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domingo, 26 de novembro de 2023

Bioética, Marlon Derosa: “a legalização do aborto não é a solução”

Marlon Derosa (Vatican Media)

Dissertação de mestrado em bioética na Fundação Jérôme Lejeune (Espanha) culmina em livro intitulado ‘Números abortados - a manipulação das estimativas de abortos no mundo’.

Rosa Martins – Vatican News

Como funcionam as estimativas de abortos clandestinos em âmbito mundial e como desacreditá-las. Esse é o tema principal da dissertação de mestrado em bioética de Marlon Derosa, concluída na Fundação Jérôme Lejeune (Espanha), que culminou no livro intitulado ‘Números abortados - a manipulação das estimativas de abortos no mundo’.

O livro, que foi lançado este ano, revela tentativas de forçar governos a mudar políticas públicas por meio de levantamentos que distorcem a realidade do abortamento. “Essa obra visa ajudar no debate especialmente quando se fala de estimativa de aborto clandestino no Brasil e número de abortos legais no mundo”, explica.

As críticas e as análises contidas no livro foram apresentadas, segundo Derosa, ao Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro, em março de 2019 para um grupo renomados de médicos de orientação pro-legalização e pró-vida, apresentando-lhes os principais erros de estimativa.

Livro de Derosa (Vatican Media)

De acordo com a pesquisa, o tema do aborto no cenário mundial tem se ancorado num único método de estimativa, cujos responsáveis são pesquisadores do Instituto Guttmacher. A entidade foi criada dentro da Clínica de aborto, a IPPF (International Planned Parenthood Federation), a maior player no mercado de aborto no mundo. “Essa Organização tem como missão, divulgar, clara e abertamente a liberação e o acesso ao aborto. Produz pesquisas que coincidentemente dão argumentos para todos os ativistas que defendem a liberação do aborto”, explica Derosa.

O pesquisador aponta que, enquanto a Guttmacher estimava cerca de 446 mil abortos na Argentina ao ano, sua pesquisa comprova que, na realidade são no máximo, 20 a 30 mil abortos. Igualmente no Brasil, o Instituto afirma 850 mil a 1mi de abortos ao ano, quando na realidade, não passam de 150 mil.  “É o mesmo método usado para muitos países onde é crime e isto está manipulando todo o panorama global”, enfatiza.

Uma das considerações finais da pesquisa é que todos que se ocupam do tema seja a favor ou contra o aborto, deveriam, como rede, levantar bandeira prol de dados confiáveis e informações precisas no que se refere a saúde pública. “Enquanto o Guttmacher Institute e muitas universidades recebem anualmente bolsas de grandes fundações para produzir dados em favor da agenda abortista, pesquisadores com ponto de vista oposto, pró-vida, dificilmente recebem o mesmo tratamento dos veículos de comunicação.

Derosa e Endel (Vatican Media)

A vida em primeiro lugar

Segundo Derosa o que os dados revelam é que a legalização do aborto não é solução. “É óbvio que liberar o aborto vai aumentar sua incidência e causar uma serie de problemas para a sociedade. “A questão fundamental a se colocar em debate é “como os juízes tomarão decisões em base a estudos científicos, parâmetros médicos, bioéticos que não tem solidez. Isto é preocupante”.

A perversidade do aborto, segundo o autor está no fato de que sempre que a sociedade escolheu uma característica para desproteger a vida de um grupo social, aconteceram atrocidades, foi assim na escravidão, no nazismo.

Endel (Vatican Media)

Já o doutorando em bioética no Ateneu Pontifício Regina Apostolorum, em Roma, Endel Alves acrescenta que vivemos numa sociedade, cuja inversão de valores faz os animais irracionais terem as preferências no cuidado em detrimento da pessoa humana.  “Se faz necessário, então, dialogar com a cultura para que além de mostrar as verificações, propor o caminho de cultura da vida”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

CATEQUESE: O Reino de Deus

O Reino de Deus (Ed. Cléofas)

O Reino de Deus

 POR PROF. FELIPE AQUINO

No último domingo do Ano Litúrgico a Igreja Católica celebra a Festa de Cristo Rei.

Ele já reina enquanto espera o Dia em que entregará ao Pai todas as coisas e, então, “Deus será tudo em todos” (1Cor 15,28). São Paulo assim explicou: “Porque é necessário que ele reine, até que ponha todos os inimigos debaixo de seus pés. O último inimigo a derrotar será a morte, porque Deus sujeitou tudo debaixo dos seus pés. A morte foi tragada pela vitória (Is 25,8). Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? (Os 13,14)” (1Cor 15,24-55).

Jesus disse que o Reino de Deus já está entre nós, mas disse a Pilatos que seu Reino “não é deste mundo”. Esta frase foi o motor da “Revolução cristã” no mundo desde que os Apóstolos começaram a espalhar o Evangelho. Com a certeza de que o Reino de Deus se estabelece definitivamente na eternidade, milhões de homens e mulheres desprenderam-se desta Terra, sem desprezá-la, e mergulharam no deserto, nos mosteiros, nas missões no mundo todo, enfrentaram todos os perigos, a morte, os martírios sem conta, ontem e hoje.

Mas hoje há uma tendência perigosa de se confundir o Reino de Deus com o reino dos homens, como se o bem-estar geral fosse já a concretização do Reino de Deus. Muitos estão enganados nisso – especialmente os adeptos da teologia da libertação marxista – que sonham com o paraíso socialista na terra como se fosse o Reino dos Céus. Ledo e perigoso engano. É interessante notar que os artigos escritos por essas pessoas só destacam os “pecados sociais”, como se os demais não tivessem a menor importância. Parecem tolerar com incrível facilidade os pecados contra a moral sexual, por exemplo.

A Igreja sempre chamou a atenção para este perigoso engano. O Papa João Paulo I, que teve um pontificado de apenas 33 dias, teve tempo de dizer que o “regnohominis não se confunde com o Regno Dei”. O Catecismo da Igreja nos previne: “Num trabalho de discernimento segundo o Espírito, devem os cristãos distinguir entre o crescimento do Reino de Deus e o progresso da cultura e da sociedade em que estão empenhados. Esta distinção não é separação. A vocação do homem para a vida eterna não suprime, antes reforça seu dever de acionar as energias e os meios recebidos do Criador para servir neste mundo à justiça e à paz” (§2820).

Há hoje muitos países onde o bem-estar é geral, com a Bélgica, Alemanha, Holanda e outros, mas a maioria das pessoas não estão no Reino de Deus, nem sabem o que é isso; querem apenas o paraíso terrestre. Muitas de suas leis e costumes aprovam o que Deus proíbe: aborto, eutanásia, controle abusivo da natalidade, prostituição, pornografia, exploração sexual, casamentos gay até com adoção de crianças, famílias alternativas, inseminação artificial, manipulação de embriões, etc.. Nada disso está de acordo com o Reino de Deus.

O Reino de Deus não se opõe ao reino do homem, e a Igreja o estimula desde que respeite sua dignidade de filho de Deus e não contradiga a sã moral. O Catecismo da Igreja, a Norma da fé católica, como disse o Beato João Paulo II, não nos deixa cair na ilusão de que o Reino de Deus se realizará completamente neste mundo: “Já presente em sua Igreja, o Reino de Cristo ainda não está consumado “com poder e grande glória” (Lc 21, 17) pelo advento do Rei na terra… Por este motivo os cristãos oram, sobretudo na Eucaristia, para apressar a volta de Cristo, dizendo-lhe: “Vem, Senhor” (Ap 22,20)” (§671).

A Igreja sabe, como Cristo avisou, que ela passará por fortíssima provação antes da consumação do Reino de Deus. O Catecismo diz que: “Antes do advento de Cristo, a Igreja deve passar por uma provação final que abalará a fé de muitos crentes. A perseguição que acompanha a peregrinação dela na terra desvendará o “mistério de iniquidade” sob a forma de uma impostura religiosa que há de trazer aos homens uma solução aparente a seus problemas, à custa da apostasia da verdade” (§675).

O Catecismo deixa muito claro que o Reino de Deus não se estabelecerá na Terra de uma maneira triunfante, onde um paraíso terrestre se realizará, ao contrário: “Portanto, o Reino não se realizará por um triunfo histórico da Igreja segundo um progresso ascendente, mas por uma vitória de Deus sobre o desencadeamento último do mal, que fará sua Esposa descer do Céu. O triunfo de Deus sobre a revolta do mal assumirá a forma do Juízo Final depois do derradeiro abalo cósmico deste mundo que passa” (§677).

No Prefácio da Oração Eucarística da missa de Cristo Rei, a Igreja reza que o Reino de Deus é um Reino de Verdade e Vida, Santidade e Graça, Amor, Paz e Justiça. São sete ingredientes que não podem faltar na felicidade. Tudo isso vem de Deus e o homem sozinho não é capaz de produzir, por isso o Reino é de Deus. São Paulo diz que: “O Reino de Deus é justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14,17).

Jesus contou muitas parábolas para explicar este Reino que Ele veio inaugurar entre nós; e, sobretudo, colocou a Constituição deste Reino no Sermão da Montanha; não apenas nas oito Bem-aventuranças, mas em todos os capítulos 5, 6 e 7 de São Mateus.

É importante notar que “o germe desse Reino é a Igreja”, como disse o Concílio Vaticano II. Sem ela não há e nem haverá Reino de Deus. As chaves do Reino foram entregues a Pedro e aos Apóstolos em comunhão com ele (Cat. §551-553). Jesus disse-lhes: “Disponho para vós o Reino, como meu Pai o dispôs para mim, a fim de que comais e bebais à minha mesa em meu Reino, e vos senteis em tronos para julgar as doze tribos de Israel” (Lc 22,29-30). O Catecismo da Igreja confirma: “Jesus confiou a Pedro uma autoridade específica: “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: o que ligares na terra será ligado nos Céus, e o que desligares na terra será desligado nos Céus” (Mt 16,19). O “poder das chaves” designa a autoridade para governar a casa de Deus, que é a Igreja. Jesus, “o Bom Pastor” (Jo 10,11), confirmou este encargo depois de sua Ressurreição: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,15-17). O poder de “ligar e desligar” significa a autoridade para absolver os pecados, pronunciar juízos doutrinais e tomar decisões disciplinares na Igreja. Jesus confiou esta autoridade à Igreja pelo ministério dos apóstolos e particularmente de Pedro, o único ao qual confiou explicitamente as chaves do Reino” (§553).

O Reino de Deus tem um inimigo infernal, Satanás; mas o Catecismo diz que “o poder de Satanás não é infinito. Ele não passa de uma criatura, poderosa pelo fato de ser puro espírito, mas sempre criatura: não é capaz de impedir a edificação do Reino de Deus. Embora Satanás atue no mundo por ódio contra Deus e seu Reino em Jesus Cristo, e embora a sua ação cause graves danos – de natureza espiritual e, indiretamente, até de natureza física – para cada homem e para a sociedade, esta ação é permitida pela Divina Providência, que com vigor e doçura dirige a história do homem e do mundo” (§395).

Só um coração puro pode dizer com segurança: “Venha a nós o vosso Reino”. Então, como disse São Paulo: “Portanto, que o pecado não impere mais em vosso corpo mortal” (Rm 6,12). “Quem se conserva puro em suas ações, em seus pensamentos e em suas palavras pode dizer a Deus: “Venha o vosso Reino”” (§2819).

Prof. Felipe Aquino

Fonte: https://cleofas.com.br/

Fenômeno na Espanha: famílias promovem “adolescência sem celulares”

Ground Picture | Shutterstock

53,8% dos menores acessam pornografia antes dos 13 anos e 8,7% antes mesmo dos 10; suicídio juvenil também aumentou drasticamente.

Milhares de pais e mães, na Espanha, estão se unindo espontaneamente, via redes sociais, para promover uma adolescência sem celulares – ou, pelo menos, com drástica redução do seu uso.

No início deste ano letivo, que no Hemisfério Norte começa entre agosto e setembro, algumas famílias em Barcelona ​​​​criaram um grupo de discussão online para sensibilizar outros pais e debater sobre o acesso dos menores a esses dispositivos. Há uma preocupação crescente com os malefícios da alta exposição de crianças à internet e ao uso de telas durante muitas horas.

“Quer lutar contra a pressão social que normaliza dar um celular ao seu filho quando ele vai para a escola? Quer conhecer alternativas para não ter que fazer isso?”, perguntava uma mensagem que circulou pelas associações de pais de alunos.

Em pouco tempo, mais de 7.000 pessoas aderiram à iniciativa.

Uma nova forma de escravidão

“A internet é uma fonte mais de perigo e desconexão do que de virtudes”, afirmou Xavier Casanovas, porta-voz dos pais, à Catalunya Ràdio, acrescentando que as crianças estão conversando muito menos e até olhando muito menos umas para as outras. Para ele, o uso desproporcional de smartphones é “uma nova forma de escravidão, porque do outro lado há alguém que está programando, que está lucrando”.

De fato, as famílias engajadas na iniciativa denunciam que as redes sociais, os videogames e a maioria dos aplicativos são projetados para viciar os usuários. A título de exemplo, eles mencionam que o criador da função “rolagem infinita”, Aza Raskin, se manifestou arrependido por essa criação e alertou para o seu potencial de gerar dependência.

O grupo de pais também acredita que os sistemas de controlo parental não são uma solução, porque as crianças aprendem facilmente a evitá-los. Boa parte das famílias defende que os filhos só tenham acesso às redes sociais a partir dos 16 anos, quando podem usá-las de modo mais responsável e maduro.

Por que os pais se preocupam

Os promotores deste fenômeno cidadão consideram que “a compreensão da leitura e a capacidade de concentração despencaram devido ao boom tecnológico”. Além disso, eles observam que, por meio dos smartphones, “53,8% dos menores acessam pornografia antes dos 13 anos e 8,7% antes mesmo dos 10”.

“Especialistas em saúde mental e suicídio juvenil recomendam não dar um celular aos filhos antes dos 16 anos. Nos últimos 5, as tentativas de suicídio por parte de meninas menores de idade triplicaram”, alerta o grupo de pais.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

As novas diretrizes para a Catequese na Arquidiocese de Brasília

Entrega do documento a Dom Paulo Cezar Costa (arqbrasilia)

Comissão da Catequese Arquidiocesana entrega documento com as novas diretrizes ao Cardeal Dom Paulo Cezar

Durante a reunião do Clero, realizada na quinta-feira (23/11), na Paróquia Verbo Divino, localizada na Asa Norte, o grupo executivo da Catequese Arquidiocesana, sob a orientação do Bispo Auxiliar Dom Denilson Geraldo, S.A.C, apresentou ao Cardeal Dom Paulo Cezar Costa um documento com as novas diretrizes para a Catequese.

24 de novembro de 2023

 O documento entregue ao Arcebispo foi elaborado nos últimos dois anos por uma equipe de catequistas da Arquidiocese de Brasília, compondo novas orientações e diretrizes que serão encaminhadas às paróquias.

“Hoje, foi entregue ao Arcebispo a conclusão do trabalho das Diretrizes da Catequese da Arquidiocese de Brasília. O documento contempla as orientações básicas para toda a catequese através, principalmente, do método da Iniciação à Vida Cristã (IVC), mas sem deixar de contemplar e apreciar o método tradicional da Catequese e a Catequese do Bom Pastor que nós temos em muitas paróquias da nossa Arquidiocese. Esse documento será assinado no próximo domingo na Catedral, após a Missa das 10h30, festa de Cristo Rei, dia dos leigos e leigas. Então, agradecemos a Deus por esse momento de conclusão de um trabalho que foi solicitado pelo Arcebispo a essa comissão e que foi realizado com muita dedicação e com tanta competência pela equipe.”

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Solenidade de Cristo Rei do Universo (A)

Cristo Rei do Universo (Vatican Media)

Celebramos o último domingo do Ano Litúrgico, chamado Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. Esta meta foi-nos indicada no primeiro domingo do Advento e, hoje, a atingimos.

Vatican News

No ano 325, ocorreu o primeiro Concílio Ecumênico na cidade de Nicéia, Ásia Menor. Na ocasião, foi definida a divindade de Cristo contra as heresias de Ario: "Cristo é Deus, Luz da luz, Deus verdadeiro do Deus verdadeiro". Após 1600 anos, em 1925, Pio XI proclamou o modo melhor para superar as injustiças: o reconhecimento da realeza de Cristo. De fato, escreveu: “Visto que as festas têm maior eficácia do que qualquer documento do magistério eclesiástico, por captar a atenção de todos, não só uma vez, mas o ano inteiro, atingem não só o espírito, mas também os corações” (Encíclica Quas primas, 11 de dezembro 1925).

A data inicial da festa de Cristo Rei era o Domingo de Todos os Santos, mas, com a nova Reforma de 1969, foi transferida para o último domingo do Ano Litúrgico. Desta forma, fica claro que Jesus Cristo, o Rei, é a meta da nossa peregrinação terrena. Os textos bíblicos mudam em todos os três anos, para que possamos conhecer, plenamente, a figura de Jesus.

Texto: (Mt 25, 31-46)

Quando o Filho do Homem voltar na sua glória e todos os anjos com ele, se sentará no seu trono glorioso. Todas as nações se reunirão diante dele e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. Colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. Então, o Rei dirá aos que estão à direita: “Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos foi preparado, desde a criação do mundo, porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; prisioneiro e viestes a mim”. Os justos lhe perguntarão: “Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos peregrino e te acolhemos, nu e te vestimos? Quando foi que te vimos enfermo ou na prisão e te fomos visitar?”. Responderá o Rei: “Em verdade eu vos digo: todas as vezes que fizestes isso a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim que o fizestes”. Depois, dirá aos que estão à sua esquerda: “Afastai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos. Porque tive fome e não me destes de comer; sede e não me destes de beber; peregrino e não me acolhestes; nu e não me vestistes; enfermo e na prisão e não me visitastes”. Então, esses lhe perguntarão: “Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, peregrino, nu, enfermo, ou na prisão e não te socorremos?”. E lhes responderá: “Em verdade eu vos digo: todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer. Esses irão para o castigo eterno, e os justos, para a vida eterna” (Mt 25, 31-46).

Última etapa

Celebramos, hoje, o último domingo do Ano Litúrgico, chamado Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. Esta meta foi-nos indicada no primeiro domingo do Advento e, hoje, a atingimos. Visto que o Ano Litúrgico representa a nossa vida em miniatura, esta experiência primeiro nos ensina e, depois, nos recorda, que estamos a caminho ao encontro com Jesus, o Esposo, que virá como Rei e Senhor da vida e da história. Referimo-nos à sua segunda vinda: a primeira, quando veio como um humilde Menino, depositado na manjedoura (Lc 2, 7); a segunda, quando retornará na sua glória, no final dos tempos. Esta vinda é celebrada, liturgicamente, hoje. No entanto, há outra vinda intermediária, que vivemos, hoje, na qual Jesus se apresenta a nós com a Graça dos seus Sacramentos e na pessoa de cada um dos "pequeninos" do Evangelho - “Em verdade vos declaro: se não vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos Céus” ... (Mt 18,2), isto é, somos convidados a reconhecer Jesus na pessoa dos nossos irmãos e irmãs, a negociar os talentos recebidos, a assumir nossas responsabilidades todos os dias. – Ao longo deste caminho, a liturgia se oferece a nós como escola de vida para educar-nos a reconhecer o Senhor, presente na vida cotidiana, e preparar-nos para a sua última vinda.

Coordenadas para a vida

Vinde, benditos... Afastai-vos de mim, malditos. Ide para o fogo eterno, destinado ao demônio e aos seus anjos”. Bênção e maldição não são decisões, mas uma “constatação” do Rei, que, nada mais faz, que “fazer as contas”, revelando o que cada um foi e fez e o quanto cuidou do seu irmão (Cf. Gn 4; Lc 16,19-31 - Homem rico).

No início do Evangelho, o evangelista Mateus (1,23) escreve: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel, que significa “Deus conosco”; e, na conclusão do Evangelho: “Eis que estarei sempre convosco, até ao fim dos séculos” (Mt 28,20). Neste contexto, deve ser lido e compreendido o "Juízo final", que a liturgia nos leva, hoje, a contemplar. Jesus, o Emanuel, Deus conosco, está realmente "conosco" até o fim do mundo. Ele está conosco... mas, onde Ele está? Como reconhecer a sua presença e ação em nossa vida? Para encontrá-Lo temos que seguir os passos de Jesus, cultivar seus sentimentos, que, muitas vezes, não coincidem com os nossos. Como esquecer quando Jesus confidenciou aos seus discípulos que a morte na cruz o aguardava? Pedro protestou as suas palavras, mas Jesus replicou, dizendo: “Afasta-te de mim, Satanás! Tu és para mim um escândalo; teus pensamentos não são de Deus, mas dos homens” (Mt 16,22; Cf. Is 55,8).

Devemos lembrar sempre que “estamos no mundo, mas não somos do mundo” (Cf. Jo 17,14). E visto que é tão fácil se desviar do caminho certo - "Corríeis bem. Quem, pois, vos cortou os passos...?" (Cf. Gl 5, 7) – que “é importante manter o nosso olhar fixo em Jesus, para evitar de nos desviarmos do caminho” (Cf. Hb 12, 2). Ele está conosco. Logo, a nossa vida não é orientada pelo caos, mas por uma Presença que é Vida e que nos mostra o Caminho.

Uma festa que nos indica o caminho

O ano litúrgico é o símbolo do caminho da nossa vida: tem um início e um fim, rumo ao encontro com o Senhor Jesus, Rei e Senhor, no Reino dos Céus, quando entrarmos pela porta estreita da "irmã morte "(São Francisco). Pois bem, no início do Ano Litúrgico (I Domingo do Advento), foi-nos indicada, de antemão, a meta à qual devemos dirigir nossos passos. É como se, em vista de um exame, soubermos, um ano antes, as perguntas e as perguntas! Mas, isso teria sido um exame desonesto. Na liturgia, porém, este é um dom do Mestre Jesus, porque nos permite saber qual o caminho que devemos seguir (Jesus, o Caminho), com quais pensamentos seguir (Jesus, a Verdade), e qual esperança que deverá nos animar (Jesus, a Vida - Cf. Jo 14,6).

Tudo depende do amor

O que mais nos impressiona, hoje, pelos textos litúrgicos, é que o exame final será sobre o tema do amor, na concretude da vida, a partir das nossas ações mais simples e comuns: “tive fome, tive sede...”. Logo, não se trata de gestos heroicos ou estranhos à vida cotidiana, tampouco de gestos extraordinários. A coisa mais bonita que emerge do Evangelho é que Jesus não é apenas o “Deus que está conosco, até o fim do mundo”, mas o “Deus que está em nós”, começando pelos últimos, que se identifica com os mais necessitados, com os pequeninos do Evangelho, com todos os perseguidos (Cf. At 9,4: “Saulo Saulo, por que me persegues?”). Enfim, todo gesto de amor é um gesto feito "com Jesus", em sua companhia; “como Jesus”, porque aprendemos do Evangelho; mas também "para Jesus", porque todas as vezes que fizermos um gesto de amor, fizemos "para Ele".

Amor na vida de cada dia

O que mais nos surpreende e que nos "seis" gestos, sobre os quais Jesus no Evangelho, não há nenhum religioso ou sagrado, segundo o nosso modo de pensar. Todos parecem ser gestos “leigos”, feitos na rua, em casa, onde quer que seja e onde há necessidade; na verdade, “nada é profano, tanto em frente como fora da igreja, porque toda a realidade é a grande Igreja de Deus: nada é profano, mas tudo é “sagrado”, porque tudo está em função de Jesus” (Luigi Giussani).

Nisto consiste todo o culto que prestamos a Deus, segundo também outro texto de Mateus: “Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta". (Cf. Mt 5, 23-24; Quarta-feira de Cinzas: Is 58,9; Gl 2,12: Eis o jejum que quero: libertar os oprimidos...). Afinal, se o culto oferecido diante do altar não for precedido e acompanhado pelo culto do amor ao próximo, vale bem pouco.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sábado, 25 de novembro de 2023

A família é fundamento da sociedade

Família: Dom para a sociedade (diocesedevaladares)

A FAMÍLIA É FUNDAMENTO DA SOCIEDADE

Dom Wilson Angotti
Bispo de Taubaté (SP)

“O homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e os dois serão uma só carne. Esse mistério é grande: eu me refiro a Cristo e à Igreja” (Ef.5,31-32).     

A família no projeto de Deus – Vamos considerar aqui, como a Doutrina Social da Igreja entende a família e sua importância em relação à sociedade. Desde os textos que narram a criação do ser humano, vemos que no desígnio de Deus está o casal como primeira forma de comunhão de pessoas: “Não é bom que o homem esteja só. Vou fazer para ele uma auxiliar que lhe seja semelhante” (Gn.2,18). O plano de Deus, manifestado desde o relato da criação, é evidenciado e reforçado pelo ensinamento de Jesus Cristo, que diz: “Vocês nunca leram que o Criador, desde o início, os fez homem e mulher? E disse: ‘Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe, e se unirá à sua mulher, e os dois serão uma só carne?’” (Mt.19,4-5). Na nova aliança, Jesus elevou a união entre homem e mulher à dignidade de sacramento, ou seja, de sinal. A união de amor entre um homem e uma mulher é sinal do amor de Cristo por sua Igreja; um amor fiel e para sempre (cf. Ef.5,31-32). Iluminada pela Palavra de Deus, a Igreja considera a família como primeira sociedade natural e centro da vida em sociedade. A família é querida por Deus e está na base da vida das pessoas e da ordem social, como célula primeira e vital da sociedade. 

A importância da família para a pessoa e a sociedade – É na família que o ser humano recebe as primeiras e determinantes noções sobre o que é bom, justo e verdadeiro. É na família que aprende a respeitar e a ser respeitado, a amar e a ser amado. É na família que alguém se constitui como pessoa e aprende a conviver em sociedade. O Catecismo da Igreja Católica (N.2224) diz: Sem famílias fortes na comunhão e estáveis no compromisso, os povos se enfraquecem. Na família são assimilados, desde os primeiros anos de vida, os valores morais, espirituais, religiosos e culturais de cada povo. Nela se dá a aprendizagem das responsabilidades sociais e da solidariedade. Os direitos da família se encontram na própria natureza do ser humano e não no reconhecimento do Estado. A família não está em função da sociedade e do Estado, antes é o estado e a sociedade que devem estar em função da família. Em relação a esta deve valer o princípio da subsidiariedade, ou seja, a sociedade e o Estado não devem interferir naquilo que a família por si pode decidir e fazer. 

Matrimônio é fundamento da família – O matrimônio não é uma criação decorrente de convenções humanas ou imposições legislativas é algo que tem seu fundamento em nossa própria condição humana. Nós nascemos como seres dependentes do cuidado dos outros e para criar laços e nos desenvolver como pessoas necessitamos de relações estáveis e duradouras. Pelo matrimônio homem e mulher se comprometem a viver um pelo outro, à procriação e à educação dos filhos. No âmbito cristão, o matrimônio é uma aliança de amor entre um homem e uma mulher, tendo como modelo o amor de Cristo pela Igreja (cf. Ef.5,29). Nesse sentido é sacramento, pois o amor humano se apresenta como sinal do amor de Deus. O casal cristão, que vive o amor inspirado no amor de Deus torna-se testemunha e artífice de uma sociedade nova, inspirada no Evangelho. 

O amor leva à comunhão entre pessoas – O casal que vive o amor constitui uma família, pois o amor leva ao encontro e à comunhão com a pessoa amada e assim se supera o individualismo que ameaça a felicidade humana. O ser humano nasce do amor e é destinado ao amor que realiza nossa existência. O amor não pode ser reduzido a sentimentos, nem tampouco a sexo. Amor é a disposição em fazer a felicidade do outro. O amor só existe verdadeiramente quando há entrega de um pelo outro na unidade e na fidelidade, na estabilidade e na indissolubilidade. Essas são exigências do amor. A falta desses requisitos prejudica e põe em risco o amor exclusivo e total, próprio do matrimônio e causa graves sofrimentos para os filhos.  

Ninguém é excluído – Devido às nossas limitações humanas, há comportamentos que deterioram e extinguem o amor. A Igreja não abandona aqueles que, após um divórcio, tornam a se casar. Esses casais podem e devem continuar a participar da vida eclesial. Por sua vez, as uniões de fato como simples disposição de conviverem e as uniões homoafetivas também não correspondem ao ideal de matrimônio que a Igreja propõe. A primeira pela precariedade da união e a segunda pela impossibilidade de transmitir a vida como também pela ausência da complementaridade tanto no plano físico-biológico quanto no psicológico, como existe entre um homem e uma mulher. Mesmo sem poder participar dos sacramentos da Penitência e da Eucaristia essas pessoas podem participar da vida da comunidade, das celebrações, ler e meditar a Palavra de Deus, perseverar nas orações, se desenvolverem na vida de caridade, educar os filhos na fé etc. Tudo isso é compromisso cristão. Deus não exclui ninguém do seu amor, mas tem suas exigências. Todo amor é exigente. São João Paulo II, na exortação apostólica Familiaris Consortio (n.77) nos diz que mesmo aqueles não vivem de acordo com o ideal do matrimônio cristão também são destinados à salvação se perseverarem na oração, na penitência e na prática da caridade. Portanto, ninguém é excluído do amor de Deus e da vida da Igreja.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

O que as pessoas idosas sentem (mas nem sempre expressam)

Shutterstock I Ground Picture | #image_title

Por Cerith Gardiner - publicado em 22/11/23

Aqui estão quatro coisas importantes que você deve ter em mente ao cuidar de uma pessoa idosa.

Embora a sociedade esteja mudando a uma velocidade vertiginosa, é importante lembrar que há uma geração – os idosos – que pode não estar se movendo no mesmo ritmo. Entretanto, sem esses senhores e senhoras idosos, não estaríamos aqui hoje. Ao cuidar de seus idosos, é importante ter em mente alguns dos sentimentos que eles podem estar experimentando e que nem sempre expressam.

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ELE(A) PODE SE SENTIR FISICAMENTE FRUSTRADO

A partir de uma certa idade, os idosos se deparam com suas limitações físicas. Por exemplo, elas não conseguem mais subir morros como antes. Elas andam em um ritmo mais lento. Não conseguem ouvir tão bem. Todas essas mudanças podem ser uma fonte de frustração. Como você pode ajudar? Em primeiro lugar, diminuindo seu próprio ritmo de falar, andar etc. para garantir que ele possa acompanhá-lo sem ficar frustrada ou irritada. Também pode ser uma boa ideia comentar sobre tudo o que ele ainda é capaz de fazer.

Em caso de dependência, é uma boa ideia assegurar ao idoso que ele não estará sozinho. É importante que ela saiba que, se as tarefas domésticas se tornarem um fardo muito pesado, você pode encontrar soluções.

Muitos idosos relutam em pedir ajuda. Uma maneira de prever isso é ajudá-los antes que eles percebam que precisam. Realize determinadas tarefas quando for visitá-los, como levar o lixo para fora ou fazer pequenos reparos.

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O CONFRONTO COM A MORTE DE SEUS ENTES QUERIDOS

Quando somos jovens, nos sentimos invencíveis. Facilmente adiamos as coisas para amanhã porque consideramos o futuro garantido. Entretanto, com o passar dos anos, percebemos cada vez mais o valor da vida.

À medida que envelhecem, os idosos perdem algumas das pessoas mais próximas a eles. Seu círculo de amigos diminui. Esses são eventos dolorosos que enfatizam a vulnerabilidade dos seres humanos e podem ser assustadores. Não necessariamente o medo de morrer, mas, em um casal, o medo de viver um sem o outro.

A morte é inevitável, é claro, mas a melhor maneira de ajudar um membro idoso da família é estar presente. Às vezes, isso é tão simples quanto fazer uma ligação telefônica para verificar o estado dele. Também é importante planejar suas visitas, pois isso dá a ela alegria e esperança diante de um futuro mais incerto.

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ELE(A) PRECISA FALAR SOBRE O PASSADO

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Uma pessoa idosa precisa falar sobre o passado, sobre pessoas que você talvez nunca tenha conhecido! No entanto, é importante permitir que ele compartilhe esses momentos com você. Você aprenderá mais sobre eles, o que é sempre interessante e até divertido!

Pode ser divertido fazer viagens ao passado com seus entes queridos idosos. Se o tempo estiver bom, entrem no carro e viajem juntos para lugares que são muito queridos para eles. Esses momentos podem ser preciosos para jovens e idosos.

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ELE(A) PRECISA SE SENTIR VALORIZADO

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Uma das coisas mais importantes que nossos idosos precisam é se sentir valorizados. Isso significa ouvir seus conselhos, especialmente porque eles geralmente têm muito a compartilhar. Você também pode convidá-los a participar ativamente de sua vida. Apenas certifique-se de ser paciente se eles estiverem tendo problemas para lidar com os equipamentos e a tecnologia mais recentes.

Por falar em tecnologia, é importante reservar um tempo para ajudá-los a descobrir novas maneiras de fazer as coisas no dia a dia, como sistemas de pagamento digital, por exemplo.

Outra maneira de tirar o máximo proveito de uma pessoa idosa é passar tempo com ela. Portanto, procure seus entes queridos idosos, desfrute da companhia deles e lembre-se de que, embora eles possam ter envelhecido fisicamente, muitas vezes se sentem décadas mais jovens e cheios de entusiasmo pela vida.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Sete exortações de Cristo Rei sobre o fim dos tempos e a salvação eterna

Cristo Rei | Renata Sedmakova | Shutterstock

Por causa da Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo, que é celebrada no domingo (26), compilamos sete exortações nas quais o Senhor falou com “autoridade” sobre o fim dos tempos e a salvação.

Segundo disse o papa Bento XVI em 29 de janeiro de 2012, a autoridade de Deus é baseada no serviço, na humildade e “no poder do amor de Deus que cria o universo”.

Abaixo estão as citações bíblicas em que Cristo fala com firmeza e convida à salvação eterna:

1. “Os justos lhe perguntarão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos peregrino e te acolhemos, nu e te vestimos? Quando foi que te vimos enfermo ou na prisão e te fomos visitar?’. Responderá o Rei: ‘Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isso a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes.’” (Mt 25,37-40).

2. “Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que expulsamos os demônios e fizemos muitos milagres? E, no entanto, eu lhes direi: Nunca vos conheci. Reti­rai-vos de mim, operários maus!” (Mt 7,21-23).

3. “Assim será no dia em que se manifestar o Filho do Homem. Naquele dia, quem estiver no terraço e tiver os seus bens em casa não desça para os tirar; da mesma forma, quem estiver no campo não torne atrás. Lembrai-vos da mulher de Ló. Todo o que procurar salvar a sua vida irá perdê-la; mas todo o que a perder irá encontrá-la” (Lc 17, 30-33).

4. “Então, Jesus lhes disse: “Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.” (Jo 6,53-54).

5. “Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós” (Mt 5, 11-12).

6. “Respondeu Jesus: ‘O meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus súditos certamente teriam pelejado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu Reino não é deste mundo’. Perguntou-lhe então Pilatos: ‘És, portanto, rei?’ Respondeu Jesus: ‘Sim, eu sou rei. É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo o que é da verdade ouve a minha voz’ (Jo 18,36-37).

7. “Mas Jesus, aproximando-se, lhes disse: “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,18-20).

Fonte: https://www.acidigital.com/

Dez anos de Evangelii Gaudium, Fisichella: texto com força motriz

A Exortação "Evangelli Guadium" do Papa Francisco completa dez anos

Em 24 de novembro de 2013, apenas alguns meses após sua eleição, o Papa Francisco promulgou a exortação apostólica na qual indicou as prioridades que a Igreja deve abordar e os temas que se desenvolveram ao longo de seu pontificado, desde a Igreja em saída até a inclusão social dos pobres. O pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização: é necessária uma nova linguagem para tornar o Evangelho conhecido.

Tiziana Campisi – Vatican News

Era a Solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo, 24 de novembro, há dez anos, quando Francisco promulgou a exortação apostólica Evangelii GaudiumA alegria do Evangelho, o primeiro documento de seu pontificado. Um texto programático, no qual o Papa desenvolve o tema da proclamação do Evangelho no mundo de hoje, convidando os cristãos "a uma nova etapa de evangelização" e indicando os caminhos a serem percorridos "para a caminhada da Igreja". Francisco pede uma Igreja missionária e em saída, exorta a uma renovação eclesial e ao compromisso com a inclusão social dos pobres e incentiva o diálogo, em vários níveis, como uma contribuição para a paz.

No mundo de hoje, onde a cultura digital, que faz referência à inteligência artificial e onde as questões de liberdade e verdade entram em jogo, a proclamação do Evangelho é uma prioridade, diz dom Rino Fisichella, pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização, mas há necessidade de uma nova linguagem capaz de fazer com que sua beleza seja compreendida.

Evangelii Gaudium é o primeiro documento do Papa Francisco, um texto em que emergem as prioridades de seu pontificado: a Igreja em saída, a atenção às periferias, a inculturação da fé, a dimensão social do Evangelho. Como foi recebido até o momento?

A Evangelii Gaudium não é apenas o primeiro documento, é também o documento programático do pontificado do Papa Francisco, ele mesmo escreve isso nas primeiras páginas. Portanto, ela ainda tem um valor muito especial hoje. Não se trata apenas de ver o quanto foi implementado nesses dez anos, mas, acima de tudo, o quanto ainda precisa ser implementado em um futuro próximo. Os temas da Evangelii Gaudium são, em muitos aspectos, o fruto da discussão sinodal de 2012, dedicada precisamente à nova evangelização e à transmissão da fé. O Papa fez suas muitas das declarações, estudos e discussões daquele sínodo e as tornou parte de seu documento, mas há também algumas grandes inovações: por exemplo, na dimensão social, na necessidade de a Igreja ser pobre, na insistência de que haja uma mudança de cultura ao lidar com várias questões. É um documento programático que ainda mantém toda a sua força motriz e provocadora.

Que fase a Igreja está atravessando hoje se olharmos para ela através da Evangelii Gaudium?

Quando o Papa Francisco fala de uma evangelização itinerante - porque Jesus tinha uma pregação itinerante -, ele não faz nada além do que insistir na necessidade do encontro pessoal que a Igreja deve cuidar, que os fiéis devem fazer com todos. Portanto, o primeiro momento da evangelização é o da partida. Na Evangelii Gaudium encontramos a expressão, repetida várias vezes pelo Papa Francisco "Igreja em saída", de uma Igreja, isto é, que assume a consciência de ser missionária, uma Igreja que sente fortemente a responsabilidade de ser evangelizadora e, portanto, de levar a força do Evangelho, mas também a beleza do Evangelho, a todos, sem excluir ninguém.

Como a Igreja e o cristão enfrentam o mundo de hoje, com base no convite da Evangelii Gaudium para transmitir a alegria do Evangelho?

Na Evangelii Gaudium, o Papa Francisco insiste que a evangelização entra nas culturas e, ao entrar nas culturas, o primeiro ato é conhecê-las, tentar entender o que há de positivo nelas, identificar a "semina Verba", ou seja, as "sementes da Palavra", a presença da verdade cristã escondida em tantos elementos. Hoje temos um grande desafio, que é um desafio global, porque a cultura está se tornando cada vez mais globalizada por meio da cultura da Internet, que tem facetas extremamente positivas, mas também muitos aspectos que trazem questões profundas. Entre essas questões está a mudança de comportamento que a cultura digital implica. Infelizmente, existe uma forma muito profunda de individualismo, que leva ao fechamento em si mesmo.

Esse individualismo é um dos piores perigos na evangelização, porque a evangelização fala de encontro, de relacionamento interpessoal, de proclamação, de amor. Fechar-se em si mesmo é, ao contrário, o oposto, não permite que a pessoa viva uma identidade profunda e alcance a maturidade pessoal. A cultura digital de hoje é uma cultura global e, portanto, toda a Igreja é desafiada, mais do que nunca, nesse terreno. Devemos tentar, antes de tudo, em minha opinião, entender em que consiste a cultura digital. Certamente não podemos parar na mera ferramenta que usamos: o PC, o celular e as formas de comunicação que usamos, do Facebook ao Instagram etc. A cultura da Internet, a cultura digital, refere-se à inteligência artificial, e temos que tentar entender em que ela consiste e quais consequências ela pode ter, não apenas em um nível antropológico - a dimensão da pessoa - mas também em um nível social e, portanto, quais elementos entram em crise.

Estou pensando, por exemplo, no tema da liberdade, no tema da verdade e na busca da verdade que é realmente verdade e não pré-confeccionada por vários algoritmos, na capacidade de ser profundamente livre e não estar sujeito a determinações ocultas que operam nesta cultura. Ainda possuímos uma linguagem muito clerical, que não é compreendida em sua pungência semântica, e por isso precisamos de uma nova linguagem e de uma nova capacidade de intervir nessa cultura, tentando fazer com que as pessoas compreendam a beleza do Evangelho.

Nesta época trágica de guerras e crises, como a alegria do Evangelho pode prevalecer?

Nós, cristãos, podemos usar a palavra dramático de forma mais forte, porque na tragédia não há esperança e isso seria o fracasso de nossa presença evangelizadora no mundo. Dramático, por outro lado, significa que há uma ação extremamente forte na qual todos nós estamos envolvidos. O drama envolve, mas no drama há esperança. Na situação dramática que estamos vivendo - o que o Papa Francisco chama de "terceira guerra mundial em pedaços" - há a necessidade de uma proclamação de esperança típica e fortemente cristã. O homem de hoje, na cultura digital, vive com tantas esperanças, que temos a responsabilidade de anunciar a "esperança", aquela que as unifica, que as projeta para o futuro e que ajuda a compreender e a viver o presente, dando-lhe sentido. O drama das guerras, que são reais, não deve, entretanto, nos fazer esquecer o drama da violência que testemunhamos diariamente em nossas cidades.

Como podemos esquecer que em um país como a Itália já chegamos a 103 feminicídios? Para mim, esse é um grande drama, que indica mais uma vez que há falta de cultura, de amor, de responsabilidade, de respeito, que são anúncios próprios do Evangelho. O amor implica em respeito, implica em responsabilidade. Olhar para as guerras é necessário, porque todos nós devemos ser pacificadores, mas a paz se constrói na família, nas cidades, nos bairros, nas comunidades, onde o respeito, a responsabilidade pelo que o outro é para mim deve, necessariamente, retornar.

Dez anos depois da Evangelii Gaudium, em sua opinião, a Igreja é mais missionária e descentralizada como Francisco gostaria que fosse?

Temos que olhar para as luzes e as sombras. Acho que a atualidade do Sínodo sobre a sinodalidade nos leva de volta àquela corresponsabilidade fundamental que todos esperamos - mesmo com os ministérios diferenciados que temos dentro das comunidades - na proclamação do Evangelho. O Sínodo também deseja que todos os batizados, em virtude de seu batismo, redescubram o trabalho urgentemente necessário da evangelização. Essas luzes brilhantes - a Evangelii Gaudium, que traz consigo todo o ensinamento de Paulo VI contido na Evangelii Nuntiandi, a realidade do Sínodo, todo o magistério dessas décadas que possuímos - ainda veem, no entanto, sombras, que são o cansaço em nossas comunidades e a indiferença ainda forte e presente no mundo.

Parece-me que a evangelização, como nos lembra o Papa Francisco, entre outros, na Evangelii Gaudium, passa mais facilmente pelo caminho da beleza, ou seja, pela via pulchritudinis, que é um caminho privilegiado para o anúncio do Evangelho, porque nos permite seguir caminhos que correspondem a um desejo presente nos homens, nas mulheres e nos jovens de nosso tempo. A via pulchritudinis, que se estende da literatura à arte, à música, ao cinema, à contemplação do belo, à natureza, à liturgia e aos encontros intrapessoais, pode ser realmente eficaz e frutífera para corresponder ao ensinamento da Evangelii Gaudium.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF