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domingo, 17 de março de 2024

Reflexão para o V Domingo da Quaresma (B)

Evangelho do domingo (Vatican News)

“Quem se apega à sua vida, perde-a; Se alguém me quer servir, siga-me.”

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

“QUEREMOS VER JESUS.” Este é o desejo dos discípulos gregos de João Batista ao se dirigirem a Filipe e, certamente também nosso. Quando Filipe e André levaram esse desejo ao Senhor, escutaram a seguinte declaração: “Quem se apega à sua vida, perde-a; Se alguém me quer servir, siga-me.”

Nada de euforia, pelo contrário. Muita lucidez e autêntica seleção. Jesus veio para todos nós e deseja ser acolhido por todos, mas seu seguimento está no abandono, na entrega, na doação como vimos no domingo passado.    Por outro lado, o Senhor diz: “Quem faz pouco de sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna.

Nossa natureza rejeita tudo aquilo que é dor, que é desagradável, que é morte. Mas por que essa fuga? Vamos ficar fugindo a vida toda sabendo que a morte terá a última palavra? Chegará um momento em que nada adiantará e morreremos. É isso que Deus quer? Foi isso que Ele planejou para nós?

Certamente não. Se fosse assim seríamos pessoas conformadas com a morte, com o destino de caminhar neste vale de lágrimas e morrer dolorosamente.

Mas não é assim. Queremos a vida e a queremos plenamente, com saúde, carinho, amor, eternamente feliz. Tudo isso porque essa é a nossa marca registrada. Fomos feitos pela vida e para a vida. Deus, Vida, nos fez para Ele, a VIDA. Por isso, tudo aquilo que traz sinais de morte, nós rejeitamos.

Contudo, frequentemente, nos enganamos. Quantas e quantas vezes escolhemos o caminho da morte como se fosse o da vida! O egoísmo, o “não” dito ao apelo da caridade, ao gesto de amor e de perdão, o “sim” ao pecado, tudo isso são enganos e envenenamento para nossa vida feliz e para o encontro com o sofrimento e a morte.

Quando os gregos pediram para ver Jesus, estavam pedindo para ver a Vida e a Vida se apresentou a eles como serviço, entrega, doação.

A vida diz que ela não se coaduna com a morte e nem com seus sinais, ou seja, egocentrismo, personalismo, e seus familiares.

E nós, queridos irmãos, ouvintes da Rádio Vaticano? Também nós queremos ver Jesus, mas como analgésico para nossos males, ou como saúde, como Vida?

Aceitamos suportar sofrimentos por causa de nossa fé em Jesus? Aceitamos renúncias, abnegações para que a vida do outro seja mais saudável e feliz?

Como é nossa relação conjugal, familiar e de amizade? É relação libertadora, de doação, de crescimento ou nós a privatizamos e subordinamos o outro às nossas necessidades e caprichos, ou nós aos dele?

Ver Jesus, encontrar Jesus são atos libertadores, atos de vida.

Do mesmo modo que Moisés foi convidado a tirar suas sandálias porque estava em terra sagrada, o que devo tirar de meu coração para que, de fato, possa ver Jesus e permanecer com ele?

A 1ª leitura fala da lei da Aliança impressa pelo Pai em nossas entranhas, e a 2ª, da obediência de Jesus que se tornou salvação para todos nós. Aliança e obediência são provocadoras de vida, aliás, já são a própria Vida.

Que cada dia, o desejo de ver Jesus, renove em nós a obediência que nos une ao Pai e nos torna produtores generosos de bons frutos. Só produz frutos quem está com Jesus.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A batalha pró-vida e pró-família é político-cultural, diz secretário da Federação Portuguesa pela Vida

José Seabra Dutra | Arquivo pessoal (ACI Digital)

“As circunstâncias são muito melhores. Mas, não tenho dúvida de que essa batalha é político-cultural”, disse o secretário da direção da Federação Portuguesa pela Vida (FPV), José Seabra Duque, sobre o significado para a causa pró-vida e pró-família do resultado eleitoral em Portugal, que levou à derrota da esquerda e ao crescimento da direita na Assembleia da República.

Nas eleições legislativas de domingo (10) em Portugal, a Aliança Democrática (AD), coalizão de centro, elegeu 79 deputados, dois a mais do que tinha na legislatura anterior. O Partido Socialista (PS), que tinha 120 parlamentares, foi o grande derrotado e elegeu apenas 77. A grande novidade, no entanto, foi o Chega, de direita, que passou de 12 para 48 deputados eleitos.

“Nós, em Portugal, tivemos nos últimos oito anos uma maioria que é favorável a mudanças desde eutanásia até questões de ideologia de gênero nas escolas e promoveu agressivamente essa cultura”, disse Duque. Nesse período, o Partido Socialista esteve à frente do governo.

Para o secretário da FPV, “as pessoas rejeitam ser criadas à imagem e semelhança de Deus e, portanto, acham que são criadas por si mesmas – podem ser homem, mulher, ou um dos 53 mil gêneros conforme uma pertença –, a família é o que eu digo que é a família, a vida é o que eu digo que é a vida”.

“Essa cultura individualista é o que o papa Francisco, Bento XVI e João Paulo II falaram tantas vezes. São João Paulo II falava da cultura da morte, o papa Francisco fala em cultura do descarte. Esta cultura está fortemente embrenhada em Portugal”, disse.

Duque considerou que, com o resultado eleitoral de domingo, “felizmente, essa maioria [de esquerda] desapareceu”. Mas, ele acredita que “a situação atual não é uma situação estável”, porque “o Chega e o PSD (Partido Social Democrata, que lidera a AD), que formam juntos maioria, não se parecem entender sobre a forma de governar”.

“Não sabemos se estão reunidas as condições para reverter algo, esperamos que sim. É uma luta que iremos travar e veremos quais serão os resultados”, disse, destacando que uma das questões a serem revertidas é a eutanásia.

A lei da eutanásia foi promulgada pelo presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, em 16 de maio de 2023, depois de ser confirmada pelo parlamento quatro dias antes. “Neste momento está aprovada, mas não está regulamentada”, destacou Duque. Ele lembrou que anteriormente, a Assembleia da República portuguesa já havia tentando aprovar a eutanásia, sem sucesso.

A eutanásia foi aprovada na quinta vez que o tema foi colocado no parlamento. Nas ocasiões anteriores, os projetos receberam dois vetos políticos do presidente Marcelo Rebelo de Sousa e dois vetos após serem considerados inconstitucionais pelo Tribunal Constitucional.

No que diz respeito ao aborto, Duque disse que “a situação e muito dramática”. O aborto é legalizado em Portugal até a décima semana de gestação, desde 2007, quando um referendo com 56,39% de abstenção teve como resultado 59,25% de votos favoráveis à legalização do aborto e 40,75% contra. Um estudo de outubro de 2023 da Federação Portuguesa pela Vida revela que foram feitos 256.070 abortos oficiais “por opção da mulher” em Portugal desde 2007.

“O aborto é uma batalha político-cultural muito complicada. Neste momento, em Portugal, o aborto já é visto por um grupo considerável de pessoas como um direito e qualquer mexida na lei do aborto é considerada retrocesso”, disse. Segundo ele, neste tema, “uma das grandes batalhas travadas nos últimos anos” é contra tentativas de “tornar muito difícil o direito à objeção de consciência”. “É catastrófico”, ressaltou.

Para Duque, mesmo com uma maioria de direita da Assembleia da República, “essa batalha não será fácil no poder”.

Entretanto, afirmou acreditar “nos próximos tempos”. “Nós, o movimento pró-vida, continuamos fortes nessa certeza de que o que defendemos é mais verdade do que a cultura da morte, este amor à vida, a família como célula base da sociedade, a família baseada no amor entre homem e mulher que gera filhos, isso é o futuro. No tempo, a verdade acaba por triunfar”, destacou.

Por isso, disse que a Federação Portuguesa pela Vida, formada associações de apoio a grávidas e a famílias, vai continuar fazendo seu trabalho em defesa da vida. “Temos agora pela frente a tarefa de tentar reverter a lei da eutanásia; continuar a alertar para os perigos e o drama do aborto, para salvar as duas vidas, do bebê e da mulher; também o apoio à liberdade de expressão e à liberdade de consciência”, disse.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Papa: dom e perdão são a essência da glória de Deus

Papa Francisco no Angelus de 17/03/2024 (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

"A glória, para Deus, não corresponde ao sucesso humano, à fama ou à popularidade: não tem nada de autorreferencial, não é uma manifestação grandiosa de poder seguida de aplausos do público. Para Deus, a glória é amar até dar a vida (...). E isto aconteceu de forma culminante na Cruz, onde Jesus manifestou ao máximo o amor de Deus, revelando plenamente o seu rosto de misericórdia, dando-nos vida e perdoando".

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

"Para Deus, a glória é amar até dar a vida. Glorificar-se, para Ele, significa doar-se, tornar-se acessível, oferecer o seu amor (...). Dom e perdão são a essência da glória de Deus."

Chegamos ao V Domingo da Quaresma. E ao nos aproximarmos da Semana Santa, o Papa nos recorda que Jesus diz-nos algo importante no Evangelho: que na Cruz veremos a sua glória e a do Pai.

Para Deus, a glória é amar até dar a vida

Dirigindo-se aos milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro para o Angelus dominical, Francisco pergunta "como é possível que a glória de Deus se manifeste precisamente ali, na Cruz?". "Poder-se-ia pensar que isto acontece na Ressurreição, não na Cruz, o que é uma derrota, um fracasso", observa, mas ao invés disso, hoje Jesus, falando da sua Paixão, diz que "chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado". Mas, que exatamente Ele quer nos dizer ao afirmar isso?

Ele quer dizer-nos que a glória, para Deus, não corresponde ao sucesso humano, à fama ou à popularidade: não tem nada de autorreferencial, não é uma manifestação grandiosa de poder seguida de aplausos do público. Para Deus, a glória é amar até dar a vida. Glorificar-se, para Ele, significa doar-se, tornar-se acessível, oferecer o seu amor. E isto aconteceu de forma culminante na Cruz, onde Jesus manifestou ao máximo o amor de Deus, revelando plenamente o seu rosto de misericórdia, dando-nos vida e perdoando os seus crucificadores.

Verdadeira glória de Deus feita de dom e perdão

Da Cruz, “cátedra de Deus” - disse o Santo Padre - "o Senhor ensina-nos que a verdadeira glória, aquela que nunca se apaga e nos faz felizes, é feita de dom e perdão":

Dom e perdão são a essência da glória de Deus. E são para nós o caminho da vida. Dom e perdão: critérios muito diferentes do que vemos ao nosso redor, e também em nós, quando pensamos na glória como algo a ser recebido mais do que dado; como algo a ser possuído em vez de oferecido. Mas a glória mundana passa e não deixa alegria no coração; nem mesmo leva ao bem de todos, mas à divisão, à discórdia, à inveja.

Quando damos e perdoamos, resplandece em nós a glória de Deus

E então, o Papa propõe que nos perguntemos:

Qual é a glória que desejo para mim, para a minha vida, que sonho para o meu futuro? A de impressionar os outros pelo meu valor, pelas minhas capacidades ou pelas coisas que possuo? Ou o caminho do dom e do perdão, o de Jesus Crucificado, o caminho de quem não se cansa de amar, confiante de que isto testemunha Deus no mundo e faz brilhar a beleza da vida? Recordemo-nos, de fato, que quando damos e perdoamos, resplandece em nós a glória de Deus.

Que a Virgem Maria, que seguiu com fé Jesus na hora da Paixão - disse ao concluir - nos ajude a ser reflexos vivos do amor de Jesus.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São José de Arimateia

São José de Arimateia (A12)
17 de março
São José de Arimateia

José foi contemporâneo de Jesus no século I, e sua origem é Arimateia (Armathahim, em Hebreu), um povoado no alto do Monte Efraim, na Judéia (região sul do atual Israel, então Reino de Judá). É mencionado nos quatro Evangelhos, na ocasião do recolhimento e sepultamento do corpo de Jesus (Mt 27,57-60, Mc 15,42-46, Lc 23,50-54, Jo 19,38-42).

Destas breves menções, podemos saber que José era rico, membro importante do Sinédrio, o Tribunal Superior dos judeus. Sendo reto e justo, discípulo de Jesus (mas em segredo, por medo dos judeus), esperava o Reino de Deus, e opôs-se à decisão do Sinédrio de condenar o Cristo. Depois da morte do Senhor, teve a coragem de, ao cair da tarde, apresentar-se a Pilatos e lhe pedir o corpo do Crucificado. Pilatos, surpreso de que a morte já tivesse ocorrido, primeiro informou-se do fato com um oficial romano, mas depois concedeu a José a autorização.

José retirou o corpo de Jesus da Cruz, tenho antes providenciado um lençol de linho para envolvê-lo, como era o costume judaico. Presente estava também Nicodemos, igualmente judeu e discípulo escondido de Jesus, que levou grande quantidade de mirra com aloés, substâncias utilizadas para ungir o cadáver. Em seguida, o depositaram num túmulo novo, isto é, ainda não utilizado por ninguém, que José mandara cavar na rocha para si mesmo; este sepulcro estava num jardim próximo ao local da crucifixão. Por fim, José rolou uma grande pedra para fechar a entrada do sepulcro e se retirou.

Todos estes passos do tradicional sepultamento judaico – manto, mirra e aloés, túmulo escavado na rocha com uma pedra para fechá-lo – foram feitos com carinho, mas às pressas, pois também era do costume judaico não executar qualquer tarefa ao cair do sábado, o seu dia sagrado, particularmente naquele, que era a véspera da festa da Páscoa, que devia ser preparada. De fato, a ordem de Pilatos para quebrar as pernas dos outros dois condenados com Jesus, para lhes apressar a morte, foi pedida pelos judeus, de modo a poderem retirar os corpos das cruzes antes do sábado (Jo 19,31-32). À hora do sepultamento, “já cintilavam as luzes do início do sábado” (Lc ,23,54) indicando talvez a luz das primeiras estrelas no céu e / ou as luzes acesas pelos judeus para a noite.

Outras dados sobre José de Arimateia são fornecidos por escritos apócrifos. Assim, o “Evangelho de Pedro”, do século II, diz que o pedido a Pilatos para a retirada do corpo de Jesus foi feito antes da Crucifixão, e o “Evangelho de Nicodemus” indica que José teria participado da fundação da comunidade cristã da Lídia. Estas informações não são confiáveis, mas também têm pouca importância. O que pode ser muito provável é que José se tenha unido aos discípulos de Jesus de forma mais clara posteriormente à Sua Ressurreição. E certamente faleceu no primeiro século. Também é certo que o manto que levou para envolver Jesus é hoje conhecido como Santo Sudário, uma das evidências mais marcantes da Ressurreição, estudado cada vez mais profundamente pela Ciência, que cada vez mais corrobora os relatos bíblicos a respeito.

O que é completamente fantasioso e sem nenhum fundamento histórico é o conjunto de lendas que surgiram sobre sobre José de Arimateia a partir do século IV. Elas apenas refletem a importância que os fiéis davam aos primeiros discípulos de Cristo. Entre estas histórias, José teria ficado com o cálice da última Ceia, o famoso Santo Graal das lendas do Rei Arthur e Cavaleiros da Távola Redonda na Inglaterra; neste país, o seu cajado teria sido fincado na terra, em Gastonbury, e ali se transformado numa árvore de espinhos de onde nasciam uvas no Natal; ou teria sido parente distante de Jesus, sendo dono de minas de zinco em Cornwall, aonde teria levado o Cristo (argumento de base do poema “Jerusalém”, de Willian Blake); e muitas outras.

São José de Arimateia é padroeiro dos mineiros, dos coveiros e diretores de funerais.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Imensas foram a caridade e a coragem de José de Arimateia ao, expondo-se publicamente, num momento de extremo ódio religioso, revelar-se como seguidor de Cristo e atrever-se a pedir o Seu corpo a Pilatos. Não apenas a sua situação e reputação diante dos judeus, mas também a sua própria vida ficou em risco. Se por justificada prudência mantinha-se antes discreto na sua Fé, neste momento de necessidade não pensou mais em si mesmo mas no dever que tinha como cristão, colocando o amor a Deus acima de qualquer outra consideração. O seu cuidado, o melhor possível nas circunstâncias, com o Santíssimo Corpo do Senhor, é um gesto de profundo amor do qual a Igreja será sempre devedora: o que teria acontecido ao corpo de Jesus, e como ocorreria a Sua Ressurreição? Talvez em condições indignas? Certamente Deus, na Sua Providência, levou José a agir, mas ele infinitamente terá o mérito de ter acedido. Esta mesma coragem e caridade devemos nós, os católicos de todos os séculos, ter e praticar. O cuidado com o que é sagrado deve nos mover a ser intrépidos na defesa da nossa Fé, seja nas atenções com os aspectos materiais, Igrejas, objetos de culto como cálices, sacrários; seja, ainda mais, nos aspectos imateriais e espirituais, como ritos litúrgicos, comportamento respeitoso nas cerimônias, vestes ideais (não apenas nas Igrejas), e vivência dos Mandamentos. Será que temos coragem, ao menos, de ajoelhar no momento da Comunhão, e receber a Eucaristia na boca, já que nossas mãos não são ungidas como as dos sacerdotes para tocar em Jesus? Ou, mesmo então, diante do próprio Cristo, vivo e não morto, temos vergonha ou preguiça, mais preocupados com o que os outros pensam do que com o devido respeito a Jesus e à Doutrina da Igreja? Teremos coragem de não ver algo de conteúdo pornográfico, por temer a reação debochada dos mundanos? A Paixão de Jesus deu a São José de Arimateia a força para enfrentar o ridículo, a incompreensão, a exposição, possíveis retaliações na sociedade e no trabalho, e o possível risco de morte. É para viver tal caridade que participamos da Igreja e dos Sacramentos, especialmente da Eucaristia.

Oração:

Senhor Deus, que desejais mais do que nós mesmos, no Vosso infinito amor, a nossa ressurreição para o Céu, concedei-nos por intercessão e exemplo de São José de Arimateia a graça de nos envolver no Seu manto de misericórdia e ungir-nos com o bom odor das Vossas bênçãos, para que tenhamos a coragem de viver corretamente o Evangelho, auxiliando a despregar da cruz dos pecados os membros da Vossa Igreja, a começar por nós mesmos, e merecer assim o santo e infinito repouso do Paraíso. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

sábado, 16 de março de 2024

Semeadores do Reino

O semeador do Reino de Deus (pspedrosorriso)

SEMEADORES DO REINO

Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)

Estimados irmãos e irmas em Cristo Jesus! O ato de semear é sempre marcado pela esperança de uma farta colheita, não importa qual o método usado para lançar a semente na terra. E toda semente tem um ciclo para produzir seus frutos, durante o qual precisa ser cultivada pelo semeador e pela ação favorável da mãe natureza. Sem isso, por melhor que seja a semente, ela corre o risco de não produzir os frutos esperados. 

Na seara do Senhor, todos os batizados deveriam ser semeadores do Reino, independente do estado de vida que abraçaram, pelos ministérios ordenados ou como consagrados. Mas também como leigos e leigas, tendo presente que todos os batizados têm o sacerdócio comum dos fiéis, pela graça do batismo. Todos nós podemos semear a semente da Palavra de Deus, a semente do bem, da esperança, da caridade, da solidariedade, independente do lugar em que habitamos ou da classe social a que pertencemos, na fé, somos todos povo de Deus a caminho da casa do Pai. 

Às vezes, podemos cair na tentação de querer lançar sementes do bem para o ar e querer que logo elas deem frutos, sem ter a paciência, a sabedoria e a humildade do semeador, que lança a semente na terra e espera que ela faça a sua parte. Quando estivermos convictos de que as sementes do bem, para produzirem frutos, precisam ser lançadas não ao vento, mas no coração das pessoas, mesmo diante de realidades socialmente e humanamente fragilizadas, então poderemos alimentar no coração a esperança do semeador, de que a colheita será abundante. 

O semeador do bem sabe ser solidário e pratica a caridade na gratuidade, em virtude da sua fé, da sua consciência de que o necessitado é seu irmão e sua irmã, aos olhos de Deus. Através da solidariedade e da caridade, podemos olhar o próximo com os olhos de Deus, isto é, não como mais um ser humano, com seus direitos e deveres, vivendo numa sociedade marcada pela indiferença e pelo mercado de consumo, mas alguém que é uma “viva imagem de Deus Pai, resgatada pelo sangue de Jesus Cristo e colocada sob a ação do Espírito Santo”.

No tempo da Quaresma, ouvimos constantemente falar de conversão. Mas a conversão espiritual do cristão deve ter como meta uma mais intensa comunhão com os irmãos e com o Senhor Jesus. Sem isso, nossa conversão torna-se sem rumo, corremos o risco de vagar pelo deserto e não encontrarmos aquilo que deveríamos encontrar, a fonte do amor, onde jorra a água viva, que nasce da misericórdia do Pai e reaviva a nossa esperança, sacia a nossa sede de justiça e nos aponta o caminho do Reino de Deus.

São Tomás de Aquino, em uma de suas obras, nos recorda que a nossa pobreza e a nossa miséria, objetos da misericórdia de Deus, não consistem somente na pobreza e miséria físicas. A nossa verdadeira pobreza consiste no nosso afastamento de Deus, provocado pelo pecado. Deus quer nos doar, desde a eternidade, a sua aproximação e a sua comunhão; ele quer que nós estejamos próximos dele. Deus, pai misericordioso, quer estar próximo de seus filhos e filhas, curar suas misérias, que ferem o corpo e a alma, para que a vida floresça com toda a sua dignidade.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

As condolências do Papa pelo falecimento do cardeal Cordes

Cardeal alemão Paul Josef Cordes faleceu aos 89 anos (Vatican Media)

O cardeal, diz o telegrama de Francisco, serviu “o Senhor e a Igreja com fidelidade e generosidade, atento às necessidades do mundo juvenil e às necessidades das pessoas frágeis”. O funeral do cardeal será realizado na Basílica de São Pedro, celebrado pelo decano do Colégio Cardinalício, cardeal Re. O Papa Francisco presidirá o rito da Última Commendatio e da Valedictio.

Vatican News

Em uma mensagem de condolências, o Papa Francisco expressa a sua proximidade aos familiares do cardeal Paul Josef Cordes, falecido ontem, sexta-feira, em Roma aos 89 anos, bem como à Arquidiocese de Paderborn, na qual o cardeal “foi estimado presbítero e depois zeloso bispo auxiliar”.

No telegrama, o Pontífice recorda com carinho este irmão “que serviu o Senhor e a Igreja com fidelidade e generosidade, atento às necessidades do mundo juvenil e às necessidades das pessoas frágeis, às quais comunicou o amor e a ternura de Cristo”.

O Papa recorda depois “com gratidão, a diligente colaboração” prestada durante muitos anos pelo cardeal Cordes à Santa Sé, “primeiro como vice-presidente do Pontifício Conselho para os Leigos e depois como presidente do Pontifício Conselho Cor Unum, onde não poupou energia para testemunhar a a paterna solicitude do Papa pelos mais pobres".

Exéquias na Basílica de São Pedro

O funeral do cardeal Cordes terá lugar na segunda-feira, 18 de março, às 15h00 (horário italiano), no Altar da Cátedra da Basílica de São Pedro. A liturgia fúnebre será celebrada pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício, juntamente com os cardeais, arcebispos e bispos. Ao final, o Papa Francisco presidirá ao rito da Ultima Commendatio e da Valedictio.

O funeral do cardeal Paul Josef Cordes, presidente emérito do Pontifício Conselho Cor Unum, falecido ontem aos 89 anos, terá lugar na próxima segunda-feira, 18 de março, às 15h00 (horário italiano) no Altar da Cátedra da Basílica de São Pedro.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Por que são José é representado mais velho que Maria e com uma vara?

São José | Domínio Público - Broonklin Museum - Jusepe de Ribera - Wikipédia

Na iconografia cristã há muitas imagens que representam são José já idoso e segurando uma vara com flores. Isso se deve a uma antiga história sobre sua escolha para ser o santo esposo da Virgem Maria.

As histórias sobre a escolha de são José como esposo para Maria são lidas em alguns textos conhecidos como apócrifos. São escritos dos primeiros séculos do cristianismo que, embora não sejam verdades de fé e, portanto, não façam parte do cânon bíblico, oferecem alguns piedosos detalhes e dados que a tradição da Igreja recolheu.

No “Protoevangelho de São Tiago” (apócrifo do século II), que a Santa Sé toma como referência, conta-se que quando a Virgem fez 12 anos, um anjo apareceu ao “Grande Sacerdote” Zacarias no lugar mais sagrado do templo e disse:

"Saiam e reúnam todos os viúvos da cidade, e venham cada um com uma vara, e a quem o Senhor enviar um prodígio, dele Maria será a esposa".

Todos os viúvos, inclusive José, atenderam ao chamado. Zacarias lhes pediu suas varas e entrou no templo para rezar. Depois, saiu e as devolveu.

Conta-se que quando são José recebeu a sua, dela saiu uma pomba que pousou sobre a sua cabeça. O sacerdote imediatamente lhe disse que havia sido escolhido para levar a Virgem do Senhor sob sua proteção.

José não se sentiu digno disso e recusou dizendo que já era velho, que Maria era uma menina e que ele não queria ser motivo de zombaria. Mas o "Grande Sacerdote" o repreendeu para temer mais a Deus. Foi assim que são José a tomou sob sua proteção.

No "Evangelho da Natividade de Maria" (apócrifo do século V) esta história é descrita de forma semelhante. Na história, os solteiros são convocados a deixar um galho seco no altar. Quando o velho e viúvo são José colocou sua vara, ela imediatamente floresceu e todos souberam que ele era o escolhido para Maria.

Graças a essas histórias, são José é pintado ou representado como alguém mais velho que Maria, inclusive com barba branca e cabelos grisalhos. A vara com flores é outra das características da iconografia do pai adotivo de Jesus.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Papa destaca dedicação do bispo Faresin aos últimos no Brasil

Papa com membros da Fundação "Mons. Camilo Faresin", de Maragnole di Breganze (Vatican Media)

Francisco encontra a Fundação dedicada ao bispo missionário que viveu no Brasil no século passado e destaca o amor incansável do prelado pelos pobres e necessitados. Seu nome está incluído no “Jardim dos Justos” em Jerusalém, pelo seu esforço, com caridade e coragem, em favor dos judeus perseguidos.

Tiziana Campisi – Cidade do Vaticano

Um compromisso incansável ao lado dos últimos: aspecto que caracterizou a existência de dom Camillo Faresin, durante muito tempo bispo de Guiratinga no Mato Grosso, exemplo de sensibilidade missionária e de fé na Providência, que junto com seus dois irmãos sacerdotes - padre Santo, salesiano, e padre Giovanni Battista, sacerdote diocesano - dedicou-se sem reservas entre os pobres e necessitados do Brasil.

Francisco sublinha isto no seu discurso à Fundação dedicada ao prelado que viveu no século passado, lido por monsenhor Filippo Ciampanelli, da Secretaria de Estado, devido às persistentes sequelas de um resfriado. No texto, o Papa explica que os três irmãos “aprenderam o valor da caridade e do fervor missionário no contexto de uma família simples, devota, modesta e digna”, um ambiente em que “souberam captar, com a graça de Deus, uma mensagem e um convite para o seu futuro a estar entre os últimos para ajudar os últimos”, o que “fizeram com amor incansável, com generosidade e inteligência, mesmo no meio a grandes dificuldades”.

Seguindo seus passos está a Fundação Faresin, que há vinte anos, no Brasil, na Itália e em outras partes do mundo, oferece formação, assistência social, cuidados de saúde e oportunidades de emprego para muitas pessoas.

Um humilde servo dos humildes

O Papa recorda que dom Camillo Faresin está incluído, em Jerusalém, no “Jardim dos Justos”, porque, antes de partir para o Brasil, “bloqueado em Roma devido à Segunda Guerra Mundial, não se deixou deter pelas circunstâncias, fazendo o máximo com caridade e coragem na assistência aos judeus perseguidos”. E acrescenta que “por toda a sua vida, como sacerdote e depois como bispo, com um impulso irresistível” fez-se próximo dos mais desafortunados, sem os abandonar uma vez terminado o seu mandato episcopal. Na verdade, permaneceu “entre seu povo, no Mato Grosso, até sua morte, como humilde servo dos humildes, continuando assim no escondimento, como amigo e companheiro de caminho, o mesmo ministério que durante muitos anos exerceu como guia e pastor”.

O que ele nos deixou é um grande exemplo a imitar: estar com os últimos, sempre! Como? Escolhendo e privilegiando, nos vossos projetos, as realidades mais pobres e desprezadas como lugares especiais onde permanecer, e como “terras prometidas” para as quais podeis partir e onde podeis “montar as vossas tendas” para iniciar novas obras. E fazê-lo com uma presença concreta e próxima das comunidades que servem, a partir de dentro, no local, trabalhando entre os pobres e partilhando com eles as suas vidas tanto quanto possível.

Agir juntos e crescer unidos no bem

Às pessoas comprometidas na Fundação Faresin, Francisco recomenda “buscar sempre criar sinergias”, também com outras realidades religiosas e associativas, porque trabalhar em conjunto “já é em si um anúncio do Evangelho vivido”, e “além de uma forma inteligente de otimizar os recursos é um caminho de formação na caridade e na comunhão”. Agir juntos, de fato, sublinha o Papa, não significa apenas fazer o bem, mas também «crescer unidos no bem, uns servindo e apoiando od outrod»:

Os recursos mais importantes para as obras do Senhor não são as coisas, mas somos nós, sabiamente colocados próximos uns dos outros porque partilhamos o que somos: a nossa paixão, a nossa criatividade, as nossas capacidades e experiências, e também as nossas fraquezas e fragilidades. Desta partilha paciente, na valorização do contributo de todos, nascem frutos de grande dinamismo e concretude, como testemunha a história passada e presente da vossa Fundação.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santo Hilário de Aquiléia

Santo Hilário de Aquiléia (A12)
16 de março
Santo Hilário de Aquiléia

Hilário viveu no século III, em Aquiléia, cidade da região de Veneza, Itália. Educado no Catolicismo, desde muito cedo resolveu abandonar as coisas do mundo para dedicar-se ao estudo das Sagradas Escrituras. Tornou-se diácono, e depois, por aclamação popular, foi feito bispo. Era um pastor zeloso, sábio e prudente, de enorme piedade. A um seu discípulo, Taciano, fez seu diácono.

No período de 283 e 284 era imperador de Roma Marco Aurélio Numeriano, jovem de pendor intelectual, interessado em literatura e oratória, mas fraco para governar um império em crise como o da época. Um seu edito obrigou os cristãos a sacrificar aos deuses pagãos. Em Aquiléia, o sacerdote idólatra Monofantos insistiu com o prefeito, Berônio, que primeiramente prendesse e pressionasse à apostasia Hilário e Taciano, cristãos de destaque, mas o bispo, depois de reafirmar a sua Fé, acrescentou: “Quanto aos demônios, vãos e ridículos, que chamais deuses, não lhes ofereço sacrifícios.” As seduções e ameaças da autoridade civil não surtiram efeito.

Hilário foi então levado ao grandioso templo de Hércules, onde foi despido e barbaramente açoitado. Em seguida, o deitaram sobre um cavalete e, com garras pontiagudas de ferro, golpearam-lhe as costas até que os órgãos internos ficaram aparentes. Enquanto isso, o bispo cantava hinos ao Senhor. Por fim, Berônio, sem resultados, cansou-se do bizarro espetáculo e mandou jogar Hilário na prisão, onde continuaram os maus tratos. No dia seguinte, o mesmo processo foi aplicado em Taciano; no cárcere, bispo e diácono, em alegre reencontro, rezaram para que Deus confundisse os pagãos.

Aconteceu então que uma neblina baixou sobre a cidade, e o majestoso templo de Hércules desabou completamente, revelando até mesmo as fundações. Muitos pagãos fugiram, e outros, literalmente, morreram de medo. Berônio, mais uma vez instado por Monofantos, ordenou a imediata decapitação de Hilário, Taciano e outros seis católicos, entre eles Félix, Largo e Dionísio. Era o dia 16 de março de 284.

As relíquias de Hilário e Taciano foram posteriormente levadas para a cidade próxima de Gorizia, de onde são padroeiros.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

“Quanto aos demônios, vãos e ridículos, que chamais deuses, mas não o são, não lhes ofereço sacrifícios.” Os ídolos pagãos continuam a existir hoje, porém, como a maior arma do diabo é fazer crer aos homens que ele não existe, atualmente os deuses mundanos não têm, usualmente, um nome ou identificação religiosa: mas poder, ganância, prazeres, dinheiro, etc., todos são sinônimos de satanás, na medida em que afastam de Deus. Note-se que estes apetites terrenos têm origem no erro espiritual: Monofantos atiçando Berônio. Diante disso, o que fazer? A firmeza de Santo Hilário e seus companheiros mártires de Fé é uma resposta direta. Só em Deus a Igreja e seus filhos fiéis podem vencer os suplícios desta vida. Mais ainda, vencer com alegria. De fato, “hilário” em Português significa uma situação que provoca muitos risos, e a origem latina e grega do nome, hilaris e hilaros respectivamente, significa “alegre”. Ora, a verdadeira e máxima alegria, personificada no santo bispo, é fazer a vontade de Deus e receber assim a recompensa do Céu, onde “...me encherás de alegria em Tua presença” (At 2,28). É preciso cuidar sempre, e com ênfase neste tempo quaresmal, das nossas almas, voltarmo-nos para Deus: pois se a simples sombra do Seu poder foi suficiente para que em Aquiléia morressem apavorados muitos pagãos, não podemos sequer imaginar o que acontecerá aos Seus perseguidores quando as majestades suntuosas deste mundo, e os seus templos que aparentam força hercúlea – “mas não o são” – tiverem suas entranhas reveladas diante do Senhor, seja na morte pessoal, seja na parúsia. Nesta ocasião, serão reveladas as entranhas de misericórdia do Senhor, mas também a Sua justiça, para os que aqui expõem as suas vidas, corpo e alma, para o bem como Santo Hilário, ou para o vazio como as fundações mundanas.

Oração:

Senhor Deus, Todo Poderoso, concedei-nos pela intercessão de Santo Hilário de Aquiléia, seu diácono Taciano e companheiros mártires, a alegria do reencontro definitivo Convosco, após termos vencido alegremente os golpes das garras deste mundo, suas seduções e ameaças, pela permanência fiel na Vossa obediência, testemunho e oração. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

sexta-feira, 15 de março de 2024

FOME NO MUNDO: Houve uma promessa!

Havia uma promessa (30Giorni)

Revista 30Dias – 09/2000

Houve uma promessa

Em 1996, a cimeira da FAO em Roma estabeleceu um objetivo claro: reduzir para metade o número de vítimas da fome no mundo até 2015. Passaram quatro anos e este objetivo está cada vez mais distante. E todos os meses um milhão de crianças com menos de cinco anos morrem devido aos efeitos da desnutrição.

por Stefano Maria Paci

Roma, 17 de Novembro de 1996, edifício da FAO. Os “líderes do planeta”, reunidos numa cimeira mundial sobre a alimentação, assinam uma declaração solene na qual se comprometem a reduzir para metade o número de vítimas da fome até 2015.

A promessa será ampliada pela mídia e o compromisso nem parece muito pesado. Tanto é verdade que o líder carismático de Cuba, Fidel Castro, em nome dos países do terceiro mundo, define esse objetivo como cobarde. “Se o nosso planeta já consegue alimentar todos os seus habitantes hoje”, pergunta Fidel Castro, “por que os países ricos não decidem eliminar completamente a fome nos próximos vinte anos?”. Quatro anos se passaram, mas basta percorrer os andares superiores do edifício da FAO em Roma para compreender que não só o sonho de Fidel Castro não se realizará, mas, a menos que haja mudanças repentinas - e infelizmente imprevistas - de rumo, nem mesmo o compromisso solene dos líderes mundiais será respeitado. Pelo contrário, nos últimos anos parece que nada, absolutamente nada, mudou. E o extermínio pela fome continua. Inexorável. 

Quarenta milhões? Muito pouco! 

Jacques Vercueil é o diretor da Divisão de Agricultura e responsável pelo Departamento de Análise de Desenvolvimento Econômico da FAO. Em seu escritório são transmitidos os números da fome no mundo dos cinco continentes, e o estado de insegurança alimentar no planeta é constantemente monitorado. Na sala abarrotada de dossiês ele ilustra as atuais fronteiras do continente da fome. Suas palavras, por mais calmas que sejam, pesam como pedras, porque por trás das figuras secas existe um massacre em escala planetária. Um exemplo entre muitos: mais de um milhão de crianças com menos de cinco anos morrem todos os meses em todo o mundo devido aos efeitos diretos ou indiretos da subnutrição. «Durante a cimeira mundial da alimentação» explica Vercueil «indicamos o número de indivíduos subnutridos no mundo como 841 milhões. O número, porém, estava incorreto e mais tarde percebemos que na realidade deveríamos estar a falar de 830 milhões. Os dados mais recentes mostram-nos que este número diminuiu e, nos cinco anos seguintes às conclusões indicadas durante a cimeira, 40 milhões de pessoas ultrapassaram o limiar da subnutrição. Atualmente, existem 790 milhões de pessoas no mundo que não têm o suficiente para comer”.

Em suma, em cinco anos, cerca de 40 milhões de pessoas – homens, mulheres e crianças – foram resgatadas de um destino terrível. Um sucesso? Não. O diretor-geral da FAO, o senegalês Jacques Diouf, não tem ilusões. «O actual ritmo de declínio da fome – em média, uma redução de cerca de oito milhões de vítimas por ano – corresponde exactamente ao “curso normal” das coisas. Se esta diminuição não acelerar, em 2015 aproximadamente 650 milhões de pessoas ainda irão dormir com o estômago vazio”. Em suma, para atingir o objetivo definido durante a cimeira, seria necessário um ritmo de progressão mais rápido. «De facto» continua Diouf «precisamos de conseguir uma redução no número de pessoas com fome de pelo menos 20 milhões por ano nos países em desenvolvimento».

Vinte milhões em vez de oito, uma diminuição acelerada em vez do “curso normal das coisas”. Mas porque é que o objectivo indicado pela cimeira parece estar a afastar-se a um ritmo tão acelerado?
“Não existem métodos milagrosos para combater a fome”, explica Jacques Vercueil. «Para atingir esse objetivo, são necessárias políticas específicas à escala local, nacional e regional. Esforços especiais devem ser feitos para mudar o curso dos acontecimentos. E isso não foi feito. Ou melhor, não em todos os lugares."

Sim, porque a possibilidade de atingir o objectivo da cimeira não é abstrata. E há alguns dados, à disposição do diretor da Divisão de Agricultura da FAO, que são surpreendentes. Na realidade, existem muito mais de 40 milhões de pessoas famintas que saíram do túnel da fome. Nos últimos anos, 100 milhões de pessoas abandonaram o continente dos famintos e alcançaram a segurança alimentar. De acordo com estes números, o ambicioso objetivo definido pela cimeira para 2015 seria facilmente alcançado. Na verdade, poderia até ser superado. 

«Uma situação inaceitável» 

E daí? O que aconteceu nos últimos anos que tornou tão difícil erradicar, ou pelo menos reduzir substancialmente, a fome no mundo? E por que razão, se cerca de 100 milhões de pessoas saíram do pesadelo da fome, a redução total do número de famintos é de apenas 40 milhões? O problema é que a diminuição do número de pessoas subnutridas foi registada em apenas 37 países. Entretanto, um número exorbitante de pessoas no resto do mundo em desenvolvimento tornou-se subitamente vítima de subnutrição: mais de 60 milhões.

São países onde a fome, em vez de diminuir, aumentou dramaticamente. O principal motivo são os conflitos civis e militares que explodiram no planeta. Em África, na Ásia e noutros locais, as guerras causaram danos muito graves tanto a pessoas como a bens. E, sem paz, não podemos esperar progresso social. Mas os dados que o Dr. Vercueil rola diante de nossos olhos indicam outros pontos de crise. «Os números que temos não são bons. E eles não nos dão esperança para o futuro. O aumento da produção agrícola é menos rápido do que o esperado no final da década. Além disso, registaram-se choques económicos graves, especialmente no Sudeste Asiático. Com exceção da Indonésia e de alguns outros, a maioria destes países recuperou, mas os efeitos negativos continuam. E, atualmente, no Corno de África vivemos uma situação dramática”.

No entanto, o panorama económico global do planeta pode dar origem a esperança. Não há recessão, a taxa de crescimento populacional diminuiu, e isso significa que há menos bocas para alimentar e mais adultos ativos para trabalhar. “Estou convencido: não há razão para que o mundo não fique completamente livre da fome no próximo século”, afirma com firmeza o Diretor Geral da FAO, Jacques Diouf. «A produção de alimentos já é suficiente para alimentar todos os que vivem hoje e ainda pode aumentar. No entanto, a menos que sejam tomadas medidas a todos os níveis, é provável que a fome e a subnutrição persistam por muito tempo.” E aqueles que pagarão o preço serão os habitantes mais fracos do planeta. Para a maioria deles, a fome não é uma condição temporária. É uma condição crônica, debilitante e muitas vezes fatal. Nos países onde a situação é endémica, ou seja, na maioria dos países em desenvolvimento, não só prejudica o desenvolvimento e a economia, mas degrada gravemente a vida de todas as pessoas por ela afetadas. «Um grande número deles acabará morrendo de fome», acusa Diouf «porque o seu direito humano fundamental à alimentação foi desrespeitado. Este estado de coisas é inaceitável." 

A fome está a aumentar em muitas regiões 

Parece paradoxal: apesar do compromisso solene assumido pelos líderes mundiais durante a Cimeira de Roma, há muitas regiões onde o número de pessoas com fome, em vez de diminuir, está a aumentar. E as escolhas políticas globais não parecem capazes de provocar uma mudança de direção decisiva: o fosso entre o Norte e o Sul do mundo só está a aumentar. No planeta, mil milhões e trezentos milhões de pessoas vivem com menos de um dólar por dia, três mil milhões com menos de dois. E a lista de países que não conseguem alimentar todos os seus habitantes parece interminável: a maioria deles está concentrada na Ásia e nas nações do Pacífico. Nesta área existem 526 milhões de pessoas subnutridas, aproximadamente dois terços de todo o mundo. Só a Índia tem 204 milhões de pessoas com fome, mais do que toda a África Subsaariana, onde existem 180 milhões. E em África, a gravidade do problema da fome varia de país para país. Embora a África Ocidental seja mais populosa do que qualquer outra região do continente, tem menos vítimas da fome do que a África Oriental, onde há o dobro de pessoas com fome. Mas o maior número de pessoas com fome no continente negro regista-se na África Central e Austral.

Infelizmente, a nível local, salvo alguns casos dignos, os governos são incapazes de adoptar soluções económicas e sociais que possam levar a mudanças importantes e duradouras. E nos países mais fracos a globalização da economia só leva ao agravamento da situação.

Mas se os países ricos parecem desinteressados ​​pelo problema da fome mundial, entre os muitos dados alarmantes que saem do gabinete do chefe do Departamento de Análise do Desenvolvimento Económico, poderíamos abalá-los. Pela primeira vez, a FAO também consegue fornecer o número de pessoas que passam fome nos países desenvolvidos. Há cerca de 34 milhões de indivíduos que enfrentam diariamente o problema da subnutrição em países com desenvolvimento económico acelerado. E se em 1974 o Secretário de Estado americano Henry Kissinger tinha prometido imprudentemente aos membros da FAO que "dentro de uma década nenhuma criança irá para a cama com fome", em 2000 fomos forçados a constatar que, na realidade, a fome não só é não desapareceu, mas não poupou nenhum canto do planeta. Nem mesmo os cantos mais ricos.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF