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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Primeira Pregação da Quaresma 2024 do cardeal Cantalamessa - Parte 1

Primeira Pregação da Quaresma (Vatican Media)

Primeira Pregação da Quaresma do cardeal Cantalamessa

"Nós, porém, encontramo-nos aqui no contexto da Cúria, que não é uma comunidade religiosa ou matrimonial, mas de serviço e de trabalho eclesial. As ocasiões para não desperdiçar, se quisermos também nós sermos moídos para nos tornarmos trigo de Deus, são muitas, e cada um deve identificar e santificar aquela que lhe é oferecida em seu posto de serviço".

Fr. Raniero Card. Cantalamessa, OFMCap
“EU SOU O PÃO DA VIDA”
Primeira Pregação da Quaresma de 2024

No início destas pregações da Quaresma, retomemos o diálogo entre Jesus e os apóstolos em Cesaréia de Filipe:

Jesus foi à região de Cesaréia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?”. Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros, que é Elias; outros, que é Jeremias ou um dos profetas: Então disse-lhes: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Simão Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16,13-16).

De todo o diálogo, interessa-nos, pelo momento, apenas e exclusivamente, a segunda pergunta de Jesus: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Não a tomemos, contudo, no sentido com que esta pergunta é normalmente entendida; isto é, como se a Jesus interessasse saber o que pensa dele a Igreja, ou o que os nossos estudos de teologia nos dizem dele. Não! Tomemos essa pergunta como deve ser tomada toda palavra que sai da boca de Jesus, isto é, como se dirigida, hic et nunc, a quem a escuta, individualmente, pessoalmente.

Para realizar este exame, deixemo-nos ajudar pelo evangelista João. Em seu Evangelho, encontramos toda uma série de declarações de Jesus, os famosos Ego eimi, “Eu Sou”, com os quais ele revela o que pensa, ele, de si mesmo, quem diz, ele, ser: “Eu sou o pão da vida”, “Eu sou a luz do mundo”, e assim por diante. Veremos cinco destas autorrevelações e nos perguntaremos cada vez se ele é realmente para nós aquilo que ele afirma ser e como fazer para que o seja sempre mais.

Será um momento para se viver de modo particular. Isto é, não com o olhar voltado para o exterior, aos problemas do mundo e da própria Igreja, como somos levados a fazer em outros contextos, mas um olhar introspectivo. Um momento, então, intimista e separado e, por isso, egoístico? Totalmente o contrário! É um evangelizar-nos para evangelizar, um preencher-nos de Jesus para falar dele “por redundância de amor”, como as primitivas Constituições da minha Ordem Capuchinha recomendavam aos pregadores; isto é, por íntima convicção, não apenas para cumprir um mandato.

*    *    *

Iniciemos pelo primeiro destes “Eu Sou” de Jesus que encontramos no Quarto Evangelho, no capítulo sexto: “Eu sou o pão da vida”. Escutemos primeiramente a parte do trecho que mais diretamente nos interessa:

Eles perguntaram: “Que sinal realizas para que o vejamos, e creiamos em ti? Que obra fazes? Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: ‘Deu-lhes de comer o pão do céu’”. Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade vos digo: não foi Moisés quem vos deu o pão do céu. Meu Pai é quem vos dá o verdadeiro pão do céu, pois o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo”. Eles então pediram: “Senhor, dá-nos sempre desse pão!”. Jesus lhes disse: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim nunca mais terá fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede” (Jo 6,30-35).

Uma palavra sobre o contexto. Jesus multiplicara anteriormente cinco pães de cevada e dois peixes para saciar cinco mil homens. Depois se retirou para fugir do entusiasmo do povo, que quer fazê-lo rei. A multidão o procura e o encontra do outro lado do lago.

Neste ponto começa o longo discurso com o qual Jesus procura explicar “o sinal do pão”. Quer fazer entender que há um outro pão a ser buscado, do qual aquele material é, justamente, um “sinal”. É o mesmo procedimento usado com a mulher Samaritana no capítulo IV do Evangelho. Ali, Jesus quer conduzir a mulher a descobrir uma outra água, além daquela física que sacia a sede apenas por um breve tempo; aqui, quer conduzir a multidão a buscar um outro pão, diferente daquele material que sacia apenas por um dia. À Samaritana que pede para ter aquela água misteriosa e espera a vinda do Messias para obtê-la, Jesus responde: “Sou eu, que falo contigo” (Jo 4,26). À multidão que agora faz o mesmo pedido pelo pão, responde: “Eu sou o pão da vida!”.

Perguntamo-nos: como e onde se come este pão da vida? A resposta dos Padres da Igreja era: em dois “lugares” ou dois modos: no sacramento e na Palavra, isto é, na Eucaristia e na Escritura. Havia, é verdade, acentos diversos. Alguns, como Orígenes e, entre os latinos, Ambrósio, insistem mais sobre a Palavra de Deus. “Este pão que Jesus parte – escreve Santo Ambrósio comentando a multiplicação dos pães – si­gnifica misticamente a palavra de Deus que, distribuída, aumenta. Ele nos deus as suas palavras como pães que se multiplicam em nossa boca enquanto os degustamos”[1]. Outros, come Cirilo de Alexandria, acentuam a interpretação eucarística. Nenhum deles, contudo, pretendia falar de um modo excluindo o outro. Fala-se da Palavra e da Eucaristia, como das “duas mesas” preparadas por Cristo. Na Imitação de Cristo, lê-se:

Confesso que, enquanto estou detido no cárcere deste corpo, necessito de duas coisas: alimento e luz. Por isso me destes, Senhor, a mim, fraco, o vosso sagrado corpo, para sustento da alma e do corpo, e “pusestes a vossa palavra qual cadeia diante de meus pés” (Sl 118,105). Sem estas duas coisas, não poderia bem viver; porque a palavra de Deus é a luz da minha alma e vosso Sacramento o pão da vida. Podem ser chamadas duas mesas, colocadas de um e outro lado do tesouro da Santa Igreja[2].

A afirmação unilateral de um destes dois modos de comer o pão da vida excluindo o outro é fruto da nefasta divisão ocorrida no cristianismo ocidental. Da parte católica, acabara por se tornar de tal forma preponderante a interpretação eucarística ao ponto de fazer do capítulo sexto de João quase o equivalente à narrativa da instituição da Eucaristia. Lutero, por reação, afirmou o contrário, ou seja, que o pão da vida é a palavra de Deus; ele é distribuído mediante a pregação e comido mediante a fé[3].

O clima ecumênico que se instaurou entre os fiéis em Cristo nos permite recompor a síntese tradicional presente nos Padres. Não há dúvida de que o pão da vida chega a nós mediante a palavra de Deus e, em particular, as palavras de Jesus no Evangelho. Também a sua resposta ao tentador nos recorda isso: “O homem não vive somente de pão, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4,4). Mas como não ver no discurso de Jesus na sinagoga de Cafarnaum também uma referência à Eucaristia? Todo o contexto evoca um banquete: fala-se de comida e bebida, de comer e beber, do corpo e do sangue. As palavras: “Quem não comer a minha carne e não beber o meu sangue...” recordam muito de perto as palavras da instituição (“Tomai, comei, isto é o meu corpo” e “Tomai, bebei: este é o meu sangue”), para se poder negar qualquer relação entre elas.

Se na exegese e na teologia se assiste a uma polarização e, às vezes – eu dizia –, a uma contraposição entre o pão da palavra e o eucarístico, na liturgia a sua síntese foi sempre vivida pacificamente. Desde os tempos mais remotos, por exemplo, em São Justino, Mártir, a Missa compreende dois momentos: a liturgia da Palavra, com leituras tiradas do Antigo Testamento e das “memórias dos apóstolos”, e a liturgia eucarística, com a consagração e a comunhão.

Hoje podemos retornar, eu dizia, à síntese originária entre Palavra e Sacramento. Nesta linha, devemos, antes, dar um passo à frente. Consiste em não limitar o comer a carne e beber o sangue de Cristo apenas à Palavra e apenas ao sacramento da Eucaristia, mas em vê-lo atuado em cada momento e aspecto da nossa vida de graça.

Quando São Paulo escreve: “Para mim, de fato, o viver é Cristo” (Fl 1,21), não pensa em um momento particular. Para ele, Cristo é, realmente, em todos os modos da sua presença, pão da vida; “come-se” com a fé, a esperança e a caridade, na oração e em tudo. O ser humano é criado para a alegria e não pode viver sem alegria, ou sem a esperança dela. A alegria é o pão do coração. E também o Apóstolo busca a verdadeira alegria – e exorta os seus a busca-la – no Senhor Jesus Cristo: “Gaudete in Domino semper, iterum dico, gaudete”“Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito, alegrai-vos” (Fl 4,4).

Jesus é pão de vida eterna não só pelo que dá, mas também – e antes de tudo – pelo que é. A Palavra e o Sacramento são os meios; viver dele e nele é o fim: “Como o Pai, que vive, me enviou e eu vivo pelo Pai, também o que comer de mim viverá por mim” (Jo 6,57). No hino Adoro te devote, que tem alimentado por séculos a piedade e a adoração eucarística dos católicos, há uma estrofe que é uma paráfrase desta palavra de Jesus. No original, que muitos de nós certamente recordam, ela soa assim:

O memoriále mortis Dómini,
Panis vivus vitam praestans hómini,
praesta meae menti de te vívere,
et te illi semper dulce sápere.

Em português pode ser traduzida assim:

Ó memorial da morte do Senhor,
Pão vivo que dá vida aos homens,
Fazei que minha alma viva de Vós,
E que a ela seja sempre doce este saber

_____________

Tradução de Frey Ricardo Luiz Farias

Notas

[1] Cf. Ambrósio, In Lucam, VI,86.
[2] Imitação de Cristo, IV,11.
[3] Cf. Lutero, Sobre o Evangelho de João, 231.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Policarpo

São Policarpo (A12)
23 de fevereiro
São Policarpo

Policarpo nasceu em 69, em local não indicado, de pais cristãos. Santo Ireneu, seu discípulo do século II, escreveu sobre ele, esclarecendo que Policarpo conviveu diretamente com alguns dos Doze Apóstolos, especialmente São João: “Poderia reproduzir o que nos contava do seu trato com São João Apóstolo e os demais que tinham visto o Senhor e como repetia suas mesmas palavras…”.

Por testemunhar pela vida e pelos escritos a Fé recebida diretamente dos Doze, Policarpo, junto a São Clemente Romano, Santo Inácio de Antioquia e São Pápias são chamados de “Padres Apostólicos”, e foram o elo entre a Igreja primitiva e a Igreja do mundo greco-romano, na passagem do primeiro para o segundo século. Imensa importância têm estes Padres, pois na sua época havia inúmeras interpretações sobre o que Jesus havia feito e dito; assim puderam esclarecer e autenticar com autoridade a verdadeira mensagem dos Apóstolos.

São Policarpo foi sagrado bispo de Esmirna pelo próprio São João Evangelista. Por suas muitas qualidades era estimado e respeitado em todo o Oriente. Em 107 Policarpo acolhe em Esmirna Santo Inácio de Antioquia, de passagem e sob escolta, indo a Roma para ser julgado. Escreveu muitas cartas, mas somente uma, endereçada aos Filipenses em 110, foi preservada. Nela exalta a fé em Jesus Cristo, a qual precisa ser confirmada no trabalho árduo, diário e no dia a dia dos cristãos, incutindo em cada um a lembrança de suas obrigações particulares. Ela também cita trechos da Carta de São Paulo aos Filipenses e os Santos Evangelhos, além de repetir as muitas e preciosas informações que ele próprio recebera diretamente dos Apóstolos, especialmente de São João Evangelista. São Policarpo parece ter sido um dos que compilaram, editaram e publicaram o Novo Testamento.

Por volta do final de 154, Policarpo vai a Roma como representante dos cristãos da Ásia Menor, para tratar com o Papa Aniceto sobre diversas questões, mas principalmente sobre a data da Páscoa, que nas Igrejas Orientais era celebrada no dia 14 do mês judaico de Nisan, enquanto que, na capital do Império, no domingo seguinte. Não se chega a um acordo, mas eles celebraram juntos a Eucaristia, mostrando que uma mera questão disciplinar não devia desunir a Igreja.

 Marcião, numa carta que os fiéis de Esmirna enviaram para a cidade de Filomélio na Frígia (atual Turquia) em 23 de fevereiro de 156, e conhecida como Martyrium Polycarpi, descreve o martírio de São Policarpo em 155. É considerada como uma dos mais antigos relatos genuínos de martírios cristãos, e um dos poucos relatos sobreviventes compostos na época das perseguições. Também é a primeira obra que define como mártir aquele que morre pela Fé. Policarpo, já com 86 anos, diante da perseguição do Imperador Antonino Pio, havia se ocultado, mas foi delatado e preso. Diante do pró-cônsul que o instigava a renegar a Fé, resistiu e foi condenado à fogueira. Subiu espontaneamente os degraus que a ela levavam, mas o fogo não lhe fez mal algum, sendo então morto à espada. Ele é o padroeiro dos que sofrem queimaduras.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

São Policarpo de fato vivenciou o significado do seu próprio nome (poli = muitos; carpo = fruto – muitos frutos), pois, permanecendo unido à Videira, que é Cristo, através da ortodoxia da Doutrina recebida diretamente pela Tradição dos Apóstolos, por suas obras, testemunhos e martírio muito enriqueceu a Igreja. Os nossos nomes pessoais também estão inscritos no Coração do Pai com o de Cristo, o único Nome pelo Qual podemos ser salvos (Jesus = Deus salva, Cristo = ungido; é Aquele que Deus ungiu para nos salvar, cf. Catecismo da Igreja Católica nos 430-440). Se permanecermos fiéis ao que ensina o Espírito Santo na Igreja, a qual Ele mantém na Verdade como prometido em Pentecostes (cf. Jo 16,13-14; CIC nos76-83 e 767), daremos os mesmos frutos. É preciso crer de fato no Evangelho, para podermos vivê-lo, dar a vida por Ele. Isto significa normalmente o pequeno martírio diário de cumprir com amor e zelo nossas obrigações normais, na paciência com os irmãos, no arrependimento sincero dos nossos pecados, no serviço aos necessitados de corpo e espírito.

Oração:

Senhor Deus da Verdade, que não pode nunca enganar, por intercessão de Vosso servo São Policarpo concedei-nos a firmeza da Fé que recebemos legitimamente dos Apóstolos pela Igreja, iluminada infalivelmente pelo Espírito Santo, para caminharmos espontaneamente ao chamado do Fogo do Vosso amor – e, na certeza do que cremos, praticarmos corajosamente a caridade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Por que os casais brigam? Aprenda a argumentar

Antonio Guillem - Shutterstock
Por Karen Hutch postado em 22/02/24
Você ficará surpreso ao descobrir qual é o principal motivo que causa brigas nos casais. É normal haver divergências, o importante é saber discutir e ser fraterno.

Ter uma discussão no relacionamento nem sempre é ruim. Segundo a Real Academia de Língua Espanhola (RAE), discutir é: examinar um assunto com atenção e particularidade. 

O que nos leva a pensar que existem questões importantes que devem ser tratadas com atenção e clareza, principalmente quando se trata de uma boa comunicação a dois. Pois, através de uma discussão saudável, pode haver um grande crescimento em ambos. 

A questão é como respondemos aos momentos de divergência e quais situações priorizamos para que se tornem tema de discussão. 

Por que os casais discutem mais?

A OnePoll realizou um estudo no qual entrevistou duas mil pessoas que estavam em um relacionamento – seja namorando ou casado – para descobrir por que há casais que discutem com tanta frequência e sobre o que discutem.

O resultado dos pesquisados ​​foi que o principal motivo da discussão é motivado pelo não acordo para jantar. Sim, isso mesmo, mais da metade dos entrevistados nos Estados Unidos revelaram ter medo de ouvir a pergunta “O que vamos jantar?” ou "Onde vamos jantar?"

De acordo com este estudo, um casal leva em média 17 minutos para escolher o local ou jantar perfeito, mas 16% dos entrevistados leva até 30 minutos.

mavo | Obturador

O que esse problema nos diz?

Como primeiro ponto, percebemos que a grande maioria das discussões surge de questões muito simples que se tornam um grande problema. Alguns casais param de conversar ou mudam de comportamento para demonstrar raiva. 

Segundo ponto: falta comunicação e maturidade. Quando um casal consegue ter espaços para expressar seus gostos - até culinários, como é o caso - eles vão conhecendo o parceiro à medida que crescem juntos. 

O crescimento contínuo como casal desenvolverá a capacidade de estar atento às necessidades dos outros e, da mesma forma, de estabelecer acordos.

Acordos entre ambos

michaeljung | Obturador

Acordos em um relacionamento são necessários. Às vezes queremos deixar negociações e acordos para empresas ou negócios. Porém, está comprovado que estabelecer acordos em um relacionamento o tornará bem-sucedido. 

Os acordos ajudarão a estabelecer metas, limites e, principalmente, a capacidade de administrar possíveis conflitos futuros, fortalecendo assim o seu relacionamento e o seu amor. 

Johnny Abraham diz que num relacionamento você deve buscar o bem comum e não o bem individual.

«Quando você discutir, lembre-se de que são vocês dois contra o problema, não um ao outro. Vencer a discussão faz você perder o relacionamento, então certifique-se de que o relacionamento vença e não seus egos.

As vantagens de ter acordos mútuos

Estar aberto para dar e dar abrirá muitas oportunidades de crescimento em seu relacionamento. Muitas vezes queremos sempre ter a última palavra e que as coisas sejam feitas à nossa maneira, mas um casal saudável está aberto aos pontos de vista do outro. 

Nem sempre precisam pensar da mesma forma e ter os mesmos gostos; Porém, podem estabelecer meios que os ajudem a buscar o bem comum e não um bem único, desistindo mutuamente. 

Isso o ajudará a ter discussões saudáveis, por meio de acordos, e não uma briga que leve à raiva. 

Amar o outro é uma decisão e um compromisso diário, unir forças e zelar pelo bem de ambos.

Fonte: https://es.aleteia.org/

As “Madres da Igreja” do século IV

A Catedral de Santa Sofia (Foto da autora) 

A vida religiosa como a conhecemos hoje, tanto contemplativa quanto ativa, evoluiu ao longo de dois milênios. Neste terceiro artigo da série de quatro, Christine Schenk analisa a contribuição de eminentes mulheres cristãs no século IV, que, ao fundarem mosteiros, lançaram as bases para a vida das religiosas de hoje.

Irma Christine Schenk, CSJ

O século IV começou com uma dura perseguição contra os cristãos, sobretudo no Oriente. Depois de ter abraçado o Deus cristão e após uma longa luta pelo poder, Constantino tornou-se imperador em 324 d. C . Nessa época a Igreja ascendeu a níveis de poder e influência terrena sem precedentes, graças ao favor imperial de Constantino, dos seus filhos e da sua mãe, Helena. Os homens da Igreja recebem generosos benefícios de mulheres cristãs aristocráticas, como Olímpia, Melânia a Velha, Melânia a Jovem e Paula. As comunidades cristãs que até então se reuniam em grandes casas passam a encontrar-se em luxuosos locais públicos. Estas mudanças exacerbam as tensões sobre o ministério público das mulheres cristãs.

Como o papel das mulheres na Igreja está mudando

O século IV viu também surgir uma perigosa tendência para assimilar, ainda que simbolicamente, o género feminino à heresia, apesar de tanto os homens como as mulheres cristãos estarem envolvidos nas mais diversas interpretações do cristianismo, chegando até a ser definidas como hereges. Mas sobretudo as mulheres correm o risco de serem qualificadas de hereges e suspeitas de impudência quando assumem o papel de mestras. É neste contexto eclesial que as “Madres da Igreja” do século IV vivem e dão testemunho da sua fé. Segue-se uma breve mas significativa cronologia das suas vidas e do modo como elas — e as suas comunidades — exerceram a autoridade eclesial na Igreja primitiva.

Egeria - Retrato do Fayyum (Wikimedia commons)

Textos escritos por mulheres

A informação literária sobre mulheres do século IV , como Marcela, Paula, Macrina, Melânia a Velha e Olímpia, chega-nos sobretudo através de homens de Igreja eruditos como Jerónimo, Gregório de Nissa, Paládio e João Crisóstomo. Temos dois textos escritos por mulheres: Proba e Egéria. Proba adapta em prosa um centão de Virgílio, muito apreciado em Roma, para contar a história do cristianismo com o objetivo de evangelizar jovens aristocráticas, criando um instrumento culturalmente transversal que influenciará homens e mulheres cristãos durante gerações. Egéria, por seu lado, escreve um diário de viagem para as suas irmãs, ilustrando o seu itinerário pelos lugares santos do Oriente. Durante esta viagem, escreve Egéria, numa certa altura encontra a sua “querida amiga, a santa diaconisa Marthana”, que governa um mosteiro duplo perto do santuário de Santa Tecla (na Turquia). Marthana é um exemplo raro de diácono-mulher que exerce autoridade sobre homens e mulheres cristãos.

Embora o nascimento do monaquismo seja frequentemente atribuído a Basílio no Oriente, e a Jerónimo no Ocidente, duas mulheres — Macrina e Marcela — começaram a praticar este estilo de vida cristão muito antes dos homens.

Santa Macrina na colunata da Praça São Pedro (Wikimedia commons)

Macrina (327-379) fundou um mosteiro em Anisa, na Ásia Menor, que se tornou o protótipo da regra monástica escrita pelo seu irmão Basílio. Se Basílio é mais tarde chamado o “pai do monaquismo”, Macrina é certamente a sua mãe. A sua autoridade como guia espiritual influenciou profundamente os seus irmãos Basílio e Gregório, ambos teólogos, que viriam a elaborar a doutrina da Trindade.

Marcela de Roma (Gravura de Diodore Rahoult, Itália, 1886 / Wikimedia commons)

Marcela (325-410) reúne mulheres que estudam as Escrituras e rezam na sua vivenda aristocrática do monte Aventino, 40 anos antes da chegada de Jerónimo a Roma. Quando Jerónimo regressa a Jerusalém, os sacerdotes de Roma consultam Marcela para esclarecer certas passagens dos textos bíblicos. Marcela intervém também nos debates públicos sobre a controvérsia origenista.

São Jerônimo junto com seus discípulos, Santa Paula e Santo Eustáquio (Wikimedia commons)

Paula Romana (347-404) funda dois mosteiros em Belém: um feminino e outro masculino. Confiou o mosteiro masculino aos monges e foi aí que, graças ao seu apoio, Jerónimo completou a tradução da Bíblia do grego para o latim. Jerónimo diz-nos que os conhecimentos de Paula sobre a língua hebraica excediam os seus.

Melânia a Velha (350-410), consegue que um importante homem da Igreja (Evágrio) retome o seu voto de celibato; ensina e converte muitos homens. É fundamental na resolução de um cisma que envolve 400 monges em Antioquia, “conquistando todos os hereges que negam o Espírito Santo”. Financia e cofunda um mosteiro duplo no Monte das Oliveiras, onde as suas comunidades se dedicam ao estudo das Escrituras, à oração e a obras de caridade.

Olímpia (368-408). Ordenada diaconisa em Constantinopla pelo bispo Nectário, Olímpia utilizou a imensa fortuna da sua família para apoiar a Igreja e servir os pobres. Fundou um grande mosteiro perto da Basílica de Santa Sofia, onde três das suas familiares foram também ordenadas diaconisas. Em breve, as mulheres das famílias do Senado romano também se uniram a ela, e o número de monjas aumentou para 250.

Estes são apenas alguns exemplos de mulheres do século IV cujas comunidades são precursoras da vida religiosa atual. O seu testemunho e a sua autoridade eclesial influenciaram fortemente as comunidades cristãs do seu tempo, mas também dos tempos que se seguiram. Numa época em que alguns homens da Igreja proibiam as mulheres de falar ou ensinar publicamente e preferiam que elas ficassem em casa, há provas de que, no século IV , algumas mulheres cristãs exerciam autoridade, falavam sobre questões eclesiais importantes, ensinavam mulheres e homens e davam livremente testemunho do Cristo ao qual tinham escolhido unir-se.

Il materiale usato per questo articolo è tratto in larga parte dal libro dell’autrice “Crispina e le sue sorelle: donne e autorità nel cristianesimo primitivo” (Fortress Press, 2017). Nel quarto e último articolo di questa serie, un’analisi sulle motivazioni che possono avere spinto le donne del cristianesimo primitivo a essere contributrici attive all’edificazione della Chiesa.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A amizade no magistério da Igreja

Magistério da Igreja (Wikipédia)

A AMIZADE NO MAGISTÉRIO DA IGREJA

Dom Antonio de Assis Ribeiro
Bispo Auxiliar de Belém (PA) 

A AMIZADE NO MAGISTÉRIO DA IGREJA (Parte 3) 

O tema da Campanha da Fraternidade deste ano 2024, nos propõe o exercício da reflexão e vivência da Amizade Social e também nos convida a aprofundar o sentido da amizade em si e a sensibilidade da Igreja para com essa experiência humana tão significativa. Na verdade, por se tratar de um nobre valor humano, a Igreja sempre insistiu na promoção da Amizade em todos os contextos.  

Na encíclica Rerum Novarum do Papa Leão XIII (1891), o sumo pontífice estimulou um justo tratamento das relações trabalhistas entre patrões e operários e afirmou que a Igreja, instruída e dirigida por Jesus Cristo, eleva o seu olhar para o alto e, por isso, ambiciona estreitar a união das duas classes até uni-las por laços de verdadeira amizade. A caridade promove a diminuição do abismo causado pelo orgulho e contribui para a amizade que une as classes (cf. RN, 11.14). 

O Papa Pio XI (1931) na Encíclica Quadragesimo Anno, sobre a restauração e aperfeiçoamento da ordem Social, afirma que a Igreja inspirada no Evangelho deseja suavizar as relações, tirando-lhes as asperezas (cf. QA,1). A restauração da ordem Social pressupõe a harmonia entre as profissões e relações de vizinhança entre muitos sujeitos (cf. QA,5).  

Na Encíclica Pacem in Terris do Papa João XXIII (1963), sobre a promoção da Paz e da justiça para todos os povos, o sumo pontífice afirma a necessidade do respeito à dignidade humana como princípio fundamental para a convivência humana bem constituída e eficiente. “E se contemplarmos a dignidade da pessoa humana à luz das verdades reveladas, não poderemos deixar de tê-la em estima incomparavelmente maior. Trata-se, com efeito, de pessoas remidas pelo Sangue de Cristo, as quais com a graça se tornaram filhas e amigas de Deus, herdeiras da glória eterna” (PT,10). 

Na carta Encíclica Dominum et Vivificantem (1986), sobre o Espírito Santo na vida da Igreja e do mundo, João Paulo II nos apresenta-o como o Amor, eterno Dom incriado que nos chama à amizade, na qual as transcendentes profundezas de Deus, são abertas, de algum modo, à participação por parte do homem. O Deus invisível na riqueza do seu amor, fala aos homens como a amigos (cf. DetV, 34). O Espírito Santo é a fonte da autêntica e verdadeira Amizade.

Em 1987 na Encíclica Sollicitudo Rei Socialis, João Paulo II lamenta a constatação de ver o mundo dividido em blocos onde cada um corre atrás dos seus interesses, sendo um deles a corrida armamentista que impede o desenvolvimento do “impulso de cooperação solidária de todos para o bem comum do gênero humano” que deveria promover um diálogo profícuo e de uma verdadeira colaboração para a paz (cf. SRS, 122). 

Na Encíclica Evangelium Vitae, João Paulo II (1995), reflete sobre a importância do Amor à vida, que é a dimensão bioética da amizade. O Papa afirma: “em profunda comunhão com cada irmão e irmã na fé e animado por sincera amizade para com todos, quero meditar de novo e anunciar o Evangelho da vida…” (EV, 6). O Evangelho da Vida gera relações de amizade e convoca todos os membros da Igreja para que cresçam na justiça e a solidariedade e se afirme uma nova cultura da vida humana. O materialismo gera um grande empobrecimento das relações interpessoais, e conclui: “o critério próprio da dignidade pessoal — isto é, o do respeito, do altruísmo e do serviço — é substituído pelo critério da eficiência, do funcional e da utilidade: o outro é apreciado não por aquilo que «é», mas por aquilo que «tem, faz e rende” (EV, 23). A formação da consciência ajuda o homem a crescer no respeito à vida formando-o para as justas relações interpessoais (cf. EV, 97). 

A amizade é um importante elemento no relacionamento matrimonial; mas o casal deve estar atento com as falsas e prejudiciais amizades com terceiros que pode ameaçar o vínculo matrimonial (cf. Pio XI. Casti Connubii, 1930, N. 26). Na Encíclica Familiaris Consortio (1981), a experiência da Amizade pessoal está na base que sustenta as relações conjugais (cf. FC,25).

São João Paulo II, na Pastores Dabo Vobis (1992), fala da necessidade da educação para o amor responsável e a maturidade afetiva como condições fundamentais para a vivência do celibato pois capacitam a pessoa para ser capaz de relações humanas, serena amizade e de profunda fraternidade. O diretor espiritual deve ajudar o seminarista para que chegue a uma decisão madura, livre, fundamentada na estima da amizade sacerdotal e da autodisciplina (cf. PDV, 50). Os candidatos ao sacerdócio devem ser ajudados através de uma “adequada educação para a verdadeira amizade, à imagem dos vínculos de fraterno afeto que o próprio Cristo viveu na sua existência (cf. PDV, 60). “O ambiente do Seminário Maior deve tender a tornar-se uma comunidade impregnada de uma profunda amizade e caridade de modo a poder ser considerada uma verdadeira família, que vive na alegria” (PDV, 60).

João Paulo II, na Exortação Apostólica pós-sinodal Vita Consecrata (1996), sobre a vida consagrada e a sua missão na Igreja e no mundo, recorda aos consagrados que amizade espiritual ligou na terra diversos fundadores e fundadoras (cf. VC, 52). Falando da abertura dos institutos afirma que são chamados à experiência do conhecimento mútuo, o respeito e a caridade recíproca; ainda podem cultivar oportunas formas de diálogo, caracterizadas por amizade cordial, recíproca sinceridade e até com os ambientes monásticos de outras religiões (cf. VC, 102).

Na Encíclica Fides et Ratio (1998) de João Paulo II sobre as relações entre fé e razão, fala que a razão nas suas buscas tem necessidade de ser apoiada por um diálogo confiante e uma amizade sincera, pois “a amizade é um dos contextos mais adequados para o reto filosofar”. “O ser humano está sempre em busca da verdade e busca duma pessoa em quem poder confiar” (FR, 33); citando Santo Tomás de Aquino afirma que fé e razão estão unidas com laços de amizade recíproca que conserva os direitos próprios de cada uma e salvaguarda a sua dignidade (cf. FR, 57).

Na carta Encíclica Deus Caritas Est (2005), o Papa Bento XVI nos recorda que no começo da vida cristã está a experiência de um encontro de Amor: «Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo» (DCE, 1).

O Papa Bento XVI, na Carta encíclica Caritas in Veritate (2009), afirma que “a doutrina social da Igreja considera possível viver relações autenticamente humanas de amizade e camaradagem, de solidariedade e reciprocidade, mesmo no âmbito da atividade econômica e não apenas fora dela ou “depois” dela” (CV,36). De fato, a atividade econômica não é eticamente neutra e nem de natureza antissocial (cf. CV,36). O mesmo documento, fala da amizade cívica e sua dimensão ecológica. “Toda lesão da solidariedade e da amizade cívica provoca danos ambientais, assim como a degradação ambiental por sua vez gera insatisfação nas relações sociais” (CV,51). “A paz dos povos e entre os povos permitiria também uma maior preservação da natureza” (CV, 51). (No próximo texto refletiremos sobre a amizade no magistério do Papa Francisco).


Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Exercícios Espirituais com o cardeal Cantalamessa (II)

Exercícios Espirituais - Cardeal Cantalamessa (Vatican News)

De 19 a 24 de fevereiro, é proposto um minuto com o pregador da Casa Pontifícia para rezar com o Papa e a Cúria Romana por meio das redes sociais do Vatican News.

Vatican News

Nesta semana em que o Papa Francisco e seus colaboradores da Cúria Romana estão fazendo os Exercícios Espirituais da Quaresma, o Vatican News propõe em suas redes sociais X, Facebook, Instagram e WhatsApp uma reflexão por dia, de 19 a 24 de fevereiro, do pregador da Casa Pontifícia, cardeal Raniero Cantalamessa.

"Pediram-me para compartilhar com vocês, durante seis dias, uma reflexão de cerca de um minuto. Existem, no mundo, poucas palavras capazes de dizer em um minuto o suficiente para preencher um dia e, de fato, uma vida: aquelas que saem da boca de Jesus. Oferecerei a vocês uma de cada vez, pedindo-lhes que a 'mastiguem' durante todo o dia, como se fosse uma goma de mascar da alma", disse o cardeal Cantalamessa.

A reflexão do cardeal

As palavras de Jesus no Evangelho são de altíssimo "teor". Devem ser saboreadas em gotas. A "gota" de hoje é a palavra que Jesus disse a Marta atarefada em muitas coisas: "Marta, Marta! Uma só coisa é necessária" (Lucas 10, 42).

Esta palavra agora é dirigida a cada um de nós. Uma só coisa é necessária! Se tiver esta única coisa, tem tudo, se não tiver, não tem nada. O que é esta única coisa necessária a deixarei dizer por um grande filósofo e fiel do século XIX, Søren Kierkegaard, para que não se pense que o dizemos só nós pregadores.

"Fala-se muito de vidas desperdiçadas. Mas desperdiçada é somente a vida daquele homem, e eu acrescento daquela mulher, que assim a deixava passar enganado pelas alegrias da vida e suas preocupações, jamais percebeu que existe um Deus e que ele, exatamente ele, está diante deste Deus". O que é a única coisa necessária, porém, Jesus a tinha dito primeiro com duas parábolas. É o tesouro escondido pelo qual vale a pena vender tudo; é a pérola preciosa pela qual convém desfazer-se de todas as pérolas. A única coisa necessária é o Reino de Deus, isto é, Deus!

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Margarida de Cortona

Santa Margarida de Cortona (A12)

22 de fevereiro

Santa Margarida de Cortona

Margarida nasceu em Alviano, Itália, ano de 1247. Aos oito anos ficou órfã de mãe, que lhe havia ensinado rudimentos da Fé, e a desorientação do pai e da madrasta na sua educação, com más influências, a levaram às tentações chamativas mas sem sentido do mundo. Aos 16 de idade, bela, atraente, jovial e expansiva, deixou a casa para juntar-se ilicitamente com um jovem.

Assim viveu nove anos, quando seu companheiro, viajando a negócios, foi assaltado e morto. Seu corpo, ao ser finalmente encontrado, já estava em adiantado estado de decomposição. Diante da realidade da putrefação física, Margarida, abalada, passou a considerar a finitude e fugacidade da vida material, a insegurança e instabilidade dos amores e garantias terrenos, a futilidade e vazio das vaidades em que vivia. A semente de religiosidade cristã que a mãe plantara na sua primeira infância então desabrochou.

Seguindo um impulso interior, foi para a cidade vizinha de Cortona, buscando o convento franciscano para confissão e orientação espiritual. Recebeu entre lágrimas o perdão dos pecados, e pediu para ser admitida, como penitente, na Ordem Terceira franciscana. Foi aceita, mas somente depois de dar provas de constância nestes bons propósitos: a Igreja procura ser prudente para não deixar que apenas fortes emoções sejam motivo para que se assumam responsabilidades, sem as verdadeiras condições de cumpri-las. Assim, aceitou viver três anos num regime de retiro e penitência.

Só se alimentava de pão e água, disciplinava e mortificava o corpo diariamente, passava grande parte da noite em oração, dormia no chão e tinha por travesseiro uma pedra. Entrando para a Ordem Terceira, continuou levando uma vida de austeras penitências e constante oração. Aceitava com humildade e paciência os sofrimentos que Deus lhe permitia padecer, e a meditação da Paixão e Morte de Cristo nela despertou o desejo de penas cada vez maiores, com Ele e por Ele. Teve muitas tribulações interiores, vencidas pela orientação espiritual do seu confessor, orações perseverantes e firme confiança na misericórdia divina.

 Sua vida espiritual foi se fortalecendo cada vez mais, a par com a sua purificação pelos sofrimentos e penitências. Faleceu em 1297, e seu corpo se conserva milagrosamente intacto.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Nem todos os que sofrem, na infância e juventude, com as más orientações que afastam de Deus têm a felicidade de uma conversão tão grande como a de Santa Margarida; mas todos os que, principalmente na infância, recebem as bases do amor a Deus podem, em qualquer fase da vida, desenvolvê-la… donde se evidencia a importância primordial na boa formação religiosa das crianças, e no perigo e monstruosidade de negligenciar a espiritualidade na educação. Sinal do quão foi agradável a Deus a vida de arrependimento de Santa Margarida é a incorruptibilidade do seu corpo. Ele está milagrosamente intacto: mas também no sentido de que, intactos do pecado, a alma e o corpo serão perfeitos no Céu; Margarida não sofreu a decomposição do corpo nem a putrefação da alma, por causa do seu zelo no arrependimento, nas penitências, nas orações e na confiança na misericórdia de Deus. Sempre podemos e devemos sinceramente nos arrepender dos pecados, pois somos imperfeitos, mas nunca deixará de nos acolher a misericórdia amorosa de Deus.

Oração:

Pai de amor, cuja bondade quer sempre nos perdoar, dai-nos a graça da sincera e perseverante conversão ao longo de toda a vida, por intercessão de Santa Margarida de Cortona, para que o pranto pelos nossos pecados na Terra sejam transformados na alegria infinita do Céu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Das Demonstrações de Afraates, bispo

A circuncisão do coração (iCatólica)

Das Demonstrações de Afraates, bispo

(Dem. 11, De circumcisione, 11-12:PS 1,498-503)             (Séc. IV)

A circuncisão do coração

A lei e a aliança foram totalmente mudadas. Primeiramente Deus substituiu o pacto com Adão por outro que estabeleceu com Noé; e ainda estabeleceu outro com Abraão, substituindo-o depois por um novo, feito com Moisés. Como a aliança mosaica não era observada, ao chegar a plenitude dos tempos, Deus firmou uma aliança que não seria mais mudada. Com efeito, a Adão Deus ordenara não comer da árvore da vida, a Noé dera o arco-íris, a Abraão, já escolhido por causa da sua fé, deu mais tarde a circuncisão, como sinal característico de seus descendentes; a Moisés deu o cordeiro pascal para ser imolado como propiciação pelo povo.

Todas essas alianças eram diferentes umas das outras. Mas a circuncisão que agrada ao autor de todas elas é aquela de que fala Jeremias: Circuncidai o vosso coração (Jr 4,4). Pois se o pacto estabelecido por Deus com Abraão foi firme, também este é firme e imutável e não seria possível estabelecer depois outra lei, seja por parte dos que estão fora da Lei ou dos que a ela estão submetidos.

O Senhor deu a lei a Moisés, com todas as suas observâncias e preceitos; como não cumpriram, anulou a lei e seus preceitos e prometeu fazer uma nova aliança, que seria, como disse, diferente da primeira, embora fosse um só o doador de ambas. E é esta a aliança que prometeu dar: Todos se reconhecerão, do menor ao maior deles (Jr 31,34). Nessa aliança não há mais a circuncisão da carne como sinal de pertença a seu povo.

Sabemos com certeza, caríssimos irmãos, que durante várias gerações Deus estabeleceu leis que estiveram em vigor enquanto foi de seu agrado, e que mais tarde caíram em desuso, como disse o Apóstolo: “No passado, o reino de Deus assumiu formas diversas, segundo os diversos tempos”.

O nosso Deus é veraz e os seus preceitos são fidelíssimos. Por isso, cada uma das alianças foi em seu tempo firme e verdadeira. Agora, os circuncisos de coração têm a vida por meio da nova circuncisão que se realiza no verdadeiro Jordão, isto é, por meio do batismo para a remissão dos pecados.

Josué, filho de Nun, com uma faca de pedra circuncidou o povo pela segunda vez, quando ele e seu povo atravessaram o rio Jordão. Jesus, nosso Salvador, circuncidou pela segunda vez, com a circuncisão do coração, os povos que nele creram purificados pelo batismo e circuncidados com a espada que é a palavra de Deus, mais cortante do que qualquer espada de dois gumes (Hb 4,12).

Josué, filho de Nun, introduziu o povo na terra da promissão; Jesus, nosso Salvador, prometeu a terra da vida a todos que atravessassem o Jordão, cressem nele e fossem circuncidados no coração.

Felizes, portanto, os que foram circuncidados em seu coração e renasceram das águas da segunda circuncisão! Estes receberão a herança prometida, juntamente com Abraão, guia fiel e pai de todos os povos, porque a sua fé lhe foi atribuída como justiça.

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF