A data marcada neste 22 de março
reforça o apelo por gestão sustentável; novas realidades econômicas e sociais,
incluindo alterações climáticas e geopolíticas, tem implicações hídricas; mais
de 60% da água doce mundial flui através de fronteiras nacionais, mas progresso
em acordos transfronteiriços é considerado lento.
Vatican
News
Celebra-se
nesta sexta-feira, 22 de março, o Dia Mundial da Água. Segundo a ONU, a data
quer chamar a atenção para a importância da água doce e defender a gestão
sustentável deste "bem vital e comum da humanidade".
Este ano, a
data tem como foco o tema "Água para a Prosperidade e a Paz", com
mensagens da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
(Unesco), e da Comissão Econômica da ONU para a Europa, (Unece).
Condições
sociopolíticas instáveis
Segundo a
Unesco, a gestão sustentável da água gera uma infinidade de benefícios para
indivíduos e comunidades, incluindo saúde, segurança alimentar e energética,
proteção contra riscos naturais, educação, melhoria dos padrões de vida e
emprego, desenvolvimento econômico e uma variedade de serviços ecossistêmicos.
A agência
defende que é através desses benefícios que a água leva à prosperidade e que a
partilha equitativa desses benefícios promove a paz.
A edição de
2024 do Relatório Mundial de Desenvolvimento da Água das Nações Unidas destaca
como desenvolver e manter a segurança hídrica e o acesso equitativo aos
serviços de água.
De acordo
com a Unesco, eventos recentes de epidemias globais e conflitos armados,
enfatizaram que as condições sociopolíticas sob as quais a água é fornecida,
gerenciada e usada podem mudar rapidamente.
Para a
agência, a gestão da água tem de levar em conta as novas realidades econômicas
e sociais, incluindo as mudanças climáticas e geopolíticas e as suas
implicações nos recursos hídricos. Promover a água para a prosperidade e a paz,
portanto, requer ações além do domínio hídrico.
Cooperação
transfronteiriça na gestão da água
A Unece
afirma que mais de 60% da água doce mundial flui através de fronteiras
nacionais, como no Congo, no Danúbio, na Amazônia e no Mekong, nas bacias de
lagos como o Lago Genebra ou os Grandes Lagos. A agência citou ainda as mais de
450 reservas transfronteiriças de águas subterrâneas identificadas em todo o
mundo.
Com a
crescente escassez de água em todo o planeta, a cooperação transfronteiriça é
considerada crucial para a estabilidade regional, a prevenção de conflitos e o
desenvolvimento sustentável.
Os impactos
das mudanças climáticas, como as secas e as inundações, bem como a poluição e a
crescente procura por água, estão colocando uma pressão crescente sobre os
recursos hídricos, tanto nos países em desenvolvimento quanto nos
desenvolvidos, e estão entre os principais motores da dinâmica da cooperação.
No entanto,
o progresso é considerado muito lento. Novos dados de um relatório conjunto da
Unesco e Unece sobre a cooperação transfronteiriça no domínio da água revelam
que apenas 26 dos 153 países em todo o mundo que partilham recursos hídricos
têm todas as suas áreas de bacias transfronteiriças cobertas por acordos
operacionais para cooperação hídrica, em comparação com 24 em 2020. Apenas 10
novos acordos transfronteiriços foram assinados no período.
Fatos
relevantes
2,2 bilhões
de pessoas não tinham condições para gerir com segurança a água potável em
2022.
Cerca de
80% dos empregos são dependentes da água em países de baixa renda, onde a
agricultura é a principal fonte de subsistência.
72% de
captação de água doce é utilizada pela agricultura.
1,4 bilhão
de pessoas foram afetadas por secas entre 2002 e 2021.
Até 10% do
aumento da migração global entre 1970-2000 esteve ligado a déficits de água.
Doenças
relacionadas com água e saneamento inadequados
Nessa data,
o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) recorda que todos os dias
mais de mil crianças abaixo de 5 anos morrem por causa de doenças relacionadas
com água e saneamento inadequados, matando mais de 1 milhão e 400 mil pessoas
por ano.
A nível
mundial, quase 1 bilhão de crianças (953 milhões) estão expostas a níveis
elevados ou extremamente elevados de estresse hídrico. Estresse hídrico é a
proporção entre a demanda total de água e os suprimentos renováveis disponíveis
de águas superficiais e subterrâneas. A demanda de água inclui usos domésticos,
industriais, de irrigação e pecuária. Valores mais elevados indicam maior
concorrência entre os usuários.
Na Itália,
estima-se que em 2022 aproximadamente 298 mil crianças foram expostas a níveis
elevados ou muito elevados de estresse hídrico. No mundo, 240 milhões de
crianças estão altamente expostas às inundações costeiras e 330 milhões de
crianças estão altamente expostas às inundações fluviais.
Os dados
revelam grandes desigualdades
Uma a cada
quatro pessoas no mundo não tem água potável gerenciada de forma segura. Além
disso, 2 a cada 5 pessoas ainda não têm saneamento gerenciado de maneira segura
(banheiros) e 1 a cada 4 não tem instalações básicas de água (pias para lavar
as mãos).
Os dados
revelam grandes desigualdades, sendo que os mais pobres e os que vivem em áreas
rurais têm menor probabilidade de usar um serviço básico.
Na maioria dos países, a obrigação da coleta de água continua recaindo principalmente sobre as mulheres e meninas. No âmbito global, em 2 a cada 3 famílias, as mulheres são as principais responsáveis pela coleta de água. 16% da população mundial, ou seja, 1 bilhão e 800 milhões de pessoas, coletam água de fontes situadas fora de suas casas. Desse número, 63% das mulheres são responsáveis pelo transporte de água, em relação aos 26% dos homens. Globalmente, é mais provável que as meninas busquem água do que os meninos em todas as regiões, exceto no Norte da África e na Ásia Ocidental. Na África Subsaariana, 45% da população coleta água e as mulheres têm quatro vezes mais probabilidade do que os homens de serem responsáveis pelo transporte de água.
(ONU News e Unicef)
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt