos de polvilho que são vendidos a preços populares e que ajudam na renda de pessoas em situação de vulnerabilidade.

A ideia é que este projeto “Padaria Artesanal” seja expandido para várias regiões do Distrito Federal. No próximo dia 21 de novembro, em Brasília, serão entregues os diplomas dos primeiros participantes do projeto. A ocasião contara com a presença de membros do clero e também do governo, entre eles, o vice presidente Geraldo Alkmim.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

Reflexões sobre a nova idolatria do dinheiro e as suas consequências na sociedade

Vocês não podem servir a dois senhores (Viver Evangelizando)

REFLEXÕES SOBRE A NOVA IDOLATRIA DO DINHEIRO E AS CONSEQUÊNCIAS DA SOCIEDADE DE CONSUMO

Dom João Santos Cardoso
Arcebispo de Natal (RN)

Na sua Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium” (EG), ao analisar alguns desafios do mundo atual, o Papa Francisco critica o modelo econômico que gera desigualdade e exclusão (EG, n. 53). Segundo sua compreensão, uma das causas dessa situação está na relação estabelecida com o dinheiro. A economia promove uma “nova idolatria do dinheiro”, sustentada pela ideologia da autonomia absoluta dos mercados, comandada pela especulação financeira (EG, n. 55-56). 

Devido à hegemonia que a economia exerce sobre a cultura atual, a crise econômica revela-se como uma crise antropológica, com sua consequente visão redutiva da pessoa humana: “A crise financeira que atravessamos faz-nos esquecer que, na sua origem, há uma crise antropológica profunda: a negação da primazia do ser humano. Criamos novos ídolos. A adoração do antigo bezerro de ouro (cf. Ex 32, 1-35) encontrou uma nova e cruel versão no fetichismo do dinheiro e na ditadura duma economia sem rosto e sem um objetivo verdadeiramente humano” (EG, n. 55). Esse tipo de economia produz exclusão e desigualdade social, ancorada por uma cultura do bem-estar, da meritocracia, do descartável e da globalização da indiferença. Nesse tipo de economia, os pobres são considerados supérfluos e descartáveis, ‘resíduos e sobras’ (EG, n. 53-55). 

Ao elevar o dinheiro à condição de valor supremo, a lógica do consumo é reproduzida nos relacionamentos pessoais, transformando tudo em mercadoria, bens supérfluos que são comprados, consumidos e descartados. A partir dessa lógica, a pessoa humana passa a ser entendida como mercadoria ou é considerada de acordo com sua capacidade de consumo. Os vínculos comunitários são esvaziados face aos interesses do mercado divinizado, transformados em regra absoluta, que exalta a competição, o mérito e o sucesso individual. 

“O individualismo pós-moderno e globalizado favorece um estilo de vida que enfraquece o desenvolvimento e a estabilidade dos vínculos entre as pessoas, distorcendo os laços familiares” (EG, 67). Esse individualismo contribui para a dissolução das redes de solidariedade e do papel da comunidade e da família na definição da identidade pessoal e na resolução dos conflitos. A família torna-se vulnerável em seus valores constitutivos e encontra-se insegura e perdida em sua missão educadora, deixando de ser o ambiente natural da vivência da fé cristã.

Como havia exortado o Papa São João Paulo II, em 1992, os jovens são fortemente influenciados pelo fascínio da “sociedade de consumo”, que os torna submissos a uma visão individualista, materialista e hedonista da vida. O ideal de “bem-estar” material se torna a única busca, levando à rejeição de sacrifícios e a renúncia a viver os valores espirituais e religiosos. A “preocupação” exclusiva do ter suplanta o primado do ser, resultando na interpretação e vivência dos valores pessoais e interpessoais não segundo o princípio do dom e da gratuidade, mas de acordo com uma lógica de posse egoísta e instrumentalização do outro (Pastores dabo vobis, n. 8). 

Tem-se, então, a síndrome da “Era do Vazio”, denunciada por Lipovetsky (2007), cuja marca se reflete no individualismo narcisista, no sujeito des-substancializado, sem conteúdo e sem grandes ideais, reduzido a mero consumidor submetido a um processo de escolha permanente diante de uma quase infinita possibilidade de consumo. 

Essa situação gera o esvaziamento do espaço público, da política, dos subsistemas da vida e da comunidade em favor das forças irracionais do indivíduo e da predominância do econômico. Disso resulta a violência, como produto de sociedades fragmentadas que atomizam a pessoa humana e minam as relações comunitárias, familiares e o agir coletivo, favorecendo a indiferença e a banalização do mal. 

A crise antropológica se manifesta no desprezo da dignidade humana. A vida perde valor. A manipulação de embriões, as práticas abortivas, as mortes absurdas e o desprezo pelos direitos fundamentais da pessoa humana são naturalizados. As violações se expressam em diversos níveis, justificando as condições para a exploração, os maus tratos, a agressão, a violência e a eliminação de certas categorias de pessoas, consideradas menos humanas do que outras ou, simplesmente, indesejáveis.  

Instaura-se a decadência ética e moral, cuja face mais visível é a corrupção, minando a confiança na democracia e perpetuando a crença na incompetência dos líderes. “A política tem as mãos cortadas. As pessoas já não acreditam no sistema democrático, porque ele não cumpre suas promessas” (BAUMAN, 2016).

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Deus e os desertos da vida: consolo, orientação e esperança

© Tischenko Irina / Shutterstock

Por Talita Rodrigues - publicado em 16/11/23

A fé em Deus pode servir como uma bússola moral, indicando caminhos a seguir e fornecendo um senso de propósito até mesmo quando a vida parece desprovida de significado.

O deserto, frequentemente usado como metáfora para períodos difíceis, desafios e momentos de solidão na vida, pode representar uma fase em que nos sentimos perdidos, desamparados ou em busca de significado. Diante desse cenário, o papel de Deus pode ser interpretado de várias maneiras, oferecendo consolo, orientação e esperança.

Vamos pensar em alguns tópicos sobre isso?

1
COMPANHIA E CONSOLO

Em meio ao deserto, a fé em Deus pode proporcionar um senso de companhia divina. A crença de que Deus está presente, mesmo nos momentos mais áridos da vida, pode trazer consolo emocional. Sentir-se acompanhado espiritualmente pode oferecer um alívio significativo durante tempos de solidão.

2
ORIENTAÇÃO E PROPÓSITO

Muitas tradições religiosas sugerem que Deus pode oferecer orientação nos momentos mais desafiadores. A fé em Deus pode servir como uma bússola moral, indicando caminhos a seguir e fornecendo um senso de propósito mesmo quando a vida parece desprovida de significado.

3
ESPERANÇA EM MEIO À ADVERSIDADE

A crença em Deus frequentemente traz consigo a promessa de esperança. Em tempos de deserto, a fé oferece a perspectiva de que a situação pode mudar, que há uma possibilidade de renovação e crescimento, mesmo nas circunstâncias mais áridas.

4
DESENVOLVIMENTO DA RESILIÊNCIA

A fé em Deus pode contribuir para o desenvolvimento da resiliência. Acreditar que há um plano divino, mesmo que não compreendamos completamente, pode fornecer força para enfrentar as adversidades e superar os obstáculos com determinação.

5
CONFIANÇA NA TRANSFORMAÇÃO

Em muitas tradições religiosas, Deus é visto como um agente de transformação. A fé na capacidade de Deus para transformar as situações mais desafiadoras em oportunidades de crescimento pode inspirar uma atitude positiva diante do deserto, promovendo a perseverança e a confiança no futuro.

Enfim, o papel de Deus diante do deserto pode ser multifacetado, proporcionando consolo, orientação e esperança para aqueles que buscam significado e propósito em momentos desafiadores. A fé é uma fonte valiosa de apoio emocional e espiritual, guiando as pessoas através dos desertos da vida em direção a uma jornada de crescimento, renovação e sentido para toda e qualquer dor.

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Fonte: https://pt.aleteia.org/

Cardeal Scherer: Missal novo?

Cardeal Odilo Pedro Scherer - Arcebispo metropolitano de São Paulo

A 3ª edição típica latina foi feita ainda no tempo do Papa São João Paulo II. Desde então, a CNBB, como as demais Conferências Episcopais, passaram ao trabalho das traduções, o que precisou da participação de especialistas em diversas línguas e em Liturgia.

Cardeal Odilo Pedro Scherer - Arcebispo metropolitano de São Paulo

No 1º domingo do Advento deste ano, entra em vigor em todo o Brasil a tradução revista e atualizada da 3ª edição típica do Missal Romano, o “livro da Missa” da Igreja Católica de Rito Romano ou Latino. Embora alguns digam que se trata de um “novo Missal”, ele, de fato, não é novo, mas uma nova edição do Missal, com ajustes da tradução dos textos e também com algumas inserções, que na edição ainda em vigor não haviam sido incluídas.

Quem tem autoridade sobre o Missal Romano é a Santa Sé, por meio do Dicastério para a Liturgia. Em última análise, é o Papa quem tem essa autoridade. A Santa Sé produziu o Missal na sua edição típica, ou originária, em latim. A partir desse texto original, todas as Conferências Episcopais, no uso de sua competência própria, fizeram a tradução fiel, ao mesmo tempo, adequada às línguas oficiais em seus países.

A 3ª edição típica latina foi feita ainda no tempo do Papa São João Paulo II. Desde então, a CNBB, como as demais Conferências Episcopais, passaram ao trabalho das traduções, o que precisou da participação de especialistas em diversas línguas e em Liturgia. À medida que as partes do Missal eram traduzidas, elas também eram submetidas ao crivo e à aprovação da assembleia geral da CNBB. Foram necessários mais de 20 anos para completar, finalmente, esse trabalho e para se chegar à impressão desta edição do Missal.

Mudou muito? As mudanças são muitas, ao longo de todo o texto. Procurou-se levar em conta o critério da fidelidade ao texto latino e, ao mesmo tempo, o estilo oracional na tradução portuguesa brasileira. Quem conhece bem o Missal vai perceber as mudanças facilmente. Além disso, foram inseridas fórmulas alternativas em várias partes da Missa, já previstas antes no texto latino, mas não incluídas na edição ainda em vigor. Também foi atualizado o Santoral, incluindo santos de mais recente canonização. O Missal, certamente, ficou mais enriquecido na nova edição. E vai requerer mais estudo e preparação da parte dos que presidem a Eucaristia e das equipes de celebração. E vai requerer alguma atenção especial dos participantes da celebração eucarística, para aprenderem as novas expressões, próprias da assembleia celebrativa, e para apreciar os textos.

O Missal contém uma riqueza imensa de fé, vida cristã e liturgia. Antes de tudo, ele é a expressão celebrativa da nossa fé. A fé que proclamamos é o conteúdo celebrado na liturgia da Igreja, muito especialmente na celebração eucarística. É por isso que o magistério da Igreja tem tanto cuidado na elaboração e na tradução dos textos litúrgicos. Eles devem ser totalmente sintonizados e coerentes com a fé que proclamamos.

Por outro lado, os textos litúrgicos estão impregnados da Palavra de Deus, que perpassa o Missal do começo ao fim. E os textos litúrgicos também trazem a herança espiritual da Igreja, desde os seus inícios. Muitas orações e fórmulas que usamos vêm do início do Cristianismo e também das celebrações do povo eleito, antes de Cristo. Na Liturgia da Missa, encontramos textos preciosos dos grandes pregadores, místicos e mestres da fé ao longo de dois mil anos. E também dos tempos mais recentes.

Mas tudo isso poderia ficar apenas no aspecto estético e cultural, se os textos da Liturgia não fossem usados a partir da fé da Igreja. É sempre oportuno lembrar o que diz o Concílio Vaticano II a respeito da ação litúrgica da Igreja: Ela é, ao mesmo tempo, obra de Cristo e da Igreja, mediante a ação do Espírito Santo. Nela, Deus é glorificado e o homem é santificado, conforme o que é próprio de cada ação litúrgica. Não se trata de mera representação teatral e de textos preciosos. É ação sagrada, por excelência, em que os ritos, gestos, palavras e ações significam uma realidade, e, ao mesmo tempo, mediante a ação do Espírito Santo, fazem acontecer a realidade significada.

E a celebração eucarística, para a qual se destina o Missal, é o ponto alto de toda vida e ação da Igreja e, ao mesmo tempo, a fonte da qual a Igreja recebe toda a sua vitalidade e eficácia. Por isso, a Liturgia da Missa precisa ser sempre mais compreendida, amada e participada. É o que me praz recomendar a todos nesta oportunidade da entrada em vigor da tradução portuguesa (brasileira) da nova edição do Missal Romano.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF