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terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Dia Mundial da Justiça Social: Por que estamos aqui se não para servir à humanidade?

Migrantes tentando atravessar a fronteira (2023 Getty Images)

No Dia Mundial da Justiça Social, a secretária geral da CIDSE (Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e a Solidariedade) recorda que toda decisão e cada nova política implementada têm um impacto na vida e nos meios de subsistência de outras pessoas, e que as múltiplas crises que enfrentamos hoje estão interligadas.

Francesca Merlo - Vatican News

Justiça Social significa igualdade e dignidade para todos. Significa que um sistema é colocado em prática não apenas para proteger, mas para auxiliar nas escolhas que as pessoas fazem, além de criar um ambiente que as mantenha seguras e as ajude a prosperar. O Dia Mundial da Justiça Social é celebrado anualmente em 20 de fevereiro e sua observância tem como objetivo fazer exatamente isso: lembrar, a cada ano, da necessidade de construir sociedades mais justas e equitativas.

Uma crise múltipla 

Na linha de frente na batalha pela justiça social, a CIDSE (Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e a Solidariedade) é uma família internacional de organizações católicas de justiça social que trabalham juntas pela causa. Josaine Gauthier, secretária geral da CIDSE, explica que "as múltiplas crises com as quais lidamos no passado estão profundamente interconectadas”.

Hoje, o principal desafio que é enfrentado dentro desse âmbito, segundo Gauthier, "é a chamada pluri-crise: a perturbação climática, a extrema pobreza, a violência, a guerra e o conflito por recursos, gênero, desigualdade social e racial", diz a secretária, acrescentando que todas são desencadeadas por "desequilíbrios de poder e uma cultura de desperdício. Estamos reconhecendo que na verdade é apenas uma crise interconectada, com sua origem nas relações entre humanos e todo o resto da criação”.

Apelos do Papa Francisco

"A cultura do desperdício", como observa a Josaine, é um conceito frequentemente utilizado pelo Papa, que dedicou grande parte de seu pontificado a combater a indiferença global que causa injustiças. Em particular, Francisco apela continuamente pela proteção de nossa casa comum, ameaçada pelas mudanças climáticas, pelo zelo e acolhimento de migrantes e refugiados, e adverte contra o que descreve como "a globalização da indiferença", pedindo aos países mais ricos que tomem medidas concretas para ajudar os pobres.

Falando sobre migração, Gauthier observa que quando as pessoas são forçadas a deixar seu país de origem, porque é inabitável e não oferece futuro, "estamos enfrentando uma crise de nossa própria moralidade”.

"Como podemos permitir que outros seres humanos fujam de suas casas devido às nossas próprias escolhas políticas e econômicas que os afetam e depois os rejeitamos quando atravessam a fronteira e precisam de nossa solidariedade?" ela pergunta, e rapidamente completa: "É apenas uma questão de justiça!"

Trabalhar juntos, pensar em todos

Josaine Gauthier convida a todos a enxergar o Dia Mundial da Justiça Social como uma oportunidade única para "fazer uma pausa e refletir sobre como tratamos uns aos outros, como podemos construir relações mais justas uns com os outros e com a vida neste planeta, que é nossa casa comum”.

O apelo do Papa Francisco pela justiça social e pelos direitos humanos, segundo a secretária da CIDSE, é "extremamente relevante", e isso "deveria ser a mensagem mais importante e ressonante para os que estão envolvidos na política atualmente". Gauthier acredita que as políticas devem sempre estar ligadas e enraizadas em como afetam a vida das pessoas, de todos, diariamente, porque, acrescenta, "para que estamos aqui se não for para servir à humanidade e torná-la um lar acolhedor e justo para todos?”

Por fim, Josaine enfatiza que isso "é algo sério" e que trabalhar juntos, pensando em todos, é uma responsabilidade comum e coletiva, que "o Papa Francisco não se cansa de nos lembrar".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santos Francisco e Jacinta Marto

Santos Francisco e Jacinta Marto (A12)
20 de fevereiro
Santos Francisco e Jacinta Marto

Francisco e Jacinta Marto, dois irmãos portugueses nascidos no início do século XX, tornaram-se figuras proeminentes na história da Igreja Católica. Juntamente com sua prima Lúcia dos Santos, foram testemunhas das aparições de Nossa Senhora de Fátima em 1917. Essas aparições, ocorridas em Cova da Iria, marcaram o início de uma jornada espiritual extraordinária para os irmãos Marto.

Infância e Chamado Divino

Francisco nasceu em 1908 e Jacinta em 1910, em Aljustrel, Portugal. A partir de 1916, eles começaram a experienciar aparições angelicais que os prepararam para o encontro com Nossa Senhora.

Em 1917, a Virgem Maria apareceu a eles seis vezes, transmitindo mensagens de oração, penitência e a revelação de segredos. Francisco, conhecido por sua devoção e contemplação, buscava aprofundar sua conexão com Deus, enquanto Jacinta, com sua sensibilidade e amor ao próximo, dedicava-se à oração pelos pecadores.

Sofrimento e Santidade

Ambos os irmãos enfrentaram intensos sofrimentos físicos durante a pandemia de gripe espanhola em 1918. Francisco e Jacinta ofereceram suas dores em união com os ensinamentos da Virgem Maria, abraçando o sofrimento como um caminho para a conversão.

Francisco faleceu em 1919, enquanto Jacinta, que viveu um pouco mais, partiu para a eternidade em 1920. Seus corpos repousam agora na Basílica de Fátima.

Canonização e Legado Espiritual

Papa Francisco canonizou Francisco e Jacinta Marto em 2017, reconhecendo suas vidas como exemplos de santidade para os fiéis. Seu legado espiritual é marcado pela simplicidade, pureza e entrega total a Deus.

Os Santos Marto são um farol de esperança, inspirando muitos a abraçar a fé com a mesma intensidade e devoção que eles demonstraram em suas vidas, curtas, mas profundamente significativas.

Reflexão:

A espiritualidade dos Santos Francisco e Jacinta Marto destaca-se pela simplicidade, pureza de coração e uma entrega total a Deus. Sua disposição em acolher as mensagens celestiais e viver segundo os princípios da oração, penitência e amor ao próximo serve como um modelo inspirador para os cristãos. Eles nos lembram que a santidade está ao alcance de todos, independentemente da idade, e que a resposta ao chamado divino requer uma entrega confiante e amorosa.

Oração:

Ó Deus, que destes a Francisco e Jacinta Marto a graça de vos amar sob a inspiração de Nossa Senhora de Fátima, concedei-nos a graça de seguir o seu exemplo de humildade, pureza de coração e total confiança em Vós. Que possamos, assim como eles, buscar a santidade em nossas vidas diárias, cumprindo vossa vontade com alegria e devoção. Por intercessão dos Santos Francisco e Jacinta, pedimos que nos concedais as graças necessárias para vivermos uma vida conforme vosso divino querer. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

NAZARENO: Curado sem entrar na piscina (o paralítico de Betesda) - (30)

Nazareno (Vatican News)

Cap. 30 - Curado sem entrar na piscina (o paralítico de Betesda)


Jesus e os seus vão a Jerusalém para celebrar o Pentecostes. Na parte norte da Cidade Santa, um novo bairro estava sendo construído e havia uma piscina, chamada Betesda, onde corriam as águas de uma fonte subterrânea, à qual o povo atribuía um poder especial de cura. Toda vez que uma nova água borbulhava da fonte, os olhos da fé viam um anjo descer dela: naquele momento, multidões de pessoas doentes, cegas, aleijadas e paralíticas competiam para mergulhar nela, na esperança de receber a graça. Em um canto, jogado no chão como um saco de trapos, estava Jonas, um velho que sofria de paralisia, deitado em uma espécie de maca. Jesus, passando por ali, o vê: "você quer ser curado? A resposta não é um sim". "Senhor, não tenho ninguém para me mergulhar na piscina quando a água está agitada. Pois quando estou indo para lá, outro desce antes de mim." Jesus lhe diz: "levante-se, pegue sua maca e caminhe". E instantaneamente o homem foi curado. Ele pega a maca e vai ao templo para agradecer, mas os doutores da lei o impedem dizendo que é sábado e, portanto, não é permitido. A raiva deles se volta então para Jesus, que, por sua vez, os acusa de viverem de acordo com as formalidades e de não viverem com o coração a lei de Deus.

https://media.vaticannews.va/media/audio/s1/2024/02/16/11/137707092_F137707092.mp3

 Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Os Padres da Igreja (III)

Os Padres da Igreja (FASBAM)

Os Padres da Igreja (III)

Por Susana Costa Coutinho

OS CONCÍLIOS E AS HERESIAS

            Muitos “pais” da Igreja tiveram que enfrentar as heresias em seus tempos. Alguns, inclusive, coordenaram concílios que tiveram como objetivo exatamente refletir sobre as concepções errôneas que foram levantadas sobre a fé cristã. Com suas palavras, buscando o fundamento da Palavra de Deus, os “pais” da Igreja procuraram defender as verdades da fé. Eles buscaram mostrar os erros  e orientaram a comunidade cristã a não seguir os “falsos profetas”. No período da patrística, foram realizados quatro concílios que visavam a consertar as heresias de suas épocas. Os concílios eram reuniões de bispos , presididas pelo bispo de Roma, o papa. Lembramos que os nomes dos concílios são referentes aos lugares onde foram realizados.

            - O Concílio de Niceia, em 325, refletiu sobre a divindade de Cristo e teve a participação importante de Atanásio, defendia que Jesus não teve um “começo”, sendo gerado pelo Pai a partir de seu próprio ser (“gerado, não criado, consubstancial ao Pai”).  De outro lado, Ario defendia que Jesus teve começo e foi criado do nada. Como sabemos, a tese defendida por Atanásio e Alexandre foi assumida pela Igreja e, como Ário não abriu mão de sua ideia, saiu do concílio com seu grupo, deixando também a unidade da Igreja. Seu movimento ficou conhecido como arianismo.

            - O Concílio de Constantinopla, em 381, teve como tema central a divindade do Espírito Santo. É que um grupo de cristãos da Macedônia defendia que o Espírito Santo não era divino. O concílio concluiu que a segunda pessoa da Santíssima Trindade “é o Senhor, o Doador da vida que procede do Pai, com o Pai e o Filho é adorado e glorificado”. Foi nesse concílio, contemplando o que já havia sido concluído em Niceia, que se formou o Credo Niceno-constantinopolitano, e que se condenou o arianismo. Importante foi a presença de Gregório Nazianzeno.

            Em 431, foi realizado o Concílio de Éfeso. É que, entre outras coisas, naquele momento, o patriarca de Constantinopla Nestório estava divulgando seus ensinamentos sobre Cristo e Maria. Para ele, Cristo não seria uma pessoa única, havendo nele, de forma distinta, as duas naturezas, a humana e a divina. Maria deveria ser chamada de Christotokos (portadora de Cristo). Essas concepções ficaram conhecidas como nestorianismo. Mas o concílio chegou a outra conclusão. Defendida por Cirilo de Alexandria, a de que, em Jesus, há a união perfeita e inseparável das naturezas divina e humana e, portanto, Maria é a Mãe de Deus, Theotokos (em grego).

            Em 451, o Concílio de Calcedônia refletiu sobre as duas naturezas na única pessoa de Cristo. Parecia haver entendimentos de que a natureza humana seria “enfraquecida” diante da divina. Ao final, o Concílio de Calcedônia afirmou que Jesus é “perfeito tanto na divindade quanto na humanidade; esse mesmo é, na verdade, Deus e realmente homem”. Entre trocas de acusações de um grupo e outro, de Alexandria e Constantinopla, e outras questões, infelizmente, a Igreja se dividiu, o que se conhece como cisma: de um lado, a sede de Jerusalém (Oriente) e de outro, a de Constantinopla (Ocidente).

            Outra frente de “combate” nessa época, foi a busca pela unidade da Igreja. Com tantas concepções divergentes e com interesses pessoais e de grupos em liderar a Igreja, havia também as tendências cismáticas (separação). Mas, isso não foi novidade para as comunidades cristãs. As diferenças de concepções sobre a Igreja, por exemplo, existiram desde a época dos Apóstolos. Como sempre, o importante aqui é como se busca a comunhão entre cristãos e cristãs. Buscava-se o discernimento entre o que poderia ser diferente, sem a quebra da unidade, e o que poderia, de fato, quebrar a unidade cristã. Daí a famosa frase atribuída a Santo Agostinho: “No essencial, unidade; no não essencial, liberdade”.

Revista Ecoanda – Ano 18 – nº 71 – Setembro/Novembro – 2020 – Págs. 18/19.

A Misericórdia na Sagrada Escritura - Parte 2

A Misericórdia na Sagrada Escritura (Opus Dei)

A Misericórdia na Sagrada Escritura

Neste editorial da série sobre a misericórdia, analisam-se as Escrituras, Palavra de Deus, onde a misericórdia de Deus é revelada.

22/08/2016

Deus é qualificado também como janún (misericors). Este adjetivo, que pode ser traduzido por “compassivo”, se deriva da palavra jen, que significa “graça, favor”: algo que se outorga por pura benevolência, que vai além da justiça estrita. Expressa a atitude de Deus que se reflete em um dos mandamentos do código da Aliança: “Se tomares como penhor o manto de teu próximo, lhe devolverás antes do pôr-do-sol, porque é a sua única cobertura, é a veste com que cobre sua nudez; com que dormirá ele? Se me invocasse, eu o ouviria, porque sou misericordioso (janún)”[22]. Trata-se de um mandato inspirado pela compaixão ao pobre, que não consegue pagar o que em justiça deveria: Deus não tolera vê-lo sofrendo, e, nessa compaixão – que Deus sabe inspirar aos seus –,abre-se um caminho à verdadeira justiça: “porque eu quero o amor mais que os sacrifícios, e o conhecimento de Deus mais que os holocaustos”[23]. Quem conhece a Deus de verdade sabe reconhecer o irmão que sofre. Se pedirmos ao Senhor esse olhar compassivo, quantas oportunidades de servir aos outros descobriremos! O ano jubilar é uma boa ocasião para que, junto com outras pessoas, façamos alguma obra de misericórdia corporal no lugar em que nos encontramos.

O Deus fiel que sabe esperar

Esse salmo diz também que o Senhor é um Deus de muita misericórdia, multae misericordiae (jésed), utilizando, nesse caso, uma palavra do vocabulário familiar, que se poderia traduzir literalmente por “piedade”. Refere-se, acima de tudo, à bondade própria das relações dos pais com os filhos, destes com seus pais, ou dos esposos entre si. Por isso, quando Jacó, já muito idoso, está a ponto de morrer, chama a seu filho José e lhe pede: “(...) promete-me, com toda a piedade(jésed) e fidelidade, que não me enterrarás no Egito”[24]. Ou seja, pede-lhe que se porte como corresponde a um filho bom e cumpra esse último desejo de seu pai. Dizer que Deus é pleno em jésed é a mesma coisa que afirmar que Deus nos olha sempre como seus filhos: seus dons e sua vocação são irrevogáveis[25]. “Deste Deus misericordioso também se diz que é “lento para a ira”, literalmente, tem um “longo respiro”, ou seja, o amplo respiro da longanimidade e da capacidade de suportar. Deus sabe esperar, os seus tempos não são os tempos impacientes dos homens; Ele é como o sábio agricultor que sabe esperar, dá tempo à boa semente para crescer, não obstante o joio (cf. Mt 13, 24-30)”[26].

A MISERICÓRDIA NÃO É UMA COMÉDIA QUE DISSIMULA AS OFENSAS E AS FERIDAS COMO SE NÃO TIVESSEM EXISTIDO

Por último, afirma-se que a misericórdia do Senhor está presidida pela abundância de verdade: et veritatis (émet). Efetivamente, a misericórdia não é uma comédia que dissimula as ofensas e as feridas como se não tivessem existido: as feridas não se enfaixam “sem antes serem tratadas e medicadas”[27], porque se infeccionariam. O Senhor “é Médico e cura o nosso egoísmo se deixamos que sua graça penetre até o fundo da alma”.[28] Deixar que nos cure significa reconhecer-nos pecadores, mostrar-lhe as feridas com a disposição de colocar os meios oportunos para tratá-las. “Se alguma vez cais, filho, acode prontamente à Confissão e à direção espiritual: mostra a ferida!, para que te curem a fundo, para que te tirem todas as possibilidades de infecção, mesmo que te doa como numa operação cirúrgica.”[29]. E então o Senhor promete que “se vossos pecados forem escarlates, tornar-se-ão brancos como a neve! Se forem vermelhos como a púrpura, ficarão brancos como a lã!”[30].

Uma relação estável e serena com Deus e com os outros somente se pode construir sobre a verdade. A verdadeira felicidade – escreve Santo Agostinho, refletindo sobre a nossa vida na terra e a que nos espera no céu – é a alegria da verdade, gaudium de veritate[31]. Viver na verdade é muito mais que “saber” algumas coisas. Por isso o termo hebreu émet significa tanto “verdade” como “fidelidade”: a pessoa sincera é fiel, e quem deseja ser fiel ama a verdade. “Uma ‘lealdade’ sem limites: eis aqui a última palavra da revelação de Deus a Moisés. A fidelidade de Deus nunca falha, porque o Senhor é o guardião que, como diz o Salmo, não dorme, mas vela continuamente sobre nós para levar-nos para a vida: ‘Não permitirá que teu pé escorregue, teu guardião não dorme, não dorme nem repousa o guardião de Israel (...). O Senhor te guarda de todo o mal, ele guarda a tua alma; o Senhor guarda tuas entradas e saídas agora e para sempre (121, 3-4.7-8)’”.[32]

Resumindo, no Antigo Testamento, a misericórdia divina é a acolhida materna e profundamente carinhosa que o Senhor oferece a quem se encontra necessitado e reconhece a verdade de sua situação: suas debilidades, erros, pecados ou infidelidades. Deus não somente o liberta daquilo que carrega sobre ele e o oprime, mas também o cura e restaura a sua dignidade de filho.

O rosto da misericórdia do Pai

“O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos olhos, o que temos contemplado e as nossas mãos têm apalpado no tocante ao Verbo da vida...”[33]. Essas palavras vibrantes do apóstolo a quem Jesus amava chegam até nós com a mesma força com que foram escritas. Em Jesus, o apóstolo viu e tocou o amor de Deus coisa que todos os cristãos podemos fazer, “para que nossa alegria seja completa”[34].

Jesus Cristo “é a misericórdia divina em pessoa: encontrar Cristo significa encontrar a misericórdia de Deus”[35]. Por isso, São Josemaria nos convidava a não nos cansarmos de saborear “as cenas comoventes em que o Mestre atua com gestos divinos e humanos ou relata com modos de dizer humanos e divinos a história sublime do perdão, do Amor ininterrupto que tem pelos seus filhos”[36].

O AMOR INCONDICIONAL DO SENHOR CHEGA À SUA MÁXIMA EXPRESSÃO NA SUA PAIXÃO. AÍ TUDO É PERDÃO AOS HOMENS, PACIÊNCIA DIANTE DOS NOSSOS PECADOS, PALAVRAS SEM NENHUM SABOR DE AMARGURA.

Cristo é o bom samaritano[37], que não passa longe de quem padece qualquer necessidade espiritual ou material, mas que se comove e põe remédio à desgraça. “Deus se mistura com nossas misérias, se aproxima das nossas feridas e, com suas mãos, faz com que sejam curadas. Fez-se homem para ter mãos. É um trabalho de Jesus, pessoal: um homem cometeu o pecado, um homem vem curá-lo”[38]. Toda a vida de Jesus está cheia de gestos de misericórdia: perdoa os pecados do paralítico que descem numa maca pelo teto da casa em que o Senhor estava[39], ressuscita e entrega vivo à sua mãe, a viúva de Naim, o seu filho único [40], alimenta milagrosamente as multidões que o seguem para que não desfaleçam[41]. “O que movia Jesus era apenas a misericórdia, com a qual lia no coração dos seus interlocutores e dava resposta às necessidades mais autênticas que tinham”.

Esse amor incondicional do Senhor chega à sua máxima expressão na sua Paixão. Aí tudo é perdão aos homens, paciência diante dos nossos pecados, palavras sem nenhum sabor de amargura. Cravado em um madeiro, comove-se diante da confissão sincera de um ladrão – “para nós isto é justo: recebemos o que mereceram os nossos crimes, mas este não fez mal algum”[42] e imediatamente lhe pede: “Jesus, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu Reino!”[43]. Trata-se de uma imagem perfeita da misericórdia: Jesus acolhe a petição daquele homem necessitado de carinho, que reconhece com simplicidade o mal em sua vida; perdoa-o, e abre-lhe a porta de entrada para o céu: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso”[44]. Essa resposta de Jesus mostra que Ele esperava esse momento, como o espera para cada um de nós uma vez, muitas vezes. “Jesus acolhia com bondade aos pecadores. Se pensarmos de modo humano, o pecador seria um inimigo de Deus, mas Ele se aproxima deles com bondade, amava-os e mudava o seu coração”[45].

Nossa Senhora estava ao pé da cruz. Confiados na sua intercessão, podemos nos dirigir a Deus com São Josemaria, que seguindo uma inspiração divina, rezava: “Adeamus cum fiducia ad thronum gloriae ut misericordiam consequamur”[46] – “Aproximemo-nos, pois, confiadamente do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia”.

Francisco Varo

Tradução: Mônica Diez


[22] Ex 22, 25-26.

[23] Os 6,6.

[24] Gn 47,29.

[25] Cfr. Rm 11, 29.

[26] Francisco, Audiência, 13-I-2016.

[27] Francisco, Discurso, 18-X-2014.

[28] São Josemaria, É Cristo que passa, nº. 93.

[29] São Josemaria, Forja, nº. 192.

[30] Is 1,18

[31] Santo Agostinho, Confissões, X.23.33.

[32] Francisco, Audiência, 13-I-2016.

[33] I Jo 1,1.

[34] I Jo 1,4.

[35] Joseph Ratzinger, Homilia, Missa pro eligendo pontifice, 18-IV-2005.

[36] Amigos de Deus, n. 216.

[37] Lc 10, 33-35.

[38] Francisco, Homilia em Santa Marta, 22-X-2013.

[39] Cfr. Mc 2, 3-12.

[40] Cfr. Lc 7, 11-15.

[41] Cfr. Mt 14, 13-21; 15, 32-39.

[42] Francisco, Misericordiae vultus, n. 8.

[43] Lc 23, 41-42.

[44] Lc 23, 43.

[45] Francisco, Audiência, 20-II-2016.

[46] Cfr. Hb 4, 16.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br

Assis, a "Majestade" de Cimabue volta a resplandecer após restauração

Assis, a "Majestade" de Cimabue volta a resplandecer (Vatican News)

Apresentados os trabalhos cinquenta anos após a última restauração. O guardião do Sacro Convento Moroni: "Novo esplendor a uma imagem que não é apenas uma obra de arte, mas uma evocação altamente simbólica da figura e dos valores do próprio São Francisco".

Vatican News

Majestade de Assis retorna ao seu esplendor. Na sexta-feira, 16 de fevereiro, foi realizada uma coletiva de imprensa para a apresentação e o desvelamento do afresco de Nossa Senhora entronizada com o Menino, os Anjos e São Francisco de Cimabue, também conhecido como a Majestade de Assis, no final dos trabalhos de restauração realizados por uma equipe da Tecnireco dirigida pelo restaurador chefe da Basílica de São Francisco, professor Sergio Fusetti, graças à contribuição da casa automobilística Ferrari. O projeto de conservação começou em janeiro de 2023, cinquenta anos após a última intervenção, e levou um ano para ser concluído.

Datada entre 1285 e 1290 - a primeira realizada por Cimabue dentro da Basílica -, a obra está localizada no lado direito do transepto norte da igreja inferior da Basílica de São Francisco. O afresco é famoso não apenas por sua representação da Virgem entronizada, mas também pelo que se acredita ser um dos retratos mais antigos e confiáveis do próprio São Francisco, realizado, segundo a tradição, com base em indicações daqueles que o conheceram pessoalmente.

Assis, a "Majestade" de Cimabue volta a resplandecer (Vatican News)

O Guardião do Sacro Convento: novo esplendor à imagem

"Sou extremamente grato ao professor Fusetti e à equipe da Tecnireco e, naturalmente, à Ferrari", disse frei Marco Moroni, guardião do Sacro Convento, "pela sinergia que nos permitiu dar novo esplendor a uma imagem que não é apenas uma obra de arte, mas é – em primeiro lugar para nós franciscanos e para todos os devotos do Santo - uma evocação altamente simbólica da figura e dos valores do próprio São Francisco. Isso é particularmente significativo quando nos preparamos para o grande centenário franciscano de 2026, no qual celebraremos o 800º aniversário da Páscoa do Santo de Assis. O retrato de São Francisco, representado nessa obra-prima de Cimabue, nos remete necessariamente à sua figura histórica, que ainda hoje manifesta uma extraordinária atualidade e continua a ser uma fonte de profundas provocações para cada um de nós, para a Igreja e para o mundo inteiro".

Trabalho de conservação

Criado usando uma técnica seca, que é, portanto, menos resistente ao longo do tempo, desde o século XVI o afresco passou por inúmeras restaurações, após as quais sofreu modificações significativas, como no caso do rosto de São Francisco. Em 1973, a última intervenção foi realizada pelo Instituto Central de Restauração. No projeto que acaba de ser concluído, foram realizadas várias investigações com diversas técnicas e instrumentos não invasivos para analisar o estado de conservação da obra e os materiais utilizados nas restaurações anteriores. Portanto, foi decidido realizar um trabalho de conservação no afresco, removendo todas as restaurações anteriores. A intervenção seguiu o modelo do Instituto Central de Restauração de 1973 com uma abordagem menos invasiva, que buscou aprimorar a contribuição do artista e também se concentrou na consolidação do gesso da estrutura da parede.

Amplo projeto de manutenção

A restauração da Majestade de Cimabue faz parte de um projeto mais amplo de manutenção e conservação do patrimônio dentro da Basílica de São Francisco, que se tornou ainda mais necessário após os eventos sísmicos das últimas décadas e o risco de possíveis novos terremotos. Após este último trabalho apresentado, a restauração da Capela de Santo Estêvão, com afrescos de Dono Doni e Giacomo Giorgetti, está começando nestes dias.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

domingo, 18 de fevereiro de 2024

Reflexão para o I Domingo da Quaresma (B)

Evangelho do domingo (Vatican News)

Queridos irmãos, quando vivenciamos nosso dilúvio, através da imersão nas águas batismais, morremos para o pecado e recebemos a vida nova de filhos de Deus.

Padre Cesar Augusto; SJ - Vatican News

É possível em um ambiente corrompido, caótico, em ruína moral e física, haver restauração, desde que em seu meio exista alguém que opte pela vida e, permanentemente, rechace a morte. Isso é o que nos diz a primeira leitura deste domingo, ao nos contar a história de Noé e do dilúvio.

Deus, após o aparente triunfo do mal, com o surgimento do dilúvio, faz uma aliança com toda a criação, através da promessa dita a Noé, um homem de bem e temente a Deus. O Senhor se compromete a jamais permitir a destruição de suas criaturas e, como memória, coloca no firmamento, um sinal eloquente, o arco-íris.

No Evangelho, Jesus vive sua quaresma isto é, seu tempo de preparação mais próxima para vencer definitivamente o adversário. São quarenta dias que nos lembram os quarenta dias do dilúvio, os 40 dias que Moisés permaneceu no monte Sinai para receber os Dez Mandamentos, os 40 dias em que Elias permaneceu escondido na montanha. São quarenta, mas não exatamente 39 mais 01 e sim um tempo bíblico de reflexão e preparação.

Jesus foi conduzido pelo Espírito para esse tempo de luta. Ele havia recebido a força de Deus e estava preparado para o confronto com o adversário. Ele anuncia que o tempo já se cumpriu e que o Reino de Deus está próximo. E diz: “Convertam-se e creiam na Boa Nova”. Na verdade essa quaresma de Jesus, esse seu tempo de luta, vai durar toda sua vida.

Na segunda leitura, Paulo faz uma comparação entre a arca construída por Noé e o batismo adquirido pelo sangue do Senhor. Arca salvou as pessoas da destruição, o batismo, mais que nos salvar, nos torna pessoas novas, nos confere nova identidade, a de filhos de Deus.

Queridos irmãos ouvintes, quando vivenciamos nosso dilúvio, através da imersão nas águas batismais, morremos para o pecado e recebemos a vida nova de filhos de Deus.

O sinal eloquente que Deus nos deu foi a morte de seu filho na cruz e nossa adoção como filhos.      

A redenção da criação se deu quando, através desse fato, tudo deixou de ser profano e passou a ser sagrado, porque o Senhor da Vida, o Kyrios, assumiu nossa carne mortal e a eternizou. A matéria foi divinizada.

Pratiquemos o bem, deixemos que o sangue do Senhor vá inundando todo o nosso ser e destruindo aquilo que manifesta nossa caducidade. Que nossa vida, todo o nosso ser, seja plenificado pelo Espírito que preparou Jesus para a luta.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF