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quinta-feira, 14 de março de 2024

Viver a Liturgia na Paróquia

Para viver a Liturgia (arquidiocesebh)

VIVER A LITURGIA NA PARÓQUIA

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
 

Cadernos do Concílio – Volume 8 

Dando continuidade à nossa preparação para o grande jubileu do próximo ano e aos sessenta anos de encerramento do Concílio Ecumênico Vaticano II, nos debruçaremos ao longo desse artigo em mais um volume da coleção Cadernos do Concílio, que recorda os principais documentos desse Concílio marcante para a história da Igreja. O Magistério da Igreja resolveu fazer isso em preparação ao jubileu para que possamos ter contato novamente com esses documentos, e ainda de certa forma reviver o Concílio Ecumênico Vaticano II.  

Antes de querermos realizar um outro Concílio, ou criarmos “ideologias” para não aceitar o Concílio Vaticano II, temos que viver muita coisa deste Concílio Ecumênico que ainda não foi vivido. Como bem sabemos grande parte das atualizações que Concílio propôs foi a reforma litúrgica. Tudo aquilo que a Igreja faz ou propõe é para melhorar a participação dos fiéis e fazer com que os batizados cresçam em sua vida de fé.  

A liturgia não envolve somente a celebração da Santa Missa, mas todo momento de oração é regido pela sagrada liturgia. Podemos dizer que a liturgia orienta aquilo que vai acontecer ao longo da Missa ou do momento de oração. Para que a liturgia aconteça de maneira ordenada e tudo saia corretamente é preciso em primeiro lugar preparar bem e em segundo lugar aqueles que tiverem a frente da liturgia não devem fazer nada correndo ou com pressa, mas realizar tudo devagar e com calma.  

A liturgia é da Igreja e está no coração da Igreja, por isso, ao longo dela deve-se evitar algumas ideologias e não “criar” uma liturgia própria. Por isso temos que seguir aquilo que foi proposto na reforma litúrgica para caminharmos juntos como Igreja. Lembrando que fazemos parte de um Corpo que tem Cristo como cabeça. Toda a liturgia deve estar voltada para a cabeça que é Cristo.  

A liturgia é para além da história, ou seja, surgiu há muitos anos, desde o Antigo Testamento era celebrada, é claro, que não da forma que conhecemos hoje, mas foi se adaptando ao longo do tempo. No Antigo Testamento o povo judeu se reunia no templo para recitar salmos e ouvir a Torah. No Novo Testamento o povo judeu se reunia nas sinagogas para meditar a Torah e recitar os salmos. Jesus rezava com os seus discípulos meditando os salmos. Na noite da última Ceia, antes de lavar os pés dos discípulos e partir o pão, Jesus rezou com os discípulos recitando os salmos. Após a ressurreição de Jesus, os discípulos iniciando a vida da Igreja primitiva celebravam a liturgia, anunciando a Palavra, partilhando tudo o que tinham em comum e partindo o pão. Nos dias de hoje, muita coisa mudou, mas a essência permaneceu, o anúncio da Palavra e a partilha do pão. Ao longo da Missa participamos de duas grandes mesas: a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia, temos que abrir os ouvidos e o coração para que a Palavra faça morada em nós, após acolhermos a Palavra, comungamos da Eucaristia.  

Em toda Missa recordamos do mistério Pascal de Cristo, ou seja, fazemos memória daquilo que aconteceu na última Ceia. Esse fazer memória não é apenas uma repetição das palavras de Jesus na última ceia e nem um mero teatro, mas naquele momento o sacerdote age na pessoa de Cristo, ou seja, é o próprio Cristo ali presente, e pede ao Pai para que envie o Espírito Santo para que aquelas oferendas do pão e do vinho se tornem no Corpo e Sangue de Cristo. Portanto, ao fazer memória do que aconteceu na última Ceia, tornamos ao mesmo tempo esse acontecimento atual. Por isso, que é mistério e o sacerdote ao final diz: “Mistério da fé”. O memorial faz parte da liturgia todas as vezes que invocamos a presença de Jesus no meio de nós. O sacerdote diz ao menos três vezes ao longo da missa a frase: “O Senhor esteja convosco” e respondemos: “Ele está no meio de nós”. Cristo está no meio de nós através do Espírito Santo, que além de animar a vida da comunidade, torna possível o mistério que está sendo celebrado.  

A liturgia ainda se adapta as diferentes culturas, ou seja, a liturgia fala a língua do povo e quer estar próxima do povo. Quando Jesus enviou os discípulos no dia de Pentecostes, os enviou aos quatro cantos da terra, ou seja, a Igreja é universal, presente no mundo todo, por isso, em cada lugar a liturgia se adapta a cultura local, mas não perdendo a essência do mistério que é Cristo.  

Esse Caderno nº 8 do Concílio escrito por Samuele Ugo Riva ainda faz um alerta para que tenhamos o cuidado de não fazer “exageros” na liturgia, ou seja, conforme já disse o centro da liturgia é Cristo, Ele é a essência, por isso, temos que ter o cuidado de ao celebrarmos a liturgia não perder essa essência. O texto diz ainda a respeito do Domingo: esse é o dia por excelência, dia da ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. O cristão é convidado a viver esse dia com alegria e intensidade, sendo a Missa como obrigatoriedade nesse dia.  

 Nos dias de hoje temos que resgatar em nossas famílias a importância do Domingo. Infelizmente hodiernamente com o avanço da tecnologia e outros atrativos as famílias acabam deixando a Missa de lado, o lazer o descanso, e o estar com a família são possíveis nesse dia, mas não podemos perder a essência do Domingo e dedicar esse dia ao Senhor.  

A liturgia deve ser vibrante e não reduzida a um ritual árido e incompreensível. A liturgia não pode ser engessada, mas a liturgia deve ser animada e conduzir as pessoas ao mistério celebrado. Na liturgia é toda a comunidade que celebra e o sacerdote é o presidente da celebração.  

Conforme diz o título desse documento, devemos viver a liturgia na paróquia e vivê-la bem com afinco e alegria. Em cada paróquia deve haver um grupo responsável pela liturgia para preparar, aprofundar e animar a vida da comunidade e esse grupo, juntamente com o sacerdote, deve conduzir a comunidade ao mistério central que é Cristo. Animados pelo Espírito Santo vivamos de maneira intensa a liturgia e tenhamos gosto por participar da missa, sobretudo as dominicais.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Jovens vão peregrinar milhares de quilômetros com a eucaristia nos EUA

Alguns dos "Peregrinos Perpétuos", Matthew, Amayrani e Charlie | National Eucharistic Pilgrimage | ACI Digital

Um grupo de 24 jovens peregrinos católicos vai caminhar milhares de quilômetros pelos EUA nos próximos meses levando Jesus Cristo Sacramentado na Eucaristia pelo campo e pelas ruas das cidades rumo ao Congresso Eucarístico Nacional de 2024.

Coletivamente, os peregrinos vão caminhar mais de 10,4 mil km e percorrer quatro rotas diferentes, começando em lados opostos do país e encontrando-se em Indianápolis, Indiana, para o Congresso Eucarístico Nacional, marcado para 17 a 21 de julho.

Os 24 “Peregrinos Perpétuos”, seis por rota, todos com idades entre 19 e 29 anos, se comprometeram a abrir mão das férias de verão e de enfrentar o sol e a chuva para ajudar a Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB, na sigla em inglês) a reconsagrar o país a Cristo na Eucaristia. Acompanhados durante todo o percurso por padres, os peregrinos vão percorrer de 16 a 24 quilômetros todos os dias, principalmente a pé, enquanto participam de uma pequena procissão eucarística, começando no fim de semana de Pentecostes, de 17 a 19 de maio.

O processo de candidatura de peregrinos foi aberto em outubro do ano passado e os nomes dos peregrinos foram anunciados na última segunda-feira (11).

A Rota Seton

A Rota Seton, que começa em Connecticut e leva o nome da primeira santa nascida nos EUA, santa Elizabeth Ann Seton, vai passar por várias das maiores cidades do país, como Baltimore, sede da mais antiga diocese do país.

Amayrani Higueldo Sanchez, recém-formada na escola de enfermagem da Filadélfia, viveu meses desestruturados depois de sua formatura. Ao mesmo tempo ela diz que, durante sua movimentada experiência na escola de enfermagem, sentiu sempre um impulso para passar mais tempo com Jesus em adoração.

Então, quando surgiu a oportunidade de deixar tudo e passar meses viajando com Jesus Eucarístico por todo o país, ela disse que parecia uma forma providencial de passar mais tempo com Jesus e encorajar outros a fazerem o mesmo.

Higueldo, natural de Acapulco, no México, que vive na região de Filadélfia desde os sete anos, disse estar especialmente ansiosa para levar a eucaristia às principais cidades do leste dos EUA. Ela descreveu um encontro poderoso que teve com a eucaristia durante um retiro na adolescência e expressou a esperança de levar uma experiência semelhante aos participantes ao longo do percurso.

“Lembro-me apenas do olhar penetrante de Nosso Senhor. Simplesmente penetrou todo o meu corpo e toda a minha alma. E eu me lembro de apenas ser, me sentir, vista, amada e redimida pela primeira vez na minha vida”, lembrou ela.

“E realmente mudou toda a trajetória da minha vida, só aquele olhar de Jesus no Santíssimo Sacramento. E realmente, fui restaurada naquele momento e busquei o sacramento da reconciliação logo em seguida. E não tenho sido a mesma desde então. Eu costumava ser tão tímida, então não falava com ninguém. Eu estava mergulhada no pecado. E agora eu penso, você está conversando com as pessoas e fazendo essa peregrinação eucarística, conversando com muitas, muitas pessoas. E realmente, isso realmente mudou minha vida.”

Higueldo, que trabalhou na pastoral de jovens na sua paróquia de origem durante os últimos sete anos, disse estar ansiosa por testemunhar a sua fé na eucaristia em pequenas formas, especialmente quando tiver a oportunidade de falar com os seus colegas de língua espanhola ao longo da rota e em sua cidade natal.

“Sei que o Senhor quer derramar muitas graças nesta peregrinação a tantos. Então, ser capaz de levar isso... aqui em casa, na Filadélfia, para muitas paróquias que conheço, será incrível testemunhar e poder testemunhar - um lugar na primeira fila para as graças que o Senhor quer derramar ”, disse Higueldo.

A Rota Mariana 

Matthew Heidenreich, do Estado de Ohio e estuda no Alabama, vai caminhar pela Rota Mariana do norte, que começa na nascente do rio Mississippi, em Minnesota.

Heidenreich disse à CNA, agência em inglês do grupo EWTN, a que pertence ACI Digital, que sua relação pessoal com Cristo começou numa peregrinação eucarística enquanto participava de uma adoração em um acampamento de verão católico. Foi ali, durante uma hora de adoração na natureza, que ele chegou pela primeira vez a um “lugar de entrega” a Cristo.

Ele disse estar ansioso para ajudar a dar “permissão a outra pessoa para deixar o Senhor fazer a mesma coisa em seu coração, abrindo seu coração para receber o que o Senhor deseja dar tão livremente”.

Ele também disse que está entusiasmado por permitir que as suas palavras e ações testemunhem o seu amor pela Eucaristia, com a oportunidade de mostrar a milhares de pessoas ao longo do caminho a importância que a Eucaristia tem.

“Acho que só de ver um grupo de seis a oito jovens que deram tudo durante um verão para seguir a Cristo fala profundamente”, disse Heidenreich.

“Se alguém está disposto a seguir algo, a deixar para trás as coisas que você poderia ter feito, a deixar para trás a segurança e a seguir alguém ou alguma coisa, isso diz algo poderoso.”

Fonte: https://www.acidigital.com/

Descobertas sobre Santo Sudário são aprofundadas em livro inédito lançado no Brasil

A obra reúne evidências históricas e científicas que fundamentam a autenticidade da mortalha de Jesus Cristo | Vatican News

A obra, recém-lançada no país e publicada pela 'Minha Biblioteca Católica', investiga dados da história e da ciência envolvendo a relíquia sagrada. O livro é de autoria do historiador francês Jean-Christian Petitfils.

Vatican News

Na fé católica, o Santo Sudário se apresenta como possibilidade de prova viva da Ressurreição. Com objetivo de reunir evidências históricas e científicas que fundamentam a autenticidade da mortalha de Jesus Cristo, o historiador francês Jean-Christian Petitfils decidiu escrever um livro que é resultado de mais de quatro décadas de pesquisas. E, pela primeira vez, o público brasileiro terá acesso a essa obra que se aprofunda na história e na ciência por trás dessa relíquia sagrada. Recém-lançado, “O Santo Sudário: testemunha da Paixão e da Ressurreição”, publicado por Minha Biblioteca Católicaoferece uma visão abrangente e atualizada sobre o tema em três partes: história, ciência e iconografia.

Segundo Matheus Bazzo, a leitura proporciona uma meditação profunda no sacrifício redentor de Nosso Senhor. “Somos conduzidos para uma jornada de fé, descoberta e reflexão. Esse é um livro fascinante, que certamente impactará e enriquecerá a fé de muitos católicos. Sua importância está na capacidade de unir ciência e fé em um diálogo profundo e significativo”, avalia o fundador da Minha Biblioteca Católica.

A obra investiga desde os testes científicos que iniciaram no começo do século 20 e chega até as mais recentes discussões sobre o teste de carbono-14. Cada aspecto é avaliado pelo autor, apresentando estudos com evidências convincentes em relação à autenticidade do Sudário de Turim. São explorados diversos detalhes, incluindo tipo de tecido, tridimensionalidade real da imagem e elementos presentes no material, como pólen.

Quaresma e jornada espiritual

O período de lançamento do livro no Brasil — durante a Quaresma — não foi uma coincidência. A obra busca oferecer uma nova perspectiva sobre a Paixão de Cristo ao longo destes 40 importantes dias do calendário litúrgico da Igreja, convidando os leitores a evoluírem em sua fé e devoção. “Esse livro é um recurso poderoso para nos ajudar em direção à santidade, propiciando a cada um de nós uma verdadeira experiência de intimidade com Deus. Somos chamados a uma compreensão renovada da nossa fé”, conclui Matheus Bazzo.

Confira trechos da obra:

“Nessa imagem integral e verdadeira que o Cristo redentor nos deixou de si mesmo, na mortalha de seu sepulcro, e que Ele como que a preparou para ser revelada ao mundo ao fim de uma era de ceticismo e incredulidade, em que sua divindade nunca foi tão negada, pode-se ver um penhor de renovação cristã para os tempos vindouros.”

“Quando João percebeu que o túmulo estava vazio, desceu os poucos degraus. A mortalha estava posta sobre o nicho, esticada sobre o banco talhado no calcário a 60 cm do chão, exatamente onde estava quando o túmulo foi fechado. Vista de cima, sua aparência assemelhava-se muito à de 36 horas antes, quando, como especificou João, o corpo fora envolto num tecido de linho, segundo a maneira de sepultar usada entre os judeus. O sudário que fora colocado sobre o rosto estava na mesma câmara, enrolado separadamente, formando um cone irregular com seu nó acima. Em suma, nesse pequeno espaço, não havia qualquer impressão de desordem ou de ordem artificialmente recriada. A Mortalha não tinha sido movida. Não tinha caído no chão, nem fora amarrotada depois de aberta. Estava simplesmente estendida, não mais deformada pela posição curvada da cabeça e pela contração dos joelhos”.

“No caso da Mortalha, que funcionou como um curativo, as manchas de sangue são visíveis na frente e no verso do tecido; o sangue, portanto, passou através dele e, em 36 horas, teve tempo suficiente para secar e colar a Mortalha às inúmeras feridas. Ao ser examinada a Mortalha, nenhuma das centenas de manchas apresenta borda irregular ou danificada. Há que se render às evidências: o corpo se desprendeu da Mortalha sem deixar o menor vestígio de separação. Esse caso impossível, evidentemente, não é reproduzível, mas, por outro lado, é extremamente fácil de ser verificado; basta examinar a Mortalha... isso está ao alcance de todos”.

“Longe de nós a ideia de que essa relíquia possa, por si só, provar a materialidade da Ressurreição, que é uma realidade física como um ato de fé – e que, portanto, só pode ser compreendido na plenitude da Revelação. No entanto, a Mortalha nos proporciona uma proximidade misteriosa e singular dela”.

Colaboração: Minha Biblioteca Católica e Critério

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santa Matilde

Santa Matilde (A12)
14 de março
Santa Matilde

Santa Matilde nasceu por volta de 890, na região de Westfália, Saxônia (no norte da Alemanha). Filha do conde Teodorico de Ringelheim (também conhecido como Dietrich da Vestfália ou Dietrich de Saxe) e Reinilda da Frísia (ou Reinhild da Dinamarca), ambos de nobre estirpe. Foi primorosamente educada pela avó, a abadessa Matilde do mosteiro beneditino de Herford na Westfália.

Aos 14 anos, em 909, casou-se com Henrique I, duque da Saxônia e depois rei da Germânia (Alemanha), com o qual teve cinco filhos: Edwiges da Saxônia, depois esposa do duque Hugo, o Grande; Oto, mais tarde rei e imperador; Gergerba da Saxônia, casada com Gilberto de Lotaríngia e, em segundas núpcias, com o rei Luís IV da França; Henrique I da Baviera; e Bruno, o mais moço, que veio a ser arcebispo de Colônia na Alemanha e se tornou um grande santo.

Matilde dedicava-se à oração e à meditação, inclusive durante a noite. Seu patrimônio era usado em favor dos necessitados, e frequentemente visitava os doentes, servia os pobres e obtinha a liberdade para os presos; a estes procurava também que sinceramente se arrependessem e penitenciassem. O rei estava de acordo com ela nestas atividades, e sob sua influência, também em questões políticas, ele fez um reinado bom para o povo e em geral pacífico. Ele favoreceu as artes, a construção de igrejas e proporcionou grandes obras caritativas. Restabeleceu a ordem interna do reino, e venceu os eslavos, húngaros e dinamarqueses, readquirindo o reino da Lotaríngia (parte da Europa central). A estes povos, Matilde procurava conquistar também para a Fé.

Em 936 morreu Henrique I, quase repentinamente, e sérios problemas perturbaram a rainha e o reino. Houve uma disputa sucessória pelo trono entre Oto, o primeiro filho homem e indicado ao trono, e o irmão Henrique, que Matilde apoiava, porque Oto havia nascido quando Henrique I era ainda duque, e não rei; logo, o primeiro filho homem do rei Henrique era o seu filho homônimo. A disputa tomou as proporções de uma guerra civil, gerando desgosto e tristeza para Matilde, e foi vencida por Oto, coroado como imperador Oto I, em Roma.

Oto e Henrique se uniram, porém para uma repugnante decisão: entenderam, injustamente, que a sua mãe e rainha gastava muito do erário real com obras de caridade, e de comum acordo a exilaram e confiscaram seus bens. Matilde foi para o convento de Quedlimburgo em Engern, na Baixa Saxônia.

Depois disso, o reino começou a sofrer invasões, rebeliões e desastres naturais. Oto e Henrique compreenderam que sua injustiça estava sendo punida, e, procurando Matilde, pediram-lhe, de joelhos, perdão pelos seus atos.

Desde antes da viuvez, Matilde rezava muito, além do ofício de toda noite, e jamais deixou de ofertar algo nas Missas. Todos os dias apresentava ao padre sua oferenda de pão e de vinho para a salvação de toda a Igreja. Como viúva, oferecia o Santo Sacrifício pelos pecados do esposo falecido, colocando intenções para ele, pelo resto da vida, no oitavo e no trigésimo dia da sua morte, e no dia do seu aniversário. E, de volta à corte, Santa Matilde dedicou-se ainda mais às obras de caridade.

Agora, com o apoio de Oto, fundou muitas Igrejas e mosteiros, e também hospitais. Nas suas viagens, levava círios para distribuir nas igrejas, e alimentos para os pobres. Nas cidades onde passava o inverno, providenciava uma fogueira para os pobres e viajantes, que eventualmente ela mesma servia. Dava a eles roupa ou alimento conforme a necessidade. Não passava um dia sem, pessoalmente, praticar alguma obra de caridade.

No mesmo ano da fundação de um grande mosteiro, 955, faleceu o filho Henrique, duque da Baviera.

Em 967, em Northause, onde fundara um mosteiro de três mil religiosas, teve o último encontro com os filhos e os netos. Ali, intuindo a própria morte, despediu-se deles. Voltou então ao mosteiro de Quedlimburgo, onde adoeceu. Doou seus últimos bens aos bispos e sacerdotes, confessou-se com o neto, arcebispo de Maiença, e faleceu a 14 de março de 968, sendo sepultada ao lado do marido.

 É desta Santa Matilde que descenderam os reis de Portugal e, portanto, também a Família Imperial do Brasil.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Amor a Deus, à família e ao próximo, especialmente os mais necessitados, resultando numa imensa caridade: este poderia ser um resumo do perfil de Santa Matilde. E deveria ser também o perfil essencial de todo católico. A sua maior riqueza, o seu coração, ela o compartilhou com todos, em perfeita escala hierárquica. E sua maior caridade foi abrigar Deus no coração, para isto um coração tem que ser imenso. Foi assim muito mais rainha de si própria dos que dos súditos, isto é, reinou mais sobre si mesma ao escolher servir com fidelidade a Deus, do que ordenando a vida dos súditos: com estes, seguindo o exemplo de Cristo, colocou em prática a máxima de que reinar é servir, e servir é reinar. Sua caridade imensa se refletiu na imensa fidelidade a Deus, nos imensos auxílios ao Seu Corpo Místico, a Igreja; no imenso cuidado ao esposo, a quem sempre ajudou, e aos filhos, particularmente num imenso gesto de perdão; nas imensas esmolas que distribuiu aos mais necessitados. Imensidade, grandeza – nobreza – de coração. Que o Brasil possa desfrutar da imensidade espiritual desta linhagem.

Oração:

Senhor, Deus de suma majestade, concedei-nos por intercessão de Santa Matilde um coração imenso de espaço para Vós, e portanto esvaziado de egoísmos, para que assim, repletos de Vossa real presença, possamos reger a alma com os decretos da Vossa caridade, e assim ganhar a coroa imperecível do Céu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

quarta-feira, 13 de março de 2024

SAÚDE - Dengue: mitos e verdades sobre o mosquito

A dengue é uma arbovirose — como são chamadas as doenças difundidas por insetos — transmitida ao ser humano pelo mosquito Aedes aegypti - (crédito: Valdo Virgo/CB/D.A Press)

Dengue! Picada: mitos e verdades sobre o mosquito

O Correio separou uma lista das maiores dúvidas sobre a doença e responde se são mitos ou verdades.

Correio Braziliense

postado em 13/03/2024

Com o aumento dos casos de dengue no Brasil, especialmente no Distrito Federal, muitas dúvidas sobre a doença circulam entre a população e algumas delas não passam de mitos sobre a doença, a transmissão do vírus ou sobre a identificação dos sintomas.

Para ajudar a população a entender melhor tudo sobre o mosquito da dengue, o Correio separou uma lista das maiores dúvidas sobre a doença e responde se são mitos ou verdades, baseado em publicações da Secretaria de Saúde do DF e do Ministério da Saúde; confira:

O mosquito da dengue só pica durante o dia?

MITO — O mosquito Aedes aegypti pode picar em qualquer hora do dia. Contudo, os horários em que ele é mais ativo são durante o amanhecer e no entardecer.

Somente a fêmea do mosquito transmite a dengue?

VERDADE — Somente a fêmea do Aedes aegypti pode transmitir a dengue, porque precisa do sangue para amadurecer seus ovos.

É possível diferenciar a picada do Aedes aegypti da de outros mosquitos

MITO — Não é possível fazer essa diferenciação. Qualquer picada de mosquito pode causar dor, coceira e inchaço e a variação na intensidade da reação do corpo varia de pessoa em pessoa, não por ser um mosquito da dengue ou um sem o vírus.

O mosquito da dengue não consegue picar em lugares altos?

MITO — O Aedes aegypti consegue voar um metro acima do chão, mas isso não o impede de chegar em locais mais altos. Segundo o Ministério da Saúde, o mosquito pode subir dentro do elevador quando há água acumulada em seu poço, por exemplo, ou se o morador levou para sua residência algum recipiente contendo ovos do mosquito.

Qualquer tipo de repelente afasta o Aedes aegypti?

VERDADE — Qualquer repelente vendido no Brasil, e que tenha sido registrado pela Anvisa, é eficaz para afastar o mosquito transmissor.

O “fumacê” mata as larvas do mosquito?

MITO — Muitas pessoas acreditam que o fumacê consegue matar as larvas do mosquito da dengue, mas isso não é verdade. O fumacê consegue matar apenas mosquitos adultos que estão voando no momento da aplicação. Para destruir as larvas, deve-se usar larvicida ou eliminar o depósito com água parada

O mosquito só se prolifera em água limpa?

MITO — O mosquito da dengue pode criar em qualquer tipo de água parada, inclusive na suja.

A água de piscinas pode transmitir dengue?

MITO — Como as águas de piscina contém cloro, os mosquitos não conseguem se proliferar nelas. O cloro consegue matar os mosquitos e quaisquer ovos depositados.

Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/

Os desejos de Deus

Foto: Ismael Martínez Sánchez | Opus Die

Os desejos de Deus

Nestes dias, em muitos lugares do mundo, estamos em quarentena. Em algumas zonas foi necessário suprimir até a celebração pública da Eucaristia. Suplicamos a Deus que esta situação passe e em breve Ele possa voltar a tocar as nossas almas através da Comunhão sacramental.

10/03/2021

Em 23 de abril de 1912, São Josemaria fez a sua Primeira Comunhão. Naquele dia, Jesus “quis vir e tornar-se o dono do meu coração”, recordava com gratidão ao longo dos anos.

Na comunhão, recebemos Jesus, mas é Ele quem nos recebe. Nós O convidamos para a nossa casa, mas é Ele quem nos acolhe. Ele é o nosso anfitrião. Os nossos desejos de recebê-Lo são um pálido reflexo do seu. Nós repetimos a comunhão espiritual algumas vezes por dia, mas para Ele esse desejo de intimidade com cada um de nós é muito mais apaixonado e irreprimível: “Desejei ardentemente comer esta Páscoa convosco antes de padecer” (Lc 22,15).

REPETIMOS A COMUNHÃO ESPIRITUAL ALGUMAS VEZES POR DIA, MAS PARA ELE ESSE DESEJO DE INTIMIDADE COM CADA UM DE NÓS É MUITO MAIS APAIXONADO

Também nós queremos que o desejo de recebê-Lo, de nos tornarmos um só com Ele queime o nosso coração. É consolador ouvir do santo cura de Ars que “uma Comunhão espiritual é para a alma como o sopro num fogo que está começando a se apagar, mas que ainda tem várias brasas acesas; nós sopramos e o fogo se reacende. Cada vez que sintas que teu amor por Deus está esfriando, rapidamente faz uma Comunhão Espiritual” (São João Maria Vianney, Sermões).

Imprescindíveis para Deus

Nestes dias, em muitos lugares do mundo, estaremos em quarentena. Talvez alguns não possam sair de casa para assistir à missa. Em algumas zonas foi necessário suprimir até a celebração pública da Eucaristia. Mas o Senhor continua presente. Esperando por nós. Desejando-nos. Suplicamos-lhe que esta situação passe e em breve Ele possa voltar a tocar as nossas almas através da Comunhão sacramental. Temos medo de que essa ausência justificada esfrie o nosso amor. Depois de muitos anos recebendo-O diariamente, pode ser que fiquemos algumas semanas afastados da sua presença sacramental. Jesus sabe disso, no entanto não quer que soframos por causa desse santo desejo. O seu afastamento físico pode nos levar a valorizar muito mais o dom imerecido da comunhão frequente, a terna proximidade de um Deus que se faz pão. E também a agradecer o serviço silencioso que nos prestam os sacerdotes que O tornam presente com a sua voz e as suas ações.

SUPLICAMOS-LHE QUE ESTA SITUAÇÃO PASSE E EM BREVE ELE POSSA VOLTAR A TOCAR AS NOSSAS ALMAS ATRAVÉS DA COMUNHÃO SACRAMENTAL

Podemos aproveitar este tempo para ver até que ponto Deus nos ama, até que ponto nos espera Aquele que é dono da eternidade: como diz São Josemaria, “Ele que de nada necessita, não quis prescindir de nós” (Cristo que passa, n. 84)

Santos no cotidiano

A santidade que Deus quer nos dar é possível no meio do mundo, no cotidiano, nas circunstâncias de cada dia. Talvez nem os mais velhos se lembrem de uma situação como a atual. No entanto, agora faz parte do “cotidiano”. Deus agora pede-nos que O procuremos na quarentena. Não seria bom o desejo de procurá-lo no extraordinário, correndo o risco de sair para a rua se o mais prudente é ficar em casa. Obedecer aos nossos pais, ou talvez aos nossos filhos, aos médicos, e, é claro, às autoridades sanitárias são atitudes próprias dos santos. Eles sabem viver cada momento com a paz que a união com Deus lhes dá. Eles sabem que Deus usa sempre as mediações, os instrumentos; Deus ama-os, ainda que não o entendam ou não o possam verificar.

DEUS AGORA PEDE-NOS QUE O PROCUREMOS NA QUARENTENA

Não sabemos quanto tempo ficaremos privados de participar na Eucaristia, mas queremos compreender o valor que têm aos olhos de Deus esses nossos desejos manifestados com constância e sinceridade. São Josemaria ensinou a milhares de pessoas no mundo uma oração que aprendeu de um bom padre escolápio: “Eu quisera, Senhor, receber-Vos com aquela pureza, humildade e devoção com que Vos recebeu Vossa Santíssima Mãe, com o espírito e fervor dos santos”.

Conta-se que Jesus revelou a Santa Faustina Kowalska que, se rezarmos a Comunhão espiritual várias vezes ao dia, em apenas um mês, veremos o nosso coração completamente mudado. Estas semanas podem ser uma grande oportunidade para dilatar o nosso coração, para nos identificarmos com os desejos de Deus.

Comunhão espiritual que rezava São Josemaria | Opus Dei

É uma oração muito ousada, porque não se conforma com boas intenções. Quer alcançar o cume mais alto que alguém jamais sonhou. A alma quer estar à altura de Maria, a bem-aventurada entre todas as mulheres. E não contente com isso, anseia apropriar-se de todo o fervor dos santos. Tudo lhe parece pouco para homenagear o Hóspede que merece tudo. E Deus concede-lhe que os seus desejos sejam eficazes. Deus limpa a alma que assim reza. Se me é permitido falar assim, de modo humano, Deus alegra-se vendo como se amam o seu Filho primogênito e seus filhos adotivos, e nestes dias podemos fazer Deus muito feliz cumprindo o habitual e recitando muitas vezes esta breve oração. Essa oração será uma ajuda para encontrá-Lo, não apenas no sacrário próximo, talvez inacessível, mas nas mil ninharias que surgirão nas nossas casas.

Prisão de amor!

São dias para entender melhor Aquele que ficou desde há vinte séculos “... voluntariamente encerrado! Por mim e por todos” (São Josemaria, Forja, n. 827). Quando a convivência custar, ou quando não for fácil sorrir, será um descanso ver que Ele nos espera na sua “prisão de amor”. Quando for necessário apertar o cinto para enfrentar esta crise, quando a doença nos atacar ou quando o tédio nos enfraquecer, será consolador saber que o Senhor não foi embora, que Ele está presente naqueles que vivem conosco, nos que sofrem ou nos que simplesmente têm medo. Quando devemos estudar sem ter provas em vista, ou estamos em home office sem o chefe verificar se consultamos as redes sociais, quando ninguém percebe a falta de pontualidade ou a nossa colaboração no trabalho da casa nos exigir colocar as últimas pedras, será vital contar com o Seu apoio, com a Sua proximidade e o Seu impulso amoroso. Ninguém como Ele cuida dos nossos desejos, sofrimentos e anseios, mesmo antes de nós mesmos os sentirmos.

NINGUÉM COMO ELE CUIDA DOS NOSSOS DESEJOS, SOFRIMENTOS E ANSEIOS

São José é um daqueles santos que durante meses se alimentou de comunhões espirituais. Sonhava como seria o Menino e certamente conversou sobre isso com Maria. Foram meses de preparação, de desejo de O ter nos seus braços. Ninguém como Maria, sua esposa, para o compreender, mas ninguém também como Ela para alimentar essa fogueira. As suas palavras foram possivelmente o sopro que acendeu a chama da esperança no seu esposo. Não seria estranho que José encontrasse Maria contando a Jesus o desejo que tinha de O beijar, abraçar e cuidar, ou cantar para Ele com o amor da mãe mais apaixonada.

Sem nenhuma dúvida, juntos se prepararam para a melhor recepção que Deus feito homem poderia sonhar aqui na terra. Mesmo que não o recebamos sacramentalmente, podemos fazer a ação de graças todos os dias, depois de nos unirmos à Santa Missa pela televisão ou Internet e louvá-lo por todo o bem que nos faz, também o que não entendemos agora.

Diego Zalbidea


Fonte: https://opusdei.org/pt-br

“Cria em mim, ó Deus, um coração puro, renova em mim um espírito resoluto”

Cria em mim, um coração puro (Editora Cidade Nova)

“Cria em mim, ó Deus, um coração puro, renova em mim um espírito resoluto” (Sl 51[50],12) | Palavra de Vida Março 2024

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por Organizado por Augusto Parody Reyes com a  comissão da Palavra de Vida    publicado às 00:00 de 27/02/2024, modificado às 14:41 de 27/02/2024

A FRASE da Escritura que nos é proposta neste tempo quaresmal faz parte do Salmo 51[50], em que, no versículo 12, encontramos a comovente e humilde invocação: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, renova em mim um espírito resoluto”. O texto que a contém é conhecido pelo nome de Miserere. Nele, o olhar do autor começa explorando os esconderijos da alma humana para descobrir as fibras mais profundas, ou seja, as da nossa completa inadequação diante de Deus e, ao mesmo tempo, do anseio insaciável pela plena comunhão com Aquele do qual procede toda graça e misericórdia.

“Cria em mim, ó Deus, um coração puro, renova em mim um espírito resoluto.”

O salmo é inspirado em um episódio muito conhecido da vida de Davi. Ele, chamado por Deus para cuidar do povo de Israel e guiá-lo nos caminhos da obediência à Aliança, transgride sua própria missão: depois de ter cometido adultério com Betsabeia, faz com que o marido dela, Urias, o hitita, oficial de seu exército, seja morto em batalha. O profeta Natã lhe revela a gravidade da sua culpa e o ajuda a reconhecê-la. É o momento da confissão do próprio pecado e da reconciliação com Deus.

“Cria em mim, ó Deus, um coração puro, renova em mim um espírito resoluto.”

O salmista coloca nos lábios do rei invocações muito fortes, que brotam do seu profundo arrependimento e da total confiança no perdão divino: “apaga”, “lava-me”, “purifica-me”. Em particular, no versículo em questão, ele usa o verbo “criar” para indicar que a libertação completa das fragilidades humanas é possível unicamente a Deus: é a consciência de que só Ele pode fazer de nós criaturas novas, com o “coração puro”, plenificando-nos com o seu espírito vivificante, dando-nos a verdadeira alegria e transformando radicalmente a nossa relação com Deus (o “espírito resoluto”) e com os outros seres vivos, com a natureza e o cosmos.

“Cria em mim, ó Deus, um coração puro, renova em mim um espírito resoluto.”

Como colocar em prática esta Palavra de Vida? O primeiro passo será reconhecermo-nos pecadores e necessitados do perdão de Deus, em uma atitude de confiança ilimitada para com Ele.

Pode acontecer que os nossos erros repetitivos nos desencorajem e nos fechem em nós mesmos. Nesse caso, é preciso deixar entreaberta, pelo menos um pouco, a porta do nosso coração. No início da década de 1940, Chiara Lubich escreveu a uma pessoa que se sentia incapaz de superar as próprias misérias: “É preciso extrair da alma qualquer outro pensamento. E acreditar que Jesus é atraído por nós apenas pela exposição humilde, confiante e amorosa dos nossos pecados. Nós, por nós mesmos, não temos e não realizamos mais nada do que misérias. Ele, por Ele, a nosso respeito, tem apenas uma qualidade: a Misericórdia. Nossa alma pode unir-se a Ele apenas oferecendo-lhe como dom, como único dom, não as próprias virtudes, mas os próprios pecados! […] Se Jesus veio à terra, se Ele se fez homem, se algo anseia […] é unicamente: Ser Salvador. Ser médico! Nada mais Ele deseja1.” 

“Cria em mim, ó Deus, um coração puro, renova em mim um espírito resoluto.”

Depois, uma vez libertados e perdoados, e contando com a ajuda dos nossos irmãos, porque a força do cristão vem da comunidade, comecemos a amar concretamente o nosso próximo, seja ele quem for. “A parte que cabe a nós é manter o amor mútuo, de serviço, de compreensão, de participação nas dores, nos anseios e nas alegrias dos nossos irmãos; aquele amor que tudo cobre, tudo perdoa, típico do cristão2”. Finalmente, o papa Francisco diz: “O perdão de Deus [...] é o maior sinal da sua misericórdia. Um dom que cada [...] perdoado está chamado a partilhar com cada irmão e irmã que ele encontra. Todos os que o Senhor colocou ao nosso lado, os familiares, os amigos, os colegas, os paroquianos... todos são, como nós, necessitados da misericórdia de Deus. É bom ser perdoado, mas também tu, se quiseres ser perdoado, perdoa por tua vez. Perdoa! […] Para sermos testemunhas do seu perdão, que purifica o coração e transforma a vida3”.

Organizado por Augusto Parody Reyes com a  comissão da Palavra de Vida 

1) LUBICH, Chiara. Cartas dos primeiros tempos, 1946-1949. Org. F. Gillet. São Paulo: Cidade Nova, 2020, p. 20-21.

2) LUBICH, Chiara. Deus conosco. Palavra de Vida, maio de 2002.

3) PAPA FRANCISCO, Audiência Geral. A misericórdia cancela o pecado, 30 de março de 2016.

Fonte: https://www.cidadenova.org.b

EDITORIAL: Com Pedro, sempre

Papa Francisco: 11 anos de pontificado (Vatican Media)

Onze anos de pontificado no caminho da misericórdia e da paz.

ANDREA TORNIELLI

No silêncio ensurdecedor da diplomacia, em um panorama caracterizado pela cada vez mais evidente ausência de iniciativa política e de lideranças capazes de apostar na paz, enquanto o mundo inicia uma louca corrida armamentista, destinando a sofisticados instrumentos de morte somas que seriam suficientes para garantir duas vezes os cuidados de saúde básicos para todos os habitantes da terra e reduzir significativamente as emissões de gases do efeito estufa, a voz solitária do Papa Francisco continua a suplicar para silenciar as armas e a invocar a coragem para favorecer caminhos de paz. Continua a pedir um cessar-fogo na Terra Santa, onde o massacre impiedoso de 7 de outubro perpetrado pelos terroristas do Hamas foi seguido e continua a ser perpetrado pela trágica carnificina em Gaza. Ele continua a pedir para calar as armas no trágico conflito que eclodiu no coração da Europa cristã, na Ucrânia destruída e martirizada pelos bombardeamentos do exército agressor russo. Ele continua a invocar a paz nas outras partes do mundo, onde osàao travados com indescritíveis violência os conflitos esquecidos que compõe as peças cada vez maiores de um conflito mundial. 

O Bispo de Roma entra no décimo segundo ano de pontificado em uma hora sombria, com o destino da humanidade à mercê do protagonismo de governantes incapazes de avaliar as consequências das suas decisões que parecem render-se à inevitabilidade da guerra. E com lucidez e realismo diz que “é mais forte quem vê a situação, que pensa no povo”, ou seja, “quem tem coragem de negociar”, porque “negociar é uma palavra corajosa”, da qual não se deveria vergonhar. O Papa Francisco, desafiando as incompreensões dos próximos e dos distantes, continua a colocar no centro a sacralidade da vida, a estar próximo das vítimas inocentes e a denunciar os sujos interesses econômicos que movem os fios das guerras, revestindo-se de hipocrisia.

Um rápido olhar sobre estes últimos onze anos de história permite-nos compreender o valor profético da voz de Pedro. O alarme, lançado pela primeira vez há duas décadas, sobre a terceira guerra mundial em pedaços. A encíclica social Laudato si' (2015), que mostrou como as mudanças climáticas, as migrações, as guerras e a economia que mata são fenômenos interligados entre si e só podem ser abordados por meio de um olhar global. A grande encíclica sobre a fraternidade humana (Fratelli tutti, 2020), que indicou o caminho para construir um novo mundo baseado na fraternidade, eliminando mais uma vez qualquer álibi para o abuso do nome de Deus para justificar o terrorismo, o ódio e a violência. E depois a referência constante no seu ensinamento à misericórdia, que tece toda a trama de um pontificado missionário.

Nas sociedades secularizadas e “líquidas” sem mais certezas, nada pode ser dado como certo e a evangelização – ensina Francisco – recomeça a partir do essencial, como lemos na Evangelii gaudium (2013): «Voltamos a descobrir que também na catequese tem um papel fundamental o primeiro anúncio ou querigma, que deve ocupar o centro da atividade evangelizadora e de toda a tentativa de renovação eclesial (...). A centralidade do querigma requer certas características do anúncio que hoje são necessárias em toda a parte: que exprima o amor salvífico de Deus como prévio à obrigação moral e religiosa, que não imponha a verdade mas faça apelo à liberdade, que seja pautado pela alegria, o estímulo, a vitalidade e uma integralidade harmoniosa que não reduza a pregação a poucas doutrinas, por vezes mais filosóficas que evangélicas. Isto exige do evangelizador certas atitudes que ajudam a acolher melhor o anúncio: proximidade, abertura ao diálogo, paciência, acolhimento cordial que não condena».

O testemunho da misericórdia representa, portanto, um elemento fundamental deste “amor salvífico de Deus” que é “anterior à obrigação moral e religiosa”. Em outras palavras, quem ainda não teve contato com o fato cristão, como Bento XVI já tinha observado lucidamente em maio de 2010, dificilmente ficará tocado e fascinado pela afirmação de normas e obrigações morais, pela insistência nas proibições, pelas listas detalhadas de pecados, condenações ou apelos nostálgicos aos valores de um tempo.

Na origem da acolhida, da proximidade, da ternura, do acompanhamento, na origem de uma comunidade cristã capaz de abraçar e de ouvir, existe a reverberação da misericórdia que se viveu e que se procura - mesmo entre mil limitações e quedas - restituir. Se lermos com estes olhos os gestos do Papa, mesmo aqueles que provocaram em alguns as mesmas reações escandalizadas que os gestos de Jesus provocaram há dois mil anos, descobrimos o seu profundo poder evangelizador e missionário.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF