Cristo de Rubjov (Vatican News)
Quando nós nos colocamos nas
mãos do Pai de Eterna Bondade e nos dispomos a partilhar o que temos, com Amor,
no nosso dia a dia, os dons e talentos recebidos, Ele multiplica Suas Graças de
provisão e nunca nos faltará nada.
Diácono
Adelino Barcellos Filho - Diocese de Campos / RJ.
O grandioso
Mistério de Deus, Uno e Trino, revelado em Cristo Jesus, "na plenitude dos
tempos", marcou para sempre a história da humanidade e de todas as coisas
criadas, visíveis e invisíveis. O conteúdo da nossa Salvação se mostra
na Verdade Revelada, com duas naturezas distintas: a natureza humana e a
natureza divina, na Pessoa de Jesus Cristo. Isto se deu no cotidiano da vida da
Virgem Maria, onde o potencial de perfeição se mostra e se manifesta, para que
Deus tornasse concreto o Seu Plano de Amor; o Senhor do tempo e do espaço
se sujeita ao tempo e ao espaço, assumindo nossos sofrimentos, por Amor de nós,
as dores de cada um. Para tanto, ocorrem três estupendas e silenciosas
manifestações (epifanias), claras e distintas, de Sua Divindade: “Vimos
a sua estrela no Oriente e viemos adorá-Lo” (Mateus 2,2); “fazei o
que Ele vos disser” (João 2,5) e, “Tu És o meu Filho bem-amado; em ti ponho
minha afeição” (Lucas 3, 22). Uma perfeita partilha de Si mesmo,
até às últimas consequências.
Quando nós
nos colocamos nas mãos do Pai de Eterna Bondade e nos dispomos a partilhar o
que temos, com Amor, no nosso dia a dia, os dons e talentos recebidos, Ele
multiplica Suas Graças de provisão e nunca nos faltará nada. O Papa Francisco
na Oração do Angelus de 25 de julho de 2021 nos exorta: “coragem, doa o pouco
que tem, os seus talentos e seus bens, coloque-os à disposição de Jesus e dos
irmãos. Não tenha medo, nada será perdido, porque se você compartilha,
Deus multiplica. Expulse a falsa modéstia de se sentir inadequado,
confie. Acredite no Amor, no poder do serviço, na força da gratuidade”.
A esta
realidade, temos o respaldo e/ou ratificação, na Constituição Lumen gentium,
parágrafo 2, onde é explicitado que, “O Eterno Pai, pelo libérrimo e
insondável desígnio da Sua sabedoria e bondade, criou o universo, decidiu
elevar os homens à participação da Vida Divina e não os
abandonou, uma vez caídos em Adão, antes, em atenção a Cristo Redentor «que é a
imagem de Deus invisível, primogênito de toda a criação» (Colossenses. 1,15)
sempre lhes concedeu os auxílios para se salvarem. Aos eleitos, o Pai,
antes de todos os séculos os «discerniu e predestinou para reproduzirem a
Imagem de Seu Filho, a fim de que Ele seja o primogénito de uma multidão de
irmãos» (Romanos 8,29).
Hoje, é o
tempo que temos de exercitar a Fé de Jesus Cristo; assim
sendo, Ele pode nos trazer grandes surpresas e novidades de Deus (Uno e Trino),
ainda mais se olhamos para a vida de Jesus Cristo e aprendemos a valorizar o
tempo presente, com sabor de eternidade. "Saboreai e vede como o Senhor é
Bom feliz de quem Nele encontra o seu refúgio" (Salmo 33, 9). De maneira
um tanto subentendida, a mesma Constituição Lumen gentium, em seu parágrafo 12;
entrar nesses pormenores ao afirmar que, “o Povo santo de Deus participa
também da função profética de Cristo, difundindo o seu testemunho vivo,
sobretudo pela Vida de Fé e de Caridade oferecendo a Deus o sacrifício de
louvor, fruto dos lábios que confessam o Seu nome (cf. Hebreus 13,15)”.
Não podemos
nos enganar nas questões de Fé; esta propriedade peculiar, manifesta-se por
meio do sentir sobrenatural da Fé do Povo todo, quando este, «desde os
Bispos até ao último dos leigos fiéis» (22), manifesta consenso universal em
matéria de Fé e costumes. “Com este sentido da Fé, que se desperta e
sustenta pela Ação do Espírito de Verdade, o Povo de Deus, sob a direção do
Sagrado Magistério que fielmente acata, já não recebe simples palavras de
homens, mas a verdadeira Palavra de Deus (cf. 1 Tessalonicenses 2,13)”, que é
uma Pessoa.
A vivência
na intimidade da Fé de Jesus Cristo, em meio aos afazeres do dia a dia, na
contemplação silenciosa e dinâmica, da Vida Divina, até o dia que O
Contemplaremos Face a Face é o que dá sentido pleno do bem Viver:
"Senhor, mostrai-nos a Vossa Face e seremos Salvos!". Isso só é
possível, no cultivo da Comunhão dos Santos retratada no parágrafo 49 da LG,
sinalizando o modo da consumação dos séculos, “enquanto o Senhor não vier na
Sua majestade e todos os Seus Anjos com Ele (cf. Mateus 25,31) e, vencida a
morte, tudo Lhe for submetido (cf. 1 Coríntios 15, 26-27), dos Seus discípulos
uns peregrinam sobre a terra, outros, passada esta vida, são purificados,
outros, finalmente, são glorificados e contemplam «claramente Deus trino e uno,
como Ele É»(146); todos, porém, comungamos, embora em modo e grau diversos, no
mesmo Amor de Deus e do próximo, e todos entoamos ao nosso Deus o mesmo hino de
louvor.”
As
manifestações do Ser Divino que especificamos anteriormente, são para que não
percamos de vista, apesar da nossa condição de miseráveis pecadores, é do
beneplácito de Sua Divina Vontade que evitemos o pecado dando lugar ao renovo
da Graça Santificante, de insistirmos e/ou persistimos no mau uso da
inteligência e da liberdade. A minha e a sua condição de pecador não
nos dá o direito de pecar contra Deus, contra si e contra o outro. Escutemos
o Senhor. Já em 2016, o Papa Francisco nos adverte que "escutar é
muito mais do que ouvir: escutar significa prestar atenção, ter vontade de
compreender, valorizar, respeitar, proteger a palavra dos outros".
É
maravilhoso saber que o Sangue derramado de Nosso Senhor Jesus Cristo, que se
deixou morrer por Amor, como "Prova de Amor maior não há, que doar a Vida
pelo irmão”. O Divino à medida que cresce na consciência do humano,
aniquila a Sua condição Divina para resgatar, salvar, reconduzir a criatura
humana e a todo universo, adulterado pelo pecado, adulterado pelo mau uso da
liberdade. É muito importante aproveitarmos o tempo que ainda nos
resta, é estarmos atentos ao envio dado por Jesus Cristo.
Há 17 anos
atrás, no Documento de Aparecida ressoavam, pelo pronunciamento de dom Jorge
Mario Bergoglio, as expressões que hoje são familiares em todo o
mundo: periferias existenciais, autorreferencialidade. Aparecida
registrou também o termo “discípulo missionário”, o que torna
todo o Povo de Deus corresponsável pela proclamação da Boa Nova. O Documento
Final foi fruto da determinação de Dom Bergoglio agora popularizado: a
sinodalidade (motivação para o espírito de unidade do povo
cristão, caminhar juntos, com objetivos comuns, na construção do Reino de
Deus).
Anunciarmos
o Reino de Deus para as pessoas, Ele próprio, a partir de nós mesmos. Conduzir
ao Batismo (mergulho neste gigantesco Mistério Revelado) aqueles que ainda não
foram batizados, e iluminar, com a presença de uma Vida honesta e digna, sem
fingimento, sem corrupção, a vida daqueles que andam nas trevas dos erros, dos
vícios, das paixões desordenadas, que fazem mau uso da liberdade, apontando que
tem jeito e que podemos nos livrar da tentação de que não precisamos de Deus e
insistirmos, na ausência de Deus (inferno).
Acerca do
caráter Missionário da Única Igreja de Jesus Cristo (Cf. CIC. 811) e respectiva
evangelização, o parágrafo 17 da LG aponta que, “assim
como o Filho foi enviado pelo Pai, assim também Ele enviou os Apóstolos (cf.
João 20, 21) dizendo: «Ide, pois, ensinai todas as gentes, batizai-as em
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinai-as a observar tudo
aquilo que vos mandei. Eis que estou convosco todos os dias até à
consumação dos séculos» (Mateus 28, 19-20) Sucessão
Apostólica. A Igreja recebeu dos Apóstolos este mandato solene de
Cristo, de anunciar a Verdade da Salvação e de a levar até aos confins da terra
(cf. Atos 1,8). Faz, portanto, suas as palavras do Apóstolo: «ai de mim, se não
prego o Evangelho» (1 Cor. 9,16), e por isso continua a mandar incessantemente
os seus Arautos, até que as novas igrejas (Paróquias e Novas Comunidades) se
formem plenamente e prossigam, por sua vez, a obra da evangelização.
Essa é a
nossa missão como cristãos: ser construtores da paz e ser luz para aqueles que
andam nas trevas. Temos que apontar "o Cordeiro de Deus, aquele que tira o
pecado do mundo". “A Fé da Igreja", é reforçada pela comunicação dos
bens espirituais (147). Porque os bem aventurados, estando mais intimamente
unidos com Cristo, consolidam mais firmemente a Igreja na Santidade, enobrecem
o Culto que ela presta a Deus na terra, e contribuem de muitas maneiras para a
Sua mais ampla edificação em Cristo” (cf. 1 Coríntios 12, 12-27) (148).
“O meu
Amor foi crucificado e já não há em mim a chama que deseja as coisas
materiais. Os cristãos são propriedade de Deus e de Jesus
Cristo e tem como tarefa na vida a contínua Conversão e Formação de modo a
estar sempre unidos à Igreja e assim pertencerem de fato a Deus e viver segundo
os ensinamentos de Jesus Cristo.” (Santo Inácio de
Antioquia)
Louvado seja Nosso Senhor
Jesus Cristo!!!
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt