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segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

O Noivado e a Igreja

O Noivado e a Igreja (Cléofas)

O Noivado e a Igreja

 POR PROF. FELIPE AQUINO

O noivado é um belo tempo que antecede o casamento; é quando o casal já decidiu que vai se casar, e estão na preparação imediata para o matrimônio.

É o tempo em que tudo deve ser dialogado, tudo deve ser revelado, o mistério insondável que é cada um deve ser revelado ao outro, para que este não se case com um “desconhecido”.

Infelizmente muitos casais se casam sem se conhecer; alguns colocam máscaras durante o namoro e noivado, e depois se estranham quando casados, achando que o outro mudou muito. Não mudou, é o mesmo, mas apenas não era conhecido pelo cônjuge.

Só se deve ficar noivo quando se decidiu que vão se casar; não há mais dúvida; se amam de verdade, se conhecem, sabem os defeitos e as qualidades recíprocas e estão dispostos a viverem juntos para sempre, unidos no amor de Deus, prontos para “fazer o outro crescer a cada dia”, amando-o, perdoando-o, compreendendo-o; e dispostos a “acolher os filhos que Deus lhes enviar”, educando-os na fé do Cristo e da Igreja. O casamento é para sempre; até que a morte os separe; precisam estar convictos do juramento que vão em breve fazer no Altar de Deus: “Eu te recebo como meu marido (mulher) e te prometo ser-lhe fiel na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, amando-te e respeitando-te TODOS OS DIAS de minha vida”. Estão preparados?

Não se pode casar “no escuro”; e não se pode enganar-se, fingindo que não vê os problemas que estão pela frente. Se o casal não tem convicção de que estão preparados e maduros para o casamento, então, talvez seja melhor adiar o noivado. E devem saber os jovens cristãos, que o noivado não é ainda uma autorização para a vida sexual; não. Ela só deve começar depois do casamento, pois eles ainda não pertencem mutuamente. São Paulo disse: “O marido cumpra o seu dever para com a sua esposa e da mesma forma também a esposa o cumpra para com o marido. A mulher não pode dispor de seu corpo: ele pertence ao seu marido. E da mesma forma o marido não pode dispor do seu corpo: ele pertence à sua esposa” (1Cor 7, 3-4). O Apóstolo não fala em namorados e noivos, mas marido e mulher. E o Catecismo da Igreja ensina: “2350 – Os noivos são convidados a viver a castidade na continência. Nessa provação eles verão uma descoberta do respeito mútuo, uma aprendizagem da fidelidade e da esperança de se receberem ambos da parte de Deus. Reservarão para o tempo do casamento as manifestações de ternura específicas do amor conjugal. Ajudar-se-ão mutuamente a crescer na caridade”. Assim, vivam o noivado como Deus quer e a Igreja ensina, serão felizes.

Prof. Felipe Aquino

Fonte: https://cleofas.com.br/

Reflexões sobre a usura

Raffaele Armando Califano Mundo, Monte di pieta, obra de data incerta preservada no Município de Nápoles (30Giorni)

Arquivo 30Dias – 12/1999

Reflexões sobre a usura

Três histórias retiradas do jornal O vagabundo. As razões pelas quais recorremos à agiotagem são diferentes, mas as consequências são sempre as mesmas.

Três histórias retiradas do jornal O vagabundo

Eu sou tão lindo jornal que é O vagabundo você pode ler considerações muito detalhadas sobre o flagelo da usura, que espalha os seus tentáculos mesmo entre muitos pobre.

O serviço, intitulado "Er cravattaro tra i vagabundos", é apresentado da seguinte forma:
«Uma das causas pelas quais um indivíduo 'normal' vira completamente a vida de uma pessoa de cabeça para baixo até que foi forçado a privar-se de tudo, até da própria vida, é desgaste.
As razões pelas quais recorremos à usura, no entanto conhecendo os perigos, eles são diferentes, mas as consequências são quase sempre o mesmo.

Estes são os testemunhos de três de nós colaboradores que, direta ou indiretamente, tenham conhecido este Experiência horrível.

Aqui estão os três testemunhos.

Guido“Um conhecido meu – vou ligar para ele Andrea – foi reduzida à pobreza pelos agiotas. Lá Sua história não difere das muitas que agora são lidas periodicamente nos jornais. Andrea, há cerca de quatro anos, iniciou um pequeno negócio comércio, mas as coisas não tinham ido bem e ele logo se viu em sérias dificuldades. Não vou me preocupar aqui em contar a você tudo sobre ele dificuldades; Só vou te dizer isso – como você já deve ter entendido – acabou nas mãos de agiotas sem escrúpulos que o possuem literalmente estrangulados com o exagero de seus pedidos. As ameaças constantes também o forçaram a ceder o pouco que lhe restava e então ele acabou no meio do estrada para vagar de um centro de assistência para outro. Foi precisamente num destes centros que Eu o conheci e ele me confidenciou suas desventuras. Quando eu os tiver perguntei por que ele não havia denunciado seus perseguidores, ele me disse explicou que ele havia sido contido pelo medo de retaliação: por este preferiu escolher o que em última análise lhe parecia ser o Mal menor. Infelizmente, quando ele tomou conhecimento de sua existência de um “fundo anti-usura” que possa ser utilizado em caso de necessário, já era tarde demais." 

Silvana“Quando ouço o nome dos chamados 'cravattari' o sangue ferve em minhas veias, porque eu me deparei com isso e é algo que eu não desejaria nem no meu pior inimigo. Foi há muito tempo, na estreia comunhão de um dos meus filhos. Então havia dinheiro em casa poucos e, por outro lado, por orgulho, não queríamos pedir ajuda a nossos parentes. Preferimos, portanto, contactar, através um… 'amigo', para uma empresa que emprestou dinheiro, mesmo que o interesse nos parecesse excessivo. Nós concordamos em um empréstimo de 200 mil liras, das quais recebemos apenas 180 mil. A restituição deveria ocorrer com o pagamento de 25 mil liras a cada 15 dias porque meu sócio, Vittorio, era pago por quinzena.

Terminamos de devolver todas as 200 mil liras convencidos de que havíamos quitado totalmente nossa dívida, mas estávamos errados grande. Na verdade, já se passaram 15 dias desde o último pagamento, esses os abutres voltaram para exigir mais interesse e sim ele repetiu depois de mais 15 dias. Nesse ponto, Vittorio recusou continuar pagando uma dívida que já havíamos quitado tempo. Quando fui para a escola no sábado seguinte para pegar meus filhos Descobri que faltava um e havia uma carta deixada em seu lugar com o qual foi solicitado o pagamento de 50 mil liras e fomos convidados a não mencione isso a ninguém, caso contrário nunca mais o veríamos nosso bebê.

O que devemos fazer? Claro que há medo forçado a ceder à chantagem. Pagamos um preço bem acima disso acima de nossas possibilidades, mas a vida do nosso filho valeu a pena muito mais". 

Rosina: “Também tenho uma amiga que viveu esta trágica experiência de usura e, com o seu consentimento... Falarei sobre a triste odisseia que virou sua vida de cabeça para baixo. Sua época uma família feliz; ela tinha três lindos filhos e um marido que, junto com o irmão, dirigia uma carpintaria que permitia lhes um certo conforto. Isso foi até seis anos atrás, quando, de repente, dentro de três meses, seu marido morreu causa de um tumor. Deixada sozinha com seus três filhos que ainda eram adolescentes, sim ela tomou coragem e assumiu o negócio do marido. Mas ele não contava com o cunhado – um contador da pequena empresa – que, na primeira oportunidade, desapareceu com todo o dinheiro em mãos, deixando-a num mar de dívidas. Então, pela enésima vez, é replicou o drama da usura que, como sempre, tem um final família ficou falida. Depois que ela acabou dormindo com os filhos no estação, ela finalmente conseguiu entrar em uma residência no Município, onde ainda reside.

Mas a vida mudou completamente. Ela tem doença cardíaca e mal consegue carregar bebês você trabalha com alguma família; os filhos, já crescidos, procuram trabalho... mas eles oram a Deus para não encontrá-lo. Essa pobre mulher realmente não aguenta mais". Todos nos perguntamos: “Quando poderemos acabar com o massacre dos agiotas?”.

Fonte: https://www.30giorni.it/

EDITORIAL: A start-up que transforma moradores de rua em jardineiros

A start-up que transforma moradores de rua em jardineiros (Vatican Media)

Foi criada por Lorenzo Di Ciaccio, engenheiro de computação que deixou seu emprego em uma grande empresa e, com o dinheiro de seu fundo de garantia, fundou a 'Ridaje': empresa que ajuda pessoas necessitadas a cuidarem de si mesmas através da recuperação das áreas verdes abandonadas de Roma. "Ninguém se salva sozinho, a nossa missão é salvar e mudar o mundo, um jardim de cada vez."

https://youtu.be/RmzA2CeRCI4

Cecilia Seppia – Vatican News

"Daje!", é uma expressão romana que se usa para dar confiança, incentivar alguém, dar força, animá-lo a não desistir, mas também para expressar exultação diante do gol de seu time favorito ou para compartilhar o sucesso de um amigo. "Ridaje" é um tipo de reforçativo, um "daje duplo", bem como o nome da start-up de Lorenzo Di Ciaccio, que oferece uma segunda vida, uma chance de redenção para os muitos, muitos sem-teto que vivem pelas ruas da cidade eterna. Com 38 anos, engenheiro de computação, nascido em Gaeta, há cerca de dez anos Lorenzo decidiu deixar seu emprego estável e bem remunerado para se dedicar à solução de um problema social que a Igreja e as organizações eclesiais de caridade sempre têm que enfrentar.

Mas antes da Ridaje, Lorenzo usou o dinheiro do fundo de garantia para criar a Pedius e se aproximou do empreendedorismo social, por meio da informática. Ele conta: “Vendo TV, ouvi a história de Gabriele, um menino surdo que, depois de um acidente, não conseguiu fazer uma ligação telefônica para uma ambulância. Isso me impressionou muito e comecei a pensar em uma solução, daí a ideia de um software que permitisse que pessoas com deficiência auditiva fizessem ligações telefônicas, e não apenas em casos de emergência. Eu não conhecia ninguém com esse problema. Gabriele se tornou meu primeiro amigo surdo". A Pedius chegou a 14 países em todo o mundo, levantou capital, tem um faturamento de 700 mil euros e entre seus clientes estão grandes empresas, como o Banco da Itália, a Telecom e a Enel. Mas Lorenzo não está satisfeito e volta à questão dos sem-teto. "Durante 12 anos", afirma, "em meio a mil atividades e compromissos, também consegui ser voluntário na Cáritas. Minha tarefa era abrir e fechar um dos muitos Centros de Emergência para o Frio que permanecem em funcionamento na capital do Natal à Páscoa.

Sair das ruas, formar, integrar, dar novamente dignidade por meio do trabalho, cuidar: os objetivos da Ridaje (Vatican Media)

Trabalho social é business

De ano para ano, percebia que, os que batiam à porta desses abrigos administrados pela Cáritas, eram sempre os mesmos rostos, as mesmas pessoas, só que mais abatidas, envelhecidas, assustadas, doentes. “Perguntei-me: 'mas então uma cama e uma refeição quente não os tira das ruas? O que posso fazer com relação a esse drama que afeta todas as grandes cidades do mundo? Nesse meio tempo, levei a história da Pedius às universidades e, em um desses encontros com estudantes da Universidade Luiss, conheci o pesquisador Luca Mongelli, que estava fazendo uma pesquisa sobre a capacitação de pessoas marginalizadas, em particular prisioneiros, tentando identificar formas de integração social e trabalhista depois de cumprirem suas penas".

A start-up que transforma moradores de rua em jardineiros (Vatican Media)

Lorenzo e Luca iniciaram uma colaboração, criando um modelo de negócio, a partir de um outro flagelo que assola Roma: as áreas verdes, os parques, as grandes moradias abandonadas e sujas. "Dissemos a nós mesmos: se as empresas e os cidadãos estiverem dispostos a parar de reclamar da degradação e pagar algo para ver a cidade mais limpa, podemos encontrar um caminho". A ideia agradou. Funciona. E, mais uma vez, ela traz à tona uma verdade que perpassa toda a Laudato si' e as histórias que contamos até agora: cuide do meio ambiente e o meio ambiente cuidará de você. Os dois fazem acordos com empresas, indivíduos e lojas. "Com muita frequência, temos a tendência em criar uma distinção clara entre o que é lucrativo e o que não é, como se o lucro fosse um mal”, diz Lorenzo, “na realidade, o que queremos mostrar com a Ridaje é que o trabalho social é business e que, em um mercado capitalista, é possível dar espaço ao homem, simplesmente colocando-o de volta no centro, como explica o Papa Francisco". O estudo também mostra que das 70 mil pessoas sem-teto da Itália, 80% vivem nas grandes cidades e mais de 20% nas ruas de Roma, que também é a cidade com o maior número de áreas verdes da Europa e com menos de 200 jardineiros profissionais para cuidar dessas áreas.

Um dos jardineiros trabalhando em uma área de Roma a ser saneada (Vatican Media)

Em resumo, o que a Ridaje faz?

A base são os acordos com os serviços sociais da Prefeitura de Roma, com a Cáritas, a Comunidade de Santo Egídio e organizações menores que ajudam a selecionar as pessoas com o apoio de psicólogos. As pessoas frágeis incluem aquelas que podem estar sofrendo de dependência de álcool ou drogas e, para elas, é necessário um programa de reabilitação antes de introduzi-las no mundo do trabalho. “Muitas delas", explica Di Ciaccio, "com frequência são capazes, mas carecem de estabilidade e constância; as que realmente conseguem sair das ruas são as pessoas que cometem menos erros, porque avançam mais devagar, mas com mais firmeza. De fato, um dos inimigos é o excesso de entusiasmo. Aqueles que começam querendo fazer tudo, com um ritmo muito forte, em um determinado ponto entram em colapso". A fase de seleção é delicada e importante: na Ridaje, são realizadas cerca de cem entrevistas em seis meses para selecionar no máximo 10 pessoas que participam de um curso de jardinagem de 40 horas com uma parte teórica e uma prática que também envolve o uso de maquinários. Dessas 10 pessoas, apenas 2 trabalham para a empresa com um contrato de meio período que, no entanto, garante uma vida decente e, nesse meio tempo, também a busca por outro emprego. Os operadores da Ridaje também são responsáveis pelo mapeamento das áreas verdes que precisam de saneamento. O mapeamento é feito com base na indicação da Prefeitura e dos cidadãos, que, por meio do site da Ridaje, podem comprar horas de financiamento coletivo para dedicar às áreas verdes. Depois de se fazer um orçamento, iniciam os trabalhos e se organizam as equipes a serem enviadas ao local. Até o momento, 50 moradores de rua participaram do curso de formação e 16 já trabalharam com a Ridaje. Oito deles conseguiram outros empregos como jardineiros em outras empresas.

As pessoas, os rostos, antes dos números (Vatican Media)

Uma história dentro da história

"Há algum tempo", conta Lorenzo, "eu estava em um escritório de advocacia de muito prestígio e o proprietário que estava na minha frente, falando ao telefone com um dos fornecedores, reclamou que os jardineiros para serviços naquela área muito rica de Roma sempre acrescentavam um zero ao orçamento. Então eu disse a ele: se quiser, eu lhe envio jardineiros! E ele me olhou como se eu fosse louco e, entre o sério e o jocoso, exclamou: você quer trazer "vagabundos" para uma cobertura como essa? Porém, aceitou o desafio, pois conhecia meu trabalho na Pedius, dizendo que não contaria nada a seus sócios, se algo acontecesse, eu teria que oferecer um jantar a ele, caso contrário, ele garantiria um contrato terceirizado com a Ridaje. E assim foi. Desde então, estamos administrando esse local há anos. A propósito, enquanto estávamos lá, um de nossos jardineiros olhou a vista do terraço que dava para uma grande e conhecida praça de Roma e me confidenciou com os olhos brilhantes: 'veja aquele banco ali, é o banco em que eu estava na minha primeira noite na rua. Pensei erroneamente que o lugar mais seguro para dormir era no centro histórico da cidade, com policiais e cheio de turistas que poderiam me deixar algum dinheiro, mas, em vez disso, percebi que havia me tornado invisível. Ao meu redor, em outros bancos ou no chão, sobre caixas de papelão, havia outros sem-teto. Além disso, é desconfortável, úmido, por causa do rio Tibre, e depois de um tempo peguei pneumonia. Agora, olhando de cima, sinto-me privilegiado. Sinto-me comovido, sinto que consegui’.

Muitas áreas urbanas abandonadas e degradadas voltaram à viver graças ao Ridaje (Vatican Media)

Mudar o mundo, jardim após jardim

Além do empreendedorismo social por trás da Ridaje, há muitos macroconceitos e valores que o Papa expressa na Laudato si' e reforça com a exortação Laudate Deum. Primeiro de tudo: ao cuidar de um espaço verde, as pessoas cuidam de si mesmas. “O nosso", conclui Lorenzo, "é uma forma de jardinagem terapêutica e, ao cuidar da terra, se recupera a dignidade, se torna visível novamente. Ninguém pode tirar as pessoas da rua pela força, a única força é o amor, o bem. Fazemos com que essa forma de amor volte a circular, construímos uma rede porque, como diz o Santo Padre, ninguém se salva sozinho. A Laudato si' é uma confirmação de nossos estudos empíricos e nos dá esperança de que estamos caminhando na direção certa. A Ridaje entrou hoje em um programa de aceleração, dando ações da empresa àqueles que investirem no projeto. Venceu a licitação de "Inovação Aberta" da empresa estatal Ferrovias do Estado Italiano. Até o momento, recuperou mais de 50 mil metros quadrados de espaço verde e agora, com a campanha de financiamento colaborativo, a empresa está se organizando para administrar pedidos maiores. E, acima de tudo, está comprando uma casa para os sem-teto que lhes dará o "espaço seguro" de que todos nós precisamos para nos sentirmos bem.

"A nossa missão é mudar o mundo para melhor, um jardim de cada vez, e, em vez de pensar em maximizar o lucro, ter uma ética que também vise à felicidade e ao bem-estar dos indivíduos: é isso que estamos levando às escolas e universidades quando falamos sobre empreendedorismo social e as muitas implicações relacionadas a ele”.

Na Ridaje, há uma regra: ajuda-se o outro com um sorriso (Vatican Media)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

O que é de César? O que é de Deus?

jfergusonphotos | Shutterstock

Por Francisco Borba Ribeiro Neto - publicado em 17/12/23

Em nossos tempos, César é o Estado. Gostemos ou não, dele emana toda a ordem social instituída.

“A César o que é de César, a Deus o que é de Deus” (Mc 12, 17). Lembrei-me da frase de Jesus ao ler que o novo procurador-geral da República, Paulo Gonet declarou: “não tomo a Constituição como Bíblia, nem a Bíblia como Constituição”. As duas frases remetem a questões significativas para um justo entendimento da laicidade do Estado e o papel dos cristãos na política. A primeira, título deste artigo, é distinguir o que é de César e o que é de Deus, a segunda é qual o paralelismo que existe entre a Bíblia e a Constituição, aparentemente tão díspares, para levar o futuro procurador-geral da República a cunhar a frase citada.

O que daremos em troca de nossa própria alma

Em nossos tempos, César é o Estado. Gostemos ou não, dele emana toda a ordem social instituída. Anarquistas à esquerda e neoliberais à direita sonham com uma sociedade sem Estado – mas, na realidade de hoje, esse sonho parece mais uma ilusão ideológica do que um ideal próximo.

A César (o Estado) cabe cuidar do bem-comum, garantir a justiça e a manter harmonia entre os seres humanos. Dependendo da história de cada país, das escolhas de cada povo, o Estado se organizará de formas diversas, mas de um modo ou de outro deve cumprir essas atribuições. Para isso lhe é dado um poder, que não é absoluto, mas objetivamente muito grande.

Cabe às pessoas, usando a sua liberdade, construir o Estado. Para isso, Deus nos deu discernimento e autonomia. É verdade que frequentemente usamos nossa autonomia com pouco discernimento e que alguns poucos eliminam, direta ou indiretamente, a autonomia de muitos, mas esse é o mundo dos seres humanos, espaço do Estado laico, reconhecido pela própria Igreja (cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, CDSI 571-572).

Mas, então, o que é de Deus? Se a ordem social pertence a nós, e nos cabe trabalhar para uma sociedade cada vez melhor, o nosso coração é de Deus. A Ele pertencemos e, conforme a conhecidíssima expressão de Santo Agostinho, por Ele ansiamos e só Nele encontramos nossa paz. Nem todos os seres humanos se reconhecem pertencendo a Deus, mas, toda vez que fazem o bem, participam de alguma forma da graça que Ele espalha sobre o mundo. Inversamente, quando fazemos o mal, criamos um mundo à nossa imagem, mas que não corresponde à vontade Deus. Usamos a nossa autonomia e nosso senhorio sobre o mundo, mas perdemos o sentido de nossa vida… E “de que nos vale ganhar o mundo inteiro, se perdermos a nós mesmos? o que daremos em troca de nossa própria alma?” (cf. Mc 8, 36).

A inspiração e a imposição

Voltemos à frase de Paulo Gonet… Ao qual não conheço e do qual não faço nenhum julgamento, apenas espero – como todo brasileiro – que cumpra bem seu dever… Insisto nessa frase porque suscita uma reflexão que me parece significativa em nossos tempos.

Como exposto acima, a Bíblia e o magistério social da Igreja não podem ser vistos como programas políticos ou códigos jurídicos. Referem-se a princípios éticos que ajudam o ser humano a ser mais feliz e realizar melhor o bem-comum. Diferem, obviamente, de uma Constituição nacional.

Contudo, as leis, para serem justas, devem procurar atender às necessidades e à vocação natural do ser humano – e, nesse sentido, a Bíblia e o magistério social da Igreja podem ser uma grande referência para que tenhamos boas legislações. Mas, se as leis são intrinsicamente impositivas – pertencem ao mundo de César; as normas que nascem da sabedoria cristã são sempre um convite lançado à liberdade humana – e como tais devem ser vistas e anunciadas aos demais (o que não impede a sociedade civil de criar leis que se baseiem nessas normas). Esse caráter inspirador e não impositivo distingue, do ponto de vista político-institucional, a doutrina católica da norma constitucional.

No mundo sociopolítico, aquilo que é inspiração para o bem-comum (a mensagem cristã) não pode ser imposição de conduta (como deve ser a lei civil); mas as normas impositivas (derivadas de um “contrato social” firmado entre os seres humanos) precisam de uma inspiração maior (a sabedoria do humanismo religiosos) para não se perderem em posições e interesses privados ou jogos de poder.

Chamados a dar testemunho

A comunidade religiosa e seus líderes são um espaço natural para que as pessoas encontrem inspiração e orientação em sua vida. Têm a grande responsabilidade de testemunhar a Verdade e o Bem aos que vêm a sua procura. Aqueles que encontram ali a resposta a suas inquietações, naturalmente tendem a confiar na instituição religiosa, em suas palavras, nos irmãos de fé e em suas lideranças. Isso é bom, mas implica em dois cuidados: (1) não querer que uma inspiração verdadeira se torne uma imposição injusta; (2) estar atento para com os aproveitadores que declaram a fé em seus discursos, mas a traem em sua prática.

Deus criou o ser humano livre, dotado de autonomia, para escolher o bem. Dentro dos limites do respeito à vida e da construção do bem-comum, os cristãos devem reconhecer essa liberdade naqueles que não tem a mesma fé. Escandalizar-se ou tentar impor uma conduta são as formas mais fáceis de perder credibilidade e a chance de poder dar um testemunho adequado aos demais. Infelizmente, diante de muitos descalabros que constatamos no dia-a-dia, temos frequentemente a tentação de ceder tanto ao escândalo quanto à imposição, mas isso seria querer fazer da Bíblia uma Constituição, de querer que um “nosso César” ocupasse o lugar do Deus verdadeiro.

Além disso, muitos políticos e líderes tentam se aproveitar da fé sincera das comunidades, professando princípios cristãos, mas os traindo miseravelmente quando não correspondem a seus interesses. Esse é o motivo pelo qual a Igreja deixou de incentivar diretamente a formação de partidos explicitamente cristãos (cf. CDSI 573-574). Os católicos se sentiam no dever de votar nesses partidos, mas os candidatos muitas vezes eram cristãos só na hora da campanha, traindo e envergonhando posteriormente as comunidades.

Isso não quer dizer que os católicos e os demais cristãos não possam se organizar em frentes e associações. Contudo, ao fazerem isso, devem demonstrar, com seu testemunho e sua coerência, ser dignos do voto e do apoio de seus irmãos de fé… Assim como todos nós somos chamados a testemunhar, beleza da vida e do amor ao próximo, que nosso coração é “de Deus” e não “de César”.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Primeira Pregação do Advento 2023 do cardeal Raniero Cantalamessa (3/3)

1ª Pregação do Advento 2023 *Vatican Media)

Primeira Pregação do Advento 2023 do cardeal Raniero Cantalamessa

"Jesus não espera que os pecadores mudem de vida para poder acolhê-los; mas os acolhe, e isso leva os pecadores a mudar de vida. Todos os quatro Evangelhos – Sinóticos e João – são unânimes nisso."

Fr. Raniero Card. Cantalamessa, OFMCap

“VOZ DE QUEM CLAMA NO DESERTO”

João Batista, o moralista e o profeta

Primeira Pregação do Advento de 2023

Na liturgia do Advento, nota-se uma progressão. Na primeira semana, a figura de destaque é o profeta Isaías, aquele que anuncia de longe a vinda do Salvador; no segundo e terceiro domingos, o guia é João Batista, o precursor; na quarta semana, a atenção se concentra toda em Maria. Este ano, tendo apenas duas meditações à disposição, pensei dedicá-las aos dois: ao Precursor e à Mãe. Nas iconóstases dos irmãos Ortodoxos, os dois estão um à direita e o outro à esquerda de Cristo e, frequentemente, são apresentados como dois “recepcionistas” dos lados da porta que introduz ao recinto sacro.

Uma evangelização nova no fervor

São João Paulo II caracterizou a nova evangelização como uma evangelização – cito – “nova no fervor, nova nos métodos e nova nas expressões”. João Batista é mestre para nós sobretudo na primeira destas três coisas, o fervor. Ele não é um grande teólogo; tem uma cristologia bastante rudimentar. Ainda não conhece os mais altos títulos de Jesus: Filho de Deus, Verbo, e nem mesmo o de Filho do homem.

Usa imagens simplicíssimas. “Não sou digno – afirma – de desatar a correia da sua sandália...”. Mas, apesar da pobreza de sua teologia, como consegue fazer ouvir a grandeza e unicidade de Cristo! O mundo e a humanidade aparecem, das suas palavras, todos contidos como dentro de uma joeira, ou uma peneira, que ele, o Messias, segura e balança em suas mãos. Diante dele se decide quem fica e quem cai, quem é o bom grão e quem é palha que o vento dispersa. O exemplo do Precursor nos diz que todos podem ser evangelizadores!

Comentando as palavras de São João Paulo II que recordei, alguém, a seu tempo, observou que a nova evangelização pode e deve ser, sim, nova “no fervor, no método e na expressão”, mas não nos conteúdos, que permanecem os de sempre e que derivam da revelação. Em outras palavras: que pode e deve haver uma nova evangelização, mas não um novo Evangelho.

Tudo isso é verdade. Não pode haver conteúdos total e verdadeiramente novos. Pode, contudo, haver conteúdos novos, no sentido de que, no passado, não eram enfatizados o bastante, que permaneceram na sombra, pouco valorizados. São Gregório Magno dizia: “Scriptura cum legentibus crescit” (Moralia in Job, 20,1,1), a Escritura cresce com quem a lê. E, em outro trecho, explica também o porquê. “De fato – afirma – alguém compreende [as Escrituras] tanto mais profundamente quanto mais profunda for a atenção que a elas dedica” (Hom in Ez. I,7,8). Este crescimento se realiza primeiramente em nível pessoal no crescimento em santidade; mas se realiza também em nível universal, à medida que a Igreja avança na história.

O que às vezes torna tão difícil aceitar o “crescimento” de que fala Gregório Magno é a pouca atenção que se dá à história do desenvolvimento da doutrina cristã das origens a hoje, ou um conhecimento muito superficial e manualístico dela. Tal história demonstra, de fato, que esse crescimento sempre houve, como demonstrou em um famoso ensaio o Cardeal John Newman.

A Revelação – Escritura e Tradição juntas – cresce conforme instâncias e provocações lhe são postas no curso da história. Jesus prometeu aos apóstolos que o Paráclito os teria guiado “a toda a verdade” (Jo 16,13), mas não precisou em quanto tempo: se em uma ou duas gerações, ou, ao invés – como tudo parece indicar –, por todo o tempo que a Igreja for peregrina sobre a terra.

A pregação de João Batista nos oferece a ocasião para uma observação atual e importante justamente a propósito deste “crescimento” da palavra de Deus que o Espírito Santo opera na história. A tradição litúrgica e teológica pegou dele sobretudo o grito: “Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!”. A Liturgia nos repropõe a cada Missa antes da comunhão, depois que o povo cantou por três vezes: “Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós”.

Na realidade, porém, esta é apenas metade da profecia do Batista sobre Cristo. Ele logo acrescenta, quase de um só fôlego, e em todos os quatro Evangelhos: “Ele vos batizará com o Espírito Santo!” (cf. Jo 1,33), e ainda: “Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Mt 3,11). A salvação cristã não é, portanto, algo apenas de negativo, um “tirar o pecado”. É sobretudo algo de positivo: é um “dar”, um infundir: vida nova, vida do Espírito. É um renascimento.

A destruição do pecado parece a via e a condição para o dom do Espírito, que é o objetivo último, o dom supremo. O capítulo terceiro da Carta aos Romanos sobre a justificação do ímpio jamais deve ser desligado do capítulo oitavo sobre o dom do Espírito, com aquela mensagem libertadora que deveria ressoar mais frequentemente em nossa pregação: “Agora, portanto, já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus. Com efeito, a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, libertou-te da lei do pecado e da morte” (Rm 8,1-2).

Certo, este aspecto positivo jamais foi esquecido. Mas, talvez, nem sempre se insistiu o bastante sobre ele. Temos corrido o risco, na espiritualidade ocidental, de ver o cristianismo, sobretudo em chave “negativa”, como a solução do problema do pecado original; como algo, por isso, de sombrio e deprimente. Explica-se assim, ao menos em parte, a sua rejeição da parte de vastos setores da cultura, como aqueles representados por Nietzsche, na filosofia, e pelo dramaturgo norueguês Ibsen, na literatura. A maior atenção à ação do Espírito Santo e aos seus carismas que, há algum tempo, está em ato em todas as Igrejas cristãs, é um exemplo concreto da Escritura que “cresce com quem a lê”.

Os santos amam continuar, do céu, a missão que desempenharam quando vivos sobre a terra. Santa Teresa do Menino Jesus – de quem recorre este ano o 150º aniversário do nascimento – pôs isso como uma espécie de condição a Deus para ir ao céu. São João Batista ama, também ele, ser ainda o precursor de Cristo, ama preparar-lhe os caminhos. Emprestemos-lhe a nossa voz!

Contemplando, na Deesis, o ícone do Precursor com as mãos estendidas para o Cristo e o olhar suplicante, a Igreja Ortodoxa lhe dirige esta oração, que podemos fazer nossa:

Aquela mão que tocou a cabeça do Senhor e com a qual nos indicastes o Salvador, estendei-a agora, ó Batista, para ele em nosso favor, em virtude daquela segurança de que largamente gozas, pois, segundo o seu próprio testemunho, vós fostes o maior de todos os profetas; dirigi a ele, ó Batista, os olhos que viram o Espírito Santo descido em forma de pomba, para que ele nos manifeste a sua graça.

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Tradução de Fr. Ricardo Farias, OFMCap.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Vunibaldo

São Vunibaldo (A12)

 18 de dezembro

São Vunibaldo

Vunibaldo nasceu em 701, em Kent, Inglaterra. Era filho do rei São Ricardo e irmão de São Vilibaldo e Santa Valburga.

Em 720 partiu com o pai e o irmão em peregrinação para a Terra Santa, passando antes por Roma. Mas seu pai adoeceu durante a viagem e morreu na cidade italiana de Luca. Os dois irmãos ficaram juntos em Roma por dois anos e depois seguiram rumos diferentes. Vilibaldo partiu para a Palestina e ele ali permaneceu estudando por mais 16 anos.

Em 738, Vunibaldo foi ordenado sacerdote e auxiliou o tio, São Bonifácio, que pedira sua ajuda, na evangelização da Alemanha. Mas ansiava pela vida monástica e contemplativa, e depois de certo tempo com o tio, e de cinco anos na corte, a pedido do Duque Odilon, decidiu-se a construir um mosteiro. Comprou um terreno em Heidenheim, para onde se retirou com alguns companheiros, e teve ajuda do seu irmão Vilibaldo, bispo de Eichestat, para se estabelecer. Logo nomeado abade, dedicou-se a reforçar a fé da população que, supersticiosa, recaía no paganismo. Combateu firmemente esta vida viciosa, pelo que ele e seus monges sofreram ameaças de morte e incêndio.

Com o tempo, Vunibaldo ficou muito doente e já não conseguia mais ir até a igreja, pedindo então que fosse colocado um pequeno altar na sua cela. Finalmente pôde ficar mais tempo na quietude da oração que tanto desejara, na contemplação do Santíssimo Sacramento. Faleceu não muito tempo depois, a 18 de dezembro de 761.

 Sua irmã e biógrafa, Santa Valburga, relatou com detalhes os prodígios que aconteciam na sua simples presença, prodígios estes confirmados por outros registros e pela tradição oral. Seu culto está difundido principalmente entre os povos germânicos.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Mesmo desejando para si uma vida de maior contemplação, solidão e silêncio, São Vunibaldo não se opôs aos diferentes chamados de Deus ao longo da sua vida, mas ao contrário desempenhou com fidelidade e competência atividades pastorais, viajou, e participou da vida na corte. É comum que nossos planos pessoais, muitas vezes, não coincidam com o que Deus nos indica a fazer. O testemunho universal de todos os santos é que, renunciando à nossa vontade e cumprindo a Dele, alcançaremos o que de fato precisamos e o que nossa alma verdadeiramente anseia, ainda que nossas percepções e sentidos mais superficiais sugiram enganosamente outros caminhos.

Oração:

Deus de infinita sabedoria e bondade, dai-nos a graça de, por intercessão de São Vunibaldo, Vosso obediente servo, vivermos na prática o que rezamos na oração que nos ensinastes: “Seja feita a Vossa vontade, assim na Terra com no Céu”, para alcançarmos as alegrias que quereis nos dar nesta e na próxima vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora, obedientes até a Cruz. Amém.

Fonte https://www.a12.com/

domingo, 17 de dezembro de 2023

A belíssima explicação de João Paulo II sobre a árvore de Natal

ORION PRODUCTION I Shutterstock

Por Agnès Pinard Legry - publicado em 15/12/23

João Paulo II explicou como a tradição da árvore de Natal tornou-se uma exaltação ao valor da vida.

À medida que o Natal se aproxima, as árvores de Natal e os presépios ganham lugar de destaque nas casas e empresas. E, se o significado do presépio parece bastante óbvio para os fiéis, o da árvore pode ser mais vago. 

Esta tradição “exalta o valor da vida porque no inverno o abeto perene torna-se sinal de vida que não morre”, explicou com delicadeza João Paulo II em dezembro de 2004 durante um Angelus. “Normalmente, na árvore decorada e aos seus pés, são colocados presentes de Natal. O símbolo torna-se, assim, eloquente também num sentido tipicamente cristão: evoca a «árvore da vida» (cf.  Gn 2, 9 ), figura de Cristo, dom supremo de Deus à humanidade”, disse ele.

Para João Paulo II, a mensagem da árvore de Natal é, portanto, que a vida permanece “sempre verde” a partir do momento em que se torna um presente. “Não tanto as coisas materiais, mas a si mesmo, na amizade e no carinho sincero, na ajuda fraterna e no perdão, no tempo partilhado e na escuta mútua”, explicou o pontífice.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Papa Francisco completa 87 anos

Aniversário do Papa Francisco (Vatican Media)

Em seu aniversário, Papa convida crianças a preparar o coração para o Natal

Como em todos os anos, desde 2023, os pequenos assistidos no centro pediátrico do Vaticano celebraram o aniversário do Papa. Na Sala Paulo VI, entre cantos e espetáculos circenses, desejaram felicidades ao Papa, que lhes agradeceu e pediu que pensassem em Jesus diante do iminente nascimento do Filho de Deus. “A gratidão é a memória do coração", lê-se no bolo preparado para ele.

https://youtu.be/aHy2-3GkpwY

Michele Raviart - Cidade do Vaticano

São os sorrisos a iluminar a Sala Paulo VI, no Vaticano, no dia do 87º aniversário do Papa Francisco. As crianças do dispensário de Santa Marta, como acontece desde 2023, festejaram o aniversário do Pontífice com cantos e abraços e o que o Papa pede para terem enquanto se espera o Natal. “Devemos nos preparar para uma grande festa”, diz de improviso, depois de cumprimentar as crianças e recebê-las ao pé do palco da Sala Nervi.

As felicitações de Francesco

“Pensemos, preparemos o coração para o Natal para receber Jesus”, sugeriu, convidando todos a pensar – em silêncio e de olhos fechados – sobre o que pedir a Jesus na Festa em que celebramos a sua vinda em meio a nós. Em seguida, expressa sua gratidão por poder ver tantas crianças ao seu lado. Os votos são de um feliz Natal e que o Senhor possa atender cada desejo.

Um espetáculo para o Papa

Com a ajuda dos artistas circenses do circo Vassallo, as crianças do Dispensário se apresentaram diante do Papa com acrobacias e números de palhaços, sob aplausos do aniversariante, das cerca de 200 famílias das crianças assistidas pela estrutura pediátrica vaticana, dos voluntários da Atlética Vaticana que os acolheram, do presidente, cardeal Konrad Krajewski, prefeito do Dicastério para o Serviço da Caridade e da diretora Irmã Anna Luisa Rizzello.

A gratidão é a memória do coração

O “parabéns”, cantado por um pequeno coro, finalmente acompanhou a chegada do bolo, com a inscrição: “A gratidão é a memória do coração. Feliz Aniversário, Papa Francisco!”,  e uma decoração do Pontífice pegando pela mão as crianças de todo o mundo. O bolo foi confeccionado pelo pizzaiolo Vincenzo Staiano que, como todos os anos, levará a vela apagada pelo Papa ao Santuário de Nossa Senhora de Pompéia.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pesquisa mostra a importância das brincadeiras no desenvolvimento infantil

Há várias opções de atividades orientadas que favorecem o amadurecimento cognitivo das crianças - (crédito: Reprodução/Freepik)

Por Isabella Almeida

postado em 16/12/2023

Brincar também faz parte da educação e do desenvolvimento infantil. No entanto, especialistas advertem que as crianças nos Estados Unidos passaram a brincar sem orientação ou com ausência de alguém para guiar. Para eles, é fundamental estimular os jogos para estímulo da cognição. Pesquisa detalhada, na revista Frontiers, com 1.172 pais norte-americanos revela que, embora reconheçam a relevância do lúdico para o bem-estar infantil, há necessidade de conscientização sobre a aprendizagem orientada pelo jogo em áreas como leitura e matemática.

Os pais ouvidos pela pesquisa têm entre 18 e 75 anos, e os filhos, de 2 a 12 anos, demonstram preferência por brincadeiras livres, considerando-as mais benéficas para a aprendizagem, seguidas por brincadeiras guiadas, jogos e instrução direta. A escolaridade e renda familiar influenciam essas percepções, com responsáveis mais instruídos e com maior renda inclinados a valorizar a brincadeira livre como método mais eficaz. Os pais de filhas meninas se mostraram mais propensos a classificar as brincadeiras livres como mais educativas do que quem tinha meninos.

Apesar do consenso atual destacar a eficácia da diversão guiada para habilidades STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática), a pesquisa mostra que muitos pais não alinham suas percepções com as evidências científicas. A necessidade de educar os responsáveis sobre a importância da brincadeira orientada é enfatizada, especialmente quando se observa que o conhecimento sobre o desenvolvimento cognitivo infantil está diretamente relacionado à valorização do lúdico.

Conforme a primeira autora do trabalho, Charlotte Wright, do Laboratório de Linguagem Infantil da Universidade Temple, nos EUA, houve um avanço em relação à postura parental ao longo dos anos. "Até recentemente, as pessoas consideravam geralmente a diversão o oposto do trabalho e da aprendizagem. O que vemos no nosso estudo é que esta separação já não existe aos olhos dos pais: um desenvolvimento positivo", reforçou, em comunicado.

Alerta 

Embora deixar os pequenos livre para se divertirem seja essencial, os especialistas enfatizam a brincadeira guiada como uma abordagem mais eficaz para apoiar a aprendizagem em áreas específicas, como leitura e STEM. A autora sênior, Kathy Hirsh-Pasek, professora do Laboratório de Linguagem Infantil da Universidade Temple, na Pensilvânia, nos Estados Unidos, sublinha que é preciso ajudar os cuidadores de crianças a compreenderem a necessidade da diversão orientada.

"Para que eles possam criar oportunidades de brincadeira guiada em experiências cotidianas, como lavar roupa, passear no parque ou brincando com um quebra-cabeça. À medida que os pais passam a encarar estes momentos como momentos de aprendizagem nas brincadeiras diárias, os seus filhos prosperarão, ao mesmo tempo que se divertirão mais sendo pais", frisou, em nota.

Segundo Lucas Benevides, psiquiatra e professor de medicina do Centro Universitário Ceub, em Brasília, esse tipo de atividade permite que as crianças explorem, experimentem e entendam o mundo ao seu redor de maneira natural e intuitiva. "Durante a brincadeira guiada, elas desenvolvem habilidades sociais, como a cooperação e a resolução de conflitos, além de habilidades cognitivas, como a solução de problemas e o pensamento criativo."

Difícil

A brincadeira guiada pode ser feita em casa e na sala de aula e é iniciada pelo adulto, ao mesmo tempo que permite que a criança conduza a sua aprendizagem para um objetivo específico — conduzir a exploração e fazer as escolhas. Os autores deram um exemplo de cenário: "O pai de uma criança diz: Gostaria de saber se podemos construir uma torre alta com esses blocos. Ele segue então o exemplo do filho fazendo perguntas para apoiá-lo, quando necessário, como: Nossa torre continua caindo quando colocamos o bloco azul no fundo! Qual é outro bloco que poderíamos tentar?"

Andressa Maceno, psicóloga infantil do Hospital Santa Lúcia Sul, reforça que existem diversos jogos educativos facilitadores do processo de aprendizagem e que é interessante estimular a imaginação e a criatividade, com brincadeiras como contação de histórias, que utilizam desenho livre, tintas ou colagem. "Propor atividades que possam ser criadas juntas estimula a criança ao entendimento da importância do estabelecimento de regras e limites, como pedir ajuda para criar um circuito de competição em grupo. Brincadeiras que contêm com a interação de grupo, tal qual pique-esconde ou batata quente. Há também ações que estimulam a orientação espacial e do sensorial de quente e frio."

Elias Balthazar, psicólogo, fundador e CEO da plataforma Terapia de Bolso, ressalta que a prática pode ser utilizada até mesmo na hora de chamar a atenção dos pequenos. "Pesquisar uma história clássica ou animação que mostre uma lição de moral é muito mais assertivo que dar cintadas. É importante, desenvolver amizade verdadeira com a criança, as primeiras brincadeiras podem ser mais espontâneas para ver quais são as atividades que ela mais se interessa. A diversão pode ser até na hora de fazer um bolo, dar banho no pet, fazer a jardinagem ou lavar o carro. É sempre possível se conectar com elas e ensinar uma nova visão."

Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/

NAZARENO: A fé do centurião (cura do servo de um romano em Cafarnaum) - (21)

Nazareno (Vatican Media)

Cap. 21 - A fé do centurião (cura do servo de um romano em Cafarnaum)

Depois de concluir o Sermão da Montanha, Jesus volta para Cafarnaum. Assim que entram na cidade, encontram uma pequena multidão esperando por eles. Homens e mulheres pedindo uma oração, uma bênção, uma cura. Entre eles, ao fundo, está o centurião romano Sérvio Emílio Félix, que veste o uniforme militar, geralmente odiado pelos israelitas por ser um sinal e símbolo da ocupação que sofreram, mas ele é querido, respeitoso e colaborou na construção da nova sinagoga. Ele tem uma grande tristeza em seu coração: seu fiel servo, Filone, está morrendo. Não se considerando digno de se aproximar e falar com Jesus, ele pede a alguns anciãos da cidade, seus amigos, que atuem como embaixadores. Eles lhe pedem que salve o servo. "Irei à sua casa e o curarei", diz o nazareno ao centurião. "Senhor, não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei somente uma palavra, e o meu servo será curado." "Vá, que aconteça como você acreditou." Naquele instante, seu servo foi curado. O soldado romano não consegue dizer uma palavra sequer, ele agradece com os olhos cheios de lágrimas. Ele corre para casa e encontra Filone completamente curado.

https://media.vaticannews.va/media/audio/s1/2023/12/15/11/137544107_F137544107.mp3

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF