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sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

A qualidade que nenhuma família deve perder

Drazen Zigic | Obturador
Por Karen Hutch postado em 05/01/24
A família é o núcleo central, onde fomos criados e onde nos sentimos confiantes e seguros, por isso é importante mantê-la unida e redescobri-la diariamente. 

O Santo Padre Francisco convidou todas as famílias a não perderem a capacidade de admiração, pois é “o segredo para se dar bem em família”. Assim, Maria e José ficaram maravilhados em cada momento, transmitindo aquela alegria e esperança.

Fiquei maravilhado com os planos de Deus para eles, bem como com a chegada do Menino Jesus e, claro, com cada trabalho que ele foi fazendo enquanto crescia. 

Normalmente, é com a nossa família que passamos a maior parte do tempo ou vemos diariamente; Porém, às vezes isso nos faz acostumar com cada um de seus integrantes, até esquecemos de conversar ou conviver com eles. 

É por isso que o Papa Francisco nos convida a não deixar de nos surpreender até pelas pequenas coisas.

Pois bem, à medida que crescemos, deixamos de nos surpreender com as coisas cotidianas que Deus nos dá todos os dias, e ainda mais quando essas pequenas coisas se tornam coisas cotidianas como a família, pois ficam em segundo plano. 

Por isso desenvolvemos uma série de dicas inspiradas nesta mensagem do Papa Francisco para redescobrir a sua família e não perder aquela qualidade de saber se surpreender com cada um dos membros da nossa família. 

1
DEIXE-SE SURPREENDER POR DEUS 

O Papa diz-nos que para sermos surpreendidos por outras coisas, devemos primeiro deixar-nos surpreender pelo amor infinito de Deus. Ninguém dá o que não tem, então se não amamos a Deus e a nós mesmos como seus filhos, como poderemos amar os outros? 

2
SURPREENDA-SE COM SEU CÔNJUGE 

Ivanko80 | Obturador

Pegue-o pela mão, deem um passeio juntos, dê um presente e também permita que ele aproveite os detalhes que tem com você. Um ato muito terno que o Papa propõe é olhar-lhe nos olhos durante alguns momentos à noite, apreciando cada um dos seus traços, porque, diz-nos, “o espanto leva-nos à ternura, sempre”. 

3
DEIXE-SE SURPREENDER PELA VIDA DOS SEUS FILHOS

O dom da vida é um grande milagre, por isso não perca de vista este espanto. Arranje tempo para eles! Ouvi-los e brincar com seus filhos. 

O Sumo Pontífice deixa as seguintes perguntas aos pais: Vocês encontram tempo para brincar com os seus filhos? Para levá-los para passear?

4
ADMIRAR OS AVÓS  

Antes os idosos eram vistos como professores e sábios, vamos nos surpreender novamente com suas experiências, conselhos, história e, claro, seu amor, 

Os avós são uma fonte de sabedoria!, assegurou o Papa. Cada um deles tem uma história particular para contar, podemos ter certeza que ao ouvi-los ficaremos mais surpresos do que podemos imaginar. 

O Senhor está sempre procurando maneiras de nos surpreender, por isso mantenha os olhos bem abertos, mas acima de tudo o coração, para que você possa detectar cada uma das maravilhas que Deus tem para você, mesmo nos momentos difíceis. 

O sucessor de Pedro encerrou o seu discurso pedindo a Maria, Rainha da família, que nos ajude a ser surpreendidos: peçamos a graça do espanto. Que a Virgem nos ajude a ser surpreendidos todos os dias pelo bem e a saber ensinar aos outros a beleza do maravilhamento.

Fonte: https://es.aleteia.org/

O Papa: ajudar os necessitados é mais que filantropia, é dar dignidade

Encontro do Papa Francisco com membros da Cooperativa UNICOOP de Florença (Vatican Media)

Francisco recebeu, no Vaticano, os membros da Cooperativa Unicoop de Florença e da Fundação "O coração se dissolve" comprometidas em ajudar as pessoas socialmente frágeis. O Papa agradeceu-lhes "pelo fazem na Itália e no exterior, em particular, em apoio à martiriza Ucrânia".

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira (05/01), na Sala Paulo, no Vaticano, os membros da Cooperativa UNICOOP de Florença e da Fundação “Il cuore si scioglie” (O coração se dissolve).

Francisco manifestou satisfação em recebê-los na vigília da Solenidade da Epifania que, "como todo o Tempo do Natal, nos convida a celebrar o mistério da Encarnação do Senhor: no Menino Jesus vemos como Deus se tornou próximo de nós em nossa pobreza, indicando-a como o caminho privilegiado para encontrá-lo".

Esse contexto espiritual também é significativo para o seu compromisso, que há 50 anos, como Cooperativa, e há mais de dez, como Fundação, se dirige às pessoas mais necessitadas, em várias áreas de serviço: da carência econômica à necessidade de cultura, da solidão à necessidade de educação, usando, além dos meios usuais de ajuda financeira e alimentar, muitas outras ferramentas, como caminhadas, literatura, arte e música. Obrigado por isso.

Milhares de pessoas da Unicoop e da Fundação "O coração se dissolve", na Sala Paulo VI (Vatican Media)

O coração é uma fonte de conhecimento

A Unicoop de Florença nasceu para "salvaguardar os interesses dos consumidores, sua saúde e segurança, também aumentando e melhorando sua informação e educação". Para isso, em 2010, criou a Fundação "O coração se dissolve", destinada a incentivar as pessoas a fazerem algo pelos outros. "Poderíamos dizer, usando uma expressão bíblica, para incentivar a formação de 'corações de carne' em vez de 'corações de pedra'", disse o Papa, acrescentando:

Esta é uma coisa muito bonita: o coração é uma fonte de conhecimento. Alguém me dirá: "Mas, não, padre, nós conhecemos com a mente, com o intelecto". Isso, por si só, é um conhecimento incompleto.

“Sem o coração, não há conhecimento humano. Para conhecer, devemos conhecer com a mente, com o coração e depois fazer com as mãos. Não se esqueçam das três linguagens: que a mente esteja unida ao coração e às mãos; que o coração esteja unido às mãos, para fazer, e à mente; e que as mãos estejam a serviço do coração e da mente. Não se esqueçam disso em suas ações.”

Fazer algo pelos outros

A seguir, o Papa refletiu com as pessoas presentes sobre o valor desse caminho. "De fato, ao considerar, desde o início, a tutela do consumidor acima de seu mero aspecto comercial, vocês conseguiram compreender uma dimensão humana fundamental: a de ajudar cada um a fazer algo pelos outros, ou seja, a viver a caridade, o amor ativo", disse ele.

"Desse modo, lembrem-se de que salvaguardar o bem da pessoa significa não apenas cuidar de alguns de seus interesses setoriais, mas promover sua plena realização e dignidade. E, nesse nível, o encontro entre aqueles que têm mais possibilidades e aqueles que estão na pobreza, longe de se reduzir a mera filantropia, é sempre uma oportunidade providencial de enriquecimento recíproco", sublinhou Francisco.

Tocar a pobreza, olhar e entender

A seguir, o Papa disse: "Estar próximo das pessoas que ajudamos: estar próximo. Eu, quando, nas confissões, às vezes pergunto às pessoas: “Mas, você dá esmola, você ajuda?” – “Sim, sim” – “E me diga, quando você dá esmola, você olha nos olhos da pessoa, toca na mão, ou joga o dinheiro ali e vai embora?”. Tocar, tocar a pobreza, um coração que toca; olhar e entender. Não se esqueçam disso", disse ainda o Papa.

Muitas famílias presentes na audiência (Vatican Media)

Terrível o que está acontecendo na Ucrânia

O Papa agradeceu-lhes "pelo fazem na Itália e no exterior; em particular, neste momento dramático, em apoio à martirizada Ucrânia: é terrível o que está acontecendo lá! Obrigado por sua colaboração com o Dicastério para o Serviço da Caridade, cujas atividades vocês apoiam há muito tempo". "Continuem visando, em seu trabalho, o desenvolvimento integral da pessoa, o crescimento comunitário na partilha de recursos e competências, a inclusão valorizando o que cada pessoa traz, para o bem de todos", concluiu.


Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/

Padre Maccalli: Cristo se identifica com os pobres, primeiras vítimas de todas as guerras

Esta foto tirada em 22/10/2023 mostra crianças recebendo comida em um abrigo temporário em um campo para deslocados internos (PDI) no município de Demoso, no de Kayah, em Mianmar (AFP or licensors)

“Este Dia Mundial dos Pobres nos recorda a presença real de Cristo nos pobres, vítimas de tantos tipos de guerras. Este evento vem nos recordar que os pobres e a paz são dois pilares das bem-aventuranças evangélicas. Os pobres e as periferias humanas também chamam a nossa atenção para o fato de que tornar-nos samaritanos é a essência do Evangelho”

Por ocasião do VII Dia Mundial dos Pobres, que se celebra neste domingo, 19, o padre Pier Luigi Maccalli, membro da Sociedade de Missões Africanas (SMA), afirma que “o contexto do Dia Mundial dos Pobres 2023 é um cenário global de guerras realmente inquietante. Segundo meu ponto de vista missionário, a relação entre a guerra e os pobres parece imediata”.

O missionário na África, por dois anos prisioneiro de terroristas islâmicos na África, fez uma reflexão à Agência Fides onde afirma que “a categoria bíblica dos pobres é identificada com uma tríade clássica de órfão, viúva e estrangeiro. De fato, as guerras sempre produzem órfãos, mães viúvas e tantos refugiados, obrigados a fugir para lugares onde são taxados como estrangeiros. Muitas mulheres e crianças ucranianas, russas, palestinas, israelenses, sudanesas, etíopes e de outros lugares, esquecidos pela mídia, tornaram-se hoje viúvas, órfãs, sem a companhia de um esposo e sem um pai que lhes enxugue as lágrimas, enquanto caminham, cabisbaixas e sem rumo por estradas estrangeiras”.

“Nós, cristãos católicos, - continua o missionário – costumamos falar da presença real de Cristo na Eucaristia e consideramos blasfemo todo ato hostil contra igrejas, estátuas e locais de culto. Mas violar o corpo e ensanguentar o rosto de seres humanos, sobretudo de frágeis e indefesos, pode ser bem pior. A guerra é um crime contra a humanidade. E eu, pessoalmente, sonho com aquele dia em que será abolida, com uma declaração pública, como aconteceu com a escravatura e a colonização”.

“Este Dia Mundial dos Pobres - diz ainda o padre Maccalli -, nos recorda a presença real de Cristo nos pobres, vítimas de tantos tipos de guerras. Este evento vem nos recordar que os pobres e a paz são dois pilares das bem-aventuranças evangélicas. Os pobres e as periferias humanas também chamam a nossa atenção para o fato de que tornar-nos samaritanos é a essência do Evangelho”.

Na manhã deste VII Dia Mundial dos Pobres, o Papa Francisco presidiu uma Celebração Eucarística na Basílica de São Pedro. O tema do evento, este ano, é extraído do livro de Tobias: «Nunca afastes de algum pobre o teu olhar» (Tb 4, 7).

Há alguns anos, o padre Pier Luigi Maccalli era missionário na aldeia de Bomoanga, no Níger, onde foi sequestrado em 2018 por um grupo de milicianos Jihadistas. Ao ser libertado, perto do Dia Mundial das Missões, o sacerdote continuou a sua missão, dando testemunho da sua fé e esperança. Incansável defensor da paz, dos povos mais desfavorecidos e sofredores, padre Maccalli foi recebido recentemente, pelo Papa Francisco, ao qual presentou um texto que ecoa as suas palavras de paz.

Por Vatican News


Fonte: https://www.editoramundoemissao.com.br/

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

«Jesus nos dará força. Não você, mas Ele em você"

Cardeal Jorge Mario Bergoglio durante homilia na Basílica de San Lorenzo Fuori le Mura [© Massimo Quattrucci] - 30Giorni

Arquivo 30Dias - 01/02 - 2012

«EU FAÇO NOVAS TODAS AS COISAS»

«Jesus nos dará força. Não você, mas Ele em você"

Homilia de Sua Eminência o Cardeal Jorge Mario Bergoglio, Arcebispo de Buenos Aires, durante a Santa Missa em que administrou o sacramento da Confirmação.

Roma, 18 de fevereiro de 2012, Basílica de San Lorenzo Fuori le Mura

do Cardeal Jorge Mario Bergoglio

Primeira leitura ( Is 43, 18-19.21-22.24b-25)
Do livro do profeta Isaías

Assim diz o Senhor: «Não te lembres mais das coisas antigas, não penses mais nas coisas antigas! Aqui estou fazendo uma coisa nova: está brotando agora mesmo, você não percebe? Também abrirei uma estrada no deserto, introduzirei rios na estepe. As pessoas que formei para mim celebrarão meus louvores. Em vez disso, você não me invocou, ó Jacó; antes, você se cansou de mim, ó Israel. Você me perturbou com seus pecados, você me cansou com suas iniqüidades. Eu, eu apago seus erros para meu próprio bem, e não me lembro mais de seus pecados”.

Segunda Leitura ( 2 Cor 1, 18-22)
Da segunda carta do Apóstolo São Paulo aos Coríntios

Irmãos Coríntios, Deus é testemunha de que a nossa palavra para convosco não é “sim” e “não”. O Filho de Deus, Jesus Cristo, que Silvano, Timóteo e eu anunciamos entre vós, não era “sim” e “não”, mas Nele havia “sim”. Na verdade, todas as promessas de Deus nele são “sim”. Por isso, através dele o nosso “Amém” sobe a Deus para a sua glória. Foi o próprio Deus quem nos confirmou, juntamente convosco, em Cristo e nos deu a unção, selou-nos e nos deu a garantia do Espírito nos nossos corações.

Do Evangelho segundo Marcos ( Mc 2, 1-12)

Jesus entrou novamente em Cafarnaum depois de alguns dias. Soube-se que ele estava em casa e tanta gente se reuniu que não havia mais espaço nem na frente da porta; e ele anunciou a Palavra para eles. Foram até ele carregando um paralítico, amparados por quatro pessoas. Porém, como não puderam trazê-lo até ele por causa da multidão, descobriram o telhado onde ele estava e, tendo feito uma abertura, baixaram a maca em que jazia o paralítico. Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: “Filho, os teus pecados estão perdoados”. Alguns escribas estavam sentados ali e pensavam: «Por que este homem fala assim? Blasfêmia! Quem pode perdoar os pecados, senão só Deus?”. E imediatamente Jesus, sabendo em seu espírito que eles pensavam isso dentro de si, disse-lhes: «Por que vocês pensam essas coisas em seus corações? O que é mais fácil: dizer ao paralítico “Os teus pecados estão perdoados”, ou dizer “Levanta-te, pega na tua maca e anda”? Agora, para que saibais que o Filho do Homem tem o poder de perdoar os pecados na terra, eu vos digo – disse ao paralítico –: levanta-te, pega a tua maca e vai para tua casa”. Ele se levantou e imediatamente pegou sua maca e saiu diante dos olhos de todos, e todos ficaram maravilhados e louvaram a Deus, dizendo: “Nunca vimos nada assim!”.

Na oração de início da missa fizemos um apelo a Deus Pai: “Que a tua ajuda, Pai misericordioso, nos torne sempre atentos à voz do Espírito”. Precisamos desta ajuda de Deus para compreender a voz do Espírito, a novidade do Espírito. O Espírito é sempre novo, vem sempre para renovar. É o que ouvimos na primeira leitura, a profecia: “Eu faço novas todas as coisas”. Isto é o que Deus faz, isto é o que o Espírito faz. Por isso pedimos a ajuda de Deus para estarmos atentos à voz do Espírito, ao novo.

Faça tudo novo. O Evangelho conta-nos a história do paralítico que se renovou com o poder do Espírito e de Jesus. O Espírito estava em Jesus. Jesus é quem nos envia o Espírito para renovar tudo. Jesus é o único capaz de recomeçar tudo, de recomeçar a vida. Pensemos na vida deste paralítico, na vida física, e também na vida interior – porque o Senhor cura primeiro a sua alma: “Os teus pecados estão perdoados”. Jesus tem o poder, com a força do seu Espírito, de renovar o coração. Temos que ter fé nisso. Se não confiarmos no poder de Jesus Cristo como a única salvação, o único que pode fazer novas todas as coisas, seremos falsos cristãos. Não somos verdadeiros cristãos.


Jesus não força você a ser cristão. Mas se você diz que é cristão você deve acreditar que Jesus tem toda a força - o único que tem força - para renovar o mundo, para renovar a sua vida, para renovar a sua família, para renovar a comunidade, para renovar todos . Esta é a mensagem que hoje devemos levar conosco, pedindo ao Pai que nos torne atentos à voz do Espírito que faz esta obra: o Espírito de Jesus.

Hoje, a convite do meu amigo padre Giacomo, a quem tanto amo muito, e todos temos que rezar por ele, porque está um pouco doente... Rezaremos todos por ele? Sim ou não? Não sinto nada... Se a oração for assim, estamos acabados... Vamos todos rezar por ele? Sim!

O convite para hoje é fazer essas confirmações para você que vem receber a força do Espírito de Deus: creia na força do Espírito! É o Espírito de Jesus: acredite em Jesus que lhe envia este Espírito – a você e a todos nós: ele nos envia o Espírito para renovar tudo. Vocês não são cristãos falsos, cristãos apenas de palavras. Vocês são cristãos com a palavra, com o coração, com as mãos. Ouça como cristãos, fale como cristãos e faça o trabalho de cristãos. Mas você sozinho não conseguiria. É Jesus quem lhe dará este Espírito, ele lhe dará a força para renovar tudo: não você, mas Ele em você.

E com este pensamento em Jesus que é a única salvação, o único que nos traz a graça, que nos dá a paz, a fraternidade, que nos dá a salvação, continuamos a celebração desta missa com a recitação do Credo , a profissão do nosso fé.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Como se fosse um filme: “Buscadores de Deus”

Como se fosse um filme - "Buscadores de Deus" -(Crédito: Opus Dei)

Os magos deixaram para trás muitas coisas para procurar o Rei dos judeus: o lar, os amigos, a própria segurança... Porém, o desejo interior que os levou a partir terminou através de um gesto que manifestava a única coisa importante em suas vidas: “Prostrando-se diante dele, o adoraram” (Mt 2, 11).

02/01/2024

Uma vistosa comitiva acaba de chegar a Jerusalém. Os forasteiros percorrem suas vielas e contemplam a agitação da cidade. Tinham, provavelmente, chegado a seus ouvidos as façanhas que o povo judeu havia realizado. E agora estes misteriosos personagens podem ver com seus próprios olhos os símbolos deste lugar: a muralha e o templo. Não vieram até aqui, no entanto, por curiosidade. Percorreram centenas de quilômetros porque querem adorar o rei dos judeus que acaba de nascer. Dirigem-se por isso ao lugar onde pensam encontrá-lo: o palácio real.

“Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo” (Mt. 2, 2). Com estas palavras apareceram no palácio: imaginavam, talvez, que sua presença seria normal. Se o que era esperado havia tanto tempo acabava de nascer, era lógico que as pessoas viessem conhecê-lo. No entanto, “a essa notícia, o rei Herodes ficou perturbado e toda Jerusalém com ele” (Mt 2, 2). A notícia correu de boca em boca. A visita daqueles exóticos estrangeiros causou um pequeno alvoroço. Daí que Herodes decidisse chamar os sacerdotes e escribas do povo para tentar entender o que estava acontecendo.

Herodes não estava interessado neste pretenso rei. Ele tinha conseguido chegar ao poder sob a tutela de Otávio Augusto porque lhe proporcionava segurança e impostos. Qualquer alarme poderia ameaçar a sua continuidade. Era por isso prioritário que as coisas continuassem como estavam. Aquelas promessas de Deus transmitidas pelos profetas serviam para fortalecer a identidade nacional dos judeus, desde que permanecessem longínquas ou abstratas. Cristo, porém, atrapalhou seus planos. E reconhecê-lo como rei implicava um risco, deixar para trás a segurança do próprio raciocínio e aceitar “os imprevistos que não aparecem assinalados no mapa da vida tranquila. Jesus deixa-Se encontrar por quem O busca, mas, para O buscar, é preciso mover-se, sair. Não ficar à espera; arriscar. Não ficar parados; avançar. Jesus é exigente: a quem O busca, propõe-lhe deixar as poltronas das comodidades mundanas e os torpores sonolentos das suas lareiras.”[1]. Em resumo, significa partir para uma viagem, como fizeram os Reis Magos.

Uma visão esperançosa do mundo

Os escribas e sacerdotes não duvidaram em afirmar que o Cristo nasceria em Belém, pois assim havia dito o profeta Miqueias: “E tu, Belém, terra de Judá, não és certamente a menor entre as principais cidades de Judá; pois de ti sairá um chefe que apascentará meu povo, Israel” (Mq 5, 1). Aqueles homens conheciam muito bem as escrituras. Conheciam com exatidão todas as referências relacionadas com o Messias. Teriam, provavelmente, meditado com frequência em suas vidas sobre a chegada dele. Alguns, anelando que fosse o quanto antes; outros, talvez meio desiludidos, pois esperavam que os tivesse salvo de cair sob o domínio romano.

No entanto, os sábios de Israel daquela época, apesar de terem visto as profecias realizadas, não souberam reconhecê-las. Foi necessário que esses estrangeiros chegassem para fazê-los perceber que o rei dos judeus já havia nascido. Habituados a ser objeto de predileção de Deus, depositários de sua grandeza, perceberam que foi um povo gentio que lhes comunicou a Boa Nova aguardada havia séculos. “As nações se encaminharão à tua luz – tinha dito Isaías – e os reis, ao brilho de tua aurora” (Is 60, 3). As profecias estavam se cumprindo ao pé da letra, mas a cegueira de seus corações impediu-os de acolher o anúncio daqueles forasteiros.

Estes magos não pertenciam ao povo de Israel. Vinham do Oriente, quer dizer, de fora do Império romano. Talvez fossem persas, homens dedicados à astronomia e às ciências. Eram, aparentemente, as pessoas menos indicadas para proclamar a chegada do Messias. Deus não se havia revelado a eles, como a Israel. Os planos do Senhor eram, porém, muito maiores do que os escribas podiam imaginar. O novo povo de Deus já não estaria circunscrito a uma nação, mas ofereceria a salvação a todos os povos. Não haveria mais nenhuma barreira que separasse os homens. “Aos filhos do estrangeiro que quiserem aderir ao Senhor para servi-lo – havia profetizado Isaías – (...) fá-los-ei entrar no meu monte santo, dar-lhes-ei alegria em minha casa de oração” (Is 56, 6-7).

Ter uma visão esperançosa do mundo faz descobrir tudo de bom que qualquer sociedade possui; contemplar com otimismo os valores de uma cultura. “Tudo é vosso! – Dirá São Paulo – Mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus” (1 Cor 3, 22-23). Diante desta realidade “alegramo-nos com as alegrias dos outros, gozamos de todas as coisas boas que nos rodeiam e nos sentimos interpelados pelos desafios de nosso tempo”[2]. E o fundamento desta visão esperançosa é precisamente o Deus que os magos procuram; “mas não qualquer deus, e sim o Deus que tem um rosto humano e que nos amou até o extremo, a cada um em particular e à humanidade em seu conjunto”[3].

Somos o que desejamos

“Herodes, então, chamou secretamente os magos e perguntou-lhes sobre a época exata em que o astro lhes tinha aparecido. E, enviando-os a Belém, disse: ‘Ide e informai-vos bem a respeito do menino. Quando o tiverdes encontrado, comunicai-me, para que eu também vá adorá-lo’” (Mt 2, 7-8). Embora as intenções de Herodes não fossem muito retas, suas indicações reacenderam os corações dos magos: já sabiam como continuar seu caminho.

Eles não se haviam conformado com a vida confortável que tinham em sua terra, talvez com renda elevada e um alto prestígio social; eram “buscadores de Deus”[4]. Por isso, provavelmente ficaram desiludidos quando chegaram a Jerusalém e não soubessem como prosseguir. Mas assim que descobriram a rota que os levava ao rei voltaram a sentir uma alegria que lhes dava forças para retomar a viagem.

O desejo que tinham de adorar àquele que dava sentido às suas vidas era maior do que o de gozar de segurança. Foi esse impulso interior que os levou a percorrer centenas de quilômetros e atravessar territórios desconhecidos. “Porque Deus nos fez assim: repletos de desejos; orientados, como os magos, rumo às estrelas. Podemos dizer, sem exagero, que somos o que desejamos. Porque são os desejos que dilatam nosso olhar e impulsionam a vida a ir mais além: além das barreiras da rotina, além de uma vida embotada no consumo, além de uma fé repetitiva e cansada, além do medo de arriscar-nos, de comprometer-nos pelos outros e pelo bem”[5].

Os magos estavam decididos a encontrar aquele rei custasse o que custasse. Tinham “a convicção de que nem o deserto, nem as tempestades, nem a tranquilidade dos oásis”[6] os impediriam de encontrar a Jesus. “Não queriam apenas saber. Queriam reconhecer a verdade sobre nós, sobre Deus e o mundo. Sua peregrinação exterior era expressão de seu estar interiormente a caminho, da peregrinação interior de seus corações”[7]. Por isso, “a aparição daquela estrela, os encheu de profunda alegria” (Mt 2, 10). Não tinham sido testemunhas dos portentos do Senhor narrados no Antigo Testamento. Também não haviam presenciado os milagres que anos mais tarde os contemporâneos de Jesus presenciariam. A estrela era suficiente para enchê-los de alegria. Amavam o Deus desconhecido, embora não o tivessem visto. Afinal, era o que desejavam desde que haviam deixado para trás seu lar.

Um ato de justiça

“Entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se diante dele, o adoraram” (Mt 2, 11). Aqueles homens sábios ajoelharam-se diante de um recém-nascido. Lá, no presépio, estava o rei. Já não era preciso procurá-lo entre as constelações do firmamento: tinham-no à sua frente, perto, feito criança.

Tudo o que tinham vivido nas últimas semanas – o entusiasmo ao ver a estrela, o cansaço da viagem, as dúvidas ao chegar a Jerusalém – adquiria sentido na presença daquele rei. O desejo de conhecer a Deus, que os fez deixar o lar, levou-os à adoração. Tiveram a experiência de como Jesus havia realizado os seus anseios mais profundos. Talvez há muito tempo atrás suas vidas tivessem girado em torno da satisfação de outras necessidades mais imediatas: o prestígio social, a riqueza, a comodidade... Descobriram, porém, naquele instante que a única coisa importante é dar glória a Deus. “Nosso tesouro – dizia São Josemaria – está aqui, reclinado numa manjedoura: é Cristo, e nele se devem concentrar todos os nossos amores, porque onde estiver o nosso tesouro, ali estará também o nosso coração (cfr. Lc 12, 34)”[8].

Os magos, que já entraram nessa lógica vital que vai além das necessidades primárias, ofereceram-lhe seus dons: ouro, incenso e mirra. Para Maria e José teria sido mais útil outro tipo de presente: algo que servisse para combater o frio ou alimentar o menino. Naquele momento não precisavam com urgência de incenso e mirra e talvez tampouco o ouro pudesse ajudá-los imediatamente. No entanto, “aqueles dons têm um significado profundo: constituem um ato de justiça. De fato, segundo a mentalidade vigente naquele tempo no Oriente, representam o reconhecimento de uma pessoa como Deus e rei: quer dizer, um ato de submissão. Querem dizer que a partir daquele momento os doadores pertencem ao soberano e reconhecem sua autoridade”[9].

Maria surpreende-se vendo entrar sob seu teto aquela comitiva. Habituada a meditar no coração o que lhe acontece, talvez lhe venha à mente aquela profecia: “Essa visão tornar-te-á radiante; teu coração palpitará e se dilatará, porque para ti afluirão as riquezas do mar, e a ti virão os tesouros das nações. Serás invadida por uma multidão de camelos, pelos dromedários de Madiã e de Efá; virão todos de Sabá, trazendo ouro e incenso, e publicando os louvores do Senhor” (Is 60, 5-6). Ela, que em Belém é apenas uma mulher de Nazaré, aquela que teve que dar à luz em um estábulo, vê como esses sábios se prostram e contemplam o seu filho. Sente palpitar seu coração imaculado, vendo, pela primeira vez, homens pagãos, vindos de longe, adorarem seu filho como Deus verdadeiro.

Um silêncio intenso preenche o pequeno recinto. Talvez apenas os alegres vagidos da criança que ela sustenta rompam esse silêncio e façam o coração dos magos se apaixonar mais profundamente. Não o esperavam, mas a luz da fé abre os seus olhos. Não têm palavras nem conceitos para explicar que essa criança que olha para eles, que segura os dedos da mãe, é seu Rei, seu Deus. Mas é isso. E o adoram.

Eles, buscadores de Deus, habituados a entrevê-lo no céu e na criação, têm agora diante de si a sabedoria divina, misteriosa, escondida. E a têm como homem. A Sabedoria olha-os, faz beicinho e lhes sorri. O mais atrevido deles, inclinando-se, talvez deixe um beijo nas mãos da mãe. E pela primeira vez um coração reza com estas palavras: Sedes Sapientiae!


[1] Francisco, Homilia, 6/01/2018.

[2] Do Padre, 19/03/2022, n. 7.

[3] Bento XVI, Encíclica Spe salvi, n. 31

[4] Bento XVI, Homilia, 6/01/2013.

[5] Francisco, Homilia, 6/01/2022.

[6] É Cristo que passa, n. 32.

[7] Bento XVI, Homilia, 6/01/2013.

[8] É Cristo que passa, n. 35.

[9] Bento XVI, Homilia, 6/01/2010.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br

Hoje é dia de santa Isabel Ana Bayley Seton, primeira santa nascida nos EUA

Santa Isabel Ana Bayley Seton (ACI Digital)

“Juntos pela nossa Terra: na Amazônia e no mundo”

Os Cantores da Estrela levam as bênçãos às famílias (CNBB)

“JUNTOS PELA NOSSA TERRA, NA AMAZÔNIA E NO MUNDO”: TEMA DA CAMPANHA 2024 DOS “STERNSINGER”.

Desde o início, em 1959, a “Campanha da Epifania” cresceu e se tornou a maior campanha de solidariedade do mundo, realizada por crianças para as crianças. Elas sustentam projetos para menores na África, América Latina, Ásia, Oceania e Europa Oriental. A Pontifícia Obra da Santa Infância utiliza seus fundos para apoiar projetos, em todo o mundo, nos setores da educação, saúde, pastoral, nutrição e integração social.

“Juntos pela nossa Terra: na Amazônia e no mundo” é o lema da 66ª campanha dos “Cantores da Estrela” (“Die Sternsinger”/”Kindermissionswerk”), ramo alemão da Pontifícia Obra da Santa Infância (POSI) em Roma. Crianças e jovens de toda a Alemanha querem chamar a atenção para a importância de defender o meio ambiente e as culturas do mundo inteiro.

Os incêndios, o desmatamento e a exploração implacável dos recursos estão destruindo os meios de sustento das populações indígenas dos países sul-americanos da Amazônia. A cultura de cerca de 400 grupos étnicos também está ameaçada.

O diretor nacional das Pontifícias Obras Missionárias na Alemanha, padre Dirk Bingener, explica que a intenção é “recordar que todas as crianças do mundo têm o direito de crescer em um ambiente intacto e saudável. Estamos cientes de que todos devem assumir as suas responsabilidades em defesa da nossa Casa comum”.

A urgência deste tema e desta responsabilidade manifesta-se, de modo alarmante, na região amazônica, com diz ainda o diretor das POM na Alemanha: “A bacia amazônica enfrenta a pior seca dos últimos 122 anos. Os níveis da água estão extremamente baixos, enquanto as temperaturas do ar e da água estão excessivamente altas. As mudanças climáticas estão se tornando cada vez mais graves. Esta é, mais uma vez, a prova de que a terra só terá futuro se todos os homens aprenderem a preservar a Criação de Deus e a viver em harmonia com a natureza!”.

Vestidos com trajes dos Três Reis Magos, com o cometa e seus cantos, os “Cantores da Estrela”, todos os anos, antes da Epifania, batem às portas dos lares cristãos alemães. As crianças das paróquias católicas, membros da Infância Missionária, levam de casa em casa bênçãos às famílias, coletando doações para seus coetâneos que mais sofrem.

Desde o início, em 1959, a “Campanha da Epifania” cresceu e se tornou a maior campanha de solidariedade do mundo, realizada por crianças para as crianças. Elas sustentam projetos para menores na África, América Latina, Ásia, Oceania e Europa Oriental. A Pontifícia Obra da Santa Infância utiliza seus fundos para apoiar projetos, em todo o mundo, nos setores da educação, saúde, pastoral, nutrição e integração social.

Com informações da Agência Fides

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF