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quinta-feira, 4 de abril de 2024

Santo Isidoro de Sevilha

Santo Isidoro de Sevilha (A12)
04 de abril
Santo Isidoro de Sevilha

Isidoro nasceu em Sevilha, Espanha, no ano de 560, seus pais sendo católicos de origem nobre entre os godos de Cartagena. Quarto e último dos irmãos, todos santos (Santos Leandro e Fulgêncio e Santa Florentina); Leandro, arcebispo de Sevilha, cuidou dele após a morte prematura dos pais.

Nesta época a Espanha sofria ainda com as consequências das invasões ao final do antigo Império Romano, e tais hordas conquistadoras, crendo que Roma havia caído militarmente por causa da cultura, esforçavam-se para destruir os livros. São Leandro, responsável pela conversão do rei Recaredo, havia construído dois mosteiros, um masculino, onde foi abade, e outro feminino, onde Santa Florentina foi abadessa.

Nos mosteiros, além da formação na Fé, preservava-se da extinção a cultura greco-romana, e no mosteiro Isidoro aprendeu igualmente aritmética, gramática, geometria, música, retórica, dialética, astronomia, Latim, Grego, Hebraico. Contudo, inicialmente tinha imensas dificuldades para aprender; mas certo dia, evitando o colégio, sentou-se próximo a um poço de dura pedra, onde notou ranhuras profundas na borda, e descobriu que haviam sido feitas pelas cordas que, diariamente e por muito tempo, faziam subir os recipientes com água. Entendeu assim o valor da perseverança, e voltando às aulas, aplicou-se nos estudos, vindo a se tornar o maior Doutor da Igreja na Espanha: dizia-se dele ter a penetração de Platão, o conhecimento enciclopédico de Aristóteles, a erudição de Orígenes, a doutrina de Santo Agostinho, e a eloquência de Cícero.

Escreveu muito, fazendo principalmente um imenso trabalho de compilação e ordenação, sendo sua obra mais conhecida (e considerada a primeira enciclopédia da História) os 20 volumes das “Etimologias”, incluindo todos os ramos da ciência e conhecimento do seu tempo: I. Gramática; II. Retórica e Dialética; III. Matemática, Música e Astronomia; IV. Medicina; V. Direito e Cronologia; VI. Bíblia e outros livros; VII. Teologia; VIII. A Igreja e as seitas; IX. Línguas e Povos; X. Lexicologia; XI. Anatomia; XII. Zoologia; XIII. Geografia; XIV. Geografia; XV. Arquitetura e agrimensura; XVI. Mineralogia; XVII. Agricultura; XVIII. Guerra e torneios; XIX. Navios e casas; XX. Alimentos e ferramentas. Além de salvar desse modo a cultura antiga, escreveu também sobre Filosofia, História, controvérsias, exegese, comentários bíblicos, linguística, Direito Canônico; uma regra de vida monástica; Ofícios Divinos.

Isidoro, como o irmão Leandro, entrou para a vida monástica, e foi ordenado sacerdote em 589. Quando são Leandro deixou a abadia, proclamado Arcebispo de Sevilha e logo depois conselheiro do rei Recaredo, o jovem mas maduro Isidoro ficou no seu lugar. E grande foi o seu trabalho, pois a disciplina monacal estava abalada pelas falsas vocações (muitos tomavam os votos só pelo prestígio de religiosos), e por muitos que desleixavam a necessária convivência comunitária. Escreveu então a Regula Monachorum e, pelo exemplo de humildade, oração, trabalho, abnegação, iniciou a reforma de costumes para tornar o próprio mosteiro referência para a vida religiosa da Península Ibérica. Sua Regra, uma das primeiras que abolia castigos corporais, unia trabalho manual e intelectual, com incentivo à leitura e meditação, e cópias de obras clássicas para distribuição em outros mosteiros. Frisava que o estudo faz parte das obrigações do religioso. Instituiu normas de caridade entre os irmãos; prescreveu o hábito religioso pobre e modesto, mas não miserável, “para não produzir tristeza no coração, nem ser motivo de soberba”.

Como professor, destacou-se na célebre Escola de Sevilha que dirigia, onde se formaram São Bráulio (ao qual dedicou as “Etimologias”) e Santo Ildefonso, além de nobres, como os reis Sisenando e Sisebuto (ao qual dedicou o livro “De Natura Rerum”).

Ao falecer São Leandro, por volta de 600, Isidoro, com 43 anos, foi aclamado Arcebispo em seu lugar. Zelou então pela esmerada formação espiritual, intelectual e de comportamento do clero, fundando núcleos escolares nas casas religiosas, precursores dos seminários atuais. Igualmente ou mais, cuidou do esplendor da Liturgia, chegando a compor hinos para a música sacra que introduziu nos atos litúrgicos. Unificou as rubricas litúrgicas no reino e criou a Collectio Canonum Ecclesiæ Hispanæ, uma compilação completa de decretais e cânones conciliares, que regeu a Igreja espanhola até a reforma gregoriana. Suas pregações atraíam multidões de fiéis. Convocou e presidiu o II Concílio de Sevilha (619) e o IV Concílio de Toledo (633). Em nenhum momento Isidoro, apesar da sua gigantesca atividade, deixou em segundo plano a oração, as mortificações e penitências, e a caridade, de modo que em sua casa sempre compareciam pobres e necessitados. Continuou combatendo, como São Leandro, a heresia ariana.

Sisebuto, seu ex-aluno, foi coroado rei em 612 e muito ajudou Isidoro a consolidar os direitos da Igreja. Mas quando necessário, o santo não hesitava em chamar-lhe atenção, se se imiscuía nos assuntos eclesiásticos.

Seus esforços frutificaram, seu exemplo levou muitos à leitura e ao estudo, e à busca da santidade. Influenciou enormemente a cultura espanhola e europeia, como homem mais culto do século, ao longo de quase 40 anos de maravilhosa ortodoxia episcopal.

 Faleceu em sua cela a 4 de abril de 636, aos 76 anos. Declarado Doutor da Igreja, é, junto com São Leandro, o último dos Padres da Igreja (expoentes da Patrística) latinos. Santo Isidoro e seus irmãos ficaram conhecidos como os Quatro Santos de Cartágena. Foi considerado por São João Paulo II um dos padroeiros da internet, em razão da sua prolífica obra de divulgação.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A vida de Santo Isidoro se destaca não apenas pelo seu conhecimento enciclopédico, mas também pela sua sabedoria espiritual, muito mais importante, pela qual levou vida íntegra e caridosa. Por isso cuidou tão bem da educação e formação, especialmente do clero, através do qual deve ordinariamente chegar aos fiéis, pelo bom exemplo, a Fé, a Verdade, e suas manifestações práticas no amor ao próximo e na cultura dos povos. Assim destacou tanto o valor do esplendor litúrgico, belo mas sóbrio, tão maltratado na atualidade, como destacou a necessidade do estudo como obrigação para os que vão evangelizar, e igualmente deu atenção às vestimentas, nem escandalosas nem miseráveis e feias, que denigrem a natureza humana de imagem e semelhança de Deus nos modismos modernos. Sua regra monástica previa (como a de São Bento) o equilíbrio entre trabalho intelectual e manual, o que podemos traduzir no nosso dia a dia como oração e ação (o Ora et Labora beneditino); leituras religiosas seguidas de meditação, para concretizar praticamente o amor ao próximo em qualquer atividade. Mas talvez o maior legado que Santo Isidoro nos tenha deixado é a de entender que, pela perseverança no conhecimento – de Deus – somos capazes de marcar, na dura pedra das nossas almas, os canais pelos quais a santidade da nossa particular água batismal deve transbordar, do fundo poço de Vida Eterna que Cristo nos oferece pela Sua Paixão.

Oração:

Deus Uno e Trino, Pai e Filho unidos pelo Espírito Santo, que nos quereis participantes integrais desta Divina Família, concedei-nos pela intercessão de Santo Isidoro, irmão consanguíneo de santos, a graça de vivermos de acordo com os conhecimentos que nos dais, de modo a formarmos desde já a verdadeira fraternidade no Vosso Sangue presente no vinho consagrado. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.


Fonte: https://www.a12.com/

quarta-feira, 3 de abril de 2024

Jubileu 2025: o aplicativo "Iubilaeum25" já está disponível inclusive em português

Os trabalhos para o Jubileu na Piazza Pia, em Roma (ANSA)

O Dicastério para a Evangelização anuncia o lançamento da ferramenta digital em seis idiomas para se manter atualizado com todas as notícias do Jubileu 2025 e para se inscrever nos eventos do Ano Santo.

Vatican News

Desde terça-feira, 31 de outubro, o aplicativo móvel oficial do Jubileu 2025, "Iubilaeum25", está disponível para download. O app, que irá facilitar o registro para os eventos jubilares, pode ser baixado da App Store para iOS e da Play Store para Android.

Através do aplicativo, disponível em seis idiomas, inclusive em português, será possível acessar todas as últimas notícias sobre o Jubileu, registrar-se como peregrino para o Ano Santo e obter um Cartão do Peregrino gratuito. Uma vez registrados no portal, todos também poderão se inscrever nos eventos do Jubileu e nas peregrinações à Porta Santa.

Ao navegar pelo menu intuitivo e simples, os usuários poderão salvar os eventos de seu interesse, acessar sua área personalizada com mais rapidez e ter o código QR exclusivo para entrar na Porta Santa.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

NAZARENO: "Ninguém te condenou?" (a adúltera e os escritos na areia) - (35)

Nazareno (Vatican News)

Cap. 35 - "Ninguém te condenou?" (a adúltera e os escritos na areia)

Em Jerusalém, Jesus vai pregar no Templo. Pouco depois, um tumulto interrompe suas palavras. Os gritos se aproximam cada vez mais, até que um grupo de escribas e fariseus entra no pátio e empurra uma mulher. Ela é jovem e muito bonita. Eles a haviam descoberta aparada com um homem que não era seu marido. Ela não tem forças para olhar para cima e sente uma vergonha imensa. “Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante delito de adultério. Na Lei, Moisés nos ordena apedrejar tais mulheres. Tu, pois, que dizes?”. Eles assim diziam para pô-lo à prova, a fim de terem matéria para acusá-loMas Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo. Quando um escriba a acusa violentamente, escreve: "agiota". Quando um outro a ataca, escreve: “infiel” e, ainda, ouvindo cada um dos acusadores: “ladrão”; “devasso”, “pai indigno”. Expõe abertamente os pecados e a hipocrisia de cada um. Todos são pecadores, mas se colocam como juízes daquela mulher. Pronunciam sentenças do alto do trono que construíram para si mesmos, escondendo suas fraquezas, seus pecados, sua maldade. Jesus escreve, sem nunca levantar o olhar. Por fim o Nazareno ergue-se e lhes diz: “Quem dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra!”. Eles porém, ouvindo isso, saíram um após outro, a começar pelos mais velhos. Ele ficou sozinho e a mulher permanecia lá, no meio. Eles vão com os olhos baixos, sem dizer uma única palavra. Foram desnudados por aquele que conhece os segredos de seus corações. Tinham vindo para desafiá-lo e julgá-lo. No entanto, foram julgados pelo único verdadeiramente capaz de fazer isso. Deixam cair as pedras que seguravam em suas mãos. Jesus então se levanta, ajeita o manto e finalmente se dirige à mulher: “Mulher, onde estão eles, ninguém te condenou?”. Disse ela: “Ninguém, Senhor”. Disse, então, Jesus: “Nem eu te condeno, vai e de agora em diante não peques mais”. Ajuda-a se levantar tendo derrubado aqueles que tinham se levantado como juízes sem serem menos corruptos e menos pecadores do que aquela mulher.

https://media.vaticannews.va/media/audio/s1/2024/03/22/11/137818316_F137818316.mp3

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

terça-feira, 2 de abril de 2024

Páscoa: Ressuscitei e sempre estou contigo

Páscoa: Ressuscitei e sempre estou contigo (Opus Dei)

Páscoa: Ressuscitei e sempre estou contigo

O tempo da Páscoa, explosão de alegria, se estende desde a vigília Pascal até o domingo de Pentecostes. Nesses cinquenta dias a Igreja nos envolve em sua alegria pela vitória do Senhor sobre a morte. Cristo vive, e vem ao nosso encontro.

09/04/2023

“Vinde, benditos de meu Pai: tomai posse do reino preparado para vós desde o princípio do mundo, aleluia”[1]. O tempo pascal é uma antecipação da felicidade que Jesus Cristo ganhou para nós com a sua vitória sobre a morte. O Senhor “foi entregue por nossos pecados” e ressuscitou “para nossa justificação”[2]: para que, permanecendo n’Ele, nossa alegria seja completa[3].

“RESSUSCITEI, Ó PAI, E SEMPRE ESTOU CONTIGO: POUSASTE SOBRE MIM A TUA MÃO, TUA SABEDORIA É ADMIRÁVEL”. É A EXPERIÊNCIA INEFÁVEL DA RESSURREIÇÃO, VIVIDA POR ELE NAS PRIMEIRAS HORAS DO DOMINGO.

No conjunto do Ano litúrgico, o tempo pascal é o “tempo forte” por antonomásia, porque a mensagem cristã é anúncio alegre que surge com força da salvação realizada pelo Senhor em sua “páscoa”, sua passagem da morte à vida nova. “O tempo pascal é tempo de alegria, de uma alegria que não se restringe a esta época do ano litúrgico, mas que habita sempre no coração do cristão. Porque Cristo vive. Não é Cristo uma figura que passou, que existiu num tempo e que se retirou, deixando-nos uma lembrança e um exemplo maravilhosos”[4].

O que só algumas “testemunhas designadas de antemão por Deus”[5] puderam experimentar nas aparições do Ressuscitado, agora nos é dado na liturgia, que nos faz reviver esses mistérios. Como pregava o Papa São Leão Magno, “todas as coisas relativas a nosso Redentor que antes eram visíveis, agora passaram a ser ritos sacramentais”[6]. É expressivo o costume dos cristãos do Oriente que, conscientes dessa realidade, desde a manhã do domingo da Ressurreição se cumprimentam reciprocamente: “Christos anestē”, Cristo ressuscitou; “alethōs anestē”, verdadeiramente ressuscitou.

A liturgia latina, que na noite santa do sábado transbordava de alegria no Exultet, no domingo de Páscoa condensa esta alegria no belo intróito Resurrexi: “Ressuscitei, ó Pai, e sempre estou contigo: pousaste sobre mim a tua mão, tua sabedoria é admirável”[7]. Pomos nos lábios do Senhor, delicadamente, em clima de calorosa oração filial ao Pai, a experiência inefável da ressurreição, vivida por Ele nas primeiras horas do domingo. Assim nos animava São Josemaria, na sua pregação, a aproximarmo-nos de Cristo, com a consciência de que vivemos no Seu tempo: “Quis recordar, embora brevemente, alguns dos aspectos dessa vida atual de Cristo – Iesus Christus heri et hodie, ipse et in saecula, Jesus Cristo ontem e hoje, o mesmo pelos séculos – por nela se achar o fundamento de toda a vida cristã”[8]. O Senhor quer que O tratemos e falemos d’Ele, não no passado, como se faz com uma lembrança, mas percebendo o seu “hoje”, a sua atualidade, a sua companhia viva.

MUITO ANTES DE QUE EXISTISSE A QUARESMA E OUTROS TEMPOS LITÚRGICOS, A COMUNIDADE CRISTÃ JÁ CELEBRAVA ESSES CINQUENTA DIAS DE ALEGRIA.

Os cinquenta dias pascais

Muito antes de que existisse a Quaresma e outros tempos litúrgicos, a comunidade cristã já celebrava esses cinquenta dias de alegria. Quem não expressasse seu júbilo durante esses dias era considerado como alguém que não tinha captado o núcleo da fé, porque “com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria”[9]. Essa festa, tão prolongada, nos indica até que ponto “os sofrimentos do tempo presente não têm proporção com a glória que há de ser revelada em nós”[10]. Nesse tempo, a Igreja vive já a alegria que Senhor lhe revela: algo que “olhos jamais viram, nem os ouvidos ouviram, nem coração algum jamais pressentiu”[11].

Páscoa: Ressuscitei e sempre estou contigo (Opus Dei)

Esse sentido escatológico, de antecipação do céu, reflete-se há séculos no costume litúrgico de suprimir as leituras do Antigo Testamento durante o tempo pascal. Se toda a Antiga Aliança é preparação, o Tempo Pascal celebra a realidade do reino de Deus já presente. Tudo se renovou na Páscoa, e ali não cabe figura, pois tudo é cumprimento. Por isso, no tempo pascal a liturgia proclama, junto ao quarto Evangelho, os Atos dos Apóstolos e o livro do Apocalipse: livros luminosos que têm uma especial afinidade com a espiritualidade desse tempo.

Os escritores do Oriente e do Ocidente cristãos contemplaram o conjunto do Tempo Pascal como um único e extenso dia de festa. Por isso, os domingos desse tempo não se chamam segundo, terceiro, quarto… depois da Páscoa, mas, simplesmente, domingos da Páscoa. Todo o tempo pascal é como um só grande domingo; o domingo que fez com que todos os domingos fossem domingos. Do mesmo modo se considera o domingo de Pentecostes, que não é uma nova festa, mas o dia conclusivo da grande festa da Páscoa.

TODO O TEMPO PASCAL É COMO UM SÓ GRANDE DOMINGO; O DOMINGO QUE FEZ COM QUE TODOS OS DOMINGOS FOSSEM DOMINGOS.

Quando a Quaresma chegava, alguns hinos da tradição litúrgica da Igreja recitavam o aleluia com um tom de despedida. Pelo contrário, a liturgia pascal se entretém neste canto, porque o aleluia é a antecipação do cântico novo que os batizados entoarão no céu[12], que já agora se sabem ressuscitados com Cristo. Por isso, durante o tempo pascal, tanto o estribilho do salmo responsorial como o final das antífonas da Missa repetem frequentemente essa aclamação, que une o imperativo do verbo hebreu hallal – louvar – e Yahveh, o nome de Deus.

“Feliz aquele aleluia que entoaremos ali! – diz Santo Agostinho em uma homilia – Será um aleluia seguro e sem temor, porque ali não haverá nenhum inimigo, não se perderá nenhum amigo. Lá, como aqui, ressoarão os louvores divinos, mas os daqui procedem dos que ainda estão em dificuldades, enquanto os de lá são dos que já estão em segurança. Aqui, dos que hão de morrer. Lá, dos que hão de viver para sempre. Aqui, dos que esperam. Lá, dos que já possuem. Aqui, dos que ainda estão no caminho. Lá, dos que já chegaram à pátria”[13]. São Jerônimo conta que durante os primeiros séculos na Palestina, esse grito era tão habitual que aqueles que aravam os campos diziam de vez em quando: aleluia! E os que remavam nas barcas para transportar os viajantes de uma margem a outra de um rio, quando se cruzavam, exclamavam: aleluia! “Nestas semanas do tempo pascal, a Igreja é embargada por um júbilo profundo e sereno, que nosso Senhor quis deixar como herança para todos os cristãos (...). Um contentamento cheio de conteúdo sobrenatural que nada nem ninguém poderá tirar-nos, se nós não o permitirmos”[14].

A oitava da Páscoa

“Os oito primeiros dias do tempo pascal formam a oitava da Páscoa e são celebrados como solenidades do Senhor”[15]. Antigamente, durante esta oitava o bispo de Roma celebrava as stationes, para introduzir os cristãos recém batizados no triunfo daqueles santos especialmente significativos para a vida cristã de Roma. Era uma certa “geografia da fé”, na qual a Roma cristã aparecia como uma reconstrução da Jerusalém do Senhor. Visitavam-se várias basílicas romanas: a statio da vigília da Páscoa ocorria em São João de Latrão, o domingo, em Santa Maria Maior, a segunda, em São Pedro do Vaticano, a terça, em São Paulo Extramuros, a quarta, em São Lourenço Extramuros, a quinta, na Basílica dos Santos Apóstolos, a sexta, em Santa Maria ad martyres, e o sábado, novamente, em São João de Latrão.

Páscoa: Ressuscitei e sempre estou contigo (Opus Dei)

As leituras desses dias se relacionavam com o lugar da celebração. Assim, por exemplo, a statio de quarta se celebrava na Basílica de São Lourenço Extramuros. Ali o evangelho que se proclamava era a passagem das brasas[16], em alusão à tradição popular romana, que relata como o diácono Lourenço foi martirizado sobre uma grelha. O sábado da oitava era o dia em que os neófitos depunham a alva com a qual se haviam revestido em seu batismo durante a vigília pascal. Por isso, a primeira leitura era a exortação de Pedro que começa com as palavras “deponentes igitur omnem malitiam…[17]: despojai-vos de toda maldade.

Os Padres da Igreja falavam com frequência do domingo como “oitavo dia”. Situado fora da sucessão dos sete dias, o domingo evoca o início do tempo e seu final no tempo futuro[18]. Por isso, os antigos batistérios, como o de São João de Latrão, tinham forma octogonal: os catecúmenos saiam da fonte batismal para iniciar a sua vida nova, aberta já no oitavo dia, o domingo que não acaba. Assim, cada domingo nos recorda que nossa vida transcorre dentro do tempo da Ressurreição.

Ascensão e Pentecostes

“Com a sua Ascensão, o Senhor ressuscitado atrai o olhar dos Apóstolos – e também o nosso – às alturas do Céu para nos mostrar que a meta do nosso caminho é o Pai”[19]. Começa o tempo de uma presença nova do Senhor: parece que está mais escondido, mas de certo modo está mais perto de nós: começa o tempo da liturgia, que é toda uma grande oração ao Pai, pelo Filho, no Espírito Santo, uma oração “em caudal manso e largo”[20].

COM A ASCENSÃO COMEÇA O TEMPO DE UMA PRESENÇA NOVA DO SENHOR: PARECE QUE ESTÁ MAIS ESCONDIDO, MAS DE CERTO MODO ESTÁ MAIS PERTO DE NÓS.

Jesus desaparece da vista dos apóstolos, que talvez fiquem silenciosos no princípio. “Não sabemos se perceberam naquele momento o fato de que precisamente diante deles se estava abrindo um horizonte magnífico, infinito, o ponto de chegada definitivo da peregrinação terrena do homem. Talvez o tenham compreendido só no dia de Pentecostes, iluminados pelo Espírito Santo”[21].

“Deus eterno e todo-poderoso, que quisestes incluir o sacramento da Páscoa no mistério dos cinquenta dias...”[22]. A Igreja nos ensina a reconhecer nessa cifra a linguagem expressiva da revelação. O número cinquenta tinha duas cadências importantes na vida religiosa de Israel: a festa de Pentecostes, sete semanas após se começar a ceifar o trigo, e a festa do jubileu que declarava santo o quinquagésimo ano: um ano dedicado a Deus no qual cada um recuperava sua propriedade, e podia regressar à sua família[23]. No tempo, da Igreja, o “sacramento da Páscoa” inclui os cinquenta dias após a Ressurreição do Senhor, até a vinda do Espírito Santo no Pentecostes. Se, com a linguagem da liturgia, a Quaresma significa a conversão a Deus com toda a nossa alma, com toda a nossa mente, com todo o nosso coração, a Páscoa significa nossa vida nova de “corressuscitados” com Cristo. “Igitur, si consurrexistis Christo, quæ sursum sunt quærite: Se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto, onde Cristo está entronizado à direita de Deus”[24].

Páscoa: Ressuscitei e sempre estou contigo (Opus Dei)

Ao final desses cinquenta dias, “chegamos ao cume dos bens e à metrópole de todas as festas”[25], pois, inseparável da Páscoa, é como a “Mãe de todas as festas”. “Somai todas as vossas festas – dizia Tertuliano aos pagãos de seu tempo – e não chegareis aos cinquenta dias de Pentecostes”[26]. Pentecostes é, pois, um domingo conclusivo, de plenitude. Nessa Solenidade, vivemos com admiração como Deus, por meio do dom da liturgia, atualiza a doação do Espírito que se realizou no amanhecer da Igreja nascente.

SÃO JOSEMARIA VIVIA E NOS ANIMAVA A VIVER COM ESTE SENTIDO DE PRESENTE PERENE: “AJUDA-ME A PEDIR UM NOVO PENTECOSTES, QUE ABRASE OUTRA VEZ A TERRA”.

Se na Ascensão Jesus “subiu aos céus para dar-nos a certeza de que nos conduzirá à glória da imortalidade”[27], agora, no dia de Pentecostes, o Senhor, sentado à direita do Pai, comunica sua vida divina à Igreja mediante a infusão do Paráclito, “fruto da cruz”[28]. São Josemaria vivia e nos animava a viver com este sentido de presente perene: “Ajuda-me a pedir um novo Pentecostes, que abrase outra vez a terra”[29].

Compreende-se também por isso que São Josemaria quisesse começar alguns meios de formação da Obra rezando uma oração tradicional da Igreja que se encontra, por exemplo, na Missa votiva do Espírito Santo: “Deus, qui corda fidelium Sancti Spiritus illustratione docuisti, da nobis in eodem Spiritu recta sapere, et de eius semper consolatione gaudere[30]. Com palavras da liturgia, imploramos a Deus Pai que o Espírito Santo nos faça capazes de apreciar, de saborear, o sentido das coisas de Deus e pedimos também que disfrutemos do consolo alentador do “Grande Desconhecido”[31]. Porque “o mundo necessita da coragem, da esperança, da fé e da perseverança dos discípulos de Cristo. O mundo precisa dos frutos, dos dons do Espírito Santo, como elenca São Paulo: “amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio” (Gal 5, 22). O dom do Espírito Santo foi concedido em abundância à Igreja e a cada um de nós, para podermos viver com fé genuína e caridade operosa, para podermos espalhar as sementes da reconciliação e da paz.”[32]

Félix María Arocena


[1] Missal Romano, Quarta-feira da Oitava da Páscoa, Antífona de entrada, Cfr. Mt 25, 34.

[2] Rm 4, 25.

[3] Cfr. Jo 15, 9-11.

[4] São Josemaria, É Cristo que passa, n. 102.

[5] At 10, 41.

[6] São Leão Magno, Sermão 74, 2 (PL 54, 398).

[7] Missal Romano, Domingo da Ressurreição, Antífona de entrada. Cfr. Sl 138 (139), 18.5-6.

[8] São Josemaria, É Cristo que passa, n. 104. Cfr. Hb 13, 8.

[9] Francisco, Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, 24-XI-2013, n. 1.

[10] Rm 8, 18.

[11] 1 Cor 2, 9.

[12] Cfr. Ap 5,9

[13] Santo Agostinho, Sermão 256, 3 (PL 38, 1193).

[14] Álvaro del Portillo, Caminhar com Jesus, Quadrante, São Paulo, 2016, pp. 225-226.

[15] Missal Romano, Normas universais do ano litúrgico, 24.

[16] Jo 21, 9.

[17] 1 Pd 2, 1.

[18] Cfr. São João Paulo II, Carta Apostólica Dies Domini, 31-V-1998, n. 26.

[19] Francisco, Regina Coeli, 1-VI-2014.

[20] Caminho, 145.

[21] Bento XVI, Homilia, 28-V-2006.

[22] Missal Romano, Vigília do Domingo de Pentecostes, coleta.

[23] Cfr. Lv 23, 15-22; Nm 28, 26-31; Lv 25, 1-22.

[24] Cl 3, 1.

[25] São João Crisóstomo, Homilia II de Sancta Pentecoste (PG 50, 463).

[26] Tertuliano, De idolatria 14 (PL 1, 683).

[27] Missal Romano, Ascensão do Senhor, prefácio.

[28] É Cristo que passa, n. 96.

[29] São Josemaria, Sulco, n. 213.

[30] Missal Romano, Missa votiva do Espírito Santo, coleta.

[31] Cfr. É Cristo que passa, nn. 127-138.

[32] Francisco, Homilia na Solenidade de Pentecostes, 24-V-2015.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br

Um guia para proteger as crianças dos danos ambientais

Guia "Crianças e Poluição" curado pela Dra. Elena Ugo | Vatican News (You Tube)

A poluição, os microplásticos, os pesticidas e as roupas "fast fashion" são especialmente prejudiciais para as crianças, as primeiras vítimas das mudanças climáticas. São os argumentos do livro “Bambini e Inquinamento” (Crianças e Poluição), escrito pelo grupo de pesquisa “Pediatras por um Mundo Possível”, destinado a pais e educadores. Elena Uga, curadora do texto explica: "É preciso conscientização, atenção e uma mudança de rumo nos estilos de vida".

Cecilia Seppia – Cidade do Vaticano

Mãe e pediatra. A vocação e o interesse ambiental de Elena Uga, médica do Hospital Santo André em Vercelli, e coordenadora da associação científica "Pediatras por um Mundo Possível" (Pump), podem ser facilmente identificados nessa combinação que expressa a atenção e o cuidado com os menores, vítimas involuntárias das consequências prejudiciais das mudanças climáticas. Nascida em 1973, mãe de três filhas com uma paixão sem limites pela música, é especializada em Alergologia, Amamentação e Meio Ambiente. Há anos Elena acompanha o impacto da poluição e de outras patologias do tipo ambiental em crianças, a ponto de sentir a necessidade de escrever um guia, juntamente com outros colegas, destinado a pais, professores e educadores. Os especialistas envolvidos no livro “Crianças e Poluição”, publicado pela editora Junior, apontam o dedo, em primeiro lugar, para a poluição do ar, na qual estão presentes material particulado, monóxido de carbono, ozônio, dióxido de nitrogênio e dióxido de enxofre, que podem afetar negativamente o desenvolvimento cognitivo, predispor a doenças metabólicas e até mesmo reduzir o QI (quociente de inteligência). Por outro lado, trancar-se dentro de casa também não é uma boa ideia, pois o ar interno contém mofo e compostos voláteis tóxicos, como o formaldeído. Sem mencionar o fumo passivo muito prejudicial: estima-se que cause até 13% dos casos de asma em crianças, 20% das infecções brônquicas e pulmonares, 15% das infecções de ouvido e mais de 20% dos casos de morte súbita infantil. Mas não é apenas a poluição do ar que causa preocupação, há também pesticidas, microplásticos, protetores solares e, em geral, produtos de higiene e têxteis. É por isso que é fundamental aumentar a conscientização e a percepção de risco e, em seguida, fazer mudanças pequenas, mas constantes, no estilo de vida.

Guia "Crianças e Poluição" curado pela Dra. Elena Ugo | Vatican News

É melhor prevenir

“Proporcionalmente ao seu tamanho", afirma a doutora Elena Uga, "uma criança tem uma superfície de pele e uma capacidade respiratória maior do que um adulto, ou seja, ela troca mais ar, tem mais pele, portanto, qualquer coisa que venha de fora e que possa ser prejudicial tem um impacto maior sobre ela. Além disso, a criança, especialmente nos primeiros 1000 dias de vida, que vão desde a concepção até os dois anos de idade, tem um metabolismo que funciona muito rápido, basta pensar na velocidade absoluta com que duas células podem chegar neste período de tempo a pesar 15 kg. Outra fase de grande suscetibilidade é a puberdade, um período de grande crescimento e desenvolvimento. Além disso, não podemos deixar de observar como as doenças cardiovasculares, como ataques cardíacos e derrames, que afetam a população mais idosa e geralmente são muito condicionadas à poluição do ar, têm suas raízes nos primeiros anos de vida de uma pessoa. Após essa premissa, tudo o que posso dizer é que há muitas armadilhas, mas também há mais conscientização e uma maior possibilidade, por meio da informação e da prevenção, de detectá-las e neutralizá-las, mesmo com pequenas medidas". A doutora Elena Uga também insiste na desigualdade social que inevitavelmente agrava o impacto da mudança climática sobre as populações. A poluição aparentemente é bastante democrática, transversal, não poupa ninguém, tanto pobres quanto ricos, mas não há dúvida de que os maiores danos podem ser encontrados nos países do Sul do mundo assolados pela fome, carestia, guerra, pobreza, falta de saneamento... Além disso, não é novidade que, mesmo nos países mais ricos, as camadas sociais menos favorecidas são as que têm menores recursos para combater os danos causados, por exemplo, pelos desastres naturais, ondas de calor ou secas excepcionais.

Conselhos práticos para mães e pais

No entanto, o guia "Crianças e Poluição" não é um compêndio alarmista; em vez disso, entre sugestões e estudos clínicos, surgem muitas soluções ao alcance de todos. "Uma de nossas mensagens", diz a doutora Uga, "não é 'não temos mais esperança, vamos fechar a janela e jogar a chave fora, pois essa é a única maneira de proteger nossos filhos', muito pelo contrário! Há muitas coisas práticas que podemos fazer pela saúde de nossos filhos e pelo futuro deles". Para protegê-las dos microplásticos, os pediatras sugerem comprar recipientes de vidro (até mesmo mamadeiras), alimentos não confeccionados, embalagens de papelão, não usar plástico-filme para alimentos, comprar brinquedos ecológicos, feitos de madeira, papel, tecido, de preferência certificados, usar fraldas ecológicas ou laváveis, comprar chupetas de borracha natural, preferir lápis de cor ou têmpera em vez de canetinhas, organizar festas sem plástico, escolhendo copos recicláveis, enfeites de papel, balões biodegradáveis. Os pesticidas também podem ser prejudiciais à saúde das crianças, a começar pelo sistema respiratório. As sugestões dos especialistas nesse caso incluem menos uso de inseticidas no jardim de casa, instalação de mosquiteiros para manter os insetos afastados, lavar bem as frutas e os legumes com água antes de levá-los à mesa e preferir alimentos orgânicos (de acordo com uma revisão de 343 estudos, as culturas orgânicas contêm, em média, mais antioxidantes, menos cádmio e menos pesticidas do que as culturas não orgânicas).

Cuidado com os celulares e as roupas da moda

Outra fonte de poluição que tendemos a subestimar são os campos eletromagnéticos produzidos pelos celulares: para manter as crianças quietas, às vezes as deixamos em contato com esses dispositivos por muito tempo. Em vez disso, é uma boa prática evitar segurá-los. Nunca coloque o celular no bolso da calça ou debaixo do travesseiro à noite (também se aplica a adultos), e também não é recomendável carregar o celular perto da cama, pois as emissões do smartphone se somam às do carregador. Por fim, os pediatras recomendam que as crianças e os jovens usem fones de ouvido com fio ou viva-voz para fazer chamadas telefônicas, evitando os sem fio. Nas bermudas, nas camisetas e nos moletons também nas roupas infantis, estão presentes produtos químicos nocivos, como alquilfenóis etoxilados, pentaclorofenol e formaldeído. A doutora Uga recorda também que “durante a infância, as roupas são usadas por um período limitado". "Por isso, os pais geralmente optam pelas roupas de moda rápida (fast fashion), que é prejudicial à saúde e ao meio ambiente. É melhor dar preferência a marcas éticas e fibras naturais, considerar consertar e reformar, usar roupas de segunda mão. E optar pelo aluguel de roupas para serem usadas em ocasiões particulares, como trajes para determinados esportes, de festas ou de carnaval.

Sustentabilidade, educação, ecologia integral

Pensar na saúde de nossos filhos, sendo mais cuidadosos em nossas escolhas de estilo de vida, desde a mobilidade sustentável até uma dieta com reduzida quantidade de proteína animal, tem um efeito benéfico que atinge diretamente o meio ambiente, afirma ainda a doutora Uga, que não esconde a inspiração que recebeu da encíclica Laudato si' para esse trabalho de proteção dos "frágeis" habitantes da Terra. Mas, assim como o Papa, a pediatra insiste na educação ambiental dos menores, cuja consciência, segundo ela, está extremamente "mais preparada" para a bondade, o respeito e o cuidado. "Certamente serve o exemplo, devemos ensinar nossos filhos a amar a natureza, a frequentar ambientes naturais, porque estar em meio à natureza, mas também em meio ao verde urbano, a um jardim, a um parque, sem necessariamente ir em busca de grandes coisas, não só se sente melhor psicologicamente, se sente melhor mentalmente, se sente melhor também fisicamente. A primeira prescrição que nós, pediatras, devemos fazer para as crianças é: fiquem ao ar livre, porque o verde cura mais do que qualquer remédio. Estudos mostram, por exemplo, que estar ao ar livre reduz o risco de desenvolver TDAH (Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade), uma síndrome que se manifesta durante a infância e é caracterizada por desatenção, impulsividade e hiperatividade". A importância desse texto, além do apoio à pesquisa e aos estudos clínicos e dos conselhos práticos que todos podem aplicar, está no fato de que a comunidade científica de pediatras sentiu a necessidade e o dever de colocar seu conhecimento e profissionalismo a serviço das crianças, que certamente não podem se defender sozinhas. “Mesmo nessa conexão de intenções entre diferentes especialistas, é possível discernir o eco da Laudato si'", conclui a doutora Uga. Todos nós somos chamados a contribuir e, embora talvez não tenhamos o conhecimento especializado ou a função de resolver o problema dos combustíveis fósseis ou dos aterros sanitários, podemos atuar na formação de uma massa crítica que, ciente das circunstâncias e dos riscos, possa influenciar os tomadores de decisão e gerar mudanças reais".

Que tipo de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos, às crianças que estão crescendo? Esta pergunta não toca apenas o meio ambiente de maneira isolada, porque não se pode pôr a questão de forma fragmentária. Quando nos interrogamos acerca do mundo que queremos deixar, referimo-nos sobretudo à sua orientação geral, ao seu sentido, aos seus valores... As previsões catastróficas já não se podem olhar com desprezo e ironia. Às próximas gerações, poderíamos deixar demasiadas ruínas, desertos e lixo. O ritmo de consumo, desperdício e alteração do meio ambiente superou de tal maneira as possibilidades do planeta, que o estilo de vida atual – por ser insustentável – só pode desembocar em catástrofes, como aliás já está a acontecer periodicamente em várias regiões. A atenuação dos efeitos do desequilíbrio atual depende do que fizermos agora, sobretudo se pensarmos na responsabilidade que nos atribuirão aqueles que deverão suportar as piores consequências. (LS 160-161)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Instituição do Ministério de Catequista

Instituição do Ministério de Catequista | CNBB

CATEQUISTAS DO BRASIL VÃO RECEBER O MINISTÉRIO DE CATEQUISTA DURANTE A 61ª ASSEMBLEIA GERAL DA CNBB

https://youtu.be/kAvSBQqRROA

A 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) terá um momento especial durante sua realização, entre os dias 10 e 19 de abril, em Aparecida (SP). No dia 13 de abril, sábado, a missa do encontro do bispos contará com o rito de instituição do ministério de catequistas, no qual catequistas de todos os dezenove regionais da Conferência receberão a designação desse ofício.

Catequistas de 19 regionais já estão confirmados para a celebração, que será realizada no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida (SP), a partir das 7h da manhã.

Na preparação para este momento da 61ª Assembleia Geral da CNBB, será realizada uma live na próxima quarta-feira, dia 3 de abril, para partilhas com os catequistas que serão instituídos ministros durante assembleia dos bispos. Será possível acompanhar no canal da CNBB no Youtube.

O Ministério de Catequistas

Instituído pelo Papa Francisco com o motu proprio Antiquum Ministerium, do dia 10 de maio do ano de 2021, o ministério de catequista “é um serviço estável prestado à Igreja local de acordo com as exigências pastorais identificadas” pelo bispo, e que devem ser desempenhadas de acordo com a condição de cristãos leigos e leigas que recebem este ministério.

O Papa Francisco destacou que o ministério instituído de Catequista seja conferido a “homens e mulheres de fé profunda e maturidade humana, que tenham uma participação ativa na vida da comunidade cristã, sejam capazes de acolhimento, generosidade e vida de comunhão fraterna”. O pontífice também orientou que esses fiéis devem receber a devida formação bíblica, teológica, pastoral e pedagógica, “para ser solícitos comunicadores da verdade da fé, e tenham já maturado uma prévia experiência de catequese”. Outro requisito é que “sejam colaboradores fiéis dos presbíteros e diáconos, disponíveis para exercer o ministério onde for necessário e animados por verdadeiro entusiasmo apostólico”.

O trabalho da Conferência Episcopal

No Motu Proprio que instituiu o ministério de catequista, o Papa Francisco confiou às Conferências Episcopais a indicação dos critérios e o itinerário formativo para que seja concedido o ministério. Assim, a Comissão Episcopal para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB preparou um documento que atende a esse pedido do Papa, em vista da aplicação na Igreja no Brasil. O texto foi aprovado durante a 59ª Assembleia Geral da CNBB, em 2022.

Publicado sob o número 112, o documento “Critérios e Itinerários para a Instituição do Ministério de Catequista” contém a  proposta de formação imediata para aqueles que já atuam como catequistas, como também uma formação mais prolongada para os que desejam ser catequistas.

Outra tarefa da CNBB no processo de implementação do ministério de catequista foi a tradução do “Rito da Instituição de Catequistas”, produzido pelo Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Dessa forma, o ritual está disponível para que os bispos e as Comissões Diocesanas de Liturgia utilizem, como expressão do reconhecimento da Igreja a tantos leigos e leigas que, há tempos, dedicam suas vidas à transmissão da fé e ao anúncio do Evangelho. O material pode ser adquirido nas Edições CNBB.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF