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segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

A Misericórdia na Sagrada Escritura - Parte 2

A Misericórdia na Sagrada Escritura (Opus Dei)

A Misericórdia na Sagrada Escritura

Neste editorial da série sobre a misericórdia, analisam-se as Escrituras, Palavra de Deus, onde a misericórdia de Deus é revelada.

22/08/2016

Deus é qualificado também como janún (misericors). Este adjetivo, que pode ser traduzido por “compassivo”, se deriva da palavra jen, que significa “graça, favor”: algo que se outorga por pura benevolência, que vai além da justiça estrita. Expressa a atitude de Deus que se reflete em um dos mandamentos do código da Aliança: “Se tomares como penhor o manto de teu próximo, lhe devolverás antes do pôr-do-sol, porque é a sua única cobertura, é a veste com que cobre sua nudez; com que dormirá ele? Se me invocasse, eu o ouviria, porque sou misericordioso (janún)”[22]. Trata-se de um mandato inspirado pela compaixão ao pobre, que não consegue pagar o que em justiça deveria: Deus não tolera vê-lo sofrendo, e, nessa compaixão – que Deus sabe inspirar aos seus –,abre-se um caminho à verdadeira justiça: “porque eu quero o amor mais que os sacrifícios, e o conhecimento de Deus mais que os holocaustos”[23]. Quem conhece a Deus de verdade sabe reconhecer o irmão que sofre. Se pedirmos ao Senhor esse olhar compassivo, quantas oportunidades de servir aos outros descobriremos! O ano jubilar é uma boa ocasião para que, junto com outras pessoas, façamos alguma obra de misericórdia corporal no lugar em que nos encontramos.

O Deus fiel que sabe esperar

Esse salmo diz também que o Senhor é um Deus de muita misericórdia, multae misericordiae (jésed), utilizando, nesse caso, uma palavra do vocabulário familiar, que se poderia traduzir literalmente por “piedade”. Refere-se, acima de tudo, à bondade própria das relações dos pais com os filhos, destes com seus pais, ou dos esposos entre si. Por isso, quando Jacó, já muito idoso, está a ponto de morrer, chama a seu filho José e lhe pede: “(...) promete-me, com toda a piedade(jésed) e fidelidade, que não me enterrarás no Egito”[24]. Ou seja, pede-lhe que se porte como corresponde a um filho bom e cumpra esse último desejo de seu pai. Dizer que Deus é pleno em jésed é a mesma coisa que afirmar que Deus nos olha sempre como seus filhos: seus dons e sua vocação são irrevogáveis[25]. “Deste Deus misericordioso também se diz que é “lento para a ira”, literalmente, tem um “longo respiro”, ou seja, o amplo respiro da longanimidade e da capacidade de suportar. Deus sabe esperar, os seus tempos não são os tempos impacientes dos homens; Ele é como o sábio agricultor que sabe esperar, dá tempo à boa semente para crescer, não obstante o joio (cf. Mt 13, 24-30)”[26].

A MISERICÓRDIA NÃO É UMA COMÉDIA QUE DISSIMULA AS OFENSAS E AS FERIDAS COMO SE NÃO TIVESSEM EXISTIDO

Por último, afirma-se que a misericórdia do Senhor está presidida pela abundância de verdade: et veritatis (émet). Efetivamente, a misericórdia não é uma comédia que dissimula as ofensas e as feridas como se não tivessem existido: as feridas não se enfaixam “sem antes serem tratadas e medicadas”[27], porque se infeccionariam. O Senhor “é Médico e cura o nosso egoísmo se deixamos que sua graça penetre até o fundo da alma”.[28] Deixar que nos cure significa reconhecer-nos pecadores, mostrar-lhe as feridas com a disposição de colocar os meios oportunos para tratá-las. “Se alguma vez cais, filho, acode prontamente à Confissão e à direção espiritual: mostra a ferida!, para que te curem a fundo, para que te tirem todas as possibilidades de infecção, mesmo que te doa como numa operação cirúrgica.”[29]. E então o Senhor promete que “se vossos pecados forem escarlates, tornar-se-ão brancos como a neve! Se forem vermelhos como a púrpura, ficarão brancos como a lã!”[30].

Uma relação estável e serena com Deus e com os outros somente se pode construir sobre a verdade. A verdadeira felicidade – escreve Santo Agostinho, refletindo sobre a nossa vida na terra e a que nos espera no céu – é a alegria da verdade, gaudium de veritate[31]. Viver na verdade é muito mais que “saber” algumas coisas. Por isso o termo hebreu émet significa tanto “verdade” como “fidelidade”: a pessoa sincera é fiel, e quem deseja ser fiel ama a verdade. “Uma ‘lealdade’ sem limites: eis aqui a última palavra da revelação de Deus a Moisés. A fidelidade de Deus nunca falha, porque o Senhor é o guardião que, como diz o Salmo, não dorme, mas vela continuamente sobre nós para levar-nos para a vida: ‘Não permitirá que teu pé escorregue, teu guardião não dorme, não dorme nem repousa o guardião de Israel (...). O Senhor te guarda de todo o mal, ele guarda a tua alma; o Senhor guarda tuas entradas e saídas agora e para sempre (121, 3-4.7-8)’”.[32]

Resumindo, no Antigo Testamento, a misericórdia divina é a acolhida materna e profundamente carinhosa que o Senhor oferece a quem se encontra necessitado e reconhece a verdade de sua situação: suas debilidades, erros, pecados ou infidelidades. Deus não somente o liberta daquilo que carrega sobre ele e o oprime, mas também o cura e restaura a sua dignidade de filho.

O rosto da misericórdia do Pai

“O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos olhos, o que temos contemplado e as nossas mãos têm apalpado no tocante ao Verbo da vida...”[33]. Essas palavras vibrantes do apóstolo a quem Jesus amava chegam até nós com a mesma força com que foram escritas. Em Jesus, o apóstolo viu e tocou o amor de Deus coisa que todos os cristãos podemos fazer, “para que nossa alegria seja completa”[34].

Jesus Cristo “é a misericórdia divina em pessoa: encontrar Cristo significa encontrar a misericórdia de Deus”[35]. Por isso, São Josemaria nos convidava a não nos cansarmos de saborear “as cenas comoventes em que o Mestre atua com gestos divinos e humanos ou relata com modos de dizer humanos e divinos a história sublime do perdão, do Amor ininterrupto que tem pelos seus filhos”[36].

O AMOR INCONDICIONAL DO SENHOR CHEGA À SUA MÁXIMA EXPRESSÃO NA SUA PAIXÃO. AÍ TUDO É PERDÃO AOS HOMENS, PACIÊNCIA DIANTE DOS NOSSOS PECADOS, PALAVRAS SEM NENHUM SABOR DE AMARGURA.

Cristo é o bom samaritano[37], que não passa longe de quem padece qualquer necessidade espiritual ou material, mas que se comove e põe remédio à desgraça. “Deus se mistura com nossas misérias, se aproxima das nossas feridas e, com suas mãos, faz com que sejam curadas. Fez-se homem para ter mãos. É um trabalho de Jesus, pessoal: um homem cometeu o pecado, um homem vem curá-lo”[38]. Toda a vida de Jesus está cheia de gestos de misericórdia: perdoa os pecados do paralítico que descem numa maca pelo teto da casa em que o Senhor estava[39], ressuscita e entrega vivo à sua mãe, a viúva de Naim, o seu filho único [40], alimenta milagrosamente as multidões que o seguem para que não desfaleçam[41]. “O que movia Jesus era apenas a misericórdia, com a qual lia no coração dos seus interlocutores e dava resposta às necessidades mais autênticas que tinham”.

Esse amor incondicional do Senhor chega à sua máxima expressão na sua Paixão. Aí tudo é perdão aos homens, paciência diante dos nossos pecados, palavras sem nenhum sabor de amargura. Cravado em um madeiro, comove-se diante da confissão sincera de um ladrão – “para nós isto é justo: recebemos o que mereceram os nossos crimes, mas este não fez mal algum”[42] e imediatamente lhe pede: “Jesus, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu Reino!”[43]. Trata-se de uma imagem perfeita da misericórdia: Jesus acolhe a petição daquele homem necessitado de carinho, que reconhece com simplicidade o mal em sua vida; perdoa-o, e abre-lhe a porta de entrada para o céu: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso”[44]. Essa resposta de Jesus mostra que Ele esperava esse momento, como o espera para cada um de nós uma vez, muitas vezes. “Jesus acolhia com bondade aos pecadores. Se pensarmos de modo humano, o pecador seria um inimigo de Deus, mas Ele se aproxima deles com bondade, amava-os e mudava o seu coração”[45].

Nossa Senhora estava ao pé da cruz. Confiados na sua intercessão, podemos nos dirigir a Deus com São Josemaria, que seguindo uma inspiração divina, rezava: “Adeamus cum fiducia ad thronum gloriae ut misericordiam consequamur”[46] – “Aproximemo-nos, pois, confiadamente do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia”.

Francisco Varo

Tradução: Mônica Diez


[22] Ex 22, 25-26.

[23] Os 6,6.

[24] Gn 47,29.

[25] Cfr. Rm 11, 29.

[26] Francisco, Audiência, 13-I-2016.

[27] Francisco, Discurso, 18-X-2014.

[28] São Josemaria, É Cristo que passa, nº. 93.

[29] São Josemaria, Forja, nº. 192.

[30] Is 1,18

[31] Santo Agostinho, Confissões, X.23.33.

[32] Francisco, Audiência, 13-I-2016.

[33] I Jo 1,1.

[34] I Jo 1,4.

[35] Joseph Ratzinger, Homilia, Missa pro eligendo pontifice, 18-IV-2005.

[36] Amigos de Deus, n. 216.

[37] Lc 10, 33-35.

[38] Francisco, Homilia em Santa Marta, 22-X-2013.

[39] Cfr. Mc 2, 3-12.

[40] Cfr. Lc 7, 11-15.

[41] Cfr. Mt 14, 13-21; 15, 32-39.

[42] Francisco, Misericordiae vultus, n. 8.

[43] Lc 23, 41-42.

[44] Lc 23, 43.

[45] Francisco, Audiência, 20-II-2016.

[46] Cfr. Hb 4, 16.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br

Assis, a "Majestade" de Cimabue volta a resplandecer após restauração

Assis, a "Majestade" de Cimabue volta a resplandecer (Vatican News)

Apresentados os trabalhos cinquenta anos após a última restauração. O guardião do Sacro Convento Moroni: "Novo esplendor a uma imagem que não é apenas uma obra de arte, mas uma evocação altamente simbólica da figura e dos valores do próprio São Francisco".

Vatican News

Majestade de Assis retorna ao seu esplendor. Na sexta-feira, 16 de fevereiro, foi realizada uma coletiva de imprensa para a apresentação e o desvelamento do afresco de Nossa Senhora entronizada com o Menino, os Anjos e São Francisco de Cimabue, também conhecido como a Majestade de Assis, no final dos trabalhos de restauração realizados por uma equipe da Tecnireco dirigida pelo restaurador chefe da Basílica de São Francisco, professor Sergio Fusetti, graças à contribuição da casa automobilística Ferrari. O projeto de conservação começou em janeiro de 2023, cinquenta anos após a última intervenção, e levou um ano para ser concluído.

Datada entre 1285 e 1290 - a primeira realizada por Cimabue dentro da Basílica -, a obra está localizada no lado direito do transepto norte da igreja inferior da Basílica de São Francisco. O afresco é famoso não apenas por sua representação da Virgem entronizada, mas também pelo que se acredita ser um dos retratos mais antigos e confiáveis do próprio São Francisco, realizado, segundo a tradição, com base em indicações daqueles que o conheceram pessoalmente.

Assis, a "Majestade" de Cimabue volta a resplandecer (Vatican News)

O Guardião do Sacro Convento: novo esplendor à imagem

"Sou extremamente grato ao professor Fusetti e à equipe da Tecnireco e, naturalmente, à Ferrari", disse frei Marco Moroni, guardião do Sacro Convento, "pela sinergia que nos permitiu dar novo esplendor a uma imagem que não é apenas uma obra de arte, mas é – em primeiro lugar para nós franciscanos e para todos os devotos do Santo - uma evocação altamente simbólica da figura e dos valores do próprio São Francisco. Isso é particularmente significativo quando nos preparamos para o grande centenário franciscano de 2026, no qual celebraremos o 800º aniversário da Páscoa do Santo de Assis. O retrato de São Francisco, representado nessa obra-prima de Cimabue, nos remete necessariamente à sua figura histórica, que ainda hoje manifesta uma extraordinária atualidade e continua a ser uma fonte de profundas provocações para cada um de nós, para a Igreja e para o mundo inteiro".

Trabalho de conservação

Criado usando uma técnica seca, que é, portanto, menos resistente ao longo do tempo, desde o século XVI o afresco passou por inúmeras restaurações, após as quais sofreu modificações significativas, como no caso do rosto de São Francisco. Em 1973, a última intervenção foi realizada pelo Instituto Central de Restauração. No projeto que acaba de ser concluído, foram realizadas várias investigações com diversas técnicas e instrumentos não invasivos para analisar o estado de conservação da obra e os materiais utilizados nas restaurações anteriores. Portanto, foi decidido realizar um trabalho de conservação no afresco, removendo todas as restaurações anteriores. A intervenção seguiu o modelo do Instituto Central de Restauração de 1973 com uma abordagem menos invasiva, que buscou aprimorar a contribuição do artista e também se concentrou na consolidação do gesso da estrutura da parede.

Amplo projeto de manutenção

A restauração da Majestade de Cimabue faz parte de um projeto mais amplo de manutenção e conservação do patrimônio dentro da Basílica de São Francisco, que se tornou ainda mais necessário após os eventos sísmicos das últimas décadas e o risco de possíveis novos terremotos. Após este último trabalho apresentado, a restauração da Capela de Santo Estêvão, com afrescos de Dono Doni e Giacomo Giorgetti, está começando nestes dias.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

domingo, 18 de fevereiro de 2024

Reflexão para o I Domingo da Quaresma (B)

Evangelho do domingo (Vatican News)

Queridos irmãos, quando vivenciamos nosso dilúvio, através da imersão nas águas batismais, morremos para o pecado e recebemos a vida nova de filhos de Deus.

Padre Cesar Augusto; SJ - Vatican News

É possível em um ambiente corrompido, caótico, em ruína moral e física, haver restauração, desde que em seu meio exista alguém que opte pela vida e, permanentemente, rechace a morte. Isso é o que nos diz a primeira leitura deste domingo, ao nos contar a história de Noé e do dilúvio.

Deus, após o aparente triunfo do mal, com o surgimento do dilúvio, faz uma aliança com toda a criação, através da promessa dita a Noé, um homem de bem e temente a Deus. O Senhor se compromete a jamais permitir a destruição de suas criaturas e, como memória, coloca no firmamento, um sinal eloquente, o arco-íris.

No Evangelho, Jesus vive sua quaresma isto é, seu tempo de preparação mais próxima para vencer definitivamente o adversário. São quarenta dias que nos lembram os quarenta dias do dilúvio, os 40 dias que Moisés permaneceu no monte Sinai para receber os Dez Mandamentos, os 40 dias em que Elias permaneceu escondido na montanha. São quarenta, mas não exatamente 39 mais 01 e sim um tempo bíblico de reflexão e preparação.

Jesus foi conduzido pelo Espírito para esse tempo de luta. Ele havia recebido a força de Deus e estava preparado para o confronto com o adversário. Ele anuncia que o tempo já se cumpriu e que o Reino de Deus está próximo. E diz: “Convertam-se e creiam na Boa Nova”. Na verdade essa quaresma de Jesus, esse seu tempo de luta, vai durar toda sua vida.

Na segunda leitura, Paulo faz uma comparação entre a arca construída por Noé e o batismo adquirido pelo sangue do Senhor. Arca salvou as pessoas da destruição, o batismo, mais que nos salvar, nos torna pessoas novas, nos confere nova identidade, a de filhos de Deus.

Queridos irmãos ouvintes, quando vivenciamos nosso dilúvio, através da imersão nas águas batismais, morremos para o pecado e recebemos a vida nova de filhos de Deus.

O sinal eloquente que Deus nos deu foi a morte de seu filho na cruz e nossa adoção como filhos.      

A redenção da criação se deu quando, através desse fato, tudo deixou de ser profano e passou a ser sagrado, porque o Senhor da Vida, o Kyrios, assumiu nossa carne mortal e a eternizou. A matéria foi divinizada.

Pratiquemos o bem, deixemos que o sangue do Senhor vá inundando todo o nosso ser e destruindo aquilo que manifesta nossa caducidade. Que nossa vida, todo o nosso ser, seja plenificado pelo Espírito que preparou Jesus para a luta.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Os Padres da Igreja (II)

Os Padres da Igreja (ChurchPOP)

Os Padres da Igreja (II)

Por Susana Costa Coutinho

ENTRE GREGOS E LATINOS

            Vários foram os “pais” da Igreja que realizaram sua missão não só de pensar a fé, mas também de anuncia-la como missionários e de cuidar das comunidades cristãs, como pastores. São de lugares e épocas diferentes. Didaticamente, costumamos organizá-los em dois grupos: os gregos e os latinos. Antes, porém, é bom lembrar que a cultura grega predominou sobre a Europa, parte da África e Ásia por muito tempo. É o que se chama de helenismo. Assim, na Antiguidade clássica, a língua “oficial” era o grego, usado para o comércio, para os estudos, para a vida social e para a escrita. Quase todo o mundo falava grego nessas regiões, além dos idiomas locais.

PATRÍSTICA GREGA

            A patrística grega se aos “pais” da Igreja que atuaram no Oriente. Aqui também vale compreender a região oriental na Antiguidade como o norte da África e o Oriente Médio. Nesse grupo, temos João Crisóstomo, Gregório de Nissa, Gregório de Nazianzo, Basílio Magno e João Damasceno (sua morte marca o final da Patrística grega, em 750). Grande parte de seus escritos são comentários aos textos bíblicos, explicações pastorais e teológicas sobre os sacramentos, principalmente os da iniciação cristã, e orientações para a vida social ou moral cristã. Como estavam mergulhados na cultura grega, é possível verificar como buscam aproximar a teologia cristã da filosofia dos antigos, como Platão e Aristóteles. Produzem, assim, uma inculturação: veem na cultura grega as sementes do Verbo, a Presença das “iluminações” do pensamento humano pelo Espírito e dão-lhes novo sentido, a partir do Evangelho. O mais importante na relação entre fé e filosofia era a primeira, e a segunda precisava sempre ser vista com discernimento. Outra característica era a de considerar a realidade do povo para comentar um texto bíblico. A exposição da fé era vista como a transmissão de um tesouro aos cristãos, direito de todos de usufruir de sua beleza e profundidade.

PATRÍSTICA LATINA

            Do grupo dos latinos (os que viveram e exerceram seu ministério no Ocidente), destacam-se Agostinho de Hipona, Ambrósio de Milão, Gregório Magno e Isidro de Sevilha. É a morte deste último que marca o final da Patrística do Ocidente, em 636. Agostinho realizou um grande trabalho de buscar conciliar a razão e a fé. Seus escritos buscam orientar os cristãos sobre a teologia dogmática (os dogmas e as verdades fundamentais da fé), a eclesiologia (sobre a Igreja) e o ensinamento social (como a fé ilumina as relações sociais). Jerônimo ficou mais conhecido pela tradição das Sagradas Escrituras do hebraico para o latim.

            Ambrósio de Milão se tornou notório pela atuação pastoral em sua diocese, pelo método de leitura da Bíblia e pelas denúncias contra a exploração dos pobres e dos pequenos agricultores. É o grande influenciador na conversão de Santo Agostinho. Seus escritos mistagógicos, sobre os símbolos e ritos dos sacramentos de iniciação cristã, são grande fonte para a catequese de inspiração catecumenal até hoje. Gregório Magno se destacou na ação de governo da Igreja, como papa, e o grande volume de escritos que abordam comentários bíblicos, a partir de uma exegese (interpretação) histórica, alegórica e moral. Hilário, um homem casado, foi ordenado presbítero e bispo (isso era possível na época) e ficou conhecido por combater o arianismo, uma corrente dentro da Igreja que levantou várias heresias, e por ser um dos conhecedores da Bíblia. Leão Magno tem seus escritos mais voltados à prática da vida cristã do que propriamente à teologia. Isidro é conhecido por sua característica de mestre da teologia, mas também um grande influenciador cultural, por meio de obras literárias. Por essas qualidades, foi declarado patrono da Internet, por São João Paulo II.

A CATEQUESE DOS “PAIS” DA IGREJA

            Nesse período, foi organizado o catecumenato, tempo de preparação para receber os sacramentos da iniciação cristã (batismo, crisma e Eucaristia). A catequese dos “pais” da Igreja era uma das manifestações da ação pastoral desses líderes, e era centrada na busca de salvação, no afastamento definitivo das práticas pagãs, na edificação espiritual, no grande valor da liturgia, na importância da penitência e do jejum. No entanto, o ponto fundamental era a união a Cristo, o Filho de Deus, o Salvador, a Palavra definitiva de Deus.

            Como muitos dos “pais” da Igreja foram bispos, tinham como uma de suas tarefas, a instrução dos catecúmenos (os convertidos que ainda não receberam o batismo e estão em processo de preparação). Em cada momento de entrega, por exemplo, do Credo (símbolo) ou do Pai-nosso, o bispo fazia uma homilia, voltada ao catecúmeno, para prepara-lo para receber esse “conteúdo” da fé. Assim, nasceram diversos textos, que não só eram escritos, mas também proferidos pelos “pais” da Igreja à sua comunidade, em especial aos que se preparavam para receber os sacramentos da iniciação cristã.

            A Bíblia é o centro da pregação dos “pais” da Igreja. Ainda que o livro sagrado não estivesse formado como conhecemos hoje, são seus escritos que guiam a catequese patrística. Esses textos, tanto Antigo como no Novo Testamento, eram lidos e refletidos, e fundamentavam as homilias e a catequese.

            Um dos pontos fundamentais do catecumenato é a unidade entre liturgia e catequese. As próprias homilias aos catecúmenos comprovam a preocupação dos “pais” da Igreja com esse elo. A preparação para a recepção dos sacramentos da iniciação cristã se dava  de forma mistagógica e incorporava os dois momentos: o de conhecer e o de celebrar a fé, sem esquecer, é claro, os ensinamentos para a vida social (no campo da economia, da política, da cultura etc.) É a mistagogia um ponto alto dessa catequese.

            Santo Agostinho busca explicar, por exemplo, o sentido dos gestos do batismo ao catecúmeno , num dos mais bonitos textos (tanto do ponto de vista teológico como literário) que conhecemos. Para explicar o mistério que é revelado pelos sinais, um de seus textos ensina: “Entraste, viste a água, viste o sacerdote, viste o levita. Por acaso, alguém não diria: Isso é tudo? Certamente isso é tudo, verdadeiramente há tudo, onde há total inocência, onde há total piedade, total graça, total santificação”.

            Santo Agostinho ensina aos catequistas como proceder para realizar uma catequese mistagógica: “A respeito do sinal que recebe, seja-lhe [o catequizando] bem esclarecido que os sinais das realidades divinas são visíveis, mas nele honramos  as próprias realidades invisíveis”.

            Assim, os santos padres ou “pais” da Igreja nos apontaram preciosos caminhos para a catequese, muitos deles vamos retomando com a catequese de inspiração catecumenal.

Revista Ecoanda – Ano 18 – nº 70 – Julho/Agosto – 2020 – Págs. 18/19

A Misericórdia na Sagrada Escritura - Parte 1

A Sagrada Escritura (Opus Dei)

 A Misericórdia na Sagrada Escritura

Neste editorial da série sobre a misericórdia, analisam-se as Escrituras, Palavra de Deus, onde a misericórdia de Deus é revelada.

22/08/2016

Dentre os diálogos de Deus com Moisés, recolhidos no livro do Êxodo, há uma cena rodeada de mistério, em que ele pede ao Senhor que lhe mostre seu rosto. “Me verás por detrás”, responde, “quanto à minha face, ela não pode ser vista”[1]. Quando chega a plenitude dos tempos, Filipe faz esse mesmo pedido a Jesus, em uma dessas conversas cheias de confiança que os apóstolos mantinham com o Mestre: “Senhor, mostra-nos o Pai”[2]. E a resposta do Deus encarnado não se faz esperar: “Aquele que me viu, viu também o Pai”[3].

QUANDO MEDITAMOS OS EVANGELHOS É POSSÍVEL DESCOBRIR AS CARACTERÍSTICAS DE DEUS – ENTRE ELAS, E DE MODO EMINENTE, A SUA MISERICÓRDIA – PLASMADAS NA SIMPLICIDADE DAS PALAVRAS E DA VIDA DE JESUS.

Jesus Cristo nos revela o Pai: quando meditamos os evangelhos é possível descobrir as características de Deus – entre elas, e de modo eminente, a sua misericórdia – plasmadas na simplicidade das palavras e da vida de Jesus.

A misericórdia divina, que Deus foi mostrando ao longo da história do povo eleito, resplandece no Verbo encarnado. N’Ele, “rosto da misericórdia do Pai”,[4] realiza-se plenamente aquela oração terna que o Senhor tinha ensinado a Moisés, para que os sacerdotes abençoassem os filhos de Israel: “O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor te mostre a sua face e conceda-te sua graça! O Senhor volva o seu rosto para ti e te dê a paz!”[5]. Em Jesus, Deus faz brilhar definitivamente seu rosto sobre nós, concede-nos a paz que o mundo não pode dar[6].

Um Deus que procura e escuta

A misericórdia de Deus pode ser vislumbrada desde as primeiras páginas do Gênesis. Depois do seu pecado, Adão e Eva se escondem entre as árvores do jardim, porque sentem a sua nudez, e não se atrevem mais a olhar Deus nos olhos. Mas o Senhor sai imediatamente ao seu encontro “e naquele momento começa o exílio longe de Deus, com o pecado, também já existe a promessa do regresso, a possibilidade de regressar a Ele. Imediatamente Deus pergunta: ‘Adão, onde estás?’ Deus procura-o.”[7] O Senhor já lhes anuncia, então, o futuro triunfo sobre a linhagem da serpente, e, inclusive, lhes confecciona umas roupas de peles como manifestação de que, apesar do pecado, o seu amor por eles não se extinguiu[8]. Deus fecha a porta do paraíso às suas costas[9], mas abre no horizonte a porta da misericórdia: “Deus encerrou todos esses homens na desobediência para usar com todos de misericórdia”[10].

No livro do Êxodo, o Senhor atua com decisão para liberar os israelitas oprimidos. Suas palavras a Moisés no episódio da sarça ardente se projetam, como as do Gênesis, por todos os séculos: “Eu vi, eu vi a aflição de meu povo que está no Egito, e ouvi os seus clamores por causa de seus opressores. Sim, eu conheço seus sofrimentos. E desci para livrá-lo da mão dos egípcios”[11].

Que exemplo para nós, que às vezes somos lentos para escutar e colocar em prática o que outros necessitam de nós! Deus é um Pai bom, que vê a tribulação de seus filhos e intervém para dar-lhes a liberdade. Uma vez passado o mar Vermelho, no marco solene do Sinai, o Senhor se manifesta a Moisés como “Deus compassivo e misericordioso, lento para a cólera, rico em bondade e em fidelidade”[12].

Um amor “visceral”

O Salmo 86 repete quase ao pé da letra essas palavras do Êxodo: “Deus miserator (rajum) et misericors (janún), patiens et multae misericordiae (jésed) et veritatis (émet) – Deus bondoso e compassivo; lento para a ira, cheio de clemência e fidelidade –”[13]. Na sua tradução da Bíblia para o latim, São Jerônimo optou por traduzir três conceitos hebreus com três termos que são quase sinônimos, derivados da palavra “misericórdia”.

Realmente, estes conceitos estão entrelaçados, mas cada um deles contribui com uns matizes que convém esmiuçar se queremos apreciar a realidade da misericórdia de Deus, que não se expressa completamente uma só palavra.

DEUS SE ENTERNECE POR NÓS COMO UMA MÃE QUANDO PEGA O SEU FILHO NO COLO, DESEJOSA SOMENTE DE AMAR, PROTEGER, AJUDAR, PRONTA PARA DOAR TUDO, INCLUSIVE A SI MESMA.

O adjetivo rajum (miserator), deriva de réjem, que significa “ventre, entranhas, seio materno” e se utiliza na Bíblia para falar de nascimento de uma criança[14]Rajum descreve os sentimentos de uma mãe pelo ser que é literalmente carne da sua carne. “Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta? Não ter ternura pelo fruto de suas entranhas? E mesmo que ela o esquecesse, eu não te esqueceria nunca.”[15] Deus “se enternece por nós como uma mãe quando pega o seu filho no colo, desejosa somente de amar, proteger, ajudar, pronta para doar tudo, inclusive a si mesma. Essa é a imagem que este termo sugere. Um amor, portanto, que se pode definir, no bom sentido, como ‘visceral’”[16]. Um amor que sofre especialmente os esquecimentos, desprezos ou abandonos de seus filhos – “Povo meu, responde-me, que te fiz eu, em que te contristei?”[17] – , mas que, ao mesmo tempo, está sempre disposto a perdoá-los e a passar por cima dessa frieza, “porque não guarda sua ira para sempre, e se compraz na misericórdia”[18]. É um amor que se compadece pela lamentável situação em que os filhos possam se encontrar com o passar dos anos – “Vou enfaixar tuas chagas e curar tuas feridas”[19] – , e que não cessa em seus desejos de recuperá-los se os vê afastados. É um amor solícito para proteger os seus filhos se estão sendo assediados ou perseguidos. “Tu, porém, Jacó, servo meu, não temas Israel, não te enchas de pavor! Vou trazer-te da terra longínqua, e livrarei tua raça da terra do exílio. Jacó tornará a viver em segurança, sem que ninguém mais o inquiete.”[20] Uma acolhida cordial e emocionada, receptiva ao mínimo detalhe de carinho: “Todos vós, que estais sedentos, vinde à nascente das águas; vinde comer, vós que não tendes alimento. Vinde comprar trigo sem dinheiro, vinho e leite sem pagar!”[21]. É um amor que nos ensina a preocupar-nos pelos outros, a sofrer com os seus sofrimentos e a alegrar-nos com suas alegrias. A estar realmente próximos de quem nos rodeia, com a nossa oração, interesse, presença... Em resumo, dando o nosso tempo.

Francisco Varo

Tradução: Mônica Diez

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[1] Ex 33,23.

[2] Jo 14, 8

[3] Jo 14, 9

[4] Francisco, BulaMisericordiae vultus (11-IV-2015), n. 1.

[5] Num 6, 24-26

[6] Cfr. Jo 14,27

[7] Francisco, Homilia, 7-IV-2013. Cfr. Gn 3, 9.

[8] Cfr. Gn 3, 14-21

[9] Cfr. Gn 3, 24

[10] Rom 11, 32

[11] Ex 3, 7-8.

[12] Ex 34, 6. Uma expressão quase idêntica se repete em vários lugares da Sagrada Escritura, especialmente nos Salmos 86(85), 15 e 103 (102), 8.

[13] Sal 86 (85), 15.

[14] Por exemplo em Ex 13,2: “Consagrar-me-ás todo primogênito (aquele que abre o ventre materno, réjem) entre os israelitas, tanto homem como animal: ele será meu.”

[15] Is 49,15.

[16] Francisco, Audiência, 13-I-2016.

[17] Mq 6, 3.

[18] Mq 7,18.

[19] Jr 30,17.

[20] Jr 46,27.

[21] Is 55, 1.

 Fonte: https://opusdei.org/pt-br

Papa: Quaresma ajuda a entrar no deserto interior, em contato com a verdade

Audiência Geral de 18/02/2024 com o Papa Francisco (Vatican News)

Os "animais selvagens" que temos no coração, ou seja, as paixões desordenadas de vários tipos, podem levar ao risco de sermos dilacerados interiormente; enquanto os anjos recordam as boas inspirações divinas que "acalmam o coração, infundem o sabor de Cristo, o sabor do Céu".

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

Ir ao deserto para perceber a presença dos "animais selvagens"  e anjos em nosso coração, e com o silêncio e a oração captar os pensamentos e sentimentos inspirados por Deus.

Em síntese, esse foi o convite do Papa aos milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro em um dia ensolarado e temperatura amena, para o Angelus neste I Domingo da Quaresma.

"Animais selvagens e anjos", companhias de Jesus no deserto e também nossas

O Evangelho de Marcos - que inspirou a reflexão de Francisco - narra que Jesus «ficou no deserto durante quarenta dias, e aí foi tentado por Satanás», e também nós - observou o Papa - "somos convidados na Quaresma a “entrar no deserto”, isto é, no silêncio, no mundo interior, na escuta do coração, em contato com a verdade"

A leitura narra que "animais selvagens e anjos" eram a companhia de Jesus no deserto. Mas, em um sentido simbólico - explicou o Papa - "são também a nossa companhia: quando entramos no deserto interior, de fato, podemos encontrar ali animais selvagens e anjos."

E explica então, o sentido desses "animais selvagens":

Na vida espiritual podemos pensar neles como as paixões desordenadas que dividem o nosso coração, tentando possuir o coração. Elas nos sugestionam, parecem sedutoras, mas, se não estivermos atentos, levam ao risco de nos dilacerar.

Os "animais" alojados em nossa alma

E  Francisco diz  ainda que podemos dar nomes a esses “animais” da alma:

Os vários vícios, a ganância de riqueza, que aprisiona no cálculo e na insatisfação, a vaidade do prazer, que condena à inquietação e à solidão, e ainda também a avidez pela fama, que gera insegurança e uma necessidade contínua de confirmação e protagonismo.  É interessante: não se esquecer dessas coisas que podemos encontrar dentro de nós: ganância, vaidade e avidez. São como animais “selvagens” e como tais devem ser domesticados e combatidos: caso contrário, devorarão a nossa liberdade. E a Quaresma nos ajuda a entrar no deserto interior para corrigir essas coisas.

O "serviço" em oposição à "posse"

Mas junto com Jesus no deserto, além dos "animais selvagens", estavam também os anjos, "mensageiros de Deus, que nos ajudam, nos fazem bem". E segundo o Evangelho, sua característica "é o serviço":

Exatamente o contrário da posse, típica das paixões. Serviço em oposição à posse. Os espíritos angélicos, em vez disso, recordam os pensamentos e bons sentimentos sugeridos pelo Espírito Santo. Enquanto as tentações nos dilaceram, as boas inspirações divinas unificam-nos e fazem-nos entrar em harmonia: acalmam o coração, infundem o sabor de Cristo, infundem “o sabor do Céu”. E para captar a inspiração de Deus e entender bem, é preciso entrar no silêncio e oração. E a Quaresma é tempo para fazer isso. Sigamos em frente.

Retirar-se ao deserto e ouvir Deus que fala no coração

Assim, ao darmos os primeiros passos no caminho quaresmal, o Papa propõe que façamo-nos duas perguntas:

Primeiro: quais são as paixões desordenadas, os “animais selvagens” que se agitam no meu coração? Segundo: para permitir que a voz de Deus fale ao meu coração e o guarde no bem, penso retirar-me um pouco para o “deserto”, ou procuro dedicar durante o dia algum espaço para repensar isso?

Ao concluir, o Papa pediu "que a Virgem Santa, que guardou a Palavra e não se deixou tocar pelas tentações do Maligno, nos ajude no tempo da Quaresma."

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Simeão

São Simeão (A12)
18 de fevereiro
São Simeão

São Simeão foi bispo de Jerusalém. Filho de Cléofas, São Simeão era primo de Jesus. Ele foi um dos primeiros apóstolos, tendo inclusive recebido o Espírito Santo no dia de Pentecostes.

Depois do assassinato de São Tiago, o menor, pelos judeus, os apóstolos e discípulos se reuniram para escolher seu sucessor na sede de Jerusalém. O escolhido foi Simeão. No ano 66 começou na Palestina a guerra civil em consequência da oposição dos judeus aos romanos e parece que os cristãos de Jerusalém receberam do céu o aviso de que a cidade seria destruída e que deviam sair dela sem demora, refugiando-se com o santo na cidade de Péla.

Depois da tomada e destruição de Jerusalém, os cristãos voltaram e se estabeleceram nas ruínasSimeão voltou e recomeçou com os fiéis a reconstrução das casas. Houve muitas conversões, pois o acontecimento fez muita gente refletir sobre a mensagem evangélica. Numerosos judeus converteram-se ao cristianismo devido aos milagres feitos pelos santos. Os imperadores Vespasiano e Domiciano mandaram matar todos os membros descendentes de Davi, mas Simeão conseguiu escapar.

Contudo, durante a perseguição do Imperador Trajano, foi denunciado às autoridades, torturado, crucificado e morto. Simeão recebeu ordem de prisão e intimação de prestar homenagem aos deuses. O santo negou-se corajosamente a trair aquele que era seu único Mestre e Senhor. No meio da cruel flagelação, Simeão louvou e bendisse o nome de Deus e de Jesus Cristo. Do alto da cruz, ainda confessou o nome do divino Mestre, rezou pelos inimigos e entregou o espírito nas mãos de DeusMorreu com 120 anos, depois de ter governado durante 43 anos a Igreja. Sua simplicidade e a fidelidade uniu os cristãos em torno do Evangelho de Jesus.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, C.Ss.R.

Reflexão:

Histórias de amor ao Cristo são comuns no início da Igreja. São Simeão, já na velhice, conservou sua fidelidade ao seu Mestre Jesus e entregou sua vida por amor a Igreja. Ele era membro da primeira geração de cristãos, conheceu Jesus e aprendeu dele a virtude da caridade e da fidelidade. Hoje somos convidados a reafirmar nossa profissão de fé em Jesus Cristo. Que nossa vida, na juventude e na velhice, seja sempre uma testemunha da Ressurreição.

Oração:

Querido Pai, Deus Uno e Trino, pela intercessão do bispo São Simeão, conserve em nós a fidelidade ao projeto de amor aos mais abandonados e sofredores e que o testemunho deste apóstolo seja alimento de nossa fidelidade ao evangelho. Por Cristo nosso Senhor. Amém!

Fonte: https://www.a12.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF