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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Roma sediará o “Dia das Catacumbas”, jornada de reflexão sobre os primeiros cristãos

Visita às catacumbas de São Sebastião, São Calisto e Santa Domitila (Daniel Ibáñez - EWTN News)

No sábado, 2 de março, as catacumbas de Roma, Itália, receberão o público para visitas guiadas gratuitas, oferecendo momentos de oração e contemplação. Este evento marca a 7ª edição do “Dia da Catacumba”, organizado pela Pontifícia Comissão para a Arqueologia Sagrada.

Num comunicado recente, a comissão informou que a celebração será nas sete catacumbas romanas abertas ao público: são Calisto (que contém os lugares de enterro dos papas entre os séculos II e IV), são Sebastião, Domitila, Priscila, santa Inês, são Pancracio e santos Marcellino, Pietro e o mausoléu de Sant'Elena.

As catacumbas de Roma, espalhadas por toda a cidade, são locais de enterro dos primeiros cristãos que foram escavados durante a perseguição cristã. Nestes locais repousam muitos dos primeiros papas, mártires e famílias cristãs.

O tema deste ano para o Dia da Catacumba é “Da ​​Memória à Oração”, que se alinha com o desejo do papa de dedicar um ano à oração em preparação para o Jubileu de 2025.

A comissão já destacou a importância da visita às catacumbas, pois é “uma experiência que oferece um encontro com as memórias e os testemunhos da primeira comunidade cristã de Roma”.

Também expressou que este tipo de experiência não pode deixar de provocar uma reflexão profunda e, para os crentes, “uma oração dirigida ao Senhor, Deus da vida e salvador, mas também aos mártires e a todos os que deram testemunho da sua fé”.

No dia 2 de março, mediante reserva, será possível aceder gratuitamente aos complexos subterrâneos e usufruir de visitas guiadas que lhe permitirão descobrir locais como o cubículo Velatio na Catacumba de Priscila, que remonta ao século III; bem como arte antiga que representa cenas do Antigo e do Novo Testamento.

A lista completa de atividades, incluindo concertos musicais, palestras e visitas guiadas, além de eventos infantis, pode ser consultada no site oficial do evento.

O dia terminará com uma missa celebrada por dom Pasquale Iacobone, presidente da Pontifícia Comissão para a Arqueologia Sagrada, na Basílica de São Silvestre, às 18h30 (horário local).

O que é a Pontifícia Comissão para a Arqueologia Sagrada?

Fundado em 1852 pelo papa Pio IX, é responsável pela preservação e proteção do patrimônio arqueológico religioso da Igreja, bem como pela organização de eventos e atividades relacionadas com a arqueologia sagrada. Esta comissão desempenha um papel crucial na gestão e promoção de locais como catacumbas, antigas basílicas, relíquias sagradas e outros locais de importância histórica e religiosa para a fé católica.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Exercícios Espirituais com o cardeal Cantalamessa (I)

Exercícios Espirituais - cardeal Cantalamessa (Vatican News)

A partir de segunda-feira, 19 de fevereiro, durante os próximos cinco dias, um minuto com o pregador da Casa Pontifícia para rezar com o Papa e a Cúria Romana através dos canais X, Facebook, Instagram e WhatsApp do Vatican News.

https://youtu.be/E8PGZszHJx4

Vatican News

No Ângelus de domingo, 18 de fevereiro, o Papa Francisco recordou que começaria na parte da tarde daquele dia os Exercícios Espirituais da Quaresma "com os colaboradores da Cúria" e convidou todos os fiéis "neste tempo de Quaresma e ao longo deste ano de preparação para o Jubileu, que é o Ano da Oração, a dedicar momentos específicos para se recolher na presença do Senhor".

O Vatican News propõe esta semana em suas redes sociais (X, Facebook, Instagram e WhatsApp) uma reflexão por dia do cardeal Raniero Cantalamessa, pregador da Casa Pontifícia: "Pediram-me para compartilhar com vocês, durante seis dias, uma reflexão de cerca de um minuto. Existem, no mundo, poucas palavras capazes de dizer em um minuto o suficiente para preencher um dia e, de fato, uma vida: aquelas que saem da boca de Jesus. Oferecerei a vocês uma de cada vez, pedindo-lhes que a 'mastiguem' durante todo o dia, como se fosse uma goma de mascar da alma", diz o cardeal capuchinho no primeiro vídeo divulgado na segunda-feira, 19 de fevereiro.

A reflexão do cardeal

A sua reflexão se concentra na pergunta: "O que vocês estão procurando?" Lembrem-se da sequência. Eles responderam: "Mestre, onde você mora?". E ele disse: "Venham e vocês verão!" (Jo 1, 38-39). Mas, neste momento, nos interessa apenas a pergunta de Jesus: "O que vocês estão procurando? Você já fez a si mesmo, irmão ou irmã ouvinte, a pergunta: "O que estou buscando na vida? Se não encontrar a resposta imediatamente, vou sugeri-la a você. Você busca o que todos buscam: felicidade! Antes de Freud, Santo Agostinho já tinha entendido isso: "Todos nós", dizia, "queremos ser felizes! Mas, ao contrário de Freud, ele também dava a razão para esse "impulso" universal: 'Tu nos fizeste para ti', diz ele a Deus no início das suas Confissões, 'e o nosso coração fica inquieto até que repouse em ti'. Examine-se, irmão ou irmã, e veja se a explicação para tantas das suas tristezas e inquietações não reside precisamente aqui, isto é, em ter procurado água em cisternas rachadas, e não na fonte de água viva que é Deus (cf. Jeremias 2, 13)".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Cadernos do Concílio - Volume 5

Cadernos do Concílio  (CNBB)

CADERNOS DO CONCÍLIO - VOLUME 5

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
 

“A Sagrada Escritura na vida da Igreja” 

Dando continuidade ao compêndio de livros sobre o Concílio Ecumênico Vaticano II, em preparação ao jubileu que a Igreja viverá no próximo ano e dos sessenta anos de encerramento do Concílio, hoje nos debruçaremos sobre o volume 5 dessa coleção que tem como tema: “A Sagrada Escritura na vida da Igreja”.  

A Sagrada Escritura sempre foi uma preocupação da Igreja, sobretudo ao longo do Concílio Ecumênico Vaticano II. Ao longo do Concílio foi discutido como o anúncio da Palavra de Deus pode chegar a todas as pessoas. “A Palavra se fez carne e habitou entre nós”, Jesus é a Palavra encarnada do Pai, Ele veio para ensinar aos homens o caminho do amor, da fraternidade e da paz.  

Após a ressurreição, no dia de Pentecostes, Jesus sopra sobre os discípulos o Espírito Santo e os envia em missão aos quatro cantos da terra para que anunciassem a Palavra de Deus. Os discípulos dariam continuidade a tudo aquilo que Jesus pregou, e dessa forma daria início a Igreja primitiva. Jesus não estaria mais presente fisicamente, mas por meio do anúncio da Palavra, Ele estaria presente espiritualmente. Depois dos discípulos, os padres da Igreja continuaram o anúncio da Palavra, até os dias de hoje.  

A Palavra de Deus é parte integrante da celebração Eucarística nos dias de hoje, ao longo da missa participamos de duas grandes mesas: A da Palavra e a da Eucaristia, primeiro nos alimentamos da Palavra para depois nos alimentarmos da mesa Eucarística. Podemos pegar como exemplo os discípulos de Emaús, que compreenderam tudo aquilo que aconteceu com Jesus após Ele lhes explicar as escrituras, e os olhos deles se abriram e reconheceram Jesus ao partir o pão. Por isso, temos que entender bem a Palavra que foi proclamada e explicada na homilia pelo sacerdote para que alimentados pela Palavra possamos comungar do Corpo e Sangue de Cristo.  

O Concílio Ecumênico Vaticano II discutiu bastante sobre a importância da Palavra de Deus na vida da Igreja, inclusive através da reforma litúrgica, considerando o anúncio da Palavra como parte integrante da missa, como dissemos acima. Inclusive ao longo do Concílio Ecumênico Vaticano II e como tratamos no volume 4 dessa coleção, os padres conciliares publicaram um documento chamado “Dei Verbum”, que tratava sobre a Palavra de Deus. Em 2010, quarenta e cinco anos depois, o Papa Bento XVI publicou o documento chamado “Verbum Domini”, em comemoração aos quarenta e cinco anos da publicação da “Dei Verbum”. Podemos dizer que a “Verbum Domini” é uma continuação da “Dei Verbum”, e o Papa Bento XVI quis ressaltar a importância da Palavra de Deus na vida da Igreja.  

Ao longo da “Verbum Domini” o saudoso Papa Bento XVI ressalta a importância da Palavra de Deus na liturgia e na vida da Igreja, inclusive reiterando que a Palavra de Deus é parte integrante na liturgia. O Papa diz que os fiéis devem escutar atentamente a Palavra proclamada e que a homilia do sacerdote deve focar nas leituras que foram proclamadas e deve ter um cunho catequético, para que os olhos de todos se abram e possam comungar da Eucaristia.  

O capítulo VI da “Dei Verbum” inspira o tema do volume 5 da coleção cadernos do Concílio: “A Sagrada Escritura na Vida Igreja”, o documento vai dizer que a Igreja venera as Sagradas Escrituras do mesmo modo que venera o próprio Corpo do Senhor. Reforça ainda a importância da Palavra de Deus na Sagrada Liturgia, conforme já dissemos, ao longo da celebração da missa participamos de duas grandes mesas: Palavra e o Corpo do Senhor, e temos que participar atentamente de cada uma.  

O Espírito Santo fala em nós e ajuda a abrir os olhos e o nosso coração para compreender aquilo que está dito nas Sagradas Escrituras. Por isso, antes de ler e meditar a Palavra é preciso pedir a luz e a sabedoria do Espírito Santo para o melhor entendimento dos textos Sagrados, pois ao lermos a Sagrada Escritura não estamos lendo qualquer livro, mas a Palavra de Deus revelada. Para anunciar a Palavra é preciso também pedir a luz e a sabedoria do Espírito Santo, por isso, Jesus soprou primeiro sobre os discípulos o Espírito Santo e depois os enviou em missão.  

O Espírito Santo acompanha a vida da Igreja até os dias de hoje, Ele abre os nossos olhos para reconhecer Jesus na Eucaristia a partir da Palavra que foi anunciada. A Palavra de Deus é viva e eficaz, e capaz de transformar a vida dos fiéis tornando-os mais santos. É preciso que todos os fiéis tenham acesso à Palavra de Deus: há muitas traduções da Bíblia que podem variar uma palavra ou outra, mas a Igreja nunca fugiu daquilo que está no original, e que vem do Grego, chamada de tradução dos Setenta.  

O documento trata ainda sobre não usar a Palavra de Deus de forma instrumental, ou seja, ela deve ser usada para o que de fato ela é designada: conduzir pessoas a Deus. A palavra de Deus deve visar a salvação do próximo e não a condenação. O Papa Francisco tem dito inúmeras vezes que não devemos julgar o próximo e nem nos sentirmos juízes dos outros, mas temos que, a partir da Palavra de Deus, anunciar a misericórdia e o perdão aos outros. Não podemos fazer uma leitura fundamentalista da Palavra de Deus, ou seja, interpretar de maneira equivocada o que ali está escrito, mas a partir da Palavra anunciar o amor de Deus aos outros.  

O documento reafirma ainda a importância de ler e meditar a Sagrada Escritura, sobretudo por parte dos bispos, padres, diáconos e religiosos. Além desses, os catequistas também devem meditar diariamente a Palavra, pois esses grupos se dedicam legitimamente ao ministério da Palavra e devem entregar-se assiduamente a leitura espiritual e ao estudo aprofundado das Escrituras. Dessa forma, para que possamos falar da Palavra de Deus para os outros, temos que ter o conhecimento daquilo que estamos falando.  

Nessa linha de pensamento, o que o documento quer dizer é que os bispos, sacerdotes e diáconos antes de proferirem a homilia ou a partilha da Palavra é necessário se preparar antes, ter o contato com as leituras que serão proclamadas, escrever se for preciso os pontos chaves, para que possa transmitir os conhecimentos que adquiriu com aquelas leituras. Do mesmo modo os catequistas, antes de passarem o conteúdo aos catequizandos, têm de se preparar antes, ter o contato com o tema que será apresentado e com a Palavra que será partilhada no dia, para que os catequizandos absorvam aquilo que será transmitido.  

A Palavra de Deus como um todo visa a Salvação do gênero humano, como observamos ao longo do Antigo Testamento, a história da salvação e aliança que Deus fez com o povo de Israel. Em Jesus, Deus sela uma nova e eterna aliança com a humanidade. O documento “Dei Verbum” tem muito ainda a ser estudado, e mesmo após cinquenta anos de sua publicação ele continua atual. A Palavra de Deus deve ter o seu lugar de destaque na vida da Igreja e na vida de cada batizado. Façamos diariamente a meditação da Palavra e transmitamos aquilo que de fato está contido nela. Ao participarmos da missa escutemos atentamente aquilo que a Palavra nos diz para podermos comungar da Eucaristia.  

Que o Espírito Santo nos ilumine e nos ajude a compreender todas as Palavras da Escritura e continue guiando a Igreja no caminho do bem. Amém.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

São Pedro Damião

São Pedro Damião (A12)
21 de fevereiro
São Pedro Damião

Pedro nasceu em Ravena, Itália, por volta de 1007, e era o último de sete filhos. Sofreu muito na infância, com a orfandade e maus tratos de alguns irmãos. Finalmente sob os cuidados do irmão primogênito, Damião, arcipreste em Ravena, recebeu cuidados e condições de estudar.

Como agradecimento, Pedro acrescentou o nome do irmão ao seu. Aos 21 anos, entrou para a Congregação dos Camaldulenses, fundada por São Romualdo. Buscou a vida de contemplação e solidão no convento de Fonte Avellana, nos confins da Úmbria. Em breve tornou-se diretor espiritual daquele grupo de eremitas, e sua fama difundiu-se rapidamente, sendo convidado como docente de Teologia e Direito Canônico em outros mosteiros. Em 1043 foi nomeado prior de Fonte Avellana, cargo que ocupou até o fim da vida.

Além do espírito contemplativo, Pedro também era muito rigoroso na ascese pessoal, e modificou para maior severidade a disciplina do clero e de mosteiros, muitos fundados por ele e seguindo com certas variações a reforma camaldulense.

É um dos grandes reformadores da vida monástica do século XI, junto a São Nilo, São Romualdo, etc. Desejava devolver o sentido da consagração total a Deus na vida religiosa, pela austeridade na solidão e penitência.

Mas a partir de 1046 a fama da sua santidade, sua cultura e prestígio na Itália e no Império chamaram a atenção de mais altas autoridades eclesiásticas, até que em 1057 foi feito Bispo e Cardeal de Óstia, próximo a Roma, e administrador da diocese de Gubio. O Papa Estêvão IX queria a sua ajuda para reformar o clero, pois na época a Igreja sofria com dois grandes males: a simonia, ou seja, a compra de cargos eclesiásticos com dinheiro ou favores temporais, um abuso imoral, que também colocava a hierarquia da Igreja sob o controle e arbítrio de pessoas sem qualquer vocação, espírito, competência, obediência ou escrúpulo religioso; e o nicolismo, quer dizer, a inobservância do celibato.

Efetivamente, São Pedro Damião auxiliou sete Papas, de Gregório VI (1045-1046) a Gregório VII (1073-1085), atuando através de vários escritos, como Legado Papal em delicadas missões, e como Bispo e Cardeal. Em todo este período combateu a simonia e o nicolismo; bispos corruptos; dois antipapas (Bento X que se opôs ao Papa Nicolau II e Honório II que se opôs ao Papa Alexandre II); a prepotência do arcebispo local sobre os monges da famosa abadia beneditina de Cluny na França; impediu o divórcio do rei Henrique IV do Sacro Império Romano-Germânico da sua virtuosa esposa Berta; combateu as investiduras (nomeação de bispos e abades), ilegais, do imperador Henrique IV da Alemanha; e reconciliou a população excomungada de Ravena, por ter apoiado o antipapa Honório II.

Além destes trabalhos, escreveu muitas obras, incluindo vários tratados (67 sobreviveram), cartas, sermões, preces, hinos e textos litúrgicos, pelo que foi proclamado Doutor da Igreja.

 Voltando da sua missão de reconciliação em Ravena, Pedro adoeceu perto de Faenza, e faleceu no mosteiro beneditino de Santa Maria em 21 de fevereiro de 1072.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A atividade de São Pedro Damião é impressionante, particularmente para quem tinha um espírito contemplativo e buscava preferencialmente a solidão. Mas uma parte da sua grandeza é justamente, por obediência, ter sabido abrir mão das suas preferências pessoais para servir à necessária reforma de que a Igreja carecia na época. Entre várias das suas missões, quando era possível, voltava ao convento de Fonte Avellana, e sem dúvida, nestas ocasiões, podia alimentar a alma com o silêncio e a meditação. Exemplo de que, por maiores e mais intensas que sejam nossas obrigações, só as podemos realizar bem buscando sempre o tempo necessário para estar na intimidade com Deus através da oração. Ação sem contemplação leva ao ativismo raso, que breve sofre as consequências da falta de direção a Deus, e tende necessariamente a se esvaziar de sentido e conteúdo, desvirtuando-se e levando ao cansaço, frustração e confusão. Nos piores casos, acaba afastando de Deus.

Oração:

Deus Pai, que buscais a nossa companhia com infinito amor, concedei-nos por São Pedro Damião o desejo sincero de estar sempre Convosco, e a partir desta convivência não poupar esforços para servir à Igreja, Vosso mesmo Corpo Místico, em tudo o que for necessário, começando pelo empenho da busca da nossa própria santidade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Convertei-vos e acreditai no Evangelho

Quaresma (YouTube)

Dom Paulo Cezar Costa

Cardeal Arcebispo de Brasília

Jesus, no Evangelho de hoje, (Mc 1, 12-15) exorta-nos à conversão e a crer no Evangelho. Papa Francisco explica-nos, com profundidade, este caminho: “Neste primeiro domingo da Quaresma, o Evangelho evoca os temas da tentação, da conversão e da Boa Nova. Escreve o evangelista Marcos: “E logo o Espírito impeliu Jesus para o deserto. Aí esteve quarenta dias. Foi tentado pelo demônio” (Mc 1, 12-13). Jesus vai ao deserto a fim de Se preparar para a sua missão no mundo. Ele não precisa de conversão, mas, sendo homem deve passar através desta provação, quer por Si mesmo – a fim de obedecer à vontade do Pai -, quer por nós, para nos doar a graça de vencer as tentações. Esta preparação consiste na luta contra o espírito do mal, ou seja, contra o diabo. Também para nós a Quaresma é um tempo de ‘agonismo’ espiritual: somos chamados a enfrentar o Maligno mediante a oração para sermos capazes, com a ajuda de Deus, de o  vencer na nossa vida quotidiana. Nós sabemos que o mal infelizmente age na nossa existência e à nossa volta, onde se manifestam violências, rejeição do outro, fechamentos, guerras, injustiças. Estas são todas obras do maligno, do mal.

            Imediatamente após as tentações no deserto, Jesus começa a pregar o Evangelho, ou seja, a Boa Nova , que -e a segunda palavra. A primeira era “tentação”; a segunda: “Boa Nova”. Esta boa notícia exige do homem conversão – terceira palavra – e fé. Ele anuncia: “O tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo”, depois dirige a exortação: “Convertei-vos e acreditai no Evangelho” (v. 15), isto é, acreditai nesta boa notícia que o reino de Deus está próximo. Na nossa vida temos sempre necessidade de conversão – todos os dias! -, e a Igreja faz-nos rezar por isso. Com efeito, nunca estamos suficientemente orientados para Deus e devemos dirigir constantemente a nossa mente e o nosso coração a Ele. Para fazer isto, é necessário ter coragem de rejeitar tudo o que nos leva por maus caminhos, os falsos valores que nos enganam atraindo de maneira sorrateira o nosso egoísmo. Ao contrário, devemos confiar no Senhor, na sua bondade e no seu desígnio de amor para cada um de nós. A Quaresma é um tempo de penitência, sim, mas não é um tempo triste! É um tempo de penitência, mas não é um tempo triste, de luto. É um compromisso jubiloso e sério para nos despojamos do nosso egoísmo, do homem velho, e nos renovamos segundo a graça do nosso Batismo.

            Somente Deus pode nos doar a verdadeira felicidade: é inútil que percamos o nosso tempo procurando alhures, nas riquezas, nos prazeres, no poder, na carreira... O reino de Deus é a realização de todas as nossas aspirações, porque é, ao mesmo tempo, salvação do homem e glória de Deus. Neste primeiro domingo da Quaresma, somos convidados a ouvir com atenção e a responder a este apelo de Jesus a converter-nos e a acreditar no Evangelho. Somos exortados a iniciar com empenho o caminho rumo à Páscoa, para acolher cada vez mais a graça de Deus, que quer transformar o mundo num reino de justiça, de paz, de fraternidade”.

(Papa Francisco, Angelus de 18 de fevereiro de 2018)

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Celibato, continência e castidade

Crédito: Presbíteros

Celibato, continência e castidade 

Celibato, continência e castidade… Três conceitos que facilmente são baralhados na linguagem quotidiana, tomados muitas vezes como sinônimos, mas que são, efetivamente, diferentes. Sua compreensão adequada é imprescindível para o direito canônico, pois, para cada uma destas figuras, existem consequências e efeitos jurídico-canônicos diversos, seja em relação à vida matrimonial, religiosa ou clerical. É impossível compreender retamente, por exemplo, a questão da possibilidade de homens casados se tornarem presbíteros (padres), ou mesmo o tema da validade do matrimônio não consumado, se a diferença entre estes conceitos não for estabelecida.

Para fazer esta distinção, valemo-nos, com adaptações, da excelente explicação que o canonista estadunidense Edward Peters dá sobre o tema, a qual tem o mérito de ser concisa e clara (o original em inglês pode ser consultado aqui).

Celibato é um estado de vida decorrente de uma escolha deliberada de não se casar. Não se configura pelo simples fato de estar solteiro por circunstâncias quaisquer não livremente escolhidas. É, na verdade, o estado de vida de um solteiro qualificado pela decisão livre de não se casar. Um jovem que deseja encontrar uma namorada para casar-se, enquanto não a encontra, ou, encontrando-a, enquanto ainda a namora, não é propriamente um celibatário, pois não escolheu deliberadamente o estado de vida de não casar-se, tanto é que busca encontrar alguém para sua esposa. A pessoa que, querendo casar-se, não encontra alguém que queira casar-se com ela, não é propriamente celibatária, pois tal decisão não é deliberada livremente, mas uma imposição das circunstâncias da vida.

Quando não há uma escolha deliberada por não se casar, é preferível dizer que a pessoa está ou é solteira, mas não que é celibatária. Solteiras são, por exemplo, as crianças (que poderão ou não desejar casar-se quando adultas), as pessoas que esperam casar-se ou se preparam para o casamento, a pessoa que ficou viúva após a morte do cônjuge e que aceitaria casar-se novamente.

A decisão pelo celibato (portanto, escolha livre e deliberada por este estado de vida) não necessita sempre ser por motivos nobres ou altruístas. Celibatário é tanto o sacerdote e o religioso que optam por este estilo de vida de modo a melhor se consagrar ao serviço de Deus e da Igreja como a pessoa que não deseja casar-se para não ter responsabilidades com outras pessoas ou para que não seja importunado em seu estilo de vida, bem como as pessoas viúvas que preferem fechar-se a um novo casamento após a morte do cônjuge ou aqueles que não se casam para se dedicar aos cuidados de parentes idosos ou enfermos. O essencial para configuração do celibato é a escolha deliberada por um estilo de vida que exclui o casamento por parte de uma pessoa que, se quisesse, poderia livremente optar pelo casamento (seja lá qual for a finalidade que se almeja com esta exclusão matrimonial). 

Continência, por sua vez, é a escolha deliberada por não praticar atos sexuais. A moral cristã exige a continência de todos aqueles que não se encontram casados, pois somente dentro do casamento é moralmente legítimo a prática de atos sexuais. Celibatária ou solteira, toda e qualquer pessoa que não seja casada, seja por opção ou não, é chamada à continência sexual, seja o rapaz que está namorando, a moça solteira, o padre, a freira, o monge, os viúvos etc. Historicamente, a Igreja Latina (a Igreja Católica do Ocidente, que segue o rito romano) também exigia do clero casado tal continência, apesar de serem casados, mas esta peculiar situação será tratada em outro post.

Para distinguir bem o celibato da continência, podemos formular um exemplo: um padre celibatário opta por não se casar e o próprio direito canônico o impede de contrair matrimônio sem a devida dispensa a partir de sua ordenação diaconal. Embora seja celibatário, pode acontecer de este padre nem sempre ser continente, pois pode vir, ocasionalmente, a praticar atos sexuais fora de um matrimônio (hipótese em que, obviamente, peca). Mas veja-se que o pecado não está propriamente na violação do celibato, mas sim da continência – o fato de ele praticar ato sexual com determinada pessoa não quer dizer necessariamente que ele deseje casar-se com ela ou abandonar o estado de vida celibatário. Significa apenas que o clérigo em questão foi incontinente, ou seja, não seguiu a continência sexual que a moral cristã exige de toda e qualquer pessoa não casada (seja clérigo celibatário, religioso ou leigo). A obrigação de manter-se continente, abstendo-se de atos sexuais, abarca a todos os cristão não casados, não somente a clérigos celibatários e religiosos.

Quanto aos casados, podem, por razões várias (razões espirituais, planejamento familiar natural, necessidade de viagem por período longo etc.), abster-se durante certos períodos da prática sexual, por livre decisão do casal. Em alguns casos, podem decidir-se (de comum acordo) por não manter mais relações sexuais. O exemplo máximo desta continência entre casados é o matrimônio entre a Virgem Ssma. e São José. Veja que ambos eram verdadeiramente e validamente casados (não eram celibatários), porém foram perfeitamente continentes dentro do matrimônio. Isto nos prova que ser celibatário e ser continente são coisas distintas. Obviamente, todo celibatário deve ser também continente, em razão do fato de que não se pode casar (e o cristão que não se casa, seja ele quem for, não deve praticar atos sexuais fora do casamento). Já o solteiro também deve ser continente, mas, se vier a se casar, poderá cessar esta continência. Os casados podem ser continentes por opção (não se lhes é exigida tal continência), desde que de comum acordo.

Por fim, a castidade é uma virtude por meio da qual a pessoa faz uso de sua faculdade sexual de modo adequado a seu estado de vida. Um cristão não casado (solteiro ou celibatário, não importa) será casto ao exercer a continência, isto é, ao não praticar atos sexuais precisamente por não ser casado, pois o seu estado de vida (não casado) assim o exige. Já a castidade entre casados não pode ser confundida com abstinência sexual. Os casados são castos tanto mantendo a prática sexual retamente ordenada entre si, como optando por abstinências periódicas ou por continência por prazo indeterminado (desde que de comum acordo). São formas distintas de se viver a castidade entre casados, mas jamais se pode dizer que a prática sexual retamente ordenada entre casados seja pecaminosa ou contrária à castidade. Pelo contrário, os casados, quando mantêm relações sexuais normais entre si, são tão castos quanto ao se absterem de sexo, pois a prática sexual é uma das formas adequadas de uso da faculdade ou potência sexual dentro do casamento.

Edward Peters finda sua explicação com uma lapidar conclusão: a Igreja ensina que todos são chamados a observar a castidade própria de seu estado de vida; a continência é exigida de todos os não casados (solteiros ou celibatários); e algumas pessoas solteiras, por motivos louváveis, optarão por não se casar e seguir o estado de vida celibatário, sendo que, em regra, na Igreja Latina (Ocidental), a opção pelo celibato é uma condição para ingresso na vida religiosa ou sacerdotal.

Padre Vítor Pimentel Pereira

Paróquia de N. Sra. do Paraíso dos Católicos Greco-melquitas

Fonte: https://presbiteros.org.br/

Dia Mundial da Justiça Social: Por que estamos aqui se não para servir à humanidade?

Migrantes tentando atravessar a fronteira (2023 Getty Images)

No Dia Mundial da Justiça Social, a secretária geral da CIDSE (Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e a Solidariedade) recorda que toda decisão e cada nova política implementada têm um impacto na vida e nos meios de subsistência de outras pessoas, e que as múltiplas crises que enfrentamos hoje estão interligadas.

Francesca Merlo - Vatican News

Justiça Social significa igualdade e dignidade para todos. Significa que um sistema é colocado em prática não apenas para proteger, mas para auxiliar nas escolhas que as pessoas fazem, além de criar um ambiente que as mantenha seguras e as ajude a prosperar. O Dia Mundial da Justiça Social é celebrado anualmente em 20 de fevereiro e sua observância tem como objetivo fazer exatamente isso: lembrar, a cada ano, da necessidade de construir sociedades mais justas e equitativas.

Uma crise múltipla 

Na linha de frente na batalha pela justiça social, a CIDSE (Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e a Solidariedade) é uma família internacional de organizações católicas de justiça social que trabalham juntas pela causa. Josaine Gauthier, secretária geral da CIDSE, explica que "as múltiplas crises com as quais lidamos no passado estão profundamente interconectadas”.

Hoje, o principal desafio que é enfrentado dentro desse âmbito, segundo Gauthier, "é a chamada pluri-crise: a perturbação climática, a extrema pobreza, a violência, a guerra e o conflito por recursos, gênero, desigualdade social e racial", diz a secretária, acrescentando que todas são desencadeadas por "desequilíbrios de poder e uma cultura de desperdício. Estamos reconhecendo que na verdade é apenas uma crise interconectada, com sua origem nas relações entre humanos e todo o resto da criação”.

Apelos do Papa Francisco

"A cultura do desperdício", como observa a Josaine, é um conceito frequentemente utilizado pelo Papa, que dedicou grande parte de seu pontificado a combater a indiferença global que causa injustiças. Em particular, Francisco apela continuamente pela proteção de nossa casa comum, ameaçada pelas mudanças climáticas, pelo zelo e acolhimento de migrantes e refugiados, e adverte contra o que descreve como "a globalização da indiferença", pedindo aos países mais ricos que tomem medidas concretas para ajudar os pobres.

Falando sobre migração, Gauthier observa que quando as pessoas são forçadas a deixar seu país de origem, porque é inabitável e não oferece futuro, "estamos enfrentando uma crise de nossa própria moralidade”.

"Como podemos permitir que outros seres humanos fujam de suas casas devido às nossas próprias escolhas políticas e econômicas que os afetam e depois os rejeitamos quando atravessam a fronteira e precisam de nossa solidariedade?" ela pergunta, e rapidamente completa: "É apenas uma questão de justiça!"

Trabalhar juntos, pensar em todos

Josaine Gauthier convida a todos a enxergar o Dia Mundial da Justiça Social como uma oportunidade única para "fazer uma pausa e refletir sobre como tratamos uns aos outros, como podemos construir relações mais justas uns com os outros e com a vida neste planeta, que é nossa casa comum”.

O apelo do Papa Francisco pela justiça social e pelos direitos humanos, segundo a secretária da CIDSE, é "extremamente relevante", e isso "deveria ser a mensagem mais importante e ressonante para os que estão envolvidos na política atualmente". Gauthier acredita que as políticas devem sempre estar ligadas e enraizadas em como afetam a vida das pessoas, de todos, diariamente, porque, acrescenta, "para que estamos aqui se não for para servir à humanidade e torná-la um lar acolhedor e justo para todos?”

Por fim, Josaine enfatiza que isso "é algo sério" e que trabalhar juntos, pensando em todos, é uma responsabilidade comum e coletiva, que "o Papa Francisco não se cansa de nos lembrar".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santos Francisco e Jacinta Marto

Santos Francisco e Jacinta Marto (A12)
20 de fevereiro
Santos Francisco e Jacinta Marto

Francisco e Jacinta Marto, dois irmãos portugueses nascidos no início do século XX, tornaram-se figuras proeminentes na história da Igreja Católica. Juntamente com sua prima Lúcia dos Santos, foram testemunhas das aparições de Nossa Senhora de Fátima em 1917. Essas aparições, ocorridas em Cova da Iria, marcaram o início de uma jornada espiritual extraordinária para os irmãos Marto.

Infância e Chamado Divino

Francisco nasceu em 1908 e Jacinta em 1910, em Aljustrel, Portugal. A partir de 1916, eles começaram a experienciar aparições angelicais que os prepararam para o encontro com Nossa Senhora.

Em 1917, a Virgem Maria apareceu a eles seis vezes, transmitindo mensagens de oração, penitência e a revelação de segredos. Francisco, conhecido por sua devoção e contemplação, buscava aprofundar sua conexão com Deus, enquanto Jacinta, com sua sensibilidade e amor ao próximo, dedicava-se à oração pelos pecadores.

Sofrimento e Santidade

Ambos os irmãos enfrentaram intensos sofrimentos físicos durante a pandemia de gripe espanhola em 1918. Francisco e Jacinta ofereceram suas dores em união com os ensinamentos da Virgem Maria, abraçando o sofrimento como um caminho para a conversão.

Francisco faleceu em 1919, enquanto Jacinta, que viveu um pouco mais, partiu para a eternidade em 1920. Seus corpos repousam agora na Basílica de Fátima.

Canonização e Legado Espiritual

Papa Francisco canonizou Francisco e Jacinta Marto em 2017, reconhecendo suas vidas como exemplos de santidade para os fiéis. Seu legado espiritual é marcado pela simplicidade, pureza e entrega total a Deus.

Os Santos Marto são um farol de esperança, inspirando muitos a abraçar a fé com a mesma intensidade e devoção que eles demonstraram em suas vidas, curtas, mas profundamente significativas.

Reflexão:

A espiritualidade dos Santos Francisco e Jacinta Marto destaca-se pela simplicidade, pureza de coração e uma entrega total a Deus. Sua disposição em acolher as mensagens celestiais e viver segundo os princípios da oração, penitência e amor ao próximo serve como um modelo inspirador para os cristãos. Eles nos lembram que a santidade está ao alcance de todos, independentemente da idade, e que a resposta ao chamado divino requer uma entrega confiante e amorosa.

Oração:

Ó Deus, que destes a Francisco e Jacinta Marto a graça de vos amar sob a inspiração de Nossa Senhora de Fátima, concedei-nos a graça de seguir o seu exemplo de humildade, pureza de coração e total confiança em Vós. Que possamos, assim como eles, buscar a santidade em nossas vidas diárias, cumprindo vossa vontade com alegria e devoção. Por intercessão dos Santos Francisco e Jacinta, pedimos que nos concedais as graças necessárias para vivermos uma vida conforme vosso divino querer. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

NAZARENO: Curado sem entrar na piscina (o paralítico de Betesda) - (30)

Nazareno (Vatican News)

Cap. 30 - Curado sem entrar na piscina (o paralítico de Betesda)


Jesus e os seus vão a Jerusalém para celebrar o Pentecostes. Na parte norte da Cidade Santa, um novo bairro estava sendo construído e havia uma piscina, chamada Betesda, onde corriam as águas de uma fonte subterrânea, à qual o povo atribuía um poder especial de cura. Toda vez que uma nova água borbulhava da fonte, os olhos da fé viam um anjo descer dela: naquele momento, multidões de pessoas doentes, cegas, aleijadas e paralíticas competiam para mergulhar nela, na esperança de receber a graça. Em um canto, jogado no chão como um saco de trapos, estava Jonas, um velho que sofria de paralisia, deitado em uma espécie de maca. Jesus, passando por ali, o vê: "você quer ser curado? A resposta não é um sim". "Senhor, não tenho ninguém para me mergulhar na piscina quando a água está agitada. Pois quando estou indo para lá, outro desce antes de mim." Jesus lhe diz: "levante-se, pegue sua maca e caminhe". E instantaneamente o homem foi curado. Ele pega a maca e vai ao templo para agradecer, mas os doutores da lei o impedem dizendo que é sábado e, portanto, não é permitido. A raiva deles se volta então para Jesus, que, por sua vez, os acusa de viverem de acordo com as formalidades e de não viverem com o coração a lei de Deus.

https://media.vaticannews.va/media/audio/s1/2024/02/16/11/137707092_F137707092.mp3

 Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Os Padres da Igreja (III)

Os Padres da Igreja (FASBAM)

Os Padres da Igreja (III)

Por Susana Costa Coutinho

OS CONCÍLIOS E AS HERESIAS

            Muitos “pais” da Igreja tiveram que enfrentar as heresias em seus tempos. Alguns, inclusive, coordenaram concílios que tiveram como objetivo exatamente refletir sobre as concepções errôneas que foram levantadas sobre a fé cristã. Com suas palavras, buscando o fundamento da Palavra de Deus, os “pais” da Igreja procuraram defender as verdades da fé. Eles buscaram mostrar os erros  e orientaram a comunidade cristã a não seguir os “falsos profetas”. No período da patrística, foram realizados quatro concílios que visavam a consertar as heresias de suas épocas. Os concílios eram reuniões de bispos , presididas pelo bispo de Roma, o papa. Lembramos que os nomes dos concílios são referentes aos lugares onde foram realizados.

            - O Concílio de Niceia, em 325, refletiu sobre a divindade de Cristo e teve a participação importante de Atanásio, defendia que Jesus não teve um “começo”, sendo gerado pelo Pai a partir de seu próprio ser (“gerado, não criado, consubstancial ao Pai”).  De outro lado, Ario defendia que Jesus teve começo e foi criado do nada. Como sabemos, a tese defendida por Atanásio e Alexandre foi assumida pela Igreja e, como Ário não abriu mão de sua ideia, saiu do concílio com seu grupo, deixando também a unidade da Igreja. Seu movimento ficou conhecido como arianismo.

            - O Concílio de Constantinopla, em 381, teve como tema central a divindade do Espírito Santo. É que um grupo de cristãos da Macedônia defendia que o Espírito Santo não era divino. O concílio concluiu que a segunda pessoa da Santíssima Trindade “é o Senhor, o Doador da vida que procede do Pai, com o Pai e o Filho é adorado e glorificado”. Foi nesse concílio, contemplando o que já havia sido concluído em Niceia, que se formou o Credo Niceno-constantinopolitano, e que se condenou o arianismo. Importante foi a presença de Gregório Nazianzeno.

            Em 431, foi realizado o Concílio de Éfeso. É que, entre outras coisas, naquele momento, o patriarca de Constantinopla Nestório estava divulgando seus ensinamentos sobre Cristo e Maria. Para ele, Cristo não seria uma pessoa única, havendo nele, de forma distinta, as duas naturezas, a humana e a divina. Maria deveria ser chamada de Christotokos (portadora de Cristo). Essas concepções ficaram conhecidas como nestorianismo. Mas o concílio chegou a outra conclusão. Defendida por Cirilo de Alexandria, a de que, em Jesus, há a união perfeita e inseparável das naturezas divina e humana e, portanto, Maria é a Mãe de Deus, Theotokos (em grego).

            Em 451, o Concílio de Calcedônia refletiu sobre as duas naturezas na única pessoa de Cristo. Parecia haver entendimentos de que a natureza humana seria “enfraquecida” diante da divina. Ao final, o Concílio de Calcedônia afirmou que Jesus é “perfeito tanto na divindade quanto na humanidade; esse mesmo é, na verdade, Deus e realmente homem”. Entre trocas de acusações de um grupo e outro, de Alexandria e Constantinopla, e outras questões, infelizmente, a Igreja se dividiu, o que se conhece como cisma: de um lado, a sede de Jerusalém (Oriente) e de outro, a de Constantinopla (Ocidente).

            Outra frente de “combate” nessa época, foi a busca pela unidade da Igreja. Com tantas concepções divergentes e com interesses pessoais e de grupos em liderar a Igreja, havia também as tendências cismáticas (separação). Mas, isso não foi novidade para as comunidades cristãs. As diferenças de concepções sobre a Igreja, por exemplo, existiram desde a época dos Apóstolos. Como sempre, o importante aqui é como se busca a comunhão entre cristãos e cristãs. Buscava-se o discernimento entre o que poderia ser diferente, sem a quebra da unidade, e o que poderia, de fato, quebrar a unidade cristã. Daí a famosa frase atribuída a Santo Agostinho: “No essencial, unidade; no não essencial, liberdade”.

Revista Ecoanda – Ano 18 – nº 71 – Setembro/Novembro – 2020 – Págs. 18/19.

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF