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quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

Muitas histórias, um Natal

Natal (Opus Dei)

Muitas histórias, um Natal

Qual é a origem de nossas tradições natalinas? Para recuperar o sentido cristão destas festas, pode ser útil conhecer a origem dos costumes, como a árvore ou o presépio. Consideremos algumas.

24/11/2021

A COROA DO ADVENTO

A coroa do Advento compõe-se de quatro velas com quatro ramos de vegetais, que vão se acendendo, uma a uma, nas quatro semanas que precedem o Natal.

A coroa do advento encontra suas raízes nos costumes anteriores ao cristianismo, dos povos do norte, entre os séculos IV e VI. Durante o inverno e a pouca luz de dezembro, colhiam coroas de ramos verdes e acendiam fogos, como sinal de esperança pela vinda da primavera.

Natal (Opus Dei)

No século XVI, católicos e protestantes alemães começaram a utilizar este símbolo durante o Advento. Aqueles costumes primitivos continham uma semente de verdade que agora podiam expressar a Verdade suprema: Jesus é a Luz que veio, que está conosco e que virá na glória. As velas antecipam a vinda da Luz no Natal: Jesus Cristo.

A coroa está cheia de símbolos: a luz lembra a salvação; o verde, a vida; sua forma redonda a eternidade etc.

A DATA: O DIA 25 DE DEZEMBRO

Em um primeiro momento, durante os séculos I e II depois de Cristo, os cristãos não celebravam o nascimento de Jesus. Sabia-se quando tinha morrido, na Páscoa Judaica, mas não quando havia nascido. Porém, no século III existem os primeiros testemunhos de que a festa do Nascimento de Cristo era celebrada pela Igreja, ainda que de forma clandestina, no dia 25 de dezembro.

Natal (Opus Dei)

Como em outros casos, os primeiros cristãos aproveitaram festividades pagãs para celebrar sua fé. No caso do Natal, em torno do dia 25 de dezembro, as civilizações pré-cristãs celebravam o solstício de inverno, no qual a luz voltava a aparecer e terminavam as trevas. Ainda que seja uma época de frio e de noites longas, sabe-se que a vida volta a se iniciar.

De seu lado, os romanos celebravam, entre os dias 17 e 24 de dezembro, as Saturnalia, festa dedicadas ao deus Saturno. Na época imperial, a partir dos séculos I e II, se fixou o dia 25 de dezembro como o dia do nascimento do “Sol invicto", divindade que era representada por um recém-nascido. Era um dia de festa, ninguém trabalhava, inclusive os escravos festejavam.

Logo, a já grande comunidade romana de cristãos – que ainda vivia na clandestinidade – aproveitou essa data, tão celebrada na sociedade romana, para celebrar o nascimento de Jesus, cuja data era desconhecida.

A difusão da celebração litúrgica do Natal foi rápida. Após as perseguições de Diocleciano, em 354, foi fixada oficialmente a data do nascimento de Cristo. É possível considerar que, no século V, o Natal era uma festa universal, já que na ocasião a Igreja não estava dividida.

Também os povos do Norte da Europa celebravam uma série de festas ao redor do solstício, em honra a deuses como Thor, Odin ou Yule, razão pela qual não custou aos evangelizadores adaptar as festas pagãs ao Natal.

MISSA DO GALO

No século V, o Papa Sixto III introduziu em Roma o costume de celebrar no Natal uma vigília noturna, à meia noite, “mox ut gallus cantaverit" (“enquanto o galo canta"). A missa tinha lugar num pequeno oratório, chamado “ad praesepium" (“junto ao presépio"), situado atrás do altar mor da Basílica paleo-cristã de São Pedro.

A celebração Eucarística dessa Noite Santa começa com um convite insistente e urgente à alegria: “Alegremo-nos todos no Senhor – dizem os textos da liturgia -, porque nosso Salvador nasceu no mundo". O tempo litúrgico do Natal vai até o domingo do Batismo do Senhor, o domingo que se segue à Epifania.

OS PRESÉPIOS

Natal (Opus Dei)

O presépio é a representação doméstica do mistério do Nascimento de Jesus. O costume surgiu quando, no Natal de 1223, na Itália, São Francisco de Assis oficiou como diácono a Missa dentro de uma gruta na localidade de Greccio. Nela, após pedir permissão ao Papa Honório III, tinha montado um presépio com uma imagem em pedra do Menino Jesus e um boi e um asno vivos.

Esta representação de Greccio foi o ponto de partida de um fenômeno extraordinário de difusão do culto do Natal. A partir do próprio século XIII, a elaboração de presépios difundiu-se por toda a Itália. Os frades franciscanos imitaram seu fundador nas igrejas dos conventos abertos na Europa. Este costume propagou-se por toda a Europa durante os séculos XIV e XV.

Atualmente, o movimento da representação do nascimento de Cristo tem um grande êxito, principalmente na Itália, Espanha e América Latina. Na França, após a Revolução Francesa, em que foram proibidas as manifestações natalinas, nasceram com muita força na região da Provença. Até mesmo as comunidades protestantes, ainda que não montem presépios em suas casas, conservam, sim, a tradição de montar “presépios vivos" com crianças.

A ÁRVORE DE NATAL

É outra tradição pré-cristã que adquiriu um significado profundamente cristão. Muitas tradições, todas de procedência nórdica, reclamam o costume da árvore de Natal, ainda que nenhuma seja confiável, pelo que sua origem se perde na noite dos tempos.

Os antigos povoadores da Europa Central e Escandinávia consideravam as árvores seres sagrados. Assim, na época do solstício de inverno, adornavam a árvore mais alta e poderosa do bosque com luzes e com frutos (maçãs, por exemplo), acreditando que suas raízes chegavam ao reino dos deuses, onde se encontravam Thor e Odin.

Natal (Opus Dei)

Segundo a tradição, o cristianismo atribuiu uma leitura mais profunda a este costume. Conta-se que São Bonifácio – um sacerdote inglês que evangelizou a Europa Central nos séculos VII e VIII –, explicava o mistério da Trindade com a forma triangular do abeto (pinheiro): os frutos seriam os dons do Espírito Santo (os presentes de Deus aos homens); a estrela seria Cristo, a luz de Deus, a luz do mundo; e o tronco é facilmente assimilável à tradição cristã, que utiliza também muitas árvores em sua catequese: a árvore do Paraíso, da ciência do Bem e do Mal, a árvore de Jessé, o santo madeiro do qual se fez a cruz...

A partir do sáculo XV, os fiéis começaram a montar as árvores em suas casas. Com a reforma protestante – que suprime as tradições do presépio e de São Nicolau –, a árvore adquire maior protagonismo em muitos países do norte. A seus pés, as crianças encontram os presentes trazidos pelo Menino Jesus.

O enorme êxito da árvore no mundo anglo-saxão deve-se à rainha Vitória, que instalou uma no palácio real em 1830 e estendeu o costume a todo o reino. Em 1848, chegou até a felicitar as festividades natalinas com uma imagem da família real junto à árvore, o que contribuiu para sua difusão também nos Estados Unidos da América.

A difusão da árvore no mundo protestante fez com que, nos países católicos, especialmente do sul da Europa, se desse menos importância a essa tradição. Mais recentemente, com dois pontífices centro-europeus, o costume da árvore de Natal recuperou sua importância.

Em 1982, a árvore foi instalada pela primeira vez na Praça de São Pedro: “Que significa esta árvore? – perguntava João Paulo II -. Eu creio que é o símbolo da árvore da vida, aquela árvore mencionada no livro do Gênesis e que foi plantada na terra da humanidade junto a Cristo (...). Depois, no momento em que Cristo veio ao mundo, a árvore da vida voltou a ser plantada através dEle e agora cresce com Ele e amadurece na cruz (...). Devo dizer-lhes - confessava – que eu pessoalmente, apesar de ter uns quantos anos, espero impacientemente a chegada do Natal, momento em que é trazido aos meus aposentos esta pequena árvore. Tudo isso tem um enorme significado, que transcende as idades...".

OS PRESENTES

A relação Natal-presente é muito antiga. Desde o início, um presente nestas datas tem sido um modo de transmitir de modo material às pessoas queridas a alegria própria pelo nascimento do Filho de Deus.

Natal (Opus Dei)

Até o século XIX, não se generalizou a idéia, fruto das classes médias, da burguesia. Reis Magos, Menino Jesus, São Nicolau ou Papai Noel, Befana, Olentzero, Caga Tiò... são personagens que, nas festas natalinas, trazem presentes às crianças. Mas muitos destes personagens têm uma longa história. Contaremos duas.

Reis Magos

A importância dos Reis Magos é principalmente religiosa: eles são os protagonistas da Epifania, isto é, da manifestação de Deus a todos os homens, de todos os povos da terra.

Já tinham sido anunciados no Antigo Testamento (o Livro dos Reis e Isaias), e São Mateus os descreve como “magos do Oriente". Que fossem três, e reis, é uma tradição que se consolidou rapidamente, como o demonstrou Orígenes, teólogo do século II. Provavelmente, tratava-se de sacerdotes da Babilônia, do culto de Zoroastro, dedicados à astrologia.

No século V, Leão Magno fixa em três o número de reis, representando assim as três raças humanas: a semítica, representada pelo rei jovem; a camítica, representada pelo rei negro; a jafética, representada pelo rei mais velho. No século XV, com o descobrimento de novas terras, adquirem seus traços definitivos.

Natal (Opus Dei)

Ao longo da história, têm recebido nomes como Magalath, Galgalath e Serakin; Appellicon, Amerin y Damascón; ou Ator, Sater e Paratoras. Os nomes Melchior, Gaspar e Baltasar aparecem pela primeira vez em um pergaminho do século VII.

Os restos dos reis magos, após serem encontrados por Santa Helena, em Saba, viveram em agitadas viagens por toda a Europa, até que repousaram finalmente na catedral de Colônia.

Natal (Opus Dei)

Papai Noel

São Nicolau foi um bispo cristão que viveu na atual Turquia, no século IV. Ainda que tenha feito muitos milagres, o mais conhecido foi o que restituiu a vida a três meninos que haviam sido esquartejados por um carniceiro que havia colocado seus restos em uns sacos. Por isso, sua figura esteve sempre unida às dos meninos. Sua devoção sempre existiu tanto na Igreja católica como na ortodoxa. Logo se associou o santo aos presentes que as crianças recebiam no Natal.

A imagem atual é uma mistura do Sinterklaas holandês e tradições escandinavas que haviam chegado aos Estados Unidos. Sua origem remonta a uma noite de 1822, quando o pastor protestante Clément C. Moore criou o personagem Santa Claus. No dia 24 de dezembro, ao cair da tarde, sua esposa descobriu que faltavam algumas coisas para a ceia e pediu a seu marido que fosse comprá-las. Na volta, Clement se entreteve algum tempo com o guarda Jan Duychinck: um holandês gordo e efusivo, com vontade de contar as tradições natalinas de sua terra, em particular os costumes relacionados com Sinterklaas (São Claus).

Já em casa, enquanto a esposa preparava a ceia, redigiu um poema para suas três filhas, contando a visita que lhe havia feito São Nicolau. A figura que descreveu era a mesma de Duychinck: um indivíduo cordial, gordo, de olhos chispeantes, nariz vermelho e faces rosadas, que trazia consigo um cachimbo e dizia “ho, ho, ho". Ainda que o personagem se chamasse São Nicolau, nada tinha a ver com o bispo.

(*) Artigo escrito por M. Narbona, Doutor em História.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br

Olhar o presépio com a pureza das crianças

Crianças da Catequese da Paróquia São João Batista em Campos - RJ (Foto: Arhyadniz Goulart de Ávila)

Celebrar os 800 anos do Presépio de São Francisco com um olhar das crianças revelando as lições do Natal, do amor de um Deus pela humanidade. Na Diocese de Campos as crianças da Catequese da Paróquia São João Batista fizeram de forma simples a representação que emocionou a comunidade eclesial.

Ricardo Gomes – Diocese de Campos

O que parecia uma simples brincadeira de criança revela o olhar de pureza e simplicidade das crianças que tiveram uma lição de espiritualidade preparando para viver o verdadeiro sentido do Natal. Foi que inspirou as catequistas da Pré – Catequese da Paróquia São João Batista em Campos dos Goytacazes (RJ) - e foi um momento de evangelização. 

A Catequista Vanessa da Silva Ribeiro de Oliveira aponta a apresentação como uma forma de apresentar de forma lúdica o sentido da preparação para a Festa do Natal em seu verdadeiro sentido. E colocar em foco esse tempo litúrgico do Advento. Foi animada a representação, mas que atingiu as crianças e a toda comunidade.

Como explicar para crianças algo tão grandioso de uma maneira simples e clara? Com alegria e de coração para coração. O caminho para alcançar a Deus deve ser divertido e somente por meio do amor conseguimos compartilhar o Tesouro da Fé.

Crianças da Catequese da Paróquia São João Batista (Foto: Arhyadniz Goulart de Ávila)

Conversamos com os catequizandos da pré-catequese sobre um homem, muito piedoso, que tentava explicar aos camponeses de uma cidadezinha chamada Gréccio, como havia sido o nascimento de Jesus, mas que apesar da boa intenção, ele percebeu que as pessoas não estavam entendendo. Esse homem chamado Francisco ficou pensando em uma forma de melhor explicar e foi através de São Francisco de Assis que iniciou essa bonita tradição. Após contar essa história, perguntamos se eles gostariam de ajudar as pessoas da nossa cidade de Campos dos Goytacazes a sentir o que São José, a Virgem Maria e Jesus sentiram e tentar compreender e contemplar a simplicidade em que Jesus veio ao mundo através de uma apresentação do presépio, reunindo suas famílias e comunidade para chamar a atenção para o simples da vida e para rezar diante do Presépio.  O mais importante de toda a nossa vivência e convivência, e que realmente não esqueceremos e será o nosso maior tesouro, foram os momentos que passamos juntos, catequistas, catequizandos e suas famílias! Vivemos o verdadeiro Natal e que deve ser celebrado todos os dias, enfatiza Vanessa da Silva Ribeiro de Oliveira

“Como catequista, acho necessário apresentar para as crianças, de forma lúdica que, com o Advento, iniciamos um novo tempo litúrgico. Assim, mostro a diferença entre o ano litúrgico e o ano civil. Então elas começam a entender que o Advento é um tempo de preparação para o Natal de Jesus, tempo de vigília e oração. Desta forma, começam a entender o significado do presépio com os personagens nele representados. Marion Barreto Ribeiro, Catequista da Paróquia São João Batista de Campos dos Goytacazes.

Crianças da Catequese da Paróquia São João Batista (Foto: Arhyadniz Goulart de Ávila)

A Catequista. Marion Barreto Ribeiro chama atenção para através do presépio inserir as crianças na vivência do tempo do Advento já preparando para celebrar o Natal com gestos concretos de solidariedade e de partilha e de empatia com aqueles que precisam de ter neste tempo um pouco de alegria.

Catequista (Foto: Arhyadniz Goulart de Ávila)

O presépio nos ajuda na espiritualidade do Natal. Proponho algumas ações a serem realizadas durante as quatro semanas do Advento, como: fazer alguém sorrir, distribuir brinquedos que já não usam, fazer uma pequena penitência, etc. Nesta tarefa, procuro envolver a família, pontua Marion Barreto Ribeiro,

Foto: Arhyadniz Goulart de Ávila

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

NAZARENO: Na coletoria de impostos (a vocação de Mateus e dos apóstolos) - (18)

Nazareno (Vatican Media)

Cap. 18 - Na coletoria de impostos (a vocação de Mateus e dos apóstolos)

Após a cura do paralítico, Jesus desaparece por dois dias. Ele se refugia para rezar não muito longe de Cafarnaum, saindo de casa à noite para evitar as multidões. Ele passa, como já havia feito antes, em frente à coletoria de impostos. No lugar mais odiado pelos israelitas, símbolo do poder dos ocupantes, estão as insígnias de Roma, dois soldados de guarda e os cobradores de impostos. Jesus havia notado um deles, um jovem robusto, hábil e rápido em contar dinheiro. Mas seus olhos nunca haviam encontrado o olhar do Nazareno. Jesus olha para ele e o chama, enquanto ele se inclina para contar moedas, e diz: "Siga-me". Ele, Mateus, obedece, para espanto de Pedro e André. No almoço em sua casa, havia publicanos, fariseus e escribas que murmuravam contra o fato de Jesus comer com pecadores. "Não são os sãos", respondeu o nazareno, "que precisam de médico, mas os doentes; eu não vim chamar os justos, mas os pecadores, para que se convertam". Certa noite, Jesus se afastou do grupo de discípulos para se retirar e rezar e, quando amanheceu, chamou-os para junto de si, escolhendo 12, aos quais deu o nome de apóstolos: Simão, a quem chamou Pedro, André, seu irmão, Tiago, João, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé; Tiago, filho de Alfeu; Simão, chamado Zelota; Judas, filho de Tiago; e Judas Iscariotes.

https://media.vaticannews.va/media/audio/s1/2023/11/24/13/137488439_F137488439.mp3

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Por que deveríamos nos inspirar no exemplo de São João da Cruz?

São João da Cruz | Finoskov-(CC BY 4.0)

Por Philip Kosloski - publicado em 14/12/23

Embora não possamos ascender às mesmas alturas que São João da Cruz nas nossas vidas, certamente podemos partilhar as mesmas lutas que ele teve e aprender com o seu exemplo de abertura ao amor de Deus.

São João da Cruz é um santo muito conhecido e tido como um profundo escritor místico que explorou as profundezas da teologia espiritual.

Às vezes, seus escritos podem ser difíceis de ler para o cristão moderno e sua vida pode parecer impossível de imitar.

No entanto, o Papa Bento XVI acreditava que São João da Cruz era para todos. Ele explicou seus pensamentos em uma audiência geral em 2011. Primeiro, ele fez uma pergunta:

“Caros irmãos e irmãs, no fim permanece esta pergunta: com a sua mística excelsa, com este árduo caminho rumo ao cimo da perfeição, este santo tem algo a dizer também a nós, ao cristão normal que vive nas circunstâncias desta vida de hoje, ou é um exemplo, um modelo apenas para poucas almas escolhidas que podem realmente empreender este caminho da purificação, da ascese mística?”

Uma vida difícil

Bento XVI responde então à sua pergunta, afirmando a relevância de São João da Cruz:

“Para encontrar a resposta, em primeiro lugar temos que ter presente que a vida de são João da Cruz não foi um «voar sobre as nuvens místicas», mas uma vida muito árdua, deveras prática e concreta, quer como reformador da ordem, onde encontrou muitas oposições, quer como superior provincial, quer ainda no cárcere dos seus irmãos de hábito, onde esteve exposto a insultos incríveis e a maus tratos físicos. Foi uma vida dura, mas precisamente nos meses passados na prisão, ele escreveu uma das suas obras mais bonitas. E assim podemos compreender que o caminho com Cristo, o andar com Cristo, «o Caminho», não é um peso acrescentado ao fardo já suficientemente grave da nossa vida, não é algo que tornaria ainda mais pesada esta carga, mas é algo totalmente diferente, é uma luz, uma força que nos ajuda a carregar este peso. Se um homem tem em si um grande amor, este amor quase lhe dá asas, e suporta mais facilmente todas as moléstias da vida, porque traz em si esta grande luce; esta é a fé: ser amado por Deus e deixar-se amar por Deus em Cristo Jesus. Este deixar-se amar é a luz que nos ajuda a carregar o fardo de todos os dias.

Além disso, Bento XVI explica que um elemento-chave da santidade de São João é uma “abertura” a Deus, uma virtude que todos podemos imitar:

“E a santidade não é uma obra nossa, muito difícil, mas é precisamente esta «abertura»: abrir as janelas da nossa alma, para que a luz de Deus possa entrar, não esquecer Deus, porque é precisamente na abertura à sua luz que se encontra a força, a alegria dos remidos. Oremos ao Senhor para que nos ajude a encontrar esta santidade, deixando-nos amar por Deus, que é a vocação de todos nós e a verdadeira redenção.”

Embora não possamos ascender às mesmas alturas que São João da Cruz nas nossas próprias vidas, certamente podemos partilhar as mesmas lutas que ele teve e aprender com o seu exemplo de abertura ao amor de Deus.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

O meu Natal em Belém

O cardeal Carlo Maria Martini, arcebispo emérito de Milão (30Giorni)

Arquivo 30Dias - 12/2004

O meu Natal em Belém

Artigo do cardeal Carlo Maria Martini para o jornal La Stampa, publicado em 29 de dezembro de 2004.

de Carlo Maria Martini

Ainda que, no calendário civil, o dia de Natal em Jerusalém seja um dia como outro qualquer (este ano cai no shabbat, ou seja, o dia de repouso semanal judaico, mas sem nenhuma referência à celebração cristã), muitos percebem que para os cristãos este é um dia de grande festa, e correm a cumprimentá-los quando os encontram. Dizem “hag sameah”, que é a expressão com que se costuma cumprimentar nas festas judaicas, e poderia ser traduzida assim: “A tua festa seja feliz, te traga alegria!”. Luminárias nas ruas, pensadas para os turistas (nesses casos, o consumismo também ajuda um pouco), lembram também que nestes dias existe algo especial para os cristãos. Aumenta o número de peregrinos (ainda que não como seria de se esperar) e, a partir da véspera de Natal, todos os católicos (os ortodoxos celebrarão o Natal na data em que celebraremos a Epifania) se apressam para ir a Belém. Todos esses sinais, mesmo que discretos, expressam que aqui o Natal é também um dia no qual ainda se espera algo belo e grande: um dom do alto, uma alegria inesperada, uma espiral de paz depois de tantos sofrimentos. Dessa forma, muitos não cristãos também captam alguma coisa do sentido dessa festa, que não é tanto a celebração de um aniversário (cerca de 2004 anos do nascimento de Jesus), mas a festa da esperança, do que se deseja e se espera, ou seja, a manifestação definitiva e última do reino de Deus, que para nós é o Senhor Jesus, manifestação que enxugará toda lágrima e fechará a estação de lutos dolorosos. Muitos católicos, na noite de Natal, participam da missa do patriarca latino em Belém. Ele sai à meia-noite da sacristia da igreja adjacente à Basílica da Natividade (onde os gregos ortodoxos fazem seus ofícios) com a imagem do menino Jesus nas mãos, para depô-la no centro do altar. Nós também introduzimos essa cerimônia em Milão, há alguns anos, para lembrar precisamente o que acontece em Jerusalém na noite santa. Mas faz alguns anos que não participo dessa missa, na qual a igreja fica apinhada de gente e não é fácil encontrar um momento ou um lugar de recolhimento. Prefiro celebrar na manhã de Natal, com alguns jovens estudantes do Pontifício Instituto Bíblico de Roma que frequentam a Universidade Hebraica de Jerusalém. Celebramos a missa na chamada gruta de São Jerônimo. Esse ambiente subterrâneo é adjacente à gruta da Natividade, na qual há também um grande vai-e-vem de pessoas que descem pelas escadas para passar em frente da estrela que indica o lugar tradicional do nascimento de Jesus. Nós, por nossa vez, ficamos no pequeno quarto escuro a poucos metros da gruta tradicional. Ele lembra os trinta anos que São Jerônimo passou aqui em Belém, no lugar do nascimento de Jesus. A figura de São Jerônimo me atrai e me comove. Esse estudioso inteligente e tenaz, cansado das ambições e das fofocas de Roma, quis retirar-se em Belém para rezar e estudar intensamente as Escrituras judaicas e cristãs, dedicando-se sobretudo ao trabalho de tradução das línguas originais para o latim. Um trabalho ingrato, num tempo em que poucos conheciam o hebraico e faltavam ferramentas de trabalho, como dicionários e gramáticas. A ele devemos a tradução da Bíblia latina, a dita “Vulgata”, que chegou até nós e foi declarada pelo Concílio de Trento, no século XVI, o texto autêntico da Igreja latina. Aqui, à sombra da gruta de Belém, Jerônimo passava as noites estudando as Escrituras e algumas vezes, como ele mesmo lembra, adormecia com a rosto caído sobre o texto que tinha à sua frente. Esse exemplo de fidelidade a Jesus, em sua humildade de Belém, e de fidelidade às Sagradas Escrituras do primeiro e do segundo Testamento me inspira profundamente.

 Como São Jerônimo, ainda que muito longe de sua santidade e de seu rigor ascético e científico, sinto como se estivesse aqui também, em Jerusalém, para adorar o Se­nhor nascido por nós e estudar as Escrituras do povo hebraico e da primitiva comunidade cristã. Gostaria, assim, de conhecer mais a fundo algo do mistério de Deus e do homem, que encontrei tanto em meu ministério como bispo. Nem aqui, portanto, os dias de Natal reservam experiências particularmente “místicas”. Trata-se, de certa forma, de uma comemoração como as outras, mas na qual tomamos consciência do pequeno fato ocorrido em Belém há dois mil anos que mudou a história do mundo. Essa história parece continuar ainda pelos trilhos antigos, mas nós, que abrimos os olhos com a graça do batismo, vemos que já nela operam, no tecido da história cotidiana, também neste país, aquela fé, aquela alegria, aquela capacidade de acolhida e de reconciliação e aquela paz que os anjos cantaram sobre a gruta de Belém. A partir deste lugar, eu gostaria de chegar a toda a humanidade, em particular àqueles cujas orações guiei durante vinte e três anos no Domo de Milão. Gostaria que chegasse a todos eles a mensagem que nasce desta gruta despojada: mesmo nas menores coisas do nosso dia, mesmo nas mais escondidas ou aparentemente insig­nificantes, mesmo nas coisas que nos fazem sofrer está presente o mistério de Deus que, com amor, volta-se para nós. Como todos os anos, retorno a esta missa na gruta com olhos um pouco novos. Até mesmo a visão da cidade de Belém, com sua desolação e seu abandono pela falta de peregrinos, nos dá a oportunidade de esperar que um dia tudo isso dê lugar à alegria, ao bem-estar e à paz.

Fonte: https://www.30giorni.it/

A necessidade da Confissão surge dentro do coração de cada um

New Africa-Shutterstock

Por Mónica Muñoz - publicado em 12/12/23

O ser humano é comunicativo por natureza. Nosso Senhor Jesus Cristo sabia disso perfeitamente, por isso nos deixou o sacramento da Confissão.

O ser humano precisa se comunicar para viver. Por isso as relações interpessoais que se fortalecem com a conversa são tão importantes, pois fazem fluir todas as emoções e sentimentos, mesmo os mais ocultos que residem na alma.

Graças à sua natureza divina, Nosso Senhor Jesus Cristo foi um profundo conhecedor do homem e compreendeu perfeitamente esta necessidade. É por isso que os Evangelhos registram os atos do Senhor, que inicialmente foram transmitidos oralmente, cumprindo o seu mandato:

“Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo”.

Mt 28, 19-20

Confessar é uma necessidade

Quando o Senhor Jesus foi crucificado, os discípulos se esconderam e, após a ressurreição, pareceu-lhes que tudo teria que voltar ao normal porque não sabiam que Jesus estava vivo.

Eles tinham muito o que conversar, tinham que processar os fatos e colocar as ideias em ordem. Portanto, o próprio Jesus Cristo aparece aos apóstolos e lhes dá poder e ordem:

“Disse-lhes outra vez: “A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós”. Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: “Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, lhes serão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, lhes serão retidos”.

Jo 20, 21-23

O perdão

Claro, como eles poderiam perdoar pecados se não os ouvissem? Foi e é necessário dizê-los para que o sacerdote, que recebeu de Jesus esse mesmo poder, saiba se deve perdoá-los ou retê-los. Faz parte da lógica humana. Se não digo o que quero, não posso esperar que isso me seja dado só por causa do desejo que tenho dentro de mim.

Nos julgamentos orais, é evidente que, para proferir uma sentença, é necessário apresentar a acusação e as provas, e o advogado de defesa usa a retórica para convencer o júri da inocência do seu cliente.

Só o padre pode perdoar

Aqueles que pertencem a outras denominações religiosas confessam a sua culpa perante a comunidade quando prestam o seu testemunho. Há quem vá ao pastor para lhe contar as suas tentações, e o máximo que ele pode fazer é ouvi-los e aconselhar-lhes o que fazer, mas não lhes perdoar as suas faltas.

O Senhor foi muito claro. É um privilégio para os católicos, porque ninguém mais pode perdoar validamente em nome de Deus. Além disso, temos o enorme consolo do perdão pronunciado em voz alta, e não por mera suposição. Quem confessa tem a certeza de que os seus pecados foram perdoados. Portanto, aproveitemos esta graça e confessemos frequentemente.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Só o coração que ama corrige bem

Só o coração que ama corrige bem (Cléofas)

Só o coração que ama corrige bem

 POR PROF. FELIPE AQUINO

Corrigir os erros dos outros – com amor e ânimo de ajudar – é uma das melhores maneiras de compreendê-los!

Um dos aspectos mais nobres da compreensão é saber corrigir.

Pode ser que alguém retruque: “Espere um pouco. Fora o caso da educação das crianças, “corrigir” não é uma espécie de ato de orgulho, de superioridade? Não seria mais próprio da compreensão esforçar-se só em desculpar, relevar, não julgar; e focalizar apenas o lado bom da pessoa?”

Não parece que Cristo pense assim, tendo em conta que Ele nos diz: Se o teu irmão pecar, vai ter com ele e corrige-o a sós. Se te der ouvidos, terás ganho o teu irmão (Mt 18,15).

São Paulo dá o mesmo conselho: Irmãos, se alguém for surpreendido em alguma falta, vós, que sois animados pelo Espírito, admoestai-o em espírito de mansidão (Gl 6,1).

Jesus, depois de censurar a pessoa que só enxerga o cisco no olho do irmão, fala do dever de corrigir: Tira primeiro a trave de teu olho e assim verás para tirar o cisco do olho de teu irmão (Mt 7,5).

Como vê, esse mesmo Jesus que nos ama e nos desculpa com infinita misericórdia, nos manda corrigir, precisamente porque quer, acima de tudo, o nosso bem. Por isso, porque nos ama, não hesita em alertar, em corrigir, em repreender, ainda que isso doa, como fez com os Apóstolos (cf. Mt 16,23 e 20,25-26).

– Quem é que não consegue corrigir e ajudar com amor? O egoísta indiferente, aquele que diz: “Isso é lá com ele, eu não me meto, que faça o que quiser… Se quer se afundar, que se afunde”. E, quando o outro se afunda mesmo, tranquiliza-se pensando: “Foi ele que quis, eu não tenho a culpa”.

– Também não ama o bastante (e, por isso, não corrige) o mole de sentimentos, que acha que é bom com os outros só porque passa por cima de tudo e tudo tolera. Nunca adverte nem corrige por medo de magoar e perder a estima. A esse sentimental covarde, o Espírito Santo diz no livro dos Provérbios: Melhor é a correção manifesta do que uma amizade fingida (Pr 27,5).

– Pior ainda que o tolerante mole é o psicólogo de araque que acha que corrigir é “traumatizar” ou tirar a “liberdade” (Meu Deus! Quando deixaremos de ouvir essas patacoadas?).

– Como é evidente, também não está em condições de corrigir cristãmente aquele que se irrita com os defeitos da pessoa, dá bronca na hora e diz que está “cansado de aguentá-la”. O que esse tal deve fazer é acalmar-se, ser humilde, calar e rezar pedindo a Deus o amor que não tem. E, se a irritação virou raiva ou ódio, ir logo confessar-se da sua séria falta de caridade.

Para corrigir fazendo o bem é preciso ter afeto pela pessoa, saber desculpá-la no íntimo de nós, e sentir pena quando vemos nela alguma coisa errada, porque pode lhe causar um mal. Justamente quem quer o bem do próximo deseja dar-lhe a mão que ajuda.

Pense que não é obstáculo para corrigir com eficácia o fato de sentir dificuldade em fazê-lo. Quase sempre custa falar de um defeito diretamente com o interessado; é natural que soframos com o receio de que – ainda que falemos com carinho – o outro não entenda e possa se melindrar. Mas mesmo assim é preciso rezar, antes, e depois, falar. É uma questão de coragem e de lealdade.

Seria deslealdade calar-se, fingir, sorrir na cara e criticar pelas costas. Vem a propósito um episódio da vida do célebre escritor Chateaubriand. Conta ele em suas Memórias que certa vez o rei Luís XVIII da França lhe pediu sua opinião sobre uma medida que acabava de adotar e sobre a qual Chateaubriand discordava. O escritor tentou esquivar a resposta mas, perante a insistência do monarca, falou lealmente que era totalmente contra: «Sire, pardonnez ma fidelité» (“Senhor, perdoai a minha fidelidade”).

Pense que é especialmente falho o pai, a mãe, o superior, o educador que, para evitar passar um mau bocado, omite as correções devidas e deixa correr à deriva a vida dos que deveria orientar. Falando desses comodistas, São Josemaria comentava: «Talvez poupem desgostos nesta vida… mas põem em risco a felicidade eterna – a própria e a dos outros – pelas suas omissões, que são verdadeiros pecados» (Forja, n. 577).

Retirado do livro: “Tornar a Vida Amável”. Francisco Faus. Ed. Cléofas e Cultor de Livros.

Fonte: https://cleofas.com.br/

Fé, verdade e cultura (8/8)

Fé, verdade e cultura (Presbíteros)

Fé, verdade e cultura

Por Joseph Ratzinger

CONCLUSÃO

Ao final destas minhas reflexões, quisera chamar novamente a atenção sobre uma indicação metodológica dada pelo Papa para as relações entre a Teologia e a Filosofia, entre a Fé e a razão, porque com ela se toca a questão prática de como se pode pôr em andamento, no sentido em que fala a Encíclica, uma renovação do pensamento filosófico e teológico. A Encíclica fala de um movimento circular entre a Teologia e a Filosofia, entendendo-o no sentido de que a Teologia tem que partir sempre em primeiro lugar da Palavra de Deus; mas, posto que essa Palavra é verdade, é preciso relacioná-la com a busca humana da verdade, com a luta da razão pela verdade, pondo-a assim em relação com a Filosofia.

A busca da verdade por parte de quem crê realiza-se, pois, num movimento em que sempre se confrontam a escuta da Palavra proclamada e a busca da razão. Desse modo, por um lado, a Fé se torna mais profunda e mais pura; por outro, o pensamento também se enriquece, porque se abrem para ele novos horizontes. Parece-me que essa idéia de circularidade pode ser ampliada ainda mais: a própria Filosofia não deveria fechar-se naquilo que lhe é meramente próprio e pensado por ela. Assim como tem que estar atenta aos conhecimentos empíricos, que se amadurecem nas diversas ciências, assim também deveria considerar a sagrada tradição das religiões, e especialmente a mensagem da Bíblia, como fonte de conhecimentos capazes de fecundá-la.

De fato, não há nenhuma grande filosofia que não tenha recebido da tradição religiosa luzes e orientações: pensemos na filosofia da Grécia ou da Índia, ou na filosofia que se desenvolveu no âmbito do cristianismo. Também vale o mesmo para as filosofias modernas, que embora estivessem convencidas da autonomia da razão e considerassem essa autonomia como critério último do pensar, mesmo assim mantiveram-se devedoras dos grandes temas do pensamento que a Fé cristã foi dando à Filosofia: Kant, Fichte, Hegel e Schelling não seriam imagináveis sem os antecedentes da Fé. Até mesmo Marx, no coração da sua radical reinterpretação, vive do horizonte de esperança assumido pela tradição judaica.

Quando a Filosofia apaga totalmente esse diálogo com o pensamento da Fé, acaba – como já disse uma vez Jaspers – numa “seriedade que se vai esvaziando, até ficar sem conteúdo”. Por fim se vê impelida a renunciar à questão da verdade, e isso significa dar-se a si mesma por perdida: uma filosofia que já não pergunta mais quem somos, para que somos, se existe Deus e a vida eterna, abdicou como filosofia.

Quero concluir com a menção de um comentário à Encíclica publicado no semanário alemão Die Zeit, cuja tendência é distanciar-se das posições da Igreja. O comentarista Jan Ross sintetiza com muita precisão o núcleo da Encíclica ao dizer que o destronamento da Teologia e da Metafísica “não somente tornou o pensamento mais livre, mas também mais estreito”. Sim, Ross não receia falar de um “emburrecimento por descrença”. “Quando a razão se afastou das questões últimas, tornou-se apática e tediosa, deixou de ser capaz de lidar com os enigmas vitais do bem e do mal, da morte e da imortalidade. A voz de João Paulo II – continua o comentarista – deu ânimo a muitos homens e a povos inteiros; também soou dura e cortante aos ouvidos de muitos, e até suscitou ódio, mas, se emudecer, far-se-á um terrível silêncio”.

Com efeito, se deixamos de falar de Deus e do homem, do pecado e da graça, da morte e da vida eterna, todo o grito e todo o ruído que houver será apenas uma tentativa inútil de fazer esquecer o emudecimento daquilo que é próprio do ser humano. O Papa fez frente ao perigo de um tal emudecimento, com a sua coragem e com a franqueza intrépida da Fé, prestando assim um serviço não somente à Igreja, mas a toda a Humanidade. E devemos agradecer-lhe por isso.

Joseph Ratzinger

Fonte: Site interrogantes.net

Link: http://www.interogantes.net

Tradução: Quadrante

https://presbiteros.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF