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quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Santo Antão do Egito

Santo Antão do Egito (A12)
17 de janeiro
Santo Antonio do Deserto ou Antão do Egito

Antão nasceu em 251 no Egito, em família cristã e abastada. Seus pais morreram quando contava entre 18 e 20 anos, deixando para ele e sua única irmã, bem mais nova, uma certa fortuna material, e outra espiritual muito maior. Entrando numa igreja, ouviu o Evangelho que diz: “Se queres ser perfeito, vende o que tens e dá-o aos pobres, depois vem, segue-me e terás um tesouro no céu” (Mt 19,21). Decidiu então doar os seus bens aos pobres e dedicar-se radicalmente à vida eremítica e ascética, mas reservou algo para garantir o sustento da irmã.

Porém, novamente, entrando na igreja, ouviu a passagem: “Não vou preocupeis, pois, com o dia de amanhã. O dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado”(Mt 6,34). Então doou também esta reserva, e entregou a irmã aos cuidados de virgens conhecidas e de confiança.

Era comum aos que procuravam a vida eremítica retirar-se para alguma região isolada próxima da cidade onde habitavam, e assim fez Antão. Procurou contudo aprender sobre este tipo de vida visitando outros ascetas, só voltando para o seu retiro depois de absorver ensinamentos espirituais.

Santo Antão foi terrivelmente tentado pelo demônio, que, conforme Santo Atanásio, biógrafo de Antão, não suportava a sua decisão de vida radicalmente santa. Inicialmente o diabo tentou fazê-lo abandonar a vida ascética com a recordação da sua irmã, dos seus bens, da boa mesa e coisas agradáveis da vida, mas nada conseguiu. A seguir foram as tentações do prazer sensual, quando o diabo chegou a aparecer como mulher durante a noite. Antão permaneceu casto, perseverando na oração, jejuns e mortificações; e decidiu mudar-se para os sepulcros de um cemitério próximo à aldeia, numa região, portanto, mais afastada.

Ali vários demônios o açoitaram selvagemente numa noite, de modo que Antão ficou no chão, sem fala por causa da dor. Assim o encontrou um parente seu no dia seguinte, ao lhe levar pão, e o transportou para a igreja da aldeia, onde ficou prostrado como morto até a noite seguinte. Antão pediu para ser levado de volta ao sepulcro, e depois de rezar, ainda deitado pela fraqueza, gritou ao diabo que estava de volta, não acovardado com os golpes; os demônios retornaram, agora sob a forma de animais ferozes que o ameaçavam, mas ele debochou deste ataque, afirmando que, se de fato tivessem poder sobre ele, bastaria que viesse um só deles. Então um raio de luz baixou pelo teto sobre Antão, e os demônios sumiram. Antão, já sem dores, levantou-se e rezou, com o corpo mais forte do que antes.

Depois disso, ele se retirou para um deserto. Mas sua santidade atraía discípulos, e, muito procurado, internou-se ainda mais no ermo, numa gruta. Ainda assim, formou-se ao seu redor uma comunidade cenobítica, onde cada monge vivia sozinho e isolado, mas em contato e sob a sua direção espiritual. Pela terceira vez, Antão aprofundou-se no deserto, a três dias de caminhada, vivendo completamente só por 18 anos. E novamente vieram discípulos. Então ele compreendeu que a caridade é superior à solidão e à própria oração. De toda a forma, sempre que novos discípulos perguntavam por ele no cenóbio, a resposta era procurar a pessoa mais alegre, sorridente e espontânea do local: austero consigo mesmo, ele era afável com os irmãos.

Apesar da busca de vida solitária, Antão nunca deixou de ajudar pessoalmente os demais, quando necessário. Assim, durante a perseguição de Dioclesiano, foi a Alexandria para apoiar a fé dos cristãos e, se necessário, ser martirizado. Aí voltou para combater os arianos, em auxílio do amigo Santo Atanásio, perseguido por estes hereges.

 Santo Antão faleceu em 17 de janeiro de 356, com 105 anos, e é considerado o pai do monaquismo cristão.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Ainda que a vocação particular de Santo Antão seja incomum, o seu exemplo de radicalidade no seguimento ao chamado de Deus – qualquer que seja – pode e deve ser seguido. A qualidade de sua vida é maior do que a quantidade de anos que viveu: se é tão conhecido, e de fato tem enorme fama no mundo católico, é por causa da virtude da sua intimidade com Deus, e não por seus escritos, habilidades ou capacidades pessoais, como afirma Santo Atanásio.

Oração:

Senhor, concedei-nos pela intercessão de Santo Antão o desejo sincero de buscar, no silêncio da alma, a Vossa vontade para a nossa vida, e a radicalidade de segui-la, bem como a fortaleza contra todas as tentações e intimidações do demônio, que normalmente se manifestam das formas mais sutis e agradáveis. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora, vencedores do diabo e do mundo. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Como ensinar nossos filhos a ter uma visão crítica?

Shutterstock
Por Sou Mamãe Sou Mamãe - publicado em 23/10/18
“O que você achou das torradas?” ou “por que você gostou do filme?” são boas opções para começar este processo formativo.

Ensinar nossos filhos a ter uma visão crítica não é simples. Ao tentar fazer isso, enfrentamos uma missão dupla: criar filhos com critério próprio, mas que ao mesmo tempo sejam obedientes. No entanto, o problema é mais relativo às formas do que ao conteúdo.

Na prática, a autoridade dos pais pode ser um meio para a aprendizagem libertadora. Além disso, existem técnicas que podem ser colocadas em prática para incentivar a formação do critério próprio nas crianças. As conversas, os debates e as experiências cotidianas são indispensáveis.

Treinando a opinião própria

Qualquer espaço em comum é útil para treinar o critério próprio. “O que você achou das torradas?” ou “por que você gostou do filme?” são boas opções para começar. A pergunta é um meio de informação que alimenta quem pergunta e também quem responde.

Cada resposta pode levar a outra pergunta. Esse tipo de conversa pode se concluir em um questionamento que a criança vai fazer a si mesma. A posição do adulto nesse tipo de conversa com a criança é como se fosse um guia.

No entanto, essa condução do pai ou da mãe não deve ser dirigida ao que se espera da criança. O exercício deve ser mais voltado à exploração, a fim de voltar o olhar às preferências e aos comentários da criança.

Pais que escutam

Não se trata apenas de perguntar e argumentar, mas, sim, de saber escutar.  Isso pode ser um problema para alguns pais que querem impor sua opinião ou seu critério. Devemos nos lembrar de que esse tipo de aprendizagem não tem um único caminho. Portanto, a criança deve ter a chance de escolher.

Por isso, o correto é escutar com atenção as opiniões, os gostos e as análises das crianças. E, se a partir de uma exposição ela nos permitir explorar mais, será muito melhor. Depois, haverá mais tempo para conversas sobre valores.

(Crédito: Aleteia)

Tudo isso nos leva a uma terceira questão: ter um bom critério e serenidade antes de julgar. Nós, os pais, pensamos que sabemos tudo e que devemos intervir sempre. Às vezes, no exercício desse poder, nos esquecemos de parar por um momento e analisar as coisas.

Ensinar nossos filhos a ter uma visão crítica é dar liberdade

Todos nós nascemos livres, mas as crianças têm guardiões da sua liberdade: os pais. Os pais devem considerar que são guias desse livre arbítrio, não donos dele. Portanto, a liberdade é a base para forjar o caráter próprio das crianças e para ajudá-las a ter sucesso na vida.

Desde a chegada da geração dos millennialsos psicólogos infantis recomendam conceder cotas de liberdade às crianças.  Trata-se de uma margem de participação, um âmbito de recreação livre, espaços para levar em consideração as opiniões das crianças.

 “Coletividade que não sabe pensar não pode viver” —Concepción Arenal—

No entanto, o compromisso dos pais não para por aí. Esses espaços devem se ampliar com o passar do tempo. Não existe ninguém melhor do que um pai ou uma mãe para conhecer os progressos dos seus filhos. É quase uma fórmula matemática: quanto maior o critério, mais acesso à liberdade.

Há pais que manipulam seus filhos

Autoridade e obediência não devem ser sinônimos de manipulação. Perante uma situação extrema, temos broncas, castigos e outros condicionamentos psicológicos. Mas ser pai e mãe não significa esperar que nossos filhos pensem exatamente como nós pensamos.

Há muitos pais que recorrem à manipulação e ao medo para ensinar seus filhos. Esse tipo de prática é muito comum, por exemplo, em divórcios, separações ou custódias compartilhadas. Frequentemente, a criança é utilizada para atingir o outro.

Com o passar do tempo, as crianças crescem e se dão conta de muitas coisas. Além disso, o hábito de ensinar nossos filhos a ter uma visão crítica implica respeitar a liberdade deles. Com isso, obtemos um desenvolvimento correto da pessoa que está em processo de crescimento.

(Crédito: Aleteia)

Permitindo o erro

O erro é aprendizado e isso se aplica também às criançasO bom senso se constrói na tentativa, no erro e na reaprendizagem. Se não permitimos que uma criança cometa erros com sua forma de pensar, então não vamos favorecer o desenvolvimento de uma visão crítica.

Os gritos e as frases exageradas só vão ferir emocionalmente as crianças. Assim só conseguiremos uma criança egocêntrica, calada e censurada. Por esse motivo, ensinar nossos filhos a ter uma visão crítica implica permitir que se expressem.

Há situações nas quais podemos permitir que nossos filhos tomem suas próprias decisões. Por exemplo, ao comprar um doce, um brinquedo ou até mesmo em algum assunto relativo à própria casa. Permitir essa experiência vai nos ensinar se nossos filhos são bons observadores e como podemos estimular esse espírito crítico tão importante para eles.

(via Sou mamãe)

Fonte: https://pt.aleteia.org/

O amor, único antídoto contra o ódio

No encontro de oração foram acesas velas para simbolizar o poder que Deus tem para dissipar as trevas e levar as pessoas à comunhão com Ele (AFP or licensors)

Comunidades cristãs reuniram-se na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Doha, para rezar pela paz na Terra Santa. "As pessoas no nosso mundo frequentemente se deparam com conflitos, dor e perdas. Isto é particularmente verdade hoje – insistiu o bispo. No entanto, a nossa fé cristã ensina-nos que só existe um antídoto para o ódio: o amor. E que amor mais perfeito pode ser encontrado do que o de Jesus Cristo?”, perguntou o vigário apostólico da Arábia do Norte.

“A vingança não é a resposta e não há verdadeira satisfação em pensar em concretizar a expressão ‘olho por olho’.” Esta é a mensagem que o vigário apostólico da Arábia do Norte, dom Aldo Berardi, dirigiu a todos os cristãos presentes na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Doha, no passado dia 9 de janeiro, por ocasião de uma oração ecumênica pela paz na Terra Santa.

Dom Berardi convidou os fiéis a “combater” a guerra, dando o exemplo de Jesus de amor e paz por  todos aqueles que encontra. “As pessoas no nosso mundo frequentemente se deparam com conflitos, dor e perdas. Isto é particularmente verdade hoje – insistiu o bispo. No entanto, a nossa fé cristã ensina-nos que só existe um antídoto para o ódio: o amor. E que amor mais perfeito pode ser encontrado do que o de Jesus Cristo?”

Juntamente com o vigário apostólico, também padre Xavier Marian D'Souza, pároco da igreja Nossa Senhora do Rosário no Catar, e vários sacerdotes das diversas comunidades cristãs de Doha, encorajaram os presentes a dirigir-se a Deus neste momento de sofrimento e perigo "para pedir que a Sua misericórdia e graça estejam presentes na Terra Santa pela intervenção de Jesus Cristo, o Príncipe da Paz. Jesus é a Luz do Mundo: uma luz que brilha para mostrar o caminho para sair das trevas.

Assim, durante o encontro de oração foram acesas velas para simbolizar o poder que Deus tem para dissipar as trevas e levar as pessoas à comunhão com Ele. Uma menina vestida de branco, imagem da inocência, foi a primeira a acender sua vela para recordar que a paz só pode ser alcançada por meio da humildade e da consideração pelo outro. Rezamos m fé porque acreditamos que nada é impossível para Deus!”

A cerimônia, que teve como lema “a paz corre como um rio”, terminou com a recitação do Pai Nosso e a oferta do Sinal da Paz.

“No início do ano – disse o Papa Francisco, depois de rezar o Angelus na Praça de São Pedro no domingo, 14 de janeiro – trocamos bons votos de paz, mas as armas continuaram a matar e a destruir. Rezemos para que aqueles que detêm o poder sobre estes conflitos reflitam sobre o facto de que a guerra não é a forma de os resolver, porque semeia a morte entre os civis e destrói cidades e infraestruturas. Por outras palavras, a guerra é hoje, em si mesma, um crime contra a humanidade. Não esqueçamos isto: a guerra é, em si mesma, um crime contra a humanidade. Os povos precisam de paz! O mundo precisa de paz! Ouvi, há poucos minutos, no programa “A Sua Immagine”, o Padre Faltas, Vigário da Custódia da Terra Santa em Jerusalém: falava de educar para a paz. Temos de educar para a paz. Vê-se que ainda não estamos - a humanidade inteira - suficientemente educados para acabar com todas as guerras. Rezemos sempre por esta graça: educar para a paz.

Dos 2,9 milhões de habitantes, dos quais aproximadamente metade são trabalhadores imigrantes, a Igreja Católica no Catar registra cerca de 250 mil fiéis. Em 2011, foram revistos os limites das circunscrições eclesiásticas na Península Arábica. Desde então, o Catar faz parte do Vicariato Apostólico da Arábia do Norte.

*Com Agência Fides

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/

A formação do clero e a Música Sacra (2/2)

A formação do clero e a Música Sacra (Presbíteros)

A formação do clero e a Música Sacra

A celebração da Liturgia das Horas

Segundo a Ratio fundamentalis institutionis sacerdotalis, «à formação para o culto eucarístico deve estar intimamente unida a formação para o Ofício divino, mediante o qual os sacerdotes ‘rezam a Deus em nome da Igreja e em benefício de todo o povo que lhe está confiado, mais, em favor de todo o mundo’». Considero oportuno mencionar isto, porque na celebração da Liturgia das Horas é usado com frequência o canto e a música.

O Instrumentum laboris do VIII Sínodo dos Bispos sobre a formação dos sacerdotes, de 1990, afirmava: «A Liturgia das Horas é uma das maiores expressões da oração litúrgica. Através de uma iniciação gradual a esta oração das horas, o candidato aprenderá a dar um ritmo aos dias marcados por uma celebração na qual se exprime e se renova a sua fé. Saboreando os elementos de cada ‘hora’, ele poderá integrar progressivamente vida e oração a título pessoal e em nome da Igreja, para o povo que lhe está confiado e para todo o mundo».

Na formação seminarística, deve-se portanto evitar que na celebração da Liturgia das Horas, quer comunitária quer individual, se reduza esta oração à obrigação formal realizada mecanicamente como uma leitura rotineira e acelerada sem dedicar a atenção necessária ao significado do texto. Os seminaristas deveriam ser adequadamente introduzidos nela de maneira que se habituem a apreciar, a compreender e a amar cada vez mais as riquezas do Ofício e, ao mesmo tempo, aprendam a tirar dele um alimento para a oração pessoal e para a contemplação. O canto pode servir de ajuda (ou se for mal feito, de obstáculo) para a sua consecução.

Nos seminários devem ser habitualmente celebradas em comum, à hora correspondente, as Laudes, como oração da manhã, e as Vésperas, como oração da tarde. Também se pode celebrar a Hora média e as Completas. Na vigília das solenidades, por vezes pode-se celebrar o Ofício das leituras segundo o rito da «vigília prolongada». A celebração comum muitas vezes é louvavelmente cantada.

A formação litúrgica adequada

Em ligação com quanto expus, é preciso observar que o futuro sacerdote, através da participação na vida litúrgica no seminário durante os anos da sua formação inicial, recebe uma autêntica «educação litúrgica, no sentido pleno de uma inserção vital no mistério pascal de Jesus Cristo morto e ressuscitado, presente e atuante nos sacramentos da Igreja». Ele aprende progressivamente, por experiência, o que é a liturgia da Igreja, e deve ser ajudado para descobrir a riqueza dos ritos da Igreja, das orações dos livros litúrgicos, dos textos dos diversos leccionários. Deve ser apoiado no processo de aprender a apreciar a beleza das orações, do lugar de culto, dos paramentos, da qualidade da música e dos cantos.

Sob a direcção dos superiores e, particularmente, do responsável da liturgia, o aluno realiza alguns serviços, alguns ministérios – de leitor, de acólito, de diácono –, à medida que se aproxima da Ordenação sacerdotal. Existem também outros serviços litúrgicos, por exemplo o de cantor, de salmista, de mestre de coro, de organista.

Os seminaristas, em pequenas equipas – por exemplo. por uma semana –, são encarregados de preparar a liturgia da Missa e do Ofício divino, escolhendo alguns cantos, as melodias e algumas tonalidades para a salmodia, tendo em consideração a sua qualidade, os diversos tempos litúrgicos e o grau de solenidade da liturgia do dia.

Os programas de estudo incluem, de facto, um específico ensinamento litúrgico, em relação ao qual a Congregação para a Educação Católica deu algumas normas e indicações. Este ensino da liturgia é necessário, mas só será verdadeiramente frutuoso se for interiorizado pelo próprio seminarista. Por isso, insiste-se muito para que o futuro sacerdote adquira não só o conhecimento técnico dos sagrados ritos, mas sobretudo o seu profundo significado teológico e espiritual.

A formação musical

Além dos elementos acima expostos, que constituem um pressuposto substancial para a compreensão da música sacra como parte integrante da liturgia e não só como um elemento decorativo ou como um ornamento que se acrescentaria à ação litúrgica, o Magistério e a normativa da Igreja fornecem aos seminaristas e aos formadores dos Seminários indicações oportunas.

Formação específica nos seminários

Todos os documentos mencionados têm obviamente uma importância fundamental para uma boa formação musical dos seminaristas.

A Congregação para a Educação Católica emanou em 1979 uma Instrução sobre a formação litúrgica nos Seminários. Nela, entre outras coisas, lemos: «Considerando a importância da música sacra nas celebrações litúrgicas, os alunos devem receber de peritos aquela preparação musical, também prática, que será necessária no futuro ofício de presidentes e de moderadores das celebrações litúrgicas. Nesta preparação deve ter-se em consideração as qualidades naturais de cada um dos alunos, e servir-se dos novos meios hoje geralmente em uso nas escolas de música, para tornar mais fácil o aproveitamento dos alunos. Deve-se, sobretudo, procurar que aos alunos seja dada não só uma preparação na arte vocal e instrumental, mas também uma verdadeira e autêntica formação da mente e do coração, para que conheçam e apreciem as melhores obras musicais do passado e saibam escolher, na produção moderna, o que é sadio e reto» .

No campo prático, requer-se a aprendizagem dos diversos cantos usados na liturgia. Por conseguinte, os seminaristas deveriam participar regularmente nas lições de canto previstas pelo programa dos estudos.

Os seminaristas que são dotados de boas capacidades musicais podem ser convidados a desenvolver os seus talentos, por exemplo como organistas, ou para aprenderem a dirigir um coro ou uma assembleia. Para isso, pode-se também aproveitar de sessões de formação durante as férias.

Algumas festas do seminário podem ser assinaladas, além da celebração da liturgia, também pela execução de certas obras musicais: cantos polifónicos, concertos de órgão ou de música instrumental, haurindo do rico património musical da Igreja. Trata-se do património no qual é desejável que os seminaristas sejam introduzidos.

Participando no seminário numa liturgia de qualidade, na qual o canto e a música têm todo o seu lugar, e beneficiando de uma formação musical dada por pessoas competentes, o futuro sacerdote prepara-se progressivamente para a sua responsabilidade litúrgica como celebrante da Eucaristia e dos outros sacramentos, como pastor e guia da oração das comunidades das quais será encarregado. Ele aprende progressivamente a discernir o que é belo, o que convém ao culto divino, o que é conforme com o espírito da ação litúrgica, o que permite traduzir a verdade do mistério celebrado, o que contribui autenticamente para a glorificação de Deus e para a santificação dos fiéis, o que favorece a oração dos cristãos e a sua «participação plena, consciente e ativa» na liturgia. Graças a esta formação musical, o futuro sacerdote aprende a dar todo o seu lugar à música nas celebrações, «tendo em conta tanto o carácter próprio da liturgia como a sensibilidade do nosso tempo e as tradições musicais das diversas regiões do mundo».

Por Cardeal Zenon Grocholewski

Fonte: https://presbiteros.org.br/

Fé cristã e compromisso social

Pastoral Social (catedralnsconceicao)

FÉ CRISTÃ E COMPROMISSO SOCIAL

Dom João Santos Cardoso
Arcebispo de Natal (RN) 

Em nossos dias, há quem considere o compromisso social como algo irrelevante para a fé. Muitos pensam que não há nenhuma relação entre a fé cristã e o compromisso social, e que a religião deve se ocupar exclusivamente com a salvação da alma. Contudo, essa postura é ideológica e mutila o coração do Evangelho tanto quanto a que reduz o cristianismo a uma espécie de ONG, como nos recorda o Papa Francisco em sua Exortação Apostólica “Gaudete et Exsultate“. É ideologia reduzir a fé a uma práxis sócio-transformadora e caritativa, tornando secundária a espiritualidade, a união interior com Cristo e a vida da graça (Gaudete et Exsultate, n. 100). Mas também é nocivo e ideológico suspeitar do compromisso social dos outros, rotulando-o como algo superficial, mundano, secularizado, imanentista, comunista ou populista e, consequentemente, relativizar o engajamento dos cristãos com as questões sociais, como se houvesse outros temas mais importantes com os quais a fé deveria se ocupar (Gaudete et Exsultate, n. 101).  

É ideológico reduzir a fé cristã ao engajamento social, assim como o é interessar-se apenas por uma determinada ética ou um conjunto de ideias, propondo um ideal de santidade que desconsidera a injustiça deste mundo (Gaudete et Exsultate, n. 101). Com a mesma firmeza com que devemos defender a vida do inocente nascituro, pois a vida humana é sempre sagrada, independentemente do estágio de seu desenvolvimento, também devemos defender a vida dos pobres que já nasceram e se debatem na miséria, no abandono, na exclusão, na eutanásia velada de doentes e idosos que são privados de cuidados, bem como combater os novos tipos de escravidão e todas as formas de descarte (Gaudete et Exsultate, n. 101). 

Nesse contexto, a temática das políticas públicas, discutida na Campanha da Fraternidade de 2019, representa uma abordagem bem-sucedida para reintroduzir a questão da justiça e equidade social no debate público, colocando a inclusão dos mais vulneráveis no centro das decisões políticas do Estado. 

Ocupar-se das questões sociais, como as políticas públicas, não é alheio à fé cristã, pois a mensagem do Evangelho compromete os cristãos com a prática do direito e da justiça. Numa ótica cristã, as Políticas Públicas podem ser vistas como um meio de responsabilizar o Estado para criar instrumentos e mecanismos a fim de realizar as obras de misericórdia mencionadas no Evangelho de Mateus (25, 34-46).  

As políticas públicas, fundamentadas nos valores de direito e justiça, estão intrinsecamente ligadas às preocupações dos profetas do Antigo Testamento em relação ao pobre, órfão, viúva e estrangeiro, considerados os mais vulneráveis em Israel. Esses profetas denunciam a religião que negligencia a justiça, considerando seu culto como idolatria, além de condenar a exploração dos pobres e a corrupção nos tribunais. Eles associam a palavra “Direito” à “Justiça” como a base moral que obriga a socorrer os mais necessitados (Am 5, 21-24; Is 1, 13-17; 10, 1-2; Jr 22,3). A justiça, portanto, impõe ao Estado a obrigação moral de cuidar dos vulneráveis na sociedade. 

Na Bíblia, a palavra “justiça” vai além do significado de dar a cada um o que é seu, ultrapassando a ideia de meritocracia. Os profetas e Jesus entendem a justiça não apenas como a obrigação de dar a cada um o que merece, mas também de suprir as necessidades daqueles que não possuem ou não merecem, superando a meritocracia e abrangendo a necessidade do outro (Is 10, 1-2; Jr 22,3; Mt 20, 1-16).

Os profetas, ao combater a idolatria e advogar por um culto comprometido com a justiça social (Is 10, 10-17), estabelecem uma ligação entre as questões sociais e religiosas. Nos Evangelhos, Jesus anuncia o Reino de Deus, mostrando misericórdia pelos despossuídos, famintos, injustiçados, pobres, doentes e pecadores. Os direitos fundamentais, como trabalho, alimentação, moradia, saúde, educação, liberdade e acolhimento ao estrangeiro, devem ser assegurados a todos. Apesar do engajamento em políticas públicas para promover a justiça social, o compromisso cristão também exige a prática pessoal das obras de misericórdia no cuidado ao próximo. Jesus nos adverte, conforme Mateus 25, 34-46, que seremos julgados pela nossa postura em relação aos desvalidos. Entretanto, além das obras de misericórdias corporais, jamais devemos omitir as espirituais.


Fonte: https://www.cnbb.org.br/

JESUíTAS. «É o Senhor quem faz a diferença» (2/2)

Cópia dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola, edição de Antuérpia de 1671, conservada na Universidade de Valência (30Giorni)

Arquivo 30Dias -04/2006

JESUÍTAS.

«É o Senhor quem faz a diferença»

Entrevista com o superior geral da Companhia de Jesus por ocasião dos 500 anos do nascimento de São Francisco Xavier e do Beato Pedro Favre e dos 450 anos da morte de Santo Inácio de Loyola.

Entrevista com Peter-Hans Kolvenbach por Giovanni Cubeddu

Na época de Xavier, os mestres chineses eram considerados os primeiros em todo o conhecimento humano. Discutindo com os bonzos, Xavier ouviu a objeção de que se a religião cristã fosse verdadeira, os chineses já a teriam conhecido. O que aprendeu a Companhia de Jesus, nestes séculos, sobre a alma religiosa chinesa e como - mesmo após a recente nomeação do bispo de Hong Kong como cardeal - podem desenvolver-se melhores relações entre Pequim e a Igreja Católica?

KOLVENBACH: A partir dos contatos com a cultura chinesa ao longo da história, aprendemos, antes de mais nada, a respeitar e admirar as suas realizações no campo do espírito humano. O Ocidente foi para o Oriente com um complexo de superioridade cultural. Xavier e outros missionários que o seguiram ajudaram o Ocidente a adoptar uma atitude mais matizada e a adquirir a capacidade de apreciar aspectos que não nasceram do legado greco-romano. Embora seja verdade que sob a influência do Cristianismo a Europa desenvolveu uma filosofia sobre os direitos humanos e a dignidade humana que não é de todo óbvia em algumas outras culturas, existem outros valores humanos que consideramos mais bem preservados nas culturas orientais.
As relações entre a Igreja e a China são obviamente complexas e exigem esforços árduos de ambas as partes antes de se chegar a um acordo. Não é fácil compreender as razões de certos pedidos da China, e é claro que a China não compreende a natureza da Igreja.

Na Companhia de Jesus nunca faltaram histórias de amizade e de santidade. O Beato Pedro Favre também é lembrado com Inácio e Xavier...

KOLVENBACH: Os primeiros companheiros desenvolveram uma amizade profunda que fortaleceu enormemente a sua unidade de propósito. A sua amizade precedeu o vínculo espiritual que mais tarde os uniu como membros da Companhia de Jesus. Mesmo antes de tomarem a decisão de criar um grupo formal ("se Deus quiser talvez possamos ter imitadores neste tipo de vida", afirma a Fórmula de ' Instituto apresentado a Júlio III), Inácio e seus companheiros identificaram-se como «um grupo de amigos no Senhor». Como você disse, embora fossem personalidades fortes e de origens diferentes, entre eles existia uma bela e profunda amizade baseada na familiaridade com Cristo.

Beato Pedro Favre (30Giorni)

Inácio, Francisco e Pedro Favre tiveram relações pessoais com os papas da época. 

KOLVENBACH: A disponibilidade incondicional dos primeiros jesuítas para receber e cumprir as “missões” – qualquer missão – que lhes foram confiadas pelo papa, foi obviamente uma novidade para a época e uma atitude que favoreceu o vínculo entre eles e os papas. Além disso, alguns jesuítas eram teólogos notáveis ​​com quem os papas adoravam conversar. Vários deles eram “teólogos papais” no Concílio de Trento, e Favre morreu exausto depois de uma longa viagem, a pé, a caminho do Concílio onde o Papa o havia convocado. Inácio tinha apenas um desejo: que os jesuítas que ele reuniu e treinou fossem enviados em missão pelo vigário de Cristo na terra. Francisco Xavier, de facto, foi enviado à Ásia como legado papal. 

De onde vêm hoje as vocações da Companhia de Jesus? A grande experiência dos Jesuítas em matéria de inculturação e educação ainda hoje produz os seus frutos? 

KOLVENBACH: Todos os anos, cerca de quinhentos jovens ingressam na Companhia de Jesus. As origens da sua vocação não podem ser simplesmente resumidas. Contudo, como nos primeiros tempos, os Exercícios Espirituais são muitas vezes o meio pelo qual os jovens reconhecem o chamamento do Senhor. As instituições educativas, sociais e pastorais da Companhia são ainda o ambiente onde nascem muitas vocações.

Há uma anedota da vida de Santo Luís Gonzaga que é frequentemente citada. Conta-se que ele estava jogando bilhar com outros jovens jesuítas quando um deles lhe perguntou: “Luigi, se te dissessem que sua hora havia chegado, o que você faria?”. Dizem que Luigi respondeu: «Eu continuaria a jogar»… Verdadeira ou falsa, a anedota revela um ponto importante da espiritualidade inaciana.

Saverio morreu sozinho e sem nunca ter conseguido chegar à China. Diz-se que naqueles momentos a estátua de Jesus colocada na capela de uma torre do castelo de Javier suava sangue pela lateral. Essa estátua é conhecida como o Cristo do Sorriso. O que significou esta imagem para Xavier e para a Companhia de Jesus?

KOLVENBACH: A escultura a que você se refere atraiu a atenção de muitas pessoas por ocasião da celebração dos quinhentos anos do nascimento de Xavier. Na verdade, é uma representação bastante incomum de Cristo, sorrindo na cruz. Os historiadores contam-nos que a escultura, do século XII, estava no castelo e Xavier rezou diante dela. Não creio que a escultura fosse muito conhecida entre os jesuítas até recentemente. Mas certamente a beleza serena do rosto de Cristo recorda-nos as suas palavras: “Está consumado” para a nossa salvação. Este é também o significado da morte de Saverio: «Na morte parecia muito feliz».

Já é oficial que depois de muitos anos você está prestes a deixar a responsabilidade de dirigir a Companhia de Jesus. O que você tem em mente dizer?

KOLVENBACH: Na verdade, não tenho muito a dizer sobre isso. O Santo Padre graciosamente compreendeu que mudaram as razões pelas quais Santo Inácio queria que o papel do superior geral fosse vitalício. Hoje podemos viver mais tempo sem a garantia da energia e da capacidade de liderar e inspirar um grupo como a Companhia de Jesus, composto por quase 20.000 membros, espalhados por tantas nações, envolvidos em tantos campos apostólicos diferentes. Com a sua permissão consultei os meus conselheiros e todos os provinciais. Todos concordaram com a minha intenção de apresentar a minha renúncia na próxima Congregação Geral. Cabe à Congregação aceitá-los ou não, mas estou confiante de que em 2008, depois de vinte e cinco anos nesta função e no limiar do meu octogésimo aniversário, os meus confrades estarão dispostos a nomear o meu sucessor.

 Fonte: https://www.30giorni.it/

A dimensão corpórea da liturgia

Papa Francisco preside a Santa Missa na festa da Virgem de Guadalupe (via REUTERS) (Vatican Media)

A Igreja no Brasil realiza uma Terceira Edição melhorada e atualizada do Missal "com alguns pontos adaptados, segundo à renovação querida pela Constituição Sacrosanctum Concilium, do Concilio Vaticano II, ou seja, as atualizações oficiais de Paulo VI e o Papa João Paulo II, devidamente aprovadas, divulgadas e autorizadas. A liturgia atualiza o mistério de Deus estudado na Teologia.""

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

A linguagem simbólica, ou melhor, a dimensão simbólica da linguagem, é aquela que permite ao homem estar aberto à realidade que o rodeia, aquela em que a realidade pode revelar-se.

Neste sentido, Giorgio Bonaccorso¹ explica que os símbolos que encontramos na experiência religiosa devem ser entendidos não como tipos particulares de sinais, mas como exemplos da dimensão simbólica mais global. Esses símbolos, no entanto, expressam esta dimensão, não isoladamente, mas como partes de uma rede mais ou menos complexa que os conecta. Os símbolos sempre pertencem a este ou aquele contexto, e um desses contextos é o ritual. O ritual é uma sequência particular de ações que, em certo sentido, redesenha a rede simbólica segundo critérios internos. Ele não pode existir sem símbolos e, portanto, depende da linguagem simbólica, mas, ao mesmo tempo, remodela essa linguagem segundo seus próprios critérios.

“Toda a linguagem simbólico-ritual nos abre para algo inviolável, sagrado. Algo que não pode ser reduzido a uma classe de objetos ou a uma categoria mental. No contexto ritual os símbolos, que não podem faltar, tornam-se ações simbólicas, ou seja, linguagens que “falam” e “agem”.”

Neste contexto, padre Gerson Schmidt* nos propõe uma reflexão sobre a dimensão corpórea da liturgia:

"A linguagem é a casa em que o ser humano habita. Frei Carlos Susin, professor da Pontifícia Universidade Católica, aponta que o Símbolo e o Rito são intrínsecos à nossa condição humana. “As manifestações e saudações constantes dos anjos, na narrativa bíblica, estão dentro da delicadeza da linguagem que o homem poderia entender, dentro da condição humana perceptível, ou seja, condescendentes à corporeidade do ser humano”, disse. Por isso, os anjos sempre aparecerão ao homem de modo visível, mesmo sendo invisíveis.

Se é assim a condição dos anjos invisíveis para se manifestar de maneira perceptível e em linguagem que o homem possa entender, quão profundo é o mistério do Natal!! Não se trata de um anjo a nos visitar. Não se trata de uma manifestação pontual de Deus do anjo que vem com uma missão de anunciar e ir em embora. É muito mais.  É muito mais. O Natal é um acontecimento novo, onde o Deus generoso faz carne e vem habitar entre nós, que não somos anjos, mas pobres pecadores, necessitados da sua salvação.

Palavra símbolo é etimologicamente significativa quando falamos de linguagem humana. A palavra no latim como symbŏlus ou no grego sýmbolos, formado pelo prefixo sin-, em referência a articulação grega syn-, que indica a ideia de encontro ou união, baseado no indo-europeia *sun-, interpretado como o conector com, e-bolo, associado ao verbo ballein, que se refere a lançar ou arremeter, com raiz no indo-europeu *gwele-, por lançar.

A palavra simbólica e ritual “clama por discernimento”, disse Frei Susin, no Congresso Litúrgico Teológico que já referendamos aqui tantas vezes, “para se tornar um ato de liberdade”.  Sim – bolum (juntar) pode se se tornar dia-bolum (dispersar, separar). Símbolos e ritos não podem ser automaticamente humanos, mas tão somente quando, segundo Kant, “são assumidos pela consciência e responsabilidade”.

Precisamos entender a DIMENSÃO ANTROPOLÓGICA DA LITURGIA. Paulo VI, no encerramento do Concílio, afirmou que para conhecer o ser humano é necessário conhecer a Deus. Para reconhecer a Deus é necessário conhecer o ser humano e o nosso Humanismo muda-se em Cristianismo e o nosso Cristianismo faz-se Teocêntrico, afirma o Frade Capuchinho Frei Carlos Susin. Assim, ritos e símbolos não podem ser arbitrariamente inventados. Os símbolos não são inventados, mas “eles que nos inventam, nos constituem, nos transformam, nos unificam”.

A Igreja não edita um novo missal para brincar com ritos, pois falar em “novo missal” é uma linguagem errônea quando utilizada. A Igreja no Brasil realiza uma Terceira Edição melhorada e atualizada com alguns pontos adaptados, segundo à renovação querida pela Constituição Sacrosanctum Concilium, do Concilio Vaticano II, ou seja, as atualizações oficiais de Paulo VI e o Papa João Paulo II, devidamente aprovadas, divulgadas e autorizadas. A liturgia atualiza o mistério de Deus estudado na Teologia."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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¹ Giorgio Bonaccorso, "I linguaggi simbolici e rituali" (artigo).

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/

São Marcelo I

São Marcelo I (A12)
16 de janeiro
São Marcelo I, Papa e Mártir

Marcelo, de origem romana, era sacerdote, e assumiu a Cátedra de Pedro em 308, após um período de quatro anos de “vicatio”, isto é, sem Papa eleito. Neste período, de duríssimas perseguições aos cristãos sob o imperador Dioclesiano e depois Maxêncio, até os pagãos ficavam horrorizados com as crueldades, e o edito mais favorável aos fiéis incluía, “por especial doçura”, “somente a perda do olho direito e mutilação do pé esquerdo, com trabalho forçado nas minas”.

Marcelo teve que lidar com a desordem na Igreja, agravada pela atuação de heréticos e dos “lapsis”, ou renegados, cristãos que haviam publicamente renunciado à Fé por causa das perseguições. Quanto a estes, muitos bispos do Oriente queriam a sua excomunhão sumária, particularmente dos que haviam sido do clero. Contudo, Marcelo, agindo de forma prudente e clemente, ainda que severa, optou por recebê-los de novo na comunhão da Igreja, após um período de penitência. Apesar das terríveis condições, conseguiu ele reorganizar as 25 paróquias de Roma. E também definiu que nenhum concílio poderia ser convocado sem autorização papal.

 Preso por ordem de Maxêncio, São Marcelo foi exilado e obrigado a trabalhar com os escravos no estábulo, em que fora transformada a sua própria igreja, dos cavalos do exército imperial. Por consequência de maus tratos, o Papa, mártir, faleceu em 16 de janeiro de 309.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Contrastante é, ainda hoje, a “especial doçura” que os governos mundanos e ateus reservam aos católicos (e outros), em muitas partes do globo, e a “severidade” de Deus e da Igreja para com os pecadores. É sempre inevitável a constatação de que, em nome de “direitos humanos” fundados em filosofias que excluem a Trindade e Maria Santíssima, seres humanos são tratados pior que cavalos, enquanto que as sábias e salutares medidas punitivas da Igreja são quando muito impedimento de recepção dos Sacramentos ou afastamento, por excomunhão ou outro tipo de interdição, sempre com a possibilidade de retorno à comunhão eclesiástica após um sincero arrependimento – medidas que impedem, por um lado, profanações de fato inadmissíveis, e por outro lado clamam à consciência para que esta se arrependa. “Suave é o Meu jugo”, diz o Senhor Jesus (cf. Mt 11,30); é preciso lembrar disso quando as propagandas se voltam para a crítica infundada à Igreja e à exaltação de administrações mundanas das sociedades.

Oração:

Ó Deus, que nunca abandonais os Vossos filhos, mesmo nas mais difíceis provações, dai-nos a coragem e firmeza de São Marcelo I na vida de Fé, para que não cedamos às pressões do mundo, e para que arrependidos voltemos à comunhão Convosco se por acaso fraquejarmos; e concedei-nos pela intercessão deste mesmo santo a diligência de nunca deixar de trabalhar corretamente, para as necessidades da alma e do corpo, em quaisquer circunstâncias. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora, que em tudo Vos serviram com perfeição. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF