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terça-feira, 19 de março de 2024

Exéquias do cardeal Cordes: uma vida dedicada aos jovens, aos leigos e à caridade

O Papa durante as exéquias do cardeal Paul Josef Cordes na Basílica São Pedro (Vatican Media)

O decano do Colégio Cardinalício, cardeal Giovanni Battista Re, presidiu às exéquias do cardeal alemão, presidente emérito do Pontifício Conselho "Cor Unum", falecido em 15 de março aos 89 anos: "Sua alma agora está nas mãos de Deus". O Papa presidiu o rito da "Ultima Comendatio et Valedictio".

Salvatore Cernuzio - Cidade do Vaticano

A missa de exéquias do cardeal Paul Josef Cordes, alemão e presidente emérito do Pontifício Conselho "Cor Unum", falecido em 15 de março aos 89 anos, após vários problemas de saúde, foi celebrada na tarde desta segunda-feira, 18 de março, na Basílica de São Pedro. Vinte e sete cardeais se fizeram presentes na celebração, incluindo o vice-decano Leonardo Sandri e o secretário de Estado Pietro Parolin, além de alguns bispos, como dom Udo Markus Bentz, arcebispo de Paderborn, diocese de origem do cardeal Cordes, e também alguns padres alemães, incluindo o pároco de Kirchhundem, onde será realizado o sepultamento. No final da missa, o Papa presidiu o rito da "Ultima Comendatio et Valedictio".  

Embaixadores e parentes presentes no funeral

Foi o cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício, quem presidiu o funeral, que contou com a presença dos membros do Corpo Diplomático credenciado junto à Santa Sé, acompanhados pelo arcebispo Paul Richard Gallagher, secretário para as Relações com os Estados, vários familiares (incluindo o sobrinho Reinhard Baumgardt) e as quatro Memores Domini que assistiram o cardeal até o fim de seus dias.

Exéquias do cardeal Cordes (Vatican Media)

Respeitado por muitos

Uma figura amada e respeitada especialmente pelos jovens aos quais Cordes dedicou atenção desde os tempos em que fundou o Centro São Lourenço, de onde surgiu a iniciativa de organizar um encontro internacional da juventude em Roma na solenidade do Domingo de Ramos de 1984, pequeno embrião do que viriam a ser posteriormente, por vontade de João Paulo II e impulsionado pelo cardeal Eduardo Pironio, as JMJ (Jornadas Mundiais da Juventude). Respeitado e amado também pelos membros do Caminho Neocatecumenal e da Renovação Carismática, aos quais Wojtyla sempre lhe pediu para acompanhar o apostolado "ad personam". Amado e respeitado, por fim, pelos colaboradores do Pontifício Conselho para os Leigos, do qual foi vice-presidente, e depois do Cor Unum, e pela atenção que sempre teve às necessidades dos mais frágeis, aos quais - escreveu o Papa no telegrama de condolências do último sábado - "comunicou o amor e a ternura de Cristo". O cardeal Cordes, enfatizou Francisco, "não poupou esforços para testemunhar a paterna solicitude do Papa pelos mais pobres".

Acolheu a morte com serenidade

Um serviço à Santa Sé e à Igreja relembrado, passo a passo, pelo cardeal Re em sua homilia, que começou recordando os últimos dias de vida de Cordes: "Enquanto suas energias diminuíam, ele acolheu a morte com grande serenidade, dando prova de uma espiritualidade genuína". "A alma do cardeal Cordes está agora nas mãos de Deus", acrescentou Re, destacando como "para o cristão, a realidade da morte é a passagem deste mundo para a casa do Pai, para desfrutar da imensidão de seu amor". É esse amor que levou o jovem Paul Josef a interromper seus estudos de medicina para entrar no Seminário Maior de Paderborn. Uma mudança de perspectiva pela qual ele mesmo dizia dever a uma freira franciscana conhecida por sua família, Irmã Candida de Olpe, que por anos rezou para que ele se tornasse padre, sem que ele soubesse.

O Papa preside o rito da Última Commendatio e Valedictio (Vatican Media)

Fiel a Deus, à Igreja e ao Papa

Cordes foi ordenado sacerdote na diocese de Paderborn em 1961; dez anos depois se formou em Teologia Dogmática na Universidade de Mainz e, alguns meses depois, foi nomeado secretário da Comissão Pastoral da Conferência Episcopal Alemã. Com este cargo, começou a colaborar com associações, movimentos espirituais e várias instituições eclesiásticas na Alemanha. "Essa experiência permitiu que ele desse uma boa contribuição ao Sínodo das dioceses da República Federal da Alemanha realizado em 1972", lembrou Re. Quando, em 1975, Paulo VI o nomeou bispo auxiliar de Paderborn, Cordes escolheu "Deus Fiel" como lema episcopal porque, dizia, "Deus é sempre fiel e a fidelidade de Deus nos obriga a ser também nós fiéis". "Nos vários cargos que lhe foram confiados, foi sempre animado por um espírito de fidelidade a Deus, à Igreja e ao Papa", destacou o decano do Colégio Cardinalício.

O serviço aos mais frágeis

Re então lembrou o trabalho na Cúria Romana, o compromisso com o mundo jovem, em contato com várias Associações Juvenis e Movimentos Espirituais, a ideia de criar um centro "para ajudar espiritualmente os jovens que passavam por Roma". Depois, o papel de liderança no "Cor Unum", durante o qual "com grande zelo se ocupou da coordenação das organizações humanitárias da Igreja. Foram numerosas as missões no mundo que lhe foram confiadas para levar a caridade e a solidariedade do Papa", lembrou o decano em sua homilia. Foi Bento XVI, em 2007, quem o criou cardeal. E Cordes, em seu testamento espiritual, escreveu: "Um olhar retrospectivo de fé sobre minha história me convence de que ela não foi determinada por acaso ou por minha intervenção... Pude experimentar as palavras do cardeal Dopfner: 'Deus está aqui para mim, está aqui para nós'. Na hora da despedida, gostaria de deixar esta certeza aos meus companheiros de viagem. Resta-me pedir-lhes perdão pelas ofensas e pedir-lhes suas orações para que eu possa alcançar a bem-aventurança eterna na vida trinitária de Deus"..

Funeral do cardeal Cordes, na Basílica de São Pedro (Vatican Media)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São José, esposo de Maria

São José, esposo de Maria (cruzterrasanta)
19 de março
São José, esposo de Maria

São José é descendente da casa real de Davi. É o esposo da Virgem Maria e pai adotivo de Jesus Cristo. Nos Evangelhos ele aparece na infância de Jesus. Pode-se ver as citações nos livros de Mateus Capítulos 1 e 2, e em Lucas 1 e2. Na Bíblia, São José é apresentado como um justo. Mateus, em seu Evangelho, descreve a história sob o ponto de vista de José. Já Lucas narra o tempo de infância do menino Jesus contando com a presença de José.

São José na História da Salvação

São José estava noivo de Maria e, ao saber que ela estava grávida, decidiu abandoná-la, pois o filho não era dele. Ele pensa em abandoná-la para que ela não fosse punida com a morte por apedrejamento

Mas ele teve um sonho com um anjo que lhe disse que Maria ficou grávida pela ação do Espírito Santo, e que o menino que iria nascer era Filho de Deus, então, ele aceitou Maria como esposa. Perto do tempo previsto do nascimento de Jesus, por um decreto romano ele foi para Belém partir do recenseamento, lá Maria deu à luz ao Menino Jesus e José estava presente no nascimento.

O anjo, porém, deu novo aviso a José, em sonho. Com efeito, o anjo avisou a José que Herodes queria matar o menino Jesus e mandou-o pegar o menino e sua mãe e fugir para o Egito com eles. José obedeceu. Assim, A sagrada família foi para o Egito e viveram lá durante quatro anos. Após este tempo, o anjo avisou novamente a José em sonhos, dizendo que eles poderiam voltar para Nazaré porque Herodes tinha morrido. José obedeceu e levou a Sagrada Família novamente para Israel.

Vida Simples

São José devotou sua vida aos cuidados de Jesus e Maria. Vivendo do trabalho de suas mãos, como carpinteiro, sustentou sua família com dignidade e exemplo. A profissão de carpinteiro propiciava dignidade à família. José era um judeu religioso e praticante. Ele consagrou o menino Jesus no Templo, logo depois que o menino nasceu. Este ato só era praticado na época por judeus piedosos. São José levava sua família regularmente às peregrinações de seu povo em Jerusalém, como, por exemplo, na Páscoa. Foi numa dessas peregrinações em que, na volta para Nazaré, o menino Jesus ficou em Jerusalém conversando com os doutores da lei. O menino tinha, então, doze anos. José e Maria, aflitos, voltam ao templo e encontram o menino Jesus debatendo com os doutores da lei. Nesta ocasião, Jesus afirma que 'Tinha que cuidar das coisas de seu Pai'. Esta é a última vez que José é mencionado nas Sagradas Escrituras. Todos os indícios levam a crer que José faleceu antes de Jesus começar sua vida pública. Caso contrário, ele certamente teria sido mencionado pelos evangelistas, como o foi Maria.

Influência de José na formação da personalidade de Jesus

São José teve papel importantíssimo na formação da personalidade de Jesus enquanto pessoa humana. Claro, Jesus é o Filho de Deus. Porém, se analisarmos o comportamento de Jesus do ponto de vista humano, veremos que ele (Jesus) foi um menino e um homem que teve um pai presente, piedoso e influente. Um pai que ensinou ao filho o caminho da justiça, da verdade, do amor e do conhecimento da Palavra de Deus. Não é à toa que São José é chamado de 'Justo' desde os Evangelhos. Por isso, São José é um dos maiores santos de todos os tempos.

Devoção a São José

São José foi inserido no calendário litúrgico Romano em 1479. Sua festa é celebrada no dia 19 de março. São Francisco de Assis e, mais tarde, Santa Teresa d'Ávila, foram grandes santos que  ajudaram a divulgar a devoção a São José. No ano de 1870, São José foi declarado oficialmente como o Patrono Universal da Igreja. O autor desta declaração foi o Papa Pio IX. No ano de 1889, o Papa Leão XIII, num de seus grandes documentos, exaltou as virtudes de São José. O Papa Bento XV declarou São José como o patrono da justiça social. Para ressaltar a grande qualidade e poder de intercessão de São José como 'trabalhador', O Papa Pio XII instituiu uma segunda festa em homenagem a ele, a festa de 'São José operário'. Esta, acontece no dia primeiro de maio.

São José é invocado também como o padroeiro dos carpinteiros. Na arte cristã ele é representado tendo um lírio na mão, representando a vitória dos santos. Algumas vezes ele aparece também com o menino Jesus ou nos braços, ou ensinando a Ele a profissão de carpinteiro.

Revelações sobreo poder de intercessão de São José

São José é, sem dúvida, uma dos santos mais importantes da Igreja. Ele é invocado como o santo que intercede a Deus por todas as nossas necessidades. São José tem, diante de Deus, privilégios únicos. Esta é uma das revelações que foram dadas à Serva de Deus chamada Santa Águeda: 'Por sua intercessão alcançamos a virtude da castidade e a vitória sobre as tentações contra pureza; alcançamos o poderoso auxílio da graça para sair do pecado e voltar à amizade com Deus; alcançamos a benevolência da Santíssima Virgem Maria e a verdadeira devoção a ela; alcançamos a graça de uma boa morte e a especial proteção contra o demônio nesta hora.' A Igreja afirma que os espíritos do mal estremecem quando ouvem o nome de São José ser invocado. Pela intercessão de São José, podemos alcançar a saúde e a ajuda nas dificuldades. Através dele, as famílias podem alcançar a bênção de uma vida digna.

Nossa Senhora também revelou a Santa Águeda: 'Os homens ignoram os privilégios que o Senhor concedeu a São José, e quanto pode sua intercessão junto de Deus. Somente no dia do Juízo os homens conhecerão sua excelsa santidade e chorarão amargamente por não haverem se aproveitado desse meio tão poderoso e eficaz para sua salvação e alcançar as graças de que necessitavam'. SJMJ

Oração a São José

A vós, S. José, recorremos em nossa tribulação e, depois de ter implorado o auxílio de Vossa Santíssima Esposa, cheios de confiança solicitamos também o Vosso patrocínio. Por este laço sagrado de caridade que Vos uniu à Virgem Imaculada Mãe de Deus, e pelo amor paternal que tivestes ao Menino Jesus, ardentemente Vos suplicamos que lanceis um olhar benigno para a herança que Jesus Cristo conquistou com seu Sangue, e nos socorrais em nossas necessidades com o Vosso auxílio e poder. Protegei, ó Guarda providente da Divina Família, a raça eleita de Jesus Cristo. Afastai para longe de nós, ó Pai amantíssimo, a peste do erro e do vício. Assisti-nos do alto do céu, ó nosso fortíssimo sustentáculo, na luta contra o poder das trevas; e assim como outrora salvastes da morte a vida ameaçada do Menino Jesus, assim também defendei agora a Santa Igreja de Deus contra as ciladas de seus inimigos e contra toda adversidade. Amparai a cada um de nós com o Vosso constante patrocínio a fim de que, a Vosso exemplo e sustentados por Vosso auxílio, possamos viver virtuosamente, morrer piedosamente e obter no céu a eterna bem-aventurança. Amém.

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

segunda-feira, 18 de março de 2024

Estresse: pare de viver como se tudo dependesse de você!

PeopleImages.com - Yuri A | Obturador
Javier Fiz Pérez publicado em 18/12/17 atualizado em 17/03/24
O estresse pode estar associado à felicidade? Compartilhamos a resposta abaixo. Existem dois tipos de estresse e mesmo que você não acredite, nem sempre é ruim.

Como está o seu dia? Quantos eventos você planejou? Suas listas de tarefas são infinitas? Quantas você tem? A do trabalho, a das tarefas, a da casa, a dos filhos e um longo etc.

É muito comum passarmos por momentos em que a ansiedade nos condiciona e deixamos de ser tão eficazes como normalmente somos. Isso acontece quando sentimos mais estresse do que o normal.

Felizmente, existem dois elementos que funcionam totalmente a nosso favor.Por um lado, nem todo o stress que sentimos é negativo; e por outro lado, qualquer situação estressante pode ser gerenciada e superada.

fizques | Obturador

Tipos de estresse

Nesse sentido, pode ser útil lembrar a classificação que a psicologia faz dos tipos de estresse que distingue entre estresse positivo e sofrimento. E, como já mencionamos, nem todo estresse que sentimos é negativo.

1
ESTRESSE POSITIVO

Ao contrário do que se acredita, o estresse nem sempre prejudica quem o sofre. Esse estresse deixa a pessoa afetada motivada e com muito mais energia.Um bom exemplo seria uma competição esportiva onde os participantes devem ter um ponto de vitalidade para poderem sair vitoriosos. Esse estresse está associado a emoções positivas, como a felicidade.

2
ANGÚSTIA OU ESTRESSE NEGATIVO

Quando sofremos de angústia, antecipamos uma situação negativa acreditando que algo vai dar errado, o que gera uma ansiedade que nos paralisa completamente.O estresse negativo nos desequilibra e neutraliza os recursos que em situações normais teríamos à nossa disposição, o que acaba gerando tristeza, raiva, nervosismo, etc.

Vale lembrar que o estresse é uma reação que pode causar sérios problemas de saúde.Foi demonstrado que várias condições crónicas, perturbações psicossomáticas e de saúde mental (problemas cardíacos, ansiedade, depressão, etc.) estão intimamente relacionadas com o stress.

Embora o termo estresse pareça muito moderno, a origem etimológica da palavra é muito antiga, assim como a própria presença do estresse no comportamento humano.

Técnicas de relaxamento

Ljupco Smokovski | Obturador

Diante de uma presença constante e aguda de sentimentos de estresse, temos a possibilidade de aplicar diversas estratégias para enfrentá-lo de forma eficaz, principalmente se as praticarmos e conseguirmos o domínio da técnica.

1
ORGANIZAÇÃO DE TEMPO E AGENDA COM BASE EM PRIORIDADES

Nem tudo na vida tem a mesma importância, principalmente quando temos listas intermináveis ​​de coisas para fazer. A vida e a organização social nos concentram no uso do tempo, muitas vezes esquecendo que os dias duram 24 horas. Cabe a nós determinar o uso do nosso tempo.

2
ATENÇÃO PLENA

Tomar consciência de nós mesmos, do momento que vivemos e do nosso presente como circunstância no contexto da nossa vida. Trata-se de desativar o estresse com maior controle do pensamento através de breves minutos de reflexão sobre o momento que vivemos e sobre nós mesmos.

3
RESPIRAÇÃO DIAFRAGMÁTICA

É uma das técnicas clássicas de desativação que geralmente funciona melhor. Respire com calma, respirações profundas e lentas para acalmar os batimentos cardíacos e tomar consciência de nós mesmos.

4
PSICOLOGIA POSITIVA

Possui ferramentas poderosas que comprovadamente são eficazes no gerenciamento do estresse. O importante é escolher aquele que for mais confortável e fácil de aplicar até aprendermos a utilizá-lo quando necessário.

O bom senso é o nosso grande aliado, aliado à firme vontade de pensar as coisas antes de fazê-las, mantendo uma distância saudável de tudo o que acontece ao nosso redor. Se estivermos dentro do problema, somos parte dele e será difícil conseguirmos a visibilidade necessária para dar a cada circunstância o peso que necessita.

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Fonte: https://es.aleteia.org/

EXEGESE: «A fé exige o realismo dos acontecimentos» (I)

José Ratzinger (30Giorni)

Revista 30Dias – 06/2003

O discurso do prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé por ocasião do centenário da constituição da Pontifícia Comissão Bíblica

«A fé exige o realismo dos acontecimentos»

“A opinião de que a fé como tal não sabe absolutamente nada sobre os fatos históricos e deve deixar tudo isso para os historiadores é gnosticismo”. A intervenção do Cardeal Joseph Ratzinger. prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. por ocasião do centenário da criação da Pontifícia Comissão Bíblica.

por Joseph Ratzinger

Não escolhi o tema do meu artigo apenas porque faz parte das questões que por direito pertencem a uma retrospectiva dos cem anos da Pontifícia Comissão Bíblica, mas porque também se enquadra, por assim dizer, nos problemas da minha biografia: há mais de meio século o Meu caminho teológico pessoal move-se no âmbito determinado por este tema.

No decreto da Congregação Consistorial de 29 de junho de 1912 De quibusdam commentariis non admittendis encontram-se dois nomes que cruzaram a minha vida. Na verdade, a Introdução ao Antigo Testamento do professor de Freising, Karl Holzhey, é ali condenada; ele já estava morto quando comecei meus estudos de teologia na colina da Catedral de Freising, em janeiro de 1946, mas anedotas eloquentes sobre ele ainda circulavam. Ele deve ter sido um homem bastante cheio de si e sombrio. O segundo nome mencionado é-me mais familiar, o de Fritz Tillmann, editor de um Comentário do Novo Testamento definido como inaceitável. Nesta obra, o autor do comentário aos sinópticos foi Friedrich Wilhelm Maier, amigo de Tillmann, então professor livre em Estrasburgo. O decreto da Congregação Consistorial estabeleceu que estes comentários expungenda omnino esse ab Institutione Clericorum. Comentário , do qual encontrei uma cópia esquecida quando era estudante no seminário menor de Traunstein, teve de ser banido e retirado do mercado porque Maier apoiava, para a questão sinóptica, a chamada teoria das duas fontes , que hoje é aceito por quase todos. Isso, na época, também determinou o fim das carreiras científicas de Tillmann e Maier. No entanto, ambos foram autorizados a mudar de disciplina teológica. Tillmann aproveitou esta oportunidade e mais tarde tornou-se um importante teólogo moral alemão. Juntamente com Theodor Steinbüchel e Theodor Müncker editou um manual de teologia moral de vanguarda, que tratou esta importante disciplina de uma nova forma e a apresentou de acordo com a ideia básica da imitação de Cristo. Maier não quis aproveitar a possibilidade de mudar de disciplina; ele estava de fato dedicado de corpo e alma para trabalhar no Novo Testamento. Tornou-se assim capelão militar e como tal participou na Primeira Guerra Mundial; mais tarde trabalhou como capelão em prisões até 1924, quando, com a autorização do arcebispo de Breslau (hoje Wroclaw), cardeal Bertram, num clima agora mais descontraído, foi chamado para a cátedra de Novo Testamento na faculdade teológica de o lugar . Em 1945, quando aquela faculdade foi extinta, junto com outros colegas, chegou a Munique, onde o tive como professor.

A ferida de 1912 nunca cicatrizou completamente nele, embora agora pudesse ensinar sua matéria praticamente sem problemas e fosse apoiado pelo entusiasmo de seus alunos, aos quais conseguiu transmitir sua paixão pelo Novo Testamento e sua correta interpretação. De vez em quando, lembranças do passado apareciam em suas aulas. Acima de tudo, ficou na minha memória uma expressão que ele pronunciou em 1948 ou 1949. Dizia que agora podia seguir livremente a sua consciência de historiador, mas que a liberdade total de exegese com que sonhava ainda não tinha sido alcançada. Disse também que provavelmente não conseguiria ver isto, mas que pelo menos queria, como Moisés do Monte Nebo, poder lançar o olhar sobre a Terra Prometida de uma exegese liberta de qualquer controlo e condicionamento do Magistério. Sentimos que a alma deste homem culto, que levou uma vida sacerdotal exemplar, fundada na fé da Igreja, foi pesada não só por aquele decreto da Congregação Consistorial, mas também pelos vários decretos da Comissão Bíblica - sobre o Autenticidade mosaica do Pentateuco (1906), sobre o caráter histórico dos três primeiros capítulos do Gênesis (1909), sobre os autores e a época de composição dos Salmos (1910), sobre Marcos e Lucas (1912), sobre o sinóptico questão (1912), e assim por diante – dificultou seu trabalho como exegeta com restrições que considerava indevidas. Ainda persistia a impressão de que os exegetas católicos, devido a tais decisões magisteriais, eram impedidos de realizar trabalhos científicos sem restrições, e que assim a exegese católica, comparada à exegese protestante, nunca poderia estar inteiramente à altura dos padrões dos tempos e a sua seriedade científica era, em alguns aspectos, com razão, duvidado pelos protestantes. Naturalmente, houve também uma influência na crença de que uma obra estritamente histórica seria capaz de apurar com segurança os dados factuais objetivos da história, na verdade, que esta era a única maneira possível de compreender os livros bíblicos no seu sentido próprio, o que, precisamente, são livros históricos. Para ele, a confiabilidade e a inequívocaidade do método histórico eram tidas como certas; a ideia de que pressupostos filosóficos também entravam em jogo neste método e de que uma reflexão sobre as implicações filosóficas do método histórico poderia tornar-se necessária nem sequer lhe ocorreu. Para ele, como para muitos de seus colegas, a filosofia parecia um elemento perturbador, algo que só poderia poluir a pura objetividade do trabalho histórico. Não lhe foi apresentada a questão hermenêutica, ou seja, não se questionou até que ponto o horizonte do questionador determina o acesso ao texto, sendo necessário esclarecer, antes de mais nada, qual é a forma correta de perguntar e como. é possível purificar o próprio pedido. Precisamente por isso, o Monte Nebo certamente lhe teria reservado algumas surpresas totalmente fora do seu horizonte.

Agora gostaria de tentar subir, por assim dizer, junto com ele ao Monte Nebo para observar, a partir da perspectiva daquela época, a terra que atravessamos nos últimos cinquenta anos. A este respeito, talvez seja útil recordar a experiência de Moisés. O capítulo 34 do Deuteronômio descreve como no Monte Nebo é concedido a Moisés um vislumbre da Terra Prometida, que ele vê em toda a sua extensão. É, por assim dizer, um olhar puramente geográfico e não histórico que lhe é concedido, mas pode-se dizer que o capítulo 28 do mesmo livro apresenta um olhar não sobre a geografia, mas sobre a história futura na e com a terra, e que aquele capítulo oferece uma perspectiva muito diferente e muito menos consoladora: «O Senhor vos espalhará por todos os povos, de uma ponta à outra [...]. Entre essas nações não encontrareis alívio e não haverá lugar de descanso para as plantas dos pés” ( Dt 28, 64ss). O que Moisés viu nesta visão interior poderia ser resumido da seguinte forma: a liberdade pode destruir-se a si mesma; quando perde o seu critério intrínseco, autossuprime-se.

O discurso do Cardeal Ratzinger
foi proferido no Augustinianum em 29 de abril de 2003.

Fonte: https://www.30giorni.it/

Dia dos Missionários Mártires, a recordação de Ezequiel Ramin assassinado na Amazônia

Lembrança de Ezequiel Ramin em vista do Dia dos Missionários Mártires 2024, a ser celebrado em 24 de março (Reprodução c. copyright Família Ramin/TeM/Missionários Combonianos) | Vatican News

O missionário italiano, assassinado há 39 anos, estará no centro das iniciativas promovidas pelas dioceses de Roma e Porto-Santa Rufina em vista do próximo Dia dedicado aos religiosos, religiosas e leigos que deram a vida pelo Evangelho e pelos irmãos e irmãs. O programa inclui duas Via Sacras, uma exposição com desenhos feitos pelo próprio Ramin e uma conferência intitulada "Guardiões do jardim". Irmã Antonietta Papa, representante da UISG: agora cabe a nós manter vivo o testemunho deles.

Adriana Masotti – Vatican News

Por ocasião do 32º "Dia dos Mártires Missionários", no próximo dia 24 de março, várias iniciativas recordarão o empenho, até o dom da própria vida, de missionários e missionárias que, em diversas partes do mundo, defenderam os últimos pelo reconhecimento de sua dignidade e de seus direitos, muitas vezes ligados à sua terra. Serão organizados também numerosos encontros nas dioceses de Roma e Porto-Santa Rufina, dedicados de modo especial ao sacerdote comboniano Ezequiel Ramin, conhecido como Lele, assassinado na Amazônia em 24 de julho de 1985, e àqueles que, como ele, abraçaram a cruz do martírio em missão pela nossa casa comum.

Via Sacra "Mártires da Terra

O primeiro evento da série foi a Via Sacra Missionária intitulada "Mártires da Terra", que se realizou no último dia 15 de março, no Jardim Laudato Si' das Irmãs da Caridade de Santa Joana Antida Thouret, em Roma. O evento foi promovido pela Comissão "Justiça, Paz e Integridade da Criação" da UISG - USG, pelo Escritório de Cooperação Missionária entre as Igrejas da Diocese de Roma, pela Terra e Missione e pelo Movimento Laudato si'. Em cada estação, a memória de um dos mártires da América Latina e um dos direitos violados na Amazônia em relação às pessoas ou ao meio ambiente, por meio do desmatamento e da exploração de petróleo.

Via Sacra "Mártires da Terra" no Jardim Laudato Si' das Irmãs da Caridade de Santa Joana Antida Thouret, em Roma | Vatican News

Exposição "Paixão Amazônica" em Roma e Porto-Santa Rufina

Para a ocasião, explica o comunicado dos organizadores, na presença dos dois co-secretários executivos da Comissão USG e UISG, irmã Maamalifar M. Poreku e padre Roy Thomas, será inaugurada a exposição "Paixão Amazônica", com curadoria de Terra e Missione, da família Ramin e da família Comboniana, com os desenhos feitos pelo missionário: serão expostos 12 painéis. A exposição será depois transferida para a diocese de Porto-Santa Rufina onde, na sexta-feira, 22 de março, às 19h30, será repetida a celebração da Via Sacra "Mártires da Terra" no Jardim Laudato si' da Paróquia da Natividade de Maria Santíssima (na Via Santi Martiri di Selva Cândida, no Município de Roma). O momento de oração, conduzido pelo padre Federico Tartaglia, diretor do Centro Missionário Porto-Santa Rufina, contará com a presença dos irmãos de Ezequiel Ramin e da irmã Giovanna Dugo sfma, que manteve uma estreita troca de cartas com o padre Lele durante seus anos missionários na Amazônia.

O missionário, servo de Deus, Ezequiel Ramin | Vatican News

A conferência "Guardiões do Jardim”

Finalmente, no sábado, 23 de março, das 9h às 13h, na Pontifícia Faculdade de Ciências da Educação "Auxilium", em Roma, será realizada a conferência "Guardiões do Jardim", com o tema "Mártires da justiça ambiental e da exploração dos recursos". O evento contará com a presença de dom Gianrico Ruzza, bispo das dioceses de Porto-Santa Rufina e Civitavecchia-Tarquinia; Piera Ruffinatto fma, decano da Faculdade Auxilium; padre Adelson Araújo dos Santos SJ, teólogo e professor de espiritualidade na Pontifícia Universidade Gregoriana; padre Giulio Albanese, diretor do Escritório de Comunicações Sociais e do Escritório Missionário da diocese de Roma; os jornalistas Gianni Beretta, Lucia Capuzzi e Toni Mira; e os irmãos de Ezequiel Ramin.

"A vida é bela e estou feliz em dá-la", escreveu Ezequiel Ramin, agora servo de Deus, morto por defender os direitos dos índios Suruí e dos camponeses sem terra, em uma de suas cartas. A irmã Antonietta Papa, uma missionária italiana que conheceu Ramin durante sua missão no Brasil, falou à mídia do Vaticano sobre ele e seu trabalho. A irmã Antonietta, das Filhas de Maria Missionárias, vive agora entre Roma e Lampedusa e é a pessoa de contato do projeto "Migrantes Sicília" da UISG, União Internacional das Superioras Gerais.

Irmã Antonietta, a senhora esteve em missão no Brasil e conheceu bem padre Ramin: pode nos contar algo sobre ele e seu compromisso?

Conheci Ezequiel desde o momento em que ele chegou ao local onde viveu seu curto período no Brasil. Eu o conheci em sua função de padre nas celebrações e quando ele às vezes vinha conosco para a floresta amazônica, onde todas as comunidades de índios e camponeses estão espalhadas. Ele tinha um jovem em sua paróquia que queria ser batizado e receber a Eucaristia, mas tinha muitas dificuldades e, por isso, o padre Ezequiel o enviou a mim, dizendo-me em uma carta que ficasse atento a esse jovem - e isso revela muito sobre a espiritualidade de Ezequiel, que era capaz de uma ação pastoral firme, com certeza, mas, ao mesmo tempo, adaptada à pessoa - e propôs um caminho progressivo para ele, sem pressa, justamente para que esse menino se tornasse um verdadeiro cristão.

Nessa carta, ele escreve: "descobri algo belo na vida: a fé em Deus nos leva à ação. Deixei para trás, na Itália, o pensamento e a ação espiritual que tanto me preocupavam, e me sinto mais livre e mais maduro". Aqui, acredito que, a partir dessa observação das pessoas e, acima de tudo, do compromisso com os índios - com os quais ele criou uma amizade tão grande que o chefe Suruí o chamava de "irmão, meu irmão" -, compreende-se que Ramin era realmente uma pessoa que amava profundamente essa terra, Ele amava essa terra, onde mais tarde foi morto, mas a amava com o coração, a mente e a inteligência, a inteligência para entender rapidamente o que estava acontecendo e como os "grandes" estavam tentando dividir os pequenos para que os colonos pudessem tomar posse da terra, dos índios e dos camponeses. Ele percebeu isso imediatamente.

Evidentemente, a ação de Ezequiel foi incômoda. Em resumo, lembre-nos quais foram os direitos que ele viu serem negados às pessoas na Amazônia?

Os direitos negados eram os direitos à terra para os camponeses, os direitos dos índios. Naquela época, os índios eram considerados, e talvez ainda sejam um pouco, como bicho do mato, ou seja, animais da floresta, sem a dignidade de uma pessoa, simplesmente não eram gente! Isso foi o que impressionou Ezequiel, o que impressionou cada um de nós, e vocês podem ver isso nos desenhos que ele produziu durante esse período em que esteve lá com eles, observando-os, conversando, especialmente com os índios, dos quais ele tinha grande conhecimento.

Além de Ramin, há outros missionários que hoje são chamados de "mártires da terra". A senhora chegou a conhecer alguns deles. Pode ao menos citar o nome deles?

É claro, conheci Josimo Tavares, um padre brasileiro que tive a oportunidade de conhecer em algumas reuniões sempre sobre a pastoral da terra, e Maurizio Maraglio, um missionário de Mântua com quem costumávamos nos escrever o tempo todo. Um dia recebi uma carta dizendo: "Maurizio não pode lhe responder porque foi assassinado", e o assassinato foi justamente por causa desse assunto da pastoral da terra, sobre o qual costumávamos falar tanto juntos. Mas também quero me lembrar, embora não a tenha conhecido diretamente, de Dorothy Stang, essa missionária estadunidense que lutou tanto pelos agricultores da Amazônia brasileira. Ela também foi morta em 2005, tinha 73 anos e ainda lutava pela terra. Realmente uma grande mulher! Portanto, homens e mulheres que lutaram pela floresta amazônica, para que ela fosse preservada, para que ela fosse valorizada.

Retrato de um homem Suruí, desenho de Ramin. Reprodução reservada © copyright Família Ramin/TeM/Missionários Colombianos | Vatican News

A senhora mencionou anteriormente que Ramin adorava desenhar e algumas de suas obras estarão expostas em Roma e na diocese de Porto Santa Rufina. O que o desenho significava para ele e o que ele queria comunicar?

Ele observava muito as pessoas. Nessa exposição, podemos ver a paixão de Cristo que ele tentava ver nesses olhares. Ele viu os rostos, mas também as atitudes desses índios que eram tão explorados, tão maltratados e aniquilados por tudo ao seu redor. E ele disse que viu em seus olhares a primavera que estava chegando. Apesar de ainda estarmos no meio do inverno, ele conseguia entender e ver os brotos que estavam nascendo no que ele estava desenhando, e comparava esses rostos com o de Cristo na cruz. Lembro-me de que costumávamos vê-los passando à nossa frente, esses camponeses que haviam sido mortos e amarrados a uma estaca, e assim era o Cristo crucificado.

Flagelação, desenho de Ezequiel Ramin. Reprodução reservada © copyright Família Ramin/TeM/Missionários Combonianos | Vatican News

Em recordação de Ramin, mas também de outros mártires da Terra, a UISG promoveu uma Via Sacra: que mensagem vocês querem transmitir com esse momento?

Para nós, a Via Sacra é importante porque retrata todos esses mártires que deram suas vidas pela causa da terra, mas não é só a terra: a terra é onde vivemos e estamos. E para esses índios, para esses agricultores, a terra é a mãe. A Via Sacra refaz o caminho dos vários missionários que deram suas vidas por ela. Para nós, a Via Sacra é realmente um caminho que nos convida a ser mulheres e homens de fé, mulheres e homens que trilham o caminho de Cristo, sabendo que estão guardando o que Deus, o Pai, nos confiou desde o Gênesis.

Desde 1980, ano em que São Oscar Romero foi morto, o "Dia dos Missionários Mártires" é celebrado. A ênfase no martírio da terra no Dia deste ano é muito oportuna porque vincula o cuidado com o meio ambiente aos direitos das pessoas, ou seja, nos faz entender melhor a conexão entre a vida de homens e mulheres e o território em que cada um vive...

Exatamente, é isso mesmo. Talvez na década de 1980 a consciência disso fosse muito menos difundida, estávamos apenas começando a ter a consciência de que o território em que vivemos é a nossa própria vida, é a vida para nós. Porque dentro da floresta amazônica, além dos animais, das pessoas, nós vivemos juntos, é um ambiente vital.

Não consigo encontrar outra palavra a não ser "vida", essa cultura da terra da qual estamos nos apropriando gradualmente de forma mais completa hoje.

Mas todas essas pessoas que deram suas vidas pela Terra compreenderam plenamente esse valor e, portanto, hoje somos suas testemunhas e devemos transmiti-lo aos outros. Devemos ser aqueles que levam essa missão adiante para não arruinar totalmente este nosso ambiente. Também vejo isso em Lampedusa, onde estou agora.... É a mesma coisa: o Mediterrâneo, a floresta amazônica, a floresta do Congo, as florestas da Índia: todas essas regiões são sagradas porque nos permitem viver, respirar, ser nós mesmos. Não sei como explicar melhor essa paixão que agora está dentro de cada um de nós.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Cirilo de Jerusalém

São Cirilo de Jerusalém (A12)
18 de março
São Cirilo de Jerusalém

Cirilo nasceu por volta do ano 315 em Jerusalém ou em seus arredores. Teve um lar cristão, com uma vida financeira confortável, e recebeu uma sólida formação nas Sagradas Escrituras e em matérias humanísticas. Em 348 foi eleito bispo, patriarca de Jerusalém. Enormes foram suas contribuições para o ensinamento da sã Doutrina.

Deixou diversos escritos, como a descoberta da Cruz e da rocha que fechava o Santo Sepulcro, mas os mais famosos deles, sua obra-prima, foram as "Catequeses", que estão entre os mais preciosos tesouros da antiguidade cristã; duas importantes constituições dogmáticas do Concílio Vaticano II, a Lumen Gentium sobre a Igreja, e a Dei Verbum sobre a Revelação Divina, foram inspiradas em seus escritos.

Suas catequeses foram redigidas como parte da preparação dos catecúmenos para o batismo, à qual se dedicou por muitos anos e com muito cuidado. Elas tratam com rigor doutrinal e profundidade, mas de forma simples e direta, temas como o pecado, os Sacramentos, o Credo e outros pontos essenciais da Fé. Constituem-se de uma Introdução, 23 “Aulas Catequéticas”, “Orações Catequéticas” ou “Homilias Catequéticas”, e cinco “Catequeses Mistagógicas”.

As "Aulas Catequéticas", ministradas na Quaresma, instruem sobre os principais tópicos da fé e da prática cristã. Cada aula baseia-se num texto das Escrituras e inclui admoestações contra concepções pagãs, judias e erros heréticos. Elas são de grande importância para o entendimento do método de ensino e das práticas litúrgicas geralmente utilizados na época, provavelmente o seu mais completo registro sobrevivente. As "Catequeses Mistagógicas", ministradas durante a semana de Páscoa para os que haviam recebido o batismo (neófitos), têm este nome por tratarem dos "mistérios" , ou seja, os Sacramentos do Batismo, Confirmação e Eucaristia.

O episcopado de Cirilo, entre 350 e 386, sofreu interrupções por conta das perseguições arianas, num total de 16 anos. A heresia ariana negava a divindade de Jesus. Foi exilado pela primeira vez em 357, pelo bispo ariano Acácio de Cesaréia da Palestina, que pretendia que a sede de Jerusalém fosse submetida à sua: convocou um concílio, sem a presença de Cirilo, acusando-o formalmente de vender propriedades da Igreja para ajudar os pobres, e lhe impôs um retiro forçado na cidade de Tarso, na Cilícia. Mas em 359 o concílio episcopal de Selêucia reinstalou Cirilo e depôs Acácio. Foi expulso pela segunda vez em 360, por causa das pressões de Acácio sobre o imperador filo-ariano, Constâncio. Retornou com a morte do soberano. Em 367 o imperador ariano Valente o condenou ao mais longo – 11 anos – e cruel exílio, encerrado definitivamente quando Graciano assumiu o trono em 378. Assim, em 381, Cirilo pôde participar do II Concílio Ecumênico de Constantinopla, que o confirmou na sede de Jerusalém, e quando foi proclamado o Credo Niceno-Constantinopolitano, que explicitava e corrigia em definitivo o erro ariano.

 São Cirilo morreu em 386, provavelmente no dia 18 de março, com 71 anos. Foi proclamado Doutor da Igreja.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

“Ide ao mundo inteiro, proclamai o Evangelho a todas as criaturas (Mc 16,15).” Esta é uma ordem explícita de Jesus, Ressuscitado, aos Apóstolos. A catequese é uma obrigação e a maior caridade que se pode fazer, pois muitas almas não chegam a Deus simplesmente porque não há quem lhes transmita a Verdade (cf. Rm 10,14-17). É preciso difundir a Fé pelo exemplo e pela palavra, em harmonia e coerência, mas se a nossa imperfeição muitas vezes atrapalha os bons exemplos, a palavra de Deus está sempre certa (incluindo a advertência sobre estas falhas no exemplo). Não se pode pretender – o que seria imenso pecado! – levar os outros a Deus sem nos esforçarmos ao máximo para sermos os primeiros a viver o que vamos pregar, mas mesmo Cristo (cf. Mt 23,3) orientou a que se seguisse a lei de Deus, mesmo que os fariseus, que a ensinavam, não a cumprisse. Essencial é sempre pregar, quando conveniente ou não – cf. 2Tm 4,1-7 –, pois, como admoesta São Paulo, virão tempos em que os homens não suportarão a Boa Nova da Verdade e buscarão mestres que ensinem segundo as paixões das suas próprias fantasias, a tarefa pastoral mais importante no tempo de São Cirilo era catequizar os pagãos; mas as palavras de São Paulo parecem escritas especialmente para os nossos dias, e, infelizmente, não apenas para outros, mas primeiramente para os católicos, dentre os quais há quem pensa poder “escolher” só alguns pontos da Doutrina e não seguir o resto. Agir de acordo com a própria consciência é um direito, mas é questão de simples honestidade, intelectual e espiritual, assumir que não se é católico, quando não se quer seguir – ou mesmo conhecer de verdade – o ensinamento de Deus e da Igreja. Conhecer a Fé não exige uma titulação acadêmica em Teologia, mas interesse e empenho sinceros de saber o Catecismo e nele sempre mais se aprofundar, dentro das possibilidades de cada um. Não se pode amar o que não se conhece; e não conhecer corretamente a Deus e o que Ele ensina, talvez por desinteresse ou comodismo, é já um caminho de escolher não amá-Lo.

Oração:

Senhor Deus, que Vos fizestes Verbo, Encarnado para escrever a salvação em nossos corações, concedei-nos por intercessão de São Cirilo ouvir com amor e atenção a Vossa Palavra, guardá-La na alma e proclamá-La por nossas vozes e ações, sendo como dizia este santo “portadores de Cristo”, de modo a termos nossos nomes grafados no Livro da Vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF