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quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

NAZARENO: O encontro com o Maligno (as tentações no deserto) - (10)

Nazareno (Vatican Media)

Cap. 10 - O encontro com o Maligno (as tentações no deserto)

Depois de ser batizado, Jesus volta para o deserto e escolhe um lugar para rezar, com vista para o vale do Jordão. Ele sente as dores da fome, a garganta que queima pela falta de água, a imensa e silenciosa solidão do deserto. Muitos dias e noites se passam, e quanto mais suas forças lhe faltam, mais cresce seu abandono ao Pai. Na hora mais quente, ele vê um homem magro e comprido, com olhos penetrantes e perturbadores e lábios muito finos. Ele fala com ele como se o conhecesse a vida inteira. Jesus nunca responde, mesmo quando confrontado com a oferta de comida, e quando confrontado com a provocação, ele fala: "Também está escrito: Não porás à prova o Senhor teu Deus". Jesus o expulsa, e aquela criatura se torna uma fera ferida e gritante que se desfaz em nada. Após a luta com o Maligno, ele desaba suando sobre as pedras, os anjos sopram uma brisa para refrescá-lo, e é então que ele adormece.

https://media.vaticannews.va/media/audio/s1/2023/09/01/09/137285608_F137285608.mp3

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Papa: a missão não é um manual a ser aplicado, mas obra do Espírito Santo

Papa Francisco em Audiência Geral - 06/12/2023 (Vatican Media)

Na Audiência Geral desta quarta-feira (06/11), Francisco reafirmou que se sente "muito melhor", mas que sente dificuldades "quando fala demais". A reflexão, pronunciada por mons. Ciampanelli, foi dedicada à quarta dimensão do zelo apostólico: o Espírito Santo, protagonista do anúncio do Evangelho.

https://youtu.be/qpqhdOxEqcw

Thulio Fonseca - Vatican News

Francisco entrou caminhando na Sala Paulo VI enquanto os milhares de fiéis e peregrinos o saudavam. Ainda um pouco ofegante, o Papa deu início à Audiência Geral desta quarta-feira, 6 de dezembro, fazendo o sinal da cruz.

“Irmãs e irmãos, bom dia, bem-vindos a todos. Também hoje pedi ao monsenhor Ciampanelli para ler porque ainda estou com dificuldade. Estou muito melhor, mas tenho dificuldades se falo demais. É por isso que ele vai ler.”, foram as palavras introdutórias do Santo Padre, em seguida, Monsenhor Filippo Ciampanelli, colaborador da Secretaria de Estado, proferiu a catequese sobre a quarta dimensão do zelo apostólico, “o anúncio é movido pelo Espírito Santo”:

“Nas catequeses anteriores, vimos que o anúncio do Evangelho é alegria, é para todos e deve ser dirigido ao hoje. Descubramos agora uma última característica essencial: o anúncio deve realizar-se no Espírito Santo. Com efeito, para 'comunicar Deus' não bastam a alegre credibilidade do testemunho, a universalidade do anúncio e a atualidade da mensagem. Sem o Espírito Santo todo zelo é vão e falsamente apostólico: seria apenas nosso e não daria frutos”.

O Espírito Santo protagonista

No texto, o Papa recorda que, como escreveu na Evangelii gaudium, “Jesus é o primeiro e o maior evangelizador”; que “em qualquer forma de evangelização, o primado é sempre de Deus”, que “quis chamar-nos para cooperar com Ele e impelir-nos com a força do seu Espírito”. 

“O Espírito é o protagonista, sempre precede os missionários e faz brotar os frutos. Essa consciência nos consola muito! E ajuda-nos a esclarecer outra, igualmente decisiva: isto é, que no seu zelo apostólico a Igreja não anuncia si mesma, mas uma graça, um dom, e o Espírito Santo é precisamente o Dom de Deus”.

Segundo Francisco, a primazia do Espírito não deve levar-nos à indolência:

“O Senhor não nos deixou folhetos teológicos ou um manual de pastoral para aplicar, mas o Espírito Santo que inspira a missão. E a desenvoltura corajosa que o Espírito infunde leva-nos a imitar o seu estilo, que tem sempre duas características: a criatividade e a simplicidade.”

Criatividade pastoral

No texto lido por mons. Ciampanelli, o Papa destaca que a criatividade é necessária para anunciar Jesus com alegria, a todos e no hoje.

“Nesta nossa época, que não nos ajuda a ter uma visão religiosa da vida e em que o anúncio se tornou mais difícil, cansativo e aparentemente infrutífero em vários lugares, pode surgir a tentação de desistir do serviço pastoral. Talvez nos refugiemos em zonas de segurança, como na repetição habitual de coisas que sempre fazemos, ou nos apelos tentadores de uma espiritualidade íntima, ou mesmo num sentido incompreendido da centralidade da liturgia. São tentações que se disfarçam de fidelidade à tradição, mas muitas vezes, em vez de respostas ao Espírito, são reações às insatisfações pessoais.” 

“A criatividade pastoral, o ser ousados no Espírito, ardentes com o seu fogo missionário, é prova de fidelidade a Ele. Sempre que procuramos voltar à fonte e recuperar o frescor original do Evangelho, despontam novas estradas, métodos criativos, outras formas de expressão, sinais mais eloquentes, palavras cheias de renovado significado para o mundo atual.”

A simplicidade evangelizadora

A segunda característica que Francisco enfatiza é a simplicidade, “precisamente porque o Espírito nos leva à fonte, ao primeiro anúncio, que deve ocupar o centro da atividade evangelizadora e de toda a tentativa de renovação eclesial”.

“Irmãos e irmãs, deixemo-nos cativar pelo Espírito e invoquemo-lo todos os dias: seja Ele o princípio do nosso ser e do nosso agir; esteja no início de cada atividade, reunião, encontro e anúncio. Ele vivifica e rejuvenesce a Igreja: com Ele não devemos temer, porque Ele, que é a harmonia, mantém sempre juntas a criatividade e a simplicidade, inspira a comunhão e envia em missão, abre à diversidade e reconduz à unidade. Ele é a nossa força, o sopro do nosso anúncio, a fonte do zelo apostólico. Vinde, Espírito Santo!”

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Os progressistas, os conservadores… e o futuro da Igreja

Santa Missa de abertura do Sínodo dos Bispos 2023 no Vaticano
Antoine Mekary | ALETEIA

Por Francisco Borba Ribeiro Neto - publicado em 03/12/23

O futuro da Igreja provavelmente verá um crescimento, ao menos do ponto de vista demográfico, de seu lado “conservador”. Entenda:

Li recentemente, no New York Times, um texto de Ross Douthat, articulista católico daquele jornal, comentando as polêmicas entre “progressistas” e “conservadores” em torno do pontificado de Francisco. Referia-se, particularmente, à destituição do bispo Joseph Strickland, da diocese de Tyler, no Texas, uma atitude do Vaticano que desagradou aos “conservadores”; e à carta que a Santa Sé dirigiu ao Caminho Sinodal Alemão, reafirmando o magistério em relação à ordenação de mulheres e à homossexualidade, dessa vez desagradando aos “progressistas”.

Douthat vê, nesses dois gestos, uma preocupação do Papa em evitar que os extremismos de ambos os lados terminem por desgarrar parte do povo de Deus e, numa possibilidade mais radical, levar a um cisma. Não é uma discussão nova. Assim como São João Paulo II e Bento XVI eram acusados de pender mais para os conservadores, Francisco é acusado de pender mais para os progressistas. Quando se analisa as situações com cuidado, se percebe que o posicionamento dos papas – qualquer um desses três – não é sectário ou polarizado, se encontrando em suas mensagens tantos aspectos “progressistas” quanto “conservadores”.

Antes de continuar essa reflexão, é bom lembrar que tanto “progressista” quanto “conservador” são rótulos que não definem o magistério católico, nem deveriam servir para definir a posição dos católicos. A Igreja – e cada um de nós – deve ser progressista, mudando ou incentivando a mudança do que está errado, e conservadora, mantendo ou incentivando a manutenção do que está certo. Contudo, as polarizações, certas ou erradas, são um dado da realidade e não podemos fugir delas, principalmente se desejamos superá-las, buscando a verdadeira unidade em Cristo.

Quem está crescendo?

O aspecto mais interessante do artigo de Douthat é uma comparação entre a Igreja norte-americana e a alemã, as duas mais ricas e que mais contribuem financeiramente para o catolicismo mundial. A primeira tem cerca de 73 milhões de fiéis, a segunda, 21 milhões. Enquanto nos Estados Unidos existem mais de 3.000 seminaristas diocesanos, a Alemanha amarga uma gigantesca crise de vocações, com apenas 48 novos seminaristas em 2022. A título de comparação, o Brasil tem mais de 120 milhões de católicos (a maior população católica do mundo) e pouco mais de 5.000 seminaristas diocesanos.

A questão, aponta Douthat, é que os católicos norte-americanos são cada vez mais “conservadores” – e isso parece estar fortalecendo suas comunidades; enquanto, na Alemanha, existe um esforço evidente do Caminho Sinodal de mudanças “progressistas”, que copiariam práticas das igrejas protestantes. Mas, argumenta Douthat, é uma busca desesperada por uma solução que tende a só aumentar a crise.

Para completar o quadro, temos ainda os posicionamentos do Papa Francisco, frequentemente interpretados como “progressistas”…

A dinâmica das minorias

Ao longo do século XX, a Igreja Católica perdeu a hegemonia político-cultural que detinha nos países onde era majoritária. Isso não tem a ver só com uma perda de fiéis, mas – sobretudo – com a perda da capacidade de indicar seus valores como bons e desejáveis para as pessoas. Até pior, os valores defendidos pelo cristianismo frequentemente se tornaram uma espécie de “bodes expiatórios”, como se fossem os responsáveis por todas as mazelas da sociedade. Foi uma perda de capacidade de dialogar com o mundo e suas mudanças, um problema que vem de bem antes, e que só começou a ser enfrentado institucionalmente, com a devida firmeza, a partir do Concílio Vaticano II.

A questão é que os católicos, principalmente os jovens, passaram a sentir-se cada vez mais “cancelados” na sociedade …. Mas o cancelamento nem sempre tem o resultado esperado. Pode levar a uma perda da expressão social de um grupo, mas fortalece seus laços internos e suas convicções. Os cancelados precisam ser confirmados em suas práticas e em suas ideias – e nisto o discurso tido como “conservador” é muito mais eficaz. Por outro lado, um discurso vago e inseguro tende a afastar os cancelados, que preferem, nesse caso, aderir ao discurso hegemônico.

O Espírito corrige os que estão fortes

Não sei o que se passa na cabeça do Papa Francisco. Como todos os demais, procuro entender seus documentos e pronunciamentos. Indo além dessas fontes, não posso dizer o que ele pensa das polêmicas entre “progressistas” e “conservadores”. Contudo, esse quadro geral aponta para uma curiosa característica da Igreja.

Minha mãe, uma católica muito ortodoxa e fervorosa, dum tempo em que não se falava em polarizações na Igreja, me ensinava: quem nos ama, nos corrige. Nada do que é humano é perfeito e a correção, tanto a fraterna quanto aquela exercida pela autoridade eclesial, é necessária para que nos aproximemos cada vez mais de Deus. Por isso, a Igreja corrige seus filhos mais fortes e próximos a ela e se desvela em acolhimento para com os mais frágeis e mais distantes.

Num tempo que os poderosos procuram calar os católicos e censurar seus valores, em que tendemos a nos enrijecer e nos fecharmos em nossas convicções, o mais esperado deveria ser mesmo que o Espírito nos convidasse a abertura, ao perdão e ao diálogo. É o contrário do que pensa “o mundo”. Pensamos que a instituição eclesial e o próprio papa deveriam seguir as tendências ditadas pela história, para fortalecer os quadros católicos, como fariam as lideranças partidárias. Mas o Espírito quer a nossa santificação, não nossa força política. Quer conquistar os corações para Deus, não os indivíduos para os censos demográficos… Por isso, o caminho eclesial é de correção dos fortes e não de reafirmação de suas posições.

O futuro da Igreja provavelmente verá um crescimento, ao menos do ponto de vista demográfico, de seu lado “conservador” – mas, justamente por isso, esse é um tempo em que nosso conservadorismo precisa ser continuamente corrigido, para que encontremos a Deus, não para que sirvamos a esse ou aquele projeto de poder.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Festa da Imaculada, o Papa doará a Rosa de Ouro para a Salus Populi Romani

O Papa Francisco em oração diante da Salus Populi Romani (Vatican Media)

Símbolo da bênção papal, será entregue por Francisco ao ícone mariano conservado na Basílica papal de Santa Maria Maior, na tarde de 8 de dezembro. Um gesto histórico que não se repete há 400 anos.

Vatican News

O Ato de veneração à estátua da Imaculada Conceição na Praça de Espanha, centro de Roma, que o Papa realizará às 16h do próximo dia 8 de dezembro, terá uma pequena cerimônia meia hora antes na Basílica papal de Santa Maria Maior, à qual Francisco chegará para a tradicional visita com a finalidade levar a homenagem da "Rosa de Ouro" ao ícone da Salus Populi Romani.

Um presente antigo

A Rosa de Ouro tem raízes antigas, simbolizando a bênção papal, e a tradição desse presente remonta à Idade Média. Ao longo dos séculos, ela foi dada a mosteiros, santuários, soberanos e personalidades proeminentes em reconhecimento ao seu compromisso com a fé e o bem comum. Com o presente da Rosa para a Salus, "o Papa Francisco - diz uma nota da basílica mariana - enfatiza a importância espiritual e o profundo significado que esse ícone tem na vida da Igreja Católica, pois é também o mais antigo santuário mariano do Ocidente dedicado à Mãe de Deus".

Os dois precedentes

A Rosa a ser doada pelo Papa não é a única atribuída à Salus. A primeira foi doada em 1551 pelo Papa Júlio III, que era profundamente devoto do ícone mariano mantido na Basílica e onde, no altar do Presépio, ele celebrou sua primeira Missa. Em 1613, o Papa Paulo V doou a Rosa de Ouro por ocasião do traslado do venerado ícone para a nova capela construída para esse fim. A Basílica não conserva nenhum vestígio das duas Rosas de Ouro doadas pelos dois Pontífices, que provavelmente se perderam com a invasão napoleônica do Estado Pontifício (Tratado de Tolentino, 1797). Portanto, após 400 anos, continua a nota, "o Pontífice quis dar um sinal tangível de sua devoção ao venerado ícone, fortalecendo o vínculo milenar entre a Igreja Católica e a cidade de Roma".

"Gesto histórico"

Ao receber a notícia dessa homenagem, o comissário extraordinário da basílica, dom Rolandas Makrickas, expressou sua alegria, dizendo: "O presente da Rosa de Ouro é um gesto histórico que expressa visivelmente o profundo vínculo do Papa Francisco com a Mãe de Deus, que é venerada neste santuário sob o título de Salus Populi Romani. O povo de Deus poderá será fortalecido ainda mais em seu vínculo espiritual e devocional com a Santíssima Virgem Maria. À Salus pedimos o dom da paz para o mundo inteiro".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

O Verbo abreviado

Presépio montado na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, Roma (30Giorni)

Arquivo 30Dias – 12/2006

O Verbo abreviado

Os trechos a seguir foram extraídos de: Henri de Lubac, Esegesi medievale. I quattro sensi della Scrittura (vol. III, Milão, Jaca Book, 1996)

de Henri de Lubac

Em Jesus Cristo, que era seu fim, a Lei antiga encontrava anteriormente a sua unidade. Século após século, tudo nessa Lei convergia para Ele. É Ele que, da “totalidade das Escrituras”, formava já “a única Palavra de Deus”. [...]

N’Ele, os “verba multa” (as muitas palavras) dos escritores bíblicos se tornam para sempre “Verbum unum” (a única Palavra). Sem Ele, no entanto, o laço se desfaz: de novo a palavra de Deus se reduz a fragmentos de “palavras humanas”; palavras múltiplas, não apenas numerosas, mas múltiplas por essência e sem unidade possível, pois, como constata Hugo de São Vítor, “multi sunt sermones hominis, quia cor hominis unum non est” (numerosas são as palavras do homem, pois o coração do homem não é uno). [...]

Eis então esse Verbo único. Ei-lo entre nós, “descido de Sion”, tendo tomado carne no seio da Virgem. “Omnem Scripturae universitatem, omne verbum suum Deus in utero virginis coadunavit” (todo o conjunto das Escrituras, cada palavra sua, Deus o reuniu no seio da Virgem). [...]

Ei-lo agora, total, único, na sua unidade visível. Verbo abreviado, Verbo “concentrado”, não apenas neste primeiro sentido, de que Aquele que é em si mesmo imenso e incompreensível, Aquele que é infinito no seio do Pai se encerra no seio da Virgem ou se reduz às proporções de uma criança no estábulo de Belém, como São Bernardo e seus filhos gostavam de falar dele, como repetiam M. Olier, num hino para o Ofício, a respeito da vida interior de Maria, e, ainda ontem, padre Teilhard de Chardin; mas também e ao mesmo tempo, neste sentido, de que o conteúdo múltiplo das Escrituras espalhadas ao longo dos séculos de espera vem a concentrar-se todo inteiro para se cumprir, ou seja, para se unificar, se completar, se iluminar e se transcender nEle. “Semel locutus est Deus” (Deus pronunciou uma só palavra): Deus pronuncia uma só palavra, não apenas em si mesmo, em sua eternidade sem vicissitudes, no ato imóvel com o qual gera o Verbo, como Santo Agostinho recordava; mas também, como já Santo Ambrósio ensinava, no tempo e entre os homens, no ato com o qual ele envia o seu Verbo a habitar na nossa terra. “Semel locutus est Deus, quando locutus in Filio est” (Deus pronunciou uma só palavra, quando falou no seu Filho): pois é Ele que dá o sentido a todas as palavras que o anunciavam, tudo se explica nEle e somente nEle; “et audita sunt etiam illa quae ante audita non erant ab lis quibus locutus fuerat per prophetas” (e se entenderam então também todas aquelas palavras que não haviam sido entendidas antes por aqueles aos quais Ele havia falado por meio dos profetas). [...]

Sim, Verbo abreviado, “abreviadíssimo”, “brevissimum”, mas substancial por excelência. Verbo abreviado, mas maior do que aquilo que abrevia. Unidade de plenitude. Concentração de luz. A encarnação do Verbo equivale à abertura do Livro, cuja multiplicidade exterior deixa perceber desde já o “miolo” único, esse miolo do qual os fiéis se alimentarão. Eis que com o fiat (aconteça) de Maria que responde ao anúncio do anjo, a Palavra, até aqui apenas “audível aos ouvidos”, se tornou “visível aos olhos, palpável às mãos, carregável às costas”. Mais ainda: ela se tornou “comestível”. Nada das verdades antigas, nem dos antigos preceitos, foi perdido, mas tudo passou para um estado melhor. Todas as Escrituras se reúnem nas mãos de Jesus como o pão eucarístico, e, carregando-as, ele carrega a si mesmo em suas mãos: “toda a Bíblia em substância, a fim de que nós façamos dela um só punhado de comida...”. “Mais de uma vez e sob várias formas” Deus distribuiu aos homens, folha após folha, um livro escrito, no qual uma Palavra única estava escondida sob numerosas palavras; hoje ele abre a eles esse livro, para mostrar-lhes todas essas palavras reunidas na Palavra única. “Filius incarnatus, Verbum incarnatum, Liber maximus” (Filho encarnado, Verbo encarnado, Livro por excelência): o pergaminho do Livro agora é Sua carne; o que nele está escrito é a Sua divindade. [...]

Toda a essência da revelação está contida no preceito do amor; nessa única palavra, “toda a Lei e os Profetas”. Mas esse Evangelho, anunciado por Jesus, essa palavra pronunciada por Ele, se contém tudo, é porque nada mais é que Jesus mesmo. A sua obra, a sua doutrina, a sua revelação: é Ele! A perfeição que ele ensina é a perfeição que ele traz. “Christus, plenitudo legis” (Cristo, plenitude da lei). É impossível separar a Sua mensagem da Sua pessoa, e aqueles que tentaram isso não tardaram muito a ser induzidos a trair a própria mensagem; pessoa e mensagem, enfim, não fazem senão uma coisa só. “Verbum abbreviatum, Verbum coadunatum”: Verbo condensado, unificado, perfeito! Verbo vivo e vivificante. Contrariamente às leis da linguagem humana, que se torna clara quando é explicada, ele, de obscuro, se torna manifesto apresentando-se sob sua forma abreviada: Verbo pronunciado antes “in abscondito” (ocultamente), e agora “manifestum in carne” (manifesto na carne). Verbo abreviado, Verbo sempre inefável em si mesmo, e que todavia explica tudo! [...]

As duas formas do Verbo abreviado e dilatado são inseparáveis. O Livro, portanto, continua, mas ao mesmo tempo passa todo inteiro para Jesus, e, para o crente, a sua meditação consiste em contemplar essa passagem. Mani e Maomé escreveram livros. Jesus, por sua vez, não escreveu nada; Moisés e os outros profetas “escreveram dele”. A relação entre o Livro e a sua Pessoa é portanto o oposto da relação que se observa em outros casos. Assim, a Lei evangélica não é de forma alguma uma “lex scripta” (lei escrita). O cristianismo, propriamente falando, não é de forma alguma uma “religião do Livro”: é a religião da Palavra – mas não unicamente nem principalmente da Palavra sob a sua forma escrita. É a religião do Verbo, “não de um verbo escrito e mudo, mas de um Verbo encarnado e vivo”. A Palavra de Deus hoje está aqui entre nós, “de maneira tal que a vemos e tocamos”: Palavra “viva e eficaz”, única e pessoal, que unifica e sublima todas as palavras que dão testemunho dela. O cristianismo não é “a religião bíblica”: é a religião de Jesus Cristo.

Fonte: https://www.30giorni.it/

São Sabas

São Sabas (Aleteia)

05 de dezembro

São Sabas

Origens

Sabas nasceu no vilarejo de Mutalasca, vizinho da cidade de Cesaréia de Capadócia, no ano 439. Sua infância foi difícil. Por causa de uma disputa por herança entre seus parentes, ele foi em busca de ajuda num mosteiro. Lá, foi muito bem acolhido, embora fosse ainda criança. Ficou e tornou-se monge. E, apesar de ter adquirido pouca instrução formal, tornou-se um grande sábio nos assuntos espirituais e na doutrina cristã.

Muitas realizações

Desde que se tornou monge, São Sabas passou sua longa existência entre os vários mosteiros que existiam na Palestina. Viveu a vida monástica comunitária; depois, experimentou a vida solitária do mosteiro dos anacoretas. Esse tipo de vida, aliás, foi a sua preferida, pois gostava da vida de solidão desses monges.  Além dessas experiências em vários mosteiros, São Sabas partilhou os bens que herdou da família entre os cristãos mais pobres e, também, entre os doentes. Trabalhou pela conversão de seus irmãos até conseguir. Ajudou também os cristãos que eram perseguidos em sua terra. Foi sempre praticante da caridade e, também, valente ao defender o direito e ajustiça.

Perseguição

Na época de São Sabas, os cristãos eram perseguidos. Havia, inclusive, um decreto afirmando que os cristãos deveriam comer a carne de animais oferecidos aos deuses pagãos para serem poupados. Muitos cristãos enganavam os guardas, dando carne comum a seus familiares, e não as carnes sacrificadas. Assim, salvavam seus entes queridos do martírio. São Sabas, porém, recusou-se a endossar essa mentira. Chegou a protestar publicamente contra essa prática.

Fundador

São Sabas fundou uma enorme comunidade de anacoretas, ou seja, monges solitários, no vale de Cedron, que fica na Palestina. A comunidade recebeu o nome de "grande Laura". A obra começou espontaneamente. Alguns eremitas começaram a ocupar cavernas ao redor daquela na qual São Sabas vivia isolado, na companhia dos animais. Aos poucos, construíram um oratório. Mais monges chegaram e nasceu o que se transformou no Mosteiro de São Sabas.

Milagres e prodígios

São Sabas tornou-se famoso por causa de milagres e prodígios que se realizavam através de suas orações. Certa vez, uma grande seca foi interrompida por suas orações. Ele também ficou famoso por causa da grande sabedoria que alcançara sobre a doutrina de Cristo. Esses dois dons de São Sabas fizeram a comunidade recém fundada crescer bastante. São Sabas, então, passou a ocupar uma posição de grande liderança entre os cristãos e o clero.

Pregação e perigo

São Sabas era, também, um grande pregador do Evangelho. Suas pregações inspiradas levavam à conversão um grande número de pagãos. Tanto, que ele passou a incomodar as autoridades romanas. E as perseguições aumentaram e pioraram. Mas ele não se intimidou. Chegou a interpelar o imperador romano, na cidade de Constantinopla, contra os impostos e em favor dos pobres. Além disso, ele chegou a organizar e a liderar um verdadeiro exército de monges, com o objetivo de dar apoio ao Papa e combater a heresia conhecida como monofisismo, que afirmava que Jesus Cristo tinha somente a natureza divina, negando sua natureza humana.

Morte

São Sabas faleceu no dia 5 de dezembro do ano 532, em israel. Tinha noventa e três anos. Ele passou a ser considerado como um dos mais importantes organizadores do da vida monástica na Palestina. A festa em sua honra passou a ser celebrada no dia de seu falecimento. Ele passou a ser conhecido como “Pérola do Oriente", por causa de sua grande sabedoria e influência. No mosteiro que ele fundou, São João Damaceno viveu dois séculos depois.

Oração a São Sabas

“Senhor nosso Deus, concedei-nos, por intercessão de São Sabas, a graça de uma maior compreensão dos bens espirituais. Desejo cultivar o hábito de tudo em minha vida a Vós oferecer. Nos pequenos e nos grandes projetos, que saiba calar-me e ouvir-Vos em meu coração. Amém. São Sabas, rogai por nós.”

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

CATEQUESE: O amor de Deus no mundo

O amor de Deus no mundo (Cléofas)

O amor de Deus no mundo

 POR PROF. FELIPE AQUINO

Jesus veio ao mundo para salvá-lo. Depois de cumprir até o fim a sua missão, passando pela morte e ressurreição, deixou a Igreja para continuar a obra da salvação de cada pessoa. Para isto, enviou os Apóstolos: “Ide a todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). Esta é, portanto, a missão da Igreja e, também, de cada um de nós que recebeu o santo Batismo.

Cada cristão deve ser, como diziam os Padres da Igreja, “alter Christus” (um outro Cristo) que vai pelo mundo propagando o Evangelho, com a vida e com as palavras. Em cada cristão, consciente disso, Cristo continua a Sua missão salvífica. Assim, Ele nos deu a honra e a glória de o ajudarmos a construir o Seu Reino, que também é nosso. Desfrutará das delícias desse Reino eterno, todo aquele que tiver trabalhado para construí-lo.

Antes de Jesus partir para a Casa do Pai, Ele rezou profundamente pelos seus. É a oração sacerdotal de Jesus, que São João teve a felicidade de captar, naquela noite amarga em que o Senhor foi traído por Judas, negado por Pedro e abandonado pelos apóstolos. Antes de sofrer a Paixão, e enfrentar a morte, ele recomendou-nos ao Pai:

“Não peço que os tires do mundo, mas que os livre do mal. Eles não são do mundo, como eu não sou do mundo” (Jo 17,15-16).

Não somos do mundo, não pertencemos a este mundo, mas Jesus nos quer vivendo nele, para levá-lo a Deus.

Jesus precisa do cristão na sociedade, para ser “a luz do mundo e o sal da terra” (Mt 5,13-14). Sem os cristãos, o mundo não tem luz e não tem saúde moral e espiritual.

Diante de tantas profanações da pessoa humana, diante de tanta corrupção, diante de tanto roubo, de tanto crime, de tanta prostituição e pornografia, enfim, diante de tantas trevas, não é difícil de se concluir que a luz de Cristo ainda brilha muito pouco, mesmo numa civilização que se diz cristã. Por isso tudo, é urgente evangelizar; é urgente acender a luz de Cristo, no mundo do trabalho, no mundo da ciência, no mundo da economia, no mundo das leis, no mundo do comércio…

E esta é exatamente a missão que o Senhor confiou a cada um de nós leigos, que vivemos no mundo.

O documento do Concilio Vaticano II, sobre os leigos, Apostolicam Actuositatem, conclama-nos a abraçar a missão de iluminar o mundo com a luz de Cristo:

“Nosso tempo exige dos leigos um zelo não menor pois as circunstâncias atuais reclamam deles um apostolado mais intenso e mais amplo” (AA,1).

“Faz-se porém mister que os leigos assumam a renovação da ordem temporal como sua função própria” (AA,7).

O santo Concilio, iluminado pelo Espírito, deixou claro a nossa missão: consagrar o mundo em que vivemos a Deus. Estabelecer nele as Suas leis, construir nele o Seu Reino. E nesta imensa tarefa, ninguém está dispensado. Alguém já disse que no Reino de Deus não há desempregados e nem aposentados. Todos são indispensáveis. Cada um recebeu dons próprios que os outros não receberam; é mister colocar esses dons a serviço da construção do Reino de Cristo para a glória do Pai e a salvação dos irmãos.

A mola propulsora de todo este trabalho há de ser sempre o amor a Deus e aos irmãos. Deus nos deu tudo: a vida, o ser, o mundo material com todas as suas belezas e riquezas, e nos deu o Seu Filho Único para sofrer e morrer pela nossa salvação. O que mais poderíamos pedir a Deus? Nada. Resta-nos agradecer. Mas não apenas com palavras e orações, mas com o comprometimento de toda a nossa existência no Seu projeto de reunir de novo todos os homens em Jesus Cristo, pela Igreja.

Cristo veio a nós e deu-nos a maior prova de amor que alguém poderia dar – deu a Sua vida – a fim de que pudéssemos voltar para a Casa do Pai, onde a felicidade é eterna. E Ele precisa agora de cada um para salvar a todos. Então, o nosso agradecimento será realizado se lhe entregarmos o coração e as mãos.

Jesus ama loucamente cada uma das suas criaturas humanas, pois cada uma delas é única, irrepetível, criada à sua imagem e semelhança. Por isso Ele não quer perder nenhuma de suas ovelhas, por mais fraca que seja. Ele garantiu que há mais alegria no céu por um único pecador que se converta; mais até por causa de noventa e nove justos que já fazem penitência (Lc 15). Veja como Ele ama cada um com um amor eterno!

Cada um de nós aqui na terra, pode fazer acontecer uma festa entre os anjos de Deus lá no céu, toda vez que convertemos um pecador do seu mal caminho. Esta é uma grande prova de amor a Deus. Não importa que você não possa converter a muitos; mas Deus espera que você converta para Ele aquele que está ao alcance do seu braço; aquele que é o seu próximo mais próximo.

Comece amando-o, gratuitamente. Não diga a ele logo: “Deus te ama”, pois ele pode não acreditar. Diga-lhe primeiro: “eu te amo”; e prove isto com os seus atos. Só depois, você vai dizer-lhe: “Deus te ama”; aí, então, ele vai acreditar, e vai querer conhecer o seu Deus. O amor é o combustível da evangelização. Ninguém pode evangelizar se não for movido pelo amor; amor a Deus e amor aos filhos de Deus.

A única recompensa que deve esperar aquele que abraçou esta missão, é a alegria de agradar ao seu Deus e ter o seu nome escrito no céu. Se buscarmos outra recompensa que não seja esta, perdemos todo o mérito diante de Deus. “Já receberam a sua recompensa” (Mt 6,2.5.16).

Cada um de nós deve se apropriar daquela palavra do Apóstolos:

“Anunciar o Evangelho não é glória para mim; é uma obrigação que se me impõe. Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho! Se o fizesse da minha iniciativa, mereceria recompensa. Se o faço independentemente de minha vontade, é uma obrigação que se me impõe” (1 Cor 9,16-18).

Quando Deus chamou o profeta Jeremias para revelar sua dura palavra aos hebreus que já não obedeciam às Suas leis, o profeta teme medo, e viu-se como se fosse uma criança despreparada para a missão. Mas o Senhor não pensava assim.

“Ah! Senhor Javé, eu nem sei falar, pois que sou como uma criança”.

Replicou porém o Senhor:

Não digas: “Sou apenas uma criança; porquanto irás procurar todos aqueles aos quais te enviar, e a eles dirás o que Eu ordenar. Não os deves temer porque estarei contigo para livrar-te – oráculo do Senhor” (Jer 1, 4-8).

Quando o Senhor nos envia em seu Nome, seja ao próximo mais próximo, seja aos confins da terra, Ele nos dá a Sua graça; e, mais ainda, a Sua própria Presença.

“Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28,20).

Não tenhamos, portanto, nem medo e nem desânimo, pois a obra é Dele, e a batalha lhe pertence, somos apenas os seus comandados.

Prof. Felipe Aquino

Fonte: https://cleofas.com.br/

O Ano Litúrgico B: caminhemos na estrada de São Marcos!

O Ano Litúrgico B: O ano de Marcos (A12)

O ANO LITÚRGICO B: CAMINHEMOS NA ESTRADA DE SÃO MARCOS!

Dom Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR) 

Queridos irmãos e irmãs em Cristo, 

Neste tempo litúrgico “B”, mergulhamos nas páginas do Evangelho segundo Marcos, um evangelho que nos conduz a refletir profundamente sobre a vida e os ensinamentos de Jesus Cristo. Nele, encontramos uma abordagem direta e dinâmica dos eventos e ensinamentos do Salvador. 

O Evangelho de Marcos nos apresenta Jesus Cristo como o servo sofredor, aquele que veio não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos. É um convite a olharmos para o exemplo de humildade, amor e serviço que Jesus nos deixou. 

Ao longo desse tempo litúrgico, somos convidados a refletir sobre a urgência da mensagem de Cristo. Marcos nos mostra um Jesus em constante movimento, realizando milagres, curas e ensinando multidões. Ele nos desafia a não perdermos tempo quando se trata de acolher o Reino de Deus em nossas vidas. 

O tempo litúrgico “B” nos lembra da importância da fé e da confiança em Deus. Vemos em Marcos a necessidade de aprofundar nossa relação pessoal com Cristo, de nos aproximarmos D’Ele com um coração aberto e sincero. 

Uma das características marcantes desse Evangelho é a constante pergunta de Jesus aos discípulos: “Quem dizeis que eu sou?” Esta questão permanece atual em nossas vidas, convidando-nos a renovar nossa fé e aprofundar nosso conhecimento sobre o próprio Cristo. 

O Evangelho de Marcos também nos desafia a assumir uma postura de conversão. Ele nos convida a abandonar tudo aquilo que nos afasta de Deus e a nos voltarmos para Ele de todo o coração. Nosso tempo de reflexão e arrependimento é sempre oportuno diante da misericórdia infinita do Senhor. 

Que neste tempo litúrgico “B”, possamos nos comprometer mais com o Evangelho, buscando vivê-lo em nossa realidade diária. Que possamos seguir os passos de Jesus, sendo testemunhas do Seu amor e misericórdia em um mundo que tanto necessita. 

Que a Palavra de Deus proclamada neste tempo litúrgico nos inspire, nos console e nos desafie a crescer em nossa fé e compromisso com o Reino de Deus. 

Que a graça de Deus, manifestada em Cristo Jesus, esteja conosco durante este tempo litúrgico, fortalecendo-nos na jornada da fé. 

Que assim seja. Amém.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Oração: elevação da alma a Deus

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Por Vanderlei de Lima - publicado em 12/03/23

Os santos, sem exceção, seguiram estes ensinamentos a respeito do sublime valor da oração:

Dentre as diversas definições de oração, uma muito precisa é a de São João Damasceno († 749), Padre da Igreja grega, citada no Catecismo da Igreja Católica n. 2259, que diz: “A oração é a elevação da alma a Deus ou o pedido a Deus dos bens convenientes”.

Todos os seres criados, cada um a seu modo, louvam a Deus ou Lhe dão glória. Os minerais, os vegetais e os animais irracionais pelo fato de serem frutos da sabedoria divina proclamam a grandeza do Criador pela simples razão de existirem. Já os seres humanos espelham a grandeza de Deus de maneira consciente e explícita (ajoelham-se, falam, cantam etc.).

Essas razões de louvores presentes, naturalmente, nos homens e mulheres em geral devem estar muito mais impregnadas nos cristãos, pois pelo Batismo nos tornamos filhos de Deus por Jesus Cristo, na Igreja, e por isso nos dirigimos, filialmente, ao Senhor como a um pai amoroso (cf. Gl 4,4-6; Rm 8,15).

Dirigimo-nos para pedir a Deus a força, que só a oração pode dar, de sermos bons cristãos. Afinal, sem Deus nada podemos fazer (cf. Jo 15,5), pois nossa força vem d’Ele (cf. 2Cor 3,5) e é n’Ele que está o nosso querer e agir, ou seja, a nossa vida (cf. Fl 2,13), uma vez que com Ele tudo podemos (cf. Fl 4,14).

Os santos, sem exceção, seguiram esses ensinamentos a respeito do sublime valor da oração. Santo Afonso Maria de Ligório (†1787), fundador da Congregação do Santíssimo Redentor, os Redentoristas, por exemplo, ensina: “Todos os santos se santificaram por meio da oração; todos os condenados se perderam por não terem rezado; se o tivessem feito, com persistência, ter-se-iam salvado”.

Toda oração deve ser feita em Cristo que vive em nós (cf. Gl 2,20) e na Igreja, Corpo Místico do mesmo Cristo prolongado na história (cf. Cl 1,24; 1Cor 12,12-21), a quem o cristão deve estar unido. Aquele que não pensa e não sente com a Mãe Igreja vai aos poucos se afastando de Deus para buscar sua salvação em cisternas furadas que não podem conter água (cf. Jr 2,13). Aqui importa notar que o fiel que se põe a rezar deve ter por meta as quatro atitudes abaixo elencadas.

1) Adoração que é o reconhecimento da absoluta soberania de Deus. Rezamos e adoramos porque Deus é Deus e merece o nosso reconhecimento, independentemente de tudo o mais. Essa adoração pode se dar por palavras, gestos (ajoelhar-se, prostrar-se por terra, erguer as mãos etc.) ou simplesmente no profundo silêncio interior.

2) Ação de graças é o agradecimento da criatura ao Criador pelos benefícios recebidos. É importante notar que não devemos agradecer somente as coisas que julgamos boas, mas, ao contrário, precisamos aprender a dar graças também pelas cruzes que nos vêm. Na vida, tudo concorre para o bem dos que amam o Senhor (cf. Rm 8,28).

3) Expiação é o pedido de perdão pelos nossos pecados e a reparação pelos pecados do mundo. Todos somos pecadores e precisamos da misericórdia do Pai. Aqui entra uma constatação importante: um(a) santo(a) não é alguém sem pecados, mas, sim, aquele(a) que se reconhece pecador(a) e sinceramente se arrepende.

4) Súplica é a apresentação das nossas necessidades espirituais e materiais ao Senhor enquanto somos peregrinos nesta terra. É lícito pedir coisas legítimas ao Senhor sempre sob a indiscutível condição de que seja feita a vontade d’Ele e não a nossa (cf. Mt 26,39), pois Deus nem sempre dá o que pedimos, mas, sim, o que nós mais precisamos naquele momento.

Como se vê as quatro formas de rezar se resumem a duas como no Pai-Nosso: primeiro, olhar para o Pai com gratidão e, segundo, voltar-se para as nossas misérias suplicando Sua poderosa ajuda.

Eis um importante meio para se santificar: a oração diária e constante.

Para aprofundamento: Catecismo da Igreja Católica n. 2558-2865.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF