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segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Dimensão antropológica do rito litúrgico

Arcebispo Rino Fisichella, celebrando a Santa Missa do Dia Mundial dos Pobres (Vatican Media)

"Na encarnação de Cristo na história de maneira humana revela sua natureza também divina. No humano se revela o divino. No divino, a humanidade de Cristo também se revela como modelo também para toda a humanidade, revelando nossa natureza e dignidade, vocação para a plenitude e a divindade."

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

Na catequese da Audiência Geral de 26 de setembro de 2012, Bento XVI afirmava que quando vivemos a liturgia com o olhar do coração dirigido ao Senhor, “o nosso coração é como que subtraído à força de gravidade, que o atrai para baixo, e eleva-se interiormente para o alto, para a verdade, para o amor, para Deus. Como recorda o Catecismo da Igreja Católica: «A missão de Cristo e do Espírito Santo que, na liturgia sacramental da Igreja anuncia, atualiza e comunica o mistério da salvação, prossegue no coração de quem ora. Os Padres espirituais comparam, por vezes, o coração a um altar» (n. 2.655): altare Dei est cor nostrum!”.

No programa de hoje deste nosso espaço, Pe. Gerson Schmidt* nos propõe uma reflexão sobre a “Dimensão Antropológica do Rito Litúrgico”:

"Recentemente aconteceu na capital gaúcha, no Brasil, o CONGRESSO INTERNACIONAL TEOLÓGICO-LITÚRGICO. O evento que foi organizado pela Pontifícia Católica do rio Grande do Sul e a Arquidiocese de Porto Alegre, refletiu também sobre as dimensões antropológicas do culto, dos ritos, dos sacramentos, em especial da liturgia. O professor gaúcho da PUCRS Dr. Frei Luiz Carlos Susin, OFM, ministrou a palestra sobre “O RITO EM QUE HABITAMOS: DIMENSÕES ANTROPOLÓGICAS DO RITO”. 

Frei Susin disse que, “se a Liturgia é cume e fonte - utilizando-se a alegoria da montanha – para se chegar ao cume não podemos esquecer a base, a própria montanha, os fundamentos, os pilares antropológicos. Temos essa recuperação do caminho que se fez em todo o século XX, começando com a necessidade de superar aquela espiritualidade escolástica, barroca, que estava encerrada demais, que tinha provocado uma esquizofrenia, separações entre diversos níveis de experiência cristã, teologia, espiritualidade, liturgia, devoções. Temos que insistir nessa recuperação dessa unidade. Isso se fez com o caminho do neotomismo, bem produtivo, que desembocou em uma nova teologia que tinha essas três instâncias: volta às fontes, diálogo com a cultura (sobretudo com a filosofia) e a dimensão pastoral”, discursou o frade franciscano no Congresso. O conferencista apontou Karl Rahner como um expoente de uma virada antropológica e que ele é um “saco de pancada” quando não é bem lido. Por meio dele e outros, houve um esforço da experiência humana com a experiência da graça e salvação.

Os últimos séculos recuperam a experiência humana como lugar da experiência de Deus.  No século XX, a fenomenologia, o existencialismo tem buscado mais essa experiência humana. Frei Susin afirmou assim: “Mas tudo isso ficou muito reduzido ao sujeito, ao indivíduo e nós temos como recuperar isso mais no sentido comunitário, no sentido social, que é muito o caminho que vínhamos fazendo nos termos latino-americanos”. O palestrante falou da Trindade econômica. Aqui precisamos explicar esse termo. O que é Trindade econômica? É a presença de Deus Trino na economia da salvação, ou seja, no decorrer da história salvífica. A palavra economia na Teologia não tem a ver com aspectos financeiros, mas a pedagogia da revelação de Deus por etapas e gradativamente. Susin, apontando o autor Rahner, que é tido como ter feito uma virada antropológica, palestrou dizendo: “Em termos trinitários Karl Rahner expõe a unidade entre a transcendência de Deus e a sua presença na história; a trindade econômica e a trindade imanente e vice-versa, ou seja, pela trindade econômica nós conhecemos realmente a Trindade de Deus, mas é pela história que conhecemos a Deus. Assim como em termos cristológicos, também é bem conhecida a relação que Karl Rahner elabora entre a Antropologia e a Cristologia, uma reclamando para si a outra, proclamando assim o dogma cristológico central: Cristo verdadeiramente humano e divino”. Na encarnação de Cristo na história de maneira humana revela sua natureza também divina. No humano se revela o divino. No divino, a humanidade de Cristo também se revela como modelo também para toda a humanidade, revelando nossa natureza e dignidade, vocação para a plenitude e a divindade.

O assessor franciscano, frei Susin referenda também a Constituição conciliar Gaudium et Spes, cuja memória de 60 anos também celebramos, afirmando assim: “No documento Gaudium et Spes, o Concílio coroa essa Cristologia, dizendo: o mistério do ser humano só se torna claro verdadeiramente no mistério do Verbo Encarnado. Cristo manifesta plenamente o humano ao próprio ser humano e lhe descobre sua altíssima vocação. É o humano descobrindo-se na humanidade do Filho de Deus”.

Para concluir nosso aprofundamento, descrevo aqui uma estrofe de um canto litúrgico composto por Pe. José Cândido da Silva, muito entoado nas liturgias no Brasil. Uma bela cantiga que referenda o acabamos de dizer. Diz assim o cântico intitulado “Caminhos percorremos” desse grande compositor brasileiro mineiro, que também é autor de um dos hinos da Jornada Mundial da Juventude: “No mistério de Deus Uno e Trino, o mistério do homem se encontra. Nosso Deus no absoluto do amor, nos convida à fraterna união. Caminhos Percorremos, a Igreja construindo, tentando restaurar, no homem nosso irmão, a imagem do Senhor”. Sem dúvida um belíssimo canto litúrgico que revela a teologia da Gaudium et Spes: “o mistério do ser humano só se torna claro verdadeiramente no mistério do Verbo Encarnado”."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/

domingo, 19 de novembro de 2023

"O Messias" de Kiko Argüello

"O Messias" de Kiko Argüello (neocatechumenaleiter)

https://www.youtube.com/watch?v=ivD7AAEIIR0

TRIESTE, ITÁLIA – 19 DE NOVEMBRO DE 2023 – 18:00 H. (GMT +1)

16 novembro 2023

CncMadrid

Poema sinfônico dedicado aos mártires.

No domingo, 19 de novembro, às 18h (14h de Brasília), no Teatro Verdi (Itália), acontecerá uma estreia mundial especialmente importante.

O primeiro elemento a destacar é a obra “O Messias”, que se compõe de três momentos: “Aquedá”, “Filhas de Jerusalém” e “O Messias, leão para vencer”. Um tríptico com ar sinfônico no qual o piano ocupa um papel central.

Os títulos se referem a três episódios da História da Salvação: o Sacrifício de Isaac por parte de seu pai, Abraão. “Aquedá”, palavra hebreia que significa “Ata-me”, é a palavra que Isaac dirige ao seu pai para que seu sacrifício seja válido; e o grito dos anjos, que proclamam: “Vinde, olhai a fé sobre a terra”. “Aquedá”, o Mistério da fé: um dom de Deus ao homem.

O segundo movimento “Filhas de Jerusalém” são as palavras de Cristo às mulheres que o acompanham no caminho da Cruz, para que não chorem por Ele, mas por si mesmas e por seus filhos.

O terceiro movimento “O Messias, leão para vencer”, são as palavras de um mártir cristão do século IV, Victorino de Pettau, que revela e anuncia poeticamente o Mistério de Cristo que, tendo vindo como leão para vencer, faz-se cordeiro carregando a maldade do homem, para fazê-lo passar da morte para a vida.

"O Messias" de Kiko Argüello (neocatechumenaleiter

Conteúdos querigmáticos que anunciam ao cristão de hoje o modo de viver na história: acompanhar Cristo na Cruz, levando o pecado do homem, fazer-se cordeiro, amar ao outro até dar a vida por ele. Todo cristão, unido a Cristo, está chamado a converter-se em mártir, em testemunho deste amor.

O segundo elemento a ser destacado nesta estreia mundial é seu autor, Kiko Argüello, compositor de outra sinfonia: “O sofrimento dos inocentes”, que teve uma ressonância e importância internacional. Ela foi apresentada nos cenários dos principais teatros e em diversas salas de concertos de todo o mundo: Madri, Metropolitan de Nova York, Chicago Symphony Hall, Berliner Philharmoniker Hall – Berlin, Gerard Behar Auditorium – Jerusalém, Suntory Hall – Tóquio, Hungarian State Opera – Budapeste, Concerto Comemorativo – Auschwitz, Piazza Unità d’Italia – Trieste, etc.

"O Messias" de Kiko Argüello (neocatechumenaleiter
"O Messias" de Kiko Argüello (neocatechumenaleiter

O autor é um pintor espanhol que nasceu em León, em 9 de janeiro 1939. Estudou Belas Artes na Academia San Francisco de Madri, e em 1959 recebeu o Prêmio Nacional Extraordinário de Pintura. No começo dos anos 1960, viveu uma crise existencial que provocou nele uma profunda conversão, que o levou a dedicar sua vida a Cristo e à Igreja.

Em 1964, decidiu viver entre os pobres em um barraco na periferia de Madri. Nesta situação de marginalização, Kiko se encontrou com a presença de Cristo crucificado.

Posteriormente, conheceu uma missionária, Carmen Hernández, licenciada em Química e Teologia, hoje Serva de Deus, com quem deu vida a uma nova forma de pregação que pouco depois levou ao nascimento de uma comunidade cristã. Assim nasceu entre os pobres a primeira comunidade neocatecumenal, na qual se fez visível o amor de Cristo crucificado.

Esta semente começou a germinar primeiro na Espanha, em algumas paróquias de Madri, e depois da experiência de Kiko entre os pobres da periferia de Roma, no Borghetto Latino, estendeu-se pela Itália; e a partir da Espanha e da Itália se expandiu por todo o mundo. Hoje, nos cinco continentes, em 135 países, existem mais de 20.000 Comunidades Neocatecumenais.

Há mais de 50 anos, em 1971, Kiko e Carmen enviaram uma equipe de catequistas itinerantes a Trieste, e na Catedral de San Giusto Martire nasceu a primeira comunidade neocatecumenal.

Assim, Kiko Argüello e Carmen Hernández são os iniciadores do Caminho Neocatecumenal, uma iniciação cristã diocesana que, através da catequese, da Palavra de Deus e dos Sacramentos vividos em comunidade, conduz as pessoas a uma fé adulta e à comunhão fraterna.

Em 2008, a Santa Sé aprovou os Estatutos do Caminho Neocatecumenal que é reconhecido por vários Papas como “um dom do Espírito Santo para a Igreja de hoje”.

Kiko Argüello, além de iniciador desta realidade eclesial, e compositor destas duas sinfonias, é autor de importantes obras pictóricas, arquitetônicas e escultóricas em todo o mundo: Catedral de Madri, Paróquia de San Bartolomeu in Tuto em Scandicci (Florença), Igreja do Seminário Redemptoris Mater de Macerata (Itália) e Varsóvia (Polônia), Centro Neocateucmenal de Porto San Giorgio (Itália), Centro internacional “Domus Galilaeae” no Monte das Bem-Aventuranças na Terra Santa, etc. Mediante a pintura, concebida como reflexo da luz de Deus, e também através da música, linguagem universal capaz de abrir o coração à dimensão do espírito, Kiko encontra uma via para anunciar o Evangelho ao homem contemporâneo. Põe sua vocação artística a serviço da Igreja e da Liturgia, musica os Salmos, passagens da Sagrada Escritura, hinos da Igreja primitiva e também poemas espirituais tirados de seus escritos.

O terceiro elemento a destacar deste concerto em Triste é a Orquestra. Fundada por Kiko em 2010 para executar a primeira obra “O sofrimento dos inocentes”. Tanto os integrantes da Orquestra como os do Coro, aproximadamente 180 músicos procedentes da Itália, Espanha e outras nações, são artistas que põe seu talento gratuitamente a serviço da Nova Evangelização. Uma missão como forma expressiva da beleza através da música para anunciar e dar testemunho do Evangelho em todo o mundo.

"O Messias" de Kiko Argüello (neocatechumenaleiter

O Diretor da orquestra é Tomáš Hanus, nascido em Brno, República Tcheca. Desde a temporada 2016-2017 ocupa o cargo de diretor musical da Welsh National Opera (Reino Unido). Dirigiu os mais prestigiosos teatros de ópera e salas de concertos internacionais como Bayerische Staatsoper, Ópera de Paris, o Grand Théâtre de Ginebra, o Teatro Real de Madri, a Filarmônica de Berlin, e subiu ao pódio da Royal Philarmonic Orchestra, da London Syphony Orchestra e da BBC Symphony Orchestra. No último mês de junho teve seu debute no pódio da La Scala de Milão.

A estreia mundial da obra é, sem dúvida, um privilégio para o Teatro Verdi e para a cidade de Trieste.

"O Messias" de Kiko Argüello (neocatechumenaleiter

Fonte: https://neocatechumenaleiter.org/pt-br

Dos Comentários sobre os Salmos, de Santo Agostinho, bispo

33º  Domingo do Tempo Comum - A (liturgiadashorasonline)

Dos Comentários sobre os Salmos, de Santo Agostinho, bispo

(Ps 95,14.15:CCL39,1351-1353)             (Séc.V)

Não ofereçamos resistência à sua primeira vinda,
para não termos de recear a segunda

Então todas as árvores das florestas exultarão diante da face do Senhor porque veio, veio julgar a terra (Sl 95,12-13). Veio primeiro e virá depois. Esta sua palavra ressoou pela primeira vez no evangelho: Vereis sem demora o Filho do homem vir sobre as nuvens (Mt 26,64). Que quer dizer: Sem demora? O Senhor não virá depois, quando os povos da terra se lamentarão? Veio primeiro em seus pregadores e encheu o mundo inteiro. Não ofereçamos resistência à primeira vinda, para não termos de recear a segunda.


Que, então, devem fazer os cristãos? Usar do mundo; não servir ao mundo. Como é isto? Possuindo, como quem não possui. O Apóstolo diz: De resto, irmãos, o tempo é breve; que os que têm esposa sejam como se não a tivessem; os que choram, como se não chorassem; os que se alegram, como se não se alegrassem; os que compram, como se não possuíssem; e os que usam do mundo, como se não usassem; pois passa a figura deste mundo. Eu vos quero sem inquietações (1Cor 7,29-32). Quem não tem inquietações, aguarda com serenidade a vinda de seu Senhor. Pois, que amor ao Cristo é esse que teme sua chegada? Irmãos, não nos envergonhamos? Amamos e temos medo de sua vinda. Será que amamos? Ou amamos muito mais nossos pecados? Odiemos, portanto, estes mesmos pecados e amemos aquele que virá castigar os pecados. Ele virá, quer queiramos, quer não. Se ainda não veio, não quer dizer que não virá. Virá em hora que não sabes; se te encontrar preparado, não haverá importância não saberes.


E exultarão todas as árvores das florestas. Veio primeiro; depois virá para julgar a terra; encontrará exultantes aqueles que creram em sua primeira vinda, porque veio.


Julgará com equidade o orbe da terra, e os povos em sua verdade (Sl 95,13). Que significam equidade e verdade? Reunirá junto a si seus eleitos para o julgamento; aos outros separá-los-á dos primeiros; porá uns à direita, outros à esquerda. Que de mais justo, de mais verdadeiro do que não esperarem misericórdia da parte do juiz, aqueles que não quiseram usar de misericórdia antes da vinda do juiz? Quem teve misericórdia, será julgado com misericórdia. Os colocados à direita escutarão: Vinde, benditos de meu Pai, recebei o reino que vos foi preparado desde a origem do mundo (Mt 25,34). E aponta-lhes as obras de misericórdia: Tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber etc. (Mt 25,34-46).


Por sua vez, que se aponta aos da esquerda? Sua falta de misericórdia. Para onde irão? Ide para o fogo eterno (Mt 25,41). Esta palavra suscita grande gemido. Que diz outro salmo? Será eterna a lembrança do justo; não temerá escutar palavra má (Sl 111,6-7). Que quer dizer: escutar palavra má? Ide para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos (Mt 25,4). Quem se alegra com a palavra boa, não temerá escutar a má. É esta a equidade, a verdade.

Porque és injusto, não será justo o juiz? Ou porque és mentiroso, não será veraz a verdade? Se queres, porém, encontrar o Misericordioso, sê tu misericordioso antes de sua chegada: perdoa, se algo foi feito contra ti, dá daquilo de que tens em abundância. Donde vem aquilo que dás, não é dele? Se desses do que é teu, seria liberalidade; quando dás do que é dele, é devolução. Que tens que não recebeste? (1Cor 4,7). São estes os sacrifícios mais aceitos por Deus: misericórdia, humildade, louvor, paz, caridade. Ofereçamo-los e com confiança esperaremos a vinda do juiz que julgará o orbe da terra com equidade, e os povos em sua verdade (Sl 95,13).

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

Dom Vital: Jesus nas suas condições divina e humana

Jesus Cristo (Vatican Media)

Deus o exaltou acima de tudo para que ao nome de Jesus todo joelho se dobre e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor para a glória de Deus Pai.

Dom Vital Corbellini, bispo de Marabá – PA.

São Paulo expressou num cântico cristológico, a missão de Jesus Cristo na sua realidade divina e humana neste mundo e junto do Pai. O Cântico de Fl 2,6-11 tem presentes a sua condição divina não se apegando à sua igualdade a Deus, mas ele despojou-se fazendo servo, tornando-se semelhante ao ser humano de modo que se fez obediente até a morte e morte de cruz. Deus o exaltou acima de tudo para que ao nome de Jesus todo joelho se dobre e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor para a glória de Deus Pai.

São João Crisóstomo, bispo de Constantinopla, séculos IV e V fez duas longas homilias colocando a humildade, a vida com Deus do Senhor Jesus e a sua igualdade com o ser humano ao conceder-lhes os dons da vida e da redenção. É importante fazer a análise do cântico paulino para a nossa realidade de discípulos, discípulas, missionários, e missionários de Jesus Cristo e de sua Igreja.

O exemplo de si próprio

O Bispo São João disse que Jesus Cristo colocou-se sempre como modelo de exemplo ao falar para os discípulos em relação às grandes exigências do discipulado. O Senhor disse que se as pessoas o perseguiram, também os discípulos serão perseguidos (Jo 15,20). Jesus disse que é para aprender dele, que é manso e humilde de coração (Mt 11,29). O Senhor pede de seus discípulos para que sejam misericordiosos como o Pai que está nos céus (Lc 6,36). O bispo disse que São Paulo agiu da mesma forma. Quando ele quis exortar os Filipenses a respeito da humildade, apresentou-lhes Jesus Cristo como modelo. Quando ele falou da caridade para com os pobres, exprimiu-se de maneira semelhante ao dizer que Jesus Cristo se fez pobre, embora fosse rico (2Cor 8,9). É importante a prática do bem porque é desta forma que uma alma grande e sábia assemelha-se a Deus[1].

A superação das diversas heresias

O bispo, ao ter presente que o Senhor Jesus tinha a condição divina não considerou ser igual a Deus como uma rapina, um ato de tomada com violência, mas ele esvaziou-se a si mesmo e assumiu a condição de servo, vislumbrou a superação das diversas heresias, como aquelas de Ário de Alexandria, Paulo de Samósata, de Sabélio da Líbia, Apolinário de Laodicéia, entre outros negadores de suas naturezas divina e humana. Muitas falanges foram derrubadas pela palavra do Apóstolo São Paulo em relação a Jesus divino-humano[2].

A superação do arianismo

Crisóstomo afirmou contra Ário que o Senhor assumiu a condição de servo, não porque ele tinha uma substância inferior ao Pai como dizia Ário, mas porque como disse Paulo ele tinha a condição divina pela assunção da realidade humana. As duas condições de servo e de Deus são equivalentes ao Filho, a Jesus, de modo que a condição de servo significa homem, ser humano, e condição divina possui o significado de Deus por natureza. São Paulo e São João, evangelista afirmaram que ser igual a Deus em nada é menor que o Pai, mas está na mesma condição, na mesma linha divina(Fl 2,6; Jo 1,1)[3].

Senhor grande

São João Crisóstomo precisou a intenção dos hereges para justificar a palavra de São Paulo de que Jesus, o Filho não se apegou ao seu ser igual a Deus, mas ele esvaziou-se a si mesmo na natureza humana. Aos hereges haveria as concepções de dois deuses: um maior e outro menor. Mas o bispo afirmou que o Senhor assumiu o esvaziamento de si mesmo por causa da redenção humana e também porque a Escritura não coloca dois deuses, mas a existência do único Senhor como grande e muito louvável (Sl 48,2; 96,4; 145,3). Essas referências são dadas também para o Filho que em toda a parte o chamou de Senhor, pois o Deus é grande, só Ele faz maravilhas, é o único (Sl 86,10). Outra referência fundamental encontra-se na Bíblia onde se diz que o Senhor é grande e onipotente, a sua grandeza é incalculável (Sl 147,5; 145,3). A Escritura refere-se aos atributos divinos tanto ao Pai como ao Filho, porque se trata do único Deus[4].

A intenção do Apóstolo

São João Crisóstomo disse que a intenção do Apóstolo Paulo ao escrever para os Filipenses que o Filho existindo na forma divina não se apegou ao seu ser igual a Deus apresentou o Senhor Jesus como exemplo de humildade, porque ninguém exorta aos outros à humildade através da necessidade da humildade, considerando-se menor do que os seus semelhantes. Para o bispo a humildade é ter um modo de pensar humilde, possuir pensamentos humildes, não sendo humilde por necessidade, mas a pessoa humilha-se a si mesmo. O nome de humildade deriva de abaixamento, humilhação no modo que a pessoa pensa de si mesma[5]. Por causa do ser humano em vista de sua salvação, Jesus viveu a condição humilde.

A condição divina e de servo

Para São João quando o Apóstolo Paulo disse que o Senhor estava na condição divina ao assumir a condição de servo, não o diminuiu por vir ao mundo. Ele entrou na realidade humana, de modo que teve que assumir a condição de pessoa humana, de servo, igual ao ser humano em tudo menos o pecado (Hb 4,15). O fato era que Ele existia numa forma divina tendo como sentido idêntico de que Deus é aquele que é (Ex 3,14), mostrando a sua imutabilidade da condição como Deus Assim o Filho não é diferente do Pai, mas está em unidade com Deus, é Deus [6].

A descida da sua dignidade

Em base à palavra paulina, afirmou o bispo Crisóstomo também que o Filho de Deus não teve medo de descer de sua alta dignidade, porque não considerou um apego à sua condição divina, não tendo medo de que alguém lhe arrebatasse a natureza ou a dignidade. Jesus não considerou que vivendo junto ao povo de Deus, em nada ficaria diminuído, mas ao contrário elevou até a divindade, a natureza humana. Desta forma não hesitou em assumir a condição de servo. Assim ele esvaziou-se a si mesmo, humilhou-se e foi obediente até a morte e morte de cruz (Fl 2,7-8). O Senhor não estava subordinado a um outro, mas ele escolheu isso livremente, por si mesmo[7]. Desta forma o Senhor tinha um corpo, uma alma e era também Deus. Por isso São Paulo disse que ele tinha a condição divina e assumiu a condição humana, de modo que é Deus perfeito como também servo perfeito[8].

A obediência do Filho

A homilia de São João prestou contas que a obediência do Filho foi de bom agrado ao Pai, na qual ele não desceu à terra na situação de um escravo, mas através da grande reverência que prestou ao Pai, conservando a admirável dignidade de sua filiação. Foi o Filho que prestou honras ao Pai. A obediência o levou à morte injuriosa, coberta de vergonha, de maldição porque era maldito quem era suspenso no madeiro (Gl 3,13; Dt 21,23). Nesta morte violenta houve a maior manifestação do amor de Deus à humanidade. Desta forma Deus o sobreexaltou grandemente e o agraciou com o nome que é sobre todo nome (Fl 2, 8-9)[9].

A glória do Pai

A continuidade do hino cristológico de São Paulo é reforçado por São João no sentido de que todo o joelho se dobre no nome de Jesus e para a glória de Deus, toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor (Fl 2, 10-11). Assim quando o Filho é glorificado é também glorificado o Pai. Diante das heresias é fundamental declarar ser o Filho perfeito para a glória do Pai. O Pai gera o Filho na sua grandeza, de modo que ele não é menor que o Pai, mas é igual a ele[10].

Como Filho, Jesus prestou obediência ao Pai, obteve as honras excelsas. Fez-se servo e tornou-se Senhor de todos, dos anjos e de todas as outras criaturas, de modo que a exaltação é humilhação e a humilhação é exaltação[11]. O Senhor Jesus veio a este mundo em vista da salvação do ser humano, fez servo, obediente, e foi exaltado sobre todas as criaturas para que toda a língua proclame que Jesus é o Senhor de todas as criaturas. O cântico aos Filipenses de São Paulo estava presente na doutrina de São João Crisóstomo em vista da defesa da fé e prática na pessoa de Jesus diante das heresias, do Senhor Jesus como Deus e como ser humano para a redenção de toda a humanidade. 

[1] Cfr. Sexta Homilia. Carta aos Filipenses. In: São João CrisóstomoComentário às Cartas de São Paulo/3. São Paulo, Paulus, 2013, pg.. 395.

[2] Cfr. Idem, pgs. 395-396.

[3] Cfr. Idem, pgs. 396-398.

[4] Cfr. Idem, pgs. 398-399.

[5] Cfr. Idem, pgs. 399-400.

[6] Cfr. Idem, pgs. 403.

[7] Cfr. Sétima Homilia, pgs. 412-413.

[8] Cfr. Idem, pgs. 413-417.

[9] Cfr. Idem, pgs. 418-420.

[10] Cfr. Idem, pgs. 420-421.

[11]  Cfr. Idem, pg. 422.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

O Cristo presente na realidade humana

Jesus: O hommem realidade presente do Pai (Linkedin)

Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)

O Cristo presente na realidade humana: 

Nunca afastes de algum pobre o teu olhar” (Tb 4,7) 

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Neste 33º Domingo do tempo comum, a Igreja Católica convida seus filhos a se unirem em oração, no 7º Dia Mundial dos Pobres. É um momento para colocarmos diante do Senhor da vida, o clamor dos pobres e excluídos, tendo presente o sofrimento e as necessidades de milhões de pessoas que padecem pela falta de condições digna de vida. São as vítimas das políticas econômicas que geram exclusão social e alimentam a corrupção na administração da causa pública em muitos países, deixando à margem o interesse pelo bem comum da sociedade.  

Na sua mensagem para este 7º Dia Mundial dos Pobres, o Papa Francisco nos traz a figura de Tobite, um homem já idoso, temente a Deus, e que sempre procurou praticar a caridade para com seus irmãos. Mesmo nos momentos mais difíceis, quando começa a passar por necessidades, e tomado pela cegueira, não é compreendido e é criticado até mesmo pelos que estavam mais próximos dele. Mas Tobite manteve-se fiel a Deus e aos seus princípios, e não deixa de afirmar: «O Senhor foi o meu bem». E expressa a sua confiança no Senhor, em quem sempre confiou, deixando ao filho, “como um bom pai”, não muitos bens materiais, mas sobretudo o testemunho do caminho que há de seguir na vida. As sábias palavras de Tobite nos ajudam a refletir a grandeza do amor-caridade, também na realidade de hoje: «Filho, lembra-te sempre do Senhor, nosso Deus, em todos os teus dias, evita o pecado e observa os seus mandamentos. Pratica a justiça em todos os dias da tua vida e não andes pelos caminhos da injustiça» (Tb 4, 5). «Dá esmolas, conforme as tuas posses. Nunca afastes de algum pobre o teu olhar, e nunca se afastará de ti o olhar de Deus» (Tb 4, 7). 

Na realidade em que vivemos, temos várias instituições que fazem ações em prol dos pobres todos os dias. É louvável o empenho de tantas pessoas que se doam por amor ao Cristo pobre, presente nos pobres. O Papa Francisco nos motiva para darmos um passo a mais, tendo presente os desafios e a realidade “da pobreza, que permeia as nossas cidades como um rio, que engrossa sempre mais até extravasar; e parece submergir-nos, pois o grito dos irmãos e irmãs que pedem ajuda, apoio e solidariedade ergue-se cada vez mais forte”. Não podemos ficar na indiferença ou ignorar que “os pobres são pessoas, têm rosto, uma história, coração e alma. São irmãos e irmãs, com os seus valores e defeitos, como todos, e é importante estabelecer uma relação pessoal com cada um deles”. 

Na conclusão da sua mensagem, o Papa Francisco nos recorda que nesta “casa que é o mundo, todos têm direito de ser iluminados pela caridade, ninguém pode ser privado dela”. Que o testemunho de homens e mulheres, santos e mártires da caridade, nos inspire a mantermos o olhar sempre fixo no rosto humano e divino do Senhor Jesus Cristo, presente nos pobres.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Enfrentar o escândalo da pobreza com o amor, a caridade e a partilha do pão, indica Francisco

Missa do Dia Mundial dos Pobres (Vatican Media)

"Quando se pensa nesta multidão imensa de pobres, a mensagem do Evangelho resulta clara: não enterremos os bens do Senhor! Ponhamos em circulação a caridade, partilhemos o nosso pão, multipliquemos o amor! A pobreza é um escândalo."

https://youtu.be/YSH0XHbTUAA

HOMILIA DO SANTO PADRE
PARA O VII DIA MUNDIAL DOS POBRES
(XXXIII Domingo do Tempo Comum – 19 de novembro de 2023)

Três homens veem-se na posse duma enorme riqueza, graças à generosidade do seu senhor, que está de saída para uma longa viagem. Um dia, porém, vai regressar e convocará aqueles servos, esperando poder alegrar-se com eles pela forma como entretanto fizeram render os seus bens. Assim, a parábola que ouvimos (cf. Mt 25, 14-30) convida-nos a deter-nos em dois percursos: a viagem de Jesus e a viagem da nossa vida.

A viagem de Jesus. No início da parábola, Ele fala de «um homem que, ao partir para fora, chamou os seus servos e confiou-lhes os seus bens» (25, 14). Esta viagem faz pensar no próprio mistério de Cristo, Deus feito homem, com a sua ressurreição e ascensão ao Céu. Com efeito, Ele que desceu do seio do Pai para vir ao encontro da humanidade, morrendo, destruiu a morte e, ressuscitando, retornou ao Pai. Assim Jesus, tendo terminado a sua existência terrena, realiza a «viagem de regresso» para junto do Pai. Mas, antes de partir, confiou-nos os seus bens, os seus talentos, um verdadeiro «capital»: deixou a Si mesmo na Eucaristia, a sua Palavra de vida, a sua santa Mãe como nossa Mãe, e distribuiu os dons do Espírito Santo para podermos continuar a sua obra no mundo. Tais «talentos» são concedidos «a cada qual – especifica o Evangelho – segundo a sua capacidade» (25, 15) e, naturalmente, para uma missão pessoal que o Senhor nos confia na vida quotidiana, na sociedade e na Igreja. O mesmo afirma o apóstolo Paulo: «a cada um de nós foi dada a graça, segundo a medida do dom de Cristo. Por isso se diz: Ao subir às alturas, levou cativos em cativeiro, deu dádivas aos homens» (Ef 4, 7-8).

Mas, voltemos a fixar o olhar em Jesus, que recebeu tudo das mãos do Pai, mas não reteve para Si esta riqueza, «não considerou um privilégio ser igual a Deus, mas esvaziou-Se a Si mesmo, tomando a condição de servo» (Flp 2, 6-7). Revestiu-Se da nossa frágil humanidade, cuidou como bom samaritano das nossas feridas, fez-Se pobre para nos enriquecer com a vida divina (cf. 2 Cor 8, 9), subiu à cruz. A Ele, que não tinha pecado, «Deus o fez pecado por nós» (2 Cor 5, 21), em nosso favor. Jesus viveu em nosso favor. Foi isto que animou a sua viagem pelo mundo, antes de voltar ao Pai.

Mas a parábola de hoje diz-nos ainda que «voltou o senhor daqueles servos e pediu-lhes contas» (Mt 25, 19). Com efeito, à primeira viagem rumo ao Pai, seguir-se-á outra que Jesus há de realizar no fim dos tempos, quando voltar na glória e quiser encontrar-nos de novo, para «fazer um balanço» da história e introduzir-nos na alegria da vida eterna. Por isso devemos perguntar-nos: Como nos encontrará o Senhor, quando voltar? Como me apresentarei ao encontro com Ele?

Esta pergunta leva-nos ao segundo momento: a viagem da nossa vida. Que estrada estamos nós a percorrer: a de Jesus que Se fez dom ou a estrada do egoísmo? A parábola diz-nos que cada um de nós recebeu os «talentos», segundo as próprias capacidades e possibilidades. Mas, atenção, não nos deixemos enganar pela linguagem habitual! Aqui não se trata das capacidades pessoais, mas – como dizíamos – dos bens do Senhor, daquilo que Cristo nos deixou ao regressar ao Pai. Com eles, deu-nos o seu Espírito, no qual nos tornamos filhos de Deus e graças ao qual podemos dedicar a nossa vida a dar testemunho do Evangelho e construir o Reino de Deus. O grande «capital», que foi colocado nas nossas mãos, é o amor do Senhor, fundamento da nossa vida e força do nosso caminho.

Por isso devemos perguntar-nos: Que faço eu dum dom tão grande ao longo da viagem da minha vida? A parábola diz-nos que os dois primeiros servos multiplicam o dom recebido, enquanto o terceiro, em vez de confiar no seu senhor, tem medo dele e fica como que paralisado, não arrisca, não se empenha, acabando por enterrar o talento. Isto aplica-se também a nós: podemos multiplicar o que recebemos, fazendo da vida uma oferta de amor pelos outros, ou então podemos viver bloqueados por uma falsa imagem de Deus e, com medo, esconder debaixo da terra o tesouro que recebemos, pensando só em nós mesmos, sem nos apaixonarmos por nada além das nossas comodidades e interesses, sem nos comprometermos.

Pois bem, meus irmãos e irmãs! Neste Dia Mundial dos Pobres, a parábola dos talentos é uma advertência para verificar com que espírito estamos a enfrentar a viagem da vida. Recebemos do Senhor o dom do seu amor e somos chamados a tornar-nos dom para os outros. O amor com que Jesus cuidou de nós, o azeite da misericórdia e da compaixão com que tratou as nossas feridas, a chama do Espírito com que abriu os nossos corações à alegria e à esperança, são bens que não podemos guardar só para nós, administrar à nossa vontade ou esconder debaixo da terra. Cumulados de dons, somos chamados a fazer-nos dom. As imagens usadas pela parábola são muito eloquentes: se não multiplicarmos o amor ao nosso redor, a vida some-se nas trevas; se não colocarmos em circulação os talentos recebidos, a existência acaba debaixo da terra, ou seja, como se já estivéssemos mortos (cf. 25, 25.30).

Por isso pensemos nas inúmeras pobrezas materiais, culturais e espirituais do nosso mundo, nas existências feridas que povoam as nossas cidades, nos pobres tornados invisíveis, cujo grito de dor é sufocado pela indiferença geral duma sociedade atarefada e distraída. Pensemos em quantos estão oprimidos, cansados, marginalizados, nas vítimas das guerras e naqueles que deixam a sua terra arriscando a vida; naqueles que estão sem pão, sem trabalho e sem esperança. Quando se pensa nesta multidão imensa de pobres, a mensagem do Evangelho resulta clara: não enterremos os bens do Senhor! Ponhamos em circulação a caridade, partilhemos o nosso pão, multipliquemos o amor! A pobreza é um escândalo. Quando o Senhor voltar, pedir-nos-á contas e – como escreve Santo Ambrósio – dir-nos-á: «Porque tolerastes que tantos pobres morressem de fome, quando dispunhas de ouro com o qual obter alimento para lhes dar? Por que tantos escravos foram vendidos e maltratados pelos inimigos, sem que ninguém fizesse nada para os resgatar?» (As Obrigações dos MinistrosPL 16, 148-149).

Rezemos para que cada um, segundo o dom recebido e a missão que lhe foi confiada, se comprometa a «pôr a render a caridade» e a aproximar-se de qualquer pobre. Rezemos para que também nós, no termo da nossa viagem, depois de ter acolhido Cristo nestes irmãos e irmãs com quem Ele próprio Se identificou (cf. Mt 25, 40), possamos ouvir dizer-nos: «Muito bem, servo bom e fiel (…). Entra no gozo do teu senhor» (Mt 25, 21).

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Sabia que a irmã mais nova de Santa Clara também é santa?

José Benlliure y Gil | Public Domain

Por Philip Kosloski - publicado em 17/11/23

Quando entrou para a vida religiosa a irmã de Santa Clara enfureceu o pai delas, mas algo milagroso aconteceu.

São Francisco de Assis inspirou Santa Clara a ter uma vida semelhante à sua, ou seja, de pobreza e oração.

E Santa Clara não estava sozinha em seu desejo de obter a santidade , pois sua irmã mais nova, Inês, a acompanhou no convento.

Isso enfureceu o pai delas, Monaldo, que não queria que as filhas levassem uma vida religiosa reclusa. Ele chegou, inclusive, a enviar seu irmão com vários homens armados para arrastar Inês para fora do convento à força, se necessário.

Contudo, algo milagroso aconteceu, como explica a Enciclopédia Católica:

“Monaldo, fora de si de raiva, desembainhou a espada para golpear a jovem, mas seu braço caiu, murcho e inútil, ao seu lado; outros arrastaram Inês para fora do mosteiro pelos cabelos, golpeando-a e até chutando-a repetidamente. Santa Clara veio em seu socorro e, de repente, o corpo de Inês ficou tão pesado que os soldados, tendo tentado em vão carregá-la, deixaram-na cair, meio morta, num campo próximo ao local. Dominados por um poder espiritual contra o qual a força física não adiantava, os pais de Inês foram obrigados a retirar-se e permitir que Inês permanecesse ali com Santa Clara.”

Santa Inês acabou sendo escolhida por São Francisco para ser superiora de uma comunidade de irmãs em Florença, Itália.

Ela morreu em 16 de novembro de 1253 e foi enterrada ao lado de sua irmã mais velha, Santa Clara.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

VII Jornada Mundial dos Pobres: o olhar aos pobres num convite à santidade

"Não desvies o rosto de nenhum pobre" (Tb 4,7) é o tema escolhido pelo Papa  (© Renan Dantas )

O próximo domingo (19) nos convida não apenas a olhar para a pobreza no Brasil, mas a ampliar o olhar, reconhecendo a interconexão de nossas vidas em escala global e respondendo com a caridade ao chamado do Papa Francisco, num convite à santidade em nossas ações.

Renan Dantas

Há sete anos, o Brasil e o mundo se unem na celebração da VII Jornada Mundial dos Pobres, um compromisso estendido além de um dia, evidenciando a necessidade urgente de solidariedade diante da crescente pobreza global. Marcada para o dia 19 de novembro, esta jornada é mais do que uma celebração; é um chamado para transformar a compaixão em ação.

A equipe desta jornada propõe um tema envolvente: "Olhe para mim!", com o lema "Não desvies o rosto de nenhum pobre" (Tb 4,7). A identidade visual, um mosaico que conecta campos, cidades, florestas e águas, simboliza a interligação com a Casa Comum. Cores vibrantes e elementos culturais celebram a alegria, comunhão e acolhimento, reforçando o convite: "Olhe para mim".

A taxa de pobreza em nível nacional e mundial

Enquanto celebramos a Jornada Mundial dos Pobres, é crucial reconhecer os desafios enfrentados em nossa nação e globalmente. No Brasil, a taxa de pobreza ainda persiste, afetando milhões de vidas e desafiando nosso compromisso com a justiça social. A pobreza não é apenas uma estatística; são rostos, histórias e vidas que clamam por compaixão e solidariedade.

Olhar para as estatísticas nacionais é confrontar a realidade de comunidades inteiras que lutam diariamente para suprir necessidades básicas. No entanto, a pobreza não conhece fronteiras; é um desafio global que requer uma resposta coletiva.

Desigualdade global e oportunidades de mudança

No contexto mundial, a taxa de pobreza destaca-se como um desafio persistente. Milhões de pessoas enfrentam a falta de acesso a condições básicas de vida, desde alimentação adequada até cuidados de saúde. Esta Jornada Mundial dos Pobres nos convida não apenas a olhar para a pobreza em nossa nação, mas a ampliar nosso olhar, reconhecendo a interconexão de nossas vidas em escala global.

Há sete anos, o Brasil e o mundo se unem à celebração da VII Jornada Mundial dos Pobres (Vatican Media)

Do discurso à ação: um chamado à santidade

Além do clamor do Papa Francisco para não afastarmos o olhar dos pobres (Tb 4,7), encontramos um convite à santidade em nossas ações. Inspirando-se na vida de Jesus, que dedicou sua vida e missão aos menos favorecidos, a jornada nos convoca a seguir esse exemplo na prática cotidiana.

A vida de Jesus: modelo de serviço aos pobres

Recordemos os ensinamentos de Jesus, que nos exortou a alimentar os famintos, vestir os nus e acolher os marginalizados. Sua vida foi um testemunho de compaixão e serviço aos mais vulneráveis, uma inspiração para que também possamos olhar para os pobres com o mesmo amor.

Cores da solidariedade: 'Olhe para mim!'

A identidade visual proposta para a VII Jornada Mundial dos Pobres é um mosaico envolvente intitulado "Olhe para mim!". Este design busca conectar corações, representando a interligação entre pessoas de diferentes contextos, sejam dos campos, cidades, florestas ou águas, na preservação da Casa Comum.

As cores vibrantes presentes no mosaico evocam a alegria, comunhão e acolhimento. Elementos culturais adicionam camadas de significado, celebrando a diversidade e ressaltando a importância de cada indivíduo. Este mosaico visual não apenas comunica a essência da jornada, mas também convida a uma reflexão profunda sobre a interdependência de nossas vidas.

A mensagem visual é clara: "Olhe para mim!" transcende as barreiras, chamando à conexão e solidariedade, tornando-se um símbolo marcante dessa jornada dedicada à compaixão e serviço aos menos favorecidos.

A identidade visual para a VII Jornada Mundial dos Pobres: um mosaico envolvente intitulado "Olhe para mim!" (Vatican Media)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF