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quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Santo André realmente ergueu uma cruz na Ucrânia?

hramikona | Shutterstock

Por Philip Kosloski - publicado em 11/03/22

Uma tradição local diz que Santo André Apóstolo viajou para a Ucrânia e ergueu uma cruz no local que viria a ser Kiev.

Pouco se sabe sobre as viagens dos apóstolos após a Ascensão de Jesus, porém uma tradição local afirma que Santo André Apóstolo viajou para a Ucrânia e ergueu uma cruz perto de onde hoje é capital do país, Kiev.

O livro The Conversion of Europe (“A Conversão da Europa”) faz um breve resumo dessa história:

“Quando Santo André, o Apóstolo da Cítia, subindo o rio Dnieper em seu caminho para Roma, avistou os cumes de Kiev e exclamou: ‘Vê essas colinas? A graça de Deus os iluminará. Haverá uma grande cidade, e Deus fará com que muitas igrejas sejam construídas ali’. Então ele subiu esses cumes, os abençoou, ergueu uma cruz e orou a Deus”

Há pouca evidência que comprove esta história, mas acredita-se que a Catedral de Santo André, em Kiev, foi construída no local onde Santo André teria erguido a cruz.

CATHEDRAL OF SAINT ANDREW
Catedral de Santo André, Kiev

Na Igreja Ocidental, tradições apontam Santo André como o apóstolo dos gregos. Acredita-se que ele pregou para comunidades gregas e foi martirizado em Patras em uma cruz em forma de “X”. Suas relíquias acabaram sendo transferidas para a Catedral de Amalfi, Itália.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Em um dia 29 de novembro como hoje teve início o conclave mais longo da história

Capela Sistina (Vatican Media)

Por Martha Calderón

REDAÇÃO CENTRAL, 29 de nov de 2023

Em 29 de novembro de 1268, teve início o conclave mais longo da história que terminou em 1º de setembro de 1271, quando Gregório X foi eleito após 34 meses.

A história deste conclave tem a ver com o seu nome, que vem dos termos latinos "cum" (com) e "clavis" (chave), palavra que foi utilizada desde o século XIII, depois que a Sé de Pedro ficou vacante por quase três anos, e o governador de Viterbo decidiu trancar os cardeais com chave.

Como narra a Enciclopédia Católica, “os cardeais reunidos em Viterbo estavam divididos em dois campos, os franceses e os italianos. Nenhum dos dois podia conseguir os dois terços da maioria dos votos nem queriam ceder aos outros para eleger um candidato ao papado”.

Foi no verão europeu de 1270 que foram trancados no palácio episcopal, inclusive, tiveram o fornecimento de comida cortado.

“Por fim, chegou-se a um compromisso, devido aos grandes esforços dos reis da Sicília e da França. O Sacro Colégio, que consistia então em 15 cardeais, escolheu seis deles para entrarem em acordo e emitirem um voto final. Os seis delegados se reuniram em 1º de setembro de 1271 e uniram os votos elegendo Teobaldo Visconti, arquidiácono de Liège, que não era cardeal, nem sequer sacerdote”.

Gregório X, nascido em Piacenza, “esteve um tempo a serviço do cardeal Jacobo de Palestrina, foi nomeado arquidiácono de Liège e acompanhou o cardeal Ottoboni em uma missão na Inglaterra e, no momento de sua eleição, estava em Ptolemaida (Acre) com o príncipe Eduardo da Inglaterra, em peregrinação à Terra Santa”.

Recebeu o chamado dos cardeais para retornar imediatamente, iniciou sua viagem de volta em 19 de novembro de 1271 e chegou a Viterbo em 12 de fevereiro de 1271. Aceitou a dignidade e adotou o nome de Gregório X.

Ao contrário deste conclave, houve o de 1503 que durou apenas algumas horas, no qual Júlio II foi eleito sucessor de Pedro.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Como obter indulgência plenária pelos 800 anos do presépio

PixelDarkroom | Shutterstock

Por Reportagem local - publicado em 29/11/23

Um dos requisitos é visitar uma igreja franciscana e rezar diante do presépio.

Em comemoração aos 800 anos da aprovação da Regra de São Francisco, a Família Franciscana solicitou e recebeu uma maneira única de os católicos obterem uma indulgência plenária. De 8 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição, até 2 de fevereiro, a Festa da Apresentação do Senhor, os católicos podem receber uma indulgência plenária se rezarem diante de um presépio em uma igreja franciscana.

Em abril, a Família Franciscana – uma entidade que representa todos os grupos religiosos inspirados pelo carisma de São Francisco – solicitou ao Papa Francisco que permitisse indulgências plenárias em comemoração ao seu octocentenário. No pedido, os franciscanos escreveram que a oferta de indulgências plenárias agiria “a fim de promover a renovação espiritual dos fiéis e aumentar a vida de graça”.

Em 4 de outubro, a Família Franciscana anunciou que a Santa Sé havia “acolhido favoravelmente o pedido”.

Eles escreveram:

“Portanto, em todas as igrejas que nos foram confiadas para o cuidado pastoral, será possível que todos os fiéis recebam a indulgência plenária, sob as condições habituais, de 8 de dezembro de 2023 a 2 de fevereiro de 2024.”

Como obter a indulgência plenária

Para se qualificar para a indulgência plenária, o fiel deve visitar uma igreja franciscana e rezar diante do presépio ali existente. Por isso, todos os presépios franciscanos permanecerão montados até a Festa da Apresentação de Jesus, em 2 de fevereiro, e não até a Festa da Epifania, em 6 de janeiro.

Além disso, é preciso seguir os outros requisitos da Igreja para se obter as indulgências plenárias, ou seja:

 confissão sacramental, rejeitando qualquer apego ao pecado, mesmo que seja venial;
 comunhão eucarística, preferencialmente na Santa Missa;
 oração nas intenções do Papa, por exemplo, um Pai Nosso e uma Ave Maria, mas podendo ser outras orações conforme a piedade e devoção.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

NAZARENO: A noite de Belém (O Rei dos Reis nasce em uma estrebaria) - (4)

Nazareno (Vatican Media)

Cap. 4 - A noite de Belém (O Rei dos Reis nasce em uma estrebaria)

É a noite santa, a noite em que Jesus vem ao mundo em meio às lágrimas de alegria de Maria e José. Deus, o infinitamente grande, é agora uma criança indefesa, totalmente dependente dos cuidados de uma mãe e de um pai. Nesse meio tempo, os anjos, que haviam ficado para vigiar, manifestaram-se a alguns pastores que estavam assustados. “Não temais! Eis que eu vos anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo: Nasceu-vos hoje um Salvador, que é o Cristo Senhor, na cidade de Davi. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido envolto em faixas deitado numa manjedoura”. As palavras ouvidas pelos "impuros" e pelos "descartados" os levaram a partir, e eles também sentiram alegria e entusiasmo ao ver a criança. Quando os oito dias prescritos para a circuncisão foram completados, ele recebeu o nome de Jesus, como havia sido chamado pelo anjo antes de ser concebido no ventre. Levam o recém-nascido ao Templo de Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor, o encontro com Simão permanece no coração de Maria. "E também a ti", lhe diz, "uma espada traspassará tua alma".

https://media.vaticannews.va/media/audio/s1/2023/07/27/13/137247132_F137247132.mp3

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A revolução digital e o advento internet

A transformação digital (NeoFeed)

A REVOLUÇÃO DIGITAL E O ADVENTO DA INTERNET

Dom João Santos Cardoso 
Arcebispo de Natal (RN)

A Revolução Digital representa uma das maiores transformações na história da humanidade que, impulsionada pelo avanço tecnológico, culminou no surgimento da internet, uma rede global que conecta bilhões de pessoas ao redor do mundo. Este fenômeno proporcionou o surgimento da cultura digital e redefiniu a maneira como vivemos, trabalhamos, nos comunicamos e compartilhamos informações. A digitalização também simplificou processos, melhorou a eficiência, permitiu a automação de tarefas, modificou a natureza do trabalho e tornou a vida mais cômoda. A cultura digital modificou a noção de tempo e espaço; tudo ocorre em tempo real e o virtual, muitas vezes, se confunde com a própria realidade. 

Com a revolução digital, a comunicação também passou por transformações significativas. Redes sociais, e-mails, mensagens instantâneas e videoconferências tornaram-se partes integrantes da vida cotidiana. A distância geográfica foi reduzida, possibilitando que pessoas em diferentes partes do mundo se conectem e compartilhem experiências em tempo real. A maneira como adquirimos e compartilhamos conhecimento, nos comunicamos e realizamos transações financeiras sofreu mudanças radicais. No âmbito econômico, testemunhamos o surgimento de novos modelos de negócios. As transações comerciais virtuais cresceram exponencialmente, tornando, em determinados contextos e locais, as lojas físicas dispensáveis. Empresas online, mediadas pela tecnologia, desempenham um papel significativo nesse cenário econômico em constante evolução. 

A democratização do acesso à informação é uma característica essencial da era digital. Antes da internet, o conhecimento era limitado a bibliotecas, instituições educacionais e grupos específicos. Atualmente, uma simples pesquisa online proporciona acesso instantâneo a uma ampla gama de informações, que, quando utilizadas com critério, impulsionam a educação e facilitam a disseminação do conhecimento. 

A revolução digital e a internet, apesar de suas inúmeras vantagens, enfrentam desafios significativos. A crescente dependência tecnológica levanta questões sobre privacidade, segurança cibernética e o impacto social das plataformas digitais. As redes sociais, originalmente consideradas instrumentos revolucionários, tornaram-se armadilhas, promovendo entretenimento superficial e relacionamentos volúveis. A conectividade constante, especialmente entre as novas gerações, pode resultar em bolhas sociais, onde o diálogo é evitado, e as amizades virtuais muitas vezes são mais atrativas, mas menos significativas, do que as relações do mundo real. O sentido de pertencimento a uma comunidade é diluído em redes virtuais, controladas por administradores, onde a adição e exclusão de amigos é fácil, contribuindo para a fragmentação social. 

Com a democratização e descentralização da informação, cada indivíduo tem a possibilidade de criar sua própria mídia de comunicação, de produzir informações e difundi-las.  Como a internet não seleciona a qualidade da informação, as mídias sociais deram também o direito à fala, segundo Umberto Eco, a uma legião de imbecis. A quantidade de coisas que circulam, como as fake news, é pior do que a falta de informação.  

As fake news provocaram uma mudança no conceito de verdade, em que as crenças que se pretende compartilhar são mais importantes do que a veracidade dos fatos em si. Além de serem notícias falsas, as fake news representam a construção de narrativas que incorporam fragmentos de verdade, utilizando o apelo à emoção para fortalecer determinadas crenças e ideologias, visando desinformar e desestabilizar o sistema de verdade compartilhado. Esse fenômeno é denominado de pós-verdade, onde é mais eficaz influenciar a opinião pública através de versões emocionais do que por meio da apresentação objetiva e lógica dos fatos. Quem emprega a pós-verdade não se preocupa com a veracidade factual, mas com a habilidade de construir narrativas capazes de emocionar o interlocutor para difundir e sedimentar ideologias. 

Em resumo, a Revolução Digital e o advento da internet são forças poderosas que impactam e moldam a nossa sociedade. Se por um lado, proporcionam oportunidades sem precedentes, por outro, apresentam desafios complexos. A compreensão e gestão desses aspectos são cruciais para garantir que a transformação digital seja inclusiva, ética e benéfica para toda a humanidade.

Fonte: https://www.cnbb.org

A dimensão antropológica do rito litúrgico - Parte II

Incensação na Santa Missa com os novos Cardeais e o Colégio Cardinalício na Abertura da Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos (04.10.2023)

"A liturgia não esgota a ação da Igreja. A Liturgia é feita para o homem, pois anjos não precisam de sacramentos".

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

“Só celebramos e vivemos bem a liturgia, se permanecermos em atitude orante, e não se quisermos «realizar algo», fazer-nos ver ou agir, mas se orientarmos o nosso coração para Deus e estivermos em atitude de oração, unindo-nos ao Mistério de Cristo e ao seu diálogo de Filho com o Pai. É o próprio Deus que nos ensina a rezar, afirma são Paulo. Foi Ele mesmo que nos concedeu as palavras adequadas para nos dirigirmos a Ele, palavras que encontramos no Saltério, nas grandiosas preces da sagrada liturgia e na própria Celebração eucarística. Oremos ao Senhor para estarmos cada dia mais conscientes de que a Liturgia é obra de Deus e do homem; oração que brota do Espírito Santo e de nós, inteiramente dirigida para o Pai, em união com o Filho de Deus que se fez homem. (Bento XVI)”

Bento XVI, na catequese da Audiência Geral de 26 de setembro de 2012, referiu-se à liturgia como "«espaço» precioso, mais uma «fonte» inestimável para crescer na oração, uma nascente de água viva em relação estreitíssima com a precedente (...), um âmbito privilegiado no qual Deus fala a cada um de nós, aqui e agora, e espera a nossa resposta".

No programa de hoje deste nosso espaço, Pe. Gerson Schmidt* nos traz a segunda parte da reflexão "Dimensão antropológica do rito litúrgico":

"Estamos aprofundando a dimensão Antropológica do Rito, dos sacramentos, da liturgia. O professor gaúcho da PUCRS Dr. Frei Luiz Carlos Susin, OFM, ministrou a palestra sobre “O RITO EM QUE HABITAMOS: DIMENSÕES ANTROPOLÓGICAS DO RITO” no recente Congresso Teológico Litúrgico em Porto Alegre.  Falamos aqui que a Gaudium et Spes expressa que “o mistério do ser humano só se torna claro verdadeiramente no mistério do Verbo Encarnado”. Diz assim o número 22 da GS: “Na realidade, o mistério do homem só no mistério do Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente. Adão, o primeiro homem, era efetivamente figura do futuro (20), isto é, de Cristo Senhor. Cristo, novo Adão, na própria revelação do mistério do Pai e do seu amor, revela o homem a si mesmo e descobre-lhe a sua vocação sublime. Não é por isso de admirar que as verdades acima ditas tenham n'Ele a sua fonte e n'Ele atinjam a plenitude”.

A liturgia é cume, o ponto mais alto da montanha, mas não pode existir o topo sem a própria montanha, os fundamentos que mantém a própria montanha e faz o cume estar à vista e exaltado. A liturgia não esgota a ação da Igreja. A Liturgia é feita para o homem, pois anjos não precisam de sacramentos. O axioma latino Gratia suponnit naturam - a graça supõe a natureza, também o cume supõe a montanha. A Sacrosactum Concilium aponta no número 10 assim: “Contudo, a Liturgia é simultâneamente a meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força. Na verdade, o trabalho apostólico ordena-se a conseguir que todos os que se tornaram filhos de Deus pela fé e pelo Batismo se reúnam em assembleia para louvar a Deus no meio da Igreja, participem no Sacrifício e comam a Ceia do Senhor”.

Paulo VI, no encerramento do Concílio, afirmou que para conhecer o ser humano é necessário conhecer a Deus. Para reconhecer a Deus é necessário conhecer o ser humano e o nosso humanismo muda-se em cristianismo e o nosso cristianismo faz-se teocêntrico, afirmou Frei Carlos Susin. O palestrante afirmou que ritos e símbolos não podem ser arbitrariamente inventados. Os símbolos não são inventados, mas eles que nos inventam, nos constituem, nos transformam, nos unificam”.

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

terça-feira, 28 de novembro de 2023

Os cristãos estão desaparecendo da Palestina

Belém, na Palestina | © Hanan Isachar | Ref : 254 - Godong

Por Reportagem local - publicado em 28/11/23

Belém, onde nasceu Jesus, cancelou as festividades públicas do Natal deste ano - mas o contexto é mais complexo que o da presente guerra.

Girou o mundo, nestes dias, a notícia de que a prefeitura de Belém, na Palestina, anunciou a remoção de todas as decorações natalinas “em luto pelas almas dos mártires e em solidariedade com o nosso povo em Gaza”. A cidade onde nasceu Jesus tem hoje uma prefeita cristã, Vera Baboun, que governa em coalização com políticos muçulmanos.

Pouco antes, as igrejas cristãs na Terra Santa lançaram comunicado conjunto orientando os fiéis a priorizarem o aspecto espiritual do Natal em vez de celebrações “desnecessariamente festivas”, já que, devido à guerra em andamento, “tem havido uma atmosfera de tristeza e dor”, em que “milhares de civis inocentes, incluindo mulheres e crianças, morreram ou sofreram ferimentos graves”. O texto não faz menção aos lados em conflito e por isso foi interpretado de distintas maneiras mundo afora: por um lado, como sinal busca pela paz; por outro, como uma demonstração da autonomia cada vez menor dos cristãos palestinos.

População cristã em declínio acentuado

De fato, é impactante a diminuição do número de cristãos palestinos. Eles chegaram a ser 11% da população local em 1922, caindo para 6% em 1967 e reduzindo-se hoje para menos de 1%.

Especificamente em Belém, que por motivos óbvios é uma cidade de imensurável importância para os cristãos, a população cristã era de 84% em 1922, mas já tinha caído para 28% em 2007. Atualmente, todas as estimativas a calculam como inferior a 20%.

Os cristãos palestinos, que na maioria são árabes, se concentram em poucas cidades, como a própria Belém, Nazaré e a capital, Ramala – que, aliás, foi fundada no século XVII por árabes cristãos. Além de minoritários, os cristãos são fragmentados: só em Ramala, mesmo com apenas 40 mil habitantes dos quais a grande maioria são muçulmanos, há cerca de dez tradições cristãs diferentes, entre elas a católica romana e a ortodoxa grega, que são as duas maiores, e também, em menor número, a copta, a católica grega, a luterana, a anglicana, entre outras.

A redução acelerada da presença cristã na Palestina costuma ser “explicada” de modo simplista como decorrente da emigração.

Mas o que leva os cristãos a terem de emigrar?

Restrições religiosas

Ehab Hassan é um cristão palestino que vive hoje nos Estados Unidos e não pretende voltar à Palestina. Ele mesmo afirma que, nos Estados Unidos, tem liberdade e segurança para criticar as autoridades palestinas, o que não teria na sua própria terra. Entrevistado pelo jornal brasileiro Gazeta do Povo, Hassan relatou que nasceu em família muçulmana, mas se converteu ao cristianismo em 2015 – e era o único cristão da sua vila.

Chama a atenção, no seu relato, a informação de que as igrejas cristãs em Ramala foram muito reticentes em aceitá-lo como membro: demorou três anos até que uma delas o aceitasse. E por quê? Hassan resume: os cristãos são relativamente protegidos pelo governo local, desde que não tentem converter muçulmanos. Por isso, as igrejas têm medo de represálias se aceitarem a adesão de muçulmanos convertidos.

Desconfiança das autoridades

Em 2020, o Centro Palestino de Política e Pesquisa divulgou um levantamento apontando que 23% dos cristãos palestinos pretendiam deixar o território, aumentando para mais de 50% na faixa etária dos 18 aos 29 anos. Eles também demonstraram desconfiança tanto no tocante às autoridades palestinas quanto às israelenses: 62% disseram acreditar que Israel pretendia removê-los, enquanto 77% declarou temer os fundamentalistas islâmicos.

Discriminação religiosa

No tocante às oportunidades sociais e econômicas na Palestina, 43% dos cristãos palestinos entrevistados disseram acreditar que os muçulmanos não querem a sua presença; 44% afirmaram que existe discriminação religiosa na busca por um emprego; pouco mais de 50% consideraram que a Autoridade Palestina deveria promover melhor as oportunidades de trabalho para os cristãos.

Gaza, um caso à parte

As difícies condições de vida dos cristãos mencionadas acima se referem à área da Palestina conhecida como Cisjordânia, separada da Faixa de Gaza. Em Gaza, região submetida ao controle do grupo terrorista Hamas, a situação é incomparavelmente mais dramática. Ehab Hassan chega a sintetizar: “A situação em Gaza é mil vezes pior do que em Ramala”. Restam em Gaza menos de mil cristãos.

Opressão política

Mesmo na Cisjordânia, a participação cristã na vida política é cada vez mais condicionada à sua adesão pública às diretrizes da maioria islâmica e anti-Israel. Ehab Hassan observa, na sua entrevista à Gazeta do Povo, que não é comum ouvir críticas de líderes cristãos locais às autoridades palestinas: “Você não pode criticar livremente a comunidade muçulmana ou as autoridades muçulmanas. Eles acusam Israel por tudo, mas nunca dizem nada sobre o Hamas”.

Cancelamento do Natal em Belém

Dadas as circustâncias, é difícil saber até que ponto a supressão das festividades natalinas na própria cidade em que nasceu Jesus não se deve ao medo de represálias locais. O que não é difícil constatar é que, sofrendo restrições à ação missionária, discriminação religiosa no cotidiano e opressão política sistemática, a tendência é que restem cada vez menos cristãos na Palestina para celebrar os Natais do futuro próximo.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Perseguidos em tempos recentíssimos

Os santos Pedro e Clemente, detalhe do mosaico absidal do século XII da Basílica de São Clemente, em Roma (30Giorni)

Arquivo 30Dias – 11/2011

Perseguidos em tempos recentíssimos

Primeira Carta de Clemente aos Coríntios, que fala das perseguições sofridas pelos cristãos “por inveja e ciúme”, foi redigida não muito tempo depois da morte de Nero, e, portanto, pouquíssimos anos após o martírio dos santos Pedro e Paulo, em Roma.

Um artigo do presidente emérito do Pontifício Comitê de Ciências Históricas

do cardeal Walter Brandmüller

Entre os testemunhos escritos da Igreja primitiva que chegaram até nós, a Primeira Carta de Clemente é o mais próximo cronologicamente dos textos neotestamentários. Não nos devemos surpreender, portanto, se há tempos chama particularmente a atenção dos estudiosos. Mas esse texto foi, e é, debatido em cada mínimo detalhe sobretudo porque a tradição católica vê nele o primeiríssimo testemunho extra-bíblico em favor do primado da Igreja romana no seio da cristandade. Sendo assim, a questão da data de composição se reveste de especial interesse. É geralmente aceito que a Primeira Carta de Clemente tenha sido composta no final do século I da era cristã. Partindo da referência à perseguição dos cristãos, hipnotiza-se, portanto, que pertença à época do imperador Domiciano, que reinou de 81 a 96.

No entanto, surgiram há algum tempo dúvidas sobre essa datação e estudos mais cuidadosos demonstraram que sob Domiciano não houve nenhuma perseguição aos cristãos.

Nos capítulos 3 a 5 da Carta, que é um apelo à unidade e ao amor no seio da Igreja, fala-se das funestas consequências do ciúme para a comunidade dos cristãos. O autor traz sobre isso uma série de exemplos extraídos do Antigo Testamento, para depois prosseguir: “Todavia, deixando os exemplos antigos, examinemos os atletas que viveram em tempos recentíssimos. [...] Foi por causa do ciúme e da inveja que as colunas mais altas e justas foram perseguidas e lutaram até a morte. Consideremos os bons apóstolos. Pedro, pela inveja injusta, suportou, não uma ou duas, mas muitas fadigas [...]. Diante da inveja e da discórdia, Paulo mostrou o prêmio reservado à perseverança. [...] Deixou o mundo e se foi para o lugar santo, como excelso modelo de perseverança”.

Logo depois, a Carta fala também dos mártires da perseguição realizada por Nero e lembra – como mais tarde faria também Tácito († 117) – a maneira como morreram, dizendo ainda de forma explícita que tudo isso aconteceu “entre nós” (em Roma) – •n ämîn – e, mais precisamente, ≤ggista, ou seja, “em tempos recentíssimos”.
Mas isso significa que a perseguição de Nero pertence à experiência direta do autor. A Carta não pode, portanto, ter sido escrita muito tempo depois da morte de Nero (68), uma vez que o ano do massacre de cristãos ainda é incerto (64/65).

A propósito disso, surge também a questão: na inveja e no ciúme de que fala Clemente, e dos quais os apóstolos Pedro e Paulo foram vítimas, devem ser reconhecidos os conflitos dentro da comunidade cristã de Roma? Os claros conflitos em torno de Marcião, Valentino e Cerdão são todos de uma geração depois.

É muito mais verossímil pensar nas tensões entre cristãos e judeus. Não deve de fato ser esquecido que naquelas décadas estava em pleno andamento a separação entre judeus e cristãos, uma situação mais que favorável a invejas e ciúmes.

Sabemos, além disso, por Flávio Josefo, que a esposa de Nero, Pompeia, era uma prosélita, ou seja, uma convertida ao judaísmo, e deve, portanto, ter tido estreitos laços com os ambientes judaicos de Roma.

Portanto, seria realmente impensável que na busca por bodes expiatórios para o incêndio da Roma neroniana tenha sido ela quem desviou a atenção para os cristãos, tão mal-vistos pelos judeus?

Seja como for, em todas essas abordagens interpretativas é necessário ter cautela, dada a ausência de provas seguras nas fontes.

Mas este é o momento de enfrentar a questão do autor. É evidente que o nosso texto – que se apresenta como um tratado em forma epistolar – não é obra de uma coletividade: dizer que a “Igreja de Deus que vive como estrangeira em Roma” escreve à Igreja de Corinto é apenas um expediente formal. Considera-se que quem a escreveu foi “Clemente”, nome que – pelo que sabemos – é citado pela primeira vez numa carta de resposta do bispo Dionísio de Corinto ao papa Sotero (166-174 c.). Escreve Dionísio: “Hoje celebramos o dia santo do Senhor e neste mesmo dia lemos a vossa carta, a qual, tal como o precedente escrito a nós enviado por Clemente, sempre leremos como admoestação”.

Se esse Clemente é nomeado ao lado do bispo de Roma Sotero e a sua carta é lida como a carta de um papa durante a liturgia, pode-se considerar que com esse Clemente se faça referência a um outro bispo de Roma. Como sugere também o Clemente Romano lembrado no Pastor de Hermas, escrito na primeira metade do século II, uma vez que pelo contexto deduzimos que esse Clemente era pessoa de alta autoridade.

Não devemos esquecer que até o século IV, então como no passado, a Carta de Clemente era de uso público em grande parte das Igrejas. No Egito e na Síria, de modo particular, era-lhe atribuída uma autoridade quase canônica.

O “muro dos grafitos”, com a abertura que dá acesso ao lóculo em que se conservam as relíquias de Pedro, necrópole sob a Basílica de São Pedro, Cidade do Vaticano [© Veneranda Fabbrica di San Pietro] | 30Giorni.

No Codex Alexandrinus, famoso manuscrito da Bíblia do século V hoje conservado em Londres, a Primeira Carta de Clemente aparece ao lado do Novo Testamento.

Ora, como dissemos, todos esses debates, ou melhor, controvérsias, têm um precedente: pode a Primeira Carta de Clemente ser considerada a primeira prova pós-bíblica em favor do primado do bispo de Roma como guia da Igreja universal? Há diferentes respostas, dependendo do diferente ponto de vista confessional.

Deveria estar claro o evidente anacronismo que representaria perguntarmo-nos se o primado de Roma, tal como formulado pelos dois Concílios Vaticanos, é testemunhado pela Primeira Carta de Clemente. É justo, porém, que nos perguntemos se nessa carta fica clara a responsabilidade da Ecclesia Romana sobre toda a Igreja.

Pensando nisso, convém em primeiro lugar dar uma olhada no motivo e no conteúdo da Carta. Por que, afinal, foi necessário escrevê-la?

Pelo texto, compreendemos que na comunidade de Corinto se verificara uma ruptura, uma vez que os jovens se haviam rebelado contra os presbíteros da comunidade e os haviam removido de seu posto.

A intervenção de Roma, nessa situação que ameaçava a vida da Igreja de Corinto, é um fato notável. Ignoramos totalmente se ocorreu em resposta a um pedido de ajuda dos chefes da Igreja destituídos ou se Roma tomou a iniciativa motu proprio. Para a nossa questão, no entanto, isso é totalmente irrelevante, pois, no primeiro caso, se foram os presbíteros que recorreram a Roma, isso significa que reconheciam sua autoridade e sua faculdade de tutelar seus direitos; no segundo, a intervenção de Roma testemunharia que a Ecclesia Romana exercia de modo óbvio a autoridade sobre toda a Igreja.

O fato parece ainda mais notável se considerarmos que na época do envio da Carta a Corinto – pouco importa se a data é anterior ou se deu só por volta do final do século I – ainda vivia, em Éfeso, um dos Doze, João. Afinal, por terra Corinto distava de Éfeso cerca de 1.300 quilômetros – menos da metade por mar –, enquanto, também por terra, Roma estava a 2.500 quilômetros. Deveria haver, portanto, um motivo para que não tenha sido o último dos Doze, mas o Bispo de Roma, a pessoa interpelada e que interveio nessa situação.

A suposição, portanto, de que se tenha recorrido ao Sucessor de Pedro como instância última poderia não ser de modo algum equivocada.

Fonte: https://www.30giorni.it/

NAZARENO: Em viagem para o recenseamento (Maria e José rumo a Belém) - (3)

Nazareno (Vatican Media)

Cap. 3 - Em viagem para o recenseamento (Maria e José rumo a Belém)

Um decreto emitido por César Augusto ordena que seja feito um recenseamento em toda a terra, então Maria e José partem para a Judeia, para chegar à cidade de Belém. É uma longa viagem que Maria faz no lombo de um jumento, pois são os últimos dias de sua gravidez. Todos estão na estrada, e todos se equipam da melhor maneira possível para dormir. José não encontra ninguém capaz de acolher ele e sua esposa. Não há um lugar isolado para eles. Ele tem que se contentar com uma pequena gruta usada como estábulo, escavada ao lado de uma casa. Ele tenta torná-la aconchegante, e é ali, em absoluto silêncio, que está prestes a ocorrer um milagre destinado a mudar para sempre o destino da nossa humanidade.

https://media.vaticannews.va/media/audio/s1/2023/07/19/11/137236402_F137236402.mp3

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

O Papa: o clima ameaça a Terra, vou à COP28 pedir para protegê-la

Papa Francisco durante o Angelus recitado na capela da Casa Santa Marta (VATICAN MEDIA Divisione Foto

Após o Angelus, Francisco falou de sua próxima viagem a Dubai para a cúpula sobre mudanças climáticas e saudou os jovens que celebram hoje a Jornada Mundial da Juventude em nível diocesano.

Alessandro De Carolis – Vatican News

Não são apenas os mísseis e os horríveis massacres contra as pessoas, inermes, os tanques que avançam e disparam nos enormes espaços da Ucrânia ou nas ruinas de um bairro em Gaza. Há "outro grande perigo", o clima, que ameaça o mundo, que exige máxima atenção e, acima de tudo, comprometimento. Isso é o que o Papa está se preparando para pedir aos líderes mundiais no próximo fim de semana, quando ele voará a Dubai para falar na COP28, a cúpula da ONU dedicada a esse tema.

Salvar a Casa comum

As mudanças climáticas “colocam em risco a vida na Terra, especialmente as gerações futuras”, reitera Francisco no pós Angelus, tomando emprestada a voz do chefe de escritório da Secretaria de Estado, monsenhor Paolo Braida, que o ajuda na leitura dos textos antes e depois da oração mariana, devido aos estado gripal que cansa o Papa: “portanto, no próximo fim de semana irei aos Emirados Árabes Unidos para falar no sábado, na COP28 em Dubai. Agradeço a todos aqueles que acompanharão nesta viagem com a oração e com o compromisso de levar a sério a proteção da nossa Casa comum”.

O abraço aos jovens da JMJ

Entre os pensamentos deste domingo não falta aquele para os jovens que celebram a 38ª Jornada Mundial da Juventude em todo o mundo, em nível das Igrejas particulares. O tema, recorda Francisco, é “Alegres na esperança”, em continuidade com a JMJ de Lisboa, e do Papa vai um “abraço aos jovens, presente e futuro do mundo” e um encorajamento “a serem alegres protagonistas da vida da Igreja”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF