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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

A amizade no magistério da Igreja

Magistério da Igreja (Wikipédia)

A AMIZADE NO MAGISTÉRIO DA IGREJA

Dom Antonio de Assis Ribeiro
Bispo Auxiliar de Belém (PA) 

A AMIZADE NO MAGISTÉRIO DA IGREJA (Parte 3) 

O tema da Campanha da Fraternidade deste ano 2024, nos propõe o exercício da reflexão e vivência da Amizade Social e também nos convida a aprofundar o sentido da amizade em si e a sensibilidade da Igreja para com essa experiência humana tão significativa. Na verdade, por se tratar de um nobre valor humano, a Igreja sempre insistiu na promoção da Amizade em todos os contextos.  

Na encíclica Rerum Novarum do Papa Leão XIII (1891), o sumo pontífice estimulou um justo tratamento das relações trabalhistas entre patrões e operários e afirmou que a Igreja, instruída e dirigida por Jesus Cristo, eleva o seu olhar para o alto e, por isso, ambiciona estreitar a união das duas classes até uni-las por laços de verdadeira amizade. A caridade promove a diminuição do abismo causado pelo orgulho e contribui para a amizade que une as classes (cf. RN, 11.14). 

O Papa Pio XI (1931) na Encíclica Quadragesimo Anno, sobre a restauração e aperfeiçoamento da ordem Social, afirma que a Igreja inspirada no Evangelho deseja suavizar as relações, tirando-lhes as asperezas (cf. QA,1). A restauração da ordem Social pressupõe a harmonia entre as profissões e relações de vizinhança entre muitos sujeitos (cf. QA,5).  

Na Encíclica Pacem in Terris do Papa João XXIII (1963), sobre a promoção da Paz e da justiça para todos os povos, o sumo pontífice afirma a necessidade do respeito à dignidade humana como princípio fundamental para a convivência humana bem constituída e eficiente. “E se contemplarmos a dignidade da pessoa humana à luz das verdades reveladas, não poderemos deixar de tê-la em estima incomparavelmente maior. Trata-se, com efeito, de pessoas remidas pelo Sangue de Cristo, as quais com a graça se tornaram filhas e amigas de Deus, herdeiras da glória eterna” (PT,10). 

Na carta Encíclica Dominum et Vivificantem (1986), sobre o Espírito Santo na vida da Igreja e do mundo, João Paulo II nos apresenta-o como o Amor, eterno Dom incriado que nos chama à amizade, na qual as transcendentes profundezas de Deus, são abertas, de algum modo, à participação por parte do homem. O Deus invisível na riqueza do seu amor, fala aos homens como a amigos (cf. DetV, 34). O Espírito Santo é a fonte da autêntica e verdadeira Amizade.

Em 1987 na Encíclica Sollicitudo Rei Socialis, João Paulo II lamenta a constatação de ver o mundo dividido em blocos onde cada um corre atrás dos seus interesses, sendo um deles a corrida armamentista que impede o desenvolvimento do “impulso de cooperação solidária de todos para o bem comum do gênero humano” que deveria promover um diálogo profícuo e de uma verdadeira colaboração para a paz (cf. SRS, 122). 

Na Encíclica Evangelium Vitae, João Paulo II (1995), reflete sobre a importância do Amor à vida, que é a dimensão bioética da amizade. O Papa afirma: “em profunda comunhão com cada irmão e irmã na fé e animado por sincera amizade para com todos, quero meditar de novo e anunciar o Evangelho da vida…” (EV, 6). O Evangelho da Vida gera relações de amizade e convoca todos os membros da Igreja para que cresçam na justiça e a solidariedade e se afirme uma nova cultura da vida humana. O materialismo gera um grande empobrecimento das relações interpessoais, e conclui: “o critério próprio da dignidade pessoal — isto é, o do respeito, do altruísmo e do serviço — é substituído pelo critério da eficiência, do funcional e da utilidade: o outro é apreciado não por aquilo que «é», mas por aquilo que «tem, faz e rende” (EV, 23). A formação da consciência ajuda o homem a crescer no respeito à vida formando-o para as justas relações interpessoais (cf. EV, 97). 

A amizade é um importante elemento no relacionamento matrimonial; mas o casal deve estar atento com as falsas e prejudiciais amizades com terceiros que pode ameaçar o vínculo matrimonial (cf. Pio XI. Casti Connubii, 1930, N. 26). Na Encíclica Familiaris Consortio (1981), a experiência da Amizade pessoal está na base que sustenta as relações conjugais (cf. FC,25).

São João Paulo II, na Pastores Dabo Vobis (1992), fala da necessidade da educação para o amor responsável e a maturidade afetiva como condições fundamentais para a vivência do celibato pois capacitam a pessoa para ser capaz de relações humanas, serena amizade e de profunda fraternidade. O diretor espiritual deve ajudar o seminarista para que chegue a uma decisão madura, livre, fundamentada na estima da amizade sacerdotal e da autodisciplina (cf. PDV, 50). Os candidatos ao sacerdócio devem ser ajudados através de uma “adequada educação para a verdadeira amizade, à imagem dos vínculos de fraterno afeto que o próprio Cristo viveu na sua existência (cf. PDV, 60). “O ambiente do Seminário Maior deve tender a tornar-se uma comunidade impregnada de uma profunda amizade e caridade de modo a poder ser considerada uma verdadeira família, que vive na alegria” (PDV, 60).

João Paulo II, na Exortação Apostólica pós-sinodal Vita Consecrata (1996), sobre a vida consagrada e a sua missão na Igreja e no mundo, recorda aos consagrados que amizade espiritual ligou na terra diversos fundadores e fundadoras (cf. VC, 52). Falando da abertura dos institutos afirma que são chamados à experiência do conhecimento mútuo, o respeito e a caridade recíproca; ainda podem cultivar oportunas formas de diálogo, caracterizadas por amizade cordial, recíproca sinceridade e até com os ambientes monásticos de outras religiões (cf. VC, 102).

Na Encíclica Fides et Ratio (1998) de João Paulo II sobre as relações entre fé e razão, fala que a razão nas suas buscas tem necessidade de ser apoiada por um diálogo confiante e uma amizade sincera, pois “a amizade é um dos contextos mais adequados para o reto filosofar”. “O ser humano está sempre em busca da verdade e busca duma pessoa em quem poder confiar” (FR, 33); citando Santo Tomás de Aquino afirma que fé e razão estão unidas com laços de amizade recíproca que conserva os direitos próprios de cada uma e salvaguarda a sua dignidade (cf. FR, 57).

Na carta Encíclica Deus Caritas Est (2005), o Papa Bento XVI nos recorda que no começo da vida cristã está a experiência de um encontro de Amor: «Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo» (DCE, 1).

O Papa Bento XVI, na Carta encíclica Caritas in Veritate (2009), afirma que “a doutrina social da Igreja considera possível viver relações autenticamente humanas de amizade e camaradagem, de solidariedade e reciprocidade, mesmo no âmbito da atividade econômica e não apenas fora dela ou “depois” dela” (CV,36). De fato, a atividade econômica não é eticamente neutra e nem de natureza antissocial (cf. CV,36). O mesmo documento, fala da amizade cívica e sua dimensão ecológica. “Toda lesão da solidariedade e da amizade cívica provoca danos ambientais, assim como a degradação ambiental por sua vez gera insatisfação nas relações sociais” (CV,51). “A paz dos povos e entre os povos permitiria também uma maior preservação da natureza” (CV, 51). (No próximo texto refletiremos sobre a amizade no magistério do Papa Francisco).


Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Exercícios Espirituais com o cardeal Cantalamessa (II)

Exercícios Espirituais - Cardeal Cantalamessa (Vatican News)

De 19 a 24 de fevereiro, é proposto um minuto com o pregador da Casa Pontifícia para rezar com o Papa e a Cúria Romana por meio das redes sociais do Vatican News.

Vatican News

Nesta semana em que o Papa Francisco e seus colaboradores da Cúria Romana estão fazendo os Exercícios Espirituais da Quaresma, o Vatican News propõe em suas redes sociais X, Facebook, Instagram e WhatsApp uma reflexão por dia, de 19 a 24 de fevereiro, do pregador da Casa Pontifícia, cardeal Raniero Cantalamessa.

"Pediram-me para compartilhar com vocês, durante seis dias, uma reflexão de cerca de um minuto. Existem, no mundo, poucas palavras capazes de dizer em um minuto o suficiente para preencher um dia e, de fato, uma vida: aquelas que saem da boca de Jesus. Oferecerei a vocês uma de cada vez, pedindo-lhes que a 'mastiguem' durante todo o dia, como se fosse uma goma de mascar da alma", disse o cardeal Cantalamessa.

A reflexão do cardeal

As palavras de Jesus no Evangelho são de altíssimo "teor". Devem ser saboreadas em gotas. A "gota" de hoje é a palavra que Jesus disse a Marta atarefada em muitas coisas: "Marta, Marta! Uma só coisa é necessária" (Lucas 10, 42).

Esta palavra agora é dirigida a cada um de nós. Uma só coisa é necessária! Se tiver esta única coisa, tem tudo, se não tiver, não tem nada. O que é esta única coisa necessária a deixarei dizer por um grande filósofo e fiel do século XIX, Søren Kierkegaard, para que não se pense que o dizemos só nós pregadores.

"Fala-se muito de vidas desperdiçadas. Mas desperdiçada é somente a vida daquele homem, e eu acrescento daquela mulher, que assim a deixava passar enganado pelas alegrias da vida e suas preocupações, jamais percebeu que existe um Deus e que ele, exatamente ele, está diante deste Deus". O que é a única coisa necessária, porém, Jesus a tinha dito primeiro com duas parábolas. É o tesouro escondido pelo qual vale a pena vender tudo; é a pérola preciosa pela qual convém desfazer-se de todas as pérolas. A única coisa necessária é o Reino de Deus, isto é, Deus!

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Margarida de Cortona

Santa Margarida de Cortona (A12)

22 de fevereiro

Santa Margarida de Cortona

Margarida nasceu em Alviano, Itália, ano de 1247. Aos oito anos ficou órfã de mãe, que lhe havia ensinado rudimentos da Fé, e a desorientação do pai e da madrasta na sua educação, com más influências, a levaram às tentações chamativas mas sem sentido do mundo. Aos 16 de idade, bela, atraente, jovial e expansiva, deixou a casa para juntar-se ilicitamente com um jovem.

Assim viveu nove anos, quando seu companheiro, viajando a negócios, foi assaltado e morto. Seu corpo, ao ser finalmente encontrado, já estava em adiantado estado de decomposição. Diante da realidade da putrefação física, Margarida, abalada, passou a considerar a finitude e fugacidade da vida material, a insegurança e instabilidade dos amores e garantias terrenos, a futilidade e vazio das vaidades em que vivia. A semente de religiosidade cristã que a mãe plantara na sua primeira infância então desabrochou.

Seguindo um impulso interior, foi para a cidade vizinha de Cortona, buscando o convento franciscano para confissão e orientação espiritual. Recebeu entre lágrimas o perdão dos pecados, e pediu para ser admitida, como penitente, na Ordem Terceira franciscana. Foi aceita, mas somente depois de dar provas de constância nestes bons propósitos: a Igreja procura ser prudente para não deixar que apenas fortes emoções sejam motivo para que se assumam responsabilidades, sem as verdadeiras condições de cumpri-las. Assim, aceitou viver três anos num regime de retiro e penitência.

Só se alimentava de pão e água, disciplinava e mortificava o corpo diariamente, passava grande parte da noite em oração, dormia no chão e tinha por travesseiro uma pedra. Entrando para a Ordem Terceira, continuou levando uma vida de austeras penitências e constante oração. Aceitava com humildade e paciência os sofrimentos que Deus lhe permitia padecer, e a meditação da Paixão e Morte de Cristo nela despertou o desejo de penas cada vez maiores, com Ele e por Ele. Teve muitas tribulações interiores, vencidas pela orientação espiritual do seu confessor, orações perseverantes e firme confiança na misericórdia divina.

 Sua vida espiritual foi se fortalecendo cada vez mais, a par com a sua purificação pelos sofrimentos e penitências. Faleceu em 1297, e seu corpo se conserva milagrosamente intacto.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Nem todos os que sofrem, na infância e juventude, com as más orientações que afastam de Deus têm a felicidade de uma conversão tão grande como a de Santa Margarida; mas todos os que, principalmente na infância, recebem as bases do amor a Deus podem, em qualquer fase da vida, desenvolvê-la… donde se evidencia a importância primordial na boa formação religiosa das crianças, e no perigo e monstruosidade de negligenciar a espiritualidade na educação. Sinal do quão foi agradável a Deus a vida de arrependimento de Santa Margarida é a incorruptibilidade do seu corpo. Ele está milagrosamente intacto: mas também no sentido de que, intactos do pecado, a alma e o corpo serão perfeitos no Céu; Margarida não sofreu a decomposição do corpo nem a putrefação da alma, por causa do seu zelo no arrependimento, nas penitências, nas orações e na confiança na misericórdia de Deus. Sempre podemos e devemos sinceramente nos arrepender dos pecados, pois somos imperfeitos, mas nunca deixará de nos acolher a misericórdia amorosa de Deus.

Oração:

Pai de amor, cuja bondade quer sempre nos perdoar, dai-nos a graça da sincera e perseverante conversão ao longo de toda a vida, por intercessão de Santa Margarida de Cortona, para que o pranto pelos nossos pecados na Terra sejam transformados na alegria infinita do Céu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Das Demonstrações de Afraates, bispo

A circuncisão do coração (iCatólica)

Das Demonstrações de Afraates, bispo

(Dem. 11, De circumcisione, 11-12:PS 1,498-503)             (Séc. IV)

A circuncisão do coração

A lei e a aliança foram totalmente mudadas. Primeiramente Deus substituiu o pacto com Adão por outro que estabeleceu com Noé; e ainda estabeleceu outro com Abraão, substituindo-o depois por um novo, feito com Moisés. Como a aliança mosaica não era observada, ao chegar a plenitude dos tempos, Deus firmou uma aliança que não seria mais mudada. Com efeito, a Adão Deus ordenara não comer da árvore da vida, a Noé dera o arco-íris, a Abraão, já escolhido por causa da sua fé, deu mais tarde a circuncisão, como sinal característico de seus descendentes; a Moisés deu o cordeiro pascal para ser imolado como propiciação pelo povo.

Todas essas alianças eram diferentes umas das outras. Mas a circuncisão que agrada ao autor de todas elas é aquela de que fala Jeremias: Circuncidai o vosso coração (Jr 4,4). Pois se o pacto estabelecido por Deus com Abraão foi firme, também este é firme e imutável e não seria possível estabelecer depois outra lei, seja por parte dos que estão fora da Lei ou dos que a ela estão submetidos.

O Senhor deu a lei a Moisés, com todas as suas observâncias e preceitos; como não cumpriram, anulou a lei e seus preceitos e prometeu fazer uma nova aliança, que seria, como disse, diferente da primeira, embora fosse um só o doador de ambas. E é esta a aliança que prometeu dar: Todos se reconhecerão, do menor ao maior deles (Jr 31,34). Nessa aliança não há mais a circuncisão da carne como sinal de pertença a seu povo.

Sabemos com certeza, caríssimos irmãos, que durante várias gerações Deus estabeleceu leis que estiveram em vigor enquanto foi de seu agrado, e que mais tarde caíram em desuso, como disse o Apóstolo: “No passado, o reino de Deus assumiu formas diversas, segundo os diversos tempos”.

O nosso Deus é veraz e os seus preceitos são fidelíssimos. Por isso, cada uma das alianças foi em seu tempo firme e verdadeira. Agora, os circuncisos de coração têm a vida por meio da nova circuncisão que se realiza no verdadeiro Jordão, isto é, por meio do batismo para a remissão dos pecados.

Josué, filho de Nun, com uma faca de pedra circuncidou o povo pela segunda vez, quando ele e seu povo atravessaram o rio Jordão. Jesus, nosso Salvador, circuncidou pela segunda vez, com a circuncisão do coração, os povos que nele creram purificados pelo batismo e circuncidados com a espada que é a palavra de Deus, mais cortante do que qualquer espada de dois gumes (Hb 4,12).

Josué, filho de Nun, introduziu o povo na terra da promissão; Jesus, nosso Salvador, prometeu a terra da vida a todos que atravessassem o Jordão, cressem nele e fossem circuncidados no coração.

Felizes, portanto, os que foram circuncidados em seu coração e renasceram das águas da segunda circuncisão! Estes receberão a herança prometida, juntamente com Abraão, guia fiel e pai de todos os povos, porque a sua fé lhe foi atribuída como justiça.

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

Roma sediará o “Dia das Catacumbas”, jornada de reflexão sobre os primeiros cristãos

Visita às catacumbas de São Sebastião, São Calisto e Santa Domitila (Daniel Ibáñez - EWTN News)

No sábado, 2 de março, as catacumbas de Roma, Itália, receberão o público para visitas guiadas gratuitas, oferecendo momentos de oração e contemplação. Este evento marca a 7ª edição do “Dia da Catacumba”, organizado pela Pontifícia Comissão para a Arqueologia Sagrada.

Num comunicado recente, a comissão informou que a celebração será nas sete catacumbas romanas abertas ao público: são Calisto (que contém os lugares de enterro dos papas entre os séculos II e IV), são Sebastião, Domitila, Priscila, santa Inês, são Pancracio e santos Marcellino, Pietro e o mausoléu de Sant'Elena.

As catacumbas de Roma, espalhadas por toda a cidade, são locais de enterro dos primeiros cristãos que foram escavados durante a perseguição cristã. Nestes locais repousam muitos dos primeiros papas, mártires e famílias cristãs.

O tema deste ano para o Dia da Catacumba é “Da ​​Memória à Oração”, que se alinha com o desejo do papa de dedicar um ano à oração em preparação para o Jubileu de 2025.

A comissão já destacou a importância da visita às catacumbas, pois é “uma experiência que oferece um encontro com as memórias e os testemunhos da primeira comunidade cristã de Roma”.

Também expressou que este tipo de experiência não pode deixar de provocar uma reflexão profunda e, para os crentes, “uma oração dirigida ao Senhor, Deus da vida e salvador, mas também aos mártires e a todos os que deram testemunho da sua fé”.

No dia 2 de março, mediante reserva, será possível aceder gratuitamente aos complexos subterrâneos e usufruir de visitas guiadas que lhe permitirão descobrir locais como o cubículo Velatio na Catacumba de Priscila, que remonta ao século III; bem como arte antiga que representa cenas do Antigo e do Novo Testamento.

A lista completa de atividades, incluindo concertos musicais, palestras e visitas guiadas, além de eventos infantis, pode ser consultada no site oficial do evento.

O dia terminará com uma missa celebrada por dom Pasquale Iacobone, presidente da Pontifícia Comissão para a Arqueologia Sagrada, na Basílica de São Silvestre, às 18h30 (horário local).

O que é a Pontifícia Comissão para a Arqueologia Sagrada?

Fundado em 1852 pelo papa Pio IX, é responsável pela preservação e proteção do patrimônio arqueológico religioso da Igreja, bem como pela organização de eventos e atividades relacionadas com a arqueologia sagrada. Esta comissão desempenha um papel crucial na gestão e promoção de locais como catacumbas, antigas basílicas, relíquias sagradas e outros locais de importância histórica e religiosa para a fé católica.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Exercícios Espirituais com o cardeal Cantalamessa (I)

Exercícios Espirituais - cardeal Cantalamessa (Vatican News)

A partir de segunda-feira, 19 de fevereiro, durante os próximos cinco dias, um minuto com o pregador da Casa Pontifícia para rezar com o Papa e a Cúria Romana através dos canais X, Facebook, Instagram e WhatsApp do Vatican News.

https://youtu.be/E8PGZszHJx4

Vatican News

No Ângelus de domingo, 18 de fevereiro, o Papa Francisco recordou que começaria na parte da tarde daquele dia os Exercícios Espirituais da Quaresma "com os colaboradores da Cúria" e convidou todos os fiéis "neste tempo de Quaresma e ao longo deste ano de preparação para o Jubileu, que é o Ano da Oração, a dedicar momentos específicos para se recolher na presença do Senhor".

O Vatican News propõe esta semana em suas redes sociais (X, Facebook, Instagram e WhatsApp) uma reflexão por dia do cardeal Raniero Cantalamessa, pregador da Casa Pontifícia: "Pediram-me para compartilhar com vocês, durante seis dias, uma reflexão de cerca de um minuto. Existem, no mundo, poucas palavras capazes de dizer em um minuto o suficiente para preencher um dia e, de fato, uma vida: aquelas que saem da boca de Jesus. Oferecerei a vocês uma de cada vez, pedindo-lhes que a 'mastiguem' durante todo o dia, como se fosse uma goma de mascar da alma", diz o cardeal capuchinho no primeiro vídeo divulgado na segunda-feira, 19 de fevereiro.

A reflexão do cardeal

A sua reflexão se concentra na pergunta: "O que vocês estão procurando?" Lembrem-se da sequência. Eles responderam: "Mestre, onde você mora?". E ele disse: "Venham e vocês verão!" (Jo 1, 38-39). Mas, neste momento, nos interessa apenas a pergunta de Jesus: "O que vocês estão procurando? Você já fez a si mesmo, irmão ou irmã ouvinte, a pergunta: "O que estou buscando na vida? Se não encontrar a resposta imediatamente, vou sugeri-la a você. Você busca o que todos buscam: felicidade! Antes de Freud, Santo Agostinho já tinha entendido isso: "Todos nós", dizia, "queremos ser felizes! Mas, ao contrário de Freud, ele também dava a razão para esse "impulso" universal: 'Tu nos fizeste para ti', diz ele a Deus no início das suas Confissões, 'e o nosso coração fica inquieto até que repouse em ti'. Examine-se, irmão ou irmã, e veja se a explicação para tantas das suas tristezas e inquietações não reside precisamente aqui, isto é, em ter procurado água em cisternas rachadas, e não na fonte de água viva que é Deus (cf. Jeremias 2, 13)".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Cadernos do Concílio - Volume 5

Cadernos do Concílio  (CNBB)

CADERNOS DO CONCÍLIO - VOLUME 5

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
 

“A Sagrada Escritura na vida da Igreja” 

Dando continuidade ao compêndio de livros sobre o Concílio Ecumênico Vaticano II, em preparação ao jubileu que a Igreja viverá no próximo ano e dos sessenta anos de encerramento do Concílio, hoje nos debruçaremos sobre o volume 5 dessa coleção que tem como tema: “A Sagrada Escritura na vida da Igreja”.  

A Sagrada Escritura sempre foi uma preocupação da Igreja, sobretudo ao longo do Concílio Ecumênico Vaticano II. Ao longo do Concílio foi discutido como o anúncio da Palavra de Deus pode chegar a todas as pessoas. “A Palavra se fez carne e habitou entre nós”, Jesus é a Palavra encarnada do Pai, Ele veio para ensinar aos homens o caminho do amor, da fraternidade e da paz.  

Após a ressurreição, no dia de Pentecostes, Jesus sopra sobre os discípulos o Espírito Santo e os envia em missão aos quatro cantos da terra para que anunciassem a Palavra de Deus. Os discípulos dariam continuidade a tudo aquilo que Jesus pregou, e dessa forma daria início a Igreja primitiva. Jesus não estaria mais presente fisicamente, mas por meio do anúncio da Palavra, Ele estaria presente espiritualmente. Depois dos discípulos, os padres da Igreja continuaram o anúncio da Palavra, até os dias de hoje.  

A Palavra de Deus é parte integrante da celebração Eucarística nos dias de hoje, ao longo da missa participamos de duas grandes mesas: A da Palavra e a da Eucaristia, primeiro nos alimentamos da Palavra para depois nos alimentarmos da mesa Eucarística. Podemos pegar como exemplo os discípulos de Emaús, que compreenderam tudo aquilo que aconteceu com Jesus após Ele lhes explicar as escrituras, e os olhos deles se abriram e reconheceram Jesus ao partir o pão. Por isso, temos que entender bem a Palavra que foi proclamada e explicada na homilia pelo sacerdote para que alimentados pela Palavra possamos comungar do Corpo e Sangue de Cristo.  

O Concílio Ecumênico Vaticano II discutiu bastante sobre a importância da Palavra de Deus na vida da Igreja, inclusive através da reforma litúrgica, considerando o anúncio da Palavra como parte integrante da missa, como dissemos acima. Inclusive ao longo do Concílio Ecumênico Vaticano II e como tratamos no volume 4 dessa coleção, os padres conciliares publicaram um documento chamado “Dei Verbum”, que tratava sobre a Palavra de Deus. Em 2010, quarenta e cinco anos depois, o Papa Bento XVI publicou o documento chamado “Verbum Domini”, em comemoração aos quarenta e cinco anos da publicação da “Dei Verbum”. Podemos dizer que a “Verbum Domini” é uma continuação da “Dei Verbum”, e o Papa Bento XVI quis ressaltar a importância da Palavra de Deus na vida da Igreja.  

Ao longo da “Verbum Domini” o saudoso Papa Bento XVI ressalta a importância da Palavra de Deus na liturgia e na vida da Igreja, inclusive reiterando que a Palavra de Deus é parte integrante na liturgia. O Papa diz que os fiéis devem escutar atentamente a Palavra proclamada e que a homilia do sacerdote deve focar nas leituras que foram proclamadas e deve ter um cunho catequético, para que os olhos de todos se abram e possam comungar da Eucaristia.  

O capítulo VI da “Dei Verbum” inspira o tema do volume 5 da coleção cadernos do Concílio: “A Sagrada Escritura na Vida Igreja”, o documento vai dizer que a Igreja venera as Sagradas Escrituras do mesmo modo que venera o próprio Corpo do Senhor. Reforça ainda a importância da Palavra de Deus na Sagrada Liturgia, conforme já dissemos, ao longo da celebração da missa participamos de duas grandes mesas: Palavra e o Corpo do Senhor, e temos que participar atentamente de cada uma.  

O Espírito Santo fala em nós e ajuda a abrir os olhos e o nosso coração para compreender aquilo que está dito nas Sagradas Escrituras. Por isso, antes de ler e meditar a Palavra é preciso pedir a luz e a sabedoria do Espírito Santo para o melhor entendimento dos textos Sagrados, pois ao lermos a Sagrada Escritura não estamos lendo qualquer livro, mas a Palavra de Deus revelada. Para anunciar a Palavra é preciso também pedir a luz e a sabedoria do Espírito Santo, por isso, Jesus soprou primeiro sobre os discípulos o Espírito Santo e depois os enviou em missão.  

O Espírito Santo acompanha a vida da Igreja até os dias de hoje, Ele abre os nossos olhos para reconhecer Jesus na Eucaristia a partir da Palavra que foi anunciada. A Palavra de Deus é viva e eficaz, e capaz de transformar a vida dos fiéis tornando-os mais santos. É preciso que todos os fiéis tenham acesso à Palavra de Deus: há muitas traduções da Bíblia que podem variar uma palavra ou outra, mas a Igreja nunca fugiu daquilo que está no original, e que vem do Grego, chamada de tradução dos Setenta.  

O documento trata ainda sobre não usar a Palavra de Deus de forma instrumental, ou seja, ela deve ser usada para o que de fato ela é designada: conduzir pessoas a Deus. A palavra de Deus deve visar a salvação do próximo e não a condenação. O Papa Francisco tem dito inúmeras vezes que não devemos julgar o próximo e nem nos sentirmos juízes dos outros, mas temos que, a partir da Palavra de Deus, anunciar a misericórdia e o perdão aos outros. Não podemos fazer uma leitura fundamentalista da Palavra de Deus, ou seja, interpretar de maneira equivocada o que ali está escrito, mas a partir da Palavra anunciar o amor de Deus aos outros.  

O documento reafirma ainda a importância de ler e meditar a Sagrada Escritura, sobretudo por parte dos bispos, padres, diáconos e religiosos. Além desses, os catequistas também devem meditar diariamente a Palavra, pois esses grupos se dedicam legitimamente ao ministério da Palavra e devem entregar-se assiduamente a leitura espiritual e ao estudo aprofundado das Escrituras. Dessa forma, para que possamos falar da Palavra de Deus para os outros, temos que ter o conhecimento daquilo que estamos falando.  

Nessa linha de pensamento, o que o documento quer dizer é que os bispos, sacerdotes e diáconos antes de proferirem a homilia ou a partilha da Palavra é necessário se preparar antes, ter o contato com as leituras que serão proclamadas, escrever se for preciso os pontos chaves, para que possa transmitir os conhecimentos que adquiriu com aquelas leituras. Do mesmo modo os catequistas, antes de passarem o conteúdo aos catequizandos, têm de se preparar antes, ter o contato com o tema que será apresentado e com a Palavra que será partilhada no dia, para que os catequizandos absorvam aquilo que será transmitido.  

A Palavra de Deus como um todo visa a Salvação do gênero humano, como observamos ao longo do Antigo Testamento, a história da salvação e aliança que Deus fez com o povo de Israel. Em Jesus, Deus sela uma nova e eterna aliança com a humanidade. O documento “Dei Verbum” tem muito ainda a ser estudado, e mesmo após cinquenta anos de sua publicação ele continua atual. A Palavra de Deus deve ter o seu lugar de destaque na vida da Igreja e na vida de cada batizado. Façamos diariamente a meditação da Palavra e transmitamos aquilo que de fato está contido nela. Ao participarmos da missa escutemos atentamente aquilo que a Palavra nos diz para podermos comungar da Eucaristia.  

Que o Espírito Santo nos ilumine e nos ajude a compreender todas as Palavras da Escritura e continue guiando a Igreja no caminho do bem. Amém.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

São Pedro Damião

São Pedro Damião (A12)
21 de fevereiro
São Pedro Damião

Pedro nasceu em Ravena, Itália, por volta de 1007, e era o último de sete filhos. Sofreu muito na infância, com a orfandade e maus tratos de alguns irmãos. Finalmente sob os cuidados do irmão primogênito, Damião, arcipreste em Ravena, recebeu cuidados e condições de estudar.

Como agradecimento, Pedro acrescentou o nome do irmão ao seu. Aos 21 anos, entrou para a Congregação dos Camaldulenses, fundada por São Romualdo. Buscou a vida de contemplação e solidão no convento de Fonte Avellana, nos confins da Úmbria. Em breve tornou-se diretor espiritual daquele grupo de eremitas, e sua fama difundiu-se rapidamente, sendo convidado como docente de Teologia e Direito Canônico em outros mosteiros. Em 1043 foi nomeado prior de Fonte Avellana, cargo que ocupou até o fim da vida.

Além do espírito contemplativo, Pedro também era muito rigoroso na ascese pessoal, e modificou para maior severidade a disciplina do clero e de mosteiros, muitos fundados por ele e seguindo com certas variações a reforma camaldulense.

É um dos grandes reformadores da vida monástica do século XI, junto a São Nilo, São Romualdo, etc. Desejava devolver o sentido da consagração total a Deus na vida religiosa, pela austeridade na solidão e penitência.

Mas a partir de 1046 a fama da sua santidade, sua cultura e prestígio na Itália e no Império chamaram a atenção de mais altas autoridades eclesiásticas, até que em 1057 foi feito Bispo e Cardeal de Óstia, próximo a Roma, e administrador da diocese de Gubio. O Papa Estêvão IX queria a sua ajuda para reformar o clero, pois na época a Igreja sofria com dois grandes males: a simonia, ou seja, a compra de cargos eclesiásticos com dinheiro ou favores temporais, um abuso imoral, que também colocava a hierarquia da Igreja sob o controle e arbítrio de pessoas sem qualquer vocação, espírito, competência, obediência ou escrúpulo religioso; e o nicolismo, quer dizer, a inobservância do celibato.

Efetivamente, São Pedro Damião auxiliou sete Papas, de Gregório VI (1045-1046) a Gregório VII (1073-1085), atuando através de vários escritos, como Legado Papal em delicadas missões, e como Bispo e Cardeal. Em todo este período combateu a simonia e o nicolismo; bispos corruptos; dois antipapas (Bento X que se opôs ao Papa Nicolau II e Honório II que se opôs ao Papa Alexandre II); a prepotência do arcebispo local sobre os monges da famosa abadia beneditina de Cluny na França; impediu o divórcio do rei Henrique IV do Sacro Império Romano-Germânico da sua virtuosa esposa Berta; combateu as investiduras (nomeação de bispos e abades), ilegais, do imperador Henrique IV da Alemanha; e reconciliou a população excomungada de Ravena, por ter apoiado o antipapa Honório II.

Além destes trabalhos, escreveu muitas obras, incluindo vários tratados (67 sobreviveram), cartas, sermões, preces, hinos e textos litúrgicos, pelo que foi proclamado Doutor da Igreja.

 Voltando da sua missão de reconciliação em Ravena, Pedro adoeceu perto de Faenza, e faleceu no mosteiro beneditino de Santa Maria em 21 de fevereiro de 1072.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A atividade de São Pedro Damião é impressionante, particularmente para quem tinha um espírito contemplativo e buscava preferencialmente a solidão. Mas uma parte da sua grandeza é justamente, por obediência, ter sabido abrir mão das suas preferências pessoais para servir à necessária reforma de que a Igreja carecia na época. Entre várias das suas missões, quando era possível, voltava ao convento de Fonte Avellana, e sem dúvida, nestas ocasiões, podia alimentar a alma com o silêncio e a meditação. Exemplo de que, por maiores e mais intensas que sejam nossas obrigações, só as podemos realizar bem buscando sempre o tempo necessário para estar na intimidade com Deus através da oração. Ação sem contemplação leva ao ativismo raso, que breve sofre as consequências da falta de direção a Deus, e tende necessariamente a se esvaziar de sentido e conteúdo, desvirtuando-se e levando ao cansaço, frustração e confusão. Nos piores casos, acaba afastando de Deus.

Oração:

Deus Pai, que buscais a nossa companhia com infinito amor, concedei-nos por São Pedro Damião o desejo sincero de estar sempre Convosco, e a partir desta convivência não poupar esforços para servir à Igreja, Vosso mesmo Corpo Místico, em tudo o que for necessário, começando pelo empenho da busca da nossa própria santidade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Convertei-vos e acreditai no Evangelho

Quaresma (YouTube)

Dom Paulo Cezar Costa

Cardeal Arcebispo de Brasília

Jesus, no Evangelho de hoje, (Mc 1, 12-15) exorta-nos à conversão e a crer no Evangelho. Papa Francisco explica-nos, com profundidade, este caminho: “Neste primeiro domingo da Quaresma, o Evangelho evoca os temas da tentação, da conversão e da Boa Nova. Escreve o evangelista Marcos: “E logo o Espírito impeliu Jesus para o deserto. Aí esteve quarenta dias. Foi tentado pelo demônio” (Mc 1, 12-13). Jesus vai ao deserto a fim de Se preparar para a sua missão no mundo. Ele não precisa de conversão, mas, sendo homem deve passar através desta provação, quer por Si mesmo – a fim de obedecer à vontade do Pai -, quer por nós, para nos doar a graça de vencer as tentações. Esta preparação consiste na luta contra o espírito do mal, ou seja, contra o diabo. Também para nós a Quaresma é um tempo de ‘agonismo’ espiritual: somos chamados a enfrentar o Maligno mediante a oração para sermos capazes, com a ajuda de Deus, de o  vencer na nossa vida quotidiana. Nós sabemos que o mal infelizmente age na nossa existência e à nossa volta, onde se manifestam violências, rejeição do outro, fechamentos, guerras, injustiças. Estas são todas obras do maligno, do mal.

            Imediatamente após as tentações no deserto, Jesus começa a pregar o Evangelho, ou seja, a Boa Nova , que -e a segunda palavra. A primeira era “tentação”; a segunda: “Boa Nova”. Esta boa notícia exige do homem conversão – terceira palavra – e fé. Ele anuncia: “O tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo”, depois dirige a exortação: “Convertei-vos e acreditai no Evangelho” (v. 15), isto é, acreditai nesta boa notícia que o reino de Deus está próximo. Na nossa vida temos sempre necessidade de conversão – todos os dias! -, e a Igreja faz-nos rezar por isso. Com efeito, nunca estamos suficientemente orientados para Deus e devemos dirigir constantemente a nossa mente e o nosso coração a Ele. Para fazer isto, é necessário ter coragem de rejeitar tudo o que nos leva por maus caminhos, os falsos valores que nos enganam atraindo de maneira sorrateira o nosso egoísmo. Ao contrário, devemos confiar no Senhor, na sua bondade e no seu desígnio de amor para cada um de nós. A Quaresma é um tempo de penitência, sim, mas não é um tempo triste! É um tempo de penitência, mas não é um tempo triste, de luto. É um compromisso jubiloso e sério para nos despojamos do nosso egoísmo, do homem velho, e nos renovamos segundo a graça do nosso Batismo.

            Somente Deus pode nos doar a verdadeira felicidade: é inútil que percamos o nosso tempo procurando alhures, nas riquezas, nos prazeres, no poder, na carreira... O reino de Deus é a realização de todas as nossas aspirações, porque é, ao mesmo tempo, salvação do homem e glória de Deus. Neste primeiro domingo da Quaresma, somos convidados a ouvir com atenção e a responder a este apelo de Jesus a converter-nos e a acreditar no Evangelho. Somos exortados a iniciar com empenho o caminho rumo à Páscoa, para acolher cada vez mais a graça de Deus, que quer transformar o mundo num reino de justiça, de paz, de fraternidade”.

(Papa Francisco, Angelus de 18 de fevereiro de 2018)

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Celibato, continência e castidade

Crédito: Presbíteros

Celibato, continência e castidade 

Celibato, continência e castidade… Três conceitos que facilmente são baralhados na linguagem quotidiana, tomados muitas vezes como sinônimos, mas que são, efetivamente, diferentes. Sua compreensão adequada é imprescindível para o direito canônico, pois, para cada uma destas figuras, existem consequências e efeitos jurídico-canônicos diversos, seja em relação à vida matrimonial, religiosa ou clerical. É impossível compreender retamente, por exemplo, a questão da possibilidade de homens casados se tornarem presbíteros (padres), ou mesmo o tema da validade do matrimônio não consumado, se a diferença entre estes conceitos não for estabelecida.

Para fazer esta distinção, valemo-nos, com adaptações, da excelente explicação que o canonista estadunidense Edward Peters dá sobre o tema, a qual tem o mérito de ser concisa e clara (o original em inglês pode ser consultado aqui).

Celibato é um estado de vida decorrente de uma escolha deliberada de não se casar. Não se configura pelo simples fato de estar solteiro por circunstâncias quaisquer não livremente escolhidas. É, na verdade, o estado de vida de um solteiro qualificado pela decisão livre de não se casar. Um jovem que deseja encontrar uma namorada para casar-se, enquanto não a encontra, ou, encontrando-a, enquanto ainda a namora, não é propriamente um celibatário, pois não escolheu deliberadamente o estado de vida de não casar-se, tanto é que busca encontrar alguém para sua esposa. A pessoa que, querendo casar-se, não encontra alguém que queira casar-se com ela, não é propriamente celibatária, pois tal decisão não é deliberada livremente, mas uma imposição das circunstâncias da vida.

Quando não há uma escolha deliberada por não se casar, é preferível dizer que a pessoa está ou é solteira, mas não que é celibatária. Solteiras são, por exemplo, as crianças (que poderão ou não desejar casar-se quando adultas), as pessoas que esperam casar-se ou se preparam para o casamento, a pessoa que ficou viúva após a morte do cônjuge e que aceitaria casar-se novamente.

A decisão pelo celibato (portanto, escolha livre e deliberada por este estado de vida) não necessita sempre ser por motivos nobres ou altruístas. Celibatário é tanto o sacerdote e o religioso que optam por este estilo de vida de modo a melhor se consagrar ao serviço de Deus e da Igreja como a pessoa que não deseja casar-se para não ter responsabilidades com outras pessoas ou para que não seja importunado em seu estilo de vida, bem como as pessoas viúvas que preferem fechar-se a um novo casamento após a morte do cônjuge ou aqueles que não se casam para se dedicar aos cuidados de parentes idosos ou enfermos. O essencial para configuração do celibato é a escolha deliberada por um estilo de vida que exclui o casamento por parte de uma pessoa que, se quisesse, poderia livremente optar pelo casamento (seja lá qual for a finalidade que se almeja com esta exclusão matrimonial). 

Continência, por sua vez, é a escolha deliberada por não praticar atos sexuais. A moral cristã exige a continência de todos aqueles que não se encontram casados, pois somente dentro do casamento é moralmente legítimo a prática de atos sexuais. Celibatária ou solteira, toda e qualquer pessoa que não seja casada, seja por opção ou não, é chamada à continência sexual, seja o rapaz que está namorando, a moça solteira, o padre, a freira, o monge, os viúvos etc. Historicamente, a Igreja Latina (a Igreja Católica do Ocidente, que segue o rito romano) também exigia do clero casado tal continência, apesar de serem casados, mas esta peculiar situação será tratada em outro post.

Para distinguir bem o celibato da continência, podemos formular um exemplo: um padre celibatário opta por não se casar e o próprio direito canônico o impede de contrair matrimônio sem a devida dispensa a partir de sua ordenação diaconal. Embora seja celibatário, pode acontecer de este padre nem sempre ser continente, pois pode vir, ocasionalmente, a praticar atos sexuais fora de um matrimônio (hipótese em que, obviamente, peca). Mas veja-se que o pecado não está propriamente na violação do celibato, mas sim da continência – o fato de ele praticar ato sexual com determinada pessoa não quer dizer necessariamente que ele deseje casar-se com ela ou abandonar o estado de vida celibatário. Significa apenas que o clérigo em questão foi incontinente, ou seja, não seguiu a continência sexual que a moral cristã exige de toda e qualquer pessoa não casada (seja clérigo celibatário, religioso ou leigo). A obrigação de manter-se continente, abstendo-se de atos sexuais, abarca a todos os cristão não casados, não somente a clérigos celibatários e religiosos.

Quanto aos casados, podem, por razões várias (razões espirituais, planejamento familiar natural, necessidade de viagem por período longo etc.), abster-se durante certos períodos da prática sexual, por livre decisão do casal. Em alguns casos, podem decidir-se (de comum acordo) por não manter mais relações sexuais. O exemplo máximo desta continência entre casados é o matrimônio entre a Virgem Ssma. e São José. Veja que ambos eram verdadeiramente e validamente casados (não eram celibatários), porém foram perfeitamente continentes dentro do matrimônio. Isto nos prova que ser celibatário e ser continente são coisas distintas. Obviamente, todo celibatário deve ser também continente, em razão do fato de que não se pode casar (e o cristão que não se casa, seja ele quem for, não deve praticar atos sexuais fora do casamento). Já o solteiro também deve ser continente, mas, se vier a se casar, poderá cessar esta continência. Os casados podem ser continentes por opção (não se lhes é exigida tal continência), desde que de comum acordo.

Por fim, a castidade é uma virtude por meio da qual a pessoa faz uso de sua faculdade sexual de modo adequado a seu estado de vida. Um cristão não casado (solteiro ou celibatário, não importa) será casto ao exercer a continência, isto é, ao não praticar atos sexuais precisamente por não ser casado, pois o seu estado de vida (não casado) assim o exige. Já a castidade entre casados não pode ser confundida com abstinência sexual. Os casados são castos tanto mantendo a prática sexual retamente ordenada entre si, como optando por abstinências periódicas ou por continência por prazo indeterminado (desde que de comum acordo). São formas distintas de se viver a castidade entre casados, mas jamais se pode dizer que a prática sexual retamente ordenada entre casados seja pecaminosa ou contrária à castidade. Pelo contrário, os casados, quando mantêm relações sexuais normais entre si, são tão castos quanto ao se absterem de sexo, pois a prática sexual é uma das formas adequadas de uso da faculdade ou potência sexual dentro do casamento.

Edward Peters finda sua explicação com uma lapidar conclusão: a Igreja ensina que todos são chamados a observar a castidade própria de seu estado de vida; a continência é exigida de todos os não casados (solteiros ou celibatários); e algumas pessoas solteiras, por motivos louváveis, optarão por não se casar e seguir o estado de vida celibatário, sendo que, em regra, na Igreja Latina (Ocidental), a opção pelo celibato é uma condição para ingresso na vida religiosa ou sacerdotal.

Padre Vítor Pimentel Pereira

Paróquia de N. Sra. do Paraíso dos Católicos Greco-melquitas

Fonte: https://presbiteros.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF