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sábado, 23 de dezembro de 2023

Segunda Pregação do Advento 2023 do cardeal Cantalamessa (2/3)

2ª Pregação do Advento 2023 (Vatican Media)

Segunda Pregação do Advento 2023 do cardeal Cantalamessa

"O presépio é, portanto, uma tradição útil e bela, mas não podemos nos contentar com os tradicionais presépios externos. Devemos montar para Jesus um presépio diverso, um presépio do coração. Corde creditur: crê-se com o coração. Christum habitare per fidem in cordibus vestris: que Cristo venha habitar em vossos corações pela fé (Ef 3,17). Maria e o seu Esposo continuam, misticamente, a bater às portas, como fizeram naquela noite em Belém."

Fr. Raniero Card. Cantalamessa, OFMCap
“BEM-AVENTURADA AQUELA QUE ACREDITOU!”
Segunda Pregação do Advento de 2023

“Acreditemos também nós!”

A renovação da Mariologia operada pelo Vaticano II deve muito (talvez o essencial) a Santo Agostinho. Foi a sua autoridade que impulsionou alguns teólogos e depois a assembleia conciliar a inserir o discurso sobre Maria dentro da constituição sobre a Igreja, a Lumen gentium, ao invés de fazer um discurso à parte sobre ela. Partindo do princípio de que “o todo é superior à parte”, Agostinho escrevera:

Santa é Maria, bem-aventurada é Maria, mas mais importante é a Igreja do que a Virgem Maria. Por quê? Porque Maria é uma parte da Igreja, um membro santo, excelente, superior a todos os demais, mas um membro de todo o corpo. Se é um membro de todo o corpo, sem dúvida mais importante do que um membro é o corpo[2].

Agora é o mesmo Santo Agostinho a nos sugerir a resolução a se tomar após termos repercorrido brevemente o caminho de fé da Mãe de Deus. Ao final do seu discurso sobre a fé de Maria, ele dirige aos seus ouvintes uma vibrante exortação que vale também para nós: “Maria acreditou, e o que acreditou se cumpriu nela. Acreditemos também nós, para que o que se cumpriu nela possa se cumprir também em nós!”[3].

O IV centenário do nascimento de Blaise Pascal – que o Santo Padre quis recordar à Igreja com a sua Carta Apostólica de 19 de junho passado – nos ajuda a dar um conteúdo atual à exortação: “Acreditemos também nós”. Entre os “Pensamentos” mais famosos de Pascal, há o seguinte:

Le coeur a ses raisons que la raison ne connaît point. O coração tem suas razões que a razão não conhece [...]. C’est le coeur qui sent Dieu et non la raison. O coração, e não a razão, sente Deus. Assim é a fé: Deus sentido pelo coração e não pela razão[4].

Esta afirmação é ousada, mas tem o mais fidedigno fundamento possível, o da Sagrada Escritura! O apóstolo Paulo conhece e usa frequentemente a palavra nous, que corresponde ao moderno conceito de mente, inteligência ou razão; mas, falando da fé, não diz “mente creditur”, com a mente se crê; diz corde creditur (kardia gar pisteùetai), com o coração se crê (Rm 10,19).

Deus “é sentido pelo coração e não pela razão”, como afirma Pascal, pelo simples motivo de que “Deus é amor” e o amor não se percebe com o intelecto, mas com o coração. É verdade que Deus é também verdade (“Deus é luz”, escrive João em sua mesma Primeira Carta) e a verdade se percebe com o intelecto; mas, enquanto o amor supõe o conhecimento, o conhecimento não supõe necessariamente o amor. Não se pode amar sem conhecer, mas se pode conhecer sem amar! Bem o sabe uma civilização a nossa, orgulhosa de ter inventado a inteligência artificial, mas tão pobre de amor e compaixão.

Não são, infelizmente, “as razões do coração” de Pascal que plasmaram o pensar laico e teológico dos últimos três séculos, mas sim o “penso, logo existo” (cogito ergo sum) do seu compatriota Descartes, ainda que contra a intenção deste, que era e permaneceu sempre um piedoso cristão e um fiel (lembro de ter lido o seu nome na lista dos peregrinos famosos ao Santuário de Nossa Senhora de Loreto).

A consequência foi que o racionalismo dominou e ditou a norma, antes de chegar ao atual niilismo. Todos os discursos e debates que se fazem, também hoje, vertem sobre “Fé e Razão”, jamais, pelo que eu saiba, sobre “Fé e coração”, ou “Fé e vontade”. O próprio Pascal, contudo, em um outro pensamento, afirma que a fé é clara o bastante para quem quer crer, e bastante obscura para quem não quer crer[5]. Ela, em outras palavras, é uma questão de vontade, mais do que de razão e intelecto.

Gostaria, neste ponto, de acenar a uma segunda lição deixada a nós por Pascal e que o Santo Padre evidencia fortemente em sua Carta Apostólica: a centralidade de Cristo para a fé cristã: “Conhecemos Deus – escrive o filósofo – apenas por meio de Jesus Cristo. Sem este mediador, está excluída qualquer comunicação com Deus”[6]. E, no chamado Memorial, eco de uma memorável noite de luz, ele exclama: “o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó, não dos filósofos nem dos eruditos... é encontrado apenas pelas vias ensinadas pelo Evangelho”.

Pascal é frequentemente citado a propósito do “risco calculado”, ou da aposta vantajosa. Na incerteza, escreve, aposte na existência de Deus, pois “se vencer, você venceu tudo, se perder, não perdeu nada”: “Si vous gagnez, vous gagnez tout ; si vous perdez, vous ne perdez rien[7]. Mas o verdadeiro risco da fé – também ele sabe disso – é outro: é aquele de pôr Jesus Cristo entre parênteses. Um risco de longa data! Repensemos sobre o que aconteceu em Atenas, na ocasião do memorável discurso proferido pelo apóstolo Paulo no Areópago (At 17,16-33).

O Apóstolo começa falando do Deus único que criou o universo e do qual “somos até sua linhagem”. Os presentes captam a alusão ao verso de um poeta seu e o acompanham com atenção. Mas eis que Paulo chega ao ponto. Fala de um homem que Deus designou como juiz universal, dando prova disso ao ressuscitá-lo dos mortos. Acabou o encanto! “Quando ouviram falar da ressurreição dos mortos, alguns zombavam. Outros diziam: ‘A respeito disso, te ouviremos em outra ocasião’” (At 17,32).

O que foi que os perturbou tanto? Certo, a ideia da ressurreição dos mortos, tão contrária ao que, no mesmo lugar, ensinara Platão: o corpo é “a tumba da alma”, não vale a pena carregá-lo também após a morte. Mas talvez lhes tenha desconcertado ainda mais o fato de fazer o destino da humanidade depender de um único evento histórico e de um homem concreto. Um século depois, o filósofo platônico Celso jogará à face dos cristãos os motivos do escândalo dos gregos: “Filho de Deus um homem que viveu há poucos anos? Alguém de ontem ou anteontem? Um homem nascido de uma pobre fiandeira em um vilarejo da Judeia?”[8].

O verdadeiro risco da fé é aquele de se escandalizar com a humanidade e a humildade de Cristo. Foi o maior obstáculo que Agostinho teve que superar para aderir à fé: “Não sendo humilde, eu não conseguia aceitar como meu Deus o humilde Jesus”, escreve nas Confissões[9]. Jesus falara da possibilidade de “se escandalizar” por causa dele, em razão da sua distância da ideia que os homens tinham feito do Messias, e concluíra dizendo: “E bem-aventurado quem não se escandaliza por causa de mim!” (Mt 11,2-6).

O escândalo hoje é menos ostentado do que aquele dos areopagitas, mas não menos presente entre os intelectuais. O efeito – mais danoso do que a rejeição – é o silêncio sobre ele. Tenho acompanhado, na internet, muitos debates de alto nível sobre a existência ou não de Deus: quase nunca era pronunciado neles o nome de Jesus Cristo. Como se ele não coubesse no discurso sobre Deus!

Deve ser este o nosso empenho principal no esforço pela evangelização. O mundo e seus meios de comunicação – eu dizia em outra ocasião, nesta mesma sede – fazem de tudo (e infelizmente conseguem!) para manter separado, ou silenciado, o nome de Cristo em todo seu discurso sobre a Igreja. Nós devemos fazer de tudo para mantê-lo obstinadamente presente. Não para nos abrigar por detrás dele e calar nossos fracassos, mas porque é ele “a luz dos povos”, o “nome que está acima de todo nome”, “a pedra angular” do mundo e da história.

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Tradução de Fr. Ricardo Farias, OFMCap.

Notas:

[2] Cf. Agostino, Discurso 72,7 (Miscellanea Agostiniana, I, Roma 1930, p.163).
[3] Cf. Agostino, Discursos, 215,4.
[4] Cf. Pensamentos, 277-278, ed. Brunschvicg.
[5] Cf. Pensamentos, 430, ed. Br.
[6] Cf. Pensamentos, n. 221, Br.
[7] Cf. Pensamentos, 233, Br.
[8] Cf. Orígenes, Contra Celso, I, 26.28; VI, 10.
[9] Cf. Agostinho, Confissões, VII, 18,24.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

3 imagens de Nossa Senhora de pele negra muito conhecidas em todo o mundo

Grabowski Foto / Shutterstock

Por Daniel R. Esparza - publicado em 22/12/23

Há séculos, essas devoções vêm cativando os fiéis católicos em todo o planeta.

A tradição das imagens de Nossa Senhora de pele negra remonta à época medieval, quando estes ícones se tornaram objetos de profunda reverência e peregrinação. Tais representações da Virgem com o Menino inspiraram admiração e curiosidade, dando origem a uma mistura de ciência, lenda e hermenêutica, visto que há muita especulação sobre a origem do tom da pele.

As explicações para a profunda pigmentação destes ícones ou estátuas variam muito, e algumas foram e continuam a ser fonte de controvérsia. Historiadores de arte, arqueólogos, antropólogos e historiadores religiosos propuseram motivos que incluem imagens feitas de madeira escura, ícones que escureceram naturalmente com o tempo devido ao envelhecimento ou exposição à fumaça de velas e até possíveis influências pagãs.

No entanto, os estudos sobre o tom da pele de Nossa Senhora têm sido um tanto limitados. Alguns estudiosos fazem conexões com o refrão do Cântico dos Cânticos, nigra sum sed formosa. Na verdade, a frase se encontra logo na entrada do mosteiro de Montserrat, onde se guarda uma venerada Virgem Negra.

Abaixo, três devoções a Nossa Senhora de pele negra que se tornaram famosas no mundo inteiro:

1. Nossa Senhora de Częstochowa (Polônia)

Grabowski Foto / Shutterstock

Localização: Mosteiro de Jasna Góra, Częstochowa, Polônia

Nossa Senhora de Częstochowa ocupa um lugar especial nos corações de milhões de católicos em todo o mundo. Reza a lenda que o ícone foi pintado por São Lucas num painel da casa da Sagrada Família. A verdadeira origem do ícone e a data de sua composição continuam sendo motivo de controvérsia entre os estudiosos. A tez escura da Virgem é atribuída a séculos de exposição à fumaça de velas e ao toque de inúmeros peregrinos.

2. A Virgem de Montserrat (Espanha)

abadiamontserrat.cat

Localização: Abadia de Santa María de Montserrat, Catalunha, Espanha

Preservada no Mosteiro de Montserrat, “La Moreneta” é um símbolo querido da identidade catalã. Trata-se de uma escultura em madeira e a sua expressão serena cativa os peregrinos que sobem à montanha para visitá-la. Acredita-se que a estátua remonte ao século XII e sua pele escura é o resultado de séculos de exposição à fuligem de velas. Peregrinos de todo o mundo visitam o seu santuário e depois retomam a viagem pelo Caminho de Santiago ou Caminho Inaciano, visto que o mosteiro está situado no cruzamento destes dois caminhos de peregrinação.

3. Nossa Senhora Aparecida (Brasil)

Nossa Senhora Aparecida / santuariodeaparecidaoficial

Local: Basílica do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, Aparecida, SP, Brasil Nossa Senhora Aparecida é a padroeira do Brasil. Como tal, ocupa um lugar especial no coração de milhões de católicos brasileiros. A história de sua descoberta está repleta de detalhes: pescadores encontraram a estátua nas águas do rio Paraíba. Esta Virgem, de expressão calorosa e maternal, é celebrada anualmente durante a festa de Nossa Senhora Aparecida. A basílica que abriga a estátua é um dos maiores locais de peregrinação católica do mundo.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Sem apostar na literatura infantil não há educação de qualidade

Clube do Livro - Instituto Guimarães Rosa - Cidade da Praia, Cabo Verde

A afirmação é de Marilene Pereira, Diretora do Instituto Guimarães Rosa na capital de Cabo Verde, país onde esta antiga professora e jornalista brasileira vive há algumas décadas e onde já publicou diversas obras infanto-juvenis centradas na realidade cabo-verdiana. Neste Natal, ela recomenda que se ofereçam livros às crianças, pois são importantes para o seu crescimento.

Dulce Araújo - Vatican News 

Natural de um país, onde a literatura infantil é bastante desenvolvida, Marilene Pereira ficou surpreendida que em Cabo Verde não houvesse livros infantis com os rostos e realidades do arquipélago. Estava-se em finais dos anos 80.

Então, inspirando-se em modelos brasileiros de literatura para crianças, acabou por pôr-se à obra e no ano 2000 deu a público o seu primeiro livro infantil:  "Bentinho Traquinas", com ilustração de Ivan Silva, edição do Instituto de Promoção Cultural da Praia. Seguiram-se outros três: “Meus Vizinhos Passarinhos”, “O Mistério da Cidade Velha” e “Eu Amílcar”.

Desde então, a literatura infantil em Cabo Verde tem vindo a ganhar fôlego, havendo agora várias outras pessoas a escrever para os mais pequenos. E o Ministério da Cultura está também a dar maior atenção ao sector. 

Crianças no Clube do Livro - Instituto Guimarães Rosa - Praia (Vatican Media)

Fortemente convencida da importância da literatura infantil para o divertimento das crianças e para lhes estimular a imaginação, Marilene Pereira fala com entusiasmo do "Clube do Livro Infantil" existente no Instituto Guimarães Rosa ou Centro Cultural do Brasil na cidade da Praia e que é muito procurado pelas crianças e pelos seus pais. Aliás, há uma certa atenção neste sentido para com os rapazes, menos propensos à leitura. 

Repazes, em geral menos propensos à leitura (Vatican Media)

A literatura infantil é um sector que o Instituto deseja reforçar e a ideia é propor no âmbito da cooperação Brasil-Cabo Verde, para o novo ano, um programa em rede que abranja também outros países africanos de língua oficial portuguesa, onde a situação, deste ponto de vista, não é certamente muito melhor que em Cabo Verde. 

Cooperação Brasil-Cabo Verde - Literatura infantil (Vatican Media)

Convicta da importância dos livros e da leitura para as crianças, Marilene Pereira recomenda que neste Natal (e não só) se ofereça livros às crianças em vez de coisas tecnológicas.

Um dos Momentos no Clube (Vatican Media)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Dez santos padroeiros que podem te ajudar na cozinha neste Natal

Imagem ilustrativa (Crédito: Pexels)

Por Redação central

23 de dez de 2023

Quando se aproxima a comemoração do nascimento de Jesus, o costume familiar de receber o Natal ao redor da mesa pode exigir experiência na cozinha, o que só alguns têm. Pode lhes interessar esta lista dos santos que foram especialistas na “arte culinária”.

1. São Nicolau de Bari

Este santo, cuja festa se celebra no dia 6 de dezembro, é o padroeiro da confeitaria, doceria e chocolateria.

Em virtude do relacionamento do bispo São Nicolau, do século IV, com as crianças e o Natal, ele é considerado o padroeiro de todas as coisas doces.

2. São Francisco Caracciolo

É o padroeiro dos chefs italianos e da comida italiana. Sua festa é 4 de junho

Sua associação com a comida como meio de curar os enfermos ajudou a promover São Francisco como patrono da culinária italiana.

3. Santo Antônio Abade

É padroeiro dos açougueiros, dos agricultores, dos criadores de animais, dos animais da fazenda, do porco, da charcutaria. Sua festa é em 17 de janeiro.

Santo Antônio foi um asceta egípcio do século IV muito amado pelos agricultores.

4. Santa Isabel da Hungria

Esta santa, cuja festa é dia 17 de novembro, é a padroeira dos padeiros e da confeitaria. A santa, que viveu no século XIII, é lembrada por ter distribuído pão aos pobres todos os dias.

5. São Urbano de Langres

Este santo e bispo francês é padroeiro do vinho, viticultores e sommeliers. A festa dele é no dia 23 de janeiro.

Em 374, Urbano teve que fugir de sua diocese devido a distúrbios políticos e se escondeu em uma vinha. Enquanto estava lá, aproveitou a oportunidade para converter os vinicultores à Igreja.

6. São Lourenço de Roma

São Lourenço é o padroeiro da culinária, dos chefs, sommeliers e comediantes. Sua festa é celebrada em 10 de agosto.

Este santo, sendo condenado por romanos pagãos que odiavam os cristãos, foi condenado a uma morte lenta e dolorosa em uma grelha de ferro em chamas. Segundo a tradição, suas últimas palavras foram: "Vire-me, este lado já terminou!".

7. São Isidoro Lavrador

Este santo, cuja festa é celebrada em 15 de maio, é o padroeiro dos agricultores espanhóis e das quitandas.

8. Santa Marta de Betânia

Ela é a padroeira dos cozinheiros, garçons e garçonetes. Sua festa é celebrada em 29 de julho.

Segundo a tradição, Marta, Maria e Lázaro costumavam celebrar Jesus e seus apóstolos no jantar. Um dia, Maria parecia estar se esquivando de seus deveres na cozinha, e Marta insistiu com Jesus para que pedisse à irmã que a ajudasse. Jesus admoestou Marta gentilmente, dizendo: “Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas; no entanto, uma só coisa é necessária; Maria escolheu a boa parte, que lhe não será tirada” (Lc 10,38-42).

9. Santo Honorário de Amiens

É o padroeiro dos padeiros, confeiteiros e dos que fazem pão para o altar. Sua festa é celebrada em 16 de maio.

São Honorato está associado ao pão há mais de mil anos. Sua igreja patronal em Paris era o local da associação dos padeiros e muitas confeitarias e padarias têm o seu nome. Em Paris, sua festa é celebrada com festivais de pão de três dias. A torta de São Honorato leva seu nome; esta é uma massa folhada recheada com creme que ainda é usada nas comemorações de Primeira Comunhão na França.

10. Santa Hildegarda de Bingen

Ela é a padroeira dos nutricionistas, colecionadores de receitas e chefs. Sua festa é celebrada em 17 de setembro.

Esta doutora da Igreja escreveu receitas e se dedicou à ciência da nutrição e acreditava que os alimentos tinham propriedades curativas. Ela criou os seus “Biscoitos da Alegria”, que tinham como objetivo promover a boa saúde e alegria, garantindo que “reduzirão os maus humores, enriquecerão o sangue e fortalecerão os nervos”.

Fonte: https://www.acidigital.com/

São João Câncio

São João Câncio (A12)

23 de dezembro

São João Câncio

João nasceu em 1390, em Kenty, Polônia. Dedicando-se aos estudos, alcançou de forma brilhante a plenitude das graduações acadêmicas, e passou a lecionar, até o fim da vida, na mesma Universidade de Cracóvia, onde estudara. Além disso foi sacerdote, preocupado em ensinar que todos os conhecimentos, incluindo os acadêmicos, estão reunidos e se originam da sabedoria de Deus, uma perspectiva mais clara na sua época (ao contrário de concepções racionalistas posteriores, que, até hoje, propõe a Ciência como uma espécie de religião em si mesma); transformava, como escreveu São Paulo, a “verdade em caridade”.

Fez do magistério o seu principal caminho de santidade, com imenso amor aos estudantes e aos pobres. A estes, com frequência dava suas próprias roupas e calçados, e a eles distribuiu os restos dos seus bens antes de morrer.

De grande humildade, praticava toda semana o jejum e a penitência. Com o mesmo espírito penitencial peregrinou três vezes aos lugares santos da Palestina, descalço. Realizou também várias romarias aos túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo, em Roma.

Próximo da morte, que ocorreu em 24 de dezembro de 1473, despediu-se dos professores e alunos da Universidade dizendo: "Vigiai atentamente sobre a doutrina, conservai o depósito da fé sem alteração e combatei, sem jamais cansar-vos, toda opinião contrária à verdade. Mas revesti-vos neste combate das armas da paciência, da doçura e da caridade, recordando que a violência, além do dano que faz às nossas almas, prejudica as melhores causas”. É o padroeiro principal da Polônia e da Lituânia.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A boa ciência naturalmente caminha lado a lado com a Fé, e, como escreveu outro santo polonês, São João Paulo II, “A fé e a razão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva à contemplação da verdade” (Encíclica Fides et Ratio, 1998). Mas é necessário que estes conhecimentos sejam transmitidos, e por isso é tão vital para a Igreja a dimensão do ensino (na teoria e na prática) – que se traduz, em termos concretos, no seu magistério e atividade missionária. Sem bons professores, triste será o ensinamento e o futuro dos alunos. O contínuo aprofundamento da própria formação e o zelo na fiel transmissão da Fé, que inclui em parte também a melhor formação possível nas demais ciências, é alegre dever de todo batizado.

Oração:

Senhor, nós Vos pedimos pela intercessão de São João Câncio, incansável mestre da Vossa Verdade, que nossa vida seja marcada pela coerência no conhecimento e vivência da Fé, bem como na transmissão que dela temos o direito e dever de realizar como obra de caridade aos irmãos. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

A bela carta de São João Paulo II às crianças que esperam pelo Natal

Greg PW | Shutterstock

Por Philip Kosloski - publicado em 22/12/23

A carta foi escrita em 1994, por ocasião do Ano da Família.

Crianças de todo o mundo aguardam ansiosamente a chegada do dia de Natal e a celebração do aniversário de Jesus.

Embora a maioria das crianças esteja ansiosa para desembrulhar os presentes, também existem muitas outras tradições de Natal que capturam a sua imaginação durante esta época especial do ano.

São João Paulo II recordou este momento de antecipação numa carta que escreveu às crianças em 1994 :

“Dentro de poucos dias, celebraremos o Natal, festa muito sentida por todas as crianças no seio de cada família. Neste ano, sê-lo-á ainda mais, porque é o Ano da Família. Antes que ele termine, desejo dirigir-me a vós, crianças do mundo inteiro, para partilhar convosco a alegria desta sugestiva ocorrência.”

Em vez de se concentrar nos presentes que se tornaram uma parte central da celebração moderna do Natal, São João Paulo II recordou as tradições que muitas crianças têm de recriar o presépio:

“Parece que estou a ver-vos: andais a preparar o presépio, em casa, na paróquia, em cada canto do mundo, reconstruindo o clima e o ambiente em que nasceu o Salvador. É verdade! Durante o período natalício, a gruta com a manjedoura ocupa o lugar central na Igreja. E todos se apressam a ir em peregrinação espiritual até lá, como os pastores na noite do nascimento de Jesus. Mais tarde, será a vez dos Magos chegarem do Oriente distante, seguindo a estrela até ao lugar onde foi colocado o Redentor do universo.”

São João Paulo II até relembrou as próprias boas lembranças das tradições da infância na época do Natal:

“Queridas crianças, escrevo-vos a pensar no tempo – já lá vão muitos anos – em que também eu era menino como vós. Também eu vivia, então, a atmosfera feliz do Natal, e quando brilhava a estrela de Belém corria ao presépio, junto com os da minha idade, para reviver o que sucedeu há 2000 anos, na Palestina. Nós, crianças, manifestávamos a nossa alegria sobretudo com o canto. Como são belos e comoventes os cânticos natalícios, que, segundo a tradição de cada povo, se alternam à volta do presépio! Como são profundos os pensamentos neles contidos, e sobretudo quanta alegria e ternura neles se exprime ao Deus-Menino, que veio ao mundo na Noite Santa!”

De muitas maneiras, São João Paulo II aponta para a beleza do Natal visto pelas lentes de uma criança. Como adultos, muitas vezes perdemos de vista a alegria do Natal e não o vivenciamos com qualquer sentimento de admiração.

Ao nos aproximarmos do Natal, que possamos nos aproximar do Presépio como uma criança, olhando com carinho para o Menino Jesus dormindo pacificamente no feno.

Para ler a íntegra da carta, clique aqui.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Jesus nasceu em 25 de dezembro? Foi uma data arbitrária, inventada pela Igreja?

Presépio (Presbíteros)

Jesus nasceu em 25 de dezembro?

Na verdade, esta data nada tem de arbitrária. Antes, possui profundas raízes bíblicas, e é ancorada na tradição da Igreja.

Como fazemos para estabelecer o dia do nascimento de Jesus? A contagem dos dias começa pelo anúncio do nascimento de São João Batista. A Bíblia diz:

  • “Nos tempos de Herodes, rei da Judéia, houve um sacerdote por nome Zacarias, da classe de ABIAS; sua mulher, descendente de Aarão, chamava-se Isabel. Ora, exercendo Zacarias diante de Deus as funções de sacerdote, na ordem da sua classe, coube-lhe por sorte, segundo o costume em uso entre os sacerdotes, entrar no santuário do Senhor e aí oferecer o perfume” (Lc 1,5.8-9).

Pois bem, mas quando era o turno da classe de Abias?

No Primeiro Livro de Crônicas (1Crônicas 24,1-7.19), está estabelecida a ordem das 24 classes sacerdotais. Cada uma das classes deveria servir duas vezes ao ano, por uma semana, de sábado a sábado. A ordem sorteada e imutável foi a seguinte:

  1. Joiari;
  2. Jedei;
  3. Harim;
  4. Seorim;
  5. Melquia;
  6. Maimã;
  7. Acos;
  8. ABIAS;
  9. Jesua;
  10. Sequenia;
  11. Eliasib;
  12. Jacim;
  13. Hofa;
  14. Isbaab;
  15. Belga;
  16. Emer;
  17. Hezir;
  18. Afses;
  19. Feteia;
  20. Ezequiel;
  21. Jaquim;
  22. Gamul;
  23. Dalaiau;
  24. Maziau.

Alguns irmãos se apegam a esta ordem, alegando que não corresponde a uma possibilidade de que o Natal fosse em dezembro, pois o ano religioso judaico, começando por volta de março, daria ao 8º Turno, provavelmente, o final do mês de junho, começo do mês de julho. Daí, fazendo os cálculos, Jesus teria nascido em finais de setembro, inícios de outubro, pela festa dos Tabernáculos.

Contudo, ninguém se pergunta se a ordem dos turnos, nos tempos de Cristo, estava estabelecida exatamente assim. A pergunta é razoável, pois, desde os tempos da construção do Templo, o culto já havia sido interrompido diversas vezes, e um descompasso entre os turnos e o calendário poderia ter-se dado. E, por incrível que pareça, foi isto mesmo que aconteceu!

Uma especialista francesa, Annie Jaubert, escreveu um artigo intitulado “Le calendrier des Jubilées et de la secte de Qumran: Ses origines bibliques”, in Vetus Testamentum, Suppl. 3 (1953) pp. 250-264, em que estudou o calendário do Livro dos Jubileus, um apócrifo hebraico muito importante, do final do século II a.C. Como muitos fragmentos desse calendário foram encontrados entre os escritos de Qumram, vê-se que ele estava em uso nos tempos de Jesus. Este calendário, também, é solar, e não dava os nomes dos meses, mas apenas seu número de sucessão. E a mesma estudiosa publicou outros artigos importantes sobre isso. Veja-se o verbete “Calendario di Qumran”, in Enciclopedia della Bibbia 2 (1969) pp. 35- 38; e uma célebre monografia, “La date de la Cène,Calendrier biblique et liturgie chrétienne”, Études Bibliques, Paris 1957.

Por outro lado, o especialista Shemarjahu Talmon, da Universidade Hebraica de Jerusalém, trabalhou sobre os escritos de Qumram e sobre o calendário do Livro dos Jubileus, e conseguiu precisar a ordem semanal dos 24 turnos. Os resultados desta pesquisa então no artigo “The Calendar Reckoning of the Sect from the Judean Desert. Aspects of the Dead Sea Scrolls”, in Scripta Hierosolymitana, vol. IV, Jerusalém 1958, pp. 162-199.

Na lista que o Prof. Talmon reconstruiu, o turno de ABIAS (Ab-Jah), prescrita duas vezes por ano, acontecia assim:

  • a primeira vez, de 8 a 14 do terceiro mês do calendário; e
  • a segunda vez de 24 a 30 do oitavo mês do calendário.

Ora, segundo o calendário solar (não o lunar, como o atual calendário judeu), esta segunda vez se data assim [*]: o 2º Turno de Abias correspondia aos dias de 24 a 30 de setembro. Portanto, quando São Lucas recolhe esta indicação, sendo ele um atencioso narrador da história, nos dá a possibilidade de reconstruir a data histórica do nascimento de Jesus.

Agora, resta-nos fazer as contas:

  1. O anúncio do nascimento de São João Batista seria no dia 24 de setembro (no calendário ortodoxo, esta festa se celebra no dia 23 de setembro, mesmo dia de São Pio de Pietrelcina). Note-se que esta Festa é muito antiga na Tradição da Igreja Oriental.
  2. Portanto, seis meses depois, seria o anúncio a Nossa Senhora, no dia 25 de março (festa litúrgica da Anunciação).
  3. Três meses depois, o nascimento de São João Batista (dia 24 de junho, festa litúrgica do seu Natal).
  4. E seis meses depois, 25 de dezembro, o nascimento de Jesus (Solenidade do Natal do Senhor).

Portanto, essas teorias de que o Natal surgiu para cristianizar a festa pagã do “Sol Invicto”, do solstício de verão etc., não passam de banais conjecturas.

Pe. José Eduardo

[*] Sobre estes estudos, veja-se o artigo de Tommaso Federici, “25 dicembre, una data storica”, in “30 giorni” [11/2000].

Fonte: https://presbiteros.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF