Os 12 Apóstolos – Parte 2
8) Mateus – Nos tempos de Jesus, o governo romano coletava diversos impostos
do povo palestino. Pedágios pra transportar mercadorias por terra ou por mar
eram recolhidos por coletores particulares, os quais pagavam uma taxa ao
governo romano pelo direito de avaliar esses tributos. Os cobradores de
impostos auferiam lucros cobrando um imposto mais alto do que a lei permitia.
Os coletores licenciados muitas vezes contratavam oficiais de menor categoria,
chamados de publicanos, para efetuar o verdadeiro trabalho de coletar. Os
publicanos recebiam seus próprios salários cobrando uma fração a mais do que
seu empregador exigia. O discípulo Mateus era um desses publicanos; ele
coletava pedágio na estrada entre Damasco e Aco; sua tenda estava localizada
fora da cidade de Cafarnaum, o que lhe dava a oportunidade de, também, cobrar
impostos dos pescadores. Normalmente um publicano cobrava 5% do preço da compra
de artigos normais de comércio, e até 12,5% sobre artigos de luxo. Mateus
cobrava impostos também dos pescadores que trabalhavam no mar da Galileia e dos
barqueiros que traziam suas mercadorias das cidades situadas no outro lado do
lago. O judeus consideravam impuro o dinheiro dos cobradores de impostos, por
isso nunca pediam troco. Se um judeu não tinha a quantia exata que o coletor
exigia, ele emprestava-o a um amigo. Os judeus desprezavam os publicanos como
agentes do odiado império romano e do rei títere judeu. Não era permitido aos
publicanos prestar depoimento no tribunal, e não podiam pagar o dízimo de seu
dinheiro ao templo. Um bom judeu não se associaria com publicanos (Mt 9.10-13).
Mas os judeus dividiam os cobradores de impostos em duas classes. a primeira
era a dos gabbai, que lançavam impostos gerais sobre a agricultura e
arrecadavam do povo impostos de recenseamento. O Segundo grupo compunha-se dos
mokhsa era judeus, daí serem eles desprezados como traidores do seu próprio
povo. Mateus pertencia a esta classe.
O Evangelho de Mateus diz-nos
que Jesus se aproximou deste improvável discípulo quando ele esta sentado em
sua coletoria. Jesus simplesmente ordenou a Mateus: “Segue-me!” Ele deixou o
trabalho pra seguir o Mestre (Mt 9.9). Evidentemente, Mateus era um homem rico,
porque ele deu um banquete em sua própria casa. “E numerosos publicanos e
outros estavam com eles à mesa” (Lc 5.29). O simples fato de Mateus possuir
casa própria indica que era mias rido do que o publicano típico. Por causa da
natureza de seu trabalho, temos certeza que Mateus sabia ler e escrever. Os
documentos de papiro, relacionados com impostos, datados de cerca de 100 d.C.,
indicam que os publicanos eram muito eficientes em matéria de cálculos.
Mateus pode ter tido algum grau
de parentesco com o discípulo Tiago, visto que se diz de cada um deles ser
“filho de Alfeu” (Mt 10.3; Mc 2.14). Às vezes Lucas usa o nome Levi para
referir-se a Mateus (Lc 5.27-29). Daí alguns estudiosos crerem que o nome de
Mateus era Levi antes de se decidir-se a seguir a Jesus, e que Jesus lhe deu um
novo nome, que significa “dádiva de Deus”. Outros sugerem que Mateus era membro
da tribo sacerdotal de Levi. De todos os evangelhos, o de Mateus tem sido,
provavelmente, o de maior influência. A literatura cristã do segundo século faz
mais citações do Evangelho de Mateus do que de qualquer outro. Os pais da
igreja colocaram o Evangelho de Mateus no começo do cânon do NT provavelmente
por causa do significado que lhes atribuíam. O relato de Mateus desta a Jesus
como o cumprimento das profecias do AT. Acentua que Jesus era o Messias
prometido. Não sabemos o que aconteceu com Mateus depois do dia de Pentecostes.
Uma informação fornecida por John Foxe, declara que ele passou seus últimos
anos pregando na Pártia e na Etiópia e que foi martirizado na cidade Nadabá em
60 dC. Não podemos julgar se esta informação é digna de confiança.
9) Filipe – O Evangelho de João é o único a dar-nos qualquer informação
pormenorizada acerca do discípulos chamado Filipe. Jesus encontrou-se com ele
pela primeira vez em Betânia, do outro lado do Jordão (Jo 1.28). É interessante
notar que Jesus chamou a Filipe individualmente enquanto chamou a maioria dos
outros em pares. Filipe apresentou Natanael a Jesus (Jo 1.45-51), e Jesus
também chamou a Natanael (ou Bartolomeu) para segui-lo. Ao se reunirem 5 mil
pessoas para ouvir a Jesus, Filipe perguntou ao Seu Senhor como alimentariam a
multidão. “Não lhes bastariam duzentos denários de pão, para receber cada um o
seu pedaço”, disse ele (Jo 6.7). Noutra ocasião, um grupo de gregos dirigiu-se
a Filipe e pediu-lhe que o apresentasse a Jesus. Filipe solicitou a ajuda de
André e juntos levaram os homens para conhecê-lo (Jo 12.20-22). Enquanto os
discípulos tomavam a última refeição com Jesus, Filipe disse: “Senhor,
mostra-nos o Pai, e isso nos basta” (Jo 14.8). Jesus respondeu que nele eles já
tinham visto o Pai. Esses três breves lampejos são tudo o que vemos acerca de
Filipe. A igreja tem preservado muitas tradições a respeito de seu último
ministério e morte. Segundo algumas delas, ele pregou na França; outras dizem
que ele pregou no sul da Rússia, na Ásia Menor, ou até na Índia. Nada de
concreto portanto.
10) Simão Pedro – Era um homem de contrastes. Em Cesaréia de
Filipe, Jesus perguntou: “Mas vós, quem dizeis que eu sou?” Ele respondeu de
imediato: “Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo” (Mt 16.15-16). Alguns
versículos adiante, lemos: “E Pedro chamando-o à parte, começou a reprová-lo…”.
Era característico de Pedro passar de um extremo ao outro. Ao tentar Jesus
lavar-lhe os pés no cenáculo, o imoderado discípulo exclamou: “Nunca me lavarás
os pés”. Jesus, porém, insistiu e Pedro disse: “Senhor, não somente os meus
pés, mas também as mãos e a cabeça” (Jo 13.8,9). Na última noite que passaram
juntos, ele disse a Jesus: “Ainda que todos se escandalizem, eu jamais!” (Mc
14.29). Entretanto, dentro de poucas horas, ele não somente negou a Jesus mas
praguejou (Mc 14.71). Este temperamento volátil, imprevisível, muitas vezes
deixou Pedro em dificuldades. Mas, o ES o moldaria num líder, dinâmico, da
igreja primitiva, um “homem-rocha” (Pedro significa “rocha”) em todo o sentido.
Os escritores do NT usaram quatro nomes diferentes com referência a Pedro. Um é
o nome hebraico Simeon (At 15.14), que pode significar “ouvir”. O Segundo era
Simão, a forma grega de Simeon. O terceiro nome era Cefas palavra aramaica que
significa “rocha”. O quarto nome era Pedro, palavra grega que significa “Pedra”
ou “rocha”; os escritores do NT se referem ao discípulo com estes nomes mais
vezes do que os outros três. Quando Jesus encontrou este homem pela primeira
vez, ele disse: “Tu és Simão, o filho de João; tu serás chamado Cefas” (Jo 1.42).
Pedro e seu irmão André eram pescadores no mar da Galileia (Mt 4.18; Mc 1.16).
Ele falava com sotaque galileu, e seus maneirismos identificavam-no como um
nativo inculto da fronteira da Galileia (Mc 14.70). Foi levado a Jesus pelo seu
irmão André (Jo 1.40-42). Enquanto Jesus pendia na cruz, Pedro estava
provavelmente entre o grupo da Galileia que “permaneceram a contemplar de longe
estas coisas” (Lc 23.49). Em 1Pe 5.1, ele escreveu: “…eu, presbítero como eles,
e testemunha dos sofrimentos de Cristo…”. Pedro encabeça a lista dos apóstolo
em cada um dos relatos dos Evangelhos, o que sugere que os escritores do NT o
consideravam o mais importante dos doze. Ele não escreveu tanto como João ou
Mateus, mas emergiu como o líder mais influente da igreja primitiva. Embora 120
seguidores de Jesus tenha recebido o ES no dia do Pentecoste, a Bíblia registra
as palavras de Pedro (At 2.14-40). Ele sugeriu que os apóstolos procurassem um
substituto para Judas Iscariotes (At 1.22). Ele e João foram os primeiros a
realizar um milagre depois do Pentecoste, curando um paralítico na Porta
Formosa (At 3.1-11). No livro de Atos acentua as viagens de Paulo, mas Pedro
também viajou extensamente. Ele visitou Antioquia (Gl 2.11), Corinto (2Co 1.12)
e talvez Roma. Pedro sentiu-se livre para servir aos gentios (At 10), mas ele é
mais bem conhecido como o apóstolo dos judeus (Gl 2.8). À medida que Paulo
assumir um papel mais ativo na obra da igreja e à medida que os judeus se
tornavam mais hostis ao Cristianismo, Pedro foi relegado a segundo plano na
narrativa do NT. A tradição diz que a Basílica de São Pedro em Roma está
edificada sobre o local onde ele foi sepultado. Escavações modernas sob a
antiga igreja exibem um cemitério romano muito antigo e alguns túmulos usados
apressadamente para sepultamentos cristãos. Uma leitura cuidadosa dos
Evangelhos e do primitivo segmento de Atos tenderia a apoiar a tradição de que
Pedro foi figura preeminente da igreja primitiva.
11) Simão Zelote – Mateus refere-se a um discípulo chamado
“Simão, o Cananeu”, enquanto Lucas e o livro de Atos referem-se a “Simão, o
Zelote”. esses nomes referem-se à mesma pessoa. Zelote é uma palavra grega que
significa “zeloso”; “cananeu” é transliteração da palavra aramaica kanna’ah,
que também significa “zeloso”; parece, pois, que este discípulo pertencia à
seita judaica conhecida como zelotes. A Bíblia não indica quando Simão, foi
convidado para unir-se aos apóstolos. Diz a tradição que Jesus o chamou ao
mesmo tempo em que chamou André e Pedro, Tiago e João, Judas Iscariotes e Tadeu
(Mt 4.18-22). Temos diversos relatos conflitantes acerca do ministério
posterior deste homem e não é possível chegar a uma conclusão.
12) Tomé – O Evangelho de João dá-nos um quadro mais completo do discípulo chamado Tomé do que o que recebemos dos Sinóticos ou do livro de Atos. João diz-nos que ele também era chamado Dídimo (Jo 20.24). A palavra grega para “gêmeos” assim como a palavra hebraica t’hom significa “gêmeo”. A Vulgata Latina empregava Dídimo como nome próprio. Não sabemos quem pode ter sido Tomé, nem sabemos coisa alguma a respeito do passado de sua família ou de como ele foi convidado para unir-se ao Senhor. Sabemos, contudo, que ele juntou-se a seis outros discípulos que voltaram aos barcos de pesca depois que Jesus foi crucificado (Jo 21.2-3). Isso sugere que ele pode ter aprendido a profissão de pescador quando jovem. Diz a tradição que Tomé finalmente tornou-se missionário na Índia. Afirma-se que ele foi martirizado ali e sepultado em Mylapore, hoje subúrbio de Madrasta. Seu nome é lembrado pelo próprio título da igreja Martoma ou “Mestre Tome”.
13) Matias – Substituto de Judas Iscariotes Após a morte de Judas, Pedro propôs que os discípulos escolhessem alguém para substituir o traidor. O discurso de Pedro esboçava certas qualificações para o novo apóstolo (At 1.15-22). O apóstolo tinha de conhecer a Jesus “começando no batismo de João, até ao dia em que dentre nós foi levado às alturas”. Tinha de ser também, “testemunha conosco de sua ressurreição” (At 1.22). Os apóstolos encontraram dois homens que satisfaziam as qualificações: José, cognominado Justo, e Matias (At 1.23). Lançaram sortes para decidir a questão e a sorte recaiu sobre Matias. O nome Matias é uma variante do hebraico Matatias, que significa “dom de Deus”. Infelizmente, a Bíblia nada diz a respeito do ministério de Matias.
Fonte: https://cleofas.com.br/