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sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

A Quaresma é caminho para a liberdade

Deus guia-nos para a liberdade - da Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2024 (Vatican Media)

Na sua Mensagem para a Quaresma, Francisco lembra “a forma sinodal da Igreja, que estamos a redescobrir e cultivar nestes anos” e a necessidade de “grandes opções contracorrente”. A jornalista Sónia Neves, coautora do livro “Não temos medo” e colaboradora da Rede Sinodal em Portugal propõe uma reflexão sobre o texto do Papa.

Rui Saraiva – Portugal

“Deus guia-nos para a liberdade”, mas antes acompanha-nos “através do deserto”. É neste sentido que aponta a Mensagem do Papa para a Quaresma que agora se iniciou.

Citando o texto bíblico do Êxodo, o Santo Padre sublinha “como Israel no deserto tinha ainda dentro de si o Egito”, ou seja, como o povo tinha ainda “dentro de si vínculos opressivos”. Algo que acontece “também hoje”, salienta o Papa.

“Damo-nos conta disto, quando nos falta a esperança e vagueamos na vida como em terra desolada, sem uma terra prometida para a qual tendermos juntos”, diz Francisco. “A Quaresma é o tempo de graça em que o deserto volta a ser – como anuncia o profeta Oseias – o lugar do primeiro amor”.

Na escuridão das desigualdades e dos conflitos

“Através do deserto, Deus guia-nos para a liberdade” é o título da Mensagem do Papa Francisco para esta Quaresma de 2024. E neste caminho para a liberdade “o primeiro passo” deve ser “querer ver a realidade”, afirma o Santo Padre recordando “o grito de tantos irmãos e irmãs oprimidos”.

“Na minha viagem a Lampedusa, à globalização da indiferença contrapus duas perguntas, que se tornam cada vez mais atuais: «Onde estás?» (Gn 3, 9) e «Onde está o teu irmão?» (Gn 4, 9)”, lembra o Papa.

No seu texto, Francisco declara existir hoje um “défice de esperança”. Como se existisse um impedimento de sonhar numa humanidade que persiste na “escuridão das desigualdades e dos conflitos”. Uma realidade que o Papa apresenta citando o testemunho de bispos e de agentes de paz e justiça.

“O testemunho de muitos irmãos bispos e dum grande número de agentes de paz e justiça convence-me cada vez mais de que aquilo que é preciso denunciar é um défice de esperança. Trata-se de um impedimento a sonhar, um grito mudo que chega ao céu e comove o coração de Deus. Assemelha-se àquela nostalgia da escravidão que paralisa Israel no deserto, impedindo-o de avançar. O êxodo pode ser interrompido: não se explicaria doutro modo porque é que tendo uma humanidade chegado ao limiar da fraternidade universal e a níveis de progresso científico, técnico, cultural e jurídico capazes de garantir a todos a dignidade, tateie ainda na escuridão das desigualdades e dos conflitos”, escreve o Papa.

Amadurecer a liberdade de uma nova esperança

Segundo Francisco, a Quaresma é tempo de conversão, de fazer deserto em nós, um “espaço onde a nossa liberdade pode amadurecer”, diz o Santo Padre. Um amadurecimento cimentado nas atitudes da oração, da esmola e do jejum.

“Oração, esmola e jejum não são três exercícios independentes, mas um único movimento de abertura, de esvaziamento: lancemos fora os ídolos que nos tornam pesados, fora os apegos que nos aprisionam. Então o coração atrofiado e isolado despertará. Para isso há que diminuir a velocidade e parar. Assim a dimensão contemplativa da vida, que a Quaresma nos fará reencontrar, mobilizará novas energias. Na presença de Deus, tornamo-nos irmãs e irmãos, sentimos os outros com nova intensidade: em vez de ameaças e de inimigos encontramos companheiras e companheiros de viagem. Tal é o sonho de Deus, a terra prometida para a qual tendemos, quando saímos da escravidão”, escreve o Santo Padre.

O Papa cita um excerto do seu discurso aos estudantes universitários durante a Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, apontando ao “lampejar duma nova esperança” se a “Quaresma for de conversão”. “Quero dizer-vos, como aos jovens que encontrei em Lisboa no verão passado: «Procurai e arriscai; sim, procurai e arriscai. Neste momento histórico, os desafios são enormes, os gemidos dolorosos: estamos a viver uma terceira guerra mundial feita aos pedaços. Mas abracemos o risco de pensar que não estamos numa agonia, mas num parto; não no fim, mas no início dum grande espetáculo. E é preciso coragem para pensar assim» (Discurso aos estudantes universitários, 03/VIII/2023).

Na sua Mensagem para a Quaresma, Francisco lembra “a forma sinodal da Igreja, que estamos a redescobrir e cultivar nestes anos” e a necessidade de “grandes opções contracorrente”.

A este propósito, a jornalista Sónia Neves, coautora do livro “Não temos medo” e colaboradora da Rede Sinodal em Portugal propõe uma reflexão sobre a Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma.

Vale a pena!

“A cada ano vale sempre a pena ler a Mensagem de Quaresma do Papa. A mim faz-me parar, nem que por breves minutos, e apontar estes 40 dias que chegam como oportunidade de reflexão, melhoria, mudança ou até o despertar de outras vontades naquele momento ou circunstância de vida.

Desta vez a vontade de ler a Mensagem do Papa Francisco foi reforçada pela parte gráfica que acompanha o documento, inicialmente até pensei ser brincadeira. Mas não! Os desenhos da autoria de Mupal, artista italiano conhecido pelas suas intervenções nas ruas de Roma, vão sendo apresentados ao longo deste tempo e, aqui, o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral teve essa ousadia de “trazer da rua” para a Igreja, o mesmo propósito de fazer caminho com a ajuda da arte.

Vale a pena também frisar o olhar ao mais pobre, presente na Mensagem, denunciando a pobreza que atinge milhões de pessoas e a destruição da natureza. “Através do deserto, Deus guia-nos para a liberdade” é o título da Mensagem que nos provoca e aponta que a humanidade vive ainda na “escuridão das desigualdades e dos conflitos”.

No documento apresentado o Papa propõe uma reflexão sobre os estilos de vida e como cada cristão se define, se compromete, espera ou sonha a sua comunidade, a Igreja, fazendo alusão ao processo sinodal que decorre.

“A forma sinodal da Igreja, que estamos a redescobrir e cultivar nestes anos, sugere que a Quaresma seja também tempo de decisões comunitárias, de pequenas e grandes opções contracorrente, capazes de modificar a vida quotidiana das pessoas e a vida de toda uma coletividade: os hábitos nas compras, o cuidado com a criação, a inclusão de quem não é visto ou é desprezado”, refere a Mensagem.

A Quaresma é também sinónimo de surpresa e, a mim, esta forma de a viver, neste ano em que nos envolvemos na oportunidade do caminho sinodal, é o tempo para o entusiasmo, para o diálogo, para a união e entreajuda nas comunidades, em Igreja. Como em família, na simplicidade, escutar todos, dar alento aos necessitados e apontar mudanças.

Que a Quaresma de 2024 valha a pena, que possa ser uma “pegada” diferente, uma marca de mudança de caminho, se o tiver de ser, de nos sentirmos mais Igreja na fé que nos une e no Evangelho que queremos dar a conhecer. Vale a pena!”

Laudetur Iesus Christus

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santo Onésimo

Santo Onésimo (A12)
16 de fevereiro
Santo Onésimo

Onésimo era escravo de um homem rico chamado Filêmon, que habitava em Colossos, na Frígia (hoje Turquia), e que São Paulo converteu com a família ao Cristianismo. Este escravo fugiu e acabou chegando a Roma, onde São Paulo estava preso – tanto o seu coração a Cristo, quanto o seu corpo na cadeia – sendo assim também ele um escravo, mas do Senhor certo. E também em escravo de Jesus converteu a Onésimo, que passou a ser seu colaborador fiel e muito querido, ao qual confiou importantes missões.

Na carta de Paulo a Filêmon, que consta do Novo Testamento, o santo pede a liberdade do escravo, a quem, apesar de desejar consigo, não quer reter sem o seu consentimento. O imenso carinho de São Paulo por ambos é testemunhado por escrito: “Tendo embora toda a liberdade em Cristo de te ordenar o que convém, prefiro pedir por amor. Eu (…) venho suplicar-te em favor do meu filho Onésimo, que eu gerei na prisão. Outrora ele te foi inútil [este é um jogo de palavras de Paulo, pois Onésimo significa “útil”], mas doravante será muito útil a ti (…). Entretanto nada quis fazer sem o seu consentimento, para que tua boa ação não fosse como que forçada, mas espontânea. (…) Escrevo-te convencido de que atenderás ao meu pedido, e certo de que farás ainda mais do que peço.” (cf. Fm 8-21).

De fato, Filêmon recebeu e libertou Onésimo, devolvendo-o a Paulo, que, segundo a tradição da Igreja, grega e romana, sagrou-o bispo de Éfeso. Posteriormente preso, foi levado a Roma e martirizado por apedrejamento em 109.

 Os termos que São Paulo usa na carta sobre Onésimo são “meu filho”, “muito querido para mim”, “como se fosse o meu próprio coração”, “acolhe-o como a mim próprio”. O antigo escravo mereceu estes elogios, pois aceitou ser servo de Deus, independentemente da sua condição humana.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Se fortes são as súplicas de São Paulo a Filêmon, em favor de Onésimo, quão maiores são as de Cristo por nós, escravos do pecado! Mas Deus nada pode fazer por nós “sem o seu consentimento”, pois a liberdade humana pode realmente rejeitar a Salvação; é preciso que nossas boas ações, a primeira delas sendo aceitar com imensa alegria, humildade e reconhecimento a Boa Nova e as obrigações do nosso Batismo, não sejam “como que forçadas”, mas que desejemos “espontaneamente” seguir a Deus… pois assim o Pai fará por nós “muito mais do que pedimos”, isto é, nos concederá a vida infinita na Sua existência Trinitária – participaremos da intimidade da vida própria de Deus! – algo tão maravilhoso e inimaginável que “…‘O olho não viu, o ouvido não escutou, nem o coração humano imaginou’ [Is 64,4] todo o bem que Deus preparou para aqueles que O amam”, como cita o mesmo São Paulo (1Cor 2,9). Cabe ainda destacar que, na vida que Deus nos propõe, está a única base verdadeira para as relações sociais: por sermos igualmente imagem e semelhança de Deus, a dignidade de todos os seres humanos é igual, e quando humilde e espontaneamente o entendemos e aceitamos, reina o tratamento de irmãos, mesmo com as diferenças obrigatórias, necessárias, naturais e queridas por Deus (pois cada ser humano é absolutamente único, com suas próprias qualidades e limitações) que existem socialmente; sempre há de existir, por exemplo, patrões e empregados, não é possível uma “igualdade absoluta” em termos de funções, até porque as capacidades são diferentes, mas isto não significa que deva haver injustiças e abusos – e isto só é evitado pela decisão de amar ao próximo que somente o amor a Deus nos dá, e não por regimes mentirosamente “igualitários” que funcionam na prática sob a mão de ferro de pouquíssimos, que querem fazer do Estado um “deus” pagão. Onésimo e Filêmon, a partir das suas conversões, sempre foram livres, irmãos; e não por “decretos” políticos ou ideológicos.

Oração:

Ó Deus Pai, legítimo Senhor de todos os Vossos filhos, dai-nos por intermédio de Santo Onésimo a graça de como ele Vos aceitar integralmente nos nossos corações, espontaneamente martirizando o nosso amor-próprio e deixando a escravidão do pecado, para Vos sermos úteis servindo a Igreja. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

"Na velhice não me abandones" é o tema do IV Dia Mundial dos Avós e dos Idosos

IV Dia Mundial dos Avós e dos Idosos (Vatican Media)

O tema escolhido por Francisco para o IV Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, que será celebrado no domingo, 28 de julho próximo, é extraído do Salmo 71, e foi divulgado esta quinta-feira pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida. "‘Na velhice não me abandones’ é a ‘oração de um ancião’, que nos lembra que a solidão é uma realidade infelizmente difundida, que aflige muitos idosos, muitas vezes vítimas da cultura do descarte e considerados um fardo para a sociedade", diz o cardeal Farrell.

Raimundo de Lima – Vatican News

“Sou profundamente grato ao Santo Padre por ter escolhido como tema do IV Dia Mundial dos Avós e dos Idosos o versículo do Salmo 71: ‘Na velhice não me abandones’. É a ‘oração de um ancião’, que nos lembra que a solidão é uma realidade infelizmente difundida, que aflige muitos idosos, muitas vezes vítimas da cultura do descarte e considerados um fardo para a sociedade”, diz o prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, cardeal Kevin Farrell, comentando o tema escolhido para este Dia, cuja celebração terá lugar em 28 de julho.

Promover a cultura do encontro

Diante desta realidade, as famílias e a comunidade eclesial são chamadas a estar na linha de frente da promoção da cultura do encontro, criando espaços de partilha e escuta, oferecendo apoio e afeto: assim se concretiza o amor do Evangelho.

A solidão, certamente, é também uma condição inerente à existência humana, que se manifesta de modo particular na velhice, mas não apenas. Por isso, afirma o cardeal, a oração do salmista é a oração de cada um de nós, a oração do coração de cada cristão que se dirige ao Pai e confia no seu conforto.

Construir juntos o ‘nós’ mais amplo da comunhão eclesial

Neste ano dedicado à oração, a celebração do IV Dia Mundial dos Avós e dos Idosos assume, pois, um significado ainda mais profundo e amplo. Convida-nos a construirmos, juntos – avós, netos, jovens, idosos, membros da mesma família – o ‘nós’ mais amplo da comunhão eclesial.

Superar toda forma de cultura do descarte e de solidão

“É precisamente essa familiaridade, enraizada no amor de Deus, que supera toda forma de cultura do descarte e de solidão. As nossas comunidades, com a sua ternura e com uma atenção afetuosa que não esquece os seus membros mais frágeis, são chamadas a manifestar o amor de Deus, que nunca abandona ninguém”, destaca o purpurado.

O Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida convida as paróquias, dioceses, organizações associativas e comunidades eclesiais ao redor do mundo a se prepararem espiritualmente e com iniciativas pastorais para o evento. Nos próximos meses, estará disponível no site www.laityfamilylife.va um kit pastoral específico de preparação.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Montini e Agostino - Parte 3

Montini e Agostino , Santo Agostinho nas notas inéditas de Paulo VI (30Giorni)

Revista 30Dias – 02/03 – 2010

Montini e Agostino

Santo Agostinho nas notas inéditas de Paulo VI.
Aula magna, Palazzo del Bo, Pádua Terça-feira, 25 de novembro de 2008.

por Maria Tilde Bettetini

Aqui o futuro é passado e o passado é futuro, estamos na eternidade. «E enquanto conversávamos sobre isso» – portanto a linguagem ainda tem espaço – É disso que Paulo VI se queixa, da incapacidade do homem moderno, para usar o seu termo, de percorrer passo a passo todas as coisas concretas e corporais, até mesmo de superar a si mesmo e a linguagem. E depois há esta bela forma de expressar Agostinho, a subida com a mãe, este momento de silêncio e a queda cujo baque parecemos ouvir com a «descida novamente ao som vazio das nossas bocas» 8 . Eles voltam a falar. Esta subida dura apenas um instante, que, entre outras coisas, Agostinho nos livros anteriores das Confissões declara ter tentado várias vezes apenas com a ajuda da razão, como era costume no misticismo neoplatônico. Os filósofos tenderam, mesmo através de formas de ascetismo duro e severo, a superar-se para recorrer ao primeiro princípio: pense em Plotino e Porfírio. Agostinho no Livro VII declara que não alcançou seu objetivo. Reitera-o duas vezes: diz humildemente que nunca conseguiu: só consegue - pelo que sabemos - nesta etapa, com a mãe ao seu lado, portanto numa situação em que a conversão já ocorreu e é claro, mesmo que não seja expressamente nomeado, o poder da graça que opera nele e que lhe permite chegar ao cume por um instante, e depois cair novamente no rugido da palavra, das coisas.

Depois deste momento, Mónica diz: «O que estou fazendo aqui?» 9 . E depois de alguns dias ele morre. Uma atitude portanto, a sua, que parece rejeitar o mundo, ou que junto com um olhar de admiração anseia por mergulhar no eterno.

Há palavras semelhantes que ainda encontramos citadas por Paulo VI, quando, por exemplo no livro III das Confissões , Agostinho relembra a sua própria adolescência, que é uma adolescência normal, não diferente, aliás muito mais calma que a adolescência de muitos jovens entre nós. É uma adolescência normal para aquele momento histórico. Ter um filho aos dezesseis anos era normal, não casar com a mãe do seu filho era recomendado pelo estado romano quando havia um problema de diferença social, porque o casamento pressupunha constrangimentos muito severos, sobretudo económicos. E, portanto, a imagem de Agostinho como um grande pecador difundida pelas hagiografias do século XIX (uma imagem que então precede a do grande convertido) parece exagerada.

Sabemos, porém, que o caminho de Agostinho é linear, o de um homem inquieto - isso fica claro desde as primeiras páginas das Confissões e em todo o caso declara-se sempre -, muito inteligente, muito ambicioso, cujo verdadeiro pecado, se assim quisermos, é precisamente a grande ambição. Este homem tem um caminho no qual quer conhecer tudo, inclusive a vida carnal, inclusive a verdade que tenta encontrar nos maniqueístas, em Cícero e assim por diante; mas o caminho dele é bastante regular. Não há grandes oscilações, nem grandes quedas. É antes uma tarefa interna e externa em que a mãe tem um papel próprio, mas relativo (na verdade, o filho muitas vezes lhe diz para se afastar, e sem mal-entendidos). Por exemplo, sabemos que ele vai a Roma dizendo-lhe: «Vou cumprimentar uma amiga; você vai rezar um momento naquela capelinha”; e então ele sai novamente e a deixa na praia, referindo-se ao topos virgiliano de Enéias deixando Dido... Tudo muito romântico, porém, enfim, a pobre Mônica naquela ocasião esperou a noite toda pela volta dele...

Ao contar ele mesmo jovem, Agostinho acentua o aspecto da perversão. Ele diz: Poluí minha alma, tinha dentro de mim um apetite insaciável, minha alma estava “coberta de feridas, se lançava para fora com o desejo de se esfregar miseravelmente no contato com coisas sensíveis, que ninguém amaria se o fizessem”. não tenho uma alma. [...] poluí o poço da amizade com a imundície da concupiscência, escureci sua luz com o Tártaro da luxúria. Desajeitado, vulgar, ansiava, no entanto, na minha vaidade transbordante, ser elegante e requintado" 10 . Depois, mais tarde, ele diz: Então queremos desfrutar, mas «também amamos o sofrimento» porque o nosso amor «desagua num rio de piche fervente, em imensos redemoinhos de prazeres sombrios, onde muda e se transforma pelo seu próprio ímpeto, desviando-se e decaindo de sua clareza celestial" 11 . Agora, é uma visão aterrorizante. E mesmo quando fala de amor diz: «Fui amado, cheguei furtivamente ao nó do prazer e enredei-me com alegria nos seus laços dolorosos, mas para sofrer os golpes dos flagelos ardentes do ciúme, das suspeitas, da medos, de fúrias, de discussões" 12 : uma descrição da amizade - porque aqui ele também fala de amizade -, do amor, da sensibilidade corporal, até do amor carnal, que é assustador, que levou ao longo dos séculos a ver Agostinho como um flagelo de fantasias ou um homem mau ou um homem bom dependendo do seu ponto de vista. Mas aqui devemos lembrar que ele está exagerando a sua maldade juvenil, para realçar naturalmente as maravilhas da conversão.

Isto pode ser compreendido lendo outras passagens, por exemplo as duas relatadas no fólio 44 por Paulo VI, uma das quais é muito famosa. A primeira é tirada do De Trinitate e diz, citando um salmo: «Buscai o Senhor»; e depois: «Procuramos encontrá-lo com maior doçura e procuramos procurá-lo com maior desejo» 13 , onde os termos não são nada “altos”. Falamos de dulcius , doçura, a mesma doçura de que falava quando se referia à mãe e da má atração por coisas sensíveis. Tornamo-nos até gananciosos na procura desta doçura. Essa música está na mesma folha de outra música muito famosa. Li-o assim que me formei, em Pavia, perto do túmulo de Santo Agostinho: «Tarde te amei, beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei!» 14 . « Se eu te amasse, pulchritudo tam antiqua et tam nova! se eu te amasse ." Um passo culpado, porque quando li fiquei pasmo e agora aqui estou. «Tarde te amei, beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei, porque você estava dentro de mim e eu fora», com todas as feridas externas. «Eu estava procurando por você lá. Deformado, atirei-me sobre as belas formas das tuas criaturas" 15 . Aqui encontramos o que ouvimos antes. Eu, feio, cheio de feridas, me joguei na beleza externa. «Você estava comigo e eu não estava com você. Suas criaturas me afastaram de você, inexistentes se não existissem em você" 16.

Poderíamos dizer: não há nada de novo. Mais uma vez as criaturas com a sua beleza, com as suas formas - falamos de ista formosa , portanto com termos sempre muito cheios de valor sensível - “mantiveram-me longe de ti”. Mas eis que «você me chamou, e seu grito rompeu minha surdez; você brilhou e seu esplendor dissipou minha cegueira; você espalha sua fragrância, e eu respirei e desejei por você, provei e estou com fome e sede; você me tocou e eu queimei de desejo pela sua paz" 17 .
Esses termos são místicos? Sim. Mas serão termos de desprezo pelos sensíveis? Não. São termos em que o sensível é usado para compreender um amor que é inteiramente espiritual, certamente, mas que não deixa insensível o coração, nem o espírito, nem o que há de mais profundo dentro de cada um de nós. É um jogo retórico, você poderia dizer. Sim, é verdade: ao descrever uma situação, um amor, uma amizade, uma pessoa, mas também uma paisagem, foram utilizados os famosos loci amoeni, que tocam todos os cinco sentidos. Mas isso nunca foi feito com o próprio Deus. E então é verdade que suas lindas criaturas "me afastam de você", mas quando você bateu na minha porta, eu te reconheci como linda, eu te ouvi, eu te vi, senti seu perfume, sua fragrância, respirei seu presença, eu provei você. “Tenho fome e sede de ti”, “Queimo e queimo de desejo”, exasi : são palavras de amor, são palavras que um homem sem coração, sem sensibilidade, sem alma, sem corpo não poderia dizer.

E depois senti-me comovido ao ler as notas de Paulo VI para a sua meditação, que fomos investigar - metendo o nariz na sua consciência - e encontrar estes dois aspectos em toda a sua plenitude. Por um lado, certamente, há uma preocupação com o excesso do sensível no homem moderno (Paulo VI fala de uma época que não é tão diferente, apenas parcialmente diferente da de Agostinho) e ao mesmo tempo há esta doçura , que é a mesma doçura de amor por uma mulher, por um filho, por uma mãe e que evidentemente Paulo VI sentia também como sua.

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Notas  

Ibid 

Ibidem 

Ibidem . IX, 10, 26. 

10 Ibid . III, 1, 1. 

11 Ibid . III, 2, 3. 

12 Ibid . III, 1, 1. 

13 Agostinho, De Trinitate XV, 32. 

14 Agostinho, Confessiones X, 27, 38. 

15 Ibid 

16 Ibid 

17 Ibid .

 Fonte: https://www.30giorni.it/

Francisco: A vida não é um teatro, a quaresma nos convida a descer do palco do fingimento

Francisco: A vida não é um teatro...(Vatican Media)

“Não tenhamos medo de nos despojar dos revestimentos mundanos e voltar ao coração, ao essencial”: palavras do Papa na homilia da missa celebrada na Basílica de Santa Sabina, nesta Quarta-Feira de Cinzas.

Thulio Fonseca - Vatican News 

O Papa Francisco presidiu, nesta quarta-feira (14/02), na Basílica de Santa Sabina, no bairro Aventino, em Roma, a Santa Missa com o rito da bênção e imposição das cinzas.

Como é tradição, a cerimônia teve início com a procissão penitencial que partiu da Igreja de Santo Anselmo, com a participação de cardeais, bispos, monges beneditinos, padres dominicanos e fiéis.

Ao final da procissão, o Papa que aguardava na  Basílica de Santa Sabina, deu início a Celebração Eucarística.

Apresentar o coração diante de Deus

Em sua homilia, Francisco recordou que a Quaresma mergulha-nos em um banho de purificação e despojamento: ajuda-nos a retirar toda a “maquiagem”, tudo aquilo de que nos revestimos para brilhar, para aparecer melhores do que somos:

“Voltar ao coração significa tornar ao nosso verdadeiro eu e apresentá-lo diante de Deus tal como é, nu e sem disfarces. Significa olhar dentro de nós mesmos e tomar consciência daquilo que somos realmente, tirando as máscaras que muitas vezes utilizamos, diminuindo a corrida do nosso frenesim, abraçando a verdade de nós mesmos.”

Regressar ao essencial 

“A vida não é um teatro”, enfatizou o Papa, “e a Quaresma convida-nos a descer do palco do fingimento e regressar ao coração, à verdade daquilo que somos”.

O Santo Padre sublinhou que o gesto de receber as cinzas visa reconduzir-nos à realidade essencial de nós mesmos: somos pó, a nossa vida é como um sopro, mas o Senhor – Ele, e só Ele – não deixa que ela desapareça:

“As cinzas postas sobre a nossa cabeça convidam-nos a redescobrir o segredo da vida.”

"Enquanto continuares a usar uma armadura que cobre o coração, a disfarçar-te com a máscara das aparências, a exibir uma luz artificial para te mostrares invencível, permanecerás árido e vazio. Pelo contrário, quando tiveres a coragem de inclinar a cabeça para te olhares intimamente, então poderás descobrir a presença de um Deus que desde sempre te amou; finalmente despedaçar-se-ão as couraças de que te revestiste e poderás sentir-te amado com amor eterno.”

O Senhor habita em nossa fragilidade

Francisco, ao falar dos elementos principais do tempo quaresmal, “a esmola, a oração e o jejum”, recordou que tais ações não se podem reduzir a práticas exteriores, mas são caminhos que nos levam de volta ao coração, ao essencial da vida cristã. 

Segundo o Papa, este é um convite salutar do Senhor para nós que muitas vezes vivemos à superfície, que nos agitamos para ser notados, que sempre temos necessidade de ser admirados e apreciados: 

“Por isso nos diz o Senhor: entra no segredo, volta ao centro de ti mesmo. Aí onde se abrigam também tantos medos, sentimentos de culpa e pecados, precisamente aí desceu o Senhor para te curar e purificar. Entremos no nosso quarto interior: aí habita o Senhor, é acolhida a nossa fragilidade e somos amados sem condições.”

Silenciar para escutar a Deus 

“Voltemos para Deus com todo o coração”, foi o convite do Pontífice, “para que nestas semanas de Quaresma possamos dar espaço à oração feita de adoração silenciosa, na qual permanecemos na presença do Senhor à Sua escuta”. E citando o autor H. Nouwen,  Francisco sublinhou: 

“Inclinemos o ouvido do coração Àquele que, no silêncio, nos quer dizer: «Eu sou o teu Deus, Deus de misericórdia e compaixão, o Deus do perdão e do amor, o Deus da ternura e da solicitude. (…) Não te julgues a ti mesmo. Não te condenes. Não sintas aversão de ti. (...) Permite-Me enxugar as tuas lágrimas, deixa que a minha boca se aproxime mais do teu ouvido e te diga: Eu te amo, te amo, te amo»” 

“Não tenhamos medo de nos despojar dos revestimentos mundanos e voltar ao coração, ao essencial.”

“Reconheçamo-nos pelo que somos: pó amado por Deus; e, graças a Ele, renasceremos das cinzas do pecado para a vida nova em Jesus Cristo e no Espírito Santo”, concluiu o Santo Padre.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A Criação - Parte 3

A Criação (Opus Dei)

A Criação

A doutrina da Criação constitui a primeira resposta às indagações fundamentais sobre nossa origem e nosso fim.

06/01/2015

2. A realidade criada

O efeito da ação criadora de Deus é a totalidade do mundo criado, “céus e terra” (Gn 1,1). Deus é “Criador de todas as coisas, das visíveis e das invisíveis, espirituais e corporais; que por sua virtude onipotente, desde o princípio dos tempos e simultaneamente, criou do nada a uma e outra criatura, a espiritual e a corporal, isto é, a angélica e a material, e depois a humana, como comum, composta de espírito e de corpo”[11].

O cristianismo supera tanto o monismo (que afirma que a matéria e o espírito se confundem, que a realidade de Deus e do mundo se identificam), como o dualismo (segundo o qual a matéria e o espírito são princípios originários opostos).

A ação criadora pertence à eternidade de Deus, mas o efeito de tal ação está marcado pela temporalidade. A Revelação afirma que o mundo foi criado como mundo com um início temporal[12], isto é, que o mundo foi criado com o tempo, o qual é indício muito coerente com a unidade do desígnio divino de revelar-se na história da salvação.

2.1. O mundo espiritual: os anjos

“A existência dos seres espirituais, não-corporais, que a Sagrada Escritura habitualmente chama anjos, é uma verdade de fé. O testemunho da Escritura é tão claro quanto a unanimidade da Tradição” (Catecismo, 328). Os dois testemunhos mostram os anjos em sua dupla função de amar a Deus e ser mensageiros de seu desígnio salvador. O Novo Testamento apresenta os anjos em relação a Cristo: criados por Ele e para Ele (Col 1,16), rodeiam a vida de Jesus desde o seu nascimento até a Ascensão, sendo os anunciadores de sua segunda vinda, gloriosa (cf. Catecismo, 333).

Da mesma forma, também estão presentes desde o início da vida da Igreja, que se beneficia de sua ajuda poderosa, e em sua liturgia se une a eles na adoração a Deus. A vida de cada homem está acompanhada desde seu nascimento por um anjo que o protege e conduz à Vida (cf. Catecismo, 334-336).

A teologia (especialmente São Tomás de Aquino, o Doutor Angélico) e o Magistério da Igreja aprofundaram no estudo da natureza desses seres puramente espirituais, dotados de inteligência e vontade, afirmando que são criaturas pessoais e imortais, que superam em perfeição a todas as criaturas visíveis (cf. Catecismo, 330).

Os anjos foram criados em estado de prova. Alguns se rebelaram irrevogavelmente contra Deus. Caídos no pecado, Satanás e os outros demônios – que haviam sido criados bons, mas por si mesmos se fizeram maus – instigaram nossos primeiros pais para que pecassem (cf. Catecismo, 391-395).

2.2. O mundo material

Deus “criou o mundo visível em toda a sua riqueza, diversidade e ordem. A Sagrada Escritura apresenta a obra do Criador, simbolicamente, como uma sequência de seis dias "de trabalho" divino, que terminam com o "descanso" do sétimo dia (Gn 1,1-2,4)” (Catecismo, 337). “Repetidas vezes a Igreja teve de defender a bondade da criação, inclusive do mundo material (cf. DS 286; 455-463; 800; 1333; 3002)” (Catecismo, 299).

“Pela própria condição da criação, todas as coisas estão dotadas de firmeza, verdade e bondade próprias e de uma ordem” (GS 36,2). A verdade e bondade da criação procedem do único Deus Criador, que é, ao mesmo tempo, Trino. Assim, o mundo criado é um certo reflexo da atuação das Pessoas divinas: “em todas as criaturas encontra-se uma representação da Trindade, na forma de um vestígio”[13].

O cosmos tem uma beleza e uma dignidade enquanto obra de Deus. Há uma solidariedade e uma hierarquia entre os seres, o que deve levar a uma atitude contemplativa de respeito para com a criação e as leis naturais que a regem (cf. Catecismo, 339, 340, 342, 354). Certamente, o cosmos foi criado para o homem, que recebeu de Deus a ordem de dominar a terra (cf. Gn 1,28). Tal ordem não é um convite à exploração despótica da natureza, mas um convite para participar no poder criador de Deus: mediante seu trabalho, o homem colabora no aperfeiçoamento da criação.

O cristão participa das justas exigências que a sensibilidade ecológica tem manifestado nas últimas décadas, sem cair em uma vaga divinização do mundo, e afirmando a superioridade do homem em relação aos outros seres, como “ponto culminante da obra da criação” (Catecismo, 343).

2.3. O homem

As pessoas humanas gozam de uma peculiar posição na obra criadora de Deus, ao participar, simultaneamente, da realidade material e da espiritual. Somente do homem a Escritura nos diz que Deus o criou “à sua imagem e semelhança” (Gn 1,26). Ele foi colocado por Deus como cabeça da realidade visível, e goza de uma dignidade especial, pois, “De todas as criaturas visíveis, só o homem é "capaz de conhecer e amar seu Criador" (216); ele é a "única criatura na terra que Deus quis por si mesma" (217); só ele é chamado a compartilhar, pelo conhecimento e pelo amor, a vida de Deus. Foi para este fim que o homem foi criado, e aí reside a razão fundamental da sua dignidade” (Catecismo, 356; cf. ibidem, 1701-1703).

Homem e mulher, em sua diversidade e complementaridade, queridas por Deus, gozam da mesma dignidade como pessoas (cf. Catecismo, 357, 369, 372). Em ambos, ocorre a união substancial do corpo e da alma, sendo esta a forma do corpo. Sendo espiritual, a alma humana é criada imediatamente por Deus (não é “produzida” pelos pais, nem é pré-existente), e é imortal (cf. Catecismo, 366). As duas características (espiritualidade e imortalidade) podem ser mostradas filosoficamente. Portanto, é um reducionismo afirmar que o homem procede exclusivamente da evolução biológica (evolucionismo absoluto). Na verdade, há saltos ontológicos que não podem ser explicados só pela evolução. A consciência moral e a liberdade do homem, por exemplo, manifestam sua superioridade sobre o mundo material, e são sinais de sua especial dignidade.

A verdade da criação ajuda a superar tanto a negação da liberdade (determinismo) como o extremo contrário da exaltação indevida da mesma: a liberdade humana é criada, não absoluta, e existe em mútua dependência da verdade e do bem. O sonho de uma liberdade como puro poder e arbitrariedade corresponde a uma imagem deformada, não só do homem, mas também de Deus.

Mediante sua atividade e seu trabalho, o homem participa do poder criador de Deus[14]. Além disso, sua inteligência e sua vontade são uma participação, uma faísca da sabedoria e do amor divinos. Enquanto o resto do mundo visível é mero vestígio da Trindade, o ser humano constitui uma autêntica imago Trinitatis.

Santiago Sanz

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Bibliografia básica

Catecismo da Igreja Católica, 279-374.

Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 51-72.

DH, nn. 125, 150, 800, 806, 1333, 3000-3007, 3021-3026, 4319, 4336, 4341.

Concílio Vaticano II, Gaudium et spes, 10-18, 19-21, 36-39.

João Paulo II, Creo en Dios Padre. Catequesis sobre el Credo (I), Palabra, Madri 1996, 181-218.

Leituras recomendadas

Santo Agostinho, Confissões, livro XII.

São Tomás de Aquino, Summa Theologiae, I, qq. 44-46.

São Josemaria, Homilia “Amar o mundo apaixonadamente”, em Entrevistas com Mons. Josemaria Escrivá, 113-123.

Joseph Ratzinger, Creación y pecado, Eunsa, Pamplona 1992.

João Paulo II, Memoria e identidade, Ed. Objetiva, 2005.

 

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[11] Concílio Lateranense IV (1215), DH 800.

[12] Assim o ensina o Concílio Lateranense IV e, referindo-se a ele, o Concílio Vaticano I (cf. respectivamente DH 800 e 3002). Trata-se de uma verdade revelada, que a razão não pode demonstrar, como ensinou São Tomás na famosa disputa medieval sobre a eternidade do mundo: cf. Contra Gentiles, lib. 2, cap. 31-38; e seu opúsculo filosófico De aeternitate mundi.

[13] São Tomás, Summa Theologiae, I, q. 45, a. 7, co.; cf. Catecismo, 237.

[14] Cf. São Josemaria, Amigos de Deus, 57.

 Fonte: https://opusdei.org/pt-br

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF