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sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

A sede da alma

Todo homem deseja viver em Deus (Encontro com Cristo)

A SEDE DA ALMA

Dom João Santos Cardoso
Arcebispo de Natal (RN)

“Como a corça bramindo por águas correntes, assim minha alma brame por ti, ó meu Deus!” (Sl 42, 2) 

O Salmo 42 expressa poeticamente a angústia de um exilado devido ao seu afastamento do Templo de Jerusalém, onde Deus reside, e das festas que lá eram celebradas. No exílio, clama por Deus, desejando visitar o Santuário e contemplar a face do Senhor. Antropologicamente, o Salmo retrata uma realidade intrínseca à alma humana: a sede de absoluto, a sede de Deus. O ser humano é estruturalmente aberto e tem um desejo inato de eternidade. 

A metáfora do exílio permeia a fé cristã, sugerindo que vivemos exilados neste mundo. Nele estamos, mas não somos dele. No mundo, sentimos uma profunda inadequação, como se estivéssemos longe de casa, desejosos de retornar à pátria de origem.  “Não temos aqui cidade permanente, mas estamos à procura daquela que está para vir” (Hebreus 13,14). A angústia do exilado é expressa pelo Apóstolo Paulo na Segunda Carta aos Coríntios, destacando a tensão entre a fé e a visão, entre habitar neste corpo e ansiar pela morada junto ao Senhor: “Por conseguinte, estamos sempre confiantes, sabendo que, enquanto habitamos neste corpo, estamos fora da nossa mansão, longe do Senhor, pois caminhamos pela fé e não pela visão” (2 Cor 5, 6-7). 

O Salmo 63 retrata vividamente a sede da alma, apresentando-a como uma terra árida clamando por água: “Minha alma tem sede de ti, minha carne te deseja com ardor, como terra árida, sem água” (Sl 63, 2). Essa imagem é poderosa para retratar a condição humana, profundamente marcada por um desejo de eternidade, como se na alma houvesse um grande buraco que nada preenche, exceto o Absoluto. Santo Agostinho expressa essa condição quando exclama no início de suas Confissões, em sua invocação a Deus: “Fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em ti”.  

A inquietude, a insatisfação, denunciam a inadequação do ser humano no mundo. O ser humano tem sede de absoluto e de Deus. Quando não compreendemos a natureza dessa sede, orientamos nossa busca para realidades efêmeras que jamais cumprirão suas promessas. Buscamos e nada nos sacia, e, quando conseguimos algo, somos remetidos para uma nova busca. Essa situação de busca incessante aponta para um termo último, indica para algo que possa definitivamente saciar nossa sede e dar um novo norte à nossa vida. Esse termo absoluto é Deus! 

A atual sociedade de consumo leva em conta essa condição existencial do ser humano, trabalhando com o desejo e sede do absoluto, remetendo-os para o consumo. A sociedade de consumo, conforme apresentada por Bauman, capitaliza essa busca, mantendo a insatisfação como pilar fundamental para sua sobrevivência. “A sociedade de consumo tem por premissa satisfazer os desejos humanos de uma forma que nenhuma sociedade do passado pôde realizar ou sonhar. A promessa de satisfação, no entanto, só permanecerá sedutora enquanto o desejo continuar irrealizado” (BAUMAN, Z. Vida Líquida, 2009, p. 105). O consumo tem como estratégia perpetuar a insatisfação, criando alvos inatingíveis e alimentando a compulsão. Assim, o consumismo torna-se uma economia do logro, do excesso e do desperdício, onde a promessa de satisfação é constantemente quebrada, mantendo viva a busca incessante.

A massificação das drogas em nossos dias não estaria apontando para o mal-estar de uma sociedade imersa na imanência em que se perderam os horizontes da transcendência? Quando nos falta uma experiência de transcendência, transferimos nossa angústia de exilados para o consumo e para as substâncias psicotrópicas. A conexão entre a falta de transcendência e o recurso ao consumo e substâncias psicotrópicas é como uma resposta à angústia do exílio na imanência. Contudo essa tentativa não responde à sede da alma e aprofunda ainda mais o seu abismo. Somente em Deus, nossa alma encontra repouso!


Fonte: https://www.cnbb.org.br/

«Vou passar o meu Céu fazendo o bem na terra» (1/2)

Gallipoli em uma foto do início do século XX (30Giorni)

Revista 30Dias – 02/03 – 2010

O MILAGRE DE GALLIPOLI

«Vou passar o meu Céu fazendo o bem na terra»

Celebramos o centenário de um dos milagres mais singulares de Santa Teresinha de Lisieux: aquele com que, em 1910, ela resolveu os graves problemas económicos do Carmelo de Galípoli e confirmou à Igreja a bondade da sua “pequena via”. , abrindo caminho para sua beatificação.

por Giovanni Ricciardi

No dia 12 de julho de 1897, debilitada pela tuberculose e à beira da morte, Irmã Teresa do Menino Jesus confidenciou à prioresa Madre Inês de Jesus, sua irmã física: «Não tenho mais nada nas mãos. Tudo o que tenho, tudo o que ganho, é para a Igreja e para as almas. O Salvador terá que fazer toda a minha vontade no Céu, porque eu nunca fiz a minha vontade na terra”. Sua irmã perguntou a ela: “Você vai nos desprezar, certo?” Teresa, surpreendentemente, respondeu: “Não, vou descer”.

Dez anos depois, o texto francês de História de uma alma , autobiografia de Teresa, já estava na mesa do Papa Pio Maria Ravizza, uma religiosa que chegou a Lecce em 1905 para dirigir um colégio feminino confiado à sua Congregação, as freiras Marcelinas.

Foi ela, em 1908, quem falou pela primeira vez com a prioresa do Carmelo de Gallipoli sobre esta freira carmelita de Lisieux, falecida alguns anos antes em odor de santidade. Madre Maria Carmela do Coração de Jesus tinha a mesma idade de Teresa e tinha muitos problemas a enfrentar para aquela comunidade que já começava a sentir uma crise económica generalizada em toda a Itália e que colocou o mosteiro, no ano seguinte, a um passo da ruína. . A prioresa pediu emprestada História de uma Alma , ficou fortemente impressionada e deu-a a conhecer às suas irmãs.

Trezentas liras eram uma grande soma em 1910. Era a dívida acumulada pelo mosteiro, que as freiras não conseguiam pagar com bordados e preparação de hóstias para a diocese. No início do ano, Madre Maria Carmela, certa de que a pequena Teresa a ouviria, decidiu celebrar um tríduo na Santíssima Trindade para pedir, com a intercessão da Irmã Teresa do Menino Jesus, uma solução para os graves problemas da subsistência do mosteiro. “A confiança faz milagres”, escreveu certa vez Teresa à irmã Celina, convidando-a a rezar sempre, sem se cansar. E assim, a resposta às orações de Madre Maria Carmela não demorou a chegar.

Na noite de 15 para 16 de janeiro, a prioresa sonhou com uma jovem carmelita que lhe sorria e a convidava a ir com ela à sala da roda, onde se encontrava a caixa com a folha de dívida: «Ouça», disse-lhe ela , «o Senhor usa tanto os Celestiais como os terrestres, são quinhentas liras com as quais pagarás a dívida comunitária». A prioresa protestou que a dívida era de trezentas liras, mas respondeu: “Significa que os outros ficarão a mais, entretanto não pode mantê-los na cela, venha comigo”.

Pensando estar sonhando com a Santíssima Virgem, Madre Maria Carmela chamou-a por esse nome, mas ouviu a resposta: “Não, minha filha, não sou a nossa Santa Mãe, sou a serva de Deus, Irmã Teresa de Lisieux. " Assim, Teresa antecipou, ao atribuir-se esse título, a abertura do processo de beatificação que estava a ser preparado e que foi inaugurado em 12 de agosto do mesmo ano. Na manhã seguinte, quinhentas liras novas foram encontradas na caixa, para espanto de toda a comunidade.

Madre Maria Carmela apressou-se em escrever uma carta a Lisieux (ver quadro) na qual descreveu detalhadamente o milagre e que encheu de emoção Madre Inês de Jesus, especialmente por um detalhe ao qual a prioresa de Gallipoli não havia dado toda a importância: em sonho, depois de entregar o dinheiro, Teresa se moveu para ir embora; a prioresa tinha-a impedido dizendo: «Espera, podes seguir pelo caminho errado!», mas Teresa respondeu: «Não, não, minha filha, o meu caminho é seguro, nem fiz o errado!».

«Nenhum milagre me atingiu como este último»

Irmã Teresa do Menino Jesus confirmou assim o seu “pequeno caminho”, que agora poderia ser seguido sem hesitação. E assim Madre Agnese respondeu à Prioresa de Gallipoli no dia 4 de março de 1910: «Minha reverenda e boa mãe, imagine com que alegria recebemos o seu relatório tão interessante. Teresa nos dissera quando esteve aqui: “Se meu modo de confiança e de amor for suspeito, prometo não deixá-los no erro. Voltarei para avisá-lo e, se este caminho for seguro, você também saberá disso." E aqui, precisamente a ti, querida mãe em Jesus, este anjo vem contar como são as coisas: “O meu caminho é seguro e não me enganei”. Talvez você tenha dado apenas um significado literal a esta frase, mas aqui as coisas são diferentes. O que admiro, novamente, é que Teresa veio nos dizer isso justamente no momento em que se trata da sua causa, onde se estuda o seu “caminho”. Oh, minha mãe, desde a sua morte minha pequena Teresa fez muitos milagres, mas nenhum me afetou como este.”

Também por esta razão foi reservada uma sessão especial do processo de beatificação para o milagre de Gallipoli. A santa, nos últimos anos de sua vida, especialmente no chamado “manuscrito B”, havia condensado a doutrina do seu “caminho”, que pela sua clara simplicidade lhe valeria, um século depois, o título de Doutor da Igreja. Ela também falou muitas vezes sobre este tema com uma jovem noviça que lhe era particularmente querida, Irmã Maria della Trinità, que também testemunhou no julgamento. Também ela recebeu a promessa de ser avisada pelo Céu sobre a bondade dos ensinamentos recebidos: «Certa vez, Irmã Teresa perguntou-me se eu abandonaria, depois da sua morte, o pequeno caminho da confiança e do amor. "Claro que não!" Eu disse a ela: “Acredito tão firmemente que me parece que se o Papa me dissesse que você foi enganada, eu não poderia acreditar”. “Oh”, acrescentou ela alegremente: “você deveria acreditar no Papa antes de tudo, mas não tenha medo de que ele venha e lhe diga para mudar de atitude; Não lhe daria tempo, porque se, ao chegar ao Céu, soubesse que o havia induzido ao erro, obteria permissão do bom Senhor para vir imediatamente alertá-lo.”

Fonte: https://www.30giorni.it/

A canonização de Mama Antula é um presente para todos os argentinos

Sala de Imprensa Vaticana (Vatican Media)

Silvia Correale, presente em uma coletiva na Sala de Imprensa do Vaticano poucos dias antes da cerimônia presidida pelo Papa, relembra a figura e o trabalho realizado pela "primeira santa argentina" e a expectativa de todos os fiéis: "Haverá vigílias noturnas, praças cheias e telões". Em seguida, ela também relata o incentivo que recebeu do então dom Bergoglio quando foi nomeada postuladora da causa.

Jean-Benoît Harel - Cidade do Vaticano

"Será uma linda celebração" na Argentina, quando María Antonia de San José (1730-1799), mais conhecida como 'Mama Antula', será elevada às honras dos altares no próximo domingo, 11 de fevereiro, em uma missa presidida pelo Papa Francisco. É o que explica Silvia Correale, argentina, postuladora da causa de canonização daquela que será a "primeira santa argentina". Uma causa longa e articulada, difícil em alguns aspectos, que, depois de anos, chegou a uma conclusão durante o pontificado de Bento XVI com a cerimônia de canonização celebrada, no entanto, por seu sucessor Francisco, o primeiro Papa argentino. Correale detalhou esses fatos durante uma coletiva na Sala de Imprensa do Vaticano, poucos dias antes do evento, onde foi convidado juntamente com o arcebispo de Buenos Aires, Jorge Ignacio García Cuerva, dom Vicente Bokalic Iglic, bispo de Santiago del Estero, e dom Alberto Germán Bochatey, bispo auxiliar de La Plata e secretário da Conferência Episcopal Argentina.

Sra. Silvia Correale, com que disposição os argentinos estão se preparando para vivenciar esse evento? 

Certamente, todos estão muito felizes e há uma grande atmosfera de alegria em todo o país, porque é um marco muito importante. O Papa, em sua audiência com os familiares da nova santa, disse que é um grande presente, que essa canonização não foi fácil de ser realizada. Todos a sentem, todos a vivem, especialmente na arquidiocese de Buenos Aires e na província de Santiago del Estero, onde há uma devoção popular muito forte e muito sincera. Lá, eles prepararam celebrações muito especiais. Por causa da diferença de horário, a missa será transmitida na Argentina às 5h30 da manhã: como é verão, eles prepararam uma vigília contínua durante toda a noite nas praças de Buenos Aires e Santiago, e todas estarão cheias. Será uma bela celebração. Também sei que em outras cidades as pessoas instalaram telões para acompanhar a celebração.

Mama Antula é considerada por muitos como a mãe da Argentina. Por quê? O que essa santa representa para a população?

Mama Antula nasceu em 1730 e morreu em 1799. Ela viveu em uma época em que Buenos Aires era um pequeno vilarejo, um lugar muito pequeno... Nasceu a 1.000 km ao norte e chegou lá depois de percorrer a pé todo o país. Foi para Salta, Catamarca, La Rioca, morou quatro ou cinco anos na cidade de Córdoba e sempre andou uma distância imensa. Em todos os lugares em que morava, tentava organizar exercícios espirituais. Ela tinha um grande carisma e todos se sentiam chamados a fazer os exercícios de Santo Inácio. É importante lembrar que era uma época em que nosso país era dependente da coroa espanhola e o rei Carlos III havia praticamente expulsado os jesuítas. Foi exatamente nessa época que nasceu a vocação de Mamãe Antula, que era próxima da Companhia de Jesus e colaborava como leiga consagrada (naquela época, os jesuítas tinham um ramo leigo em que as mulheres ajudavam os padres no apostolado). Quando viu que os jesuítas haviam sido forçados a partir para Roma e outros países, ela começou sua peregrinação pelo país usando uma batina que um padre com quem trabalhava havia lhe dado. Ela teve a permissão do bispo e do governador e percorreu o país organizando os exercícios de Santo Inácio. Mais tarde, quando chegou a Buenos Aires, não foi fácil porque a situação era um pouco mais delicada. No entanto, mesmo assim, sua vida e seu testemunho de santidade acabaram levando-a a receber autorização para construir a casa de exercícios espirituais em Buenos Aires. Hoje, é a única casa da época colonial ainda existente na cidade, um Museu Histórico Nacional. A partir desse local, Mama Antula iniciou seu trabalho de evangelização por meio de exercícios espirituais. Naquela época, todos os nossos pais da pátria faziam exercícios espirituais naquela casa, que se tornou um centro não apenas religioso, mas também cultural. María Antonia de San José foi a mãe espiritual de todos que colaboraram para a instituição do nosso Estado. É por isso que ela é a "mãe".

O Papa celebrará a cerimônia de canonização. O que significa para o seu pontificado proclamar a primeira santa da Argentina?

Você teria que perguntar ao Papa (risos). Conheci o Santo Padre em 1998, quando ele ainda era dom Jorge Mario Bergoglio: estávamos na Praça de São Pedro e ele tinha vindo para receber o Pálio. Conversamos sobre a causa de Mama Antula porque eu havia sido nomeada postuladora em junho daquele ano. Tive que apresentar pedidos para assumir a causa, a primeira referente a uma beatificação que havia começado na Argentina no início do século XX, mas tive que seguir um caminho muito complicado e demorado porque não existiam os contatos que temos agora em todo o mundo. A própria Santa Sé tinha que ter certeza de muitas coisas... Portanto, uma causa muito complicada, retardada pelas guerras, pelo Concílio Vaticano II, mas que, no entanto, tinha todos os decretos necessários. Eles não conseguiam encontrar um postulador para dar uma "acelerada" e, no final, nomearam-me, que era muito jovem e argentina. Foi nesse exato momento que conheci o dom Bergoglio e lembro-me dele me dizendo: "Agora vamos começar um caminho, eu como bispo e você como postuladora". Esse percurso, graças a Deus, terminou em seu pontificado. Embora o milagre da beatificação tenha sido reconhecido sob o pontificado de Bento XVI. A cerimônia foi realizada em Santiago del Estero em 27 de agosto de 2016 e, pouco tempo depois, um ano e meio após a beatificação, tivemos a comunicação dessa graça do milagre para a canonização, aprovada há alguns meses. E agora a celebração será presidida por Francisco.

Qual é a ligação entre o Papa e Mama Antula?

Acredito que o Papa Francisco tem sua própria devoção por Mama Antula porque ele sabe tudo o que ela fez pela Companhia de Jesus... Naqueles tempos difíceis, quando chegavam as cartas de Mama Antula, nas quais ela contava os frutos dos exercícios espirituais aos jesuítas em Roma - alguns dos quais tiveram que deixar a Companhia e trabalhar como padres diocesanos -, isso revigorava seus espíritos e os mantinha animados. As cartas foram traduzidas e enviadas a outros religiosos de toda a Europa para mostrar como o Senhor continuava a fazer a vida cristã crescer por meio dos exercícios espirituais.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Josefina Bakhita

Santa Josefina Bakhita (A12)
08 de fevereiro
Santa Josefina Bakhita

Esta santa, cujo nome original africano é desconhecido, nasceu no Sudão, em 1869. Aos nove anos, foi raptada para ser vendida como escrava, e o trauma deste fato a fez esquecer seu nome e o dos seus pais. Os sequestradores, muçulmanos mercadores, a chamaram de Bakhita, que significa “afortunada”.

Foi vendida e comprada várias vezes nos mercados de El Obeid e Cartum, passando pelas humilhações e sofrimentos físicos e morais da escravidão; por exemplo, um general turco que a comprou marcou seu corpo com 114 cortes de faca, que foram cobertas com sal para permanecerem em evidência.

Afinal, ainda menina, foi comprada em Cartum pelo Cônsul italiano Calixto Legnani. Ele e a sua família a trataram muito bem, com carinho e consideração. Dois anos depois, a revolução mahdista obriga o cônsul a voltar para a Itália; “Ousei pedir-lhe que me levasse à Itália com ele”, registrou Bakhita, e foi atendida. Nesta viagem a família é acompanhada pela de um seu amigo, Augusto Michieli, cuja esposa gosta de Bakhita, levando o cônsul a deixá-la com esta outra família.

Desembarcam na Itália em 1884, e vão para Zeniago (Veneza) e, quando nasceu Alice, a filhinha do casal, Bakhita se tornou sua babá e amiga. Porém, em 1888, a compra e administração de um grande hotel em Suakin, no Mar Vermelho, obrigam o casal a se mudar para lá. Aconselhados pelo seu administrador, Iluminado Checchini, Alice e Bakhita foram confiadas, durante nove meses, às Irmãs Canossianas do Instituto dos Catecúmenos de Veneza.

No convento, a seu pedido, Bakhita conhece aquele Deus que desde pequena ela “sentia no coração, sem saber quem Ele era”. Aprende o catecismo e é batizada, aos 21 anos, recebendo o nome de Giuseppina Margherita Fortunata; na mesma ocasião é crismada e recebe a Primeira Comunhão. Quando do retornou dos Michieli da África para buscar a filha e Bakhita, esta, com firme decisão e coragem fora do comum, manifestou a vontade de permanecer com as Irmãs Canossianas. J

á então percebia que Deus a conduzira por misteriosos caminhos para um bem maior. Consagrou-se definitivamente em 1896 no Instituto de Santa Madalena de Canossa, em Schio. Por mais de 50 anos, até a morte, ali permaneceu, trabalhando como cozinheira, sacristã, bordadeira, responsável pelo guarda-roupa, e principalmente porteira, onde se destacou pelo carinho com que recebia as pessoas. Era estimada pela sua alegria, paz, generosidade, bondade, humildade e desejo de fazer conhecer a Cristo. As irmãs a chamavam de “irmã morena”, e as crianças de “irmã de chocolate” – não só pela cor, mas também pela doçura do seu trato.

Em certa ocasião, deflagrada uma peste que a muitos matou, Bakhita preferiu ficar na cidade ao invés de sair, auxiliando no cuidado dos enfermos.

 Já idosa e doente, sofreu longa e dolorosamente, mas sem perder a doçura e o bom humor. Na agonia, reviveu os terríveis anos de sua escravidão, gravados no seu inconsciente, e vária vezes suplicava à enfermeira que a assistia: «Solta-me as correntes ... pesam muito!». Segundo seu próprio testemunho, foi a Virgem Maria Quem a libertou destes sofrimentos. Suas últimas palavras foram "Nossa Senhora!". Bakhita faleceu no dia 8 de fevereiro de 1947, de pneumonia, e muitos milagres passaram a ser registrados através da sua intercessão. Ela é padroeira dos escravos e dos sequestrados. O milagre reconhecido pelo Vaticano para a sua canonização foi a cura milagrosa de uma brasileira, Eva Tobias da Costa, da cidade de Santos-SP, que a ela recorrera.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

“Tudo concorre para o bem dos que amam a Deus” (Rm 8,28). A ironia do nome “afortunada” que lhe foi dado pelos mercadores de escravos, Cristo tranformou em profecia, na santidade de Bakhita. Ela mesma tem várias frases que sintetizam seu entendimento profundo de como o Senhor, em Sua infinita Sabedoria e Bondade, quer não apenas salvar cada alma, mas através dos santos tocar o coração dos demais para a conversão: “Muitas vezes as vias de Deus são incompreensíveis aos olhos humanos. Mas Ele sabe como conduzir as almas e os acontecimentos para realizar Seu plano de amor e salvação”; “Se encontrasse aqueles negreiros que me sequestraram e mesmo aqueles que me torturaram, eu me colocaria de joelhos para beijar as suas mãos, porque se tudo isso não tivesse acontecido, eu não seria agora cristã e religiosa”; “Eu sou definitivamente amada e aconteça o que acontecer, eu sou esperada por este Amor. Assim a minha vida é bela”; "Vou devagar, passo a passo, porque levo duas grandes malas: numa vão os meus pecados, e na outra, muito mais pesada, os méritos infinitos de Jesus. Quando chegar ao céu abrirei as malas e direi a Deus: Pai Eterno, agora podes julgar. E a São Pedro: fecha a porta, porque fico".

Oração:

Deus Pai de amor, concedei-nos pelas mãos de Santa Bakhita a verdadeira liberdade, natural e principalmente espiritual, para que como ela sejamos capazes de valorizar e agradecer o nosso Batismo, o conhecimento de Vós e da Vossa Vontade, o pertencer à Igreja, por tudo na nossa vida; e também como ela Vos chamar de “meu Patrão”, pois é só a escravidão a Vós que nos salva e liberta. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, em tudo obediente a Vós, e Nossa Senhora, Ancilla Domini – escrava do Senhor. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

O Papa: a liturgia não é apenas para especialistas, é preciso formar bem os leigos

Papa Francisco com os participantes da Assembleia Plenária dos Dicastérios do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos (Vatican Media)

Sem reforma litúrgica não há reforma da Igreja, disse o Papa em seu discurso à plenária do Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos: uma Igreja que não tenta falar de uma forma que seja compreensível aos homens e mulheres de seu tempo "é uma Igreja doente", o papel da mulher é central, mas não deve ser reduzido apenas à "ministerialidade”.

Vatican News

Uma Igreja que não sente a paixão pelo crescimento espiritual, que não tenta falar de uma forma que seja compreensível para os homens e mulheres de seu tempo, que não se entristece com a divisão entre os cristãos, que não treme com o anseio de proclamar Cristo aos povos, é uma Igreja doente. Esses são os sintomas de uma Igreja doente.

Em seu discurso à Assembleia Plenária do Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, cujos participantes foram recebidos pelo Papa na manhã desta quinta-feira, 8 de fevereiro, na Sala Clementina, no Vaticano, Francisco usou palavras contundentes para enfatizar que "sem reforma litúrgica não há reforma da Igreja". O Pontífice recordou o 60º aniversário da Sacrosanctum Concilium, a Constituição sobre a Sagrada Liturgia, elaborada durante o Concílio Vaticano II com o objetivo de "fazer com que a vida cristã dos fiéis cresça cada vez mais a cada dia", adaptando "as instituições sujeitas a mudanças" às necessidades dos tempos, favorecendo tudo o que pudesse "contribuir para a união de todos os crentes em Cristo" e revigorando tudo o que pudesse ajudar "a chamar todos para o seio da Igreja". Na prática, explicou o Papa, "um profundo trabalho de renovação espiritual, pastoral, ecumênica e missionária".

A fidelidade esponsal da Igreja

Quando se fala em "reformar a Igreja", sempre se está diante de uma "questão de fidelidade esponsal", esclareceu Francisco, acrescentando que "a Igreja Esposa será sempre mais bela quanto mais amar Cristo Esposo, a ponto de pertencer totalmente a Ele, a ponto de se conformar plenamente a Ele". A esse respeito, o Pontífice se deteve sobre as ministerialidades da mulher.

A Igreja é mulher e a Igreja é mãe, e a Igreja é a figura de Maria e a Igreja-mulher, figura de Maria, é mais do que Pedro, ou seja, é outra coisa. Não se pode reduzir tudo à ministerialidade. A mulher em si mesma tem um símbolo muito grande na Igreja como mulher, sem reduzi-la à ministerialidade. É por isso que eu disse que toda instância de reforma da Igreja é sempre uma questão de fidelidade esponsal, porque há uma mulher.

A importância da formação litúrgica

Como os Padres conciliares, que abordaram o tema da liturgia, "o lugar por excelência onde encontrar o Cristo vivo", exortando a formação dos fiéis e promovendo ações pastorais, o Papa também insistiu na necessidade da "formação litúrgica" e ressaltou a importância que ela tem para todos.

Não se trata de uma especialização para alguns especialistas, mas de uma disposição interior de todo o povo de Deus. Isso, é claro, não exclui que haja uma prioridade na formação daqueles que, em virtude do sacramento da Ordem, são chamados a ser mistagogos, ou seja, a tomar os fiéis pela mão e acompanhá-los no conhecimento dos santos mistérios.

A preparação dos ministros ordenados

Para Francisco, é essencial que "os pastores saibam conduzir o povo ao bom pasto da celebração litúrgica, onde o anúncio de Cristo morto e ressuscitado se torna uma experiência concreta de sua presença transformadora da vida", e por isso pede que, "no espírito de colaboração sinodal entre os Dicastérios esperada na Praedicate Evangelium", a formação litúrgica dos ministros ordenados seja "tratada também com o Dicastério para a Cultura e a Educação, com o Dicastério para o Clero e com o Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica", de modo que cada um possa oferecer "a própria contribuição específica". Isto porque, sendo a liturgia "o ápice para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, a fonte da qual brota toda a sua energia", como se lê na Sacrosanctum Concilium, então é necessário "que a formação dos ministros ordenados tenha também, cada vez mais, um cunho litúrgico-sapiencial, tanto no currículo dos estudos teológicos quanto na experiência de vida dos seminários".

Caminhos formativos para o povo de Deus

Mas também é necessário pensar em "novos caminhos de formação" para o povo de Deus, exortou o Santo Padre, e isso a partir das assembleias que se reúnem aos domingos, "o dia do Senhor", "nas festas do ano litúrgico", que são "a primeira oportunidade concreta de formação litúrgica", e depois novamente nas "festas patronais ou nos Sacramentos da iniciação cristã", ocasiões "nas quais as pessoas participam mais das celebrações" e que, se "preparadas com cuidado pastoral", permitem que as pessoas "redescubram e aprofundem o significado de celebrar hoje o mistério da salvação".

Por fim, Francisco destacou a grande tarefa que cabe ao Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, "trabalhar para que o povo de Deus cresça na consciência e na alegria de encontrar o Senhor celebrando os santos mistérios e, encontrando-o, tenha vida em seu nome", e agradeceu o empenho dos que ali trabalham.

Francisco com os participantes da Assembleia Plenária do Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos (Vatican Media)
Fonte> https://www.vaticannews.va/pt

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Relíquias de Santa Teresinha visitam a Cúria Metropolitana de Brasília

Recepção das Relíquias de Santa Teresinha na Cúria Metropolitana de Brasília (arqbrasilia)

As Relíquias de Santa Teresinha do Menino Jesus visitaram a Cúria Metropolitana de Brasília, na tarde de segunda-feira (05/02), e foram recebidas com grande devoção pelos colaboradores.

O Cardeal Dom Paulo Cezar participou da recepção às Relíquias na Cúria e fez uma bonita reflexão sobre a importância das Relíquias de Santa Teresinha, destacando que elas relembram a santidade da religiosa, uma pessoa que viveu com heroísmo os desejos de Deus.

“Santa Teresinha é a Santa de uma delicadeza sem igual, da caridade. Uma mulher que vivendo as pequenas coisas foi se santificando e, quando nós recebemos as suas Relíquias, recebemos a parte do corpo de alguém que na sua corporeidade se identificou com Cristo. Por isso, as Relíquias para nós têm um sentido muito importante e bonito. Na Igreja Primitiva, os padres celebravam a Eucaristia sobre as Relíquias dos mártires, porque foram pessoas que identificaram a própria vida com Cristo. Os Santos são sinais e exemplos para nós que também buscamos identificar a nossa vida com Cristo”, frisou o Cardeal.

Na ocasião, Dom Fernando Guimarães, Bispo Emérito do Ordinariado Militar do Brasil, Vigário Judicial e Presidente do Tribunal Eclesiástico de Brasília, compartilhou detalhes sobre a vida de Santa Teresinha e seu exemplo de fiel seguidora de Jesus Cristo, ainda que estivesse passando por dificuldades, com sua saúde muito debilitada.

“Santa Teresinha disse que queria percorrer o mundo para anunciar o amor de Cristo. Então, hoje ela faz isso através de suas Relíquias que atraem tantas pessoas, de diferentes religiões, que a admiram e veneram. A vida de Santa Teresinha, que sofreu tanto com a tuberculose, nos convida a entregar a nossa vida de forma plena a Deus. As dificuldades fazem parte da vida do ser humano, mas em tudo temos que dar graças a Deus e nos entregarmos aos planos do Senhor”, explicou o Bispo.

As Relíquias de Santa Teresinha continuarão peregrinando na Arquidiocese de Brasília até o dia 09 de fevereiro. Acompanhe a programação:

06/02

10h – Dom Ricardo Hoepers (CNBB)

19H30 – Missa e vigília (Seminário Redemptoris Mater)

07/02

08h – Mosteiro das Carmelitas Descalças

19h – Missa (Catedral Militar)

08/02

08h – Seminário Arquidiocesano de Brasília

14h30 – Paróquia Santa Teresinha (Taguatinga)

19h – Missa (Carmelo das Carmelitas Descalças)

09/02

19h – Missa (Carmelo das Carmelitas Descalças)

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Cardeal You Heung-sik: queremos formar sacerdotes que levem luz ao mundo secularizado

Cardeal Lazzaro You Heung-sik (Vatican Media)

De 6 a 10 de fevereiro, terá lugar no Vaticano o Simpósio Internacional sobre a Formação Permanente dos Sacerdotes. Cerca de 1.000 participantes de 60 países estão presentes. O programa inclui momentos de oração, conferências, além de diálogos em pequenos grupos no estilo sinodal. O prefeito do Dicastério para o Clero destaca a intenção de enfrentar as dificuldades concretas da vida sacerdotal e, ao mesmo tempo, evidenciar sua beleza, graças aos numerosos "testemunhos maravilhosos" existentes.

Renato Martinez e Adriana Masotti - Cidade do Vaticano

"Reaviva o dom de Deus que recebeste" (2 Tm 1,6) é o tema do "Simpósio Internacional para a formação permanente dos sacerdotes", que se inicia hoje, terça-feira, 6 de fevereiro, no Vaticano, encerrando-se no dia 10. A iniciativa é promovida pelo Dicastério para o Clero, em colaboração com o Dicastério para a Evangelização, a seção para a primeira evangelização e as novas igrejas particulares, e com o Dicastério para as Igrejas Orientais. O objetivo é iniciar um processo compartilhado com todas as Igrejas locais para fortalecer o acompanhamento dos sacerdotes.

Um encontro no estilo sinodal

O congresso conta com a participação ativa de todos os inscritos, especialistas e responsáveis pela formação. Cada sessão de trabalho prevê, além das conferências, a divisão em grupos linguísticos para o intercâmbio, no estilo sinodal, de experiências e reflexões sobre os temas propostos. As conclusões do encontro serão apresentadas no sábado, 10 de fevereiro, pelos prefeitos dos três Dicastérios envolvidos, seguidas pela celebração eucarística presidida pelo cardeal Lazzaro You Heung-sik, prefeito do Dicastério para o Clero, na Basílica de São Pedro. Em uma entrevista à Rádio Vaticano - Vatican News-, o cardeal fala sobre o congresso e a necessidade de responder às demandas dos sacerdotes em um contexto desafiador no âmbito sócio-cultural e da fé.

Sacerdotes presentes na missa do Dia Mundial da Vida Consagrada, 2 de fevereiro de 2024 (Vatican Media)

Eminência, pode nos contar como surgiu a iniciativa deste congresso e qual é o seu propósito?

Observando os sacerdotes no mundo de hoje, fica claro que eles precisam de apoio. Até São Paulo, em sua Carta, escreve que, naquele momento, Timóteo estava um pouco desanimado, então ele sente a necessidade de reavivar o dom de Deus nele e diz: "Reaviva o dom de Deus que recebeste". A beleza de ser discípulo hoje não surge repentinamente, mas sempre requer desenvolvimento, educação, formação integral, comunitária e missionária. E os sacerdotes constantemente buscam formação e acompanhamento, para que possam viver sempre alegres e felizes. E isso é o que nós queremos.

Eminência, este congresso tem como ponto de partida a pesquisa enviada a todas as Conferências Episcopais nos últimos meses sobre a Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis, o documento sobre a formação dos sacerdotes de 2016. Quais foram os resultados desta pesquisa? Qual é a realidade da formação permanente dos sacerdotes que emergiu desta consulta?

Recebemos cerca de 800 respostas de todo o mundo. Através delas, podemos ver não apenas a beleza, as boas práticas e os bons testemunhos existentes, mas também o que está faltando: é necessária uma melhor formação, e portanto, este é um passo muito importante para nós, e nossos Dicastérios, juntamente com consultores e especialistas, estamos trabalhando concretamente nisso. Preparamos o programa destes dias para não ficarmos vagos, mas para irmos direto ao ponto, através de muitas boas práticas, ou seja, testemunhos maravilhosos, que são muito úteis. E então, inauguraremos um site do Dicastério para o Clero para estabelecer uma rede global, para que possamos nos ajudar mutuamente e seguir em frente juntos.

Certamente será muito importante para os sacerdotes do mundo poderem acessar este site para compartilhar sua experiência pastoral e também suas dificuldades. E falando sobre dificuldades, quais são os desafios para a formação e acompanhamento dos sacerdotes no mundo de hoje?

Vejo que muitos sacerdotes lamentam a solidão e também que o mundo de hoje está muito secularizado. Neste contexto, para seguirmos em frente, é necessário um cuidado mútuo, tanto para os mais velhos quanto para os mais jovens, e assim nos tornamos presentes uns para os outros. Portanto, viver uma realidade de lar, de família entre os sacerdotes, ajudará no cuidado mútuo e também dará bom testemunho. Isso significa para nós uma Igreja sinodal: ir todos juntos, trabalhar juntos, servir juntos.

Membros do clero durante a missa do Dia Mundial da Vida Consagrada, 2 de fevereiro de 2024 (Vatican Media)

Este estilo sinodal também será vivido durante o Congresso. Pode nos explicar qual metodologia será utilizada para envolver todos os sacerdotes?

No programa, temos momentos de oração e uma introdução com uma mensagem inspiradora do Santo Padre. Também teremos momentos de reflexão com bons palestrantes, então formaremos pequenos grupos de sete, oito pessoas para compartilhar nossas experiências, será um simpósio muito participativo, porque no mundo somos tão diversos. Também os especialistas a nível nacional e diocesano compartilharão suas experiências, e tudo isso será posteriormente publicado em nosso site e será muito útil para o futuro, para caminharmos juntos. Temos muitas expectativas em relação a isso.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

CATEQUESE: O que temos feito como batizados na fé católica?

Batizado (Crédito: Cléofas)

O que temos feito como batizados na fé católica?

 POR PROF. FELIPE AQUINO

“Tudo o que aconteceu com Cristo dá-nos a conhecer que, depois da imersão na água, o Espírito Santo voa sobre nós do alto do Céu e que, adotados pela Voz do Pai, nos tornamos filhos de Deus” S. Hilário de Poitiers.

Antes de tudo, é necessário compreendermos com profundidade qual é o verdadeiro sentido do Batismo…

Bem, primeiro, recordemos o batismo de Jesus. Qual o significado do batismo de Jesus no Rio Jordão com João Batista?

Não foi o Batismo sacramental que Jesus recebeu, pois Ele não tinha o pecado original. João Batista foi o escolhido pelo pai para preparar o caminho do Redentor, anunciar a Israel a chegada do Messias. Ele é a “Voz que clama no deserto. Preparai o caminho do Senhor, endireitai as veredas para Ele” (Mt 3,3). João deixou claro: “Eu vos batizo com água… Ele vos batizará com o Espírito santo e com fogo” (Mt 3,11).

Por que, então, Jesus entrou na fila dos pecadores?

Ensina a Igreja que foi para “ser solidário com os pecadores”, e aceitar ser o “Servo de Javé”, que Jesus, por Sua Paixão e morte de cruz, salvaria o Mundo, pagaria à Justiça Divina a culpa de toda a humanidade.

Ali começou a vida pública de Jesus; o Espírito Santo desce sobre Sua humanidade e o Pai confirma a predileção por Seu Filho. É a Epifania de Jesus a Israel como o Seu messias.

Diz a Liturgia das Horas que ele entrou nas águas do Jordão para “lavar todas as águas, até às fontes”, para a purificação dos cristãos pelo Batismo.

Foi um gesto de obediência à vontade do Pai e de profunda humildade, pelo qual Jesus dissolveu a desobediência e a soberba de Adão. Ele é o Novo Adão. Ali no Jordão “Ele aceitou, por amor a nós, este batismo de morte para a remissão dos nossos pecados” (CIC, §536). E ali Ele recebeu o Espírito Santo em plenitude para ser a fonte do Espírito para toda a humanidade. No batismo de Jesus, “abriram-se os Céus” (Mt 3,16) que o pecado de Adão havia fechado e as águas são santificadas, que é o prelúdio de uma nova criação.

Nós, que também fomos batizados, voltamos a ser filhos de Deus no Filho de Deus, membros da Igreja, novamente, herdeiros do Céu. Pelo Batismo fomos sacramentalmente assimilados a Jesus, devendo repetir este mistério de rebaixamento humildade e de arrependimento, desceu à água com Jesus para subir novamente com Ele “renasceu da água e do Espírito” (Jo 3) “para tornar-se, no Filho, filho bem amado do Pai” (CIC,§ 537) e viver Nele uma vida nova.

No Batismo, somos sepultados com Cristo para ressuscitar com Ele. São Paulo disse: “Se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto… Pois morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo, em Deus” (Col 3,1-3).

O Batismo, portanto, nos chama a uma vida nova; é a “entrada sacramental na vida da fé” (CIC, §1236). Nele o batizado recebe “a semente da fé” que deve fazer crescer, pois “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11,6), e o “justo vive pela fé” (Rom 1,17). Ao catecúmeno ou ao seu padrinho é feita a pergunta: “Que pedis à Igreja de Deus?”. E este deve responder: “A fé”.

Então, o cristão deve viver pela fé; fazê-la crescer na luta contra as fraquezas da natureza e os pecados. O batismo nos faz “cristãos”, isto é, “imitadores de Cristo”. São leão Magno dizia: “De que vale carregarmos o nome de cristãos, se não imitamos a Jesus Cristo?”

Em nosso Batismo, nossos pais e padrinhos, na fé da Igreja, assumiram por nós as promessas do Batismo, renunciaram o pecado, a satanás e a todos as suas obras e professaram a Fé da Santa Igreja. Rezaram o Credo!

E nós? Será que estamos cumprindo essa promessa?

Será que lutamos todos os dias, sem cessar, para renunciar as obras do demônio?

Combatemos os pecados como: soberba, ganância, impurezas, gula, ódio, inveja, preguiça, maledicência, respeito humano, mentira, egoísmo?…

Será que obedecemos a Jesus que nos manda “vigiar e orar” porque o espírito é forte, mas a carne é fraca?

Sem a oração, “sem cessar”; sem vigilância; sem vida sacramental, com confissão e comunhão permanente; não podemos cumprir as promessas de nosso Batismo. E São Paulo exorta-nos: “Mortificai os vossos membros: imoralidade sexual, paixão, maus desejos, especialmente a ganância, que também é uma idolatria… Rejeitai a tudo isto: ira, furor, malvadeza, ultrajes, e não saia de vossa boca nenhuma palavra indecente… pois já vos despojastes do homem velho e da sua maneira de agir, e vos revestistes do homem novo” (Col 3,5-10). Jesus disse com todas as letras: “Sem Mim nada podeis fazer” (Jo 15,5). Então, busquemos o Senhor e a Sua força, sobretudo na oração de intimidade com Ele e na Eucaristia.

E Jesus nos deu a Sua Mãe para ser nossa Mãe espiritual: guia, consolo, conforto, apoio e segurança nos caminhos da vida.

Com Jesus e Maria, com a intercessão dos santos por nós, sem cessar, cumpramos as promessas do nosso Batismo; nossa salvação!

Prof. Felipe Aquino

Fonte: https://cleofas.com.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF