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quarta-feira, 27 de março de 2024

Paschalis Sollemnitatis: A Preparação e Celebração das Festas Pascais (3)

O Poder de Maria e do Rosário (Presbíteros)

Paschalis Sollemnitatis: A Preparação e Celebração das Festas Pascais

CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO
CARTA CIRCULAR
« PASCHALIS SOLLEMNITATIS »
A PREPARAÇÃO E CELEBRAÇÃO
DAS FESTAS PASCAIS
16 de janeiro de 1988

IV. A MISSA “IN CENA DOMINI”

44. “Com a missa celebrada nas horas vespertinas da Quinta-feira Santa, a Igreja dá início ao tríduo pascal e recorda aquela última ceia em que o Senhor Jesus, na noite em que ia ser traído, tendo amado até ao extremo os seus que estavam no mundo, ofereceu a Deus Pai o seu Corpo e Sangue sob as espécies do pão e do vinho e deu-os aos apóstolos como alimento, e ordenou-lhes, a eles e aos seus sucessores no sacerdócio, que fizessem a mesma oferta”.[50]

45. Toda a atenção da alma deve estar orientada para os mistérios, que sobretudo nesta missa são recordados: a saber, a instituição da Eucaristia, a instituição da Ordem sacerdotal e o mandamento do Senhor sobre a caridade fraterna: tudo isto seja explicado na homilia.

46. A missa “In Cena Domini” é celebrada nas horas vespertinas, no tempo mais oportuno para

uma plena participação de toda a comunidade local. Todos os presbíteros podem concelebrá-la, ainda que tenham já concelebrado neste dia a missa do Crisma, ou então devam celebrar outra missa para o bem dos fiéis.[51]

47. Nos lugares em que seja requerido por motivos pastorais, o ordinário do lugar pode conceder a celebração de uma outra missa nas igrejas e oratórios, nas horas vespertinas e, no caso de verdadeira necessidade, também de manhã, mas só para os fiéis que não podem de modo algum tomar parte na missa vespertina. Evite-se, todavia, que estas celebrações se façam em favor de pessoas particulares ou de pequenos grupos e que não constituam um obstáculo para a missa principal.

Segundo antiquíssima tradição da Igreja, neste dia são proibidas todas as missas sem o povo.[52]

48. Antes da celebração, o tabernáculo deve estar vazio.[53] As hóstias para a comunhão dos fiéis devem ser consagradas na mesma celebração da missa.[54] Consagrem-se nesta missa hóstias em quantidade suficiente para este dia e para o dia seguinte.

49. Reserve-se uma capela para a conservação do Santíssimo Sacramento e seja ela ornada de modo conveniente, para que possa facilitar a oração e a meditação: recomenda-se o respeito daquela sobriedade que convém à liturgia destes dias, evitando ou removendo qualquer abuso contrário.[55]

Se o tabernáculo é colocado numa capela separada da nave central, convém que nela seja disposto o lugar para a reposição e a adoração.

50. Durante o canto do hino Glória a Deus toquem-se os sinos. Concluído o canto, eles permanecerão silenciosos até à vigília pascal, segundo os costumes locais; a não ser que a Conferência Episcopal ou o ordinário do lugar determinem diversamente, segundo a oportunidade.[56] Durante este tempo o órgão e os outros instrumentos musicais podem ser utilizados só para sustentar o canto.[57]

51. O lava-pés que, por tradição, é feito neste dia a alguns homens escolhidos, significa o serviço e a caridade de Cristo, que veio “não para ser servido, mas para servir”.[58] Convém que esta tradição seja conservada e explicada no seu significado próprio.

52. Durante a procissão das ofertas, enquanto o povo canta o hino Onde há caridade amor, podem ser apresentados os dons para os pobres, especialmente os que foram recolhidos no tempo quaresmal como frutos de penitência.[59]

53. Para os doentes que recebem a Comunhão em casa, é mais oportuno que a Eucaristia, tomada da mesa do altar no momento da Comunhão, seja a eles levada pelos diáconos ou acólitos ou ministros extraordinários, para que possam assim unir-se de maneira mais intensa à Igreja que celebra.

54. Concluída a oração após a Comunhão, forma-se a procissão que, passando pela igreja,

acompanha o Santíssimo Sacramento ao lugar da reposição. A procissão é precedida pelo cruciferário; levam-se os círios acesos e o incenso. Durante a procissão, canta-se o hino pange língua ou outro cântico eucarístico.[60] A procissão e a reposição do Santíssimo Sacramento não podem ser feitas nas igrejas em que na Sexta-feira Santa não se celebra a paixão do Senhor.[61]

55. O Sacramento seja conservado num tabernáculo fechado. Nunca se pode fazer a exposição com o ostensório. O tabernáculo ou o cibório não deve ter a forma de um sepulcro.

Evite-se o termo mesmo de sepulcro: com efeito, a capela da reposição é preparada não para representar a sepultura do Senhor, mas para conservar o pão eucarístico para a Comunhão, que será distribuída na Sexta-feira da paixão do Senhor.

56. Convidem-se os fiéis a permanecer na igreja, depois da missa “In Cena Domini”, por um determinado espaço de tempo na noite, para a devida adoração ao Santíssimo Sacramento solenemente ali conservado neste dia. Durante a adoração eucarística prolongada pode ser lida uma parte do Evangelho segundo João (cap. 13-17). Após a meia-noite, esta adoração seja feita sem solenidade, já que começou o dia da paixão do Senhor.[62]

57. Concluída a missa é desnudado o altar da celebração. Convém cobrir as cruzes da igreja com um véu de cor vermelha ou roxa, a não ser que já tenham sido veladas no sábado antes do V domingo da Quaresma. Não se podem acender velas ou lâmpadas diante das imagens dos santos.

V. A SEXTA-FEIRA SANTA

58. Neste dia, em que “Cristo, nosso cordeiro pascal, foi imolado”[63], a Igreja, com a meditação da paixão do seu Senhor e Esposo e adorando a cruz, comemora o seu nascimento do lado de Cristo que repousa na cruz, e intercede pela salvação do mundo todo.

59. A Igreja, seguindo uma antiquíssima tradição, neste dia não celebra a Eucaristia; a sagrada Comunhão é distribuída aos fiéis só durante a celebração da paixão do Senhor; aos doentes, impossibilitados de participar desta celebração, pode-se levar a Comunhão a qualquer hora do, dia.[64]

60. A Sexta-feira da paixão do Senhor é dia de penitência obrigatória para a Igreja toda, a ser observada com a, abstinência e o jejum.[65]

61. Está proibido celebrar neste dia qualquer sacramento, exceto os da Penitência e da Unção dos Enfermos.[66] As exéquias sejam celebradas sem canto e sem o som do órgão e dos sinos. 62. Recomenda-se que o ofício da leitura e as laudes deste dia sejam celebrados nas igrejas, com participação do povo (cf. n. 40).

63. A celebração da paixão do Senhor deve ser realizada depois do meio-dia, especialmente pelas três horas da tarde. Por razões pastorais pode-se escolher outra hora mais conveniente, para que os fiéis possam reunir-se com mais facilidade: por exemplo, desde o meio-dia até ao entardecer, mas nunca depois das vinte e uma horas.[67]

64. Respeite-se religiosa e fielmente a estrutura da ação litúrgica da paixão do Senhor (liturgia da palavra, adoração da cruz e sagrada Comunhão), que provém da antiga tradição da Igreja. A ninguém é licito introduzir lhe mudanças de próprio arbítrio.

65. O sacerdote e os ministros dirigem-se para o altar em silêncio, sem canto. No caso de alguma palavra de introdução, esta deve ser feita antes da entrada dos ministros.

O sacerdote e os ministros, feita a reverência ao altar, prostram-se: esta prostração, que é um rito próprio deste dia, seja conservada diligentemente, pois significa não só a humilhação do “homem terreno”[68], mas também a tristeza e a dor da Igreja.

Durante a entrada dos ministros os fiéis permanecem em pé, e depois ajoelham-se e oram em silêncio.

66. As leituras devem ser lidas integralmente. O Salmo ResponsoriaI e a aclamação ao Evangelho sejam executados no modo habitual. A história da paixão do Senhor segundo João é cantada ou lida, como no domingo precedente (cf. n. 33). Depois da leitura da paixão, faça. se a homilia e, ao final da mesma, os fiéis podem ser convidados a permanecer em meditação por um breve tempo.[69]

67. A oração universal deve ser feita segundo o texto e a forma transmitidos pela antigüidade, com toda a amplitude de intenções, que expressam o valor universal da paixão de Cristo, pregado na cruz para a salvação do mundo inteiro. Em caso de grave necessidade pública, o Ordinário do lugar pode permitir ou estabelecer que se acrescente alguma intenção especial.[70]

É consentido ao sacerdote escolher, entre as intenções propostas no Missal, aquelas mais adequadas às condições do lugar, contanto que se mantenha a ordem das intenções, indicada para a oração universal.[71]

68. A cruz a ser apresentada ao povo seja suficientemente grande e artística. Das duas formas indicadas no Missal para este rito, escolha-se a mais adequada. Este rito deve ser feito com um esplendor digno da glória do mistério da nossa salvação: tanto o convite feito ao apresentar a cruz como a resposta dada pelo povo sejam feitos com o canto. Não se omita o silêncio reverente depois de cada uma das prostrações, enquanto o sacerdote celebrante, permanecendo de pé, mostra elevada a cruz.

69. Apresente-se a cruz à adoração de cada um dos fiéis, porque a adoração pessoal da cruz é um elemento muito importante desta celebra ção. No caso de uma assembléia muito numerosa, use-se o rito da adoração feita contemporaneamente por todos.[72]

Use-se uma única cruz para a adoração, tal como o requer a verdade do sinal. Durante a adoração da cruz cantem-se as antífonas, os “impropérios” e o hino, que recordam com lirismo a história da salvação[73], ou então outros cânticos adequados (cf. n. 42).

70. O sacerdote canta a introdução ao Pai-Nosso, que é cantado por toda a assembléia. Não se dá o sinal da paz.

A Comunhão é distribuída segundo o rito descrito no Missal. Durante a Comunhão pode-se cantar o Salmo[74], ou outro cântico apropriado. Concluída a distribuição da Comunhão, a píxide é levada para o lugar já preparado fora da igreja.

71. Depois da Comunhão procede-se à desnudação do altar, deixando a cruz no centro, com quatro castiçais. Disponha-se na igreja um lugar adequado (por exemplo, a capela da reposição da Eucaristia na Quinta-feira Santa), para colocar ali a cruz, a fim de que os fiéis possam adorá-la, beijá-la e permanecer em oração e meditação.

72. Pela sua importância pastoral, sejam valorizados os pios exercícios, como a Via-sacra, as procissões da paixão e a memória das dores da bem-aventurada Virgem Maria. Os textos e os cânticos destes pios exercícios correspondam ao espírito litúrgico deste dia. O horário desses pios exercícios e o da celebração litúrgica sejam de tal modo dispostos, que apareça claro que a ação litúrgica, por sua mesma natureza, está acima dos pios exercícios. 7.

VI. O SÁBADO SANTO

73. Durante o Sábado Santo a Igreja permanece junto do sepulcro do Senhor, meditando a sua paixão e morte, a sua descida aos infernos[75], e esperando na oração e no jejum a sua ressurreição. Recomenda-se com insistência a celebração do oficio da leitura e das laudes com a participação do povo (cf. n. 40). Onde isto não é possível, prepare-se uma celebração da palavra ou um pio exercício que corresponda ao mistério deste dia.[76]

74. Podem ser expostas na igreja, para a veneração dos fiéis, a imagem de Cristo crucificado ou deposto no sepulcro, ou uma imagem da sua descida aos infernos, que ilustra o mistério do Sábado Santo, bem como a imagem da Santíssima Virgem das Dores.

75. Neste dia a Igreja abstém-se absolutamente do sacrifício da missa.[77] A sagrada Comunhão só pode ser dada como viático. Não se conceda a celebração de matrimônios nem a administração de outros sacramentos, exceto os da Penitência e da Unção dos Enfermos.

76. Os fiéis sejam instruídos sobre a natureza particular do Sábado Santo.[78] Os usos e as tradições de festa vinculados com este dia por causa da antiga antecipação da vigília para o Sábado Santo devem ser transferidos para a noite ou para o dia da Páscoa.

Da sede da Congregação para o Culto Divino, a 16 de janeiro de 1988.

Paul Augustin Card. MAYER

Prefeito

† Virgílio NOÉ

Secretário

Notas:

[50] Cf. Caeremoniale Episcoporum, n. 297.

[51] Cf. Missal Romano, Missa vespertina um Cena Domini.

[52] Cf. ibid.

[53] Cf. ibid. n. 1.

[54] Cf. Conc. VAT. II, Const. Sacrosanctum Concilium. n. 55; S. Congr. dos Ritos, Instrução Eucharisticum mysterium, 25.5.1967, n. 31, AAS 59 (1967) 557. 558.

[55] S. Congr. dos Ritos, Decr. Maxima redemptionis nostrae mysteria. 16111955, n. 9, AAS 47 (1955) 845.

[56] Cf. Missal Romano, Missa vespertina “In Cena Domini”, n. 3.

[57] Cf. Caeremoniale Episcoporum, n. 300.

[58] Mt 20, 8.

[59] Cf. Caeremoniale Episcoporum, n. 303.

[60] Cf. Missal Romano, Missa vespertina “In Cena Domini” , n. 15. 16.

[61] Cf. S. Congr. dos Ritos, Declaração de 153. 1956, n. 3, AAS 48 (1956) 153; S. Congr. dos Ritos, “Ordinationes et declarationes circa Ordinem hebdomadae sanctae Instauratum”, 1. 2. 1957, n. 14, AAS 49 (1957) 93.

[62] Cf. Missal Romano, Missa vespertina “In Cena Domini”, n… 21; S. Congr. dos Ritos, DecrMaxima redemptionis nostrae mysteria, 16.11.1955, n. 8. 10, AAS 47 (1955) 645.

[63] 1Cor 5. 7.

[64] Cf. Missal Romano, Sexta-feira Santa, n. 13.

[65] Cf. Paulo VI, Const. Apost. Paenitemini, II, 2, AAS 58 (1966) 183: Código de Direito Canônico, cân. 1251.

[66] cr. Missal Romano, Sexta-feira Santa, n. 1; Congr. para o Culto Divino, “Declaratio ad Missale Romanum”, em Notitiae 13 (1977) 602.

[67] Cf. ibid., n. 3; s. Congr. dos Ritos, “Ordinationes et Declarationes circa Ordinem hebdomadae sanctae instauratum”, 1.2.1957, n. 15, AAS 49 (1957) 94.

[68] Ibid., n. 5, segunda oração.

[69] Ibid., n. 9; Caeremoniale Episcoporum, n. 319.

[70] Cf. Ibid., n. 12.

[71] Cf. Míssal Romano, Princípios e Normas para o uso do Missal Romano”, n. 46.

[72] Cf. Missal Romano, Sexta-feira Santa, n. 19.

[73] Cf. Mq 6, 3-4.

[74] Cf. Conc. Vat. II, Const. Sacrosanctum Concilium, n. 13.

[75] Cf. Missal Romano, Sábado Santo; cf. Símbolo dos Apóstolos; 1Pd 3, 19.

[76] Cf. “Princípios e Normas para a Liturgia das Horas”, n. 210.

[77] Missal Romano, Sábado Santo.

[78] S. Congr. dos Ritos, Decr. Maxima redemptionis nostrae mysteria, 16.11.1955, n. 2, AAS 47 (1955) 843.

Fonte: https://presbiteros.org.br/

Francisco: a paciência é a “vitamina essencial” do cristão

O Papa Francisco  na Audiência Geral desta quarta-feira, 27/03/2024 (Vatican Media)

O Papa dedicou a catequese da Audiência Geral à virtude da paciência que tem como raiz o amor com que Cristo responde ao sofrimento. "Não há melhor testemunho do amor de Cristo do que encontrar um cristão paciente", disse Francisco.

Mariangela Jaguraba - Vatican News

"A paciência" foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral, desta quarta-feira (27/03), realizada na Sala Paulo VI. Este encontro semanal do Pontífice com os fiéis deveria se realizar na Praça São Pedro, mas por causa da chuva foi transferido para a Sala Nervi.

Francisco recordou que no Domingo de Ramos ouvimos a história da Paixão do Senhor. Jesus responde ao sofrimento "com uma virtude que, embora não incluída entre as tradicionais, é muito importante: a virtude da paciência. Trata-se da resistência daquilo que se sofre: não é por acaso que paciência tem a mesma raiz que paixão".

A paciência de Jesus

Segundo o Papa, "na Paixão emerge a paciência de Cristo, que com mansidão aceita ser preso, esbofeteado e condenado injustamente; diante de Pilatos ele não recrimina; suporta os insultos, cuspidas e flagelações dos soldados; carrega o peso da cruz; perdoa quem o prega na madeira e na cruz não responde às provocações, mas oferece misericórdia". "Esta é a paciência de Jesus", sublinhou o Pontífice, ressaltando que "tudo isto nos diz que a paciência de Jesus não consiste numa resistência estoica ao sofrimento, mas é o fruto de um amor maior".

No "Hino à Caridade", o Apóstolo Paulo descreve a primeira qualidade da caridade, usando uma palavra que se traduz como “magnânima” ou “paciente”. "A caridade é magnânima, é paciente", observou Francisco. A paciência "expressa um conceito surpreendente, que muitas vezes retorna na Bíblia: Deus, diante da nossa infidelidade, mostra-se “lento na ira”. Em vez de dar vazão ao seu desgosto pelo mal e pelo pecado do homem, revela ser maior, sempre pronto a recomeçar com paciência infinita. Este é o primeiro traço de todo grande amor, que sabe responder ao mal com o bem, que não se fecha na raiva e no desânimo, mas persevera e se relança. A paciência que recomeça".

Muitas vezes nos falta paciência

“Poderíamos então dizer que não há melhor testemunho do amor de Cristo do que encontrar um cristão paciente. Mas, pensemos também em quantas mães e pais, trabalhadores, médicos e enfermeiros, doentes que todos os dias, escondidos, embelezam o mundo com uma santa paciência! No entanto, devemos ser honestos: muitas vezes nos falta paciência. Normalmente somos todos impacientes.”

Segundo o Papa, precisamos da paciência "como uma “vitamina essencial” para seguir em frente, mas instintivamente ficamos impacientes e respondemos ao mal com o mal: é difícil manter a calma, controlar os nossos instintos, conter as más respostas, neutralizar discussões e conflitos em família, no trabalho, na comunidade cristã".

O cristão é chamado a ser paciente

De acordo com Francisco, "a paciência não é apenas uma necessidade, é um chamado: se Cristo é paciente, o cristão é chamado a ser paciente".

E isto nos obriga a ir contra a corrente da mentalidade hoje difundida, na qual dominam a pressa e o “tudo e agora”; na qual, em vez de esperar que as situações amadureçam, as pessoas ficam espremidas, esperando que elas mudem instantaneamente.

“Não esqueçamos que a pressa e a impaciência são inimigas da vida espiritual: Deus é amor, e quem ama não se cansa, não se irrita, não dá ultimatos, mas sabe esperar.”

Ter paciência com as pessoas chatas

Francisco convidou, especialmente nestes dias da Semana Santa, a "contemplar o Crucifixo para assimilar a sua paciência. Um bom exercício é também levar a Ele as pessoas mais chatas, pedindo-lhe a graça de pôr em prática para com elas aquela obra de misericórdia que é ao mesmo tempo conhecida e ignorada: suportar pacientemente as pessoas chatas. Não é fácil. Começa-se pedindo para vê-las com compaixão, com o olhar de Deus, sabendo distinguir os seus rostos dos seus erros. Temos o hábito de catalogar as pessoas com os erros que cometem. Não, isso não é bom. Devemos procurar as pessoas pelo seu rosto, pelo seu coração e não pelos erros".

"Por fim, para cultivar a paciência, virtude que dá fôlego à vida, é bom ampliar o olhar. Por exemplo, não estreitando o âmbito do mundo às nossas angústias. É bom abrir-nos com esperança à novidade de Deus, na firme confiança de que Ele não deixará frustradas as nossas expectativas. Paciência é saber suportar os males", concluiu o Papa.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

O Encontro

O encontro doloroso da Virgem com Jesus (Fundação Nazaré)

O ENCONTRO

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ) 

Ao longo da Semana Santa, a semana maior para nós católicos, acontecem diversas celebrações da piedade cristã para fortalecer a nossa fé e acompanhar os últimos passos de Jesus até a morte de Cruz e posterior ressurreição. É importante celebrar bem a Semana Santa e resgatar a fé popular no povo.  

A procissão do encontro normalmente acontece na terça ou quarta-feira da Semana Santa. Os homens saem de um ponto com o Senhor dos Passos e as mulheres de outro ponto com Nossa Senhora das Dores (aqui no centro do Rio de Janeiro, o Senhor dos Passos sai da Catedral e N. Sra. Das Dores da Matriz N. Sra. Da Glória no Largo do Machado). Todos chegam juntos em frente à paróquia ou em uma praça (aqui será no Largo da Glória, próximo da Paróquia do Coração de Jesus) e acontece o encontro de Jesus com sua Mãe, recordando o que aconteceu no caminho em direção ao Calvário. Ao chegarem no local profere-se o sermão e, em seguida, o povo reunido contempla as imagens e reza refletindo sobre os fatos.  

Nessa noite contemplamos o encontro do Filho com sua Mãe, observamos a dor de uma Mãe ao ver seu filho sendo entregue à morte. Nossa Senhora não se desespera, mas no silêncio guarda e observa tudo em seu coração. Jesus, com o peso da Cruz às costas, sendo levado como se fosse uma ovelha em direção ao matadouro. Sem contar que Jesus foi condenado inocentemente a morte, sem ter cometido crime algum, a única coisa que Jesus fez foi amar demais.  

Lembremos nessa noite de tantas mães que sofrem ao verem seus filhos na prisão ou até mesmo que enterrar os seus filhos, infelizmente mortos pelo tráfico de drogas ou por terem entrado no crime organizado. Ou mesmo aquelas mães que perdem seus filhos cedo, mortos por causa de alguma doença grave.  

Que Nossa Senhora das Dores ou da Consolação ou mesmo da Piedade, conforte essas mães e lhes dê a fortaleza da fé. Temos a certeza da ressurreição final e que um dia todos nós nos encontraremos na eternidade. A morte não tem a última palavra, nos separaremos por um tempo aqui, mas nos encontraremos no céu. Elevemos uma prece a Deus para que essas mães nunca percam a fé e a esperança em Deus.  

Ao voltarmos o nosso olhar a Jesus e observar que Ele olhava com misericórdia para sua Mãe, lembremos que os filhos devem ter esse sentimento por suas mães e não as abandonar ou desprezá-las. Um filho nunca deveria magoar as suas mães, pois foi por meio delas que eles vieram ao mundo. Que todos os filhos cuidem de suas mães até a velhice e não as abandonem. Fazendo este gesto de caridade cristã até seus pecados são perdoados como lembra a Palavra de Deus! 

Todas as celebrações da Semana Santa trazem para nós um significado especial e nos faz meditar e pensar. A celebração do encontro na terça ou quarta-feira santa é em especial voltada para as mães e para os filhos. Que as mães não precisem chegar ao ponto de enterrar os seus filhos, e os filhos cumpram aquilo que nos pede a lei de Deus, amar e honrar os pais até a velhice. Que em todos os lares haja espaço para o diálogo, amor e respeito. Quem em todos os lares sobretudo não falte Deus. Que pais e filhos saibam carregar as cruzes de cada dia e tenham respeito mútuo.  

Que após a celebração de hoje os filhos possam abraçar as suas mães, dizer a elas o quanto elas são importantes em suas vidas e o quanto eles a amam. Do mesmo modo que as mães possam abraçar os seus filhos e dizer o quanto eles são importantes, e que sempre vai amá-los, independentemente de qualquer coisa.  

A Campanha da Fraternidade deste ano concluída no domingo de ramos refletiu sobre a amizade social, e teve como lema: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8). A partir dessa Campanha da Fraternidade reflitamos sobre a importância de os filhos serem amigos de seus pais, confiarem neles e contarem tudo o que lhes aflige. O melhor amigo dos filhos devem ser seus pais, pois as outras amizades são passageiras, mas a amizade dos pais é fiel, para uma vida toda. Infelizmente só damos valor quando perdemos alguma coisa, muitas vezes os filhos não dão o verdadeiro valor aos pais agora, mas quando os pais se forem sentirão saudades. 

Também nessa noite seria muito importante que refletíssemos sobre a cultura do encontro que fará a grande diferença nestes tempos de tantas polarizações e divisões, guerras e embates onde tantos perdem a vida em nosso tempo.  

A dores de Nossa Senhora foram tão grandes que é como se fosse uma espada que atravessasse a sua alma. A Igreja contempla as dores de Nossa Senhora na quarta-feira santa, além de celebrar o dia de Nossa Senhora das Dores em 15 de setembro, um dia após a exaltação da Santa Cruz. Maria, como sempre, guardava tudo em seu coração, e buscava compreender os planos de Deus para a sua vida. Cumpriu-se a profecia que o profeta Simeão havia dito: “Quanto a ti, uma espada de traspassará a alma” (Cf Lc 2). 

Por fim, podemos lembrar nessa celebração de tantas mães que veem seus filhos morrerem inocentemente e choram pela morte de seus filhos. Que Deus e o Espírito Santo as ilumine e conforte os seus corações e iluminadas pela fé possam crer na ressurreição final.  

Façamos o esforço de participar de todas as celebrações da Semana Santa e vivê-la com intensidade. Que esses momentos da piedade popular, junto com os litúrgicos possam reavivar em nós a esperança e a fé na ressurreição. Rezemos por todas as mães e seus filhos, para que Deus possa sempre livrá-los do mal.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/
 

Papa aos católicos da Terra Santa: que ninguém roube a esperança de nossos corações

Terra Santa | Vatican News

Através de uma carta, Francisco expressa proximidade, afeto, gratidão, encorajamento e a esperança de que em breve será possível "ressuscitar" com o Senhor, dirigindo-se aos fiéis de todos os ritos e confissões que se preparam para celebrar a Páscoa "nos lugares onde o Senhor viveu, morreu e ressuscitou", e onde hoje as pessoas estão "sofrendo dolorosamente o drama absurdo da guerra".

Thulio Fonseca - Vatican News

“Tenho pensado em vocês há algum tempo e rezo por vocês todos os dias. Mas agora, às vésperas desta Páscoa, que para vocês representa tanto a Paixão e ainda mais a Ressurreição, sinto a necessidade de escrever-lhes para dizer que os trago em meu coração.”

Assim escreve Francisco em uma carta aos católicos de toda a Terra Santa em vista da Páscoa. O Papa exprime sua proximidade aos fiéis e seu "afeto como um pai", especialmente entre aqueles que, nesses meses, "estão sofrendo mais dolorosamente o drama absurdo da guerra" e experimentam sentimentos de "angústia e perplexidade".

Esperar contra toda esperança

O Santo Padre recorda que a Páscoa é ainda mais significativa para os fiéis que a celebram nos lugares onde o Senhor viveu, morreu e ressuscitou: “não apenas a história, mas nem mesmo a geografia da salvação existiriam sem a Terra que vocês habitam há séculos, onde desejam permanecer e onde é bom que permaneçam”. 

"Obrigado pelo vosso testemunho de fé, obrigado pela caridade entre vocês, obrigado por saberem esperar contra toda esperança."

Uma terra dilacerada pelo conflito

O Papa recorda a viagem que fez em 2014 à Jordânia, Palestina e Israel, e faz suas as palavras de São Paulo VI, o primeiro Pontífice a peregrinar à Terra Santa, há 50 anos, quando enfatizou o perigo da continuação das tensões no Oriente Médio para a paz no mundo inteiro. 

Em sua mensagem, Francisco afirma que a Terra Santa não é apenas "guardiã dos Lugares de Salvação", mas uma testemunha constante, "através de seus próprios sofrimentos" da Paixão do Senhor e, ao mesmo tempo, "com sua capacidade de se levantar e seguir em frente, anunciou e continua a anunciar que o Crucificado ressuscitou". O Pontífice enfatiza:

“Nestes tempos sombrios, quando a escuridão da Sexta-feira Santa parece cobrir vossa terra e muitas partes do mundo desfiguradas pela loucura fútil da guerra, que é sempre e para todos uma derrota sangrenta, vocês são tochas acesas na noite; vocês são sementes do bem em uma terra dilacerada pelo conflito.”

Livres do ódio e da violência

Francisco renova sua oração dirigindo-se diretamente ao Senhor, e com uma súplica intercede pelos povos da Terra Santa: 

"Senhor, Vós que sois a nossa paz (cf. Ef 2,14-22), Vós que proclamastes que bem-aventurados são os pacificadores (cf. Mt 5,9), livrai o coração humano do ódio, da violência e da vingança. Nós olhamos para Ti e Te seguimos, porque perdoas, porque és manso e humilde de coração (cf. Mt 11,29). Fazei com que ninguém roube de nossos corações a esperança de nos levantarmos e ressuscitarmos convosco, fazei com que não nos cansemos de afirmar a dignidade de todo homem, sem distinção de religião, etnia ou nacionalidade, começando pelos mais frágeis: mulheres, idosos, crianças e pobres".

Vocês não estão sozinhos

Por fim, o Papa renova seu convite "a todos os cristãos do mundo inteiro" para que apoiem concretamente e rezem insistentemente "para que toda a população de sua querida Terra possa finalmente estar em paz".

“Que o ouro da unidade cresça e brilhe no cadinho do sofrimento, também com os irmãos e irmãs das outras confissões cristãs, aos quais também desejo manifestar minha proximidade espiritual e expressar meu encorajamento. Trago todos vocês em minhas orações.”

“Eu os abençoo e invoco sobre vocês a proteção da Santíssima Virgem Maria, filha dessa terra”, conclui Francisco.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

terça-feira, 26 de março de 2024

O que fazer quando estamos sendo tentados?

Paciência | Editora Cléofas

O que fazer quando estamos sendo tentados?

 POR PROF. FELIPE AQUINO

Nas tentações é preciso ter paciência, confiança e abandono nas mãos de Deus

Jesus nos ensinou a enfrentar a tentação. Santo Agostinho disse que “Jesus poderia ter impedido o demônio de se aproximar dele; mas, se não fosse tentado, não te daria o exemplo de como vencer a tentação”.

Então, vamos examinar como Jesus venceu o Tentador. Antes de tudo Ele jejuou; o jejum fortalece a nossa vontade, faz com o que o nosso espírito comande o nosso corpo, e não nos deixa ser dominado pelas paixões. A Igreja recomenda que nas sextas-feiras o cristão faça um pouco de penitência. Pode ser rezar mais, cortar um pouco os alimentos, deixar uma diversão, fazer uma peregrinação a um santuário, participar da santa Missa; enfim, há muitas formas de fazer uma penitência.

Jesus orou no deserto; Ele estava acostumado a se retirar nas montanhas nas madrugadas para rezar. No horto das Oliveiras, quando os Apóstolos não conseguiram velar com Ele nem uma hora, naquele momento de sua angústia mortal, Ele lhes disse: “Vigiai e orai para não cair em tentação; o espírito é forte, mas a carne é fraca” (Mt 26,41). E Jesus lançou no rosto do demônio, por três vezes, a Palavra de Deus; e ele recuava, não pode resistir à força da Palavra de Deus. Ai está uma grande defesa nossa contra as tentações; recite o Salmo 90 e tantos outros.

É preciso rezar sempre; São Paulo recomenda “orai sem cessar” (1 Tes 5,16). Nosso espírito deve estar sempre em oração, conectado em Deus, mesmo durante o trabalho. Reze sempre que não tiver nada para fazer: no ônibus, no volante do carro, no metrô, na fila do supermercado, na caminhada, na sala de espera do médico… Converse com Deus, espontaneamente, familiarmente; fale com Ele dos seus problemas, de suas fraquezas e tentações. Deus habita em nossa alma quando estamos em estado de graça. Muitas vezes nos esquecemos disso.

Na hora da tentação, reze mais ainda. Thomas de Kemphis, na “Imitação de Cristo”, recomenda “vencer a tentação no seu início”; não deixar o Tentador atravessar a porta da alma. Resistir no início, desvie do mau pensamento e das fantasias da imaginação, voltando a sua mente para Deus, de imediato. Não deixe que o prazer o domine, e nem os movimentos desordenados; e não consinta no mal com a vontade.

“Senhor ajudai-me e ajudai-me depressa! Só essa oração bastará para nos fazer vencer os assaltos de todos os demônios do inferno, porque Deus é infinitamente mais forte do que todos eles (Sl 144,18)”, dizia Santo Afonso. Ele disse que: “Se a tentação é tão forte que nos vemos em grande perigo de consentir, é preciso redobrar o fervor na oração, recorrer ao Santíssimo Sacramento, ajoelhar-se diante de um crucifixo ou de Nossa Senhora e rezar com ardor, gemer e chorar pedindo ajuda”.

Santo Agostinho recomenda: “Fecha a porta para que não entre o tentador. Ele não deixa de chamar, mas se vê que a porta está fechada vai em frente. Só entra quando te esqueces de fechá-la ou não a fechas com segurança”.

São Paulo diz que “Deus é fiel” e nos socorre na hora da tentação. “Não vos sobreveio tentação alguma que ultrapassasse as forças humanas. Deus não permitirá que sejais tentados além de vossas forças, mas, com a tentação Ele vos dará os meios de suportá-la e sairdes dela”. (1 Cor 10,13). Temos de confiar nisso e lutar. Acima de tudo é o amor a Jesus que deve ser nossa motivação principal para não ceder à tentação. Lembre-se Dele na cruz, padecendo por você, derramando Seu precioso sangue, para nos salvar.

Na hora da tentação, clame ao Senhor, peça a Sua ajuda. Santo Agostinho diz que “Adão caiu, porque não se recomendou a Deus na hora da tentação”.

É preciso também vigiar. As portas da alma são os nossos cinco sentidos, e são por eles que o Tentador penetra no coração. “O demônio não influência nem seduz ninguém se não encontra terreno propício. Quando o homem ambiciona uma coisa; sua concupiscência legitima as sugestões do demônio. Quando um homem teme algo, o medo abre uma brecha em sua alma pela qual se infiltram suas insinuações. Por essas duas portas, a concupiscência e o medo, o demônio se apodera do homem”, diz Santo Agostinho.

Então, é preciso expulsar a busca do prazer e o medo, com oração. O Salmista diz: “Apenas clamaram os justos o Senhor atendeu e os livrou de todas as suas angústias” (Sl 33,18). “Muitas são as provações do justo, mas de todas as livra o Senhor” (Sl 33,20).

Nas tentações é preciso ter paciência, confiança e abandono nas mãos de Deus. A tentação atinge muito o homem inconstante e que não se recomenda a Deus; pode ser comparado a um barco sem leme, que fica a deriva no meio das ondas do mar.

Mas o importante é também nunca desanimar; se houver uma queda, não ficar pisando na alma e se condenando; isso é refinado orgulho de quem não aceita a sua miséria. Temos que levantar, pedir perdão a Deus, e retomar a caminhada.

Não é porque somos tentados que perdemos a graça de Deus. Sentir não é pecado, mas sim consentir. Não são os maus pensamentos que fazem perder a Deus, mas sim os maus consentimentos. “Mesmo carregado de grandes e molestas tentações, o homem pode ir a Deus, desde que sua razão e vontade não consintam nelas”, disse São João da Cruz. Os santos sofreram muitas tentações, por isso podem nos ensinar.

São Francisco de Sales dizia: “Não vos aflijais com as tentações de blasfêmias. Deixai que o demônio as maquine à vontade, mas conservai bem fechadas as portas da alma, pois que lhe virá o cansaço ou será ele afinal, obrigado por Deus a levantar o cerco”.

O grande São Bernardo, doutor da Igreja, pregador do Papa, dizia: “Quem somos nós, ou qual é a nossa força para resistirmos a tantas tentações? Certamente era isso que Deus queria: que nós, vendo a nossa insuficiência e a falta de auxílio recorrêssemos com toda humildade à sua misericórdia. Quantas vezes vencemos as tentações, tantas vezes somos coroados”.

Prof. Felipe Aquino

Fonte: https://cleofas.com.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF