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domingo, 10 de dezembro de 2023

São Melquíades

São Melquíades (A12)

10 de dezembro

São Melquíades

Nascido no norte da África, então pertencente ao Império Romano, Melquíades (ou Melcíades) fez parte do clero romano e foi eleito Papa em 310, época de perseguição aos cristãos por parte do imperador Maxêncio (Máximo).

Este foi derrotado por Constantino em 312, que teve uma visão antes da batalha decisiva e, reconhecendo o auxílio de Deus, promulgou em 313 o Edito de Milão, conferindo liberdade religiosa aos cristãos. Já então Melquíades havia sido torturado durante a perseguição, e por isso a Igreja o reconhece como mártir. Graças à paz com o governo civil, este Papa pôde reorganizar as paróquias romanas, reaver bens confiscados à Igreja, criar decretos disciplinares e litúrgicos, bem como iniciar a construção da primeira igreja em Roma, a Basílica Lateranense.

Seu curto pontificado de quatro anos teve que lidar, porém, com um inimigo interno, sempre mais prejudicial à Igreja do que as oposições externas. Em Cartago, na África, o prelado Donato pretendeu contestar as nomeações dos ministros de Deus, de modo fanático se substituindo à legítima autoridade da Igreja. A heresia donatista foi afastada com o auxílio de Constantino, mas continuou causando problemas durante todo aquele século.

São Melquíades faleceu em 11 de janeiro de 314, mas sua festa foi colocada neste dia.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Os maiores inimigos do Corpo Místico de Cristo, e das almas, são os que atuam no seu interior. De fato, as perseguições são inevitavelmente seguidas de abundantes conversões, e o sangue dos mártires, como já se disse, é semente de novos fiéis. Ao contrário, cismas e heresias afastam inúmeras almas de Deus, com o perigo muito objetivo de que estas se condenem ao inferno. Os pecados que cometemos, e que ofendem a Deus e Dele nos separam, só acontecem porque, interiormente, acabamos por ceder às tentações: se heroicamente resistirmos (sempre e apenas) com o auxílio de Deus, não pecaremos, como por exemplo São Bento que, diante da tentação sensual, atirou-se nu em meio às urtigas.

Oração:

Ó Deus clemente, que conheceis as nossas fraquezas e a necessidade que temos da Vossa graça para perseverar nas virtudes, concedei-nos por intercessão de São Melquíades a fortaleza no combate aos nossos inimigos internos, que insidiosamente nos querem afastar do Bem e Vos levar a de novo sofrer os martírios da Paixão. Por intercessão de Nossa Senhora, Vossa Mãe e nossa protetora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

sábado, 9 de dezembro de 2023

Como eu consegui fazer meus filhos dormirem a noite inteira

© Ramona Heim/Shutterstock

Por Ricardo Sanches - publicado em 22/05/19

Sim, a rotina foi fundamental! Mas outros segredinhos fizeram a diferença.

Ver os filhos dormindo uma noite inteira – ou pelo menos oito horas seguidas – é um sonho para muitos papais e muitas mamães. Talvez o sono (ou a falta dele) seja um dos grandes desafios da maternidade. Todos queremos que nossos filhos durmam bem para que também possamos descansar e estarmos prontos para darmos o melhor de nós a eles durante o dia.

Costumo dizer que aqui em casa somos abençoados: nossos dois filhos são extremamente dorminhocos. O mais velho, de 11 anos, dorme a noite inteira desde o dia em que completou três meses de vida. O mais novo, que está com um ano e quatro meses, seguiu o mesmo caminho. Só mesmo quando ele está doentinho ou quando aponta um dente é que ele perde o sono durante a madrugada. Durante o dia, o danado também tira duas belas sonecas de mais ou menos uma hora cada – um alívio para a nossa ajudante, que aproveita para fazer a comida dele e cuidar das roupas do garotão.

Mas qual é o segredo de tamanha façanha? Essa é a pergunta que sempre ouvimos de nossos amigos e familiares. E o que posso dizer é que estou longe de ser um especialista na área, mas acredito que a genética tenha grande responsabilidade sobre isso!

Brincadeiras à parte, penso que a maneira como os criamos e os acostumamos a identificar e aceitar a hora de dormir também contribuem – e muito para uma boa noitada de sono.

Não há uma receita de bolo, um manual de instruções ou um modo de fazer as crianças dormirem. Cada uma tem a sua particularidade, cada família cria de um jeito e não há um melhor do que o outro. Além disso, existem fatores biológicos que devem ser levados em conta.

Porém, para os pais que estão desesperados e precisam urgentemente de uma boa noite de sono, as dicas podem ser valiosas – foi assim comigo e espero que a minha experiência possa ajudá-los. Por isso, compartilho com vocês quatro simples conselhos que deram certo aqui em casa:

1.Rotina

Ok, você já leu em 3.689 revistas e sites que estabelecer uma rotina é fundamental para que o bebê crie o hábito de dormir bem. Sim, não há nada de novidade nisso e, sim, rotina funciona! O bebê precisa de um mínimo de organização do tempo e de atividades para começar a “entender” o que ele deve fazer a cada momento do dia. Portanto, estabeleça horários para as mamadas, para os banhos, para os passeios, as brincadeiras, as refeições e, claro, para o sono. No começo não é fácil, mas os pequenos vão se acostumar e, assim, passam a funcionar como um lindo relógio suíço. Mas cuidado: quando você quebrar a rotina, eles vão sentir.

Aqui em casa, por exemplo, nosso bebê tem hora para tudo. Quando são oito da noite, ele já observa nossa ritual para o sono: arrumar a cama, vestir pijama, fazer a mamadeira e deitar. Às vezes, atrasamos um pouco e ele, de tão acostumado, passa a pedir o “mamá” e já vai direto para o quarto. Depois de rolar na cama durante meia hora, ele pega no sono profundamente. E vai assim até as seis da manhã;

2. A hora de dormir deve ser prazerosa

Não faça seu filho perceber que a hora do sono pode ser um suplício. Tente encontrar uma atividade relaxante para tornar ainda mais especial o momento de ir para a cama. Sugestões: inclua na rotina das crianças um banho e um leitinho quente à noite. Não faça brincadeiras que provoquem gargalhas. Eletrônicos, então, nem pensar! Depois, deite-se com elas, leia um pouco ou conte histórias.

A sua companhia nesse momento, vai deixar seus filhos mais seguros, menos ansiosos e preparados para um sono contínuo. Mas atenção: você também precisa aproveitar o momento. Então, tente não ficar ansioso(a) nem impaciente. Relaxe, pois o bebê vai perceber isso (e talvez queira fazer o mesmo);

3. Rezar é fundamental

Aqui em casa, a hora de dormir também é sinônimo de hora de rezar. O mais velho até hoje pede para orarmos com ele na cama. Sua oração favorita é o “Santo Anjo”. O mais novo já está até aprendendo a fazer o sinal da cruz.

Não é preciso rezar orações longas, que vão roubar a paciência dos pequenos. Aqui na Aleteia, há um artigo com várias orações para fazer com as crianças. Clique aqui e escolha algumas. A minha dica é: vá alternando entre uma e outra a cada noite.

4. Parceria entre o papai e mamãe

Fazer uma criança dormir não deve ser uma tarefa específica da mãe ou do pai. Aqui, geralmente, minha esposa e eu deitamos juntos com o nosso pequeno. Se eu não estou ou ela não pode, um de nós assume a tarefa sem problemas. E o nosso príncipe também não sofre com isso

Enfim, crie hábitos e incentive os pequenos a dormirem de forma tranquila e prazerosa. Esteja você também tranquila(o) e segura(o) para passar esses sentimentos aos filhos. Aos poucos, eles certamente estarão prontos para uma bela noite de sono e sem ficar acordando de hora em hora durante a madrugada. Quer bênção maior do que essa?

Fonte: https://pt.aleteia.org/

A salvação se comunica por contato vital

A cura da hemorroíssa, catacumbas dos Santos Marcelino e Pedro, Roma (Giorni)

Arquivo de 30Dias - 12/2009

A salvação se comunica por contato vital

de Paolo Mattei

Em 19 de dezembro passado, o papa Bento XVI assinou o decreto de aprovação das virtudes heróicas de seu predecessor Pio XII. Esse fato chama imediatamente a atenção para a defesa da doutrina da fé feita pelo “Pastor Angelicus” durante seu pontificado, em particular em suas encíclicas de conteúdo dogmático.

O artigo de Ignace de la Potterie S.J. (extraído de 30Dias, n° 1 - 1997) republicado nestas páginas – que descreve a forma como a graça da salvação de Jesus Cristo se comunica aos homens – pode ser encarado como um comentário a uma passagem importante de uma dessas encíclicas de Pio XII, a Mediator Dei: “Esse resgate, porém, não teve logo o seu pleno efeito: é necessário que, depois de haver resgatado o mundo com o elevadíssimo preço de si mesmo, Cristo entre na real e efetiva posse das almas. Consequentemente, a fim de que, com o beneplácito de Deus, se cumpra para todos os indivíduos e para todas as gerações até o fim dos séculos a sua redenção e salvação, é absolutamente necessário que cada um tenha contato vital com o Sacrifício da Cruz, e que, assim, os méritos que dele derivam lhe sejam transmitidos e aplicados. Pode-se dizer que Cristo construiu no Calvário uma piscina de purificação e de salvação e a encheu com o sangue por ele derramado; mas, se os homens não mergulham nas suas ondas e aí não lavam as manchas de suas iniquidades, não podem certamente ser purificados e salvos. A fim de que, pois, cada pecador se purifique no sangue do Cordeiro, é necessária a colaboração dos fiéis. Se bem que, falando em geral, Cristo haja reconciliado com o Pai por meio da sua morte cruenta todo o gênero humano, quis todavia que todos se aproximassem e fossem conduzidos à Cruz por meio dos Sacramentos e do Sacrifício da Eucaristia, para poderem conseguir os frutos salutares por ele granjeados na Cruz” (Mediator Dei, nos 70-71).

É bonito e reconfortante constatar que a palavra “contato”, utilizada nessa passagem de Pio XII (“contato vital”), foi recentemente repetida por Bento XVI (no discurso de 30 de agosto passado a seus ex-alunos e na mensagem Urbi et orbi do Natal) para explicar a dinâmica histórica com que a todos os indivíduos e a todas as gerações “é comunicado o mérito de Sua paixão” (decreto De iustificatione, do Concílio de Trento, Denzinger 1523).

Fonte: https://www.30giorni.it/

Para ser crismado, menino percorre 11 km a pé em estrada cheia de lama

Imagem ilustrativa | Shutterstock

Por Reportagem local - publicado em 07/12/23

A determinação de Maximiliano rendeu o reconhecimento do Papa Francisco.

Um quilômetro a pé já cansa, né? Mas Maximiliano percorreu onze quilômetros para poder receber o sacramento da Confirmação no dia 11 de novembro de 2023. O menino argentino decidiu que nada o impediria em sua busca pelo Espírito Santo! 

Aos 11 anos, ele mora com a família no coração da zona rural de Suipacha, pequena cidade perto de Buenos Aires. Enquanto se preparava durante todo o ano para a Crisma em sua paróquia, Nossa Senhora do Rosário de Suipacha, o mau tempo que atingiu a região tornou as estradas intransitáveis. Até mesmo o trator da família, que havia quebrado alguns dias antes, não conseguiu ajudar o jovem Maximiliano. Ainda assim, o menino decidiu desafiar a lama e o mau tempo. Calçado com as botas de plástico, ele foi com a família a pé até a igreja onde seria crismado.

“Nossas botas afundaram na lama, escorregamos muito”, lembra Maximiliano em entrevista à ACI. “Quando você crescer terá uma ótima história para contar”, brincou o pai do menino no caminho. 

Maximiliano chegou a tempo para a Missa, da qual saiu crismado e parabenizado pelos paroquianos e pelo padre, que ficaram admirados pelo seu esforço.

A perseverança do menino chegou até aos ouvidos do Papa Francisco que enviou a Maximiliano e sua família a sua bênção apostólica. O documento foi entregue por Dom Mauricio Landra, bispo auxiliar de Mercedes-Luján. “Todos ficaram muito felizes”, testemunhou Maximiliano. Até os colegas dele ficaram “impressionados” ao ver o documento da bênção apostólica. 

Às demais crianças que se preparam para receber o sacramento da confirmação, Maximiliano lembra: “Jesus está esperando por vocês e estará sempre com vocês, como estará comigo.”

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Fé, verdade e cultura (4/8)

Fé, verdade e cultura (Presbíteros)

Fé, verdade e cultura

Por Joseph Ratzinger

2. CULTURA E VERDADE

a) A essência da Cultura

Tratamos até aqui do debate entre a Fé cristã que a Encíclica expressa e um tipo concreto de cultura moderna; por isso as nossas reflexões deixaram entre parênteses o lado técnico-científico da Cultura: o olhar dirigiu-se ao que se relaciona com as ciências humanas na nossa cultura. Não seria difícil mostrar que a sua desorientação quanto à questão da verdade (que acabou por converter-se em ira contra esse tema) reside, em última análise, na pretensão de se alcançar o mesmo cânon metodológico, o mesmo tipo de segurança, que se dá no campo empírico.

A renúncia metodológica praticada pela ciência natural, que a leva a ater-se ao que pode ser verificado, converte-se em credencial da cientificidade; mais ainda: converte-se na própria racionalidade. Essa redução metodológica, cheia de sentido – aliás, necessária – no âmbito da ciência empírica, converte-se assim num muro para a questão da verdade. No fundo, trata-se do problema da verdade e do método, da universalidade de um cânon metodológico estritamente empírico. Em face desse cânon, o Papa defende a multiplicidade de caminhos do espírito humano, a amplitude da racionalidade, que precisa conhecer diversos métodos conforme a índole do objeto. O que é imaterial não pode ser abordado com os métodos que correspondem ao que é material. Assim poderia ser resumida, em grandes traços, a denúncia do Papa contra uma forma unilateral de racionalidade.

O debate com a cultura moderna, o debate acerca da verdade e do método, é a primeira fibra do tecido da Encíclica. Mas a questão acerca da verdade da cultura apresenta-se ainda sob outro aspecto, que substancialmente remete-se ao âmbito propriamente religioso. Hoje, contrapõe-se de bom grado a relatividade das culturas à pretensão universal do cristão, fundamentada na universalidade da verdade. O tema ressoa já no século XVIII em Gotthold Ephraim Lessing, que apresenta as três grandes religiões na parábola dos três anéis, dos quais um tem que ser o autêntico, mas cuja autenticidade já não é verificável. A questão da verdade é insolúvel e é substituída pela questão do efeito curativo e purificador da religião.

Logo no início do século XX, Ernst Troeltsch refletiu expressamente sobre a questão da religião e da cultura, da verdade e da cultura. No princípio ainda considerava o Cristianismo como a revelação completa da religiosidade personalista, como a única ruptura completa com os limites e as condições da religião natural. Mas, no decorrer do seu caminho intelectual, a determinação cultural da religião foi fechando-lhe cada vez mais o olhar para a verdade e subordinando todas as religiões à relatividade das culturas. No final, a validez do Cristianismo converte-se num assunto europeu: para ele o Cristianismo seria a forma de religião adequada à Europa, enquanto atribui ao budismo e ao bramanismo uma autonomia absoluta. Na prática elimina-se a questão da verdade, e os limites entre as culturas tornam-se intransponíveis.

Por isso, uma Encíclica toda dedicada à aventura da verdade deveria também colocar a questão da relação entre verdade e cultura. Deveria perguntar se pode dar-se uma comunhão das culturas numa única verdade, se a verdade pode ser decidida para todos os homens, transcendendo as diversas formas culturais, ou se afinal teríamos que pressenti-la apenas assintoticamente, em meio a formas culturais diversas e até opostas.

A um conceito estático de cultura que pressupõe formas culturais fixas – que afinal só convivem umas com as outras, sem que haja comunicação entre elas -, o Papa opôs, na Encíclica, uma compreensão dinâmica e comunicativa da cultura. E ressalta que as culturas, “quando estão profundamente enraizadas no humano, trazem consigo o testemunho da abertura típica do homem ao universal e à transcendência”. Por isso as culturas – que são expressões do único ser do homem – estão caracterizadas pela dinâmica do homem, que transcende todos os limites: não estão fixadas numa dada forma de uma vez para sempre. Têm a capacidade de progredir e de transformar-se, e também o perigo da decadência. Estão voltadas para o encontro e para a fecundação mútua.

Quanto maiores e mais genuínas são as culturas, mais impregnadas estão da abertura interior do homem a Deus: trazem impressa uma predisposição para a revelação de Deus. A Revelação não lhes é estranha. Responde a uma espera interior presente nas próprias culturas. A propósito disso, Theodor Haecker falou do caráter de “advento” das culturas pré-cristãs, e são muitas as pesquisas de História das Religiões que puderam mostrar de maneira concreta essa alusão das culturas ao Logos de Deus, encarnado em Jesus Cristo.

Tendo isso em vista, o Papa vale-se da lista de nações contida no relato pascal dos Atos dos Apóstolos (2, 7-14), onde nos é narrado como o testemunho da Fé em Cristo é perceptível e comunicável mediante todas as línguas, e em todas as línguas, isto é, em todas as culturas das quais a língua é expressão. Em todas elas, a palavra humana faz-se portadora do falar próprio de Deus, do seu próprio Logos. E a Encíclica acrescenta: “O anúncio do Evangelho nas diversas culturas, embora exija a fé de cada destinatário, não o impede de conservar uma identidade cultural própria. Isso não cria nenhuma divisão, porque o povo dos batizados caracteriza-se por uma universalidade que sabe acolher cada cultura, favorecendo o progresso daquilo que nela está implícito, rumo à sua plena explicitação na verdade”.

A partir disso – e no que diz respeito às relações entre a Fé cristã e as culturas pré-cristãs em geral – o Papa, tomando o caso da cultura indiana, desenvolve de modo exemplar os princípios que devem ser observados no encontro dessas culturas com a Fé. Em primeiro lugar, chama brevemente a atenção para o grande auge espiritual do pensamento indiano, que luta por libertar o espírito das condições espaço-temporais, exercitando assim a abertura metafísica do homem, que depois haveria de receber uma configuração especulativa em importantes sistemas filosóficos.

Com essas indicações, o Papa põe em evidência a tendência universal das grandes culturas, a sua superação do tempo e do espaço, e também o seu avanço na direção do ser do homem e das suas supremas possibilidades. Aqui reside a capacidade de diálogo entre as culturas, neste caso entre a cultura indiana e as que cresceram no âmbito da Fé cristã.

O primeiro critério infere-se espontaneamente, por assim dizer, no próprio contato interior com a cultura indiana: consiste na “universalidade do espírito humano, cujas exigências fundamentais são idênticas nas mais diversas culturas”.

Dele se segue um segundo critério: “Quando a Igreja entra em contato com grandes culturas a que antes não tinha chegado, não pode esquecer o que adquiriu quando da sua inculturação no pensamento greco-latino. Rejeitar essa herança seria ir contra o desígnio providencial de Deus…”

Finalmente a Encíclica aponta um terceiro critério, decorrente das reflexões anteriores sobre a essência da cultura: “Deve-se evitar confundir a legítima reivindicação do que há de específico e original no pensamento indiano com a idéia de que uma tradição cultural deva encerrar-se na sua diferença e afirmar-se na sua oposição às demais tradições. Isso seria contrário à própria natureza do espírito humano”.

Joseph Ratzinger

Fonte: Site interrogantes.net

Link: http://www.interogantes.net

Tradução: Quadrante

https://presbiteros.org.br/

NAZARENO: Retorno a Jerusalém (os mercadores no Templo e o encontro com Nicodemos) - (13)

Nazareno (Vatican Media)

Cap. 13 - Retorno a Jerusalém (os mercadores no Templo e o encontro com Nicodemos)

Os dias da Páscoa estão se aproximando, Jesus e seus primeiros seguidores partem para Jerusalém e a encontram cheia de gente. Na manhã seguinte, ele vai sozinho ao templo e vê vendedores de ovelhas, pombas e, em quase todas as colunas, um banquete para trocar moedas. Ele faz para si um chicote de cordas e começa a derrubar tudo. Os discípulos ficam atônitos. Escribas, fariseus, doutores da lei e sacerdotes se aproximam e o questionam, e Jesus responde que, se destruírem o templo em três dias, ele o reconstruirá. Ele não fala das paredes, mas de si mesmo, de seu corpo. Entre os que observam a cena está Nicodemos, um dos líderes judeus que, algum tempo depois, submete Jesus a uma série de perguntas sobre os sinais que ele realiza. Mas do encontro Nicodemos sai ainda cheio de perguntas e cada vez mais fascinado pelo Mestre.

https://media.vaticannews.va/media/audio/s1/2023/10/20/11/137381903_F137381903.mp3

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

No dia 9 de dezembro, inauguração do presépio e da árvore de Natal na Praça São Pedro

Preparativos para a inauguração da árvore de Natal na Praça São Pedro (Vatican Media)

O tradicional evento que todo ano constitui um momento de alegria para todos os fiéis, a iluminação do abeto e a inauguração do presépio, será realizado no sábado, 9 de dezembro. As delegações das dioceses de Rieti e Saluzzo, locais de origem dos donativos, estarão presentes na ocasião e serão recebidas na manhã do mesmo dia por Francisco.

Vatican News

O cardeal Fernando Vérgez Alzaga e a irmã Raffaella Petrini, respectivamente presidente e secretária-geral do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano, irão inaugurar o presépio e acender a árvore de Natal, montada na Praça São Pedro.

A cerimônia de inauguração 

Segundo um comunicado de imprensa do Governo do Estado da Cidade do Vaticano, a cerimônia será realizada no sábado, 9 de dezembro, às 17h. As delegações oficiais dos locais de origem do presépio e da árvore estarão presentes, vindas respectivamente do Valle Santa Reatina, na diocese de Rieti, e de Macra, na diocese de Saluzzo. Em particular, participarão da inauguração o Bispo de Rieti, dom Vito Piccinonna, o curador do projeto Valle, responsável pelo presépios, Dr. Enrico Bressan, a orquestra da diocese e o coral "Chiesa di Rieti", entre outros.

Audiência com o Papa

Da delegação responsável pela árvore de Natal, participarão, entre outros, o Bispo de Saluzzo, dom Cristiano Bodo, o presidente da Região Piemonte, Dr. Alberto Cirio, o prefeito de Macra, Valerio Carsetti, e o coral "La Reis" de San Damiano Macra. No mesmo dia, pela manhã, as delegações serão recebidas em audiência pelo Papa Francisco para a apresentação oficial dos presentes. O presépio e a árvore na Praça São Pedro permanecerão em exposição até o final do período de Natal, que coincide com a Festa do Batismo do Senhor, domingo, 7 de janeiro de 2024.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Fé, verdade e cultura (3/8)

Fé, verdade e cultura (Presbíteros)

Fé, verdade e cultura

Por Joseph Ratzinger

Quando a escrita, o escrito, é convertido em barreira que oculta o conteúdo, transforma-se numa antiarte, que não torna o homem mais sábio, mas o leva a extraviar-se numa sabedoria falsa e doente. Por isso, em face do “giro linguístico”, A. Kreiner adverte com razão: “O abandono da convicção de que se pode remeter com meios linguísticos a conteúdos extralinguísticos equivale ao abandono de um discurso que de algum modo ainda estava cheio de sentido”. E sobre esta mesma questão João Paulo II comenta na Encíclica Fides et ratio: “A interpretação desta Palavra (a de Deus) não pode levar-nos de interpretação em interpretação, sem nunca chegarmos a descobrir uma afirmação simplesmente verdadeira”. O homem não está aprisionado na sala de espelhos das interpretações; pode e deve buscar o acesso ao real, que está além das palavras e se lhe revela nas palavras e através delas.

Aqui chegamos ao ponto central da discussão da Fé cristã com determinado tipo de cultura moderna, que gostaria de ser considerada como a cultura moderna sem mais, mas que, felizmente, é apenas uma variedade desta. Isto fica muito claro, por exemplo, na crítica que o filósofo italiano Paolo Flores d’Arcais fez à Encíclica Fides et ratio.

Como a Encíclica insiste na necessidade da questão da verdade, comenta esse pensador que “a cultura católica oficial (isto é, a Encíclica) já não tem nada que dizer à cultura «enquanto cultura»…”. Mas isso significa também que a pergunta pela verdade estaria fora da cultura “enquanto cultura”. Nesse caso, porém, essa tal cultura “enquanto cultura” não seria antes uma anticultura? E não seria a sua presunção de ser “a cultura sem mais” uma presunção arrogante e que despreza o ser humano?

Fica evidente que é exatamente disso que se trata quando Flores d’Arcais acusa a Encíclica de ter conseqüências mortíferas para a democracia e identifica o seu ensinamento com o tipo “fundamentalista” do Islã. Comentando o fato de o Papa ter qualificado como carentes de validade autenticamente jurídica as leis que permitem o aborto e a eutanásia, argumenta: quem se opusesse dessa forma a um Parlamento eleito e tentasse exercer o poder secular com uma máscara eclesial, mostraria que o selo do dogmatismo católico permanecerá essencialmente estampado no seu pensamento.

Semelhantes afirmações pressupõem que não pode haver nenhuma instância acima das decisões da maioria. A maioria conjuntural converte-se num absoluto. Porque, de fato, volta-se a cair num absoluto, algo inapelável. Estamos expostos ao domínio do positivismo e à absolutização do conjuntural, do manipulável. Se o homem se põe fora da verdade, necessariamente passa a estar submetido ao conjuntural, ao arbitrário. Por isso, não é “fundamentalismo”, e sim um dever de humanidade proteger o homem contra a ditadura do conjuntural convertido em absoluto e devolver-lhe a sua dignidade, que consiste justamente em que nenhuma instância humana pode dominá-lo porque está aberto à própria verdade. Precisamente pela sua insistência na capacidade do homem para a verdade, a Encíclica é uma apologia sumamente necessária da grandeza do homem contra tudo o que pretende apresentar-se como a cultura tout court.

Naturalmente, é difícil voltar a dar carta de cidadania à questão da verdade no debate público, por causa do cânon metodológico que hoje se impôs como selo de garantia de cientificidade. Por isso é necessário um debate fundamental sobre a essência da Ciência, sobre a verdade e o método, sobre a tarefa que cabe à Filosofia e sobre os possíveis caminhos que ela pode trilhar.

O Papa não considerou que era tarefa sua tratar na Encíclica da questão – totalmente prática – de se a verdade pode chegar a ser novamente científica, e como. Mas mostra por que devemos acometer essa tarefa. Não quis realizar ele mesmo a tarefa dos filósofos, mas cumpriu a tarefa de denunciar e advertir-nos contra aquilo que é uma tendência autodestrutiva da “cultura enquanto tal”. Aliás, justamente essa chamada de atenção é um ato autenticamente filosófico, que revive no presente a origem socrática da Filosofia e com isso mostra a potência filosófica contida na Fé bíblica.

Opõe-se à essência da Filosofia um certo tipo de cientificidade que barra o caminho para a questão da verdade, ou mesmo a torna impossível. Essa autoclausura, esse apoucamento da razão não pode ser a norma da Filosofia, nem a Ciência como um todo pode tornar impossíveis as perguntas que são próprias do homem, sem as quais a própria Ciência converte-se num ativismo vazio e, no fim das contas, perigoso. O papel da Filosofia não é o de submeter-se a um cânon metodológico qualquer, por ser ele legítimo para certos setores do pensamento. Sua tarefa tem de ser justamente a de pensar a cientificidade como um todo, conceber criticamente a sua essência e – de maneira racionalmente responsável – ir mais além, rumo àquilo que lhe dá sentido.

A Filosofia tem de perguntar-se sempre sobre o homem, e portanto questionar-se sempre sobre a vida, sobre a morte, sobre Deus e sobre a eternidade. Para isso, terá de servir-se hoje, antes de mais nada, dos becos sem saída aos quais chega aquele tipo de cientificidade que afasta o homem de tais questões. E partindo dessas aporias – que a nossa sociedade põe à mostra – tentar sempre abrir novamente o caminho rumo ao que é necessário, e rumo àquilo que se faz necessário.

Na história da Filosofia moderna não faltaram tentativas como essa – também hoje em dia há suficientes ensaios promissores -, visando abrir outra vez a porta para a questão da verdade: uma porta para além da linguagem que gira sobre si mesma. Nesse sentido, a chamada da Encíclica é sem dúvida crítica para com a nossa situação cultural atual, mas ao mesmo tempo está em profunda união com os elementos essenciais do esforço intelectual da Idade Moderna.

A confiança em buscar a verdade e encontrá-la nunca é anacrônica. É justamente essa confiança que mantém o homem na sua dignidade, que rompe os particularismos e une as pessoas – ultrapassando os limites culturais -, em virtude da sua comum dignidade.

Joseph Ratzinger

Fonte: Site interrogantes.net

Link: http://www.interogantes.net

Tradução: Quadrante

https://presbiteros.org.br/

Maria e o advento

 

"Maria é o Advento! Que o seu Advento seja como o de Maria!" (Vatican Media)

Dom Hilário Moser, SDB, bispo emérito de Tubarão/SC, propõe uma reflexão sobre Maria, neste dia em que se celebra a solenidade de sua Imaculada Conceição: "Em Maria, a presença da Santíssima Trindade a tornou um paraíso de bênçãos, um mar de vida divina, mais do que todos os santos e as santas do céu."

Dom Hilário Moser, SDB - bispo emérito de Tubarão/SC

Você sabe, o Advento é o tempo litúrgico que nos prepara para o santo Natal: dura quatro semanas, nas quais têm importância particular os quatro domingos que dão início a cada uma delas. O segundo domingo do Advento ocorre sempre nas proximidades da festa da Imaculada Conceição de Nossa Senhora (8 de dezembro).

A figura de Maria Imaculada, no Advento, merece lugar especial, pois, de certa forma, Ela é o Advento. Por quê? Porque ninguém melhor do que Ela esperou a chegada do Filho de Deus que trazia em seu seio. Ninguém melhor do que Ela se preparou para acolher o Filho de Deus.

Se, ao nascer, Jesus foi posto numa manjedoura de animais no interior de uma gruta fria e sombria, ao ser concebido, Ele encontrou um “lugar” bem melhor, bem mais puro, bem mais santo: o seio da Virgem de Nazaré. O Filho de Deus foi a única pessoa que pôde escolher a própria Mãe. Escolheu-a e a preparou para cumprir essa missão sublime.

Vindo ao mundo a fim de destruir o domínio do diabo e do pecado, não teria sentido o Filho de Deus ser concebido por mulher manchada pelo pecado (o pecado original). A morte de Cristo na cruz nos resgatou a todos nós do pecado. Resgatou também Maria, mas de forma diferente.

Nós, que nascemos com a mancha do pecado original, somos purificados do pecado por meio do batismo, pelo qual são aplicados a nós os méritos de Jesus morto na cruz. Maria também foi resgatada, mas por antecipação, isto é, impedindo que o pecado a manchasse: por isso Ela é chamada a Imaculada Conceição. Isenta de toda mancha de pecado, Ela também é cheia de graça, isto é, repleta dos dons de Deus. Em outras palavras, em Maria, a presença da Santíssima Trindade a tornou um paraíso de bênçãos, um mar de vida divina, mais do que todos os santos e as santas do céu. Esta é Maria que, no Advento, vemos caminhar para Belém à espera do nascimento do Salvador do mundo.

Como Maria se terá preparado para esse momento sublime? Sem dúvida pela atenção à Palavra de Deus, pela oração, pelo amor ao Filho de Deus que trazia em seu seio. É isto que também se espera de todos nós na preparação (Advento) do santo Natal.

Advento é tempo de ouvir com mais atenção a Palavra de Deus, de aumentar a entrega à oração, de crescer no amor ao Filho de Deus que quer nascer dentro de nós, de ampliar a fraternidade para com os irmãos e as irmãs de Jesus que são todos os seres humanos.

Tome Maria como exemplo, como modelo. Ponha-se a seu lado, caminhe com Ela e vá aprendendo a se preparar para acolher Jesus que vem. O Natal sem Jesus não tem sentido. O Natal sem Maria não é bem celebrado. Maria é o Advento! Que o seu Advento seja como o de Maria!

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

NAZARENO: O vinho que termina... (As Bodas de Caná) - (12)

Nazareno (Vatican Media)

Cap. 12 - O vinho que termina... (As Bodas de Caná)

Jesus e os discípulos chegam para a festa de casamento. Maria já está em Caná há alguns dias para ajudar a noiva. Todos estão se preparando para a refeição, e um amigo do noivo, um trabalhador de couro, mas designado "mestre de mesa", é o responsável. A procissão nupcial passa pelas ruas do vilarejo em meio a cantos, aclamações e bênçãos. Em casa, o banquete começa, mas em um determinado momento Maria percebe que não há vinho. Ela se volta para Jesus, que responde: “Que queres de mim, mulher? Minha hora ainda não chegou”. O olhar de Jesus está cheio de amor por sua mãe e, apesar dessa resposta, já está claro que ele se renderia a ela. Ela diz aos servos que façam o que ele disser. Jesus mandou encher as ânforas com água, que imediatamente transforma em vinho. Tudo acontece em poucos minutos, sem que os convidados percebam. Saindo de Caná, Jesus e seus discípulos seguem para Cafarnaum.

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Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF