Translate

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

18 maneiras de caminhar em família durante a Quaresma

Imagem ilustrativa | Shutterstock

Muitas práticas de Quaresma são, por natureza, privadas e individuais; mas isso não significa que esse tempo de preparação seja essencialmente voltado para si mesmo. Tudo o que fazemos como cristãos é como comunidade, e como a nossa família é uma comunidade, podemos viver a nossa Quaresma com eles, tal como fazemos com qualquer outra coisa que seja bela, importante e profunda.

Abaixo, algumas atividades para se fazer junto com a família. No entanto, sinta-se livre para explorá-las e adicionar suas próprias tradições religiosas familiares:

1. A hora do jantar é tempo da família. Trate as refeições como um momento sagrado que deve ser respeitado e honrado. Sempre haverá emergências e horários complicados sempre serão difíceis de trabalhar, mas deve-se fazer um esforço para aproveitar esse momento em família.

2. Agradecer antes das refeições, tanto nos restaurantes como em casa. De um modo geral, pode-se levar a sério o aviso de Cristo para orar longe de olhares indiscretos, mas quando feito para o bem dos outros, pode ser um meio gentil e eficaz de evangelização. Tal como outras demonstrações públicas de piedade, isto pode parecer imodesto, mas é uma oportunidade maravilhosa de dar a Deus o que é Seu.

3. Uma família que reza unida permanece unida. Muitos dos problemas do mundo são resultado direto de não trazer Deus para nossas vidas. A oração pode unir, curar, esclarecer, iluminar e motivar. Pode-se começar agradecendo pelas refeições e depois continuar com o rosário. Neste mundo, só isso pode ajudar.

4. Abençoar a casa. É uma sensação calorosa e reconfortante ter um lar abençoado e dedicado. Se a família não tiver um padre amigo para fazer as honras, a paróquia pode providenciar a visita de um. A casa poderia ser abençoada duas vezes por ano, uma vez durante o Advento e outra durante a Quaresma. Isto ajudará a família a ter em conta a mudança dos tempos litúrgicos e a santidade da vida familiar.

5. Fazer decorações litúrgicas em casa. As famílias que mantêm uma coroa de flores na porta o ano todo podem complementá-la com uma simples fita em volta, cuja cor reflita o período litúrgico atual. É uma ferramenta maravilhosa de evangelização e um interessante ponto de partida para conversas.

6. Rezar um terço em família. O padre Patrick Peyton, sacerdote da Santa Cruz que foi muito ativo na pastoral familiar, repetia muitas vezes a sua expressão: “A família que reza unida, permanece unida”. Dificilmente alguém poderia pensar em uma maneira mais bonita de levar a oração e a Luz de Cristo para dentro de casa. Cria intimidade, humildade, espiritualidade e profunda introspecção – todas as coisas que tanto faltam nas nossas vidas e na sociedade em geral.

7. Catequisar os filhos. O principal dever para com as crianças é amá-las e mantê-las seguras. Algo importante para isso é ensinar-lhes a fé preservada por seus pais e antepassados. Nesse sentido, a Quaresma é uma oportunidade para a família aprender e crescer junta na fé.

8. Celebrar os sacramentos em família. Não há maior atividade comunitária na Igreja do que a celebração dos sacramentos, incluindo a santa missa. Viver os sacramentos em família os tornará mais próximos uns dos outros, da Igreja e de Deus.

9. Montar um altar na casa. Colocar um altar em casa pode servir como símbolo e foco da fé e como testemunho para aqueles que não são cristãos.

10. Retiro familiar. À medida que a vida fica mais ocupada, o tempo dedicado ao recolhimento torna-se ainda mais importante. Portanto, dedicar um tempo em família irá ajudá-lo a se reconectar consigo mesmo, com os outros membros da casa e com Deus.

11. Ser voluntários na paróquia em família. Nenhuma paróquia no mundo tem voluntários suficientes para executar todos os seus trabalhos pastorais, por isso, uma ajuda sempre é bem-vinda. Fale com o seu pároco ou com os líderes das pastorais da paróquia. Há dezenas de oportunidades para as famílias ajudarem a espalhar o Reino de Deus na terra.

12. Visitar as pessoas sozinhas. Imagine a solidão e o desespero vividos pelos esquecidos deste e mundo. Se queremos viver em Deus, devemos estender a mão aos doentes, aos idosos e aos desfavorecidos e demonstrar o amor de Deus por eles.

13. Colocar citações da Bíblia na porta. Os judeus praticantes costumam colocar a mezuzá, um pequeno pedaço de pergaminho com várias passagens bíblicas e a palavra Shaddai, um antigo nome para Deus. O pergaminho é enrolado na mezuzá e colocado nas portas. Imitando sua declaração de fé, muitos cristãos fazem de forma semelhante sua própria mezuzá cristã. Pode ser tão simples quanto uma cruz. O objetivo é fazer uma declaração ousada e antissecular sobre fé, família e lar.

14. Participar da vigília pascal em família. Assistir à Vigília Pascal é uma oportunidade única para participar juntos da missa. Estar em uma igreja escura que gradualmente se enche de luz à medida que as leituras avançam é emocionante e as crianças vão se lembrar disso por muitos meses.

15. Preparar cestas básicas de Páscoa. Prepare duas cestas de alimentos e peça ao sacerdote que as abençoe. Uma pode ser para a festa de domingo em família e outro para uma casa necessitada. Pergunte ao padre se toda a paróquia pode participar nesta doação anual.

16. Contribuir para uma despensa de alimentos. Ao fazer compras para a família, compre alguns itens extras para ajudar a abastecer a despensa de alimentos da paróquia. Pergunte a opinião de seus filhos sobre o que comprar. Pergunte-lhes o que acham que você deveria fazer para ajudar outras pessoas necessitadas.

17. Viver uma vida exemplar. Você pode gritar do alto o seu amor a Jesus, mas se você não for capaz de amar, o seu discurso não passará de um tambor barulhento ou um sino que se expande. O exemplo mais perfeito que você pode dar do amor de Deus no lar é amar e honrar seu cônjuge. Esta é a base da educação moral e do desenvolvimento espiritual de qualquer criança.

18. Colocar Deus em primeiro lugar. Como exatamente você coloca Deus em primeiro lugar? Provavelmente seria o mesmo meio usado para substituí-lo com outras coisas. Como a profissão se torna número um em nossas vidas? Trocando coisas de valor por coisas que não têm valor duradouro. O mesmo acontece com Deus, nosso Criador, a pessoa mais valiosa do universo e aquele que nos chama para sermos d’Ele. Coloque-O em primeiro lugar e o amor e a alegria sempre serão seus.

Fonte: https://www.acidigital.com

Exercícios Espirituais com o cardeal Cantalamessa (III)

Exercícios Espirituais - Cardeal Cantalamessa (Vatican News)

De 19 a 24 de fevereiro, é proposto um minuto com o pregador da Casa Pontifícia para rezar com o Papa e a Cúria Romana por meio das redes sociais do Vatican News.

https://youtu.be/Xhq_HJCNdFY

Vatican News

Nesta semana em que o Papa Francisco e seus colaboradores da Cúria Romana estão fazendo os Exercícios Espirituais da Quaresma, o Vatican News propõe em suas redes sociais X, Facebook, Instagram e WhatsApp uma reflexão por dia, de 19 a 24 de fevereiro, do pregador da Casa Pontifícia, cardeal Raniero Cantalamessa.

"Pediram-me para compartilhar com vocês, durante seis dias, uma reflexão de cerca de um minuto. Existem, no mundo, poucas palavras capazes de dizer em um minuto o suficiente para preencher um dia e, de fato, uma vida: aquelas que saem da boca de Jesus. Oferecerei a vocês uma de cada vez, pedindo-lhes que a 'mastiguem' durante todo o dia, como se fosse uma goma de mascar da alma", disse o cardeal Cantalamessa.

A reflexão do cardeal

A palavra a "mastigar" hoje é a pergunta que Jesus dirigiu à irmã de Lázaro, diante do túmulo do irmão morto: "Tu crês?" Deixe de lado por um momento tudo o que você aprendeu de cor com o catecismo e que repete no Credo. Entre naquele âmbito secreto, onde estão só você e Deus. Pergunte-se: Eu creio? Eu acreditei realmente, pessoalmente, e não "por meio de um intermediário", nem que seja a Igreja universal? São Paulo escreve que "com o coração se crê e com a boca se faz a profissão de fé". A minha profissão de fé vem realmente do coração?

A fé abre horizontes novos; é a única capaz de dar resposta às perguntas eternas do homem e da mulher: "Quem sou? De onde venho? Aonde vou?". A era eletrônica nos oferece uma imagem inédita da fé: a conexão com a internet. Abra a página do Google e estará conectado! Todo o mundo virtual se abre diante de você. Algo semelhante se obtém com a fé. Sem fios, sem custos. Uma breve oração, um simples movimento do coração, um olhar para a imagem de Jesus que você talvez tenha diante de si, sobre a mesa, e você está conectado! Conectado a um mundo não virtual, mas real. O único realmente real, porque eterno: porque é o mundo de Deus! Experimente e veja se estou dizendo a verdade!"

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

O jejum que agrada a Deus!

O jejum que agrada a Deus! (Canção Nova)

O JEJUM QUE AGRADA A DEUS!

Dom Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR) 

Queridos irmãos e irmãs em Cristo, 

Hoje nos reunimos para refletir sobre a segunda catequese quaresmal, que nos chama a contemplar o valor espiritual do jejum em nossas vidas. O jejum é uma prática antiga, enraizada na tradição religiosa, e é especialmente significativo durante a Quaresma, um período de preparação para a celebração da Páscoa. 

A palavra jejum pode evocar diferentes imagens e ideias em nossas mentes. Alguns podem associá-la a abstinência de alimentos, enquanto outros podem considerá-la como um ato de privação de algo querido. No entanto, o verdadeiro significado do jejum vai além da simples abstenção física. Envolve uma renúncia voluntária, um desapego das necessidades do corpo em busca de um alimento espiritual mais profundo. 

Nas Escrituras Sagradas, encontramos várias passagens que nos incentivam a jejuar como um meio de nos aproximarmos de Deus e fortalecer nossa vida espiritual. O próprio Jesus nos ensinou sobre o jejum e exemplificou sua importância durante seu ministério terreno. Em Mateus 4,2, lemos: “Depois jejuou quarenta dias e quarenta noites, e finalmente teve fome.” Jesus usou esse tempo de jejum no deserto para fortalecer sua comunhão com o Pai e resistir às tentações de Satanás. 

Além disso, em Mateus 6,16-18, Jesus instrui seus seguidores sobre como jejuar de maneira significativa: “Quando jejuarem, não mostrem uma aparência sombria, como os hipócritas, pois eles mudam a aparência do rosto a fim de que os outros vejam que estão jejuando. Eu lhes digo verdadeiramente que eles já receberam sua plena recompensa. Mas quando você jejuar, perfume a cabeça e lave o rosto, para que não pareça aos outros que você está jejuando, mas apenas a seu Pai, que está em secreto; e seu Pai, que vê em secreto, o recompensará.”0 

Essas palavras de Jesus destacam a importância da humildade e da sinceridade em nosso jejum. Não devemos jejuar para impressionar os outros, mas sim como uma expressão de nosso amor e devoção a Deus. 

Além disso, o jejum nos convida a refletir sobre nossas próprias fraquezas e dependência de Deus. Quando nos privamos de algo, somos confrontados com nossas próprias limitações e necessidades. Isso nos lembra da necessidade constante de buscar força e orientação divina em nossas vidas. 

Portanto, durante esta Quaresma, que possamos abraçar o jejum como uma oportunidade de crescimento espiritual. Que possamos nos aproximar de Deus com humildade e sinceridade, renunciando não apenas aos prazeres terrenos, mas também aos nossos próprios desejos egoístas. Que possamos seguir o exemplo de Jesus, encontrando força e sustento em nosso Pai celestial. 

Que o Espírito Santo nos guie e fortaleça neste caminho de renúncia e autoconhecimento, para que possamos experimentar a plenitude da vida que Deus tem para nós. 


Que assim seja. Amém!

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Primeira Pregação da Quaresma 2024 do cardeal Cantalamessa - Parte 1

Primeira Pregação da Quaresma (Vatican Media)

Primeira Pregação da Quaresma do cardeal Cantalamessa

"Nós, porém, encontramo-nos aqui no contexto da Cúria, que não é uma comunidade religiosa ou matrimonial, mas de serviço e de trabalho eclesial. As ocasiões para não desperdiçar, se quisermos também nós sermos moídos para nos tornarmos trigo de Deus, são muitas, e cada um deve identificar e santificar aquela que lhe é oferecida em seu posto de serviço".

Fr. Raniero Card. Cantalamessa, OFMCap
“EU SOU O PÃO DA VIDA”
Primeira Pregação da Quaresma de 2024

No início destas pregações da Quaresma, retomemos o diálogo entre Jesus e os apóstolos em Cesaréia de Filipe:

Jesus foi à região de Cesaréia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?”. Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros, que é Elias; outros, que é Jeremias ou um dos profetas: Então disse-lhes: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Simão Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16,13-16).

De todo o diálogo, interessa-nos, pelo momento, apenas e exclusivamente, a segunda pergunta de Jesus: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Não a tomemos, contudo, no sentido com que esta pergunta é normalmente entendida; isto é, como se a Jesus interessasse saber o que pensa dele a Igreja, ou o que os nossos estudos de teologia nos dizem dele. Não! Tomemos essa pergunta como deve ser tomada toda palavra que sai da boca de Jesus, isto é, como se dirigida, hic et nunc, a quem a escuta, individualmente, pessoalmente.

Para realizar este exame, deixemo-nos ajudar pelo evangelista João. Em seu Evangelho, encontramos toda uma série de declarações de Jesus, os famosos Ego eimi, “Eu Sou”, com os quais ele revela o que pensa, ele, de si mesmo, quem diz, ele, ser: “Eu sou o pão da vida”, “Eu sou a luz do mundo”, e assim por diante. Veremos cinco destas autorrevelações e nos perguntaremos cada vez se ele é realmente para nós aquilo que ele afirma ser e como fazer para que o seja sempre mais.

Será um momento para se viver de modo particular. Isto é, não com o olhar voltado para o exterior, aos problemas do mundo e da própria Igreja, como somos levados a fazer em outros contextos, mas um olhar introspectivo. Um momento, então, intimista e separado e, por isso, egoístico? Totalmente o contrário! É um evangelizar-nos para evangelizar, um preencher-nos de Jesus para falar dele “por redundância de amor”, como as primitivas Constituições da minha Ordem Capuchinha recomendavam aos pregadores; isto é, por íntima convicção, não apenas para cumprir um mandato.

*    *    *

Iniciemos pelo primeiro destes “Eu Sou” de Jesus que encontramos no Quarto Evangelho, no capítulo sexto: “Eu sou o pão da vida”. Escutemos primeiramente a parte do trecho que mais diretamente nos interessa:

Eles perguntaram: “Que sinal realizas para que o vejamos, e creiamos em ti? Que obra fazes? Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: ‘Deu-lhes de comer o pão do céu’”. Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade vos digo: não foi Moisés quem vos deu o pão do céu. Meu Pai é quem vos dá o verdadeiro pão do céu, pois o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo”. Eles então pediram: “Senhor, dá-nos sempre desse pão!”. Jesus lhes disse: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim nunca mais terá fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede” (Jo 6,30-35).

Uma palavra sobre o contexto. Jesus multiplicara anteriormente cinco pães de cevada e dois peixes para saciar cinco mil homens. Depois se retirou para fugir do entusiasmo do povo, que quer fazê-lo rei. A multidão o procura e o encontra do outro lado do lago.

Neste ponto começa o longo discurso com o qual Jesus procura explicar “o sinal do pão”. Quer fazer entender que há um outro pão a ser buscado, do qual aquele material é, justamente, um “sinal”. É o mesmo procedimento usado com a mulher Samaritana no capítulo IV do Evangelho. Ali, Jesus quer conduzir a mulher a descobrir uma outra água, além daquela física que sacia a sede apenas por um breve tempo; aqui, quer conduzir a multidão a buscar um outro pão, diferente daquele material que sacia apenas por um dia. À Samaritana que pede para ter aquela água misteriosa e espera a vinda do Messias para obtê-la, Jesus responde: “Sou eu, que falo contigo” (Jo 4,26). À multidão que agora faz o mesmo pedido pelo pão, responde: “Eu sou o pão da vida!”.

Perguntamo-nos: como e onde se come este pão da vida? A resposta dos Padres da Igreja era: em dois “lugares” ou dois modos: no sacramento e na Palavra, isto é, na Eucaristia e na Escritura. Havia, é verdade, acentos diversos. Alguns, como Orígenes e, entre os latinos, Ambrósio, insistem mais sobre a Palavra de Deus. “Este pão que Jesus parte – escreve Santo Ambrósio comentando a multiplicação dos pães – si­gnifica misticamente a palavra de Deus que, distribuída, aumenta. Ele nos deus as suas palavras como pães que se multiplicam em nossa boca enquanto os degustamos”[1]. Outros, come Cirilo de Alexandria, acentuam a interpretação eucarística. Nenhum deles, contudo, pretendia falar de um modo excluindo o outro. Fala-se da Palavra e da Eucaristia, como das “duas mesas” preparadas por Cristo. Na Imitação de Cristo, lê-se:

Confesso que, enquanto estou detido no cárcere deste corpo, necessito de duas coisas: alimento e luz. Por isso me destes, Senhor, a mim, fraco, o vosso sagrado corpo, para sustento da alma e do corpo, e “pusestes a vossa palavra qual cadeia diante de meus pés” (Sl 118,105). Sem estas duas coisas, não poderia bem viver; porque a palavra de Deus é a luz da minha alma e vosso Sacramento o pão da vida. Podem ser chamadas duas mesas, colocadas de um e outro lado do tesouro da Santa Igreja[2].

A afirmação unilateral de um destes dois modos de comer o pão da vida excluindo o outro é fruto da nefasta divisão ocorrida no cristianismo ocidental. Da parte católica, acabara por se tornar de tal forma preponderante a interpretação eucarística ao ponto de fazer do capítulo sexto de João quase o equivalente à narrativa da instituição da Eucaristia. Lutero, por reação, afirmou o contrário, ou seja, que o pão da vida é a palavra de Deus; ele é distribuído mediante a pregação e comido mediante a fé[3].

O clima ecumênico que se instaurou entre os fiéis em Cristo nos permite recompor a síntese tradicional presente nos Padres. Não há dúvida de que o pão da vida chega a nós mediante a palavra de Deus e, em particular, as palavras de Jesus no Evangelho. Também a sua resposta ao tentador nos recorda isso: “O homem não vive somente de pão, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4,4). Mas como não ver no discurso de Jesus na sinagoga de Cafarnaum também uma referência à Eucaristia? Todo o contexto evoca um banquete: fala-se de comida e bebida, de comer e beber, do corpo e do sangue. As palavras: “Quem não comer a minha carne e não beber o meu sangue...” recordam muito de perto as palavras da instituição (“Tomai, comei, isto é o meu corpo” e “Tomai, bebei: este é o meu sangue”), para se poder negar qualquer relação entre elas.

Se na exegese e na teologia se assiste a uma polarização e, às vezes – eu dizia –, a uma contraposição entre o pão da palavra e o eucarístico, na liturgia a sua síntese foi sempre vivida pacificamente. Desde os tempos mais remotos, por exemplo, em São Justino, Mártir, a Missa compreende dois momentos: a liturgia da Palavra, com leituras tiradas do Antigo Testamento e das “memórias dos apóstolos”, e a liturgia eucarística, com a consagração e a comunhão.

Hoje podemos retornar, eu dizia, à síntese originária entre Palavra e Sacramento. Nesta linha, devemos, antes, dar um passo à frente. Consiste em não limitar o comer a carne e beber o sangue de Cristo apenas à Palavra e apenas ao sacramento da Eucaristia, mas em vê-lo atuado em cada momento e aspecto da nossa vida de graça.

Quando São Paulo escreve: “Para mim, de fato, o viver é Cristo” (Fl 1,21), não pensa em um momento particular. Para ele, Cristo é, realmente, em todos os modos da sua presença, pão da vida; “come-se” com a fé, a esperança e a caridade, na oração e em tudo. O ser humano é criado para a alegria e não pode viver sem alegria, ou sem a esperança dela. A alegria é o pão do coração. E também o Apóstolo busca a verdadeira alegria – e exorta os seus a busca-la – no Senhor Jesus Cristo: “Gaudete in Domino semper, iterum dico, gaudete”“Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito, alegrai-vos” (Fl 4,4).

Jesus é pão de vida eterna não só pelo que dá, mas também – e antes de tudo – pelo que é. A Palavra e o Sacramento são os meios; viver dele e nele é o fim: “Como o Pai, que vive, me enviou e eu vivo pelo Pai, também o que comer de mim viverá por mim” (Jo 6,57). No hino Adoro te devote, que tem alimentado por séculos a piedade e a adoração eucarística dos católicos, há uma estrofe que é uma paráfrase desta palavra de Jesus. No original, que muitos de nós certamente recordam, ela soa assim:

O memoriále mortis Dómini,
Panis vivus vitam praestans hómini,
praesta meae menti de te vívere,
et te illi semper dulce sápere.

Em português pode ser traduzida assim:

Ó memorial da morte do Senhor,
Pão vivo que dá vida aos homens,
Fazei que minha alma viva de Vós,
E que a ela seja sempre doce este saber

_____________

Tradução de Frey Ricardo Luiz Farias

Notas

[1] Cf. Ambrósio, In Lucam, VI,86.
[2] Imitação de Cristo, IV,11.
[3] Cf. Lutero, Sobre o Evangelho de João, 231.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Policarpo

São Policarpo (A12)
23 de fevereiro
São Policarpo

Policarpo nasceu em 69, em local não indicado, de pais cristãos. Santo Ireneu, seu discípulo do século II, escreveu sobre ele, esclarecendo que Policarpo conviveu diretamente com alguns dos Doze Apóstolos, especialmente São João: “Poderia reproduzir o que nos contava do seu trato com São João Apóstolo e os demais que tinham visto o Senhor e como repetia suas mesmas palavras…”.

Por testemunhar pela vida e pelos escritos a Fé recebida diretamente dos Doze, Policarpo, junto a São Clemente Romano, Santo Inácio de Antioquia e São Pápias são chamados de “Padres Apostólicos”, e foram o elo entre a Igreja primitiva e a Igreja do mundo greco-romano, na passagem do primeiro para o segundo século. Imensa importância têm estes Padres, pois na sua época havia inúmeras interpretações sobre o que Jesus havia feito e dito; assim puderam esclarecer e autenticar com autoridade a verdadeira mensagem dos Apóstolos.

São Policarpo foi sagrado bispo de Esmirna pelo próprio São João Evangelista. Por suas muitas qualidades era estimado e respeitado em todo o Oriente. Em 107 Policarpo acolhe em Esmirna Santo Inácio de Antioquia, de passagem e sob escolta, indo a Roma para ser julgado. Escreveu muitas cartas, mas somente uma, endereçada aos Filipenses em 110, foi preservada. Nela exalta a fé em Jesus Cristo, a qual precisa ser confirmada no trabalho árduo, diário e no dia a dia dos cristãos, incutindo em cada um a lembrança de suas obrigações particulares. Ela também cita trechos da Carta de São Paulo aos Filipenses e os Santos Evangelhos, além de repetir as muitas e preciosas informações que ele próprio recebera diretamente dos Apóstolos, especialmente de São João Evangelista. São Policarpo parece ter sido um dos que compilaram, editaram e publicaram o Novo Testamento.

Por volta do final de 154, Policarpo vai a Roma como representante dos cristãos da Ásia Menor, para tratar com o Papa Aniceto sobre diversas questões, mas principalmente sobre a data da Páscoa, que nas Igrejas Orientais era celebrada no dia 14 do mês judaico de Nisan, enquanto que, na capital do Império, no domingo seguinte. Não se chega a um acordo, mas eles celebraram juntos a Eucaristia, mostrando que uma mera questão disciplinar não devia desunir a Igreja.

 Marcião, numa carta que os fiéis de Esmirna enviaram para a cidade de Filomélio na Frígia (atual Turquia) em 23 de fevereiro de 156, e conhecida como Martyrium Polycarpi, descreve o martírio de São Policarpo em 155. É considerada como uma dos mais antigos relatos genuínos de martírios cristãos, e um dos poucos relatos sobreviventes compostos na época das perseguições. Também é a primeira obra que define como mártir aquele que morre pela Fé. Policarpo, já com 86 anos, diante da perseguição do Imperador Antonino Pio, havia se ocultado, mas foi delatado e preso. Diante do pró-cônsul que o instigava a renegar a Fé, resistiu e foi condenado à fogueira. Subiu espontaneamente os degraus que a ela levavam, mas o fogo não lhe fez mal algum, sendo então morto à espada. Ele é o padroeiro dos que sofrem queimaduras.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

São Policarpo de fato vivenciou o significado do seu próprio nome (poli = muitos; carpo = fruto – muitos frutos), pois, permanecendo unido à Videira, que é Cristo, através da ortodoxia da Doutrina recebida diretamente pela Tradição dos Apóstolos, por suas obras, testemunhos e martírio muito enriqueceu a Igreja. Os nossos nomes pessoais também estão inscritos no Coração do Pai com o de Cristo, o único Nome pelo Qual podemos ser salvos (Jesus = Deus salva, Cristo = ungido; é Aquele que Deus ungiu para nos salvar, cf. Catecismo da Igreja Católica nos 430-440). Se permanecermos fiéis ao que ensina o Espírito Santo na Igreja, a qual Ele mantém na Verdade como prometido em Pentecostes (cf. Jo 16,13-14; CIC nos76-83 e 767), daremos os mesmos frutos. É preciso crer de fato no Evangelho, para podermos vivê-lo, dar a vida por Ele. Isto significa normalmente o pequeno martírio diário de cumprir com amor e zelo nossas obrigações normais, na paciência com os irmãos, no arrependimento sincero dos nossos pecados, no serviço aos necessitados de corpo e espírito.

Oração:

Senhor Deus da Verdade, que não pode nunca enganar, por intercessão de Vosso servo São Policarpo concedei-nos a firmeza da Fé que recebemos legitimamente dos Apóstolos pela Igreja, iluminada infalivelmente pelo Espírito Santo, para caminharmos espontaneamente ao chamado do Fogo do Vosso amor – e, na certeza do que cremos, praticarmos corajosamente a caridade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

Fonte: https://www.a12.com/

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Por que os casais brigam? Aprenda a argumentar

Antonio Guillem - Shutterstock
Por Karen Hutch postado em 22/02/24
Você ficará surpreso ao descobrir qual é o principal motivo que causa brigas nos casais. É normal haver divergências, o importante é saber discutir e ser fraterno.

Ter uma discussão no relacionamento nem sempre é ruim. Segundo a Real Academia de Língua Espanhola (RAE), discutir é: examinar um assunto com atenção e particularidade. 

O que nos leva a pensar que existem questões importantes que devem ser tratadas com atenção e clareza, principalmente quando se trata de uma boa comunicação a dois. Pois, através de uma discussão saudável, pode haver um grande crescimento em ambos. 

A questão é como respondemos aos momentos de divergência e quais situações priorizamos para que se tornem tema de discussão. 

Por que os casais discutem mais?

A OnePoll realizou um estudo no qual entrevistou duas mil pessoas que estavam em um relacionamento – seja namorando ou casado – para descobrir por que há casais que discutem com tanta frequência e sobre o que discutem.

O resultado dos pesquisados ​​foi que o principal motivo da discussão é motivado pelo não acordo para jantar. Sim, isso mesmo, mais da metade dos entrevistados nos Estados Unidos revelaram ter medo de ouvir a pergunta “O que vamos jantar?” ou "Onde vamos jantar?"

De acordo com este estudo, um casal leva em média 17 minutos para escolher o local ou jantar perfeito, mas 16% dos entrevistados leva até 30 minutos.

mavo | Obturador

O que esse problema nos diz?

Como primeiro ponto, percebemos que a grande maioria das discussões surge de questões muito simples que se tornam um grande problema. Alguns casais param de conversar ou mudam de comportamento para demonstrar raiva. 

Segundo ponto: falta comunicação e maturidade. Quando um casal consegue ter espaços para expressar seus gostos - até culinários, como é o caso - eles vão conhecendo o parceiro à medida que crescem juntos. 

O crescimento contínuo como casal desenvolverá a capacidade de estar atento às necessidades dos outros e, da mesma forma, de estabelecer acordos.

Acordos entre ambos

michaeljung | Obturador

Acordos em um relacionamento são necessários. Às vezes queremos deixar negociações e acordos para empresas ou negócios. Porém, está comprovado que estabelecer acordos em um relacionamento o tornará bem-sucedido. 

Os acordos ajudarão a estabelecer metas, limites e, principalmente, a capacidade de administrar possíveis conflitos futuros, fortalecendo assim o seu relacionamento e o seu amor. 

Johnny Abraham diz que num relacionamento você deve buscar o bem comum e não o bem individual.

«Quando você discutir, lembre-se de que são vocês dois contra o problema, não um ao outro. Vencer a discussão faz você perder o relacionamento, então certifique-se de que o relacionamento vença e não seus egos.

As vantagens de ter acordos mútuos

Estar aberto para dar e dar abrirá muitas oportunidades de crescimento em seu relacionamento. Muitas vezes queremos sempre ter a última palavra e que as coisas sejam feitas à nossa maneira, mas um casal saudável está aberto aos pontos de vista do outro. 

Nem sempre precisam pensar da mesma forma e ter os mesmos gostos; Porém, podem estabelecer meios que os ajudem a buscar o bem comum e não um bem único, desistindo mutuamente. 

Isso o ajudará a ter discussões saudáveis, por meio de acordos, e não uma briga que leve à raiva. 

Amar o outro é uma decisão e um compromisso diário, unir forças e zelar pelo bem de ambos.

Fonte: https://es.aleteia.org/

As “Madres da Igreja” do século IV

A Catedral de Santa Sofia (Foto da autora) 

A vida religiosa como a conhecemos hoje, tanto contemplativa quanto ativa, evoluiu ao longo de dois milênios. Neste terceiro artigo da série de quatro, Christine Schenk analisa a contribuição de eminentes mulheres cristãs no século IV, que, ao fundarem mosteiros, lançaram as bases para a vida das religiosas de hoje.

Irma Christine Schenk, CSJ

O século IV começou com uma dura perseguição contra os cristãos, sobretudo no Oriente. Depois de ter abraçado o Deus cristão e após uma longa luta pelo poder, Constantino tornou-se imperador em 324 d. C . Nessa época a Igreja ascendeu a níveis de poder e influência terrena sem precedentes, graças ao favor imperial de Constantino, dos seus filhos e da sua mãe, Helena. Os homens da Igreja recebem generosos benefícios de mulheres cristãs aristocráticas, como Olímpia, Melânia a Velha, Melânia a Jovem e Paula. As comunidades cristãs que até então se reuniam em grandes casas passam a encontrar-se em luxuosos locais públicos. Estas mudanças exacerbam as tensões sobre o ministério público das mulheres cristãs.

Como o papel das mulheres na Igreja está mudando

O século IV viu também surgir uma perigosa tendência para assimilar, ainda que simbolicamente, o género feminino à heresia, apesar de tanto os homens como as mulheres cristãos estarem envolvidos nas mais diversas interpretações do cristianismo, chegando até a ser definidas como hereges. Mas sobretudo as mulheres correm o risco de serem qualificadas de hereges e suspeitas de impudência quando assumem o papel de mestras. É neste contexto eclesial que as “Madres da Igreja” do século IV vivem e dão testemunho da sua fé. Segue-se uma breve mas significativa cronologia das suas vidas e do modo como elas — e as suas comunidades — exerceram a autoridade eclesial na Igreja primitiva.

Egeria - Retrato do Fayyum (Wikimedia commons)

Textos escritos por mulheres

A informação literária sobre mulheres do século IV , como Marcela, Paula, Macrina, Melânia a Velha e Olímpia, chega-nos sobretudo através de homens de Igreja eruditos como Jerónimo, Gregório de Nissa, Paládio e João Crisóstomo. Temos dois textos escritos por mulheres: Proba e Egéria. Proba adapta em prosa um centão de Virgílio, muito apreciado em Roma, para contar a história do cristianismo com o objetivo de evangelizar jovens aristocráticas, criando um instrumento culturalmente transversal que influenciará homens e mulheres cristãos durante gerações. Egéria, por seu lado, escreve um diário de viagem para as suas irmãs, ilustrando o seu itinerário pelos lugares santos do Oriente. Durante esta viagem, escreve Egéria, numa certa altura encontra a sua “querida amiga, a santa diaconisa Marthana”, que governa um mosteiro duplo perto do santuário de Santa Tecla (na Turquia). Marthana é um exemplo raro de diácono-mulher que exerce autoridade sobre homens e mulheres cristãos.

Embora o nascimento do monaquismo seja frequentemente atribuído a Basílio no Oriente, e a Jerónimo no Ocidente, duas mulheres — Macrina e Marcela — começaram a praticar este estilo de vida cristão muito antes dos homens.

Santa Macrina na colunata da Praça São Pedro (Wikimedia commons)

Macrina (327-379) fundou um mosteiro em Anisa, na Ásia Menor, que se tornou o protótipo da regra monástica escrita pelo seu irmão Basílio. Se Basílio é mais tarde chamado o “pai do monaquismo”, Macrina é certamente a sua mãe. A sua autoridade como guia espiritual influenciou profundamente os seus irmãos Basílio e Gregório, ambos teólogos, que viriam a elaborar a doutrina da Trindade.

Marcela de Roma (Gravura de Diodore Rahoult, Itália, 1886 / Wikimedia commons)

Marcela (325-410) reúne mulheres que estudam as Escrituras e rezam na sua vivenda aristocrática do monte Aventino, 40 anos antes da chegada de Jerónimo a Roma. Quando Jerónimo regressa a Jerusalém, os sacerdotes de Roma consultam Marcela para esclarecer certas passagens dos textos bíblicos. Marcela intervém também nos debates públicos sobre a controvérsia origenista.

São Jerônimo junto com seus discípulos, Santa Paula e Santo Eustáquio (Wikimedia commons)

Paula Romana (347-404) funda dois mosteiros em Belém: um feminino e outro masculino. Confiou o mosteiro masculino aos monges e foi aí que, graças ao seu apoio, Jerónimo completou a tradução da Bíblia do grego para o latim. Jerónimo diz-nos que os conhecimentos de Paula sobre a língua hebraica excediam os seus.

Melânia a Velha (350-410), consegue que um importante homem da Igreja (Evágrio) retome o seu voto de celibato; ensina e converte muitos homens. É fundamental na resolução de um cisma que envolve 400 monges em Antioquia, “conquistando todos os hereges que negam o Espírito Santo”. Financia e cofunda um mosteiro duplo no Monte das Oliveiras, onde as suas comunidades se dedicam ao estudo das Escrituras, à oração e a obras de caridade.

Olímpia (368-408). Ordenada diaconisa em Constantinopla pelo bispo Nectário, Olímpia utilizou a imensa fortuna da sua família para apoiar a Igreja e servir os pobres. Fundou um grande mosteiro perto da Basílica de Santa Sofia, onde três das suas familiares foram também ordenadas diaconisas. Em breve, as mulheres das famílias do Senado romano também se uniram a ela, e o número de monjas aumentou para 250.

Estes são apenas alguns exemplos de mulheres do século IV cujas comunidades são precursoras da vida religiosa atual. O seu testemunho e a sua autoridade eclesial influenciaram fortemente as comunidades cristãs do seu tempo, mas também dos tempos que se seguiram. Numa época em que alguns homens da Igreja proibiam as mulheres de falar ou ensinar publicamente e preferiam que elas ficassem em casa, há provas de que, no século IV , algumas mulheres cristãs exerciam autoridade, falavam sobre questões eclesiais importantes, ensinavam mulheres e homens e davam livremente testemunho do Cristo ao qual tinham escolhido unir-se.

Il materiale usato per questo articolo è tratto in larga parte dal libro dell’autrice “Crispina e le sue sorelle: donne e autorità nel cristianesimo primitivo” (Fortress Press, 2017). Nel quarto e último articolo di questa serie, un’analisi sulle motivazioni che possono avere spinto le donne del cristianesimo primitivo a essere contributrici attive all’edificazione della Chiesa.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF