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sábado, 25 de novembro de 2023

Santa Catarina de Alexandria

Santa Catarina de Alexandria (Ecclesia)

«Santa Catarina de Alexandria»

Comemoração: 25 novembro
(Padroeira oficial do Estado de Santa Catarina - Brasil)

A História de Santa Catarina

Catarina vem da junção: "Catha", que significa total, e "ruin" que significa ruína: portanto, "ruína total". Realmente, o prédio do diabo foi totalmente demolido dentro de Santa Catarina: o edifício do orgulho, destruído pela sua humildade, aquele da concupiscência carnal, pela virgindade que ela preservou, e aquele da cobiça terrestre, pelo menosprezo a todo tipo de bens mundanos.

O nome Catarina pode vir ainda de "catênula", uma pequena corrente: através de seus bons trabalhos, ela formou para si uma corrente pela qual subiu até o Céu. Esta corrente ou escada, possui quatro degraus, que são: a inocência de ação, pureza de coração, desprezo pela vaidade e a verdade. As propostas destes degraus, um a um são:

— «Quem subirá à montanha do Senhor?...o que tem mãos limpas e puro de coração, que não conduziu em vão sua alma, nem testemunhou em falso enganando seu próximo».

Como estes quatro degraus estavam presentes na santificada vida de Catarina, tornar-se-á claro, à medida que lemos sua história.

Catarina, a filha do Rei Costus, foi bem instruída em todos os estudos liberais [*]. Quando Catarina tinha dezoito anos, o imperador Maxentius convocou a todas as pessoas, tanto ricos como os pobres a irem a Alexandria a fim de oferecer sacrifícios aos ídolos, e perseguia os cristãos que se recusavam a fazê-lo. Nesta época, Catarina morava sozinha num palácio repleto de tesouros e com muitos criados, ouviu os berros dos animais e as aclamações dos cantores e depressa enviou um mensageiro para descobrir o que se passava.

Ao tomar conhecimento dos fatos, reuniu algumas pessoas do palácio e protegendo-se com o Sinal da Cruz, saiu e viu muitos cristãos preparando-se para oferecer sacrifícios por terem medo de morrer. Lamentando profundamente o que viu, ela encaminhou-se corajosamente a frente do imperador e disse-lhe:

— «Ambos, a dignidade de sua posição e os ditames da razão, me aconselharam a lhe saudar oh imperador, se reconhecer o Criador dos Céus e renunciar à adoração de falsos deuses».

Colocando-se na entrada do templo, ela discutiu longamente com o imperador através do raciocínio silogístico, bem como por alegorias e metáforas e, inferências lógicas e místicas. Então, revertendo a linguagem coloquial acrescentou:

— «Eu me preocupei em propor-lhe estes pensamentos como uma pessoa sábia, mas permita-me perguntar-lhe: por que reuniu vaidosamente esta multidão para adorar a estupidez de ídolos? O senhor fica maravilhado perante este templo construído pelas mãos dos artesãos. O senhor admira ornamentos preciosos que, com o tempo, serão como a poeira que se desfaz diante da face do vento. Maravilhe-se do mundo, da terra e o mar e tudo que existe neles. Maravilhe-se diante dos seus ornamentos, o sol, a lua a as estrelas e tudo quanto eles fazem - como desde o princípio do mundo até seu fim, de noite e de dia, eles correm ao oeste, voltam para o leste, sem nunca se cansarem. Tome nota de todas estas coisas, para então perguntar e aprender, quem é mais poderoso que eles; e quando por graça dEle, chegar a conhecê-lo sem conseguir encontrar nada, ninguém que se assemelhe, adore-o, dê-lhe glórias, pois Ele é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores»

Ela continuou discursar intensiva e sabiamente a respeito da encarnação do Senhor.

O imperador ficou tão atônito, que não podia lhe responder. Mas, ao recuperar-se, disse:

— «Por favor, ó senhora, deixe-nos terminar o nosso sacrifício, e depois voltaremos a esta discussão»

Ele ordenou que a acompanhassem de volta ao palácio, onde ela permaneceu sob forte guarda.

O imperador ficou assombrado de admiração pelo seu conhecimento e pela sua beleza. Realmente ela era linda de se ver, era de uma beleza inacreditável e vista por todos como, admirável e graciosa.

O imperador então foi ao palácio e disse à Catarina:

— «Ouvimos sua eloquência e admiramos seus conhecimentos, mas estávamos tão compenetrados em adorar nossos deuses, que não conseguimos acompanhar tudo o que disse. Agora, comecemos por ouvir a respeito de sua antecedência»

Respondeu Santa Catarina:

— «Está escrito, que não se deve falar de si, nem por meio de elogios, nem por depreciação; as pessoas tolas assim o fazem pelo prazer da glória oca. Mas atesto sobre minha origem, não com presunção, mas com amor e humildade. Sou Catarina, filha única do Rei Costus, embora nascida dentro da realeza e bem instruída nas disciplinas liberais, dei as costas a tudo isso e refugiei-me no Senhor Jesus Cristo. Os deuses que você adora, não podem ajudar nem a si próprios, nem a mais ninguém. Ó devotos infelizes de ídolos, que, quando chamados na hora da necessidade, não estão presentes; que não oferecem nenhum socorro na tribulação, nenhuma defesa no perigo!»

Ao que respondeu o imperador:

— «Se as coisas são como você diz que são, então está enganado o mundo inteiro e apenas você fala a verdade! Entretanto, visto que cada palavra se confirma pela boca de duas ou três testemunhas, ninguém precisaria dar-lhe crédito, mesmo que fosse um anjo ou outra potência celestial, e muito menos em vista de, obviamente, não ser mais do que uma mulher frágil!»

A isto Catarina respondeu:

— «Eu lhe imploro, ó César, não se deixe levar pela ira, visto que a perturbação calamitosa inverte a mente de um homem sábio, pois como diz o poeta: se for regido pela mente és rei, se pelo corpo és escravo».

Disse então o imperador:

— «Vejo que agora está determinada a nos apanhar através de sua astúcia pérfida, à medida que tenta prolongar esta discussão citando os filósofos».

Maxentius compreendeu então, que não podia competir com o conhecimento de Catarina e secretamente enviou cartas a todos os mestres de lógica e retórica, ordenando a comparecerem rapidamente a corte de Alexandria, com a promessa de recompensas vultuosas, se pudessem superar esta fêmea demagoga com seus argumentos. Cinquenta oradores, que superaram todos os mortais em todas as linhas do conhecimento humano, vieram de várias províncias e uniram-se. Foram ter com o imperador, a razão de sua convocação de lugares tão longínquos, aos quais ele respondeu:

— «Temos aqui uma donzela sem igual tanto em compreensão como em prudência. Ela refuta todos os sábios e declara que nossos deuses são demônios. Se puderem superá-la, voltarão para casa ricos e famosos».

Neste instante, um dos oradores exclamou, com a voz trêmula de indignação:

— «Ó profundo, pensamento profundo do imperador, que devido a uma disputa insignificante com uma donzela, reuniu sábios dos confins da terra, quando qualquer um dos nossos discípulos poderia tê-la silenciado com a maior facilidade!».

Mas o César retorquiu:

— «Eu poderia realmente tê-la forçado a oferecer sacrifícios, ou livrar-me dela com a tortura, mas achei melhor que fosse refutada de uma vez por todas de seus argumentos»

Então disseram-lhe os mestres:

— «Traga a donzela perante nós! Que ela sinta vergonha de sua imprudência, que ela reconheça não ter antes visto homens sábios!»

Quando informaram à Catarina a respeito da disputa que a aguardava, ela se entregou inteiramente a Deus e imediatamente, um anjo do Senhor colocou-se ao seu lado e admoestou-a a permanecer firme assegurando-lhe ser impossível que ela fosse derrotada por estas pessoas; e mais ainda, ela as converteria e as colocaria no caminho do martírio. Então, Catarina foi levada à presença dos oradores. Indagou ela:

— «É justo colocar cinqüenta homens contra uma moça, com a promessa de que, ao ganhar, receberão uma rica recompensa, forçando-me a lutar sem a esperança de prêmio?... entretanto, minha recompensa será o Senhor Jesus Cristo, que é a esperança e a coroa daqueles que lutam por Ele».

Iniciou-se o debate, e, quando disseram os oradores ser impossível para Deus tornar-se homem ou sofrer, Catarina mostrou ter sido isto já previsto, mesmo por pagãos! Platão mostrou um Deus assediado e mutilado. Sibila, também dizendo: "- Feliz é o Deus que é suspenso em uma árvore alta!" e a virgem prosseguiu a contradizer os oradores com extrema habilidade e os refutou com um raciocínio claro e convincente, até o ponto que eles, não encontraram mais respostas, reduzindo-se tudo ao silêncio.

Este fato provocou novas manifestações de ira por parte do imperador, que passou a insultar os oradores, por deixarem que uma menina os fizesse de bobos. Um dentre eles, o decano, manifestou-se:

— «Deverá saber, ó César, que ninguém jamais foi capaz de nos enfrentar e não ser derrubado de imediato, porém, esta jovem mulher pela qual o Espírito de Deus fala, nos respondeu de uma maneira tão admirável, que, ou não sabemos o que dizer contra Cristo, ou tememos dizer qualquer coisa! - Portanto, ó imperador, declaramos firmemente que, a não ser que possa propor uma opinião mais sustentável a respeito dos deuses que até agora adoramos, seremos todos convertidos a Cristo!»

Ao ouvir isto, o imperador enfurecido, fora de si, ordenou que queimassem todos no meio da cidade. Com palavras de encorajamento a virgem fortaleceu-os diante da resolução de martírio, diligentemente os instruiu na fé. Quando ficaram preocupados porque morreriam sem terem sido batizados, ela lhes disse:

— «Não tenham medo, o derramamento de seu sangue, contará a seu favor como batismo e coroa!»

Protegeram-se com o Sinal da Cruz e foram lançados às chamas, entregando assim suas almas ao senhor. Aconteceu que, nenhum fio de cabelo de suas cabeças, nem um fragmento de seus vestuários, foi sequer chamuscado pelo fogo. Em seguida os cristãos os enterraram.

O tirano então se dirigiu à virgem:

— «Ó donzela nascida da nobreza, pense na sua juventude. No meu palácio estará em segundo lugar, logo após a rainha. Erguer-se-á no centro da cidade, sua imagem; será adorada por todos como uma deusa!»

Ao que exclamou Catarina:

«"Pare de falar tais coisas! É um crime, mesmo só em pensá-las! Eu me entreguei como noiva de Cristo, e Ele é minha glória, Ele é meu amor, minha doçura e meu deleite. Nem louvores, nem torturas me afastarão de Seu amor!»...

Voltou então, a manifestar-se toda a ira do imperador, ordenando então, que ela fosse trancafiada durante doze dias em uma cela escura, onde ela padeceu com dores e fome.

O imperador então, saiu da cidade a fim de cuidar de assuntos do Estado.

Ao anoitecer, a rainha abrasada pelo amor, resolveu ir apressadamente a cela da virgem acompanhada do capitão da guarda cujo nome era Porphyrius. Ao entrar, a rainha viu que a cela estava cheia de uma luz indescritível e que os anjos, cuidavam das feridas da virgem.

Imediatamente, Catarina começou a lhe pregar sobre as alegrias do céu, convertendo-a à fé; predisse-lhe que ela, a rainha, receberia a coroa de mártir. Assim, conversaram até depois da meia noite. Porphyrius, após ter ouvido tudo, jogou-se aos pés da santa e juntamente com duzentos soldados, reconheceu a fé em Cristo. Ainda, visto ter o tirano ordenado que Catarina ficasse durante doze dias sem alimento, Cristo enviou do céu uma pomba resplandecente restaurando-a com viveres celestiais durante aqueles dias. Eis que então apareceu-lhe o Senhor com uma multidão de anjos e virgens e lhe disse:

— «Ó filha, reconhece o seu Criador, em cujo nome você submeteu-se a um conflito árduo. Seja perseverante pois estou contigo!»

Na sua volta, o imperador mandou trazer Catarina à sua presença. Esperava encontrá-la esgotada pelo jejum prolongado, mas, ao invés disto, viu-a ainda mais radiante. Pensando ter sido ela alimentada por alguém, ficou tão furioso que mandou torturar os guardas. Entretanto a virgem lhe disse:

— «Não recebi alimento de nenhum homem, porém o Cristo me alimentou através de um anjo».

O imperador insiste:

— «Considere minha advertência, eu lhe imploro, não me apresente mais suas respostas duvidosas. Não desejamos ganhá-la como mera criada, será uma rainha poderosa dentro do meu reino, escolhida honrada, triunfante!»

Catarina coloca:

— «Agora você, preste atenção; eu imploro, e, depois de uma consideração ponderada à minha pergunta, dê uma decisão honesta: - Quem deveria eu escolher: um que é poderoso, eterno, glorioso e honrado, ou um que é fraco, mortal, ignóbil e feio?»

Indignado Maxentius retorquiu:

— «Agora escolha um ou outro para você: oferecer sacrifícios e viver, ou submeter-se à tortura aguda e morrer!»

Catarina responde:

— «Quaisquer tormentos que tenha em mente, é perda de tempo. Meu único desejo é oferecer minha carne e meu sangue a Cristo como Ele se ofereceu a mim. Ele é meu Deus, meu amante, meu pastor e meu único esposo».

Um certo prefeito instigou o monarca a preparar dentro de um prazo de três dias, quatro rodas com serras de ferro e pregos de ponta afiada embutidos, para desta forma, com estes instrumentos horríveis, estraçalhar a virgem, deixando assim aterrorizados o restante dos cristãos, com uma morte tão terrível. Além disto, mandou que duas das rodas rodassem em uma direção, e as outras duas na direção oposta, de modo que a donzela seria rasgada, mutilada pelas duas rodas que se aproximariam dela por cima e mastigada pelas outras duas que viriam por baixo. Mas, a santa virgem rezou ao Senhor para que destruísse o engenho pela glória de Seu nome e pela conversão do povo ao redor; então, imediatamente um anjo do Senhor golpeou o engenho com tanta força que o destruiu, ocasionando a morte de mil pagãos.

A rainha que até então não se mostrara, observara de um lugar elevado os acontecimentos. Desceu e repreendeu severamente o imperador pela crueldade. O imperador enfureceu-se e quando, ainda a rainha recusou-se a oferecer sacrifícios, ordenou que primeiro lhe fossem arrancados os seios, para depois cortaram-lhe a cabeça.

Ao ser levada para seu martírio, rogou a santa Catarina que rezasse a Deus por ela. Disse-lhe a santa:

— «Não temas, ó rainha amada por Deus, pois hoje ganhará o reino eterno no lugar do transitório e um esposo imortal ao invés de um mortal».

A rainha assim fortalecida em sua resolução, exortou os carrascos a não demorarem na execução das ordens. Eles a conduziram para fora da cidade, arrancaram-lhe os seios com lanças de ferro e depois cortaram-lhe a cabeça. Porphyrius, pegou o seu corpo e o enterrou.

No dia seguinte, quando sem êxito procurou-se o corpo da rainha, o tirano ordena que se interroguem muitos sob tortura. Porphyrius apareceu repentinamente e declarou:

«Sou eu a pessoa que enterrou a criada de Cristo e aceita a fé cristã!»

Maxentius, fora de si, emitiu um rugido terrível e exclamou:

— «Ai de mim, miserável como sou e digno de piedade por todos, agora até Porphyrius, único guardião da minha alma e conforto em toda minha labuta; até mesmo ele foi enganado!»

Dito isto, voltando-se para seus soldados, eles prontamente responderam:

— «Nós também somos de Cristo, estamos prontos para morrer!»

O imperador, embriagado de fúria, mandou decapitar a todos, junto com Porphyrius, para depois atirar seus corpos aos cães. Em seguida mandou chamar Catarina e lhe disse:

— «Mesmo que tenha usado de artifícios mágicos para levar a rainha à morte, se agora já voltou ao bom senso, será a primeira-dama dentro do meu palácio. Hoje portanto oferecerá sacrifício aos deuses ou perderá a cabeça».

Sua resposta foi:

— «Faça qualquer coisa que tenha em mente fazer. Encontrar-me-á preparada para aguentar qualquer coisa que seja!»

Ela foi então condenada à morte por decapitação.

Ao ser levada para o lugar de execução, levantou os olhos ao céu e rezou:

— «Ó esperança e glória das virgens, Jesus, o bom Rei, rogo-lhe que qualquer um que prestar homenagem à minha paixão, ou que me invocar no momento da morte ou de qualquer necessidade, receba o benefício da Tua bondade».

Ouviu-se uma voz que lhe disse:

— «Venha amada, minha esposa e veja! Os portões do céu abriram-se para você e para aqueles que celebrarem a sua paixão com as mentes devotas. Prometo a ajuda do céu para o que me pediste em oração»

Quando a santa foi decapitada, fluiu leite de seu corpo ao invés de sangue. Os anjos pegaram seu corpo e o levaram daquele lugar numa viagem de vinte dias até o Monte Sinai, onde foi enterrada com honras. (Emana ainda, continuamente de seus ossos, um óleo que recupera os membros de todos aqueles que são fracos.)

Ela sofreu sob o tirano Maxentius ou Maximinus, cujo reinado iniciou-se a redor de 310 D.C... Como foi punido Maxentius por este e outros crimes, é contado no livro «História do Encontro da Cruz Sagrada».

Diz-se que um certo monge de nome Rauen, viajou ao Monte Sinai e lá permaneceu durante sete anos, dedicando-se ao serviço de Santa Catarina. Rezava para que fosse digno de receber uma relíquia de seu corpo. De repente partiu-se um dos dedos da mão da santa. O monge recebeu a dádiva de Deus com alegria e o levou para o mosteiro.

Diz-se também, que um homem que dedicara-se a santa Catarina e que muitas vezes lhe suplicava ajuda, tornou-se descuidado com o decorrer do tempo, perdendo sua devoção, não rezava mais para ela. Então de uma feita, quando rezava, teve uma visão de uma procissão de virgens que passava, dentre elas, uma aparecia mais resplandecente que as outras. Quando ela estava muito próxima a ele, cobriu o rosto, passando assim na sua frente com o rosto velado. Por ter ficado profundamente impressionado com sua beleza, ele perguntou quem era ela, ao que uma das virgens respondeu:

— «Aquela é Catarina, que você conhecia, mas agora, que parece não conhecê-la, ela passou com o rosto velado como uma desconhecida»

Vale notar que a abençoada Catarina é admirável sob cinco aspectos: primeiro, em sabedoria, segundo, em eloqüência, terceiro em constância, quarto na pureza da castidade e quito na dignidade privilegiada.

Ela é vista como admirável primeiramente, pois possuía todo tipo de filosofia.

A filosofia ou sabedoria se divide em teórica, prática e lógica. A teórica, segundo alguns pensadores, se divide em três partes - a intelectual, a natural e a matemática. Santa Catarina possuía no seu conhecimento dos mistérios divinos, conhecimento este que ela usou especialmente nos seus argumentos contra os retóricos, aos quais ela provou existir um Deus único e aos quais convenceu de que todos os outros deuses eram falsos.

Ela possuía a filosofia natural dentro de seu conhecimento de todos os seres abaixo de Deus, conhecimento este que ela usou nas suas diferenças com o imperador, como já vimos. A matemática demonstrou por seu desdém às coisas terrenas, pois de acordo com Boethius, esta ciência se preocupa com as formas abstratas, imateriais. Santa Catarina toma, adquire este conhecimento, quando afastou sua mente do amor material. Mostrou que o possuía quando, em resposta à pergunta do imperador sobre suas origens, ela respondeu: "Sou Catarina, filha do Rei Costus. Embora nascida na realeza..." e assim por diante; e a usou principalmente com a rainha, quando a encorajou a desprezar o mundo, a pensar pouco em si própria e a desejar o reino do céu.

A filosofia prática se divide em três partes, ou seja, a ética, a econômica e a pública ou política. A primeira ensina como fortalecer o comportamento moral e se adornar com virtudes, e, se aplica às pessoas como indivíduos; a segunda, ensina como colocar a vida da família dentro de uma boa ordem, se aplica ao pai como cabeça da família; a terceira, ensina como governar bem uma cidade, o povo e a comunidade, e, se aplica aos governantes.

Santa Catarina possuía este triplo conhecimento; o primeiro, visto que organizou a vida de acordo com o padrão moralmente correto, o segundo que regeu de uma maneira louvável o grande estabelecimento doméstico que ela herdou; o terceiro quando ela passou seus conhecimento ao imperador, instruindo-o sabiamente.

A filosofia lógica também se divide em três partes: a demonstrativa, a provável e a sofistica. A primeira pertence ao filósofos, a segunda aos retóricos, a terceira aos sofistas.

Catarina possuía este triplo conhecimento, visto que foi escrito que ela discutiu com o imperador sobre muitos assuntos através de uma variedade de conclusões silogística, metafórica, dialética e mística.

Em segundo lugar, a eloqüência de Catarina é admirável; era abundante quando pregava, como pudemos observar, extremamente convincente em seu raciocínio como quando fala ao imperador: "- O senhor fica maravilhado perante este templo construído pelas mãos dos artesãos." O poder de sua fala fica claro nos casos de Porphyrius e da rainha, a quem a doçura de sua eloqüência, atraiu à fé. Era habilidosa em convencer, como vimos ao conquistar os oradores.

Em terceiro lugar, consideremos sua constância: Era constante em face às ameaças, indo de encontro a elas com desdém, como quando o imperador a ameaçou e ela respondeu:

— «Quaisquer tormentos que tenha em mente, é perda de tempo." ou novamente, "- Faça qualquer coisa que tenha em mente fazer. Encontrar-me-á preparada...»

Era firme ao tratar-se de oferta de dádivas, que ela desprezava, como observamos quando o imperador prometeu colocá-la em segundo lugar em seu palácio, tendo somente a rainha acima dela, e ela respondeu:

— «Pare de falar tais coisas! É um crime, mesmo só em pensá-las!»

Demonstrou ainda sua constância sob tortura, superando-a, como notamos quando foi encarcerada ou estava na roda.

Em quarto lugar, Catarina era admirável pela sua castidade que ela preservou, mesmo em meio a condições que normalmente a colocaria em risco. Há cinco condições de risco presentes, tais como: a riqueza material, que esmorece a resistência, a oportunidade, que convida à indulgência, a juventude, que se tende à licenciosidade, a liberdade que isenta a restrição e, a beleza que seduz. Catarina teve todas estas condições e mesmo assim, preservou sua castidade. Tinha abundante riqueza material herdada dos pais; tinha oportunidade de ser patroa cercada por serviçais o dia todo; tinha juventude e liberdade vivendo em seu palácio sozinha.

Destas quatro condições dizia-se acima de tudo, que Catarina, quando tinha dezoito anos, morava sozinha num palácio e repleto de tesouros e servos. Ela era bela como foi relatado: "- Realmente ela era linda de se ver, era de uma beleza inacreditável.

Finalmente, era admirável pela dignidade privilegiada. Alguns santos receberam privilégios especiais: por exemplo, a visitação de Cristo (São João, o Teólogo), fluxo de óleo (São Nicolau), efusões (São Clemente) e, a audição de petições (Santa Margarida de Antioquia, quando rezou por aqueles que honrassem sua memória). A história de Santa Catarina, mostra que possuía todos estes privilégios.

Algumas pessoas levantaram dúvidas se o martírio de Santa Catarina aconteceu sob o reinado de Maxentius ou de Maximinus. Neste período, havia três imperadores, a saber, Constantino, que sucedeu seu pai como imperador, Maxentius, o filho de Maximianus, nomeado imperador pela guarda pretoriana em Roma e Maximinus, que se tornou césar em parte do leste. De acordo com as crônicas, Maxentius tiranizou os cristãos em Roma, Maximinus no leste. Parece então, como afirmam alguns autores, que um erro do escritor, pode ser a razão de colocar Maxentius no lugar de Maximinus.


NOTA:

[*] Artes liberais é o nome dado pelos antigos às disciplinas consideradas dignas do homem livre e que não tinham por objetivo o ganho ou lucro.

Fonte: https://www.ecclesia.com.br/

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

A Bíblia é um livro vivo que fala conosco ensinando os mistérios de Deus

Sacerdote celebra Missa ao ar livre | Anna Hecker | Unsplash

Por Ana Lydia Sawaya - publicado em 22/11/23

A Bíblia é a Palavra de Deus. É Ele mesmo falando conosco, nos mostrando ou ensinando algo. Essa experiência nos mostra que a Bíblia é um livro especial, único.

Os monges têm uma tradição que convida a ver a Escritura como um organismo vivente, como uma pessoa que fala conosco. É semelhante à experiência que fazemos quando encontramos uma pessoa e perguntamos algo a ela esperando que ela nos responda. Estamos sempre carregando alguma questão no coração que nos é particularmente significativa naquele momento da vida, mesmo sem ter clareza dela. E acontece frequentemente que após lermos um texto bíblico, somos iluminados exatamente sobre aquela questão.

Por que acontece isso? Porque a Bíblia é a Palavra de Deus. É Ele mesmo falando conosco, nos mostrando ou ensinando algo. Essa experiência nos mostra que a Bíblia é um livro especial, único. É um livro “vivo”, que se comunica conosco como uma pessoa viva. Por isso, os antigos padres da Igreja deixaram muitos escritos onde recomendam que devemos ler e meditar as escrituras procurando estabelecer com ela um relacionamento pessoal. Há um texto do Papa São Gregório Magno (±540 – †604 d.C.) onde ele diz que a escritura “cresce” diante dos olhos do leitor à medida que este cresce espiritual e humanamente. Assim, quanto mais nos ligamos à escritura, mais ela nos revela os seus muitos significados. Os antigos hebreus afirmavam que são 70 os níveis de profundidade que se pode atingir ao ler a Bíblia; o que significa também uma profundidade incomensurável.

Para o mundo bíblico, conhecer profundamente uma pessoa acontece apenas quando nos “unimos” a ela tendo o mesmo modo de pensar, as mesmas preocupações, a mesma forma de viver – é assim que nós compreendemos o outro profundamente. Platão dizia que só conhecemos quem nos é semelhante. Por isso, para se conhecer a Cristo é preciso familiarizar-se com ele, convivendo com ele não só no pão e no vinho, mas como toda a tradição antiga brandia, saboreando o prato delicioso da sua palavra viva: Quando encontrei tuas palavras, alimentei-me, elas se tornaram para mim uma delícia e a alegria do coração, o modo como invocar teu nome sobre mim, Senhor Deus dos exércitos, dizia o profeta Jeremias (Jer. 15, 16). Como seria diferente, mais rica, menos turbulenta e menos difícil a nossa vida, se alguém tivesse nos contado que a Bíblia contém toda essa delícia!

O Concílio Vaticano II, de fato, retomou toda a tradição antiga da Igreja, afirmando que cada cristão precisa ler e meditar a Bíblia regularmente; e o melhor seria diariamente. A constituição conciliar Dei Verbum (n. 25) propõe vários meios para a leitura das escrituras. Ao lado de uma leitura individual, é sugerida uma leitura em grupo, sublinhando a necessidade de que seja acompanhada por uma oração que é a nossa resposta a Deus que nos fala através do texto, sob a inspiração do Espírito.

A experiência de que Deus nos fala enquanto lemos e meditamos o texto sagrado – que nos mostra seu caráter de texto inspirado – já era bem conhecida pela tradição judaica. Um texto rabínico antiquíssimo, que se tornou referência fundamental para a tradição monástica durante séculos, diz que a Torá se revela pouco a pouco, como o véu de uma mulher que se desvela, mas logo se vela. A Torá, porém, diz esse antigo texto, age assim apenas para aqueles que já a conheceram de alguma forma e estão desejosos de segui-la (quer dizer que para descobrir o significado da escritura é preciso de algum modo já tê-la experimentado, estar unido a ela mentalmente, e estar disposto a obedecê-la – o que é muito diferente do olhar cheio de dúvidas, e da postura “vamos ver o que diz”).

A tradição rabínica comparava a Torá a uma belíssima jovem, escondida no recôndito do seu palácio, que possui um amor secreto, desconhecido por todos. Por amor a ela, esse apaixonado insiste em voltar sempre à janela… até que ela abre a porta do quarto apenas por um instante e revela-lhe seu rosto, mas logo o esconde de novo. Quem estiver, por acaso, na companhia do amado não consegue ver nada nem perceber o rosto dela. Só ele que a ama consegue vê-lo, sendo arrastado interiormente na direção dela com o coração, com a alma e com todo o seu ser. O amante compreende então que foi por um gesto de amor que ela se revelou por um momento, inflamada de amor por ele. É assim que a Torá se revela e se esconde inebriada de amor pelo amado, enquanto excita o amor dentro dele.

O texto rabínico explica então, que a palavra da Torá se revela apenas aos seus amantes, e que a Torá sabe que é a sabedoria do coração que impele alguém a frequentar a sua casa. “Vem e vê” esta é a via, o caminho da Torá. Esse texto antigo, explica ainda que no início, quando a Torá quer revelar-se a alguém, oferece-lhe somente um sinal instantâneo, momentâneo, e se ele não o compreender, ela insiste com um tom de voz sutil, mandando-lhe um mensageiro para lhe dizer de ir até ela de modo que ela possa lhe falar novamente. Como está escrito, “quem é simples venha a mim” (quem é, ao contrário, “surdo” a este primeiro sinal, acaba perdendo também o mistério escondido).

Quando o amado volta a ela, ela começa a endereçar-lhe palavras mais claras, atrás, ainda, do véu, educando-o a compreender. Até que, muito lentamente, seja concebida nele e nasça a intuição espiritual contida no texto. Em seguida, através de um véu de luz, a Torá lhe transmitirá as palavras alegóricas (quer dizer, palavras que de acordo com a etimologia de ‘alegoria’ pertencem a um outro mundo, palavras que nos levam ao mundo dos mistérios de Deus). E só então, quando o amado se tornar familiar a ela, ela lhe falará face a face sobre os mistérios escondidos, ensinando-lhe as estradas a percorrerem, que ela já carregava no coração para lhe dizer desde o início.

Quem vive essa experiência é chamado pela tradição rabínica de perfeito, mestre ou esposo da Torá, no sentido mais íntimo e estrito; é o patrão da casa para o qual ela abre todos os segredos, não escondendo mais nada. A ele a Torá diz: “Veja agora, quantos mistérios continha esse simples sinal que te fiz ver no primeiro dia, e qual era o seu verdadeiro significado”? E então, ele compreende que não se pode tirar nem acrescentar nada àquelas palavras, e compreende, pela primeira vez, o significado das palavras da Torá, como se elas tivessem vindo para estar “ali” diante dele, para ele.

Tendo no coração tudo isso que dissemos até agora, e como monges e monjas portadores da riqueza da tradição da lectio divina (leitura orante da Bíblia), pedimos ao biblista Luiz da Rosa para fazer uma Introdução Geral à Bíblia dentro dos Encontros Culturais Camaldolenses.

Luiz é criador e responsável pelo site www.abiblia.org e diretor de comunicação do Instituto dos Irmãos Maristas. Estudou teologia em Jerusalém e obteve o mestrado em Exegese Bíblia pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma. O Encontro, cujos vídeos estão agora sendo disponibilizados on-line, ocorreu no dia 26 de agosto de 2023 e contou com a presença de 23 pessoas.

Um pouco da história camaldolense

Os camaldolenses pertencem à grande família dos monges beneditinos. Nascem em 1012 a partir da proposta de reforma monástica de São Romualdo que, profundamente inserido nas dinâmicas da igreja do seu tempo, pretendia renovar a dimensão espiritual na igreja, promovendo a vida solitária em eremitérios e a simplificação da vida comunitária nos cenóbios. Por isso, seus discípulos seguem um estilo de vida simples orientado pela liberdade interior, o amor fraterno e a primazia da procura de Deus, ao mesmo tempo em que formam uma ordem contemplativa aberta às exigências da igreja e da sociedade, com as riquezas e as contradições das suas culturas.

O nome da Congregação surge do eremitério e mosteiro de Camaldoli localizado no alto das montanhas do centro da Itália que é dividido em duas unidades ligadas entre si: um mosteiro de vida cenobítica e um eremitério. Sua forma de vida floresceu ao longo dos séculos a partir de uma realidade tripartite chamada triplex bonum (três oportunidades): a vida cenobítica, a vida eremítica e o apostolado. É característica da vida camaldolense o amor pela cultura, o diálogo interreligioso e a hospitalidade.

No Brasil existem dois mosteiros camaldolenses: o Mosteiro da Transfiguração (1988), comunidade masculina, e o Mosteiro da Encarnação (1994), comunidade feminina.

Estão localizados na zona rural do Município de Mogi das Cruzes e, embora sejam dois mosteiros independentes, compartilham do mesmo espírito camaldolense, codividindo frequentemente a liturgia, a lectio divina e as atividades de apostolado. É particularmente cara, aos monges e monjas camaldolenses, a prática da leitura orante da Bíblia (lectio divina) e sua condivisão semanal com hóspedes e visitantes.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Francisco: é urgente formar homens capazes de relacionamentos saudáveis

O Papa encontra delegações da mídia católica (Vatican Media)

Francisco, ao receber jornalistas católicos, fala sobre as últimas notícias dramáticas de violência contra as mulheres para reiterar a necessidade de "educar para o respeito e o cuidado". "Comunicar é formar o homem. Comunicar é formar a sociedade. Não abandonem o caminho da formação: ele os levará longe"

Francesca Sabatinelli – Vatican News

Formação, proteção e testemunho são os "três caminhos" que os trabalhadores da comunicação devem seguir para "renovar seu compromisso com a promoção da dignidade das pessoas, com a justiça e a verdade, com a legalidade e a corresponsabilidade educativa", também como resposta às "terríveis notícias de violência contra as mulheres". Foi o que disse o Papa ao receber as delegações da Federação Italiana de Semanários Católicos, da União Italiana de Imprensa Periódica, das Associações "Corallo" e "Aiart - Cittadini mediali", às quais também convidou a confiar a São Francisco de Sales e ao beato Carlo Acutis seus "passos nos caminhos da formação, da proteção e do testemunho". O radicamento capilar de tais realidades midiáticas representa, como explica Francisco, a "geografia humana que anima o território italiano". A comunicação, acrescenta, é precisamente "colocar em comum, tecer fios de comunhão, criar pontes sem levantar muros". Daí, a importância de seguir três caminhos. O primeiro é o da formação, uma "questão vital", disse Francisco, com a qual se entende "o modo de conectar as gerações, de promover o diálogo entre jovens e idosos, aquela aliança intergeracional que, hoje mais do que nunca, é fundamental".

Prudência e simplicidade são dois ingredientes educacionais básicos para navegar na complexidade atual, especialmente na web, onde é necessário não ser ingênuo e, ao mesmo tempo, não ceder à tentação de semear a raiva e o ódio. A prudência, vivida com simplicidade de espírito, é aquela virtude que ajuda a enxergar longe, que nos leva a agir com "previsão", com perspicácia. E não há cursos para ter prudência, não se estuda para ter prudência. A prudência é praticada, é vivida, é uma atitude que nasce do coração e da mente e depois é desenvolvida. A prudência, vivida com simplicidade de espírito, sempre nos ajuda a ter visão.

Violência contra as mulheres

Os semanários católicos dão testemunho disso sem se limitarem a dar "apenas as notícias do momento, que são facilmente consumidas", mas transmitindo "uma visão humana e uma visão cristã destinada a formar mentes e corações, para que não se deixem deformar por palavras gritadas ou por crônicas que, passando com curiosidade mórbida do preto ao rosa, negligenciam a limpidez do branco". O convite de Francisco é para promover uma "ecologia da comunicação" que vá além dos furos de reportagem e das notícias para lembrar que sempre há "sentimentos, histórias, pessoas de carne e osso que devem ser respeitadas como se fossem seus próprios parentes".

E vemos pelas tristes notícias destes dias, pelos terríveis relatos de violência contra as mulheres, como é urgente educar para o respeito e o cuidado: formar homens capazes de relacionamentos saudáveis. Comunicar-se é formar o homem. Comunicar-se é formar a sociedade. Não abandonem o caminho da formação: ele os levará longe!

Proteção da dignidade das pessoas

Depois da formação, há o caminho da proteção, ou seja, a necessidade de "promover instrumentos que protejam todos, sobretudo os grupos mais fracos, os menores, os idosos e as pessoas com deficiências, e os protejam da intromissão do digital e das seduções da comunicação provocativa e polêmica". A realidade da mídia católica pode "fazer crescer uma cidadania midiática protegida, pode apoiar as guarnições da liberdade informativa e promover a consciência cívica, de modo que os direitos e os deveres sejam reconhecidos também nesse campo".

É uma questão de democracia comunicativa. E isso, por favor, façam sem medo, como Davi contra Golias: com um pequeno estilingue ele derrubou o gigante. Não joguem apenas na defensiva, mas, permanecendo "pequenos por dentro", pensem grande, porque vocês são chamados para uma grande tarefa: proteger, por meio de palavras e imagens, a dignidade das pessoas, especialmente a dignidade dos pequenos e dos pobres, os preferidos de Deus.

O testemunho é profético

Por fim, há o caminho do testemunho, com o exemplo do beato Carlo Acutis, um jovem que "não caiu em uma armadilha, mas se tornou uma testemunha da comunicação".

O testemunho é profecia, é criatividade, que libera e impulsiona a pessoa a arregaçar as mangas, a sair de sua zona de conforto para assumir riscos. Sim, a fidelidade ao Evangelho postula a capacidade de arriscar pelo bem. E ir contra a maré: falar de fraternidade em um mundo individualista; de paz em um mundo em guerra; de atenção aos pobres em um mundo intolerante e indiferente. Mas isso só pode ser feito com credibilidade se primeiro dermos testemunho do que estamos falando.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Doutrina Social da Igreja e Catequese

A catequese e a doutrina social da Igreja (Fundação Nazaré)

Dom Antonio de Assis
Bispo auxiliar de Belém do Pará (PA) 

DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA E CATEQUESE:  Não há Justiça sem Caridade (Parte 11) 

Continuemos nossa reflexão sobre a inseparabilidade entre Caridade e Justiça. Se por um lado a Caridade demanda Justiça, esta por sua vez, perde a sua identidade sem a Caridade. Estamos acostumados ao conceito de justiça vinculado à lei, mas os horizontes da autêntica justiça, não se restringem à dimensão legal. Isso se demonstra, por exemplo, quando encontramos nas sociedades leis injustas, ou seja, que ferem os direitos naturais da pessoa humana.  

Outra questão que merece atenção crítica em nossa sociedade é, lamentavelmente, a concepção fragmentada sobre valores e virtudes. Isso significa um modo de pensar e vê-los de modo isolados entre si, sem interação, sem interdependência, vínculos e correlação. Isso é algo gravíssimo do ponto de vista ético. Na verdade, os valores e as virtudes são intercomunicantes; por isso São Paulo afirma: o amor não pratica o mal contra o próximo (cf.Rm 13,10), nada faz de inconveniente e nem se alegra com a injustiça (cf. 1Cor 13,5.6). 

 A dimensão afetiva da justiça  

A justiça sem a caridade se transforma em dureza. A justiça cristã, por ser fruto da Caridade, é manifestação do amor, por isso tem uma dimensão afetiva. De fato, a justiça bíblica não é apenas distributiva, que consiste em dar a cada um o que é seu (cf. Ex 23,6-8; Dt 25,15) ou cumprir os deveres cívicos, mas inclui também a promoção da dignidade humana. Isso significa que para a Doutrina Social da Igreja não basta a pura execução da lei, muitas vezes com a punição dos culpados, mas é necessário a promoção da dignidade da pessoa do infrator.  

A justiça não é ausência da maldade (cf. Sl 15,2ss), mas é agir de acordo com a vontade de Deus (cf. Gn 6,9; Ez 14,20; 18,5), respeitar o direito dos fracos e dos pobres (cf. Is 28,6; Am 1,3–2,8;5,7); praticar a justiça é amar ao próximo (cf. Mt 25,37.46; 1Jo 3,10).  

Na sociedade em geral, quando se reivindica justiça, significa pedido de punição para um culpado. Esse reducionismo acaba por empobrecer a grandeza da justiça. Aquele que ama um culpado (porque cometeu um delito), além da punição por sua falta, deseja-lhe mesmo que ele mude de vida.  Onde há amor, a justiça nunca se reduz à punição de um infrator. “Não sinto nenhum prazer com a morte do injusto. O que eu quero, é que ele mude de comportamento e viva. Convertam-se, convertam-se do seu mau comportamento” (Ez 33,11). 

A injustiça no mundo aumenta se não for combatida com a Caridade, com a paciência, a serenidade, com o diálogo. Trata-se de uma exigência de caráter metodológico da vivência e busca da justiça. A caridade não é violenta. Desta forma quem é movido pelo senso de justiça, que se identifica com a verdade (cf. Sl 85,11) deixa-se orientar pelo princípio da não-violência. A justiça não pode ser violenta e nunca a violência pode ser aceita em nome da justiça. Eis aqui o grande exemplo de Mahatma Ghandi. Quem reivindica a justiça com meios violentos, está em contradição. Isso promove as guerras. Para o cristão não basta o querer resolver os problemas sociais, é necessário usar de métodos coerentes com a Caridade.  

 Justiça a serviço da vida 

A justiça autêntica é sempre motivada pela Caridade porque tem como objetivo o reto direcionamento rumo à plenitude da realização do outro, promovendo-lhe a vida integralmente. A justiça desprovida da Caridade se torna cega chegando a atitudes absurdas como a legitimação da tortura, pena de morte, eutanásia e tantas outras intransigentes medidas contrárias à vida e a preservação da integridade da pessoa.  

Podemos incluir neste critério tantas formas de exigências de «disciplina» e de controle social de caráter político, religioso, cultural, promotores da cultura da violência. A justiça só é justa se promover a vida, preservando a dignidade da pessoa humana; eis a grande contradição da pena de morte: não é justiça, é vingança do Estado.  

A Igreja permanece fiel ao princípio supremo da inseparabilidade entre caridade e justiça e por isso defende a dignidade da pessoa humana e promove a vida integral em todas as fases e situações existenciais. A pessoa humana nunca perde a sua dignidade seja qual for a sua situação.  

Em nível social, há outras concepções de justiça, as quais devemos ser críticos, por exemplo: a justiça legalista que segue somente o que diz a lei, mesmo se injusta; a justiça corporativista que segue os interesses de um grupo, sendo a voz da maioria, muitas vezes, justificada como apelo à democracia; mas nem tudo o que é democrático é justo); a justiça judicialista que é aquela que brota do ativismo dos juízes, muitas vezes com decisões injustas sobre temas éticos e religiosos que não lhes compete. Todas essas concepções de justiça são reducionistas e estão submissas à interesses dos seus promotores. Nenhuma dela entra em sintonia com o dinamismo do Amor que prima pela promoção incondicional da dignidade humana.   

 A superioridade da Caridade 

O Salmo 103 (cf. também Sl 144,8-9) nos descrevem o proceder divino em relação ao nosso agir humano. Deus não é orientado pelo critério da justiça como a entendemos. Diz o salmista que Deus não nos trata segundo as nossas faltas, mas é rico em Misericórdia para conosco!  

Em toda a Sagrada Escritura é nítida a superioridade da Caridade em relação a justiça legal. Diz Javé em Jeremias: «Amei-te com um Amor eterno e te conservo a misericórdia» (Jr 31,3). Jesus Cristo alerta seus discípulos: «Se a Justiça de vocês não for além daquela dos escribas e fariseus vocês não entrarão no Reino dos Céus…» (Mt 5,20). S. Paulo no seu hino da Caridade, conclui: «Agora permanecem fé, esperança e caridade. A maior delas, porém é a Caridade» (1Cor 13,13). A superioridade da Caridade se funda na sua grandeza de conteúdo: é uma virtude globalizante; é assim que São Paulo no-la descreve:  

«A Caridade é paciente, a Caridade é benigna, não é invejosa; a Caridade não é orgulhosa, não se ensoberbece; nada faz de inconveniente, não é interesseira, não se irrita, não guarda rancor; não se alegra com a injustiça, mas se compraz com a verdade; a Caridade tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo tolera» (1Cor 13,5-8). Continuando na mesma ideia S. Paulo escreve aos Romanos: «Não devam nada a ninguém, a não ser a Caridade com que vocês devem amar uns aos outros. Porque quem ama o próximo, cumpriu a Lei» (Rm 13,1-3).  

PARA REFLEXÃO: 

Qual é a diferença entre justiça e punição? 

Quais podem ser as consequências da separação entre Amor e Justiça?  

O que você tem a dizer sobre a justiça legalista, a justiça corporativista e a justiça judicialista? Por que são inaceitáveis?

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Audiência Geral: o chamado de Deus não é um privilégio, é para todos

Audiência Geral de 22 de novembro de 2023 com o Papa Francisco (Vatican Media)

“Não podemos dizer que somos privilegiados em relação aos outros. O chamado é para um serviço. E Deus escolhe um para amar a todos, para alcançar a todos”, disse o Papa na Audiência Geral desta quarta-feira, 22 de novembro.

https://youtu.be/SS_jj2NGNlQ

Thulio Fonseca - Vatican News

“A mensagem cristã é para todos”. Esse foi o tema escolhido pelo Papa Francisco para a catequese da Audiência Geral desta quarta-feira (22). Reunido com milhares de fiéis na Praça São Pedro, o Pontífice enfatizou que através do encontro com Jesus os cristãos são chamados a anunciar com alegria as maravilhas do Evangelho.

Através da propagação da mensagem de Cristo, sublinhou Francisco, “existe um poder humanizador, uma realização de vida que está destinada a cada homem e a cada mulher, porque Cristo nasceu, morreu e ressuscitou por todos, não excluiu ninguém”.

O cristão deve ser aberto e extrovertido

O Papa recordou um trecho da Exortação Apostólica sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual, Evangelii Gaudium:

«Todos têm o direito de receber o Evangelho. Os cristãos têm o dever de o anunciar, sem excluir ninguém, e não como quem impõe uma nova obrigação, mas como quem partilha uma alegria, indica um horizonte estupendo, oferece um banquete apetecível. A Igreja não cresce por proselitismo, mas “por atração”» (n. 14).

Francisco ao sublinhar a importância do serviço da destinação universal do Evangelho, convidou os fiéis a destacarem-se “pela capacidade de ir além de si mesmos, de superar o egoísmo e todas as fronteiras”:

“Os cristãos reúnem-se mais no adro da igreja do que na sacristia, percorrem as praças e as ruas da cidade. Devem ser abertos e expansivos, extrovertidos, e este carácter vem de Jesus, que fez da sua presença no mundo um caminho contínuo, destinado a chegar a todos, aprendendo até com alguns dos seus encontros.”

O chamado do Senhor é para servir

Ao falar sobre a pregação de Jesus narrada nos evangelhos, o Papa recordou que a propagação da Boa Nova não deve limitar-se ao povo ao qual pertence, mas deve estar aberta a todos. “A Bíblia nos mostra”, disse o Papa, “que quando Deus chama uma pessoa e faz uma aliança com alguém, o critério é sempre esse:

“O Senhor elege alguém para alcançar outros, esse é o chamado de Deus.”

Em seguida o Santo Padre destacou que todos os amigos do Senhor experimentaram a beleza, mas também a responsabilidade e o fardo de serem "escolhidos" por Ele, e completou: “todos já experimentaram o desânimo diante de suas fraquezas ou da perda de sua segurança”.

Francisco então exortou os fiéis sobre o risco do fechamento que pode assolar os cristãos:

“A tentação maior é considerar o chamado recebido como um privilégio. Por favor, não, o chamado não é um privilégio, nunca. Não podemos dizer que somos privilegiados em relação aos outros. O chamado é para um serviço. E Deus escolhe um para amar a todos, para alcançar a todos.”

Ao final da sua catequese, o Papa enfatizou que o chamado de Jesus é universal: “não é para um grupo de eleitos de primeira classe”: “Deus escolhe alguém para amar a todos. Esse é o horizonte da universalidade. O Evangelho não é só para mim, é para todos, não vamos nos esquecer disso”, concluiu o Papa.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

3 lições de santidade tiradas da vida de Santa Cecília

IgorGolovniov | Shutterstock

Por Philip Kosloski - publicado em 22/11/23

Santa Cecília continua sendo um exemplo poderoso para nós.

Santa Cecília dedicou-se a Jesus Cristo desde muito jovem, prometendo segui-lo, mesmo que isso lhe custasse a vida.

Ela não desistiu de sua promessa, mesmo quando se casou com um pagão, que se converteu ao cristianismo após a noite de núpcias.

Dom Prosper Guéranger compartilha três importantes lições de santidade que podemos aprender com a vida de Santa Cecília.

1
CORAÇÃO PURO

Santa Cecília fez votos de virgindade antes de seu casamento com Valeriano e disse ao marido que um anjo foi designado para proteger sua pureza. Ela não vacilou, e seu marido passou a respeitar esse voto.

A castidade é para todos, não apenas para os religiosos. Isso é algo que todos podemos seguir, reconhecendo a dignidade do casamento e não abusando dele, como explica Guéranger:

“Que o casamento, com suas castas consequências, seja considerado honroso; deixe de ser uma diversão ou uma especulação; que a paternidade e a maternidade não sejam mais um cálculo, mas um dever austero”.

2
ZELO ARDENTE

Santa Cecília era zelosa com sua fé, amando a todos e desejando que se unissem a ela na religião cristã.

Guéranger exalta a caridade que estes primeiros cristãos tinham pelos outros:

“[Os] pagãos costumavam dizer: ‘Veja como eles se amam!’E como eles poderiam ajudar a amar um ao outro? Pois na ordem da fé eles eram pais e filhos. Que ternura materna Cecília sentia pelas almas dos seus irmãos pelo simples fato de ser cristã!”

3
CORAGEM SOBRE-HUMANA

Santa Cecília também demonstrou coragem sobre-humana em meio à perseguição e à sentença de morte.

Guéranger explica como a coragem de Santa Cecília pode nos ajudar a banir o medo de nossas vidas, reconhecendo nosso destino final:

“Esquecemos que somos apenas peregrinos nesta terra? E a esperança do bem futuro desapareceu dos nossos corações? Cecília nos ensinará como nos livrar desse sentimento de medo. Na sua época a vida era menos segura do que agora. Certamente havia, então, alguma razão para temer e, no entanto, os cristãos eram tão corajosos que os poderosos pagãos muitas vezes tremiam com as palavras das suas vítimas.”

Enfim, Santa Cecília continua sendo um exemplo poderoso para nós e podemos aprender muitas lições com sua curta vida.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

terça-feira, 21 de novembro de 2023

Francisco: Rezemos pelos pescadores, eles cuidam dos nossos mares

Pesca: "um dos mais antigos ofícios e fontes de alimento da história humana"

Com uma mensagem em sua conta na rede social "X", o Papa recorda o Dia Mundial da Pesca, enquanto na FAO o observador permanente dom Fernando Chica Arellano e a Irmã Alessandra Smerilli, secretária do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, recordam a posição da Santa Sé sobre os trabalhadores e as necessidades do setor: os portos devem ser lugares não só de intercâmbio, mas de fraternidade, não há oposição entre ecologia e trabalho.

Francesca Sabatinelli e Alessandro De Carolis - Cidade do Vaticano

O porto é uma metáfora da vida. Um lugar de passagens, trocas, reuniões, espera. Principalmente local de ancoragem, a segurança que deixa para trás longos dias de navegação, trabalho e possíveis tempestades. Portanto, mais do que apenas um local de comércio e negócios, precisa de "responsabilidade social e uma solidariedade constante que prevaleça sobre considerações puramente centradas no lucro". O arcebispo Fernando Chica Arellano, observador permanente da Santa Sé na FAO, Ifad e Wfp, tomou a palavra na sede da FAO para relatar a posição da Santa Sé sobre a vida dos pescadores no Dia Internacional da Pesca, ao qual o Papa dedicou um pensamento publicado em seu perfil @Pontifex no "X": "Rezemos pelos pescadores e por suas famílias e agradeçamos-lhes porque todos os dias lançam as suas redes com um ato de fé na providência divina e cuidam dos nossos mares".

A Santa Sé ao lado dos pescadores

Cada vez mais, observa dom Chica Arellano, os portos "são centros multiculturais de intercâmbio e diálogo, onde as relações humanas e comerciais contribuem para o crescimento econômico e social de um país, bem como para a segurança alimentar nacional". É "essencial", acrescentou, "intensificar os esforços para que todos esses aspectos continuem a se fortalecer e a se harmonizar em benefício de todo o setor marítimo e pesqueiro". A Santa Sé, reiterou, "sempre esteve ao lado dos pescadores, especialmente os menos favorecidos, buscando fazer com que todos possam desfrutar do direito fundamental ao trabalho decente e a um ambiente saudável, limpo e sustentável".

Conversão ecológica

O prelado deixou claro que é "nos portos que devem ser tomadas medidas apropriadas para a conservação e gestão dos recursos biológicos marinhos, respeitando o uso sustentável dos ecossistemas do mar", apreciando o que foi feito em nível legal em casos recentes. Em última análise, disse o arcebispo, é uma questão de voltar à "conversão ecológica" tão desejada pelo Papa. Conversão, acrescentou Chica Arellano, que se refere a "uma ética que respeita as pessoas", que também melhorará o bem daqueles que trabalham nos portos". Lugares onde, lembrou, a Igreja, por meio do cuidado pastoral do Stella Maris, assiste "humana e espiritualmente" aqueles que trabalham ou transitam ali "para que seu bem-estar aumente".

Irmã Smerilli: economia e justiça não estão em conflito

No limiar da COP 28, não nos esqueçamos "do grito de dor que sobe ao céu da terra e do mar" e, prestemos atenção ao apelo do Papa que, na Laudate Deum, adverte que os homens não estão reagindo o suficiente para evitar que o mundo se aproxime de um ponto de ruptura. Irmã Alessandra Smerilli, secretária do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, falou na FAO por ocasião do Dia Mundial da Pesca, dedicado, explica ela, "a um dos mais antigos ofícios e fontes de alimento da história humana".

A arrogância que ameaça a honestidade

O convite da religiosa aos participantes é que adotem uma visão holística para que possamos restabelecer as conexões que "muitas vezes os interesses e as perspectivas partidárias tendem a separar". "Não há nada de bom", explica Smerilli, "em ver uma oposição entre ecologia e trabalho, entre alimentação e segurança, entre economia e justiça". Smerilli considera o tema dos portos, ao qual a conferência é dedicada, como uma metáfora da vida. "Todos nós, como seres humanos, temos pontos de partida e retorno, intersecções de encontros e intercâmbios, necessidades de paz e regras comuns", e são nos portos que "grandes e pequenas organizações operam, reunindo a comunidade local e a presença do mundo inteiro".

Ali, explica a religiosa, é preciso combater "a arrogância dos fortes que ameaça o trabalho dos honestos e a biodiversidade marinha do planeta". A referência clara é à "pesca destrutiva no ecossistema marinho" que explora o trabalho dos pescadores "que sabem como é importante cuidar do mar para o futuro de seu sustento". Argumentos que provavelmente, indica Smerilli, já estão sendo abordados "em portos de todo o mundo", bem como em organizações internacionais, para que "levem a sério sua vocação original de promover e facilitar processos de legalidade e justiça que dão voz a quem não tem voz".

Repensar o futuro

A realidade, continua irmã Alessandra, pode ser melhor compreendida nas periferias humanas e existenciais, onde nasce uma "sabedoria do trabalho e da vida", de modo que "os centros de poder possam se conscientizar dos efeitos e do impacto das decisões que tomam e perceber a necessidade de repensar o futuro do nosso mundo". A Igreja, concluiu, pretende se colocar a serviço dessa "capacidade de ter sonhos e visões", colocando-se ao lado "daqueles que trabalham pela dignidade humana, pelo cuidado do planeta, pelo crescimento da fraternidade e da amizade social em um mundo que clama por justiça e paz".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Apresentação de Maria: uma preparação para o Advento

Public Domain

Por Philip Kosloski - publicado em 21/11/23

A Apresentação de Maria no Templo desafia-nos a pensar no que Deus está preparando para nós e a aproveitar o Advento como um grande período de preparação espiritual.

Apresentação de Maria é celebrada pela Igreja no dia 21 de novembro, uma das últimas festas antes do início do tempo do Advento.

Embora a ligação possa não parecer óbvia, o escritor do século XIX Dom Prosper Guéranger viu na Apresentação de Maria uma preparação para o Advento, como ele próprio explicou:

“A Apresentação de Nossa Senhora abre também novos horizontes à Igreja. No Ciclo dos Santos, que não é tão precisamente limitado como o do Tempo, o mistério da permanência de Maria no santuário da Antiga Aliança é a nossa melhor preparação para o tempo do Advento que se aproxima.

Maria, conduzida ao Templo para se preparar em retiro, na humildade e no amor para o seu destino incomparável, teve também a missão de aperfeiçoar ao pé do altar figurativo a oração do gênero humano, por si só ineficaz para atrair o Salvador…

Ela foi, como diz São Bernardino de Sena, a feliz conclusão de toda espera e súplica pela vinda do Filho de Deus; nela, como no seu ponto culminante, todos os desejos dos santos que a precederam encontraram a sua consumação e o seu termo.”

Apresentação de Maria

Guéranger refere-se à tradição de que Maria foi apresentada no Templo por seus pais. De acordo com o Pe. Alban Butler, este era um costume de alguns pais judeus da época: “Os pais nunca deixam de orar devotamente para consagrar seus filhos ao serviço divino e ao amor, tanto antes como depois de seu nascimento. Alguns dentre os judeus, não satisfeitos com esta consagração geral de seus filhos, ofereceram-nos a Deus em sua infância, pelas mãos dos sacerdotes no Templo, para serem alojados em apartamentos pertencentes ao Templo, e educados na presença dos sacerdotes…”

Este acontecimento corresponde essencialmente ao Advento. Consideramos a preparação de Maria no Templo como um exemplo para nós, para usarmos o Advento como um tempo de espera paciente e de oração.

A Apresentação de Maria desafia-nos a pensar no que Deus está preparando para nós e a aproveitar o Advento como um período especial de preparação espiritual.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF