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terça-feira, 2 de abril de 2024

Francisco recorda Bento XVI em livro com lançamento na quarta: "foi um pai para mim"

Uns dos encontros entre Francisco e Bento XVI - 2020 (Vatican Media)

"El Sucesor", o livro-entrevista com o Papa, produzido pelo jornalista espanhol Javier Martínez-Brocal: Bento XVI "sempre me defendeu; nunca interferiu", contou Francisco. A obra tem lançamento marcado para esta quarta-feira (3).

Vatican News

"Bento era um homem de grande doçura. Em alguns casos, algumas pessoas se aproveitaram dele, talvez sem malícia, e restringiram os seus movimentos. Infelizmente, de certa forma, elas o estavam cercando. Era um homem muito delicado, mas não era frágil, era forte. Mas, consigo mesmo, era humilde e preferia não se impor. Por isso, sofreu muito". Essas são algumas das palavras com as quais o Papa Francisco recorda do seu antecessor Bento XVI, no livro-entrevista com o jornalista espanhol Javier Martínez-Brocal ("El Sucesor", Editorial Planeta), que será lançado nesta quarta-feira, 3 de abril.

"Ele me deixou crescer", explica Francisco, "foi paciente. E se não via algo bom, pensava três ou quatro vezes antes de me dizer. Ele me deixou crescer e me deu a liberdade de tomar decisões". O Papa contou a relação que o uniu ao emérito durante quase 10 anos de convivência no Vaticano: "permitia a liberdade, nunca interferiu. Em uma ocasião, quando houve uma decisão que ele não entendeu, me pediu uma explicação de uma forma muito natural. Ele me disse: 'olha, eu não entendo isso, mas a decisão está nas suas mãos', eu expliquei as razões e ele ficou feliz". Francisco explica no livro que seu antecessor nunca se opôs a nenhuma de suas decisões: "nunca deixou de me apoiar. Talvez houvesse algo que não compartilhasse, mas nunca disse".

O Papa também recordou as circunstâncias da sua despedida de Bento, na quarta-feira, 28 de dezembro de 2022, quando o viu vivo pela última vez: "Bento estava deitado na cama. Ainda estava consciente, mas não conseguia falar. Olhava para mim, apertava a minha mão, entendia o que eu dizia, mas não conseguia articular uma palavra. Fiquei com ele assim por um tempo, olhando para ele e segurando a sua mão. Lembro-me perfeitamente dos seus olhos claros.... Eu lhe disse algumas palavras com carinho e o abençoei. Dessa forma, nos despedimos".

Sobre a questão da continuidade entre os pontificados, Francisco disse: "o que eu vejo nos últimos papas... é que cada sucessor sempre foi marcado pela continuidade, continuidade e diferença", porque "na continuidade cada um trouxe seu carisma pessoal... sempre há continuidade e não ruptura".

Francisco também contou no livro, escrito em espanhol, um caso específico em que foi defendido por Bento XVI. "Tive uma conversa muito agradável com ele quando alguns cardeais foram ao seu encontro, surpresos com as minhas palavras sobre o matrimônio, e ele foi muito claro com eles. Um dia foram à casa dele para praticamente me julgar e me acusaram na frente dele de promover o matrimônio homossexual. Bento não ficou chateado porque sabia perfeitamente o que eu pensava. Ele ouviu todos eles, um por um, acalmou-os e explicou tudo a eles. Certa vez, eu disse que, como o matrimônio é um sacramento, não pode ser administrado a casais homossexuais, mas de alguma forma era necessário dar alguma garantia ou proteção civil à situação dessas pessoas. Eu disse que na França existe a fórmula das 'uniões civis', que à primeira vista pode ser uma boa opção, porque não se limita ao matrimônio. Por exemplo", pensava, "podem ser acolhidos três idosos aposentados que precisam compartilhar serviços de saúde, de herança, moradia etc. Eu quis dizer que essa parecia ser uma solução interessante. Alguns foram dizer a Bento que eu estava falando heresia. Ele os ouviu e, com muita altivez, ajudou-os a distinguir as coisas... Ele lhes disse: 'isso não é heresia'. Como me defendeu!... Ele sempre me defendeu".

O Papa também respondeu à pergunta de um jornalista sobre os livros que foram publicados simultaneamente à morte do papa emérito. Francisco respondeu: "me causaram grande dor: o fato de que no dia do funeral seja publicado um livro que me vira de cabeça para baixo, contando coisas que não são verdadeiras, é muito triste. É claro que isso não me afeta, no sentido de que não me atrapalha. Mas me magoou o fato de Bento ter sido usado. O livro foi publicado no dia do funeral, e eu senti isso como uma falta de nobreza e de humanidade".

Por fim, o Papa revelou a Javier Martínez-Brocal que já havia pedido uma revisão do funeral papal, explicando que o velório de Bento XVI foi o último com o corpo do Papa fora do caixão e com o catafalco com as almofadas. Os papas "devem ser velados e enterrados como qualquer outro filho da Igreja. Com dignidade, como qualquer cristão".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Francisco de Paula

São Francisco de Paula (A12)
02 de abril
São Francisco de Paula

Francisco nasceu no ano de 1416 em Paola (Paula), hoje província de Cosenza, na Calábria, reino de Nápoles, Itália. Seus pais, simples e muito religiosos, haviam pedido a intercessão de São Francisco de Assis – ou para ter um filho, ou para a cura de um abscesso no olho, dependendo da fonte – e prometendo-o à Igreja (permanentemente ou não, dependendo da fonte); daí o seu nome. Desde pequeno, estimulado pelo cuidado dos pais, demonstrou amor pela oração, retiro e mortificação.

Entre os 11 e 15 anos, Francisco passou um ano no convento franciscano de São Marcos Argentano, em Cosenza. Mesmo não tendo feito profissão, seguia exemplarmente a regra de São Francisco, aumentando inclusive o seu rigor, tornando-se modelo para os frades. Depois deste tempo, pediu aos pais que o acompanhassem em várias peregrinações: Assis, Montecassino, Roma, Loreto e Monte Luco. Voltando a Paola, fez uma experiência eremítica numa gruta das montanhas próximas, e por cinco anos só se alimentou de frutas, ervas silvestres e água, dormindo no chão e usando uma pedra como travesseiro.

Com o tempo, foi sendo procurado para conselhos, e outros mais o seguiram no exemplo de vida, buscando abrigo nas proximidades. Assim, aos 19 anos, havia ao seu redor um grupo que seria o núcleo da futura Congregação dos Mínimos de São Francisco de Paula (Ordem dos Eremitas de São Francisco de Paula). Por volta de 1453, com a devida permissão episcopal, e com a ajuda de muitas pessoas (incluindo nobres que se voluntariavam como operários), construiu um mosteiro e uma igreja.

Consta que neste período fez muitos milagres, como a recuperação da saúde num caso de doença incurável. No mosteiro, estabeleceu uma normatização para os discípulos, mas para si mesmo não diminuiu as austeridades (só aceitou dormir numa esteira quando idoso; dormia o mínimo necessário, fazia apenas uma refeição por dia, geralmente pão e água, e especialmente nas vésperas das grandes festas litúrgicas, ficava dois dias sem comer). Em 1474, o Papa Sisto IV oficializou a nova Ordem, a Congregação Paulina dos Eremitas de São Francisco de Assis (o reconhecimento da Regra, com o nome atual da Ordem dos Mínimos, é de Alexandre VI, 1492-1503), fazendo de Francisco o superior geral, chamado de corregedor, e com a obrigação de se lembrar de servir a todos.

O lema era Charitas (Caridade), associada à austeridade pessoal e ao apostolado; na prática, devia-se viver a "Quaresma perpétua", ou seja, durante o ano todo, o mesmo rigor da penitência, jejum e oração do período quaresmal, mais a caridade para com todos. Francisco inclusive fez deste ponto, em relação ao jejum, um quarto voto, como reparação dos excessos dos católicos durante a Quaresma, e como exemplo catequético. Fundou ainda quatro novas casas, em Paterno, Spezza, na Sicília e em Corogliano.

Embora o religioso fosse amado e respeitado também pela nobreza em geral, Frederico, terceiro filho do rei de Nápoles e príncipe de Taranto, alegou que Francisco construíra mosteiros em seu território, sem consentimento – uma desculpa para perseguir o santo por conselhos que dera ao seu pai e irmãos. Enviou um capitão para prendê-lo em Paterno, mas o oficial, diante da humildade do frade, não teve coragem, e voltando ao príncipe convenceu-o a deixar Francisco livre.

A humildade de Francisco era notória, e também seus milagres e o dom da profecia, e por isso o Papa Paulo II enviou um emissário para verificar esta fama em 1467, que não só a confirmou como aderiu à comunidade. Tendo adoecido, o rei da França, Luís XI, pediu ao Papa que lhe enviasse Francisco; o rei se converteu e o nomeou diretor espiritual do filho, futuro rei Carlos VIII. Na França, Francisco fundou novos mosteiros. Em 1506, como a Congregação havia já se tornado cenobítica e não mais eremítica, foram fundadas a Ordem Terceira Secular e o ramo feminino, com as respectivas regras.

 Avisado milagrosamente da sua morte, preparou-se para ela passando três meses na cela, sem qualquer comunicação externa. Faleceu por causa de uma febre, com cerca de 90 anos, entre 1505 e 1508, em Tours, França. Seu corpo, ainda incorrupto em 1562, foi queimado por calvinistas. É o padroeiro da região da Calábria, na Itália, e da cidade de Pelotas, no Brasil.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Se a maioria de nós, católicos, não tem a vocação conventual de Quaresma Perpétua de São Francisco de Paula, devemos imitá-la ao menos em espírito, fugindo da índole mundana para o qual este santo foi uma resposta na época renascentista, e que atormenta igualmente os dias atuais. Imitemo-lo também nas suas devoções, que resumem os pontos principais e imutáveis da nossa Fé, sendo fontes necessárias para quem de fato quer progredir na vida católica: o Mistério da Santíssima Trindade, a Anunciação à Virgem (e consequente Encarnação do Verbo), a Paixão de Nosso Senhor, e os Santíssimos Nomes de Jesus e Maria. A meditação destas verdades nos leva ao sentido correto da vida e indica o que devemos nela fazer, em função do nosso fim último.

Oração:

Pai Santo e eterno, que nos amais e desejais infinitamente na Vossa alegria, concedei-nos por intercessão de São Francisco de Paula viver a humildade que convence os maus do Bem, e não nos permite abusar do que é santo e sagrado – ocasiões, objetos, Vossa presença, também na Eucaristia e nos irmãos – de modo a não Vos ofender e a edificar as almas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

segunda-feira, 1 de abril de 2024

Foi assim que mudou a vida de Santa Teresa de Ávila ao contemplar a Ressurreição de Cristo

Renata Sedmakova | Obturador
Matilde Latorre publicado em 13/04/23 atualizado em 30/03/24
“Humildade”, esta é a lição desarmante que a doutora da Igreja deixou ao experimentar na oração a poderosa visão de Cristo ressuscitado. Uma experiência que todo cristão é chamado a viver também.

Como a vida de um cristão muda com a ressurreição de Cristo? Obviamente, pode-se dizer, com São Paulo, que sem a ressurreição a nossa fé é vã. Agora, santos contemplativos, como Santa Teresa de Ávila, abrem-nos horizontes insuspeitados sobre o impacto da ressurreição de Jesus em nossas vidas.

Podemos aprender muito com a visão que Teresa de Jesus tem de Cristo ressuscitado, que partilhou nos seus escritos, particularmente no capítulo 8 do “Livro da Vida”   (números 8 e 9).

Sem palavras

A santa mística fica deslumbrada com a visão de Jesus vivo, que descreve com o pragmatismo castelhano: “se é uma imagem, é uma imagem viva; não um homem morto, mas o Cristo vivo”, “não como estava no túmulo, mas como saiu dele depois de ressuscitar”.

Faltam palavras a Teresa para transmitir o poder desta visão:

«Ó meu Jesus! Quem poderia explicar a majestade com que te mostras! E como Senhor do mundo inteiro e dos céus e de milhares de outros mundos e incontáveis ​​mundos e céus que Tu criaste.

Na oração de Teresa, a visão poderosa de Jesus ressuscitado está intimamente ligada à do dia do julgamento: “Aqui está bem representado como será no dia do julgamento ver esta majestade deste Rei, e vê-lo com rigor para os ímpios." 

O resultado: humildade

O resultado transformador para o santo reformador do Carmelo é este: «Aqui está a verdadeira humildade que deixa na alma, vendo a sua miséria, que não pode ser ignorada. “Aqui está a confusão e o verdadeiro arrependimento dos pecados, que mesmo demonstrando amor, ele não sabe para onde ir e assim tudo desmorona”.

Como explica o Irmão Rafael Pascual Elías, carmelita e um dos grandes especialistas da vida de Santa Teresa, a visão partilhada pelo doutor da Igreja sobre o poder de Cristo ressuscitado também pode transformar a nossa vida:

«O seu poder é imenso, é a Humanidade e a Divindade unidas, Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Cristo “mostra-se” a Teresa na sua Humanidade e Divindade e faz-lhe compreender a sua grandeza e o seu poder. A luz da Ressurreição preenche Teresa e a apresenta à Divina Majestade de Cristo Ressuscitado.

“O resultado desta visão é que deixa na alma uma grande humildade. Teresa de Jesus, ao ver o Senhor Ressuscitado, reza e descobre a sua miséria”, acrescenta o frade carmelita. Diante do Senhor Ressuscitado tudo se revela, tudo se ilumina pela luz clara e transformadora da Ressurreição. Teresa convida-nos a reconhecer e a arrepender-nos dos nossos próprios pecados, nada melhor pode ser feito diante desta Divina Majestade.

A luz da Ressurreição

A religiosa confirma que “Cristo Ressuscitado com a sua luz envolve-nos num raio de amor e de perdão, Cristo salvou-nos e perante esta realidade, Santa Teresa de Jesus não sabe para onde ir, dissolve tudo e permite-se ser inundado pela luz da Ressurreição".

«A Santa de Ávila mostrou-nos o seu encontro com o Senhor Ressuscitado, descreveu-o detalhadamente e ensinou-nos a rezar diante Dele, agora é a nossa vez de assumir estas palavras que Teresa de Jesus quer que anunciemos a todos os nossos irmãos e proclamar com todas as nossas forças que Cristo ressuscitou! “Aleluia!”, conclui o Ir. Rafael Pascual Elías.

Fonte: https://es.aleteia.org/

Da Homilia sobre a Páscoa, de Melitão, bispo de Sardes

A Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo (liturgiadashoras)

Da Homilia sobre a Páscoa, de Melitão, bispo de Sardes

(Nn.2-7.100-103: SCh123,60-61.120-122)  (Séc. II)

O louvor de Cristo

        Prestai atenção, caríssimos: o mistério pascal é ao mesmo tempo novo e antigo, eterno e transitório, corruptível e incorruptível, mortal e imortal.

        É mistério antigo segundo a Lei, novo segundo a Palavra que se fez carne; transitório pela figura, eterno pela graça; corruptível pela imolação do cordeiro, incorruptível pela vida do Senhor; mortal pela sua sepultura na terra, imortal pela sua ressurreição dentre os mortos.  

        A Lei, na verdade, é antiga, mas a Palavra é nova; a figura é transitória, mas a graça é eterna; o cordeiro é corruptível, mas o Senhor é incorruptível, ele que ,imolado como cordeiro, ressuscitou como Deus.  

        Na verdade, era como ovelha levada ao matadouro, e contudo não era ovelha; era como cordeiro silencioso (Is 53,7), e no entanto não era cordeiro. Porque a figura passou e apareceu a realidade perfeita: em lugar de um cordeiro, Deus; em vez de uma ovelha, o homem; no homem, porém, apareceu Cristo que tudo contém.  

        Por conseguinte, a imolação da ovelha, a celebração da páscoa e a escritura da Lei tiveram a sua perfeita realização em Jesus Cristo; pois tudo o que acontecia na antiga Lei se referia a ele, e mais ainda na nova ordem, tudo converge para ele.  

        Com efeito, a Lei fez-se Palavra e, de antiga, tornou-se nova (ambas oriundas de Sião e de Jerusalém); o preceito deu lugar à graça, a figura transformou-se em realidade, o cordeiro em Filho, a ovelha em homem e o homem em Deus. 

        O Senhor, sendo Deus, fez-se homem e sofreu por aquele que sofria; foi encarcerado em lugar do prisioneiro, condenado em vez do criminoso e sepultado em vez do que jazia no sepulcro; ressuscitou dentre os mortos e clamou com voz poderosa: “Quem é que me condena? Que de mim se aproxime (Is 50,8). Eu libertei o condenado, dei vida ao morto, ressuscitei o que estava sepultado. Quem pode me contradizer? Eu sou Cristo, diz ele, que destruí a morte, triunfei do inimigo, calquei aos pés o inferno, prendi o violento e arrebatei o homem para as alturas dos céus. Eu, diz ele, sou Cristo. 

        Vinde, pois, todas as nações da terra oprimidas pelo pecado e recebei o perdão. Eu sou o vosso perdão, vossa páscoa da salvação, o cordeiro por vós imolado, a água que vos purifica, a vossa vida, a vossa ressurreição, a vossa luz, a vossa salvação, o vosso rei. Eu vos conduzirei para as alturas, vos ressuscitarei e vos mostrarei o Pai que está nos céus; eu vos levantarei com a minha mão direita”.

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

REGINA CAELI - Papa: A alegria do Ressuscitado transforma nossa vida

Regina Caeli, 1º de abril de 2024 - Papa Francisco (Vatican News)

No Regina Caeli desta segunda-feira da Oitava de Páscoa, Francisco convidou os fiéis a compartilhar a alegria do Ressuscitado: “A ressurreição de Jesus não é apenas uma notícia maravilhosa ou o final feliz de uma história, mas algo que muda nossa vida completamente e para sempre! É a vitória da vida sobre a morte, da esperança sobre o desânimo”.

https://youtu.be/7eEU60w0bBI

O Papa Francisco rezou a oração mariana do Regina Caeli nesta segunda-feira da Oitava de Páscoa (01/04), juntamente com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro. Este dia, conhecido como "Segunda-feira do Anjo", é feriado no Vaticano e na Itália, e recorda o encontro do anjo com as mulheres que foram ao túmulo de Jesus.

Ao refletir sobre o evangelho do dia, o Pontífice destacou a alegria das mulheres pela ressurreição do Senhor: "Elas deixaram o sepulcro com grande alegria e correram para dar a notícia aos discípulos". De acordo com o Papa, essa alegria, que surge do encontro vivo com o Ressuscitado, é uma emoção transbordante que as impulsiona a espalhar e contar o que testemunharam.

A vitória da vida sobre a morte

Francisco sublinha que "compartilhar a alegria é uma experiência maravilhosa, que aprendemos desde pequenos". E ao exemplificar com experiências felizes que cada pessoa vive ao longo de sua vida, o Pontífice ressalta que esses momentos nos impulsionam ao desejo de compartilhar imediatamente, assim como "aquelas mulheres, na manhã de Páscoa, que vivenciaram essa experiência de uma maneira muito maior":

“A ressurreição de Jesus não é apenas uma notícia maravilhosa ou o final feliz de uma história, mas algo que muda nossa vida completamente e para sempre! É a vitória da vida sobre a morte, da esperança sobre o desânimo. Jesus rompeu a escuridão do sepulcro e vive para sempre: sua presença pode iluminar qualquer coisa. Com Ele, cada dia se torna uma etapa de um caminho eterno, cada ‘hoje’ pode esperar um ‘amanhã’, cada fim um novo começo, cada instante é projetado para além dos limites do tempo, em direção à eternidade.”

A alegria da Páscoa

O Papa enfatiza então que a alegria da Ressurreição não é algo distante, mas "está muito próxima de nós, porque nos foi dada no dia do nosso batismo". Desde então, continua o Santo Padre, "nós também, como aquelas mulheres, podemos encontrar-nos com o Ressuscitado e Ele, como a elas, nos diz: Não tenhais medo!" Francisco convida os fiéis, à semelhança das mulheres mencionadas na passagem bíblica, a cultivarem em seus corações a alegria, ressaltando que isso somente é viável por meio do encontro com o Ressuscitado:

“Ele é a fonte de uma alegria que nunca se esgota. Portanto, apressemo-nos a buscá-Lo na Eucaristia, em Seu perdão, na oração e na caridade vivida! A alegria, quando compartilhada, aumenta. Compartilhemos a alegria do Ressuscitado.”

“Que a Virgem Maria, que na Páscoa se alegrou com seu Filho ressuscitado, nos ajude a sermos alegres testemunhas”, concluiu o Papa.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

A ressurreição de Cristo é um evento

A incredulidade de São Tomás , Giovan Francesco Barbieri, conhecido como Guercino, Pinacoteca do Vaticano | 30Giorni
Revista 30Dias - 04/05 - 2011

Mensagem Urbi et Orbi do Papa Bento XVI

A ressurreição de Cristo é um evento

A ressurreição de Cristo não é fruto de especulação, de uma experiência mística: é um acontecimento que certamente ultrapassa a história, mas que ocorre num momento preciso da história e nela deixa uma marca indelével.

do Papa Bento XVI

« In ressurreiçãoe tua, Christe, caeli et terra laetentur / Na tua ressurreição, ó Cristo, regozijem-se os céus e a terra» ( Liturgia Horarum ).

Queridos irmãos e irmãs de Roma e do mundo inteiro!

A manhã de Páscoa trouxe-nos o anúncio antigo e sempre novo: Cristo ressuscitou! O eco deste acontecimento, que saiu de Jerusalém há vinte séculos, continua a ressoar na Igreja, que traz viva no seu coração a fé vibrante de Maria, Mãe de Jesus, a fé de Madalena e das outras mulheres, que foram as primeiras ver o túmulo vazio, a fé de Pedro e dos outros Apóstolos.

Até hoje - mesmo na nossa era de comunicações ultratecnológicas - a fé dos cristãos baseia-se nesse anúncio, no testemunho daquelas irmãs e irmãos que primeiro viram a pedra derrubada e o túmulo vazio, depois os misteriosos mensageiros que testemunharam que Jesus, o Crucificado, ressuscitou; depois, Ele mesmo, o Mestre e Senhor, vivo e tangível, apareceu a Maria Madalena, aos dois discípulos de Emaús e, finalmente, a todos os onze, reunidos no Cenáculo (cf. Mc 16, 9-14).

A ressurreição de Cristo não é fruto de especulação, de uma experiência mística: é um acontecimento que certamente ultrapassa a história, mas que ocorre num momento preciso da história e nele deixa uma marca indelével. A luz que ofuscou os guardas colocados para vigiar o túmulo de Jesus atravessou o tempo e o espaço. É uma luz diferente, divina, que perfurou as trevas da morte e trouxe ao mundo o esplendor de Deus, o esplendor da Verdade e do Bem.

Assim como os raios do sol, na primavera, fazem surgir e abrir os botões nos ramos das árvores, assim também a radiação que emana da Ressurreição de Cristo dá força e sentido a cada esperança humana, a cada expectativa, desejo, projeto . É por isso que hoje se alegra todo o cosmos, envolvido na primavera da humanidade, que interpreta o hino silencioso de louvor à criação. O Aleluia Pascal, que ressoa na Igreja peregrina no mundo, exprime a exultação silenciosa do universo e, sobretudo, o anseio de cada alma humana sinceramente aberta a Deus, aliás, grata pela sua infinita bondade, beleza e verdade.

"Na tua ressurreição, ó Cristo, que os céus e a terra se regozijem." A este convite ao louvor, que hoje surge do coração da Igreja, os «céus» respondem plenamente: as hostes dos anjos, dos santos e dos bem-aventurados unanimemente unem-se à nossa exultação. No Céu tudo é paz e alegria. Mas este não é o caso, infelizmente, na terra! Aqui, neste nosso mundo, o Aleluia Pascal ainda contrasta com os lamentos e gritos que provêm de muitas situações dolorosas: pobreza, fome, doença, guerra, violência. No entanto, precisamente por esta razão, Cristo morreu e ressuscitou! Ele também morreu por causa dos nossos pecados hoje, e também ressuscitou para a redenção da nossa história hoje. Por isso, esta minha mensagem quer chegar a todos e, como anúncio profético, sobretudo aos povos e comunidades que sofrem uma hora de paixão, para que Cristo Ressuscitado lhes abra o caminho da liberdade, da justiça e da paz.

Que a Terra que primeiro foi inundada pela luz do Ressuscitado se alegre. O esplendor de Cristo chegue também aos povos do Médio Oriente, para que a luz da paz e da dignidade humana supere as trevas da divisão, do ódio e da violência. Na Líbia, a diplomacia e o diálogo substituem as armas e, na actual situação de conflito, promove-se o acesso da ajuda humanitária a quem sofre as consequências do conflito. Nos países do Norte de África e do Médio Oriente, todos os cidadãos – e em particular os jovens – trabalham para promover o bem comum e construir sociedades onde a pobreza seja derrotada e cada escolha política seja inspirada pelo respeito pela pessoa humana. A solidariedade de todos chega aos muitos refugiados que vêm de vários países africanos e foram forçados a deixar para trás os seus entes queridos; os homens de boa vontade sejam iluminados a abrir o coração ao acolhimento, para que de forma unida e concertada possamos responder às necessidades prementes de muitos irmãos; Que o nosso conforto e o nosso apreço cheguem a quantos se esforçam generosamente e oferecem testemunhos exemplares neste sentido.

Possa ser recomposta a convivência civil entre as populações da Costa do Marfim, onde é urgente empreender um caminho de reconciliação e de perdão para curar as feridas profundas causadas pelas recentes violências. Possa a terra do Japão encontrar consolação e esperança ao enfrentar as dramáticas consequências do recente terramoto, e os países que nos últimos meses foram atingidos por catástrofes naturais que semearam dor e angústia.

Que o céu e a terra se alegrem com o testemunho daqueles que sofrem contradições, ou mesmo perseguições, pela sua fé no Senhor Jesus. O anúncio da sua ressurreição vitoriosa infunde-lhes coragem e confiança.

Queridos irmãos e irmãs! O Cristo ressuscitado caminha diante de nós rumo aos novos céus e à nova terra (cf. Ap 21, 1), onde finalmente viveremos todos como uma só família, filhos do mesmo Pai. Ele está conosco até o fim dos tempos. Caminhemos atrás Dele, neste mundo ferido, cantando aleluia. Em nossos corações há alegria e dor, em nossos rostos há sorrisos e lágrimas. Esta é a nossa realidade terrena. Mas Cristo ressuscitou, está vivo e caminha conosco. Por isso cantamos e caminhamos, fiéis ao nosso compromisso neste mundo, com o olhar voltado para o Céu.

Feliz Páscoa a todos!

Fonte: https://www.30giorni.it/

Cardeal Tempesta: Que o Ressuscitado renove nossas vidas!

A morte de Cristo dá frutos abundantes. E é uma interpelação a todos nós. A morte do velho homem, de nossos pecados - guerras, violências, intolerâncias -, de igual maneira frutifica em gestos de fraternidade, de solidariedade com os mais pobres e marginalizados, os migrantes, as famílias violentadas das periferias ou do campo que precisam sentir a proximidade também da Igreja.

Cardeal Orani João Tempesta, O. Cist. - arcebispo metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

Caríssimos irmãos e irmãs.

Desejo nesta mensagem fazer chegar a todos leitores meus cordiais e sinceros votos e felicitações de Feliz, Santa e Abençoada Páscoa do Senhor. O Domingo da Páscoa do Senhor, ou a Solenidade da Ressurreição de Cristo é o centro de todo o ano litúrgico e ápice da trajetória da vida cristã que se constitui o auge do Mistério da Fé.  Assim, declara o Santo Concilio Ecumênico Vaticano II que “a obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus, que tem o seu prelúdio nas maravilhas divinas operadas no povo do Antigo Testamento, completou-a o Cristo Senhor, especialmente pelo Mistério Pascal de sua sagrada paixão, ressurreição dos mortos e gloriosa ascensão; por este mistério, Cristo, “morrendo, destruiu a nossa morte e, ressurgindo, deu-nos a vida”. Pois do lado de Cristo agonizante sobre a cruz, nasceu o “admirável sacramento de toda a Igreja” (SC5).

O apóstolo Pedro, na primeira leitura de At 10, apresenta, pois, uma confissão de Fé resgatando a trajetória de Cristo desde a Galileia. Desde o Batismo de Nosso Senhor por meio de João Batista, até a sua gloriosa Paixão e Ressurreição, que ecoa na pregação e no testemunho daqueles que, por graça divina, foram considerados dignos de especial predileção na confirmação do que hoje celebramos em um ato de Fé: a vitória de Cristo sobre a morte, a sua ressurreição!

Realçar o caráter messiânico de Cristo como ponto de partida é de singular importância no contexto em que Pedro prega e testemunha. Em meio a tanta opressão e, consequentemente, a tantos insurgentes contra o regime do Império Romano, o conceito de Messias sofria de intenso descrédito. A população via-se cansada de falsos messias. Em um cenário como o do Império Romano, onde o poder político e o poder religioso se uniam na opressão violenta e coercitiva dos povos subjugados, era comum o aparecimento de revoltosos, líderes que em uma explosão de atos revolucionários intentavam contra as instâncias do governo a fim de tomar o poder, dando novos rumos à história. Em sua grande maioria eram atos fracassados que culminavam na morte de seus mentores, afetando, assim, as forças de resistência a nível geral. Uma vez reprimidas as forças de oposição, mantinha-se sob controle a grande população, por fim desacreditada e entregue à inércia frente a qualquer ideia de redenção. Jesus, morrendo na Cruz sob forte zombaria e ultraje, acaba sendo considerado por muitos como mais um entre os fanáticos que fracassaram frente à magnitude do poder.

Pedro, insiste em recapitular a história salvaguardando o caráter real e divino de Jesus de Nazaré como o verdadeiro messias, o Cristo; verdadeiro porque não é falso como os anteriores; verdadeiro porque é, de fato, ungido, batizado, não como aqueles tantos batizados outrora por João Batista, que pelo Batismo sinalizavam publicamente a própria conversão, mas batizado, “ungido por Deus com o Espírito Santo” (At 10,3), instaurando, a partir daí o início da grande revolução: a revolução do Amor que gera vida, na contra mão das revoluções pautadas nas forças do ódio, da ganância e do desespero que geravam, ao fim, mais dor e morte.

Este mesmo Messianismo de Cristo é evidenciado também por Paulo, conforme a segunda leitura de Cl 3, que apesar de não se concentrar no aspecto da unção, com raízes no Batismo, destaca a figura da nobre realeza de Cristo, com raízes na própria estrutura hierárquica de governo, onde já não mais impera César, senão Cristo, “sentado à direita de Deus” (Cl 3,2). Recapitular a história desde essa perspectiva constitui, assim, um ato pedagógico de resgate do ânimo daqueles que já se encontram em estado de profunda aniquilação. Trata-se, pois, de um renovado restabelecimento da Fé, da Esperança e sobretudo da Caridade: virtudes teologais que jamais podem faltar no itinerário do cristão que anseia e busca pelas “coisas do alto” (Cl 3,1).

Esta busca pelas coisas do alto, de que nos fala Paulo, não significa um abstrair-se da realidade à qual estamos inseridos. Antes, a busca pelas coisas do alto, motivada pelas virtudes teologais de que falamos, deve nos inserir na pluralidade dos contextos em que estamos envolvidos, para que, compreendido o caráter real e divino de Jesus enquanto Messias possamos, como a exemplo de Pedro, atender ao envio missionário de Cristo face ao mundo em que vivemos: “pregar ao povo e testemunhar que Deus o constituiu juiz dos vivos e dos mortos.” (At 10,42). Eis a nossa missão! 

A exemplo de Jesus, batizados que somos mortos para o pecado e Ressuscitados para a vida nova e plena, somos chamados a andar por toda a parte, fazendo o bem e curando a todos que se encontram dominados pelo demônio, porque Deus é conosco, está no meio de nós a nos elevar da condição de miseráveis, ao posto de amigos e comensais seus no grande baquete da Reconciliação, pois “todo aquele que crê em Jesus recebe, em seu nome, o perdão dos pecados.” (At 10,43) Que grande graça esta a da morte que traz a vida! “Eles o mataram, pregando-o numa cruz, mas Deus o ressuscitou no terceiro dia.” (At 10,39-40).

O apóstolo Paulo afirma e nós cremos que “se Cristo não ressuscitou, vã é nossa fé. Assim seríamos também considerados falsas testemunhas de Deus, porque testemunhamos contra ele que ressuscitou, se é verdade que os mortos não ressuscitam. Se, de fato, os mortos não ressuscitam, então Cristo também não ressuscitou” (1Cor 15,14).  Chamados que somos a testemunhar a ressurreição de Cristo, a comunidade eclesial se destaca pelas iniciativas pastorais, ao enviar, sobretudo entre as casas das periferias urbanas e do interior, seus missionários, leigos ou religiosos, procurando dialogar com todos em espírito de compreensão e de dedicada caridade, e em diversos outros contextos da sociedade e do mundo em transformação, para reafirmamos pela fé que a “vida triunfa da morte, assim como a “misericórdia triunfa do juízo” (Tg 2,13).

A morte de Cristo dá frutos abundantes. E é uma interpelação a todos nós.  A morte do velho homem, de nossos pecados -guerras, violências, intolerâncias -, de igual maneira frutifica em gestos de fraternidade, de solidariedade com os mais pobres e marginalizados, os migrantes, as famílias violentadas das periferias ou do campo que precisam sentir a proximidade também da Igreja, seja como socorro das suas necessidades mais urgentes, como também na defesa dos seus direitos e na promoção de uma sociedade fundamentada na justiça e na paz, de acordo com a vida nova que nos cabe, aquela “escondida com Cristo em Deus” (Cl 3,3). Quanto mais nos incorporamos a esta nova vida, e revestidos de glória vamos nos fortalecendo, já nos preparando para quando Cristo aparecer em seu triunfo, “onde apareceremos também nós com Ele, revestidos de glória.” (Cl 3,4).

Ao enviar esta mensagem de feliz Páscoa, queridos irmãos e irmãs, compreendo que o Bispo, modelo segundo a imagem do Bom Pastor, deve estar particularmente atento em oferecer o divino bálsamo da fé, se descuidar do “pão material”, contudo, convido que assumamos, em conjunto, o compromisso de reconhecer Jesus como o único e verdadeiro Messias, fugindo aos falsos messias de nosso tempo; de sentirmos com a Igreja em Saída, e viver a Missão na escuta do Espírito, participando ativamente nas celebrações, nos eventos paroquiais, fortalecendo e animando nossa vida em comunidade e assim, gradativamente, morrermos para os nossos vícios, nossos pecados, dando lugar às virtudes e aos frutos da santidade que nos é querida por Deus, para que a Morte de Cristo não tenha sido em vão, para que assim possamos seguir firmes rumo à feliz Ressurreição.

Se escutarmos com o coração atento e nos abrirmos aos sinais de autenticidade que o Senhor sempre proporcionou de suas testemunhas e de si mesmo, então nós saberemos: Ele ressuscitou verdadeiramente. Ele é o Vivente. A Ele nos encomendamos na segurança de estar no caminho certo. com Tomé, colocamos nossa mão no lado aberto do transpassado de Jesus e confessemos: Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20,28).

Desejo, de coração, uma Santa e Abençoada Páscoa para todos. Jesus ilumine a nossa vida com a luz de sua Páscoa. O Senhor Ressuscitou verdadeiramente, aleluia, aleluia, aleluia!!!

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

domingo, 31 de março de 2024

Dom Murilo Krieger: A noite da alegria

Ressurreição de Cristo (Vatican News)

“Esta noite... liberta o pecador de seus grilhões, dissipa o ódio... enche de luz e paz os corações.”

Dom Murilo S.R. Krieger, scj - arcebispo Emérito de São Salvador da Bahia

A celebração litúrgica da vigília pascal bem que poderia ser chamada de A noite da alegria, já que se realiza em clima de festa e seus participantes são convidados a se unir num mesmo sentimento: “Exulte o céu... Alegre-se também a terra... Que a mãe-Igreja alegre-se igualmente”.

E qual o motivo para uma festa assim, que pretende ser universal? “Esta noite... liberta o pecador de seus grilhões, dissipa o ódio... enche de luz e paz os corações” (Canto Exultet). A cerimônia da Páscoa nos recorda que a última estação da Via-Sacra não é a cruz do Calvário, nem o túmulo onde depositaram nosso Mestre e Senhor, mas é o mundo todo, tocado pela vitória daquele que, ressuscitado, venceu o sofrimento, o pecado e a morte.

Mas, enquanto a comunidade continua seu canto e sua festa, em muitas ruas, praças e cidades o ambiente é diferente: doentes fazem perguntas sobre o porquê de sua dor; moradores de uma vila entram em desespero diante da tragédia causada por uma tromba d’água; catadores de lixo procuram seu alimento em sacos plásticos; povos lastimam o regime ditatorial em que vivem; grupos imensos, envolvidos pelo sofrimento e pela fome, pelo medo e pela falta de esperança, não  compreendem a razão da festa pascal e gostariam que alguém lhes explicasse o sentido de uma alegria que não está sendo de todos.

Em sua paixão e morte, Jesus Cristo assumiu o pecado do mundo e a palavra “pecado” sintetiza, aqui, todo tipo de mal que há nesta terra dos homens e toda destruição causada no projeto de Deus. Cristo revelou-nos que a libertação do mal não acontece, porém, sem a participação de cada um de nós. O mesmo Pai que pediu a colaboração do homem na obra da criação (cf. Gn 1,28), quer sua participação na obra da redenção. A salvação é-nos oferecida como um dom, mas ninguém é obrigado a aceitá-la. Somos, afinal, criaturas livres; temos o poder de recusar até um presente...

Terrível é que as consequências da não aceitação do dom da salvação repercutem além do próprio indivíduo: passageiros do mesmo barco, nos beneficiamos ou sofremos com as decisões de nossos companheiros. Aí está nosso mundo, com suas grandes e pequenas guerras, com seus imensos egoísmos e pequenas mesquinharias, a nos advertir para a responsabilidade de nossas opções.

Unir-se, hoje, ao ressuscitado significa colaborar para que sua vitória penetre em todos os ambientes e situações do mundo, em todos os lares e corações; significa, também, acreditar que nem o pecado, nem o sofrimento ou a morte são obstáculos insuperáveis em  nossa vida. Somos convidados a participar da alegria de Jesus levantando nossa cabeça para o alto (Se ressuscitastes com Cristo, procurai as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus - Cl 3,1) e estendendo os braços para nossos irmãos. Se é trágico que eles, curvados sobre si mesmos, convivam com tantas formas de morte, mais trágico é que nada façamos para que a vitória de Jesus Cristo os atinja.

Cabe-nos ensinar-lhes como conquistar a verdadeira alegria, que não pode ser confundida com o prazer passageiro e inconstante, conseguido, muitas vezes, à custa de novos sofrimentos para os outros. Poderemos lhes lembrar, também, a diferença entre a resignação e a serenidade; entre o otimismo ingênuo e a esperança daquele que acredita na possibilidade de um mundo marcado pela justiça, porque luta para que ela se concretize.

“Esta noite... liberta o pecador de seus grilhões, dissipa o ódio... enche de luz e paz os corações.” Há muito que fazer para que a ressurreição de Cristo atinja a vida de todos, e para que a alegria desta festa seja vivida no dia a dia de cada um. E é confortador saber que nosso trabalho não será inútil: ao nosso lado, incentivando-nos, está Jesus Cristo, garantia de nossa vitória.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

CATEQUESE: Domingo de Páscoa

Jesus Ressuscitado (Cléofas)

Domingo de Páscoa

 POR PROF. FELIPE AQUINO

A palavra Páscoa vem do hebreu Peseach e significa “passagem”. Era vivamente comemorada pelos judeus do Antigo Testamento.

A Páscoa que eles comemoram é a passagem do mar Vermelho, que ocorreu muitos anos antes de Cristo, quando Moisés conduziu o povo hebreu para fora do Egito, onde era escravo. Chegando às margens do Mar Vermelho, os judeus, perseguidos pelos exércitos do faraó teriam de atravessá-lo às pressas. Guiado por Deus, Moisés levantou seu bastão e as ondas se abriram, formando duas paredes de água, que ladeavam um corredor enxuto, por onde o povo passou. Jesus também festejava a Páscoa. Foi o que Ele fez ao cear com seus discípulos.

Condenado à morte na cruz e sepultado, ressuscitou três dias após, num domingo, logo depois da Páscoa judaica. A ressurreição de Jesus Cristo é o ponto central e mais importante da fé cristã. Através da sua ressurreição, Jesus prova que a morte não é o fim e que Ele é, verdadeiramente, o Filho de Deus. O temor dos discípulos em razão da morte de Jesus na Sexta-Feira transforma-se em esperança e júbilo. É a partir deste momento que eles adquirem força para continuar anunciando a mensagem do Senhor. São celebradas missas festivas durante todo o domingo.

Prof. Felipe Aquino

Fonte: https://cleofas.com.br/

Reflexão para o Domingo de Páscoa (B)

A Ressurreição de Jesus (Vatican News)

Quando também experimento a ausência de Jesus, como reajo? Onde e como o busco? No lugar dos mortos ou como aquele que é Vida e que dá Vida? Cristo é, de fato, o Senhor de minha vida?

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

“Sepulcro vazio: Jesus ressuscitou”

Maria Madalena vai ao sepulcro. É madrugada! Maria, ainda com o ambiente escuro pela ausência de sol, vai ao sepulcro. É noite não apenas na natureza, mas principalmente no coração de Maria Madalena. Aliás, em seu coração não. Ali o amor iluminava. Ela não consegue ficar longe do corpo morto de seu Senhor, daquele que a libertou do mal. Ela não consegue viver sem Jesus!

Ela diz que vai ungir o corpo do Senhor, mas como? Existe uma pesada pedra tampando o túmulo e, além do mais, Nicodemos e José de Arimateia já haviam preparado o corpo.

Quando ela chega, a pedra está removida, mas o sepulcro está vazio! Maria sente-se completamente perdida e desolada. Sai correndo para comunicar a Pedro e a João. Ela pede ajuda. Sente-se perdida e impotente.

Quando também experimento a ausência de Jesus, como reajo? Onde e como o busco? No lugar dos mortos ou como aquele que é Vida e que dá Vida?

Cristo é, de fato, o Senhor de minha vida?

Prossigamos em nossa oração.

Todo aquele que ama está fadado a sofrer muito!

Maria vê o sepulcro vazio, um anjo à cabeceira e outro nos pés, mas nada entende.

O evangelista quando descreveu esse quadro, quis nos dizer que Jesus é a nova e eterna aliança do Pai com os homens.

O sepulcro, uma caixa retangular aberta e com dois anjos, recorda a qualquer devoto a arca da aliança com os anjos do propiciatório. A aliança nova e eterna foi realizada!

Enquanto está com o olhar fixado dentro da sepultura, Maria escuta alguém perguntando a ela por que está chorando. Esse que lhe pergunta quer lhe dizer: “Mulher, por que choras?” Você não tem motivo para chorar, antes para se alegrar. As lágrimas de Maria revelam seu grande amor e sua pouca fé.

Jesus entra em diálogo com Maria de modo semelhante como entrou em diálogo com outras pessoas. Revela-se progressivamente, adaptando suas palavras e seus gestos à história dessas pessoas e às situações concretas em que se encontram.

Maria só vai entender que aquela voz é de Jesus no momento em que deixa de olhar para o sepulcro, para o lugar da morte, e volta os olhos e o corpo inteiro na direção contrária. Então, ela vê Jesus, vivo, ressuscitado!

Como Maria, muitas vezes não encontramos Jesus porque não o buscamos vivo, mas sim seu cadáver.

Concluamos nossa reflexão.

Assim como Madalena buscava Jesus por toda a parte, também o Ressuscitado seguia seus passos, seus olhares. E a primeira palavra que pronuncia ao dirigir-se a ela é “MULHER”. Depois pergunta por que chora. Jesus continua, em sua nova forma de existência, vindo ao nosso encontro e quer saber quais são as causas de nossa tristeza. Ele é o consolador, é a nossa alegria, é a nossa vida!

Feliz Páscoa!

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF